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Resumo
Introdução
primeira capacitação, realizada entre final de maio e início de junho em Curitiba, ocasião em
que o programa foi lançado oficialmente. Finda esta capacitação, o grupo de professores
apresentou-se no hospital, onde teve início mais uma semana de estudos denominada
“Semana de Vivência Hospitalar” constando de palestras, visitas aos diversos setores do
hospital, orientações em relação à procedimentos de higienização e rotina, conhecimento de
profissionais (médicos, enfermeiras, chefias e suas hierarquias administrativas) com as quais
teriam contato. Após a semana de estudos, no dia 14 de junho de 2007 iniciou-se o
atendimento pedagógico aos alunos enfermos.
O censo escolar/hospitalar
Tudo era muito novo: o hospital, as pessoas, os alunos pacientes, o próprio professor
sentia-se “estranho” num ambiente diferenciado. Não se sabia como nem por onde começar,
mas era preciso começar. De imediato, não se pensou em solicitar uma listagem de pacientes,
coisa rotineira num hospital que opera com sistema informatizado. Sem essa listagem,
abordavam-se pacientes em todas as dependências do hospital, solicitando informações sobre
sua situação escolar. Constantemente confundia-se a equipe de professores com os pro
fissionais do hospital (médicos, enfermeiros) e solicitavam-lhes que resolvessem questões
pertinentes à área da saúde. Essas abordagens gerais resultaram nas primeiras intervenções
escolares.
O atendimento educacional/hospitalar
Finda a tarefa de localizar possíveis alunos no interior do hospital, era preciso atendê-
los. As capacitações proporcionaram à equipe alguns direcionamentos, mas uma dúvida era
crucial: de onde partir? Nesse momento, a “escuta pedagógica” como apreensão/compreensão
de expectativas e sentidos, tal qual a define Ceccim, foi de grande valia.
Entender o que não foi dito, traduzir gestos, expressões, condutas e posturas desse
novo “aluno-paciente” que está ali, diante de nós, com sua enfermidade, sua curiosidade e
seus medos, resultantes de um ambiente desconhecido, aliado ao desconhecimento da própria
enfermidade e suas possibilidades (ou não) de cura, exposto a procedimentos invasivos,
geradores de dor e sofrimento, esse era o nosso maior desafio.
O perfil/diagnóstico
O currículo
Uma classe hospitalar que funciona no interior de um hospital público, que atende
usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), e que recebe alunos pacientes vindos, na sua
maioria de escolas públicas, tanto da cidade de Maringá quanto dos municípios que compõem
a Região Metropolitana, deve pensar num currículo que lhes possibilite o acesso ao
conhecimento historicamente produzido, como via de emancipação humana. Dessa forma, a
abordagem curricular dos alunos enfermos atendidos no Hospital Universitário Regional de
Maringá é focada no conhecimento, com base nas teorias críticas de currículo e organizada de
forma disciplinar.
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O método
A metodologia
Quando falamos em metodologia, não estamos falando de método, mas sim de formas
de trabalhar que vão sendo construídas pelos professores na prática cotidiana de um hospital,
junto a um grupo de crianças, adolescentes e adultos com enfermidades e escolaridades as
mais diversas.
Essas formas sofrem modificações nas diferentes situações com as quais professores e
alunos vão se defrontando. Dessa maneira, entende-se que metodologia é o modo que cada
professor encontra de trabalhar os conteúdos com o aluno hospitalizado, seja na enfermaria,
no quarto onde o mesmo encontra-se internado, na sala de aula do Programa SAREH ou no
solarium, ao ar livre. Os espaços no hospital são diferenciados, mas as práticas pedagógicas
ali desenvolvidas são escolares, embora ocorram de maneira peculiar.
Tratando-se de Programa SAREH, a primeira metodologia utilizada é ouvir o aluno,
saber quais são suas reais necessidades e interesses. A primeira tarefa do “professor de
hospital” é conhecer os alunos com os quais irá trabalhar. Nesse sentido, a capacidade de
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“escuta”, de observação e de registro é fundamental, pois nas conversas entre eles, nas suas
brincadeiras, nas relações que vão estabelecendo com os objetos e os seres que os rodeiam,
dão-nos indicativos das suas necessidades, interesses e formas de aprender.
Nada impede que os professores escolham as metodologias de acordo com a
adequação delas à idade ou as possibilidades do aluno enfermo, à natureza do trabalho, ao
tipo de temática ou aos conteúdos que pretende desenvolver ou ainda, aos tempos e espaços
disponíveis à sua realização no hospital, mas o ponto de partida é sempre o perfil diagnóstico.
Na escolha da metodologia, deve-se ter em mente que cada aluno é um ser em
potencial, oriundo de culturas diversas, nas quais interferem valores, atitudes, procedimentos,
maneiras de viver e de conviver. É importante para os professores conhecerem as diferentes
maneiras de trabalhar, para que possam selecionar as mais apropriadas ao aluno hospitalizado
e que provoquem nele curiosidade e desejo de agir sobre o mundo.
Essas metodologias devem promover, quando possível, a interação entre os alunos
hospitalizados e possibilitar a exploração dos espaços e dos objetos, ao mesmo tempo em que
devem levar em consideração suas necessidades de brincar, de conhecer o mundo e de se
expressar por meio de diferentes linguagens.
Bom dia pessoal do SAREH! Que bacana! Realmente, os chamarei de boa colheita!
As imagens que serviram de inspiração para os seus alunos-pacientes, fizeram parte de
um Projeto de Extensão chamado OLHOS COLORIDOS, que desenvolvemos com a
coordenação do HUM. Foram realizados por integrantes do grupo APIS - Artes
Visuais da UEM; somos da PEC/ Diretoria de Cultura e o grupo já existe há 15 anos.
Olha, é uma satisfação saber que as imagens inspiram outros corações.
Muito obrigada, bom trabalho e quando precisarem nos procurem. Felicidades!
(Tânia Machado, mensagem pessoal enviada à autora).
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Atividades significativas
incluem-se atividades como o brincar, ouvir ou contar histórias, leitura e/ou confecção de
gibizinhos, desenhos, ilustrações, colagens, preencher diagramas ou palavras cruzadas,
produzir e/ou interpretar textos a partir de “tiras”, “cartuns” ou “charges”, realizar jogos e
desafios que desenvolvam o raciocínio lógico-matemático, atividades artísticas como pintura
ao ar livre, música e dança (quando possível, pois os alunos enfermos, na maioria das vezes,
apresentam-se na sala de aula com pés e/ou mãos imobilizados), realização de pequenas
experiências científicas, bem como atividades ligadas aos cuidados corporais, ao aprendizado
do auto cuidado, dos valores e regras de convivência social.
Atividades diversificadas
"Era uma van vermelha escrito "SAMU". Veio me levar porque eu tinha tido uma
convulsão e ainda estava meio "girando". Os "caras" vieram com uma maca dura, me
colocaram no oxigênio e me levaram correndo para fora. O oxigênio fazia "chiiiiiii"
sem parar e o motorista veio dirigindo “que nem” um doido, com a sirene ligada,
dando "pau" nos carros para chegar logo. Eu achei “massa” andar de SAMU, mesmo
de maca dura que doía as minhas costas. Mas quando cheguei aqui, me colocaram
numa maca pior ainda" (SAMARA, 11 anos).
Pastas individuais
Uso da tecnologia
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programa. Com este objetivo, criou-se o “Blog do SAREH/HUM” onde postam-se,
semanalmente os acontecimentos mais relevantes do programa SAREH no Hospital
Universitário Regional de Maringá.
Ainda na rede, através do Orkut,2 a equipe que atua no SAREH/HUM integrou-se às
demais comunidades de educação hospitalar do país: naquele espaço, além dos vínculos de
amizade e conhecimento, trocam-se experiências, atividades, informações sobre cursos,
congressos e eventos nacionais e/ou estaduais e, principalmente divulga-se o atendimento de
vanguarda realizado nos hospitais do Paraná.
A comunicação da equipe SAREH/HUM com as escolas de origem dos alunos
enfermos, com a responsável pelo programa SAREH no NRE (Núcleo Regional de Educação)
e com a equipe de Coordenadoras do NAS (Núcleo de Apoio ao SAREH) na SEED
(Secretaria de Estado da Educação) ocorre preferencialmente via email
(sareh.mga@gmail.com).
Para registrar a história do programa, suas conquistas e seus avanços, criou-se a partir
da Semana da Criança de 2008 o “Jornal do SAREH” um informativo mensal que, até o
momento, é produzido de forma artesanal e com uma tiragem reduzida, mas que pretende
tornar-se capaz de chegar a todas as escolas do município de Maringá, divulgando o serviço
de escolarização hospitalar realizado dentro do Hospital Universitário Regional de Maringá,
servindo ainda para conscientizar diretores, professores e funcionários sobre as ações e
objetivos do programa, bem como prestar orientações de como as escolas devem proceder em
relação ao atendimento escolar dos alunos enfermos (inserção e/ou reinserção escolar, tarefas
domiciliares, entre outras).
Atendimento domiciliar
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Link para acesso: http://sarehmga.blogspot.com/
2
Link para acesso: http://www.orkut.com.br/Main#Home.aspx
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conhecido como uma nova “ramificação” do Programa SAREH que já está acontecendo em
algumas Unidades.
Trata-se do atendimento à alunos cuja enfermidade (normalmente prolongada ou
definitiva) impede-os da frequencia às aulas numa escola regular. A SEED tem liberado
professores para que atendam a estes alunos individualmente, em suas residências.
O Programa SAREH/HUM através do Professor Severio Donisete do Nascimento
(área de Ciências Exatas), iniciou no mês de maio o atendimento domiciliar a um aluno do 2º
ano do Ensino Fundamental. A enfermidade desse aluno é popularmente conhecida como
“ossos de vidro” (osteogenesis imperfecta), “doença de origem genética que provoca
alterações na produção de colágeno, ocasionando a quebra dos ossos a qualquer movimento
brusco, tropeço, queda ou outros acidentes” (CABRAL, 2009, online).
Conforme orientações do Núcleo Regional de Educação de Maringá (NRE), o
atendimento domiciliar pode acontecer quando o aluno tiver que se ausentar por mais que três
meses da escola. Para isso, é preciso que os pais ou responsáveis levem até a escola, o laudo
médico comprovando a necessidade desse afastamento. A escola, através de ofício,
comunicará a situação do aluno ao NRE, que por sua vez, submeterá o processo para
apreciação das responsáveis pelo SAREH em Curitiba, a quem caberá ou não a autorização.
Considerações finais
Tem sido gratificante para a equipe SAREH (tanto do HUM como dos demais
hospitais) colher os frutos desta experiência que coloca o Paraná numa condição de primeiro
mundo no cenário da educação nacional. O prêmio recebido da FIEP pelo trabalho
apresentado por Cinthya Vernizi Adachi de Menezes - idealizadora do programa - destaca a
importância do mesmo, que atende aos objetivos traçados pela ONU (Organização das
Nações Unidas) para o milênio. Na reinserção do aluno à escola, depoimentos de professores
demonstram que os alunos atendidos no hospital reintegraram-se à sala de aula melhores do
que haviam saído. Depoimentos colhidos nas fichas de avaliação familiar demonstram a
satisfação dos pais no atendimento oferecido pelo programa. Nos dois anos de implantação
do Programa SAREH no Hospital Universitário Regional de Maringá foram realizados os
seguintes atendimentos:
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Tabela 3 – Sexo
Sexo Quantidade
Masculino 206
Feminino 137
TOTAL 343
REFERÊNCIAS
CECCIM, Ricardo Burg. Criança Hospitalizada: Atenção Integral como Escuta à Vida.
Porto Alegre: Editora da Universidade, 1977.