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1º R.B.R.

RETIRO DE BATERIA
RITMISMO

JANEIRO DE 2019

ALDO BADA
1º R.B.R. - Christiano Rocha e Cláudio Machado
Baixo e Bateria: Tocando Juntos!

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* Variação:

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1º R.B.R. - Andre Tandeta
Jazz
I - Condução
A) A importância da semínima como referência
B) O prato de condução e o jazz swing pattern
C) Comping
- Comping com uma voz
- Comping com duas vozes
- Comping com três vozes

II - Forma
A) Blues
B) AABA
C) AA’

III - Solo
A) Troca de 4 compassos (“trading fours”)
B) Solo na forma da música

IV - Sugestões de bateristas
Art Blakey, Max Roach, Philly Joe Jones, Shelly Manne, Roy Haines, Elvin Jones, Tony Williams...

V - Discografia
* Art Blakey – Roots & Herbs
* Max Roach – Clifford Brown and Max Roach
* Philly Joe Jones – Showcase
* Shelly Manne – The Navy Swings!
* Roy Haynes – Fountain of Youth
* Elvin Jones – Elvin!
* Tony Williams – The Story of Neptune

* Miles Davis:
Cookin’ with the Miles Davis Quintet (baterista: Philly Joe Jones)
Kind Of Blue (baterista: Jimmy Cobb)
Nefertiti (baterista: Tony Williams)

* Bill Evans:
Explorations (baterista Paul Motian)
Trio 65 (baterista: Larry Bunker)

* Cannonball Adderley:
The Cannonball Adderley Sextet in New York (baterista: Louis Hayes)

* Count Basie:
Count Basie and the Kansas City Seven (baterista: Sonny Payne)

* Oscar Peterson Trio:


The Trio Live From Chicago (baterista: Ed Thigpen)

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1º R.B.R. - Ygor Saunier
Tambores da Amazônia - Ritmos musicais do Norte do Brasil
Gambá de Maués

Instrumentos:
Principais instrumentos originais de percussão: Tambor de
Gambá; Tamborinho; Caracaxá.

Instrumentos melódicos e harmônicos. Não fazem parte dos


instrumentos tradicionais. No entanto podem ou não serem
usados dependendo de cada grupo de Gambá: Flauta; Rabeca;
Violão.

Instrumentos alternativos criados pelo grupo “Pingo de Luz”:


Cheque; Gambá de corte (trocano); Guinzo; Tambor de mar-
cação.

Sugestões de levadas para bateria:

Sugestões de levadas para bateria:

Boi Bumbá de Parintins

Instrumentos: Palminha; Caixinha; Surdo; Repique.

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Sugestões de levadas para bateria:

Marabaixo

Manifestações rítmicas do Curiaú em 4 momentos:


1 - Marabaixo (propriamente dito) - Alusão ao lamento dos Carimbó de Marapanim
escravos negros.
2 - Marabaixo de rua - Início dos festejos e colheita da Murta. Instrumentos:
3 - Batuque - Toque de Alegria. Libertação dos escravos. Curimbó; Maraca; Milheiro.

Instrumentos:
Principais instrumentos originais de percussão do Marabaixo:
Caixa de Marabaixo.
(Nas manifestações mais tradicionais usa-se apenas a caixa de
Marabaixo).

Instrumentos inseridos ao longo dos anos, não originais do Ma-


rabaixo de Curiaú, porém muito utilizados pelos grupos e ban-
das que levam o Marabaixo à frente:
Chocalhos (maraca, pau de chuva, caxixi, afoxé, etc); agogô;
gonguê.

Sugestões de levadas para bateria:

Além do Carimbó, é muito comum ouvir essa levada servindo


também para conduzir Lambadas e ritmos da Amazônia latino-
-americana.

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As duas próximas levadas são variações da primeira, acrescen-
tando uma clave rítmica no aro da caixa. Esta clave é muito co-
mum no Samba e em outras manifestações rítmicas brasileiras. Batuque do Curiaú

Instrumentos:
Amassador; Dobrador; Pandeiro.

Desta vez uma levada mais “reta”, sem variações, a fim de


deixar soar/aparecer mais a percussão e outros instrumentos.

Sugestão de levada para bateria:

Levadas sem percussão: temos a percussão tradicional do “Ca-


rimbó” raiz como referência para a construção de levadas.

Nesta primeira levada procuramos preservar os graves dos tam- Ciranda de Manacapuru
bores Curimbós, adaptando par ao surdo e o bumbo da bateria.
Já as notas fantasmas foram preservadas por serem muito pre- Instrumentos:
sentes no ritmo do Carimbó. Atabaque: Principal instrumento no acompanhamento da ci-
randa desde a década de 1980, período em que se iniciou sua
manifestação em Manacapuru.

Instrumentos de percussão e a bateria, imprescindíveis para a


execução da Ciranda de Manacapuru: Congas; pandeiro; surdo
de marcação; bateria; ganzás.

Instrumentos harmônicos tradicionais desde que se tem notí-


cias deste ritmo na região do Amazonas: Cavaquinho; violão.

Instrumentos harmônicos também imprescindíveis para a exe-


cução da Ciranda de Manacapuru: Teclado; baixo elétrico.
A levada seguinte possui a mesma estrutura do exemplo ante-
rior, com distribuição mais elaborada nos tambores e abertura Sugestões de levadas para bateria:
do hi-hat com o pé.

Esta levada é uma versão simplifacada do exemplo anterior,


contudo preservando os acentos e as notas fantasmas na caixa.

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1º R.B.R. - Celso de Almeida
Samba na Bateria!
“Paulistano”

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“Essa É pra Você”

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“A World On Fire”

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“Sambalanço 3”

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“Sambalanço 4”

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“Sambalanço 5”

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1º R.B.R. - Vlad Rocha
Parte 1 - “Rudimentos fora da caixa”
SINGLE STROKE ROLL

Levadas utilizando single stroke roll

1 Samba utilizando o double stroke open roll com inversão da


manulação

Viradas usando o double stroke open roll

Ritmos brasileiros utilizando single stroke roll 1

Frevo

Samba (fonte: Christiano Rocha)

Exercício para desenvolver o rudimento - toque duplo acen-


tuado

Samba Reggae (fonte: Christiano Rocha)

FIVE STROKE ROLL

Levada utilizando o five stroke roll no chimbal e na caixa

Viradas utilizando single-stroke roll fugindo do padrão

Virada com quatro tempos


Aplicando o five-stroke roll com sextinas
1

Virada com dois tempos


2

DOUBLE STROKE OPEN ROLL Mangue Beat

Baião utilizando o double stroke open roll

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SINGLE PARADIDDLE Levada incorporando drags no chimbal

“Frevadiddle”

Frase utilizando drags na caixa

“Baiãodiddle”

Frase utilizando drags no prato de condução (fonte: Christiano


Rocha)

Paradiddle simples - tocando bumbo junto com a mão esquer-


da
1

BUZZ ROLL

2 Maracatu estilizado utilizando buzz na caixa - música “Canto


de Cachuera” (Carol Andrade - álbum Sorria)

Maracatu tradicional

Levada utilizando a mão esquerda no chimbal

Levada utilizando buzz roll na caixa

FLAM E DRAG

Frase utilizando flams em tambores diferentes


Virada da música “After the Fall” (Journey - baterista: Steve
Smith)

Frase com flams a cada cinco semicolcheias

Dicas para o estudo do buzz:

* Controlar número de toques

* Praticar diferentes subdivisões


Frase incorporando flams de pratos

Levada incorporando flams no chimbal

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Parte 2 - “Técnicas diferentes, novas possibilidades”
Push and Pull (inspirado no Ramon Montagner) 3
Exercícios de Jungle/Drum and Bass (espero que o Jojo Mayer
não me processe)

1 4

2 5

Frases 1 e 1 mãos e pés “Passando manteiga” no chimbal:


Samba Rural Paulista
1

Parte 3 - Combinando ritmos


“Ijaxé” (Ijexá + Samba Reggae) “Guaguancoco” (Guaguanco + Coco)

“Xaxongo” (Xaxado + Songo)


“Partido afro” (Partido alto com condução de bembe sobre-
posto a um 2 por 4)

“Baiãozambique” (Baião + Mozambique)

“Cascaramba” (Samba com condução do padrão de cascara)

“Rumba clave 32:23” (Sobrepondo as claves)

“Cococada” ou “Batucoco” (Coco + Batucada)

“Jazzquibau” (Jequibau com suingue de jazz)

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1º R.B.R. - Fábio Marrone
Parte 1: Arte e expressão
A - Solo de abertura
B - Diferentes maneiras de expressão no instrumento
C - Nem tudo é trabalho - Divisão de caminhos
D - Individualidade, voz e arte

Parte 2: Sonoridades
A - Diferentes sonoridades com o mesmo instrumento
B - Explorar acessórios para modificar a sonoridade: diferentes baquetas, tipos de peles, tipos de batedores de bumbo, abafado-
res, formas de segurar as baquetas, aros, etc.

Parte 3: Dinâmica - Como isso pode mudar a forma de tocar


A - Explorar a relação com a fala e como isso afeta o diálogo
B - Exercício de interação com os participantes do retiro
C - Exercícios básicos de acentuação

D - Mix do Bala

E - Exercício com o bumbo

Parte 4: Várias formas de trabalhar um padrão/Construção de ideias através de mudanças de acentuação e sonoridades

I - Condução e marcação

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II - Mudando a ideia através da acentuação e marcação

Parte 5: Vassourinhas
I - Buscando os sons
II - Exercícios de acentuação (usando as diferentes sonoridades)

III - Bases iniciais


Baião

Samba

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1º R.B.R. - Giba Favery
Stone Killer Exercícios com paradiddles

Rebound control (for the two-beat roll)


Fonte: George Lawrence Stone

Exercício para coordenação e velocidade

Subdividindo

Aquecimento do Simon Phillips

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Exercício de coordenação do Billy Cobham

Mobilidade na bateria

Coordenação no jazz

Agrupamentos

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Exercícios para desenvolvimento da independência da mão Improvisação
esquerda em relação à mão direita, aplicando a técnica up
and down e de Moeller na condução de samba

Fraseado

Aplicação do padrão de levadas de samba no Moeller

Padrões de pé esquerdo para ostinatos em samba

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Padrões para conduções rápidas em samba

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“Telefone”

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1º R.B.R. - Christiano Rocha
Parte 1: Como se preparar para um trabalho?
Olá! Seja bem-vindo ao primeiro retiro de bateria organiza- Perguntas importantes sobre um trabalho:
do pelo Ritmismo.com. Para este evento, montei uma master
class diferente das que tenho feito ao longo dos últimos anos, • O que é? Pergunta fundamental para saber se você quer e
nas quais geralmente apresento exercícios de coordenação; tem condições para fazer o trabalho. Por exemplo, se precisar
mistura de compassos; peças de bateria; solos e coisas bem fazer vocais de apoio eu pulo fora no ato, pois não sei cantar.
“baterísticas”. Desta vez cobrirei outros tópicos, que acredito Infelizmente.
que terão um impacto mais imediato no dia-a-dia de cada par-
ticipante do retiro. Para tanto, separei a aula em duas partes: • Quando? Se eu tiver outro trabalho na data, provavelmente
uma com dicas e sugestões para uma boa atuação no atual mer- não poderei fazer (mas isso discutiremos no retiro, pois tam-
cado de trabalho; outra abordando a criação de levadas, para bém envolve o fato de você ter – ou não – um “sub”[stituto]
você participar tocando, afinal, manter o tempo ainda costu- bem preparado).
ma ser a coisa mais importante para um baterista. De Rubinho
Barsotti a Buddy Rich (por mais que façam solos incríveis). De • Quanto? Geralmente é a última coisa que se fala. Se for “na
Carlos Bala a Steve Gadd. De Cesinha a Jeff Porcaro. De Cuca faixa”, para divulgar o trabalho de uma cantora começando
Teixeira a Vinnie Colaiuta. Não é por menos que uma das aulas que sequer conheço, já nem continuo a conversa. Se for para
do Peter Erskine, talvez a mais famosa, chama-se Everything gravar com um amigo o trabalho autoral dele, sem gravadora,
Is Timekeeping. muito provavelmente farei por “amor à arte”.
É importante também saber quando e como você receberá seu
Viver dignamente de música no Brasil, nos tempos atuais, é dinheiro. Dinheiro não pode ser assunto tabu, até porque músi-
um enorme desafio. Temporadas e turnês estão virando coisa cos não vivem de luz solar. Ou pior: de “divulgação”.
do passado. Gravações, para boa parte dos músicos, estão di- De tanto escutar “se você tivesse conta no meu banco eu fa-
minuindo. Gravadoras, editoras, lojas de discos e livrarias es- ria uma transferência agorinha”, abri contas no Bradesco e no
tão fechando. Em minha opinião, hoje um músico precisa ter: Itaú. Também comprei uma maquininha de cartão, para poder
coragem (pela escolha), dedicação (para manter a escolha), vender meu material em minhas clínicas (mas isso é outra his-
iniciativa, capacidade de se adaptar e um pouco de sorte. Só tória, pois aí se trata do seu negócio).
talento já não basta. Por outro lado, o leque de atuação de um
baterista está aumentando: tocar com um DJ (uma das coisas • Tem “parti”(tura)? Se o trabalho tem partitura, costumo pe-
que evito ao máximo); tocar percussão em cerimônias de ca- dir antecipadamente para poder dar uma boa passada. Nem
samento; bares (tocando bateria e/ou cajon); gigs de cantores sempre tem. E muitas vezes as partituras foram escritas por
e/ou bandas, inclusive de baile; orquestras; programas de TV uma samambaia de plástico. Por essas e outras, prefiro escre-
(quase todo talk show tem – ou tinha – uma banda fixa); gravar ver minhas próprias partituras, até porque no ato de escrever
trilhas de filmes, TV, teatro, videogames; ministrar aulas, clí- o repertório vai entrando na cabeça. De qualquer forma pre-
nicas e workshops; montar um curso on line. Em contrapartida, pare-se, pois pode rolar leitura “de prima” (leitura à primeira
também aumenta a “concorrência”. Todo mundo quer seu lu- vista).
gar ao sol, o que é natural. Alguns querem até ficar famosos,
virar “YouTubers” cheios de seguidores, likes e coisas do tipo • Onde? Pergunta importante para saber se vale a pena pegar
(que, de minha parte, não me interessa muito). o trabalho (e importante para a próxima pergunta). Um show
De qualquer forma, é mais que recomendado estar preparado no Acre significa pelo menos três dias fora para quem mora em
para encarar o atual e “selvagem” mercado de trabalho. Para São Paulo, como eu.
isso, acredito que um músico profissional deva saber como to-
car adequadamente grooves e, algumas vezes, solos em (qua- • O que levar? Fundamental para não ser pego de calça cur-
se) todo tipo de estilo, fórmula de compasso, andamento e ta. Cuidado com o famoso “lá tem tudo” (ou “só precisa levar
dinâmica. Com ou sem click. Lendo ou não. Interpretando mui- pratos e baquetas”). Na verdade, a coisa varia de “apenas ba-
to bem e com ótimo “time”, sonoridade e “ouvido”, ou seja, quetas” (o que é raríssimo [comigo aconteceu uma vez, quando
percepção musical. Se tiver conhecimento harmônico, melhor. fiz sub para o Ramon Montagner no Falamansa]) até o pacote
Se tiver conhecimento de áudio e tecnologia, melhor ainda. completo: bateria completa (com o maldito – e “esquecível”
– tapete [particularmente, uso um feito para bateristas, um
Separo os trabalhos em dois tipos: os do dia-a-dia (para pagar tal de Drum Fire, que não escorrega nem a pau]); mesa de
as contas) e os artísticos, ou seja, aqueles que valem a pena som (uso uma Beringher xexelenta de quatro canais); fones de
fazer independentemente de grana (geralmente os instrumen- ouvido (os famosos Porta Pro, da Koss, já dão conta do recado,
tais; ao menos para mim, que nunca fui um cara “de banda”). apesar que prefiro os AKG); plugs e adaptadores (cuidado com
Independentemente de qual seja o tipo, procuro exercer mi- os plugs e adaptadores!); cabos (cuidado com os cabos!); es-
nha função da melhor maneira possível, ou seja, ou pego o tante de partitura (e as partituras!); metrônomo (para dar as
trabalho e faço direito ou não pego. Simples assim. contagens [gosto do RW105, da Tama, que dá para programar
Ponho na balança três coisas na hora de decidir se faço ou não as contagens]); luz para estante de partitura (uso uma muito
um trabalho: (1) o som; (2) as pessoas e (3) a grana. Três em bacana, de uma marca chamada Mighty Bright) etc.
três é raro, um sonho. Duas em três é bem aceitável. Uma em Uma dica: quando preciso levar muita coisa, faço uma lista
três precisa pesar muito na balança (quem nunca pegou um mental de quantos volumes estarei levando.
trabalho porque estava completamente quebrado?). Zero de
três nem saio de casa! • O que vestir? Parece besteira, mas é bom perguntar. Por
exemplo, em orquestras costuma rolar desde calça preta com
camisa branca (tipo garçom) até smoking (nesse caso costumo
alugar, pois além de meu peso variar [para mais, evidentemen-
te], é raro usar smoking na orquestra que toco, que é a Orques-

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tra Arte Viva). O mais comum nos trabalhos é “roupa preta” - Evite entrar em atrito com o técnico de monitor, mesmo que
ou “Sport fino”. Regata, Havaianas e calção só no churras do ele seja um babaca mal educado (cuidado com os técnicos que
vizinho. já têm o “som deles” na cabeça). Aliás, a relação do baterista
com os baixistas e técnicos de som precisa ser muito boa. De
• Tem alguma restrição de volume ou luz? No caso de um dos qualquer forma, educação e respeito nunca são demais, certo?
musicais nos quais toquei como “sub”, tive de colocar as parti-
turas em meu iPad (uso o programa forScore), com pouquíssima • Certifique-se de qual versão da música do repertório vai va-
luminosidade na tela. Isso para não estragar o espetáculo, que ler, principalmente quando mandarem – pelo WhatsApp – links
era repleto de trechos praticamente no escuro (e a banda fi- do YouTube. Ou pior: quando só falarem o nome da música. Isso
cava visível, no palco). Nesses casos, é aconselhável conversar costuma dar merda, pois às vezes existem várias versões. O
com os técnicos de som e de iluminação. guitarrista pegou a versão original, de 1968; o baixista a versão
ao vivo em Malibu, de 1998; o tecladista a versão do tributo
• Quem manda na parada? É importante saber quem dá as car- gravado em Viena, em 2018 etc. Perguntar nunca é demais,
tas. Arranjador, maestro, produtor, o próprio artista... Se hou- ainda mais se o dono da gig curte um cigarrinho do capeta.
ver algum problema no arranjo e/ou partitura, a quem devo
me dirigir? Ah, e cuidado para não querer impor “sua onda” em • Se tiver alguma dúvida (antes do ensaio, no ensaio, na passa-
todos os trabalhos que faz. (“Artistas”, cuidado com o ego!) gem de som) pergunte! Deixe o eguinho de lado.

• Vai ter ensaio? Geralmente não, então a lição de casa preci- • Se chamarem você para tocar no lugar de algum colega que
sa ser muito bem feita! você conhece, sugiro perguntar para o colega se está tudo
certo, para evitar mal entendidos. ÉTICA é fundamental! Não
• Vai ter passagem de som? Geralmente sim, apesar de que queira ser conhecido como “o cara que atravessa o trampo dos
nem todos passam o som (a começar pelos canários). Se não outros”.
tiver sound check, você terá de se virar nos trinta!
Lembre-se que as passagens de som costumam ser feitas para • Confira mais de uma vez a ordem das músicas (e cuidado com
acertar tanto o monitor (o que você e os demais músicos vão pastas que grudam!). Deixe o set list num lugar bem visível.
escutar) como o P.A., que significa “public address”, ou seja, o
som que o público vai escutar. • Se possível, anote os momentos nos quais vai rolar alguma
fala do cantor ou de outra pessoa, alguma intervenção, vídeo
Dicas que valem ouro: etc. Também é importante saber quem vai dar as contagens das
músicas. E como elas serão feitas.
• Não chegue atrasado em hipótese alguma.
• Atenção: a parte pessoal é uma das coisas mais importantes,
• Tenha um equipamento confiável (bateria, fones, cabos [cui- pois ninguém quer viajar, dividir quarto, fazer todas as refei-
dado com os cabos!!!], acessórios, mesa de som etc.), com a ções, ensaiar, tocar e gravar com um pentelho insuportável,
manutenção em dia, pois a Lei de Murphy é implacável. um fanático religioso, um extremista político e/ou uma pessoa
que detesta tomar banho. Trabalhar com gente chata é muito
• Se tiver de utilizar um instrumento que não é seu (locado ou chato! Não basta só tocar bem. Educação, higiene, respeito e
da casa, o que é o mais comum) chegue antes da hora marcada ética precisam vir no pacote.
para dar “um tapa”. E leve chave de afinação, kit de sobrevi-
vência (vou mostrar isso no retiro), peças sobressalentes (como • NUNCA faça o número 2 no ônibus da banda!
uma pele de 14”, que pode ficar eternamente no case da caixa)
etc. • NUNCA deixe o equipo no carro, nem que seja por “apenas
cinco minutos”. Aprendi isso da maneira mais dolorosa.
• Antes de ligar qualquer coisa, teste a voltagem do lugar (eu
tenho um testador que custou R$30,00 reais e que é ótimo). • NUNCA fale das bailarinas/cantoras/produtoras com um mú-
Bem melhor que ter de perguntar “é tudo 110?”. Outra coisa: sico que você acabou de conhecer. Aprendi isso da maneira
se possível evite as fontes bivolt com chavinha, pois para tor- mais dolorosa.
rá-las é um palito. Já fritei algumas...
• Hoje em dia, falar inglês ajuda muito, principalmente se
• Se tiver ensaio, leve um gravador e grave. Manja aquele gra- você fizer trabalhos no exterior.
vadorzinho da Zoom? Mas pode ser um Smart phone também.
Dicas em relação às partituras:
• Se tiver de soltar bases (já fiz isso algumas vezes [a última foi
em dezembro passado, num concerto com a cantora Iza, que • Se precisar mapear as coisas por conta própria, escreva da
esqueceu o DJ]), utilize um equipamento e um programa con- forma mais clara possível. Particularmente, uso cores para in-
fiável (uso o Anytune pro+, no iPad, deixado em modo avião). dicar repetições, casa 1, casa 2, “cues”, Coda etc. Parece ridí-
Confira as bases pelo menos duas vezes (uma escutando num culo, mas para mim funciona (ver página 40).
fone, outra tocando junto). Use seus cabos e adaptadores (cui-
dado com cabos e adaptadores!). Ah, e fique de olho na bateria • Confira e toque as músicas com as partituras antes de ir para
do aparelho. Procure chegar com o aparelho 100% carregado. o trabalho, até porque “jogo é jogo e treino é treino”.

• Numa passagem de som: • Quando se trata de músicas cantadas, costumo colocar algu-
- Afine a bateria antes da passagem de som. mas palavras-chave ao longo da partitura, pois ajuda bastante
- Procure tocar no volume que você vai tocar na hora do vamos (principalmente se o cantor viajar na maionese, o que não é
ver. incomum, principalmente quando ele vai encarar uma orques-
- Passe muito bem o seu monitor. Certifique-se de que está tra com quarenta músicos).
escutando tudo que quer, principalmente se usarem coisas cli-
cadas. • Sempre coloco a marcação de andamento das músicas, mes-
- Particularmente, não coloco em meu monitor backing vocals mo que eu não conte, assim tenho uma ideia do que vem pela
e percussionistas ruins. frente.

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• Também coloco como será a contagem de cada música, prin- tar (ainda mais se for numa praia). Aliás, sugiro levar alguns
cipalmente se usarem VS, pois pode rolar algo como: 1 2 1 2 pregadores de roupa para segurar a pasta. Outra opção, bem
3 4 – frase de bateria de 1 compasso – entra a banda. Cuidado! mais clean (e cara), é usar um iPad.

• Sugiro colocar as partituras numa pasta, principalmente • Se puder decorar as músicas, melhor! Quase nunca consigo, o
quando o show/concerto/musical é ao ar livre, pois pode ven- que é um grande defeito meu. Ema, ema, ema...

Exemplo de uma partitura “feita em casa”

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Parte 2: Criação de levadas
Nesta seção, mostrarei 34 levadas de 24 músicas, tiradas de 11
discos dos quais participei entre 1998 e 2018, ou seja, cobrem
20 dos 31 anos de carreira que tenho como baterista profissio-
nal. As gravações mais antigas (de LPs, inclusive) eu não tenho
coragem de escutar, de tão mal que toquei...
No retiro, falarei mais detalhadamente sobre como foi o pro-
cesso de criação de cada levada, de onde roubei várias das
ideias, minhas referências, assim como outros assuntos bate-
rísticos, tais como rudimentos, notas fantasmas, polirritmia,
ritmos cruzados, ritmos lineares etc.
Para começar, gostaria de dizer que vários fatores são conside-
rados quando penso em uma levada. Por exemplo:
- Subdivisão
- Melodia Para encerrar as levadas com subdivisão binária, seguem as
- Linha de baixo levadas das partes A, B e do solo de guitarra (feito pelo Edu
- Formação instrumental (se vai ter percussão [muita percussão Ardanuy) de outra música do CD Ritmismo, “Gaia”, e que conta
= menos bateria], loops etc.) com dois de meus baixistas preferidos: Arthur Maia, que nos
- Qual a ideia de quem arranja/produz a faixa (e até onde a deixou recentemente, e Cláudio Machado.
pessoa quer que eu vá [que vai do “nada de viradas; faça isso A levada da parte A (um ciclo de quatro compassos) apresenta
no seu disco” até o “pode pirar”]) acentos nos tempos 1 e 3 para manter a fluência da levada,
Isso sem contar quando é possível fazer alguns overdubs, coisa uma vez que bumbo e aro de caixa variam bastante.
que particularmente gosto de fazer. Já a levada da parte B (um ciclo de dois compassos) apresenta
um recurso que roubei do Manu Katché, que é uma sequência
Vamos começar bem relax, com colcheias, num andamento de notas fantasmas que dá a impressão de um delay. Aliás, uso
lento. A primeira levada é de uma gravação que conta com bastante esse negócio.
a Elba e o Dominguinhos, presente no disco Flamencando, do Por fim, a levada do solo de guitarra (um ciclo de dois compas-
violonista Zezo Ribeiro. A música é uma toada, na qual faço sos) é 100% linear. Na gravação foram feitos alguns overdubs de
uma redistribuição da divisão básica da toada (cabeça do tem- bateria no referido trecho.
po 1, contratempo do tempo 2 e cabeça do tempo 4). Ora uso
bumbo, ora aro de caixa. Simples, mas foge um pouquinho do “Gaia” (CD Ritmismo – Christiano Rocha – 2007)
tradicional. A

“Costa das Laranjeiras” (CD Flamencando – Zezo Ribeiro – 2001)

Continuando com subdivisão binária, as duas próximas levadas


– ambas em sete – fazem parte de um CD muito louco do qual
participei, que vale a pena conferir (o problema é achá-lo!).
B
A primeira não tem nada de especial. A segunda usa um ritmo
cruzado (cross rhythm), na qual a caixa fica em dois. Por isso
são necessários dois compassos para fechar o ciclo. É um exem-
plo de uso do ritmo cruzado para “arredondar” uma levada.

“O Criador e a Criatura” (CD Só Pode Ser Coisa do Coisa Ruim


– Fran Papaterra – 2017)
Solo de guitarra

Adentremos as levadas com subdivisão ternária. A primeira usa


aquele recurso do delay na caixa.
2
“Nuvens D’Água” (CD Cinamomo – Sá & Guarabyra – 2018)

O trecho a seguir é de uma das músicas de meu CD Ritmismo,


que conta com o saudoso Wander Taffo. Uma curiosidade desta
levada é que ela é quase toda linear, apesar de ser um rock.

“Na Estrada” (CD Ritmismo – Christiano Rocha – 2007)


Agora duas levadas que têm “mascarada” uma polirritmia de
4 contra 3. A primeira é mais reta. A segunda, mais quebrada
e linear.

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“Vento Bravo” (CD Marco – Adriana Godoy – 2009)

Agora uma levada estilizada de samba reggae (que quase não


aparece na mixagem do disco). Aqui, o mais difícil é tocar com
pressão, por conta do andamento bem lento. Detalhe: essa fai-
xa contou o belíssimo baixo do Arthur Maia e do sax soprano do
Eric Marienthal.

“Fantasia Mãe Menininha” (CD Flamencando – Zezo Ribeiro –


2001)
Mais duas levadas com subdivisão ternária. Em ambas, não há
bumbo em nenhuma cabeça de tempo, o que entorta um pouco
o ritmo.

“Quebrando Pedra” (CD Sonoridades – Gleydson Frota – 2016)


1
A seguir, uma base de samba/bossa que costumo usar bastante,
principalmente porque foge do “normal”. A mecânica é sim-
ples: ambos os pés tocam a célula do “bumbo a dois”.

“Garrafas ao Mar” (CD Marco – Adriana Godoy – 2009)

Ainda falando de samba/bossa, a levada a seguir usa um recur-


A próxima levada é linear e baseada em sextinas, tão amadas so que chamo de “espelhamento” (no caso, entre aro de caixa
hoje em dia, não é mesmo? É de um arranjo da música “Money” e chimbal com o pedal).
(originalmente em sete), feita pelo Derico Sciotti.
“Asas” (CD Poportugal – Eugénia Melo e Castro – 2007)
“Money” (CD Expressionante – Derico Sciotti & Os Antropófagos
Anônimos – 2003)

A próxima levada, uma balada pop, também do Poportugal,


utiliza duas caixas. A ideia foi dar uma cara de loop de bateria.
Usei duas caixas para não matar o som da pele. Calma que eu
Quase todas as levadas a seguir, apresentarão subdivisão qua- mostro.
ternária. A primeira que mostrarei é um baião linear.
“Sozinha pelas Ruas” (CD Poportugal – Eugénia Melo e Castro
“Beribá” (CD Gandaia – Zezo Ribeiro – 1998) – 2007)

Agora um samba em sete, baseado no rulo simples. Essa levada


– que tem uma mecânica muito simples – foi usada numa grava- Agora um 5 por 4. Na verdade, a música é em 5 por 8, mas
ção feita em Nova York, com Zezo Ribeiro, John Patitucci e eu. penso nela em 5 por 4 na parte A. Note que não há bumbo nas
cabeças e que a acentuação do chimbal lembra o bumbo a dois.
“Bom Retiro” (CD Gandaia – Zezo Ribeiro – 1998)
“Supernova” (CD Lightwalk – Corciolli – 2009)

Mais uma toada. Mais Dominguinhos. Boa parte linear.


O próximo groove é baseado no rulo simples. O que dá o tem-
“Nina Flor” (CD Flamencando – Zezo Ribeiro – 2001) pero é a acentuação no chimbal e a “inversão de papéis” das
mãos, onde a mão direita toca na caixa e a esquerda no chim-
bal.

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“Ladeira Abaixo” (CD E Assim... – Fabio Santini Quarteto – 2018) Dois trechos em 9 por 16, referentes à parte B da minha música
“Cavalo de Troia”. No segundo (que foi escrito de outra forma
para facilitar a leitura), o aro da caixa mantém a semínima
que, assim como o chimbal no trecho anterior, serve para ar-
redondar o ritmo.
Na sequência, o terceiro exemplo é a levada básica – em 3 por
4 – que utilizo no solo de teclado (feito brilhantemente pelo
A próxima levada, totalmente linear, faz parte de uma das fai- Marcos Romera).
xas do mais recente CD da dupla Sá & Guarabyra. É baseada
principalmente na linha melódica da música. “Cavalo de Troia” (CD Ritmismo – Christiano Rocha – 2007)

“Ziriguidum Tchan” (CD Cinamomo – Sá & Guarabyra – 2018) 1

2
As próximas duas levadas fazem parte de outra música do disco
Cinamomo. A primeira usa acentos no chimbal fora dos bum-
bos, o que dá um efeito interessante. A segunda usa um padrão
de cascara na condução, apesar de a faixa não ter nada a ver
com música afro-caribenha.

“Meu Lar É Onde Estão os Meus Sapatos” (CD Cinamomo – Sá &


Guarabyra – 2018) 3

O curioso da próxima levada, em 4 por 4, é que além de não ter


acento no tempo 1, não tem som. Para se perder é uma beleza!

“Cidadão do Mundo” (CD Ritmismo – Christiano Rocha – 2007)

Dois trechos em compasso setenário. O primeiro é um ciclo


de quatro compassos em 7 por 8 que saiu sei lá de onde. O
segundo é outro exemplo de “expandir” a interpretação, no
qual penso em 7 por 4, ao invés de 7 por 8. O “problema” é que Para finalizar, dois trechos de uma faixa do CD Flamencando,
baixo e bumbo invertem compasso sim, compasso não (do 7 por gravada em Los Angeles, com o Zezo, Paulinho da Costa, Eric
8). Bom, o baixista que bata o pé. Marienthal, Cláudio Machado e eu. O primeiro trecho é a le-
vada de boa parte da música, bem simples, para não ficar no
“Outras Notícias da Praça Central” (CD Marco – Adriana Godoy caminho da percussão, que teve grande destaque na música.
– 2009) O segundo tem subdivisão ternária e usa tanto um 4 contra 3
“mascarado” como um ritmo cruzado (dois em cima do três).
1
“Sandália de Oxalá” (CD Flamencando – Zezo Ribeiro – 2001)
1

2
2

Mais sete! O trecho a seguir – de quatro compassos – mostra


como soa uma mínima em um 9 por 8 (a abertura de chimbal,
no caso). Isso é para dar uma arredondada no ritmo. Dificulta o
trabalho do baterista, facilita o do ouvinte.

“Ritmismo” (CD Ritmismo – Christiano Rocha – 2007)

Bons estudos!

Dois trechos em 9 por 16, referentes à parte B da minha música

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1º R.B.R. - Carlos Bala

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