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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL – UFFS

PÓS-GRADUAÇÃO EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

VANESSA DANIELI MOREIRA DA SILVA

OS PROCESSOS DE VIOLÊNCIA SIMBÓLICA E A ORIENTAÇÃO


EDUCACIONAL

CERRO LARGO

2014
VANESSA DANIELI MOREIRA DA SILVA

OS PROCESSOS DE VIOLÊNCIA SIMBÓLICA E A ORIENTAÇÃO


EDUCACIONAL

Trabalho de conclusão do curso em Orientação


Educacional, apresentado como requisito para
obtenção do título de Especialista em
Orientação Educacional, Universidade Federal
da Fronteira Sul – UFFS.

Prof. Orientador: Ms. Luís Fernando Gastaldo

CERRO LARGO
2014
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família, pelo carinho e apoio recebido em todos
os momentos de minha vida. Pela compreensão e incentivo durante a realização do
curso.

Dedico também ao meu orientador Prof. Ms. Luís Fernando Gastaldo, pela
amizade e ajuda durante toda a elaboração da presente pesquisa.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a nosso bom Deus, pela sua infinita bondade,
pelo dom da vida, pelas oportunidades e amigos que ele me proporcionou nessa
caminhada.

À minha família, que sem dúvidas foi a minha fortaleza durante os momentos
de adversidade, á qual sempre me deu apoio e incentivo, dividindo junto comigo as
alegrias e dificuldades dessa jornada.

Ao meu orientador professor Ms. Luís Fernando Gastaldo, pela sua amizade,
pelo seu comprometimento, por ter acreditado em meu trabalho e me auxiliado na
realização da presente pesquisa, dividindo comigo os seus conhecimentos.

A todos os professores e funcionários da Universidade Federal da Fronteira


Sul que contribuíram para a minha formação.

Ao professor Ms. Fábio César Junges, da URI Santo Ângelo, pela sua
amizade e incentivo.

E por fim, a todos os meus amigos que compartilharam comigo momentos de


alegria e de tristeza nessa jornada.
RESUMO:

A presente pesquisa abordou como tema a questão da violência simbólica e a


orientação educacional. Para tal, usou-se da pesquisa bibliográfica. Tomou-se como
base a teoria de Kupfer e Bourdieu, ambas pertencentes a campos de estudos
distintos, um a psicanálise e outro a sociologia. Porém, ambas trazem contribuições
para a atuação da orientação educacional. A teoria de KUPFER traz a violência
simbólica como necessária e estruturante, já a teoria de Bourdieu á retrata como
sendo perversa. A pesquisa buscou apontar as principais concepções teóricas a
cerca da violência simbólica segundo Kupfer e Bourdieu e por fim situar o trabalho
do orientador educacional em meio a essas duas teorias. Buscou-se por meio da
mesma criar subsídios teóricos para a atuação do orientador educacional tendo em
vista a violência nos dias atuais no ambiente escolar.

PALAVRAS CHAVES: violência simbólica, Kupfer, Bourdieu, orientação


educacional.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6
1 A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA EM KUPFER ............................................................... 9
1.1 FALTA DE LIMITES E REFERENCIAIS .......................................................... 13
1.2 AUTORIDADE NA ESCOLA ............................................................................ 15
2 A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA EM BOURDIEU ......................................................... 17
2.1 O CAPITAL ...................................................................................................... 20
2.2 O JULGAMENTO PROFESSORAL ................................................................. 22
2.3 O PODER SIMBÓLICO .................................................................................... 24
3 O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL EM MEIO A VIOLÊNCIA
SIMBÓLICA .............................................................................................................. 26
3.1 O PAPEL DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ................................................ 27
3.3 O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL EM MEIO A VIOLÊNCIA
SIMBÓLICA NECESSÁRIA E ESTRUTURANTE DE KUPFER E A PERVERSA DE
BOURDIEU ............................................................................................................ 28
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38
6

INTRODUÇÃO

A escola de hoje virou cenário de violência. Não é a toa que a mesma tem
buscado auxílio junto á polícia para resolver seus conflitos. São inúmeros os casos
de vandalismo, depredação do patrimônio público, brigas e desrespeito dentro dos
ambientes de ensino. Diante desses acontecimentos, a gestão escolar tem buscado
maneiras de solucionar esses problemas e ter de volta a tão sonhada paz dentro das
instituições. Dentro da escola a pessoa responsável por mediar os conflitos e intervir
nos casos de violência é o orientador educacional, que busca, através de estratégias
planejadas, tornar o ambiente de ensino pacífico e produtivo, visando o sucesso dos
educandos.

Pensando nessa ação exercida pelo orientador educacional dentro das


instituições é que surgiu o interesse pela presente pesquisa. É evidente que o
trabalho do orientador é imprescindível e que é ele quem vai trabalhar todas essas
situações conflitivas na escola. Baseado nessa ideia, começamos a estudar sobre
as formas de resolver esses problemas de violência, iniciando pela convicção de
que, para resolvê-los, não basta apenas solucioná-los no momento em que eles
ocorrem, mas deve-se buscar a raiz, as causas, isto é, sua real origem.

Ao estudar as teorias dos autores Kupfer e Bourdieu, bem como, de outros


autores, identificamos que há entre eles um consenso quanto à existência de uma
violência própria da educação. Esse processo educacional recebe o qualificativo de
violento por impor aos educandos uma ordem, uma restrição, ou seja, um
enquadramento nos padrões estabelecidos. Trata-se de uma violência de nível
simbólico.
7

Essa violência é inerente ao processo escolar e inevitável, sendo


praticamente imperceptível, pois ela é tida como algo normal. Segundo a autora
(KUPFER, 2007), a violência simbólica é necessária e estruturante. Para essa
autora que lê a violência sobre as lentes da psicanálise, o aluno precisa encontrar no
professor uma referência, um ideal, o professor precisa impor a este a ordem, as
leis, bem como, o limite o não, pois caso contrário, se este não tiver recebido esta
imposição facilmente resultará em agressividade e violência real, já que lhe falta a
violência simbólica.

No entanto, Bourdieu nos alerta para outra face da violência simbólica, que é
o abuso da autoridade da ação pedagógica. Segundo o autor, a escola tem usado
de seus poderes para impor a cultura das classes dominantes como legítima,
privilegiando aqueles que já nascem inseridos nessa cultura e menosprezando
aqueles que pertencem à outra cultura, que precisam despir-se de suas ideologias e
aceitar as impostas por essa nova cultura. Caso contrário, são excluídos e
ridicularizados, acabando sempre às margens da sociedade. Assim há também a
imposição de uma violência simbólica perversa que humilha e oprimi e que muitas
vezes traz consequências mais severas que a própria violência real.

Diante dessas duas teorias, diferentes entre si por pertencerem a campos de


estudos distintos, um à psicanálise e outro à sociologia, percebemos que ambas
possuem elementos fundamentais que podem contribuir para a ação do orientador
educacional junto ao corpo docente e discente. Através dessa pesquisa é possível
estabelecer uma ponte entre a violência simbólica da Kupfer, necessária e
estruturante que ajudará a diminuir os atos de violência reais, já que, para a autora,
a falta da violência simbólica é a causadora da violência propriamente dita como
real. E fazendo uso das contribuições de Bourdieu é possível de evitar que o
professor use desse poder da ação pedagógica para excluir, desqualificar e
reproduzir as classes sociais, bem como, as desigualdades sociais.

A orientação educacional tem como função dentro da escola mediar os


conflitos educacionais e prezar pela aprendizagem e desenvolvimento do educando,
visando o seu sucesso escolar. Para tal, é preciso reconhecer que existe certo grau
de violência no processo escolar que se faz necessária, mas ao mesmo tempo é
esta mesma violência que se torna um dos problemas educacionais e que
colaboram para os atos de violência ditos como reais, ou seja, os atos de pura
8

agressão e vandalismo. Sendo assim, chegamos a seguinte problemática: como a


orientação educacional pode trabalhar neste espaço, considerando estas duas
perspectivas da violência simbólica, sendo ela, por um lado, necessária e, por outro,
contendo um caráter perverso?

Essa pesquisa tem como objetivo geral situar o trabalho do orientador


educacional no espaço que fica entre a violência simbólica necessária e estruturante
e a violência simbólica perversa que exclui e oprime. E como objetivos específicos:

Apontar as principais concepções teóricas acerca da violência simbólica segundo


Kupfer; apontar as principais concepções teóricas a cerca da violência simbólica
segundo Bourdieu e Passeron; discorrer sobre o espaço entre as duas perspectivas
teóricas situando o trabalho do orientador educacional.

Para tal, usamos da pesquisa bibliográfica, tomando como base a teoria


criada por Kupfer e Bourdieu, através de artigos e livros escritos pelos mesmos. Já
para situar o trabalho do orientador educacional, usou-se de vários autores que
tratam dessa temática. Após discorrer sobre a teoria de Kupfer e Bourdieu,
buscamos discorrer sobre o papel da orientação educacional em meio a elas. Nas
considerações finais retomamos algumas questões referentes à teoria e à prática,
vislumbrando o trabalho do orientador educacional e sua importância no ambiente
escolar.
9

1 A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA EM KUPFER

Estudar a violência é algo muito complexo, sem dúvidas ela se manifesta de


várias maneiras e advém de muitos fatores. Ela sempre existiu na sociedade e nos
últimos anos vem aumentando, principalmente no que diz respeito à educação.
Antigamente a escola não sofria tanto com problemas de violência como nos dias
atuais, talvez seja, por isso, que muitos estudiosos têm investigado esse fenômeno
com tanta intensidade. A autora Kupfer em seu livro “Educação Para o Futuro,
Psicanálise e Educação” (2007), apresenta em um dos capítulos uma leitura
psicanalítica do fenômeno violência presente na educação, e que será exposto
nesse capítulo.

A autora inicia com a ideia de que existe uma violência própria da educação.
Segundo a mesma, educar exige um esforço de humanização. Esse esforço é
chamado de violento, pois impõe a essas crianças e jovens certa força, ou seja, uma
regulação que faz com que estes sejam moldados pela cultura criada pela
sociedade. Essa impõe a forma como devem se comportar, a linguagem, a cultura,
bem como, as leis, impedindo assim que outras significações venham a se
manifestar. Não há escolha e não tem nada de natural como afirma Kupfer, porém
essa imposição não é arbitrária, pois aquele que a exerce também está submetido a
essa ordem. Trata-se de uma violência simbólica, que, ao impor a cultura e as
normas, impede que a criança desenvolva outras formas de interpretação para as
sensações que a cercam. No entanto, ao fazer isso, torna-se plausível a
possibilidade de tornar existentes e compartilhadas por um código comum as suas
necessidades e anseios.

Essa experiência pode ser vista como relatada por Kupfer, quando uma mãe
atribui ao choro da criança o sentido, que pode ser de fome, frio, dor ou outra
sensação, indo assim de encontro com a necessidade da criança que passa a
chorar sempre que a sente. Dessa forma, perde a chance de escolher, por exemplo,
outra forma de chamar esses movimentos peristálticos, mas ganha a chance de
torná-los existentes.

Nessa teoria, tem-se uma perspectiva muito importante, por entender que
mesmo sendo essa imposição violenta, incisiva e sem meias medidas, como fala
Kupfer, ela não é arbitrária. Isso por que aquele que a impõe, seja o adulto à criança
10

ou os professores aos alunos, também está submetido a ela, ao jogo simbólico, que
se expressa numa restrição a algo. Sendo assim, toda essa violência e imposição
não estão ligadas às vontades pessoais dos agentes que a impõe, mas sim no
registro da lei.

Segundo Kupfer, essa é a violência da educação, inevitável e estruturante.


Outro nome para ela é violência simbólica. Essa violência não é como diz Kupfer,
acionada uma única vez, mas sim a todo instante, em cada situação de
aprendizagem, no estabelecimento da lei, do não, do limite. Educar pode-se dizer
que é um ato conflitivo, pois não se educa sem imposições de regras e limites. O
professor está a todo instante reafirmando as leis e impondo aos alunos as regras,
seja pela forma de se relacionar com seus alunos, pelas formas de avaliar, de
organizar a sala, se comportar, entre tantas outras. Sendo assim, falar da violência
na educação não se refere a pais e professores que batem em seus filhos e alunos,
mas do caráter violento no estabelecimento da lei.

A psicanálise ajuda a pensar a respeito da violência na educação, por essa


pertencer ao campo social que é alvo de estudo da mesma e por ser o seu estudo a
constituição do sujeito na relação com o outro. Esse sujeito, do inconsciente,
segundo a psicanálise, constitui-se através da relação com o outro e, por essa
razão, na dimensão simbólica do campo social. A psicanálise ajuda a teorizar sobre
os diferentes lugares em que o sujeito pode assumir no campo social e nessa
relação com o outro, bem como, as formas com que o sujeito se relaciona com os
objetos do mundo.

A autora retrata que esses registros e modos com que os sujeitos se


relacionam e se colocam são três, os quais ela cita como: o registro do real; do
simbólico; e do imaginário. Iniciando pelo registro do imaginário e trazendo-o para os
dias atuais, a autora coloca o fato de vivermos em um mundo em que há prevalência
do imaginário. Segundo a mesma, se não houver uma rede que sustente uma
tradição, um passado que possa remeter os sujeitos a significações para o futuro, os
objetos passam a ser sem sentido operando em um mundo fragmentado. No campo
da educação, esse registro do imaginário pode ser explicado pelo fato dos
educadores viverem isolados e solitários mesmo vinculados a sindicatos e unidos
entre si. Isso porque toda profissão precisa de uma rede imaginária que a apoie,
organize, dê valor e sentido a sua prática. No entanto, a rede imaginária que se
11

estende sobre a educação está aos pedações. Não se vê mais a antiga reverência
aos professores como se via antigamente. O professor está desvalorizado, não é
visto mais como o grande mestre, mas como o coitado do professor. Os jovens de
hoje não encontram sentido na escola e não conseguem situar o professor em uma
cadeia simbólica. O professor já não transmite mais a cultura de seus antepassados.
Ao contrário, carrega sobre si o peso de sustentar em nome próprio o conhecimento
construído ao longo dos séculos. Essa é uma tarefa muito difícil e quase impossível
de ser realizada.

A autora faz menção que na interpretação de um lacaniano o professor se


apresenta nos dias de hoje como o pequeno professor e não mais como
antigamente o grande mestre, que segundo os mesmos estaria barrado e
sustentando uma ordem ou uma referência. Nessa perspectiva, um lacaniano diria
que ao impor a lei, o simbólico, o agente de imposição, no caso aqui o educador,
deveria também estar “barrado”, submetido à mesma.

Nessa perspectiva, pode-se dizer que a violência simbólica é necessária e


que está em falta na escola. Dessa maneira, a falta da mesma resultará em três
respostas que, segundo a autora, são: de natureza real, imaginária e simbólica.

No caso da violência imaginária os alunos responderão com ataques ao


professor que é colocado como pequeno e sem valor, que não representa mais o
papel de grande outro e não lhes significa uma referência, um ideal. Sendo assim,
na escola particular, como fala Kupfer, ouvirão coisas do tipo “você não pode me
reprovar, pois sou eu que pago o seu salário” (KUPFER, 2007, p.144). Já na escola
pública seu carrinho velho ou, como fala a autora, “seu fusca 68” (KUPFER, 2007,
p.144), jogado e amassado será o motivo do desrespeito. Dessa forma, mergulhado
por esses desrespeitos e desvalorização o professor responderá, usando de
autoritarismo e violência na forma de educar, já que falta para este autoridade de
fato.

É claro que no meio de tudo isto, surgem de maior ou menor escala, atos de
violência reais, talvez resultantes justamente de ordem simbólica. Alguns alunos,
além da troca de insultos, têm partido para os atos de agressão e depredação. Sem
nenhuma razão ou motivação específica, simplesmente partem para a agressão e
vandalismo. Kupfer faz uma comparação desses alunos com psicóticos, afirmando
que estas:
12

Essas ações se aproximam muito do modo como agem algumas crianças


psicóticas. Para essas, o Outro tão pouco esta barrado, e por isso esse
Outro as ameaça constantemente com seu desejo invasivo, voraz, não
castrado. Então, a criança psicótica da um jeito de castrar o outro “na
marra” (um lacaniano diria, no real do corpo). Busca tirar-lhe pedaços, numa
ação “escavadora”, como se ela pudesse, com isso, inaugurar a ordem
simbólica que, justamente, lhe falta. (KUPFER, 2007, p. 145).

Dessa forma, o aluno depredador está na verdade buscando de uma forma


desesperada instaurar a violência simbólica que justamente lhe falta. Ou seja, a
razão de o aluno depredador se parecer com o psicótico está no fato dele buscar na
violência real a violência simbólica. Isso é bem ilustrado na citação de Kupfer do
autor Calligaris: “quando a socialização é para o sujeito sustentada pelo real ela irá
produzir delinquência na tentativa de instaurar valores simbólicos” (KUPFER, 2007,
p.146).

Outro exemplo dado pela autora e de grande contribuição para entender essa
busca pela violência simbólica pode ser vista nas periferias e em bairros
desprivilegiados. Nas periferias, os adolescentes muitas vezes instauram a lei do
tráfico, do crime, em uma busca desesperada de instaurar uma ordem para as suas
vidas uma regulação, mesmo que fracassada e que lhe cause sofrimento, que
substitua a autoridade falida da escola. Aí está presente mais uma vez no plano real
a busca pelo simbólico.

Em síntese a tudo que foi dito a cima, segundo a teoria de Kupfer, o jovem
agressor e depredador, não é apenas um reflexo das injustiças sociais, mas está
buscando no real recuperar pontos de identificação e de referências. A autora
remete ao fato de que na infância algumas marcas são inscritas nesses jovens e que
mais tarde na adolescência precisam ser reformuladas. Se caso não forem bem
formuladas, se na infância esses jovens não encontrarem no professor esses pontos
de referência que os ajudem a se constituírem, todos esses inscritos desde a
infância podem vir a se perder. Portanto, se o professor não oferecer a esses jovens
imagens ideais, pontos de referência e identificatórios, várias consequências virão à
tona. Ao não acreditar nas regras da sociedade, os jovens acabam deixando a
escola e caem na delinquência.

Toda essa discussão mostra também outra questão. Quando o imaginário


prevalece, a sociedade como um todo passa a fabricar sintomas, buscando restituir
as redes simbólicas, ainda que, muitas vezes, de formas fracassadas. E como afirma
13

Kupfer, se a escola tiver propostas educacionais que venham de encontro a oferecer


aos jovens referencias e imagens ideias maiores do que as oferecidas pelos meios
de comunicação, essas terão grandes chances de serem aceitas e aderidas pelos
jovens.

Por fim, talvez o termo aqui usado violência simbólica não caberia, por ser
essa tão necessária e estruturante. Mas se mantém para que se possa relacioná-lo
com a violência nos três níveis: o da violência real, imaginária, chegando, por fim, ao
simbólico, para que se consiga entender esses três eixos como norteadores de um
único pivô a violência. (KUPFER, 2007).

1.1 FALTA DE LIMITES E REFERENCIAIS

Vive-se hoje em uma sociedade cada vez mais individualista, desprovida do


convívio familiar por uma série de fatores. Com a saída dos pais para trabalhar fora,
inclusive a mãe que antigamente era a única responsável pela educação de seus
filhos, as crianças e jovens passaram a conviver com terceiros, sejam eles babás ou
até mesmo ambientes institucionalizados como creches e escolas. O que vem
acontecendo é que essas pessoas, muitas vezes, não conseguem transmitir a esses
jovens os referenciais que se fazem necessários a sua constituição enquanto
sujeitos.

A criança constrói sua subjetividade com a aquisição da linguagem e por meio


da cultura, portanto no convívio em família e em sociedade. Nessa perspectiva, é
preciso refletir sobre o papel que a família possui na formação psíquica dessas
crianças. É necessário que haja uma segurança familiar para que a criança construa
sua identidade de forma sadia.

A maioria das reclamações que se têm hoje nas clínicas de psicólogos é


referente à falta de limites, agitação e indisciplina. Segundo KUPFER e
BERNARDINO (2008), os maiores problemas enfrentados hoje pelos pais é a
hiperatividade e mau comportamento.

Segundo os mesmos, hoje há uma inversão de papeis nas famílias, sendo


que a criança é quem faz as escolhas pelos pais, de quais programas fazer, do que
comprar e para onde ir. A criança acaba mandando, inclusive dá ordens e ensina os
14

pais acerca dos bens que os faz comprarem. Para essas duas autoras, a sociedade
de hoje vive na era do “gozo”, onde quem decide o que gozar são às crianças.

As crianças e jovens desse século só estão preocupados em ter e não mais


em ser. Não há limites, nem regras, o importante é gozar de bens e produtos,
comprar tudo aquilo que se deseja.

Vivemos em tempos de profusão de objetos reais que prometem gozo


ilimitado e a ilusão de não se ter nenhuma falta; as imagens que nos
perseguem são imagens da completude permitida por estes inúmeros
objetos e a felicidade correspondente; enquanto, em termos simbólicos,
todo aquele que ocupa o lugar de poder e de saber mostra-se cada vez
mais ridicularizado, questionável e impostor (desde o chefe da nação, até o
professor, os grandes mestres da cultura e o pai de família). (KUPFER;
BERNARDINO, 2008, p. 12).

A sociedade hoje, não garante mais as condições para que ocorra a


transmissão de referenciais pelos pais, a fim de que se constitua uma organização
psíquica adequada nos filhos. As mudanças no campo social, à interferência da
mídia na educação dos jovens e na construção de sua subjetividade tem tido grande
influência sobre estes. “No lugar da transmissão, por parte dos pais, dos necessários
limites para o gozo, é o filho que acena para as inúmeras possibilidades de gozo que
os objetos oferecidos ininterruptamente pelo campo social prometem.” (KUPFER;
BERNARDINO, 2008, p. 14).

O enfraquecimento na figura do pai se dá de maneira simbólica. É fato notório


nos dias atuais a falta de autoridade que os pais têm na relação diária com seus
filhos. Esse pai desautorizado é justamente aquele que segundo a psicanálise é o
encarregado de transmitir as leis, a cultura, bem como, a linguagem.

A participação do pai também é indispensável na incorporação desses


limites primordiais, desse contorno subjetivo; pois ele deve se colocar como
uma espécie de garantia de que tais limites veiculados pelos cuidados
maternos poderão ser, de fato, internalizados. (KUPFER; BERNARDINO,
2009, p. 9).

As falhas na função paterna estão diretamente ligadas à construção da


subjetividade. Segundo as autoras, a hiperatividade pode ser um apelo para que se
restabeleça a função paterna. Diante desses pressupostos, a falta de autoridade do
pai ocasiona uma falta de respeito às leis da sociedade, ou seja, a falha da função
paterna gera problemas relacionados à convivência e o respeito às normas e as leis.
15

Os jovens, na sua ânsia por figuras de identificação, mais ainda numa


sociedade confusa e confusionante, voltam-se para pais substitutos,
idealizados. Esses “pais” serão tanto mais idealizados quanto mais certezas
tiverem. Os jovens procuram, desesperadamente, referenciais aos quais
possam agarrar-se, e quanto mais sólidos eles parecem, mais atenuam seu
desespero. Nesse momento está aberto o caminho para o fanatismo, a
crença acrítica, os ideais de superioridade, as certezas absolutas e a
necessidade de eliminar o diferente, que será o inimigo. (LIVISKY, 1998, p.
17).

Subintende-se dessa forma que o declínio da figura paterna, sendo essa


simbólica, prejudica as relações. Falta a violência simbólica necessária e
estruturante, que se deve dar também pela autoridade pedagógica, na imposição
das leis e das regras, sendo sua falta extremamente prejudicial para a constituição
da subjetividade do indivíduo. Os professores podem assumir o papel simbólico de
pais substitutos, servindo como um referencial, que impõe as regras, as leis, o
espelho a quem se espelhar, evitando assim que os jovens sejam manipulados por
ideais de adultos mal intencionados.

1.2 AUTORIDADE NA ESCOLA

Antigamente, os educadores utilizavam sempre de uma vara de vidoeiro em


seu dia a dia como uma forma de impor respeito e autoridade perante os alunos.
Estes não ousavam levantar a voz ou desobedecer aos mestres que tinham a vara
como um meio eficaz para impor a lei. Nos dias atuais, tal autoridade antes fácil
obtida pelos educadores por meio da vara, já não produz mais efeito, pois os alunos
não se amedrontam mais diante do olhar mais firme do educador, nem tão pouco
das ameaças. Além do mais, é proibida tal façanha, e de modo justo.

No entanto, será que o respeito que os alunos devotavam aos professores em


tempos idos eram de fato respeito e reconhecimento de sua autoridade, ou era
apenas reflexo do medo e da imposição feita por meio das ameaças com a vara?
Kupfer em seu artigo por uma vara de vidoeiro simbólica nos remete às ideias de
Freud sobre a questão da autoridade, levando-nos a olhar para a figura paterna e a
sua função nesse processo. Segundo Kupfer,

Dessa constituição, deverá emergir um sujeito desejante, que deseja, porém


porque está castrado; está castrado pelo Pai sem o saber, e não sabe por
que se encontra dividido em relação a esse saber. Separado dele pelo
recalque. Desejante porque castrado e dividido. Eis como se opera, para a
psicanálise, a relação entre lei e o desejo. Desse modo, a Lei do Pai,
16

princípio do qual emana a autoridade dos pais e professores, é esteio da


civilização e do exercício do desejo. (AQUINO, 1999, p. 87).

O pai constitui sua autoridade através de um discurso de mestre, ou seja, ele


é um educador. Sendo este um educador, os professores podem ser considerados
como um “pai substituto”, pois eles herdam a relação existente entre pais e filhos.
Por meio dessa constatação é possível explicar os conflitos existentes entre
professores e alunos. A autoridade em si é baseada na legitimação por parte dos
sujeitos em relação à lei, sendo que quando esta é imposta por meio de coação,
está sendo, na verdade, respeitada por meio do autoritarismo, o que não significa
autoridade e respeito à lei, ou seja, sua legitimação.

Há casos em que há legitimidade por meio da persuasão, onde somos


convencidos por outrem a fazer ou deixar de fazer algo. Também há o fato de que
aquele que está submetido a uma autoridade, pensa não possuir nenhuma
autonomia. Dessa forma, percebe-se que nem sempre a submissão e a obediência
significam respeito e autoridade, pois elas podem estar sendo resultado de uma
coerção e imposição. Sendo assim, nem sempre o fato de alguns educadores
conseguirem a obediência dos educandos significa que esses tem autoridade sobre
os mesmos. Pois este pode estar sendo respeitado apenas por usufruir de
instrumentos punitivos e de coerção.

De acordo com AQUINO (1999), é de suma importância para que se


estabeleça a autoridade dos educadores e sua legitimidade que a família legitime o
poder a escola e aos educadores. Segundo ele a maior parte dos conflitos
educacionais são causados pela falta de autoridade e pelo autoritarismo. Ou seja,
falta na escola autoridade de fato, a lei, a violência simbólica necessária e
estruturante. Diante desses pressupostos, o professor responde com autoritarismo já
que lhe falta autoridade de fato.
17

2 A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA EM BOURDIEU

A violência simbólica é uma teoria desenvolvida por Pierre Bourdieu,


sociólogo francês, que foi fortemente influenciado por autores como Marx, Durkheim
e Weber. Seus estudos sobre a sociologia da educação e da cultura influenciaram
grandes pensadores nacionais e internacionais ao longo dos anos. Em seus
estudos, que contemplavam a sociedade contemporânea, Bourdieu analisou as
relações sociais existentes e como tais grupos sociais se mantinham, elaborando
assim a teoria da reprodução baseada no conceito de violência simbólica.

Para o autor, a escola é a principal responsável pela reprodução das classes


sociais. Pode-se perceber nas instituições de ensino a sua função de legitimadora
de um sistema de ideias, seja de cunho político ou cultural. Bourdieu, em seus
escritos, deixa claro a sua inconformidade com toda a forma de imposição e
dominação que ocorrem de maneira dissimulada na sociedade. No livro “A
Reprodução” (1970) de Bourdieu e de Passeron, é dada grande ênfase à forma
como as escolas francesas tem impedido às classes dominadas a ascensão social e
contribuído para que as relações de classes se reproduzam.

A sociedade está dividida em classes e essas, por sua vez, se diferem uma
em relação à outra por meio de sua cultura. A classe dominante possui um sistema
cultural que se manifesta na linguagem, na vestimenta, na maneira de se comportar
e também nos valores. A classe dominada também possui o seu sistema cultural,
porém estes se diferem muito do sistema da classe dominante. Essas diferenças
culturais é o que mantém a separação entre as classes.

As instituições de ensino não têm levado em conta as diferenças existentes


na sociedade e acabam por privilegiar e legitimar em suas práticas os preceitos da
cultura dominante. Dessa maneira, a escola está dando maior vantagem para as
crianças que já nasceram inseridas nessa cultura e dominam tais preceitos culturais.
Para esses, a escola será a continuidade de sua prática social e familiar. No entanto,
para as crianças das classes dominadas é preciso despir-se de sua cultura para
assimilar esses novos preceitos culturais das classes dominantes.

A teoria da reprodução criada por Bourdieu e Passeron está vinculada a ideia


de violência simbólica. Para eles, a ação pedagógica é objetivamente uma violência
18

simbólica, pois impõe um poder arbitrário. Esta arbitrariedade se refere como tal,
pelo fato da cultura das classes dominantes ser imposta como cultura legítima e
oficial para todos, desconsiderando a cultura das classes dominadas. Já o nome
poder arbitrário é pela razão da sociedade estar dividida em classes. A ação
pedagógica através de suas práticas acaba por reproduzir a cultura dominante e a
sociedade de classes.

Dessa forma, para os alunos oriundos das classes populares, a escola


representa uma expulsão de sua cultura, pois desconsidera os seus saberes, suas
práticas, suas formas de pensar e sua essência. Não só desconsidera, como
despreza, menospreza, desvaloriza e ignora. Dentro dessa perspectiva, fica evidente
que para os alunos oriundos das classes dominantes, que já possuem essa cultura
desde o nascimento, é muito mais fácil obter o êxito escolar, do que para aqueles
vindos das classes dominadas, que necessitam despir-se de sua cultura materna e
aprender uma nova cultura, novos hábitos, nova linguagem, novo vocabulário, nova
maneira de se portar entre tantas outras regras imputadas pela cultura dominante.
Sendo assim, o sujeito só será bem visto pela sociedade se dominar esses preceitos
eleitos como legítimos.

Para BOURDIEU e PASSERON (1970) existe uma violência na educação que


é considerada inevitável e inerente a esse processo escolar. Segundo os mesmos,
toda ação pedagógica é uma violência simbólica, por reproduzir a cultura dominante,
sua ideologia, infligindo um modelo padrão de sociedade a ser seguido que contribui
para a reprodução da sociedade de classes e para as relações de poder e
hierarquia.

A ação pedagógica é objetivamente uma violência simbólica, num primeiro


sentido, enquanto que as relações de força entre os grupos ou as classes
constitutivas de uma formação social estão na base do poder arbitrário que
é a condição da instauração de uma relação de comunicação pedagógica,
isto é, da imposição e da inculcação de um arbitrário cultural segundo um
modo arbitrário de imposição e de inculcação (educação). (BOURDIEU;
PASSERON, 1970 p. 27).

Os mesmos se referem a tais pressupostos como uma violência simbólica,


pois, entendem que toda essa destituição da cultura materna e inculcação de uma
nova cultura, a das classes dominantes, detentora do poder, fazem com que a
classe dominada perca a sua identidade, suas referências, tornando-se dessa
maneira submissos, fragilizados e sem autonomia. Isto porque os mesmos têm a sua
19

cultura desrespeitada e desprezada, tendo que aderir a cultura dos poderosos,


ficando dessa forma fácil a sua dominação.

O caráter simbólico pode ser visto nas principais características da sociedade


capitalista, como por exemplo, a divisão do trabalho que está vinculada ao apoderar-
se dos meios de produção diferenciados. Segundo BOURDIEU e PASSERON
(1970) as instituições de ensino consolidam a sociedade capitalista através da
reprodução da cultura e da estrutura de classes. A reprodução da cultura se revela
através das representações simbólicas e sistema de ideias. Já a reprodução das
estruturas de classes opera na própria realidade.

É evidente que nas instituições de ensino e no processo escolar a reprodução


das classes e da cultura, bem como, os meios de dominação estão presentes. No
entanto, para que essas reproduções sejam consolidadas, é necessário que haja a
reprodução do simbólico, ou seja, a ideologia dessas relações.

Através da comunicação a escola exerce violência simbólica, pela inculcação


de sua ideologia, por meio de discursos dissimulados carregados de doutrinas que
embora pareçam neutros em um primeiro momento de neutralidade não tem nada.
Estes estão carregados de intenções que visam doutrinar e dominar sem que estes
percebam, pois essa não é uma violência física, mas de nível simbólico, que faz com
que os educandos acabem pensando e agindo como os detentores das forças
dominantes esperam, legitimando a ideologia dominante. ”Enquanto poder simbólico
que não se reduz jamais por definição á imposição da força, a AP (ação pedagógica)
não pode produzir seu efeito próprio, isto é, propriamente simbólico, a não ser na
medida em que se exerce numa relação de comunicação”. (BOURDIEU E
PASSERON, 1970, p.28).

Para Bourdieu, a escola através da violência simbólica esta reproduzindo as


estruturas de classes, por essa razão ele entende que o trabalho pedagógico é uma
ação coerciva, sendo a ação pedagógica violenta. Nesta ação esta sendo imposta
através de ideologias a maneira como esses jovens devem pensar e agir, o que
acaba por criar nos mesmos, formas de agir que os diferenciam em classes.

Ainda segundo o mesmo, a escola busca reproduzir as formas de pensar e os


valores das classes dominantes, essa age de forma a atingir uma parte do grupo.
20

Tendo essa parte aderido a esses preceitos dominantes, acabam reproduzindo na


sociedade e os impondo a classe dominada. Segundo Bourdieu e Passeron,

Enquanto trabalho prolongado de inculcação que produz a interiorização


dos princípios de um arbitrário cultural sob a forma de um habitus durável e
transferível, e, por conseguinte capaz de gerar práticas conforme a esses
princípios fora de e para além de toda regulamentação expressa e de todo
apelo explicito á regra, o trabalho pedagógico permite, ao grupo ou á classe
que delegue á autoridade pedagógica sua autoridade de produzir e de
reproduzir sua integração intelectual e moral sem recorrer á repressão
externa e, em particular, á coerção física. (1970, p. 57).

A escola valorizando assim a cultura e o modelo dominante privilegia e


promove aqueles que se adequam melhor a esse padrão, e assim também isso se
reproduz pelos sujeitos na sociedade, onde aqueles que possuem esses preceitos
se destacam nos cargos de poder e dominam sobre os dominados. Assim aqueles
que não nasceram nesse ambiente “privilegiado” e que não conseguiram se despir
totalmente de sua cultura e revestir-se da cultura e das regras da cultura dominante
são excluídos e convencidos à submissão. São excluídos por não serem
considerados hábeis, capacitados, bons o suficiente, segundo o modelo que lhes foi
imposto como o melhor e legítimo.

Essa exclusão se estabelece nas instituições de ensino e também é visto nas


universidades, que legitimam isso em suas seleções, onde aqueles que não falam
da forma culta, ou não se portam de maneira adequada, segundo os valores
dominantes, são considerados inaptos e acabam por ficar de fora. Isso também se
dá no mercado de trabalho que também seleciona seus empregados usando dos
padrões da classe dominante, sobrando para os que não se enquadram os cargos
de menor prestígio social e de subordinação. Sendo assim a escola contribui para as
desigualdades sociais por não levar em conta as diferenças culturais e econômicas,
reproduzindo assim a sociedade e a cultura, bem como as relações de poder que
interferem na distribuição do capital.

2.1 O CAPITAL

Aparentemente a escola é o lugar onde o conhecimento é transmitido de


maneira democrática e igual para todos. Bourdieu, em seus estudos, percebeu que
essa afirmação feita pelas instituições de ensino não tem sido verdadeira e que a
21

escola não tem transmitido o conhecimento da mesma forma para todos os alunos
como ela tem feito parecer. Para esse autor, os alunos que pertencem às classes
mais favorecidas, trazem de berço uma herança que ele denominou de capital
cultural. A cultura nada mais é do que os valores e significados que orientam e dão
personalidade a um grupo social. Segundo o mesmo a cultura que está dividida em
classes se transforma em uma moeda utilizada pelas classes dominantes para
estabelecer as diferenças.

Dessa forma, a cultura acaba por se transformar em instrumento de


dominação, sendo que os dominantes acabam por impor aos dominados a sua
cultura. Dando a esta um valor inquestionável, fazendo da mesma a melhor cultura a
ser seguida. Essa dinâmica pode ser entendida como arbitrário cultural dominante,
ou seja, uma cultura se impor sobre a outra. Essa foi a maior de todas as
contribuições de Bourdieu transposta para a educação.

A escola de forma dissimulada contribui para que a cultura dominante seja


transmitida como tal, favorecendo e privilegiando alguns em detrimento de outros.
Esses desfavorecidos são os alunos que não tiveram por meio de sua família acesso
a esse capital cultural, sejam por meio de livros, lugares, obras de arte e
informações que são de fácil acesso para os mais privilegiados. Sendo assim tais
alunos não conseguem dominar os códigos culturais que a escola valoriza e para
esses aprender é algo muito mais difícil. Assim a escola marginaliza os alunos
oriundos das classes populares e privilegia os que possuem maior capital cultural.

Por essas razões o discurso que a escola faz de igualdade não se mostra
eficaz na prática. Assim ela não cobra dos mesmos os saberes ensinados tão
somente, mas cobra habilidades que são fáceis para uns e difíceis para outros que
não as conhece. Assim ela acentua as diferenças culturais e aqueles que não
possuem a cultura valorizada pela escola se enganam pensando que as dificuldades
enfrentadas por eles são faltas de inteligência. Da mesma forma, essa dominação
pode ser vista na seleção de certas disciplinas em detrimento de outras, mantendo
assim a dominação de uma classe sobre outra.

BOURDIEU (1998) define capital simbólico como sendo o reconhecimento e o


prestígio que alguns grupos possuem. Um exemplo comum de capital simbólico é o
valor que está agregado a certas marcas, que possuem credibilidade e alto valor
econômico, tudo isso devido a seu valor simbólico.
22

Já o capital cultural é todo o conhecimento que o sujeito consegue incorporar


através de estudo, obras de arte, livros, habilidade para língua culta, além daqueles
que foram herdados pela família, como gostos, hábitos e posturas. Que acabam
situando as diferenças entre as classes.

O capital cultural pode existir sobre três formas: no estado incorporado, ou


seja, sob a forma de bens culturais- quadros, livros, dicionários,
instrumentos, máquinas, que constituem indícios ou a realização de teorias
ou de críticas dessas teorias, de problemáticas, etc.; e, enfim, no estado
institucionalizado, forma de objetivação que é preciso colocar á parte
porque, como se observa em relação ao certificado escolar, ela confere ao
capital cultural-de que é, supostamente, a garantia-propriedades
inteiramente originais. (BOURDIEU, 1998, p. 74)

O capital social se refere às relações que se estabelecem, está no poder de


se relacionar e ter influência. Para manter esses capitais sociais muitos realizam
festas, frequentam clubes, cruzeiros, escolas da alta sociedade, entre muitos outros
eventos que os ajudem a continuar mantendo essas relações e possuindo esse
capital. O capital econômico se refere ao poder aquisitivo e o seu poder de
mobilização sobre os outros indivíduos. Segundo Bourdieu,

Essa definição tipicamente funcionalista das funções da educação, que


ignora a contribuição que o sistema de ensino traz a reprodução da
estrutura social, sancionando a transmissão hereditária do capital cultural,
encontra-se, de fato, implicada, desde a origem, numa definição do “capital
humano” que, apesar de suas conotações “humanistas”, não escapa ao
economicismo e ignora, dentre outras coisas, que o rendimento escolar da
ação escolar depende do capital cultural previamente investido pela família
e que o rendimento econômico e social do certificado escolar depende do
capital social- também herdado- que pode ser colocado a seu serviço.
(1998, p. 74)

2.2 O JULGAMENTO PROFESSORAL

O julgamento professoral que se dá pelas apreciações, ou pode se dizer


“pelas notas” pode ser relacionado diretamente com a origem social dos educandos.
Nos estudos realizados por Bourdieu, pode-se perceber essa relação, onde os
alunos oriundos de classes dominantes ou pode-se dizer da elite, se sobressaem em
relação aos filhos dos operários e dos trabalhadores. Isso acontece devido à própria
organização da escola que é muito semelhante à cultura das classes dominantes,
pois exprime os seus pensamentos e valores como legítimos.
23

Nessas análises observou-se que a nota dos alunos se elevava em


consonância com o aumento de sua condição social, ou seja, seu capital cultural.
Essas apreciações analisadas por Bourdieu receberam muitas justificativas por parte
dos educadores, qualificativos de julgamento tais como, “bobo, servil, vulgar, chato,
mas organizado, aplicada, mas servil”, entre muitos outros descritos pelo autor que
remetiam as classes populares, os operários e trabalhadores. Em sua análise, ele
observou que até mesmo o elogio vinha com palavras negativas, como bom, mas
tímido e assim sucessivamente. Em relação aos alunos oriundos das classes mais
altas e da elite, dificilmente foram encontrados restrições, estes receberam os
melhores qualificativos e elogios por parte dos educadores.

Para o autor, seu estudo comprovou que quanto mais baixa a origem social,
maiores foram os agravos nos qualificativos negativos, mais desprezo e repudio ao
classificar e até mesmo os elogios suavam de maneira hesitante. O contrário
aconteceu nas apreciações dos alunos oriundos das classes mais altas que
receberam os melhores qualificativos e honrosos elogios.

Esses julgamentos dos educadores, não são em nenhum momento


explicados por meio de um conjunto de normas explicitas e padronizados. E também
não são neutros, mas possuem implicitamente a superioridade exigida pela cultura
dominante, do intelectual, desenvolto e elegante como afirma Bourdieu. Outra
consideração a se fazer, está quanto a um critério de julgamento implícito que
muitas vezes é feito pelos professores de maneira inconsciente e se manifesta
principalmente nas provas orais, onde a nota se dá em observância a postura, as
roupas, a aparência, até mesmo o sotaque dos jovens é mal visto pelos educadores.

À parte os qualificativos que podem designar propriedades específicas do


exercício escolar (parcial, sumário, confuso, metódico, obscuro, vago,
impreciso, desordenado, claro, preciso, simples), a quase totalidade dos
adjetivos utilizados designam as qualidades da pessoa, como se o professor
se autorizasse da ficção escolar para julgar, á maneira de um crítico,
literário ou artístico, não a aptidão técnica, para se conformar ás exigências
rigorosamente definidas, mas uma disposição global, a rigor indefinível,
combinação única de clareza, de concisão e de vigor, de sinceridade, de
naturalidade e de savoir-faire, de fineza, de sutileza e de engenhosidade.
(BOURDIEU, 1998, p. 196)

Segundo o autor, há uma relação entre a carreira que se segue e a origem


social. Pois, segundo ele a própria universidade usa de critérios de seleção que
muitas vezes dificultam a entrada de alunos de origem mais humilde. Isso acontece
24

porque a universidade exige qualidades de excelência, que coloque a universidade a


um nível altíssimo, e que segundo os padrões estabelecidos por ela são
semelhantes aos da cultura dominante. Dessa maneira acaba por excluir os que não
se enquadram e privilegiar os que já possuem essa cultura.

Através de um discurso de universalização de ensino, a universidade e a


escola aceitam os considerados por ela “fracos”, mas os mantém excluídos dentro
do próprio sistema.

2.3 O PODER SIMBÓLICO

Bourdieu, em sua obra “O poder simbólico” (2008) retrata bem sobre o poder
que é exercido de maneira implícita na sociedade. Esse poder é ignorado por
aqueles que o estão sujeitos e também por aqueles que o praticam. Segundo o autor
o mesmo só pode ser exercido se houver a cumplicidade dos agentes envolvidos.
Esse é visto como algo normal, inevitável, portanto não é reconhecido como algo
ruim.

Este poder está representado por sistemas simbólicos, que estão


estruturados na sociedade através das religiões, dos partidos políticos, das artes, da
linguagem, entre outros. Esses constituem um universo simbólico. O sistema
simbólico por ser este um meio de comunicação e de tal forma estruturado, acaba
por ser aceito passivamente pelos envolvidos de forma conformada. Sendo
considerado como algo normal e que faz parte da organização da sociedade.

Dessa maneira, esses símbolos produzidos e estruturados, passam a operar


de tal forma a dominar os agentes que acreditam em seus preceitos, impondo a
estes suas ideologias e sendo difícil sua contestação. Esses se apresentam como
sendo do interesse do bem comum, eleitos pelos seus subordinados, quando na
verdade está servindo aos interesses de minorias que esperam tirar vantagens e se
manterem no poder, legitimando suas concepções.

As diferentes classes e fracções de classes estão envolvidas numa luta


propriamente simbólica para imporem a definição do mundo social mais
conforme aos seus interesses, e imporem o campo das tomadas de
posições ideológicas reproduzindo em forma transfigurada o campo das
posições sociais. Eles podem conduzir essa luta quer diretamente, nos
conflitos simbólicos da vida quotidiana, quer por procuração, por meio da
luta travada dos especialistas da produção simbólica (produtores a tempo
25

inteiro) e na qual será em jogo o monopólio da violência simbólica legítima


(cf.Weiber), quer dizer, do poder de impor, e mesmo de inculcar
instrumentos de conhecimento e de expressão (taxinomias) arbitrários,
embora ignorados como tais da realidade social. (BOURDIEU, 1989, p. 11)

O professor, pode se dizer, é um agente de dominação, pois tem seu poder


reconhecido culturalmente e historicamente, tendo seus preceitos como legítimos.
Dessa forma usa da autoridade que lhe é concedida para inculcar nos educandos as
ideologias que a escola entende como sendo as melhores ao bem comum.

A mídia é outro sistema de dominação e de poder simbólico, que carrega por


trás de suas noticias e matérias interesses particulares implícitos. Isso acontece com
a TV, com o rádio, os jornais, a internet e tantos outros meios de comunicação. Um
exemplo bem comum é o caso das pequenas cidades que muitas vezes os
proprietários das rádios locais são justamente os prefeitos e vereadores, obviamente
as noticias sempre beneficiarão a eles. No tocante a programas de televisão como
os desenhos animados, inúmeras são as formas de violência simbólica e de
inculcação que se mantém de forma dissimulada. Os próprios programas como
novelas e reportagens banalizam a violência e a prostituição, impondo aos
espectadores a aceitação das ideias defendidas por eles que estão por trás de todos
os discursos e imagens.

Faz-se essa relação da violência simbólica na mídia, pois ela também é


objeto de análise para a escola, por entender que os educandos passam parte do
tempo em casa e estão constantemente expostos a esse tipo de conteúdo e sendo
assim é dever da escola discutir esses temas com os alunos.

A violência simbólica foi o grande alvo de pesquisa de Bourdieu, segundo o


mesmo, essa violência não é a simples imposição de uma classe sobre a outra, pois
envolve jogos e estratégias criados pelos agentes envolvidos. Para ele os indivíduos
da sociedade criam um sistema denominado por ele como construtivismo
estruturalista, considerando que a sociedade é organizada e estruturada pelos
homens, sendo estes resultados das relações sociais. Bourdieu reforça que essa
violência simbólica age por meio de alguns conceitos elaborados por ele, como a
estratégia, os interesses escondidos por trás de cada ideologia, o capital simbólico,
as divisões da sociedade em classes e a legitimação das ideologias das classes
dominantes.·.
26

3 O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL EM MEIO A VIOLÊNCIA


SIMBÓLICA

A orientação educacional teve origem nos Estados Unidos no ano de 1908.


Nesse período, seu trabalho se voltava para o aconselhamento e para a orientação
profissional. Mais tarde, no ano de 1924, a orientação educacional veio para o Brasil,
também direcionada a orientação vocacional para o mercado de trabalho. Somente
no ano de 1942, mediante a lei orgânica criada no governo de Getúlio Vargas, é que
a orientação educacional ganhou referência na lei.

No entanto, essa estava pautada no atendimento a alunos “problemáticos”,


aplicando sansões disciplinares, orientação aos horários de estudo, zelando pela
ordem e disciplina e também tirando possíveis dúvidas dos educandos. Sua função
se destinava para a orientação para o trabalho. Para tal função era necessário ao
educador que fizesse um curso especifico na área.

A lei de diretrizes e bases n°4024 de 1961, traz a questão da formação em


Orientação Educacional, incumbindo ao curso normal formar esses profissionais
para atuarem no ensino primário. Já as faculdades de filosofia, encarregar-se-iam de
formar esse profissional para atuar junto ao ensino médio.

Segundo GRINSPUN (2001),a esse profissional incumbe o acompanhamento


escolar do educando, contribuindo para uma formação integral, visando à integração
desse sujeito a sociedade. Ainda de acordo com o mesmo, a função do orientador
educacional foi marcada por seu caráter aconselhador e se estendeu para todo o
mundo por meio de movimentos da época, como revolução industrial e das novas
tendências pedagógicas.

Surgiram também em 1934 experiências isoladas em algumas escolas do Rio


de Janeiro, essas segundo GRINSPUN (2001) seguiam o modelo de escolas
americanas e europeias. Enfim, a concretização da orientação educacional tal qual
ela é hoje, se deu em virtude de uma série de movimentos em prol da educação,
passando por longas transformações até chegar-se ao ideal que se espera hoje da
profissão. Sendo essa reconhecida em lei, exigindo-se para tal pessoa qualificada e
sendo essa função imprescindível no ambiente escolar.
27

Ao analisar a história, percebe-se que a figura do orientador ou conselheiro,


como era chamado, já existia há muito mais tempo em diferentes tipos de
sociedade, sendo sua tarefa auxiliar os membros da sociedade nas tomadas de
decisões.

Todavia, a orientação antigamente não possuía o caráter pedagógico que


possui nos dias atuais, mas se preocupava com os sujeitos e com o seu
aprendizado. Sendo assim, a orientação educacional, surgiu no mundo todo através
da orientação vocacional e profissional. Platão foi considerado grande precursor da
orientação educacional, embora não a idealizasse da forma que ela é hoje, pois o
mesmo concebeu a escola ajudando e orientando os indivíduos a exercerem
funções de acordo com suas aptidões e talentos.

3.1 O PAPEL DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Tomando por base a lei n° 5.564 de 21 de dezembro de 1968 que estabelece


as funções do exercício profissional do orientador educacional, fazer-se á aqui uma
explanação das principais atribuições do mesmo na escola. Pode-se dizer que não
há por parte de algumas escolas uma clareza quanto o papel do orientador
educacional. É muito comum vermos nas escolas esse profissional exercendo
diversas atividades que não lhe cabem, como a de porteiro, professor substituto,
auxiliar administrativo, entre muitas outras funções que acabam por descaracterizá-
lo do seu verdadeiro papel.

Mas, quais são as atribuições estabelecidas pela lei para regulamentar o


trabalho desse profissional? Segundo a lei n° 5.564, ao orientador educacional
incumbe dar assistência ao educando, podendo ser essa individual ou em grupo. O
mesmo deve trabalhar para desenvolver de forma integral e harmoniosa a
personalidade dos educandos. Segundo a mesma lei, essa função só poderá ser
exercida por profissionais devidamente capacitados para este fim, sendo estes
portadores de diploma devidamente regulamentado e autorizado pelo ministério da
educação.
28

A mesma lei estabelece que ao orientador educacional esteja atribuída a


função de aconselhar e mediar os educandos em suas necessidades e
peculiaridades, além de lecionar as disciplinas referentes à sua profissão.

Segundo (HEREDIA, 2005), o orientador educacional tem o papel de se


colocar em meio aos conflitos, como um terceiro, um mediador, que constrói com os
envolvidos no conflito um espaço de resolução dos problemas por meio do consenso
e da ética. Para tal, coloca-se como necessário a valorização do outro como outro,
como um ser total, soberano e não como extensão de si próprio. Conforme Bauman,

Odo Marquard falou, não necessariamente com ironia, do parentesco


etimológico entre zwei e Zweifel (“ dois e dúvida”) e insinuou que o elo entre
essas palavras vai além da simples aliteração. Onde há dois não há
certeza. E quando o outro é simples extensão, eco, ferramenta, ou
empregado trabalhando para mim, o primeiro – a incerteza é reconhecida e
aceita. Ser duplo significa consentir em determinar o futuro (2004, p. 35).

De acordo com (JARES, 2002), na medida em que se respeita a diversidade a


incerteza, a dúvida, os conflitos sempre vão se fazer presentes, de modo negativo,
mas também de modo positivo. O papel do orientador educacional, neste caso,
apresenta-se como fundamental, enquanto mediador dos conflitos, das dúvidas, das
incertezas provenientes da consideração do outro como outro. Oliveira e Grinspun
(2009, p. 49) definem o Orientador Educacional afirmando que:

“O orientador educacional é aquele que ajuda a descobrir a bússola que


cada individuo possui para indicar os diferentes caminhos (ângulos) que a
vida contempla; da mesma forma, os meridianos externos-que servem para
determinar o” norte-sul pessoal” – relacionando-se ás questões externas,
com o mundo em geral e com a sociedade em particular, para que os
principais objetivos do desenvolvimento individual possam ser atingidos.

3.3 O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL EM MEIO A VIOLÊNCIA


SIMBÓLICA NECESSÁRIA E ESTRUTURANTE DE KUPFER E A PERVERSA DE
BOURDIEU

Existe um consenso por parte de educadores e pensadores da época que


entendem que há uma violência própria da educação. Ou seja, a escola não só
reproduz as violências presentes em nossa sociedade, como ela também as produz,
29

já que ela não é uma instituição isolada do mundo, mas sim uma parte ativa da
sociedade.

Essas violências se dão de várias maneiras, sejam elas verbais, físicas,


simbólicas ou até mesmo psicológicas. Pierre Bourdieu, sociólogo francês,
demonstrou em seus estudos como a sociedade e a escola produzem a violência
simbólica. Sendo essa silenciosa e naturalizada, é a imposição da classe dominante
sobre as classes populares, que sequer as percebe. Estas estão presentes em
diversas estruturas, como nas artes, na língua, na cultura e em qualquer outra
categoria capaz de moldar a forma de pensar dos indivíduos. É considerada como
violência por ser esse um poder arbitrário, pois é imposto de forma dissimulada. É
uma violência exercida no cotidiano da escola por parte dos educadores, sem que
esses muitas vezes se deem por conta e sem que os próprios educandos a vejam
como violência.

É claro que a violência simbólica, como nesse estudo foi visto em capítulos
anteriores, não possui um caráter apenas perverso. Kupfer demonstrou em sua
teoria a respeito da violência a necessidade de uma ordem de uma imposição, que
regule a vida das pessoas, sendo essa não arbitrária, pois não se trata de impor as
vontades pessoais, mas sim à lei, que segundo a psicanálise seria uma restrição ao
desejo materno, e o que a impõe está também submetido à mesma. Essa, segundo
a autora, é necessária e estruturante, indispensável para o bom desenvolvimento da
personalidade e sua falta à causadora da violência dita como real.

Uma vez que a violência simbólica está presente em diferentes níveis na


escola, é necessário que a orientação educacional, que é responsável pela
mediação dos conflitos dentro do ambiente escolar, tome conhecimento dos
diferentes meios que ela se manifesta para poder intervir nos processos de violência
instaurados na e pela educação.

Diante desses pressupostos envolvendo as duas teorias, ambas distintas uma


em relação à outra, por pertencerem a campos diferentes do saber, um a psicanálise
e o outro a sociologia, busca-se agora discorrer sobre o papel da orientação
educacional em meio a essas duas perspectivas. Tendo em vista que nenhuma
delas está errada e ambas trazem grandes contribuições que podem ajudar a
orientação educacional a lidar com essa violência simbólica presente no ambiente
escolar.
30

De acordo com a teoria de Kupfer, a violência deve ser encarada como uma
busca desesperada de restituição de pontos de identificação e da violência simbólica
que está em falta. Nessa perspectiva, o jovem depredador age de forma violenta por
não ter encontrado uma rede de sustentação simbólica que regule e de sentido a
sua vida. Cabe aos professores e ao orientador educacional trabalhar para que a
escola cumpra com seu papel na construção de redes simbólicas que sustentem
imagens ideais capazes de alcançar os jovens em suas necessidades enquanto
indivíduos desejantes. De acordo com a autora,

Desta perspectiva, as propostas educacionais que venham a oferecer


efetivamente referências, imagens ideais com um lastro maior do que
aquelas oferecidas pela televisão, que ofereçam finalmente uma efetiva
rede de sustentação simbólica, terão grandes chances de ser adotadas
pelos jovens. (KUPFER, 2007, p. 147)

Dessa forma, é preciso que os jovens encontrem na figura do orientador


educacional e dos professores esse pai substituto que trata a psicanálise, que possa
ser para eles um referencial a ser seguido. Para tal, é necessário que o orientador
educacional cumpra sempre com sua palavra, aja de acordo com aquilo que está
pregando, demonstre bons sentimentos e valores aos jovens, para que através do
seu exemplo esses se sintam amparados e simbolicamente estruturados. Pois, é
necessário que haja uma ordem, uma coerência, não se educa sem impor às leis, as
regras, as normas. Não é possível se construir uma sociedade justa, igualitária,
solidária, com bons princípios sem que estes sejam ensinados, moldados na
personalidade dos jovens. Não só nos jovens, mas o orientador deve atuar na
formação junto aos educadores também, prezando pelo bom exemplo e pela boa
referência para os educandos.

A atuação do OE deve contemplar, para além de um trabalho com os


alunos, um trabalho com os professores, com os pais e com toda a
comunidade. O OE deve se constituir no pedagogo da unidade e da
identidade da escola, com uma atuação voltada para o que nela tem de
fundamental, o seu projeto político-pedagógico. (SCHMITZ, 1997, p. 75).

É preciso entender que os adolescentes precisam das regras, da lei, do limite


e do não. Muitas vezes os mesmos não possuem em casa os limites necessários e
não encontram no professor e na escola o referencial ideal que necessitam. Ficando
dessa maneira, como diz Kupfer, desenfreados na ordem do gozo, fazendo aquilo
que querem sem medir as consequências. Assim, está aberto o caminho para o
31

crime, para a delinquência, para a drogadição, pois através do mesmo eles buscam
instaurar, mesmo que de forma fracassada uma regulação para suas vidas, o
simbólico.

É preciso que a escola, reafirme em suas ações cotidianas a violência


simbólica, essa não se refere à violência punitiva, onde o educador bate em seus
alunos, de forma alguma, mas da violência simbólica do cotidiano, do
estabelecimento da lei, do limite e do não. É preciso mudar o discurso dentro das
instituições de ensino. O professor deve mudar seu discurso de coitado, de
fracassado, de pequeno outro. Segundo Kupfer,

O professor pode, contudo, buscar uma retomada desse simbólico, dessa


tradição, e reatar com ela. Pode beber desta fonte e rearticulá-la com o
desejo que o levou a ocupar aquela posição. Faz muita diferença, como diz,
por exemplo, Sara Paín (1996), ensinar números simplesmente e ensinar
números testemunhando ao mesmo tempo o assombro, o encantamento de
que podemos ser tomados diante de seus paradoxos ou diante da ideia de
infinito. (2007, p. 147).

O que não se pode de forma alguma é impor as normas, as regras com


autoritarismo, usando da perversidade da violência simbólica que Bourdieu fala. É
dentro dessa relação de imposição das leis, dos limites que surge o perigo do
professor cometer a violência simbólica perversa que humilha, menospreza,
desqualifica e ridiculariza.

O orientador educacional deve ter clareza quanto ao que é autoridade e


autoritarismo. Pois, autoridade é o respeito e o reconhecimento do poder instituído e
aceito como legítimo. Já o autoritarismo é a autoridade imposta por meio da coerção
e do medo, o que não queremos em nossas escolas. Segundo Rayo (2003, p. 9):

Ao apontar para a importância de uma autoridade baseada na assimetria


moral, Sennett (2001) oferece uma dica valiosa de como construir relações
que promovam boas referências. Nesse modelo, o adulto deve comportar-
se de forma moralmente superior. Ele precisa colocar-se em uma relação
vertical de reconhecimento, sendo capaz de fazer mais e melhor aquilo que
exige de seus educandos. Por outro lado, para que uma relação de
autoridade se estabeleça de maneira respeitosa e legítima, ela deve ter uma
horizontalidade. De acordo com Guillot (2008), isto seria possível através do
reconhecimento e respeito recíprocos de cada um dos envolvidos na
relação, ou seja, é necessário que o professor reconheça de verdade que
seu aluno merece respeito. Assim, o professor também poderá ser
respeitado.
32

Outro fato importante a ser analisado pela orientação educacional quanto à


autoridade, está na grande frequência com que se aciona o conselho tutelar e outras
entidades. Quando se delega a autoridade a outrem, emite-se a mensagem de que
não somos capazes de resolver tal conflito e acabamos por perder a autoridade.
Dessa maneira, é imprescindível que o orientador educacional faça todo o possível
para resolver os conflitos da escola na escola, sem recorrer a outras instituições.

Para combater a violência tanto simbólica, como a real, é necessário que a


orientação educacional que visa o sucesso escolar do educando e sua
aprendizagem, entenda que o desempenho escolar é resultado do trabalho de toda
equipe pedagógica, que leva o aluno a se motivar, porque, somente assim, poderá
traçar metas que o ajudarão a seguir em frente.

Assim, ao olhar para trás o aluno poderá perceber que a família é a base, o
alicerce e a escola a continuidade de sua formação enquanto sujeito, além de ser a
escola fator crucial para o sucesso ou fracasso. Nessa perspectiva, pode o educador
ser ensinante ou mutilante, de acordo com suas práticas, tendo papel determinante
na vida dos sujeitos.

Também há de se ter um cuidado dentro das instituições de ensino no que


tange a classificação e desclassificação, ao julgamento professoral. O orientador
educacional, enquanto parte integrante da gestão escolar deve cuidar para que não
haja dentro da escola discriminação. Deve se respeitar a cultura que cada indivíduo
possui, respeitando suas características e peculiaridades. Principalmente no que se
refere às avaliações e seleções no ambiente de ensino, devem levar em conta o
conhecimento em si, sem menosprezar aqueles que se comportam culturalmente de
outra forma á considerada superior pela escola.

Deve o orientador educacional levar em conta os valores coletivos, impor sim


as regras de boa convivência, o respeito às diferenças. “Não é porque possuo uma
determinada cultura, que posso me comportar como eu quero”, meu espaço termina
onde começa o do outro.

É imprescindível que a orientação educacional estabeleça o diálogo, a


valorização do outro. Construindo um espaço de respeito mútuo entre educandos e
educadores, onde a autoridade é fruto do respeito e do reconhecimento do trabalho
feito com excelência por parte dos educadores. Não é fruto de mera coerção, de má
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vontade, mas foi conquistado, por meio de bons exemplos, pois, quem não se
encanta diante de bons referenciais, de belas atitudes, de aulas feitas com
entusiasmo e amor, com mais alegria.

Valorizar a cultura, respeitar as diferenças, impor as regras não em nome


próprio, mas em nome do bem maior, respeitar para ser respeitado, educar com
amor parece ser um bom alicerce para se desenvolver o trabalho na orientação
educacional. Unindo o que há de bom na teoria da Kupfer e do Bourdieu para servir
como referencial nas práticas cotidianas da escola.

O orientador educacional deve olhar para o aluno sem pré-conceitos, com


afetividade, somente dessa forma poderá ir contra qualquer tipo de violência
simbólica dentro da escola. Bourdieu de forma muito sábia falou que a única forma
de combater essa violência simbólica é a tornando conhecida, ou seja, fazendo-a ser
notada. Essa é também tarefa do orientador educacional, fazer da violência
simbólica em suas diferentes facetas conhecidas dentro das instituições de ensino,
tanto pelos educadores, quanto pelos educandos, para assim combate-la.

A conscientização dentro da escola parece ser um dos melhores caminhos


para se evitar a violência simbólica. Para tal, podem ser feitos projetos que
contemplem esse tema em suas diferentes esferas e modalidades. Abordando a
importância de se estabelecer um elo entre essas duas perspectivas, onde uma
contempla a necessidade de tal violência para a construção de uma boa
personalidade e a perversidade que a outra impõe excluindo e deixando indivíduos
as margens da sociedade e impedindo sua ascensão social.

Pode-se tomar como alicerce para unir essas duas teorias as palavras de que
o educador deve educar com suavidade e firmeza, com amor, mas com exigência.
Unindo assim a teoria de Kupfer e Bourdieu, sendo firme, impondo sim as normas,
as regras, mas com amor e ética, visando o bem maior que é o sucesso dos
educandos. Para isso, cabe à orientação educacional propiciar meios para que essa
educação justa e humanitária aconteça, zelando pelas boas relações no ambiente
escolar, de maneira a extinguir qualquer forma de exclusão e prepotência.

SCHMITZ (1997) nos remete para o papel que a orientação educacional tem
de trabalhar para a emancipação das classes populares, contrariando assim a
violência simbólica denunciada por Bourdieu. Para esta autora o orientador
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educacional deve usar da comunicação e do diálogo nas relações no ambiente de


ensino, evitando assim usar de autoritarismo e violência simbólica na linguagem.
Outro autor interessante que traz a comunicação como uma prática fecunda na
orientação educacional é ROSENBERG (2006), este nos fala de que a linguagem
violenta é mais insidiosa que a violência real, podendo trazer sérios danos aos
indivíduos, por essa razão esse autor trabalha com a comunicação não violenta.
Essa é uma relação de diálogo, escuta qualificada, mansidão, compreensão e
alteridade.

De acordo com SCHIMITZ (1997) a orientação educacional pautada em um


novo paradigma, o da comunicação, pode promover por meio da linguagem e da
comunicação entre os docentes e discentes novos e significativos conhecimentos a
cerca da cultura de ambos. Essa perspectiva é muito eficaz para estabelecer o
respeito e a compreensão a cerca da cultura de cada indivíduo, pois assim pode- se
evitar pré- conceitos, exclusão, discriminação, entre tantas outras formas de
violência simbólica cometida muitas vezes por falta de conhecimento.

Ainda segundo a mesma, a escola deve problematizar o conhecimento, dessa


forma é importante que a orientação educacional assuma esse compromisso de
formar pessoas críticas e reflexivas quanto às questões do mundo que a cercam.
Provocando a reflexão sobre as atitudes vivenciadas na escola, sobre os
acontecimentos do mundo e sobre as noticias e ideologias transmitidas pelos meios
de comunicação. Para tal o orientador educacional deve se pautar pelo viés da
escuta qualificada, fazendo do ambiente escolar um local de ampla discussão sobre
diversos temas e debates, visando à emancipação, a democratização e a autonomia
dos indivíduos.

Esse espaço de discussão dialógica deve se estender para as questões


pedagógicas, o orientador educacional deve contemplar um espaço onde haja a
possibilidade de educadores e alunos exporem suas ideias, suas angustias e
necessidades, para que haja uma construção coletiva do PPP da escola,
vislumbrando uma escola para todos, participativa e construída por todos os
envolvidos no processo educacional. É preciso que a orientação educacional
conheça a realidade dos educandos, sua cultura, para assim seu trabalho ser
fecundo e conseguir abranger as reais necessidades de seus alunos. Segundo
SCHMITZ, 1997:
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Na perspectiva do agir comunicativo, o OE leva a sério a função social da


escola de preparar os educandos para o exercício da cidadania. O OE deve
propiciar as condições de participação dos sujeitos das questões que os
envolvem enquanto cidadãos. (p. 80).

É importante ainda segundo as palavras de PIMENTA (1991), que a


orientação educacional esteja trabalhando de acordo com o projeto político
pedagógico da instituição. Que o mesmo verifique se a escola está conseguindo
atingir os objetivos propostos, como estão se dando os processos avaliativos e se a
cultura dos alunos está sendo levada em consideração. Para conhecer melhor a
cultura de seus alunos o orientador educacional juntamente com os educadores
pode promover entrevistas e atividades envolvendo o grupo. Enfim para concluir o
trabalho do orientador educacional na escola pode se usar das palavras de
PIMENTA onde a mesma diz que:

Muito das teorias e práticas específicas da orientação educacional podem


ser úteis desde que redirecionadas na perspectiva de tornar a escola não
seletiva. Junto com o professor e o supervisor, tendo sempre uma
contribuição específica, o OE pode trabalhar em situações como: na
chegada das crianças, na organização das turmas (critérios?), no período
preparatório, no método de alfabetização, nas classes fracas, na relação da
escola com a família e comunidade. (PIMENTA, 1991, p152).
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CONCLUSÃO

Como pudemos perceber ao longo dessa pesquisa, existe uma violência


própria da educação. Esta, segundo Kupfer, é necessária e estruturante, inevitável e
inerente ao processo escolar. Trata-se da imposição das leis, das regras e dos
limites. Segundo a autora, a falta desta causa os atos de violência reais, pois a
violência exercida no plano real é uma busca da restituição do simbólico.

A imposição de uma ordem, de uma sexualidade, de uma interpretação, de


uma linguagem, nada disso é feito por causa das idiossincrasias de um pai
caprichoso, mas por causa da necessidade de impor uma restrição ao
desejo materno. Assim nada se passa no registro das vontades pessoais.
Ou seja, quando estamos falando de violência na educação , não estamos
nos referindo a pais violentos que gostam de bater em seus filhos, e sim do
caráter necessariamente violento que existe no estabelecimento da lei.
(KUPFER, 2007, p. 142)

Também vimos, de acordo com Bourdieu e Passeron, que a escola não tem
cumprido com o seu papel de libertadora e emancipadora. Para esses autores, a
escola tem sido um meio mascarado dê impor uma violência de nível simbólico que
acaba por reproduzir as desigualdades sociais. “Toda ação pedagógica é
objetivamente uma violência simbólica enquanto imposição, por um poder arbitrário,
de um arbitrário cultural” (BOURDIEU, 2008, p. 26).

Enquanto poder arbitrário de imposição que, só pelo fato de ser


desconhecido como tal, se encontra objetivamente reconhecido como
autoridade legítima, a AuP, poder de violência simbólica que se manifesta
sob a forma de um direito de imposição legitima , reforça o poder arbitrário
que a estabelece e que ela dissimula. .(BOURDIEU, 2008, p. 34)
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Cabe à orientação educacional intervir nos processos de violência instaurados


na e pela educação. Para tanto, ela precisa ter teorias que subsidiem e
fundamentem suas práticas, bem como, ter clareza do PPP da escola para poder
intervir de forma consciente e não meramente reproduzir aquilo que vem sendo feito
nos últimos anos.

A função de OE é da responsabilidade de todos os que trabalham na


escola. Mas se não houver um profissional que identifique a real orientação
de uma determinada escola segue e que – se concorda com ela –
arregimente forças para que essa orientação de fato se concretize numa
prática pedagógica, ou – se não concorda com ela – arregimente forças
para tentar mudá-la, ou seja, definir um outro projeto pedagógico, essa
orientação fica muito difusa e o trabalho da escola acaba se realizando por
ricochete. (AZEVEDO, 1990, p. 66)

Com a presente pesquisa, pudemos conhecer as duas teorias referentes à


violência simbólica. Teorias essas que se contrapõe, uma defendendo a violência
simbólica como sendo boa, e outra a instituindo como perversa. Pudemos
demonstrar que ambas estão corretas e podem contribuir com a orientação
educacional em suas práticas cotidianas. Percebemos a necessidade de articular
essas duas teorias, trazendo um equilíbrio entre elas. É preciso entender que a
violência simbólica enquanto imposição das leis, das normas, ela é necessária sim,
mas devemos ter muito cuidado para não transformá-la na violência simbólica
perversa.

Acreditamos que tal pesquisa é uma relevante contribuição para a sociedade


e para toda a comunidade escolar, por trazer à luz esse tema tão relevante nos dias
atuais, isto é, a violência simbólica em suas diferentes facetas. E, claro,
principalmente no que cabe à orientação educacional, que está intimamente
relacionada e lida diariamente com esses problemas. Assim, penso que com esses
levantamentos a orientação educacional terá um olhar diferenciado para seus alunos
e professores, buscando não cometer, nem ser cúmplice de tal violência, mas sim
buscar na escola a violência simbólica necessária e estruturante de que fala Kupfer.
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REFERÊNCIAS

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