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MARX E A PEDAGOGIA MODERNA

AULA 4

PARTE 1
A “Pedagogia” Marxiana

CAPÍTULO 3
O HOMEM ONILATERAL
O tema do trabalho, que procuramos considerar em toda a sua
contraditória fecundidade nos textos marxianos, para melhor
determinar sua possível função de conteúdo no processo de ensino
do futuro, requer ser completado com uma investigação sobre a
pessoa e sobre a perspectiva do seu desenvolvimento, definido por
Marx como onilateral, realiza
realizado
do justamente sobre a base do
trabalho, ou melhor, da sua atividade vital. E já vimos que a
onilateralidade é considerada objetivamente como o fim da
educação.
A divisão do trabalho condiciona a divisão da sociedade
em classes e, com ela, a divisão do homem; m; e como esta se torna
verdade apenas quando se apresenta como divisão entre trabalho
manual e trabalho mental, assim as duas dimensões do homem dividido, cada uma das
quais unilateral, são essencialmente as do trabalhador manual, operário, e as do
intelectual.
ctual. Aliás, como a divisão entre trabalho e não trabalho, assim também o homem
se apresenta como trabalhador e não trabalhador.
A divisão do trabalho, ou propriedade privada, tornou
tornou-nos
nos obtusos e unilaterais. A
divisão cria unilateralidade e, sob o signo da unilateralidade, justamente, se reúnem
todas as determinações negativas, assim como sob o signo oposto, o da onilateralidade
(obviamente, muito menos frequente, dado que essa não é ainda coisa deste mundo),
reúnem-sese todas as perspectivas positivas da pessoa.

Unilateralidade do proletário e do capitalista


Desde as primeiras páginas dos Manuscritos de 1844,, o trabalhador se apresenta
física e mentalmente rebaixado a uma máquina (inútil contar quantas vez vezes essa
degradação do operário à máquina reaparece em seguida!), tornado, pela divisão do
trabalho, cada vez mais unilateral e dependente, considerado pela economia política
como besta de carga ou peão, um animal reduzido às mais estritas necessidades
corporais. Todo o capítulo sobre Traba
Trabalho Alienado é, pois, uma denúncia dessa
condição do operário, que tanto mais pobre se torna quanto mais produz riquezariqueza;
tanto mais desprovido de valor e dignidade quanto mais cria valores. O trabalho produz
deformidade, imbecilidade, cretinismo no operário, que se torna um objeto estranho e
desumano.

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A acepção negativa do termo trabalho, na qual está implícita a concepção negativa
do trabalhador, indica a unilateralidade que surge dessa condição e constata que, na
medida em que as circunstâncias nas quais um indivíduo vive apenas lhe permitem
desenvolverer uma qualidade, à custa das demais, o indivíduo não vai além de um
desenvolvimento unilateral, mutilado.
Em resumo, capitalistas e trabalhadores são, uns e outros, subsumidos pela classe,
membros de uma classe e não indivíduos. A essa caracterização filosófica da
unilateralidade correspondem observações do tipo sociológico, ai ainda
nda nos
n escritos
juvenis de Marx, aos quais pode ser interessante também acrescentar alguns de Engels,
em que se apresentam ao vivo os tipos humanos da sociedade dividida.

Engelsls fez interessantes investigações


sociológicas, tanto em artigos de jornais alemães,
já em 1839, quanto em correspondência da
Inglaterra,
aterra, em suas primeiras viagens por conta
da empresa do seu pai.
Engels observava que o ensino transmitido
nas escolas criadas pela burguesia aos operários –
em resumo, pelas classes dominantes às classes
subalternas – ao fazê-los los perder toda a sua
Engels “disponibilidade” original, levava-os
levava a uma
autêntica e verdadeira atrofia moral e desolação
intelectual. Por outro lado,
do, as classes cultas, cuja cultura é decrépita e inconsistente, são
atormentados na escola, com um pouco de latim e, depois, são convertidos em pessoas
“respeitáveis”, mas, na realidade, não possuem qualquer cultura e qualquer capacidade
prática e aparecem m como espiritualmente decaídos, fechados a todo progress progresso e, na
verdade, nada mais que desprezíveis escravos. Assim, à denúncia contra o
instrumentalismo da escola popular associa
associa-se
se a condenação violenta também da cultura
tradicional e da educação das cl classes
asses cultas, meramente decorativa e sem qualquer
substância.

Uma moral dividida


Numa página dos M Manuscritos de 1844,, no capítulo Necessidade, Produção e
Divisão do Trabalho, Marx, após constatar que, na sociedade dividida, quanto mais o
homem produz, tanto to menos possui, acrescenta:
Não apenas todos os teus sentidos imediatos, como o comer
etc.,, deves poupar; até mesmo a participação nos interesses gerais, a
piedade, a confiança etc., tudo isso também deves poupar, se queres
ser um homem ec econômico, se não queres arruinar-te
arruinar atrás de
ilusões.
A alienação em sua essência significa que cada esfera (como a
economia, a moral, a religião) me impõe uma norma diversa e
antitética: uma da moral, a outra da economia política, porque cada
uma é uma determinada alien alienação
ação do homem e estabelece um
determinado setor de atividade substa
substancial
cial alienada e se comporta como estranha em
relação à outra alienação.

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A conclusão que, em síntese, se pode extrair da posição de Marx é, portanto, uma
exigência de reintegração de um princípio unitário do comportamento do homem.
Exigência a que não basta responder com a hipótese de uma teoria pedagógica e um
sistema de educação que reintegrem de imediato essas várias esferas divididas entre si.
Mas que, de qualquer maneira, pressupõem uma práxis educativa que, ligando-se ao
desenvolvimento real da sociedade, realize a não separação dos homens em esferas
alheias, estranhas umas às outras e contrastantes, ou seja, uma práxis educativa que se
funde sobre um modo de ser que seja o mais possível associativo e coletivo no seu
interior e, ao mesmo tempo, unido à sociedade real que o circunda.

Aspectos positivos do homem unilateral


O trabalhador é, segundo a realidade, unilateral, e, segundo a possibilidade,
onilateral. A divisão do trabalho cria a possibilidade, ou antes, a realidade que a
atividade espiritual e a atividade material, a fruição e o trabalho, a produção e o
consumo caibam a indivíduos diversos. E, todavia, esse privilégio da atividade
espiritual, da fruição, do consumo é apenas aparente e parcialmente positivo, como se
manifesta no fato de que quem pode comprar a bravura torna-se valoroso, até se é vil, e
que o dinheiro transmuta a fidelidade em infidelidade, o amor em ódio e o ódio em
amor, a virtude em vício e o vício em virtude, o escravo em patrão e o patrão em
escravo. É, em suma, uma condição de positividade apenas relativa, porque a divisão do
trabalho submete todos a seu signo, sem deixar lugar para a onilateralidade, mas, no
máximo, apenas para uma multiplicidade de necessidades e prazeres.
O positivo do trabalhador consiste numa possibilidade ou, mais concretamente, na
sua disponibilidade abstrata de prazer, de cultura etc., e na sua direta e consciente
oposição ao presente estado de coisas.

Engels havia exaltado os operários ingleses, Marx exaltava os ouvriers franceses.

Com ênfase moralista, Marx e Engels, tanto um como o outro, exaltam a imagem
do operário educado na própria escola associativa, contrapondo-o, como homem em que
se desenvolve o máximo de individualidade, como homem verdadeiramente respeitável,
ao representante das classes dominantes, ocioso, parasita, que perdeu toda substancial
respeitabilidade.

O conceito de homem onilateral


Frente à realidade da alienação humana, na qual todo homem, alienado por outro,
está alienado da própria natureza, e o desenvolvimento positivo está alienado a uma
esfera restrita, está a exigência da onilateralidade, de um desenvolvimento total,
completo, multilateral, em todos os sentidos, das faculdades e das forças produtivas, das
necessidades e da capacidade da sua satisfação.
Nos Manuscritos de 1844, nos quais já está a definição da relação homem-
natureza no trabalho, como uma relação que é, ao mesmo tempo, voluntária, consciente
e universal, em que a natureza toda é tornada corpo inorgânico do homem, em que toda
a assim chamada história universal nada mais é que o devir da natureza para o homem e
a geração do homem pelo trabalho humano, e a indústria é a relação histórica real com a
natureza, aparece, pela primeira vez, nesse contexto, a expressão onilateral, exatamente
quando Marx diz que o homem se apropria de uma maneira onilateral do seu ser
onilateral, portanto como homem total.
Em Miséria da Filosofia, a perspectiva da onilateralidade aparece já mais
estreitamente unida à vida da fábrica, ou antes, da fábrica moderna mecanizada, na qual,

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tendo o trabalho perdido todo caráter de especialização, exatamente com a cessação de
todo desenvolvimento especial, típico da produção artesanal, começa a se fazer sentir a
necessidade de universalidade, a tendência a um desenvolvimento onilateral do
indivíduo.
Os indivíduos universalmente desenvolvidos, cujas relações sociais e também
relações de comunidades estão submetidas aos próprios controles de comunidade, não
são um produto da natureza, mas da história. O grau e a universalidade do
desenvolvimento das faculdades em que essa individualidade se torna possível,
pressupõe exatamente a produção sobre a base de valores de troca que, primariamente,
produz com a universalidade a alienação do indivíduo em relação a si mesmo e aos
demais, mas também a universalidade e onilateralidade das suas relações e
capacidades.
A onilateralidade é, portanto, a chegada histórica do homem a uma totalidade de
capacidades produtivas e, ao mesmo tempo, a uma totalidade de capacidades de
consumo e prazeres, em que se deve considerar, sobretudo, o gozo daqueles bens
espirituais, além dos materiais, e dos quais o trabalhador tem estado excluído em
consequência da divisão do trabalho.
O homem que rompe os limites que o fecha numa experiência limitada e cria
formas de domínio da natureza, que se recusa a ser relojoeiro, barbeiro, ourives e se alça
a atividades mais elevadas: eis o tipo de homem que Marx tem em mente.
Como resultado de um processo histórico de autocriação, o homem se apresenta
como uma totalidade de disponibilidades. A apropriação individual de uma totalidade
de forças produtivas objetivamente existentes significa, enfim, a absoluta exteriorização
das faculdades criativas subjetivas do homem, sem outro pressuposto que o precedente
desenvolvimento histórico.
Quanto às implicações pedagógicas que tudo isso comporta, podem expressar-se,
em sínteses, na afirmação de que, para a reintegração da onilateralidade do homem, se
exige a reunificação das estruturas da ciência com as da produção.

Não é o marxismo, mas o capitalismo, a produção capitalista que, como Marx


denuncia, limita os trabalhadores ao ensino da prática.

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