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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

Quanto ao conteúdo: materiais e formais;


CONHECIMENTOS Quanto à forma: escritas e não escritas;
Quanto ao modo de elaboração: dogmáticas e
ESPECÍFICOS históricas;
Quanto à origem: populares (democráticas) ou
outorgadas;
Quanto à estabilidade: rígidas, flexíveis e
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL semirrígidas.

I - DO DIREITO CONSTITUCIONAL E DA A constituição material em sentido amplo


CONSTITUIÇÃO identifica-se com a organização total do Estado, com
regime político; em sentido estrito, designa as normas
DIREITO CONSTITUCIONAL escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento
escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização
Direito Constitucional é o ramo do Direito Público de seus órgãos e os direitos fundamentais.
que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas
fundamentais do Estado; é a ciência positiva das A constituição formal é o peculiar modo de existir
constituições; tem por Objeto a constituição política do do Estado, reduzido, sob forma escrita, a um documento
Estado, cabendo a ele o estudo sistemático das normas solenemente estabelecido pelo poder constituinte e
que integram a constituição. O conteúdo científico do Direito somente modificável por processos e formalidades
Constitucional abrange às seguintes disciplinas: especiais nela própria estabelecidos.

- Direito Constitucional Positivo ou A constituição escrita é considerada, quando


Particular: é o que tem por objeto o estudo dos princípios e codificada e sistematizada num texto único, elaborado por
normas de uma constituição concreta, de um Estado um órgão constituinte, encerrando todas as normas tidas
determinado; compreende a interpretação, sistematização e como fundamentais sobre a estrutura do Estado, a
crítica das normas jurídico-constitucionais desse Estado, organização dos poderes constituídos, seu modo de
configuradas na constituição vigente, nos seus legados exercício e limites de atuação e os direitos fundamentais.
históricos e sua conexão com a realidade sociocultural.
Não escrita, é a que cujas normas não constam
- Direito Constitucional Comparado: é o de um documento único e solene, baseando-se nos
estudo teórico das normas jurídico-constitucionais positivas costumes, na jurisprudência e em convenções e em textos
(não necessariamente vigentes) de vários Estados, constitucionais esparsos. Ex. constituição inglesa.
preocupando-se em destacar as singularidades e os
contrastes entre eles ou entre grupo deles. Constituição dogmática é a elaborada por um
órgão constituinte, e sistematiza os dogmas ou ideias
- Direito Constitucional Geral: delineia fundamentais da teoria política e do Direito dominante no
uma série de princípios, de conceitos e de instituições que momento.
se acham em vários direitos positivos ou em grupos deles
para classifica-los e sistematizá-los numa visão unitária; é Histórica ou costumeira: é a resultante de lenta
uma ciência, que visa generalizar os princípios teóricos do formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos
Direito Constitucional particular e, ao mesmo tempo, sócio-políticos, que se cristalizam como normas
constatar pontos de contato e independência do Direito fundamentais da organização de determinado Estado.
Constitucional Positivo dos vários Estados que adotam
formas semelhantes do Governo. São populares as que se originam de um órgão
constituinte composto de representantes do povo, eleitos
para o fim de elaborar e estabelecer a mesma. (Cfs de
DA CONSTITUIÇÃO 1891, 1934, 1946 e 1988).

1) Conceito: considerada sua lei fundamental, Outorgadas são as elaboradas e estabelecidas


seria, então, a organização dos seus elementos essenciais: sem a participação do povo, aquelas que o governante por
um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, si ou por interposta pessoa ou instituição, outorga, impõe,
que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o concede ao povo. (Cfs 1824, 1937, 1967 e 1969).
modo de aquisição e o exercício do poder, o
estabelecimento de sus órgãos, os limites de sua ação, os Rígida é a somente alterável mediante processos,
direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias; solenidades e exigências formais especiais, diferentes e
em síntese, é o conjunto de normas que organiza os mais difíceis que os de formação das leis ordinárias ou
elementos constitutivos do Estado. complementares.

A constituição é algo que tem, como forma, um Flexível é a que pode ser livremente modificada
complexo de normas; como conteúdo, a conduta humana pelo legislador segundo o mesmo processo de elaboração
motivada das relações sociais; como fim, a realização dos das leis ordinárias.
valores que apontam para o existir da comunidade; e,
finalmente, como causa criadora e recriadora, o poder que Semirrígida é a que contém uma parte rígida e
emana do povo; não podendo ser compreendida e uma flexível.
interpretada, se não tiver em mente essa estrutura,
considerada como conexão de sentido, como é tudo aquilo
que integra um conjunto de valores.
3) Objeto: estabelecer a estrutura do Estado, a
2) Classificação das Constituições: organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder
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e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, é que se chama de inconstitucionalidades da lei ou dos atos
assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o do Poder Público;
regime político e disciplinar os fins socioeconômicos do
Estado, bem como os fundamentos dos direitos - Por omissão: verifica-se nos casos em que não
econômicos, sociais e culturais. sejam praticados atos requeridos pata tornar plenamente
aplicáveis normas constitucionais; não realizado um direito
por omissão do legislador, caracteriza-se como
4) Conteúdo: é variável no espaço e no tempo, inconstitucional; pressuposto para a propositura de uma
integrando a multiplicidade no “uno”das instituições ação de inconstitucionalidade por omissão.
econômicas, jurídicas, políticas e sociais na unidade
múltipla da lei fundamental do Estado.
9) Sistema de controle de constitucionalidade:
se estabelece, tecnicamente, para defender a supremacia
5) Elementos: por sua generalidade, revela em constitucional contra as inconstitucionalidades.
sua estrutura normativa as seguintes categorias:
a) Elementos orgânicos: que se contêm nas - Controle político: entrega a verificação de
normas que regulam a estrutura do Estado e do poder; inconstitucionalidade a órgãos de natureza política;
b) Limitativos: que se manifestam nas - Jurisdicional: é a faculdade no qual as
normas que consubstanciam o elenco dos direitos e constituições outorga ao Judiciário de declarar a
garantias fundamentais; limitam a ação dos poderes inconstitucionalidade de lei ou outros atos de Poder Público;
estatais e dão a tônica do Estado de Direito (individuais e Misto: realiza-se quando a constituição submete certas
suas garantias, de nacionalidade, políticos); categorias de lei ao controle político e outras ao controle
c) Sócio ideológico: consubstanciados nas jurisdicional.
normas sócio ideológicas, que revelam a caráter de
compromisso das constituições modernas entre o Estado
individualista e o social intervencionista; 10) Critérios e modos de exercício do controle
d) De estabilização constitucional: jurisdicional: são conhecidos dois critérios de controle:
consagrados nas normas destinadas a assegurar a solução Controle difuso: verifica-se quando se reconhece o seu
dos conflitos constitucionais, a defesa da constituição, do exercício a todos os componentes do Judiciário; controle
Estado e das instituições democráticas; concentrado: se só for deferido ao tribunal de cúpula do
e) Formais de aplicabilidade: são os que se Judiciário; subordina-se ao princípio geral de que não há
acham consubstanciados nas normas que estatuem regras juízo sem autor, rigorosamente seguido no sistema
de aplicação das constituições, assim, o preâmbulo, o brasileiro, como na maioria que possui controle difuso.
dispositivo que contém as clausulas de promulgação e as
disposições transitórias, assim, as normas definidoras dos
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 11) Sistema brasileiro de controle de
constitucionalidade: é jurisdicional introduzido com a
Constituição de 1891, acolhendo o controle difuso por via
de exceção (cabe ao demandado arguir a
SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO inconstitucionalidade, apresentando sua defesa num caso
concreto), perdurando até a vigente; em vista da atual
6) Rigidez e supremacia constitucional: A constituição, temos a inconstitucionalidade por ação ou
rigidez decorre da maior dificuldade para sua modificação omissão; o controle é jurisdicional, combinando os critérios
do que as demais; dela emana o princípio da supremacia difuso e concentrado, este de competência do STF;
da constituição, colocando-a no vértice do sistema jurídico. portanto, temos o exercício do controle por via de exceção
e por ação direta de inconstitucionalidade e ainda a ação
declaratória de constitucionalidade; a ação direta de
7) Supremacia da Constituição Federal: por ser inconstitucionalidade compreende três modalidades:
rígida, toda autoridade só nela encontra fundamento e só Interventiva, genérica e a supridora de omissão. A
ela confere poderes e competências governamentais; constituição mantém a regra segundo a qual somente pelo
exerce, suas atribuições nos termos dela; sendo que todas voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
as normas que integram a ordenação jurídica nacional só membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais
serão válidas se se conformarem com as normas declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
constitucionais federais. Poder Público. (art. 97)

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 12) Efeitos da declaração de


inconstitucionalidade: depende da solução sobre a
8) Inconstitucionalidade: as conformidades com natureza do ato inconstitucional: se é inexistente, nulo ou
os ditames constitucionais não se satisfaz apenas com a anulável. A declaração de inconstitucionalidade, na via
atuação positiva; exige mais, pois omitir a aplicação das indireta, não anula a lei nem a revoga; teoricamente a lei
normas, quando a Constituição determina, também constitui continua em vigor, eficaz e aplicável, até que o Senado
conduta inconstitucional, sendo reconhecida as seguintes Federal suspenda sua executoriedade (art. 52, X). A
formas de inconstitucionalidade: declaração na via direta tem efeito diverso, importa suprimir
a eficácia e aplicabilidade da lei ou ato; distinções a seguir:
- Por ação: ocorre com a produção de atos
legislativos ou administrativos que contrariem normas ou - Qual a eficácia da sentença que decide a
princípios da constituição; seu fundamento resulta da inconstitucionalidade na via de exceção: se resolve
compatibilidade vertical das normas (as inferiores só valem pelos princípios processuais; a arguição de
se compatíveis com as superiores); essa incompatibilidade inconstitucionalidade é questão prejudicial e gera um
procedimento incidente tantum, que busca a simples
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verificação da existência ou do vício alegado; a sentença é normativo federal impugnado em processos concretos; não
declaratória; faz coisa julgada somente no caso e entre as tem por objeto a verificação da constitucionalidade de lei ou
partes; no que tange ao caso concreto, a declaração surte ato estadual ou municipal, não há previsão dessa
efeitos ex tunc; no entanto a lei contínua eficaz e aplicável, possibilidade.
até que seja suspensa sua executoriedade pelo Senado;
ato que não revoga nem anula a lei, apenas lhe retira a
eficácia, daí por diante ex nunc. 14) Legitimação e competência para a ação:
segundo o art. 103,§ 4º, poderão propô-la o Presidente da
- Qual a eficácia da sentença proferida no República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara
processo de ação direta de inconstitucionalidade dos Deputados e o Procurador-Geral da República, e o STF
genérica?: Tem por objeto a própria questão de já decidiu que não cabe a intervenção do Advogado-Geral
inconstitucionalidade; qualquer decisão, que a decrete, da União no processo dessa ação.
deverá ter eficácia erga omnes (genérica) e obrigatória; a A competência para processar e julgar a ação
sentença aí faz coisa julgada material, que vincula as declaratória de constitucionalidade é exclusivamente do
autoridades aplicadoras da lei, que não poderão mais dar- STF.
lhe execução sob pena de arrostar a eficácia da coisa
julgada, uma vez que a declaração de inconstitucionalidade
em tese visa precisamente atingir o efeito imediato de 15) Efeitos da decisão da ação declaratória de
retirar a aplicabilidade da lei. constitucionalidade: segundo a art. 102, § 2º, as decisões
definitivas de mérito nessas ações, produzirão eficácia
- Efeito da sentença proferida no processo de contra todos e efeito vinculante aos demais órgãos do
ação de inconstitucionalidade interventiva: visa não Judiciário e do Executivo; terá efeito erga omnes, se
apenas obter a declaração de inconstitucionalidade, mas estendendo a todos os feitos em andamento, paralisando-
também restabelecer a ordem constitucional no Estado, ou os com o desfazimento dos efeitos das decisões neles
Município, mediante a intervenção; a sentença não será proferidas no primeiro caso ou a confirmação desses efeitos
meramente declaratória; não cabendo ao Senado à no segundo caso; o ato, dali por diante, é constitucional,
suspensão da execução do ato; a Constituição declara que sem possibilidade de qualquer outra declaração em
o decreto se limitará a suspender a execução do ato contrário; pelo efeito vinculante à função jurisdicional dos
impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da demais órgãos do Judiciário, nenhum juízo ou Tribunal
normalidade; a decisão tem um efeito condenatório que poderá conhecer de ação ou processo em que se postule
fundamenta o decreto de intervenção; a condenação tem uma decisão contrária à declaração emitida no processo de
efeito constitutivo da sentença que faz coisa julgada ação declaratória de constitucionalidade pelo STF nem
material erga omnes. produzir validamente ato normativo em sentido contrário
àquela decisão.
- Efeito da declaração de inconstitucionalidade
por omissão: o efeito está no art. 103, § 2º da
Constituição, ao estatuir que, declarada a
inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar EMENDA À CONSTITUIÇÃO
efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder Emenda é o processo formal de mudanças das
competente para a adoção das providências necessárias e, constituições rígidas, por meio de atuação de certos órgãos,
em se tratando de órgão administrativo, p ara fazê-lo em 30 mediante determinadas formalidades, estabelecidas nas
dias; a sentença que reconhece a inconstitucionalidade por próprias constituições para o exercício do poder reformador;
omissão é declaratória, mas não meramente, porque dela é a modificação de certos pontos, cuja estabilidade o
decorre um efeito ulterior de natureza mandamental no legislador constituinte não considerou tão grande como
sentido de exigir a adoção das providências necessárias ao outros mais valiosos, se bem que submetida a obstáculos e
suprimento da omissão. formalidades mais difíceis que os exigidos para a alteração
das leis ordinárias; é o único sistema de mudança formal da
AÇÃO DECLARATÓRIA DE Constituição.
CONSTITUCIONALIDADE
É uma ação que tem a característica de um meio 16) Sistema brasileiro: Apresentada a proposta,
paralisante de debates em torno de questões jurídicas será ela discutida e votada em cada Casa do Congresso
fundamentais de interesse coletivo; terá como pressuposto Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada
fático a existência de decisões de constitucionalidade, em quando obtiver, em ambos, três quintos (3/5) dos votos dos
processos concretos, contrárias à posição governamental; membros de cada uma delas (art. 60, § 2º); uma vez
seu exercício gera um processo constitucional contencioso, aprovada, a emenda será promulgada pelas Mesas da
de fato, porque visa desfazer decisões proferidas entre as Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o
partes, mediante sua propositura por uma delas; tem respectivo número de ordem; acrescenta-se que a matéria
natureza de meio de impugnação antes que de ação, com o constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
mesmo objeto das contestações, sustentando a prejudicada não poderá ser objeto de nova proposta na
constitucionalidade da lei ou ato normativo. mesma sessão legislativa (art. 60, § 5º).

13) Finalidade o objeto da ação declaratória de


constitucionalidade: essa ação pressupõe controvérsia a 17) Poder constituinte e poder reformador: a
respeito da constitucionalidade da lei, o que é aferido diante Constituição conferiu ao Congresso Nacional a
da existência de um grande número de ações onde a competência para elaborar emendas a ela; o próprio poder
constitucionalidade da lei é impugnada, sua finalidade constituinte originário, ao estabelecer a CF, instituiu um
imediata consiste na rápida solução dessas pendências; poder constituinte reformador; no fundo, o agente ou sujeito
visa solucionar isso, por via de coisa julgada vinculante, que da reforma, é o poder constituinte originário, que, por esse
declara ou não a constitucionalidade da lei. O objeto da método, atua em segundo grau, de modo indireto, pela
ação é a verificação da constitucionalidade da lei ou ato outorga de competência a um órgão constituído para, em
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seu lugar, proceder às modificações na Constituição, que a Art. 2º São Poderes da União, independentes e
realidade exige; segundo o Prof. Manoel G. Ferreira Filho, harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
poder constituinte de revisão “é aquele poder, inerente à Judiciário.
Constituição rígida que se destina a modificá-la, segundo o Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
que a mesma estabelece; visa permitir a mudança da República Federativa do Brasil:
Constituição, adaptação da Constituição a novas I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
necessidades, a novos impulsos, a novas forças, sem que II - garantir o desenvolvimento nacional;
para tanto seja preciso recorrer à revolução, sem que seja III - erradicar a pobreza e a marginalização e
preciso recorrer ao poder constituinte originário”. reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
18) Limitações ao poder de reforma Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se
constitucional: é limitado, porque a própria norma nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
constitucional lhe impõe procedimento e modo de agir, dos I - independência nacional;
quais não pode arredar sob pena de sua obra sair viciada, II - prevalência dos direitos humanos;
ficando sujeita ao sistema de controle de III - autodeterminação dos povos;
constitucionalidade, configura as limitações formais. IV - não intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
A doutrina distribui as limitações em: VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
Limitações temporais: não são comumente VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
encontráveis na história constitucional brasileira; só a do IX - cooperação entre os povos para o progresso
Império estabeleceu esse tipo de limitação; visto que previa, da humanidade;
que somente após um certo tempo estabelecido, é que ela X - concessão de asilo político.
poderia ser reformada ( no caso 4 anos). Parágrafo único. A República Federativa do Brasil
buscará a integração econômica, política, social e cultural
Limitações circunstanciais: desde 1934 estatui- dos povos da América Latina, visando à formação de uma
se um tipo de limitação ao poder de reforma, qual seja a de comunidade latino-americana de nações.
que não se procederá à reforma na vigência do estado de TÍTULO II
sítio; a Cf vigente veda emendas na vigência de intervenção Dos Direitos e Garantias Fundamentais
federal, de estado de defesa ou estado de sítio (art. 60, § CAPÍTULO I
1º). DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
Limitações materiais: distingue, materiais distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
explícitas (compreende-se que o constituinte originário brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
poderá, expressamente, excluir determinadas matérias ou inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
conteúdos da incidência do poder de reforma) e implícitas segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(ocorre quando são enumeradas matérias de direitos I - homens e mulheres são iguais em direitos e
fundamentais, insuscetíveis de emendas) obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
19) Controle de constitucionalidade da reforma III - ninguém será submetido à tortura nem a
constitucional: toda modificação, feita com desrespeito de tratamento desumano ou degradante;
procedimento especial estabelecido ou de preceito que não IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
possa ser objeto de emenda, padecerá de vício de vedado o anonimato;
inconstitucionalidade formal ou material, e assim ficará V - é assegurado o direito de resposta,
sujeita ao controle de constitucionalidade pelo Judiciário, tal proporcional ao agravo, além da indenização por dano
como se dá com as leis ordinárias. material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
BRASIL DE 1988 de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação
TÍTULO I de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
Dos Princípios Fundamentais internação coletiva;
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada VIII - ninguém será privado de direitos por motivo
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
Direito e tem como fundamentos: todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
I - a soberania; fixada em lei;
II - a cidadania IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
III - a dignidade da pessoa humana; artística, científica e de comunicação, independentemente
IV - os valores sociais do trabalho e da livre de censura ou licença;
iniciativa; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
V - o pluralismo político. honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
que o exerce por meio de representantes eleitos ou violação;
diretamente, nos termos desta Constituição. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
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salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação situados no País será regulada pela lei brasileira em
judicial; benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das não lhes seja mais favorável à lei pessoal do "de cujus";
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas defesa do consumidor;
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
investigação criminal ou instrução processual penal; públicos informações de seu interesse particular, ou de
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
que a lei estabelecer; cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação do Estado;
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao XXXIV - são a todos assegurados,
exercício profissional; independentemente do pagamento de taxas:
XV - é livre a locomoção no território nacional em a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; b) a obtenção de certidões em repartições
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
armas, em locais abertos ao público, independentemente situações de interesse pessoal;
de autorização, desde que não frustrem outra reunião XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo Judiciário lesão ou ameaça a direito;
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
XVII - é plena a liberdade de associação para fins ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
a de cooperativas independem de autorização, sendo organização que lhe der a lei, assegurados:
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; a) a plenitude de defesa;
XIX - as associações só poderão ser b) o sigilo das votações;
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades c) a soberania dos veredictos;
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro d) a competência para o julgamento dos crimes
caso, o trânsito em julgado; dolosos contra a vida;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
ou a permanecer associado; nem pena sem prévia cominação legal;
XXI - as entidades associativas, quando XL - a lei penal não retroagirá, salvo para
expressamente autorizadas, têm legitimidade para beneficiar o réu;
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; XLI - a lei punirá qualquer discriminação
XXII - é garantido o direito de propriedade; atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função XLII - a prática do racismo constitui crime
social; inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para termos da lei;
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
interesse social, mediante justa e prévia indenização em insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
XXV - no caso de iminente perigo público, a os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo
autoridade competente poderá usar de propriedade os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se omitirem; (Regulamento)
se houver dano; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto ordem constitucional e o Estado Democrático;
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
financiar o seu desenvolvimento; decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, limite do valor do patrimônio transferido;
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: adotará, entre outras, as seguintes:
a) a proteção às participações individuais em obras a) privação ou restrição da liberdade;
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, b) perda de bens;
inclusive nas atividades desportivas; c) multa;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento d) prestação social alternativa;
econômico das obras que criarem ou de que participarem e) suspensão ou interdição de direitos;
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas XLVII - não haverá penas:
representações sindicais e associativas; a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos nos termos do art. 84, XIX;
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem b) de caráter perpétuo;
como proteção às criações industriais, à propriedade das c) de trabalhos forçados;
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos d) de banimento;
distintivos, tendo em vista o interesse social e o e) cruéis;
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;
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XLVIII - a pena será cumprida em a) partido político com representação no


estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do Congresso Nacional;
delito, a idade e o sexo do apenado; b) organização sindical, entidade de classe ou
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à associação legalmente constituída e em funcionamento há
integridade física e moral; pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
L - às presidiárias serão asseguradas condições membros ou associados;
para que possam permanecer com seus filhos durante o LXXI - conceder-se-á mandado de injunção
período de amamentação; sempre que a falta de norma regulamentadora torne
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico e à cidadania;
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LXXII - conceder-se-á habeas data:
LII - não será concedida extradição de estrangeiro a) para assegurar o conhecimento de informações
por crime político ou de opinião; relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
LIII - ninguém será processado nem sentenciado bancos de dados de entidades governamentais ou de
senão pela autoridade competente; caráter público;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de b) para a retificação de dados, quando não se
seus bens sem o devido processo legal; prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo;
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
inerentes; patrimônio público ou de entidade de que o Estado
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
obtidas por meios ilícitos; ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
LVII - ninguém será considerado culpado até o comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
trânsito em julgado de sentença penal condenatória; sucumbência;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
lei; (Regulamento). recursos;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos fixado na sentença;
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
interesse social o exigirem; pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito a) o registro civil de nascimento;
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade b) a certidão de óbito;
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde exercício da cidadania.
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo,
competente e à família do preso ou à pessoa por ele são assegurados a razoável duração do processo e os
indicada; meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
assegurada a assistência da família e de advogado; fundamentais têm aplicação imediata.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos § 2º Os direitos e garantias expressos nesta
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
policial; dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
pela autoridade judiciária; parte.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela § 3º Os tratados e convenções internacionais
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
sem fiança; Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a quintos dos votos dos respectivos membros, serão
do responsável pelo inadimplemento voluntário e equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na
infiel; forma deste parágrafo)
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
abuso de poder; 2004)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para CAPÍTULO II
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas DOS DIREITOS SOCIAIS
corpus ou habeas data, quando o responsável pela Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
Poder Público; e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser desta Constituição. (Redação dada pela Emenda
impetrado por: Constitucional nº 90, de 2015)

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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua coletivos de trabalho;
condição social: XXVII - proteção em face da automação, na forma
I - relação de emprego protegida contra despedida da lei;
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
complementar, que preverá indenização compensatória, cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este
dentre outros direitos; está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
involuntário; relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
III - fundo de garantia do tempo de serviço; para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
previdência social, com reajustes periódicos que lhe b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
para qualquer fim; XXX - proibição de diferença de salários, de
V - piso salarial proporcional à extensão e à exercício de funções e de critério de admissão por motivo
complexidade do trabalho; de sexo, idade, cor ou estado civil;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em XXXI - proibição de qualquer discriminação no
convenção ou acordo coletivo; tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, portador de deficiência;
para os que percebem remuneração variável; XXXII - proibição de distinção entre trabalho
VIII - décimo terceiro salário com base na manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
remuneração integral ou no valor da aposentadoria; respectivos;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
do diurno; insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
X - proteção do salário na forma da lei, menores de dezesseis anos, salvo na condição de
constituindo crime sua retenção dolosa; aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela
XI – participação nos lucros, ou resultados, Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
participação na gestão da empresa, conforme definido em com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
lei; avulso.
XII - salário-família pago em razão do dependente Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
XIII - duração do trabalho normal não superior a XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a estabelecidas em lei e observada a simplificação do
compensação de horários e a redução da jornada, mediante cumprimento das obrigações tributárias, principais e
acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
nº 5.452, de 1943) peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV
XIV - jornada de seis horas para o trabalho e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72,
negociação coletiva; de 2013)
XV - repouso semanal remunerado, Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
preferencialmente aos domingos; observado o seguinte:
XVI - remuneração do serviço extraordinário I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no
(Vide Del 5.452, art. 59 § 1º) órgão competente, vedadas ao Poder Público a
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, interferência e a intervenção na organização sindical;
pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; II - é vedada a criação de mais de uma
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do organização sindical, em qualquer grau, representativa de
emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; categoria profissional ou econômica, na mesma base
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
lei; empregadores interessados, não podendo ser inferior à
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, área de um Município;
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; em questões judiciais ou administrativas;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, IV - a assembleia geral fixará a contribuição que,
por meio de normas de saúde, higiene e segurança; em se tratando de categoria profissional, será descontada
XXIII - adicional de remuneração para as em folha, para custeio do sistema confederativo da
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da representação sindical respectiva, independentemente da
lei; contribuição prevista em lei;
XXIV - aposentadoria; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-
XXV - assistência gratuita aos filhos e se filiado a sindicato;
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela negociações coletivas de trabalho;
Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser
votado nas organizações sindicais;
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VIII - é vedada a dispensa do empregado § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do


sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de brasileiro que:
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
cometer falta grave nos termos da lei. nacional;
Parágrafo único. As disposições deste artigo II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
de pescadores, atendidas as condições que a lei 3, de 1994)
estabelecer. a) de reconhecimento de nacionalidade originária
Art. 9º É assegurado o direito de greve, pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional
competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de Revisão nº 3, de 1994)
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio b) de imposição de naturalização, pela norma
dele defender. estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades como condição para permanência em seu território ou para
essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda
inadiáveis da comunidade. Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da
responsáveis às penas da lei. República Federativa do Brasil.
Art. 10. É assegurada a participação dos § 1º São símbolos da República Federativa do
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
públicos em que seus interesses profissionais ou § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. poderão ter símbolos próprios.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos CAPÍTULO IV
empregados, é assegurada a eleição de um representante DOS DIREITOS POLÍTICOS
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o Art. 14. A soberania popular será exercida pelo
entendimento direto com os empregadores. sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
CAPÍTULO III igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
DA NACIONALIDADE I - plebiscito;
Art. 12. São brasileiros: II - referendo;
I - natos: III - iniciativa popular.
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
estejam a serviço de seu país; II - facultativos para:
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou a) os analfabetos;
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço b) os maiores de setenta anos;
da República Federativa do Brasil; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou anos.
de mãe brasileira, desde que sejam registrados em § 2º Não podem alistar-se como eleitores os
repartição brasileira competente ou venham a residir na estrangeiros e, durante o período do serviço militar
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer obrigatório, os conscritos.
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade § 3º São condições de elegibilidade, na forma da
brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº lei:
54, de 2007) I - a nacionalidade brasileira;
II - naturalizados: II - o pleno exercício dos direitos políticos;
a) os que, na forma da lei, adquiram a III - o alistamento eleitoral;
nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
de língua portuguesa apenas residência por um ano V - a filiação partidária; Regulamento
ininterrupto e idoneidade moral; VI - a idade mínima de:
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-
residentes na República Federativa do Brasil há mais de Presidente da República e Senador;
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde b) trinta anos para Governador e Vice-Governador
que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada de Estado e do Distrito Federal;
pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) c) vinte e um anos para Deputado Federal,
§ 1º Aos portugueses com residência permanente Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz
no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, de paz;
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os d) dezoito anos para Vereador.
casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) analfabetos.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre § 5º O Presidente da República, os Governadores
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
nesta Constituição. houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; § 6º Para concorrerem a outros cargos, o
III - de Presidente do Senado Federal; Presidente da República, os Governadores de Estado e do
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos
V - da carreira diplomática; respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
VI - de oficial das Forças Armadas. § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até
pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
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de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato forma da lei.
eletivo e candidato à reeleição. § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as de organização paramilitar.
seguintes condições: TÍTULO III
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá Da Organização do Estado
afastar-se da atividade; CAPÍTULO I
II - se contar mais de dez anos de serviço, será DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará Art. 18. A organização político-administrativa da
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. República Federativa do Brasil compreende a União, os
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de autônomos, nos termos desta Constituição.
proteger a probidade administrativa, a moralidade para § 1º Brasília é a Capital Federal.
exercício de mandato considerada vida pregressa do § 2º Os Territórios Federais integram a União, e
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao
contra a influência do poder econômico ou o abuso do Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
exercício de função, cargo ou emprego na administração § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si,
direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
Constitucional de Revisão nº 4, de 1994) outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado mediante aprovação da população diretamente interessada,
ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do complementar.
poder econômico, corrupção ou fraude. § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da dentro do período determinado por Lei Complementar
lei, se temerária ou de manifesta má-fé. Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
I - cancelamento da naturalização por sentença apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada
transitada em julgado; pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)
II - incapacidade civil absoluta; Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
III - condenação criminal transitada em julgado, Federal e aos Municípios:
enquanto durarem seus efeitos; I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; manter com eles ou seus representantes relações de
V - improbidade administrativa, nos termos do art. dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a
37, § 4º. colaboração de interesse público;
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral II - recusar fé aos documentos públicos;
entrará em vigor na data de sua publicação, não se III - criar distinções entre brasileiros ou
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua preferências entre si.
vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, CAPÍTULO II
de 1993) DA UNIÃO
CAPÍTULO V Art. 20. São bens da União:
DOS PARTIDOS POLÍTICOS I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e vierem a ser atribuídos;
extinção de partidos políticos, resguardados a soberania II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os federais de comunicação e à preservação ambiental,
seguintes preceitos: Regulamento definidas em lei;
I - caráter nacional; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água
II - proibição de recebimento de recursos em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
subordinação a estes; estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
lei. com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede
para definir sua estrutura interna, organização e de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art.
regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de
de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, 2005)
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos V - os recursos naturais da plataforma continental
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. e da zona econômica exclusiva;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006) VI - o mar territorial;
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus VIII - os potenciais de energia hidráulica;
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
arqueológicos e pré-históricos;
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XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
índios. de 1998)
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, XV - organizar e manter os serviços oficiais de
ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
administração direta da União, participação no resultado da nacional;
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo,
para fins de geração de energia elétrica e de outros de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
recursos minerais no respectivo território, plataforma XVII - conceder anistia;
continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou XVIII - planejar e promover a defesa permanente
compensação financeira por essa exploração. contra as calamidades públicas, especialmente as secas e
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros as inundações;
de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento
como faixa de fronteira, é considerada fundamental para de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização de seu uso; (Regulamento)
serão reguladas em lei. XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
Art. 21. Compete à União: urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
I - manter relações com Estados estrangeiros e transportes urbanos;
participar de organizações internacionais; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o
II - declarar a guerra e celebrar a paz; sistema nacional de viação;
III - assegurar a defesa nacional; XXII - executar os serviços de polícia marítima,
IV - permitir, nos casos previstos em lei aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda
complementar, que forças estrangeiras transitem pelo Constitucional nº 19, de 1998)
território nacional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
a intervenção federal; pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
de material bélico; derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
VII - emitir moeda; a) toda atividade nuclear em território nacional
VIII - administrar as reservas cambiais do País e somente será admitida para fins pacíficos e mediante
fiscalizar as operações de natureza financeira, aprovação do Congresso Nacional;
especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem b) sob-regime de permissão, são autorizadas a
como as de seguros e de previdência privada; comercialização e a utilização de radioisótopos para a
IX - elaborar e executar planos nacionais e pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação
regionais de ordenação do território e de desenvolvimento dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
econômico e social; c) sob-regime de permissão, são autorizadas a
X - manter o serviço postal e o correio aéreo produção, comercialização e utilização de radioisótopos de
nacional; meia-vida igual ou inferior a duas horas; (Redação dada
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, d) a responsabilidade civil por danos nucleares
nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos independe da existência de culpa; (Redação dada pela
serviços, a criação de um órgão regulador e outros Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
aspectos institucionais; (Redação dada pela Emenda XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
Constitucional nº 8, de 15/08/95:) trabalho;
XII - explorar, diretamente ou mediante XXV - estabelecer as áreas e as condições para o
autorização, concessão ou permissão: exercício da atividade de garimpagem, em forma
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e associativa.
imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, Art. 22. Compete privativamente à União legislar
de 15/08/95:) sobre:
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o I - direito civil, comercial, penal, processual,
aproveitamento energético dos cursos de água, em eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
articulação com os Estados onde se situam os potenciais trabalho;
hidro energéticos; II - desapropriação;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a III - requisições civis e militares, em caso de
infraestrutura aeroportuária; iminente perigo e em tempo de guerra;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário IV - águas, energia, informática, telecomunicações
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que e radiodifusão;
transponham os limites de Estado ou Território; V - serviço postal;
e) os serviços de transporte rodoviário VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
interestadual e internacional de passageiros; garantias dos metais;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; VII - política de crédito, câmbio, seguros e
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o transferência de valores;
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a VIII - comércio exterior e interestadual;
Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela IX - diretrizes da política nacional de transportes;
Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
efeito) marítima, aérea e aeroespacial;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia XI - trânsito e transporte;
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal metalurgia;
para a execução de serviços públicos, por meio de fundo XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
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XV - emigração e imigração, entrada, extradição e Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio
expulsão de estrangeiros; do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
XVI - organização do sistema nacional de emprego (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
e condições para o exercício de profissões; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
XVII - organização judiciária, do Ministério Público Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública I - direito tributário, financeiro, penitenciário,
dos Territórios, bem como organização administrativa econômico e urbanístico;
destes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, II - orçamento;
de 2012) (Produção de efeito) III - juntas comerciais;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e IV - custas dos serviços forenses;
de geologia nacionais; V - produção e consumo;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
da poupança popular; natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
XX - sistemas de consórcios e sorteios; do meio ambiente e controle da poluição;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural,
material bélico, garantias, convocação e mobilização das artístico, turístico e paisagístico;
polícias militares e corpos de bombeiros militares; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente,
XXII - competência da polícia federal e das polícias ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
rodoviária e ferroviária federais; histórico, turístico e paisagístico;
XXIII - seguridade social; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e
XXV - registros públicos; inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 85, de 2015)
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, X - criação, funcionamento e processo do juizado
em todas as modalidades, para as administrações públicas de pequenas causas;
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, XI - procedimentos em matéria processual;
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. XII - previdência social, proteção e defesa da
37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de saúde;
economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XIV - proteção e integração social das pessoas
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, portadoras de deficiência;
defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; XV - proteção à infância e à juventude;
XXIX - propaganda comercial. XVI - organização, garantias, direitos e deveres
Parágrafo único. Lei complementar poderá das polícias civis.
autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
das matérias relacionadas neste artigo. competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
Art. 23. É competência comum da União, dos gerais.
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: § 2º A competência da União para legislar sobre
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das normas gerais não exclui a competência suplementar dos
instituições democráticas e conservar o patrimônio público; Estados.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; Estados exercerão a competência legislativa plena, para
III - proteger os documentos, as obras e outros atender a suas peculiaridades.
bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, § 4º A superveniência de lei federal sobre normas
as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
IV - impedir a evasão, a destruição e a contrário.
descaracterização de obras de arte e de outros bens de CAPÍTULO III
valor histórico, artístico ou cultural; DOS ESTADOS FEDERADOS
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº princípios desta Constituição.
85, de 2015) § 1º São reservadas aos Estados as competências
VI - proteger o meio ambiente e combater a que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
poluição em qualquer de suas formas; § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
VIII - fomentar a produção agropecuária e na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para
organizar o abastecimento alimentar; a sua regulamentação. (Redação dada pela Emenda
IX - promover programas de construção de Constitucional nº 5, de 1995)
moradias e a melhoria das condições habitacionais e de § 3º Os Estados poderão, mediante lei
saneamento básico; complementar, instituir regiões metropolitanas,
X - combater as causas da pobreza e os fatores de aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
marginalização, promovendo a integração social dos agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
setores desfavorecidos; organização, o planejamento e a execução de funções
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as públicas de interesse comum.
concessões de direitos de pesquisa e exploração de Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
recursos hídricos e minerais em seus territórios; I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
XII - estabelecer e implantar política de educação emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
para a segurança do trânsito. forma da lei, as decorrentes de obras da União;
Parágrafo único. Leis complementares fixarão
normas para a cooperação entre a União e os Estados, o
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II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que IV - para a composição das Câmaras Municipais,
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio será observado o limite máximo de: (Redação dada pela
da União, Municípios ou terceiros; Emenda Constitucional nº 58, de 2009) (Produção de
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à efeito) (Vide ADIN 4307)
União; a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até
IV - as terras devolutas não compreendidas entre 15.000 (quinze mil) habitantes; (Redação dada pela
as da União. Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais
Legislativa corresponderá ao triplo da representação do de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil)
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de habitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os 58, de 2009)
Deputados Federais acima de doze. c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta
Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional
Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, nº 58, de 2009)
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais
impedimentos e incorporação às Forças Armadas. de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será (oitenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na Constitucional nº 58, de 2009)
razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, (cento e vinte mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Constitucional nº 19, de 1998) f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até
sobre seu regimento interno, polícia e serviços 160.000 (cento sessenta mil) habitantes; (Incluída pela
administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
cargos. g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até
processo legislativo estadual. 300.000 (trezentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice- Constitucional nº 58, de 2009)
Governador de Estado, para mandato de quatro anos, h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000
turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela
se houver, do ano anterior ao do término do mandato de Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes
disposto no art. 77. (Redação dada pela Emenda e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes; (Incluída pela
Constitucional nº 16, de1997) Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de
outro cargo ou função na administração pública direta ou mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até
indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes; (Incluída
e observado o disposto no art. 38, I, IV e V. (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de
1998) mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice- de até 900.000 (novecentos mil) habitantes; (Incluída pela
Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, observado o que l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até
2º, I. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes; (Incluída
CAPÍTULO IV pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Dos Municípios m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e
votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil)
respectivo Estado e os seguintes preceitos: habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito Constitucional nº 58, de 2009)
direto e simultâneo realizado em todo o País; o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil)
no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil)
do mandato dos que devam suceder, aplicadas às regras habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de
do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil 2009)
eleitores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de
16, de1997) mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
de janeiro do ano subsequente ao da eleição; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)

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q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios f) em Municípios de mais de quinhentos mil


de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos
mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional
de 2009) nº 25, de 2000)
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios VII - o total da despesa com a remuneração dos
de mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco por
habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes; cento da receita do Município; (Incluído pela Emenda
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) Constitucional nº 1, de 1992)
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas
Municípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
habitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões) de circunscrição do Município; (Renumerado do inciso VI, pela
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
2009) IX - proibições e incompatibilidades, no exercício
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios da vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de Constituição para os membros do Congresso Nacional e na
até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; (Incluída pela Constituição do respectivo Estado para os membros da
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) Assembleia Legislativa; (Renumerado do inciso VII, pela
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
Municípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de
habitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; Justiça; (Renumerado do inciso VIII, pela Emenda
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) Constitucional nº 1, de 1992)
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios XI - organização das funções legislativas e
de mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até fiscalizadoras da Câmara Municipal; (Renumerado do inciso
7.000.000 (sete milhões) de habitantes; (Incluída pela IX, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) XII - cooperação das associações representativas
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos no planejamento municipal; (Renumerado do inciso X, pela
Municípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
habitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; XIII - iniciativa popular de projetos de lei de
e (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) interesse específico do Município, da cidade ou de bairros,
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do
Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de eleitorado; (Renumerado do inciso XI, pela Emenda
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de Constitucional nº 1, de 1992)
2009) XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos art. 28, parágrafo único. (Renumerado do inciso XII, pela
Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e
pela Emenda constitucional nº 19, de 1998) excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita
respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a tributária e das transferências previstas no § 5 o do art. 153
subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício
observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei anterior: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de
Orgânica e os seguintes limites máximos: (Redação dada 2000)
pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) I - 7% (sete por cento) para Municípios com
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o população de até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela 2009) (Produção de efeito)
Emenda Constitucional nº 25, de 2000) II - 6% (seis por cento) para Municípios com
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição
corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Constitucional nº 58, de 2009)
Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de III - 5% (cinco por cento) para Municípios com
2000) população entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil (quinhentos mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores Constituição Constitucional nº 58, de 2009)
corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por
Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional cento) para Municípios com população entre 500.001
nº 25, de 2000) (quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores Constitucional nº 58, de 2009)
corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos V - 4% (quatro por cento) para Municípios com
Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional população entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000
nº 25, de 2000) (oito milhões) de habitantes; (Incluído pela Emenda
e) em Municípios de trezentos mil e um a Constituição Constitucional nº 58, de 2009)
quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento)
Vereadores corresponderá a sessenta por cento do para Municípios com população acima de 8.000.001 (oito
subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda milhões e um) habitantes. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 25, de 2000) Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

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§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará,
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
Prefeito Municipal: (Incluído pela Emenda Constitucional nº § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as
25, de 2000) competências legislativas reservadas aos Estados e
I - efetuar repasse que supere os limites definidos Municípios.
neste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de § 2º A eleição do Governador e do Vice-
2000) Governador, observadas as regras do art. 77, e dos
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada Deputados Distritais coincidirá com a dos Governadores e
mês; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.
2000) § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara
III - enviá-lo a menor em relação à proporção Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.
fixada na Lei Orçamentária. (Incluído pela Emenda § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
Constitucional nº 25, de 2000) Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do corpo de bombeiros militar.
Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o Seção II
deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de DOS TERRITÓRIOS
2000) Art. 33. A lei disporá sobre a organização
Art. 30. Compete aos Municípios: administrativa e judiciária dos Territórios.
I - legislar sobre assuntos de interesse local; § 1º Os Territórios poderão ser divididos em
II - suplementar a legislação federal e a estadual Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
no que couber; disposto no Capítulo IV deste Título.
III - instituir e arrecadar os tributos de sua § 2º As contas do Governo do Território serão
competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes Tribunal de Contas da União.
nos prazos fixados em lei; § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada habitantes, além do Governador nomeado na forma desta
a legislação estadual; Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime segunda instância, membros do Ministério Público e
de concessão ou permissão, os serviços públicos de defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
caráter essencial; CAPÍTULO VI
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira DA INTERVENÇÃO
da União e do Estado, programas de educação infantil e de Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no
ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Distrito Federal, exceto para:
Constitucional nº 53, de 2006) I - manter a integridade nacional;
VII - prestar, com a cooperação técnica e II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade
financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à da Federação em outra;
saúde da população; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
VIII - promover, no que couber, adequado pública;
ordenamento territorial, mediante planejamento e controle IV - garantir o livre exercício de qualquer dos
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; Poderes nas unidades da Federação;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico- V - reorganizar as finanças da unidade da
cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora Federação que:
federal e estadual. a) suspender o pagamento da dívida fundada por
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força
pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, maior;
e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo b) deixar de entregar aos Municípios receitas
Municipal, na forma da lei. tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será estabelecidos em lei;
exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos VI - prover a execução de lei federal, ordem ou
Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de decisão judicial;
Contas dos Municípios, onde houver. VII - assegurar a observância dos seguintes
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão princípios constitucionais:
competente sobre as contas que o Prefeito deve a) forma republicana, sistema representativo e
anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão regime democrático;
de dois terços dos membros da Câmara Municipal. b) direitos da pessoa humana;
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante c) autonomia municipal;
sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer d) prestação de contas da administração pública,
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá direta e indireta.
questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. e) aplicação do mínimo exigido da receita
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos resultante de impostos estaduais, compreendida a
ou órgãos de Contas Municipais. proveniente de transferências, na manutenção e
CAPÍTULO V desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Seção I 29, de 2000)
DO DISTRITO FEDERAL

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Art. 35. O Estado não intervirá em seus III - o prazo de validade do concurso público será
Municípios, nem a União nos Municípios localizados em de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
Território Federal, exceto quando: IV - durante o prazo improrrogável previsto no
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, edital de convocação, aquele aprovado em concurso
por dois anos consecutivos, a dívida fundada; público de provas ou de provas e títulos será convocado
II - não forem prestadas contas devidas, na forma com prioridade sobre novos concursados para assumir
da lei; cargo ou emprego, na carreira;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da V - as funções de confiança, exercidas
receita municipal na manutenção e desenvolvimento do exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo,
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação e os cargos em comissão, a serem preenchidos por
dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
IV - o Tribunal de Justiça der provimento à mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
representação para assegurar a observância de princípios atribuições de direção, chefia e assessoramento; (Redação
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. VI - é garantido ao servidor público civil o direito à
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: livre associação sindical;
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder VII - o direito de greve será exercido nos termos e
Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela
de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
exercida contra o Poder Judiciário; VIII - a lei reservará percentual dos cargos e
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão empregos públicos para as pessoas portadoras de
judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
Eleitoral; tempo determinado para atender a necessidade temporária
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de excepcional interesse público;
de representação do Procurador-Geral da República, na X - a remuneração dos servidores públicos e o
hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser
lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº fixados ou alterados por lei específica, observada a
45, de 2004) iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, anual, sempre na mesma data e sem distinção de
de 2004) índices; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a de 1998) (Regulamento)
amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
couber, nomeará o interventor, será submetido à cargos, funções e empregos públicos da administração
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
suspender a execução do ato impugnado, se essa medida aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
bastar ao restabelecimento da normalidade. Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
salvo impedimento legal. Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do
CAPÍTULO VII Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
Seção I espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no
DISPOSIÇÕES GERAIS âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
Art. 37. A administração pública direta e indireta de membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Constitucional nº 41, 19.12.2003)
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e XII - os vencimentos dos cargos do Poder
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
I - os cargos, empregos e funções públicas são XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na remuneração de pessoal do serviço público; (Redação
forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
19, de 1998) XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
II - a investidura em cargo ou emprego público servidor público não serão computados nem acumulados
depende de aprovação prévia em concurso público de para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes
lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado
declarado em lei de livre nomeação e exoneração; o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, §
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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XVI - é vedada a acumulação remunerada de II - o acesso dos usuários a registros


cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de administrativos e a informações sobre atos de governo,
horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela
XI: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
1998) III - a disciplina da representação contra o
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) função na administração pública. (Incluído pela Emenda
b) a de um cargo de professor com outro técnico Constitucional nº 19, de 1998)
ou científico; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº § 4º - Os atos de improbidade administrativa
19, de 1998) importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
c) a de dois cargos ou empregos privativos de função pública, a indisponibilidade dos bens e o
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001) lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
XVII - a proibição de acumular estende-se a § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou respectivas ações de ressarcimento.
indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pela § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) direito privado prestadoras de serviços públicos
XVIII - a administração fazendária e seus responderão pelos danos que seus agentes, nessa
servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
competência e jurisdição, precedência sobre os demais regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
setores administrativos, na forma da lei; § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as
XIX – somente por lei específica poderá ser criada restrições ao ocupante de cargo ou emprego da
autarquia e autorizada à instituição de empresa pública, de administração direta e indireta que possibilite o acesso a
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei informações privilegiadas. (Incluído pela Emenda
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua Constitucional nº 19, de 1998)
atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e
de 1998) financeira dos órgãos e entidades da administração direta e
XX - depende de autorização legislativa, em cada indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas firmado entre seus administradores e o poder público, que
no inciso anterior, assim como a participação de qualquer tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o
delas em empresa privada; órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído
XXI - ressalvados os casos especificados na pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão I - o prazo de duração do contrato;
contratados mediante processo de licitação pública que II - os controles e critérios de avaliação de
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, dirigentes;
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da III - a remuneração do pessoal."
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas
técnica e econômica indispensáveis à garantia do públicas e às sociedades de economia mista, e suas
cumprimento das obrigações. (Regulamento) subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
servidores de carreiras específicas, terão recursos § 10. É vedada a percepção simultânea de
prioritários para a realização de suas atividades e atuarão proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
convênio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em
19.12.2003) comissão declarados em lei de livre nomeação e
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter de 1998)
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela § 11. Não serão computadas, para efeito dos
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas
servidores públicos. em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e 2005)
III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do
responsável, nos termos da lei. caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
usuário na administração pública direta e indireta, respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único,
regulando especialmente: (Redação dada pela Emenda o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
Constitucional nº 19, de 1998) Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
I - as reclamações relativas à prestação dos cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o
serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados
externa e interna, da qualidade dos serviços; (Incluído pela Estaduais e Distritais e dos Vereadores. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

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Art. 38. Ao servidor público da administração obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) publicarão anualmente os valores do subsídio e da
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual remuneração dos cargos e empregos públicos. (Incluído
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
função; § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos
do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar orçamentários provenientes da economia com despesas
pela sua remuneração; correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
III - investido no mandato de Vereador, havendo aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e
compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de produtividade, treinamento e desenvolvimento,
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; produtividade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,
IV - em qualquer caso que exija o afastamento de 1998)
para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço § 8º A remuneração dos servidores públicos
será contado para todos os efeitos legais, exceto para organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do §
promoção por merecimento; 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos
de afastamento, os valores serão determinados como se no da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
exercício estivesse. Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é
Seção II assegurado regime de previdência de caráter contributivo e
DOS SERVIDORES PÚBLICOS solidário, mediante contribuição do respectivo ente público,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela
regime jurídico único e planos de carreira para os Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
servidores da administração pública direta, das autarquias e § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de
das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4) previdência de que trata este artigo serão aposentados,
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na
os Municípios instituirão conselho de política de forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda
administração e remuneração de pessoal, integrado por Constitucional nº 41, 19.12.2003)
servidores designados pelos respectivos I - por invalidez permanente, sendo os proventos
Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se
19, de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4) decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
demais componentes do sistema remuneratório observará: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 19.12.2003)
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a II - compulsoriamente, com proventos
complexidade dos cargos componentes de cada carreira; proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade,
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela na forma de lei complementar; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Emenda Constitucional nº 88, de 2015)
III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela III - voluntariamente, desde que cumprido tempo
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
manterão escolas de governo para a formação e o aposentadoria, observadas as seguintes condições:
aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
participação nos cursos um dos requisitos para a promoção 15/12/98)
na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de
ou contratos entre os entes federados. (Redação dada pela contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) e trinta de contribuição, se mulher; (Redação dada pela
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei sessenta anos de idade, se mulher, com proventos
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a proporcionais ao tempo de contribuição. (Redação dada
natureza do cargo o exigir. (Incluído pela Emenda pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
Constitucional nº 19, de 1998) § 2º - Os proventos de aposentadoria e as
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo
Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer referência para a concessão da pensão. (Redação dada
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, § 3º Para o cálculo dos proventos de
em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) consideradas as remunerações utilizadas como base para
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal as contribuições do servidor aos regimes de previdência de
e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
maior e a menor remuneração dos servidores públicos,
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(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de


19.12.2003) cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios exoneração bem como de outro cargo temporário ou de
diferenciados para a concessão de aposentadoria aos emprego público, aplica-se o regime geral de previdência
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, 15/12/98)
os casos de servidores: (Redação dada pela Emenda § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Constitucional nº 47, de 2005) Municípios, desde que instituam regime de previdência
I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda complementar para os seus respectivos servidores titulares
Constitucional nº 47, de 2005) de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das
II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime
Emenda Constitucional nº 47, de 2005) de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para
III cujas atividades sejam exercidas sob condições os benefícios do regime geral de previdência social de que
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) de 15/12/98)
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de § 15. O regime de previdência complementar de
contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do
disposto no § 1º, III, "a", para o professor que comprove respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e entidades fechadas de previdência complementar, de
médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, natureza pública, que oferecerão aos respectivos
de 15/12/98) participantes planos de benefícios somente na modalidade
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes de contribuição definida. (Redação dada pela Emenda
dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é Constitucional nº 41, 19.12.2003)
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa
do regime de previdência previsto neste artigo. (Redação opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) servidor que tiver ingressado no serviço público até a data
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de da publicação do ato de instituição do correspondente
pensão por morte, que será igual: (Redação dada pela regime de previdência complementar. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor § 17. Todos os valores de remuneração
falecido, até o limite máximo estabelecido para os considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3°
benefícios do regime geral de previdência social de que serão devidamente atualizados, na forma da lei. (Incluído
trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
II - ao valor da totalidade da remuneração do trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido
servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até para os benefícios do regime geral de previdência social de
o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
geral de previdência social de que trata o art. 201, para os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
limite, caso em atividade na data do óbito. (Incluído pela § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) completado as exigências para aposentadoria voluntária
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, atividade fará jus a um abono de permanência equivalente
conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) exigências para aposentadoria compulsória contidas no §
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou 1º, II. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41,
municipal será contado para efeito de aposentadoria e o 19.12.2003)
tempo de serviço correspondente para efeito de § 20. Fica vedada a existência de mais de um
disponibilidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, regime próprio de previdência social para os servidores
de 15/12/98) titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma gestora do respectivo regime em cada ente estatal,
de contagem de tempo de contribuição fictício. (Incluído ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. (Incluído pela
pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo
soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite
públicos, bem como de outras atividades sujeitas a máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
contribuição para o regime geral de previdência social, e ao previdência social de que trata o art. 201 desta
montante resultante da adição de proventos de inatividade Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for
com remuneração de cargo acumulável na forma desta portador de doença incapacitante. (Incluído pela Emenda
Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre Constitucional nº 47, de 2005)
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído pela Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) exercício os servidores nomeados para cargo de
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de provimento efetivo em virtude de concurso público.
previdência dos servidores públicos titulares de cargo (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
fixados para o regime geral de previdência social. (Incluído (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
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I - em virtude de sentença judicial transitada em I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de


julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de rendas;
1998) II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
II - mediante processo administrativo em que lhe orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e
seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda emissões de curso forçado;
Constitucional nº 19, de 1998) III - fixação e modificação do efetivo das Forças
III - mediante procedimento de avaliação periódica Armadas;
de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada IV - planos e programas nacionais, regionais e
ampla defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, setoriais de desenvolvimento;
de 1998) V - limites do território nacional, espaço aéreo e
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do marítimo e bens do domínio da União;
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro Assembleias Legislativas;
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração VII - transferência temporária da sede do Governo
proporcional ao tempo de serviço. (Redação dada pela Federal;
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) VIII - concessão de anistia;
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua IX - organização administrativa, judiciária, do
desnecessidade, o servidor estável ficará em Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo Territórios e organização judiciária e do Ministério Público
de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda
cargo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito)
de 1998) X – criação, transformação e extinção de cargos,
§ 4º Como condição para a aquisição da empregos e funções públicas, observado o que estabelece
estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de o art. 84, VI, b; (Redação dada pela Emenda Constitucional
desempenho por comissão instituída para essa finalidade. nº 32, de 2001)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública; (Redação dada pela Emenda
TÍTULO IV Constitucional nº 32, de 2001)
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES XII - telecomunicações e radiodifusão;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) XIII - matéria financeira, cambial e monetária,
CAPÍTULO I instituições financeiras e suas operações;
DO PODER LEGISLATIVO XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante
SEÇÃO I da dívida mobiliária federal.
DO CONGRESSO NACIONAL XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, §
Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. (Redação dada pela
Deputados e do Senado Federal. Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso
de quatro anos. Nacional:
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos
representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, ou atos internacionais que acarretem encargos ou
em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
§ 1º O número total de Deputados, bem como a II - autorizar o Presidente da República a declarar
representação por Estado e pelo Distrito Federal, será guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades complementar;
da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da
Deputados. República a se ausentarem do País, quando a ausência
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. exceder a quinze dias;
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção
representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer
segundo o princípio majoritário. uma dessas medidas;
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três V - sustar os atos normativos do Poder Executivo
Senadores, com mandato de oito anos. que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito delegação legislativa;
Federal será renovada de quatro em quatro anos, VI - mudar temporariamente sua sede;
alternadamente, por um e dois terços. VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. Federais e os Senadores, observado o que dispõem os
Art. 47. Salvo disposição constitucional em arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º,
contrário, as deliberações de cada Casa e de suas I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente 1998)
a maioria absoluta de seus membros. VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-
Seção II Presidente da República e dos Ministros de Estado,
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II,
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda
sanção do Presidente da República, não exigida esta para o Constitucional nº 19, de 1998)
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as
matérias de competência da União, especialmente sobre:
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IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da
Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
execução dos planos de governo; mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, II processar e julgar os Ministros do Supremo
incluídos os da administração indireta; Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
XI - zelar pela preservação de sua competência Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
legislativa em face da atribuição normativa dos outros Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
Poderes; União nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela
XII - apreciar os atos de concessão e renovação Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
de concessão de emissoras de rádio e televisão; III - aprovar previamente, por voto secreto, após
XIII - escolher dois terços dos membros do arguição pública, a escolha de:
Tribunal de Contas da União; a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo Constituição;
referentes a atividades nucleares; b) Ministros do Tribunal de Contas da União
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; indicados pelo Presidente da República;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração c) Governador de Território;
e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e d) Presidente e diretores do banco central;
lavra de riquezas minerais; e) Procurador-Geral da República;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
concessão de terras públicas com área superior a dois mil e IV - aprovar previamente, por voto secreto, após
quinhentos hectares. arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado missão diplomática de caráter permanente;
Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão V - autorizar operações externas de natureza
convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
órgãos diretamente subordinados à Presidência da Federal, dos Territórios e dos Municípios;
República para prestarem, pessoalmente, informações VI - fixar, por proposta do Presidente da República,
sobre assunto previamente determinado, importando crime limites globais para o montante da dívida consolidada da
de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº VII - dispor sobre limites globais e condições para
2, de 1994) as operações de crédito externo e interno da União, dos
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas
ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a autarquias e demais entidades controladas pelo Poder
qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante Público federal;
entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto VIII - dispor sobre limites e condições para a
de relevância de seu Ministério. concessão de garantia da União em operações de crédito
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do externo e interno;
Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de IX - estabelecer limites globais e condições para o
informações a Ministros de Estado ou a qualquer das montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
pessoas referidas no caput deste artigo, importando em Federal e dos Municípios;
crime de responsabilidade a recusa, ou o não - X - suspender a execução, no todo ou em parte, de
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
de informações falsas. (Redação dada pela Emenda Supremo Tribunal Federal;
Constitucional de Revisão nº 2, de 1994) XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto
Seção III secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS República antes do término de seu mandato;
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos XII - elaborar seu regimento interno;
Deputados: XIII - dispor sobre sua organização,
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção
instauração de processo contra o Presidente e o Vice- dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a
Presidente da República e os Ministros de Estado; iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
II - proceder à tomada de contas do Presidente da observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
República, quando não apresentadas ao Congresso orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da nº 19, de 1998)
sessão legislativa; XIV - eleger membros do Conselho da República,
III - elaborar seu regimento interno; nos termos do art. 89, VII.
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei componentes, e o desempenho das administrações
para fixação da respectiva remuneração, observados os tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 19.12.2003)
V - eleger membros do Conselho da República, Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I
nos termos do art. 89, VII. e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
Seção IV Federal, limitando-se a condenação, que somente será
DO SENADO FEDERAL proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à
Art. 52. Compete privativamente ao Senado perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o
Federal: exercício de função pública, sem prejuízo das demais
I - processar e julgar o Presidente e o Vice- sanções judiciais cabíveis.
Presidente da República nos crimes de responsabilidade,
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Seção V d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato


DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES público eletivo.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou
invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas Senador:
opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda I - que infringir qualquer das proibições
Constitucional nº 35, de 2001) estabelecidas no artigo anterior;
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a II - cujo procedimento for declarado incompatível
expedição do diploma, serão submetidos a julgamento com o decoro parlamentar;
perante o Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela III - que deixar de comparecer, em cada sessão
Emenda Constitucional nº 35, de 2001) legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em IV - que perder ou tiver suspensos os direitos
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão políticos;
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos
para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva casos previstos nesta Constituição;
sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional VI - que sofrer condenação criminal em sentença
nº 35, de 2001) transitada em julgado.
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar,
Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das
Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, prerrogativas asseguradas a membro do Congresso
que, por iniciativa de partido político nela representado e Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.
pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do
decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo
pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) Senado Federal, por maioria absoluta, mediante
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela provocação da respectiva Mesa ou de partido político
Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e representado no Congresso Nacional, assegurada ampla
cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. defesa. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) de 2013)
§ 5º A sustação do processo suspende a § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a
prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de
Emenda Constitucional nº 35, de 2001) ofício ou mediante provocação de qualquer de seus
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão membros, ou de partido político representado no Congresso
obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou Nacional, assegurada ampla defesa.
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as § 4º A renúncia de parlamentar submetido a
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos
informações. (Redação dada pela Emenda Constitucional termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as
nº 35, de 2001) deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. (Incluído
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de pela Emenda Constitucional de Revisão nº 6, de 1994)
Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa Senador:
respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº I - investido no cargo de Ministro de Estado,
35, de 2001) Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de
subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser missão diplomática temporária;
suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de
Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse
recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis particular, desde que, neste caso, o afastamento não
com a execução da medida. (Incluído pela Emenda ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
Constitucional nº 35, de 2001) § 1º O suplente será convocado nos casos de
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou
I - desde a expedição do diploma: de licença superior a cento e vinte dias.
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica § 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-
de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze
economia mista ou empresa concessionária de serviço meses para o término do mandato.
público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou
uniformes; Senador poderá optar pela remuneração do mandato.
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego Seção VI
remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad DAS REUNIÕES
nutum", nas entidades constantes da alínea anterior; Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á,
II - desde a posse: anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de
a) ser proprietários, controladores ou diretores de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. (Redação dada
empresa que goze de favor decorrente de contrato com pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão
remunerada; transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando
b) ocupar cargo ou função de que sejam recaírem em sábados, domingos ou feriados.
demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, § 2º A sessão legislativa não será interrompida
"a"; sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
c) patrocinar causa em que seja interessada orçamentárias.
qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a";

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§ 3º Além de outros casos previstos nesta V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou


Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal cidadão;
reunir-se-ão em sessão conjunta para: VI - apreciar programas de obras, planos
I - inaugurar a sessão legislativa; nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre
II - elaborar o regimento comum e regular a criação eles emitir parecer.
de serviços comuns às duas Casas; § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que
III - receber o compromisso do Presidente e do terão poderes de investigação próprios das autoridades
Vice-Presidente da República; judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da separadamente, mediante requerimento de um terço de
legislatura, para a posse de seus membros e eleição das seus membros, para a apuração de fato determinado e por
respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
a recondução para o mesmo cargo na eleição encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a
imediatamente subsequente. (Redação dada pela Emenda responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
Constitucional nº 50, de 2006) § 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão
§ 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida representativa do Congresso Nacional, eleita por suas
pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos Casas na última sessão ordinária do período legislativo,
serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de com atribuições definidas no regimento comum, cuja
cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no composição reproduzirá, quanto possível, a
Senado Federal. proporcionalidade da representação partidária.
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Seção VIII
Nacional far-se-á: (Redação dada pela Emenda DO PROCESSO LEGISLATIVO
Constitucional nº 50, de 2006) Subseção I
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de Disposição Geral
decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, Art. 59. O processo legislativo compreende a
de pedido de autorização para a decretação de estado de elaboração de:
sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do I - emendas à Constituição;
Vice-Presidente da República; II - leis complementares;
II - pelo Presidente da República, pelos III - leis ordinárias;
Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado IV - leis delegadas;
Federal ou a requerimento da maioria dos membros de V - medidas provisórias;
ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público VI - decretos legislativos;
relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a VII - resoluções.
aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a
Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
Constitucional nº 50, de 2006) Subseção II
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Da Emenda à Constituição
Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria Art. 60. A Constituição poderá ser emendada
para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º mediante proposta:
deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, I - de um terço, no mínimo, dos membros da
em razão da convocação. (Redação dada pela Emenda Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
Constitucional nº 50, de 2006) II - do Presidente da República;
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na III - de mais da metade das Assembleias
data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,
serão elas automaticamente incluídas na pauta da cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
convocação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de § 1º A Constituição não poderá ser emendada na
2001) vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de
Seção VII estado de sítio.
DAS COMISSÕES § 2º A proposta será discutida e votada em cada
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
comissões permanentes e temporárias, constituídas na considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
forma e com as atribuições previstas no respectivo quintos dos votos dos respectivos membros.
regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 3º A emenda à Constituição será promulgada
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a Federal, com o respectivo número de ordem.
representação proporcional dos partidos ou dos blocos § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de
parlamentares que participam da respectiva Casa. emenda tendente a abolir:
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua I - a forma federativa de Estado;
competência, cabe: II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na III - a separação dos Poderes;
forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se IV - os direitos e garantias individuais.
houver recurso de um décimo dos membros da Casa; § 5º A matéria constante de proposta de emenda
II - realizar audiências públicas com entidades da rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
sociedade civil; nova proposta na mesma sessão legislativa.
III - convocar Ministros de Estado para prestar Subseção III
informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; Das Leis
IV - receber petições, reclamações, Art. 61. A iniciativa das leis complementares e
representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da
ou omissões das autoridades ou entidades públicas; Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do
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Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e último dia daquele em que foi editada.(Incluído pela
nos casos previstos nesta Constituição. Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto
República as leis que: nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,
Armadas; prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período,
II - disponham sobre: devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
a) criação de cargos, funções ou empregos legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. (Incluído
públicos na administração direta e autárquica ou aumento pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
de sua remuneração; § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da
b) organização administrativa e judiciária, matéria publicação da medida provisória, suspendendo-se durante
tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da os períodos de recesso do Congresso Nacional.(Incluído
administração dos Territórios; pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
c) servidores públicos da União e Territórios, seu § 5º A deliberação de cada uma das Casas do
regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias
aposentadoria; (Redação dada pela Emenda Constitucional dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus
nº 18, de 1998) pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda
d) organização do Ministério Público e da Constitucional nº 32, de 2001)
Defensoria Pública da União, bem como normas gerais § 6º Se a medida provisória não for apreciada em
para a organização do Ministério Público e da Defensoria até quarenta e cinco dias contados de sua publicação,
Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; entrará em regime de urgência, subsequentemente, em
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando
administração pública, observado o disposto no art. 84, sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais
VI; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de deliberações legislativas da Casa em que estiver
2001) tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
f) militares das Forças Armadas, seu regime 2001)
jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual
remuneração, reforma e transferência para a reserva. período a vigência de medida provisória que, no prazo de
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado § 8º As medidas provisórias terão sua votação
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com iniciada na Câmara dos Deputados. (Incluído pela Emenda
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada Constitucional nº 32, de 2001)
um deles. § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas
Presidente da República poderá adotar medidas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de separada, pelo plenário de cada uma das Casas do
imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão
sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou
de 2001) que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
nº 32, de 2001) § 11. Não editado o decreto legislativo a que se
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de
partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda eficácia de medida provisória, as relações jurídicas
Constitucional nº 32, de 2001) constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua
b) direito penal, processual penal e processual vigência conservar-se-ão por ela regidas. (Incluído pela
civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério § 12. Aprovado projeto de lei de conversão
Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído alterando o texto original da medida provisória, esta manter-
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
orçamento e créditos adicionais e suplementares, 32, de 2001)
ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Art. 63. Não será admitido aumento da despesa
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) prevista:
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de I - nos projetos de iniciativa exclusiva do
poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166,
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 3º e § 4º;
III – reservada a lei complementar; (Incluído pela II - nos projetos sobre organização dos serviços
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.
Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei
Presidente da República. (Incluído pela Emenda de iniciativa do Presidente da República, do Supremo
Constitucional nº 32, de 2001) Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou Câmara dos Deputados.
majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I,
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§ 1º O Presidente da República poderá solicitar II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais,


urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa. políticos e eleitorais;
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
e o Senado Federal não se manifestarem sobre a orçamentos.
proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e § 2º A delegação ao Presidente da República terá
cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações a forma de resolução do Congresso Nacional, que
legislativas da respectiva Casa, com exceção das que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime § 3º Se a resolução determinar a apreciação do
a votação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação
32, de 2001) única, vedada qualquer emenda.
§ 3º A apreciação das emendas do Senado Art. 69. As leis complementares serão aprovadas
Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de por maioria absoluta.
dez dias, observado quanto ao mais o disposto no
parágrafo anterior. Seção IX
§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E
recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos ORÇAMENTÁRIA
projetos de código. Art. 70. A fiscalização contábil, financeira,
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
será revisto pela outra, em um só turno de discussão e entidades da administração direta e indireta, quanto à
votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
voltará à Casa iniciadora. sistema de controle interno de cada Poder.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa
votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
que, aquiescendo, o sancionará. guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em
projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
prazo de quinze dias úteis, contados da data do Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do da União, ao qual compete:
veto. I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto Presidente da República, mediante parecer prévio que
integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do recebimento;
Presidente da República importará sanção. II - julgar as contas dos administradores e demais
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só administração direta e indireta, incluídas as fundações e
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público
Deputados e Senadores. (Redação dada pela Emenda federal, e as contas daqueles que derem causa a perda,
Constitucional nº 76, de 2013) extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto erário público;
enviado, para promulgação, ao Presidente da República. III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia administração direta e indireta, incluídas as fundações
da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as
até sua votação final. (Redação dada pela Emenda nomeações para cargo de provimento em comissão, bem
Constitucional nº 32, de 2001) como a das concessões de aposentadorias, reformas e
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não
quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos alterem o fundamento legal do ato concessório;
casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de
Vice-Presidente do Senado fazê-lo. inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no
absoluta dos membros de qualquer das Casas do inciso II;
Congresso Nacional. V - fiscalizar as contas nacionais das empresas
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo supranacionais de cujo capital social a União participe, de
Presidente da República, que deverá solicitar a delegação forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
ao Congresso Nacional. VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
competência exclusiva do Congresso Nacional, os de ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Federal ou a Município;
Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, VII - prestar as informações solicitadas pelo
nem a legislação sobre: Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
Público, a carreira e a garantia de seus membros; contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial
e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
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VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro,


ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e,
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras quando no exercício das demais atribuições da judicatura,
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; as de juiz de Tribunal Regional Federal.
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e
adote as providências necessárias ao exato cumprimento Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
da lei, se verificada ilegalidade; controle interno com a finalidade de:
X - sustar, se não atendido, a execução do ato I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos plano plurianual, a execução dos programas de governo e
Deputados e ao Senado Federal; dos orçamentos da União;
XI - representar ao Poder competente sobre II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
irregularidades ou abusos apurados. quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária,
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que administração federal, bem como da aplicação de recursos
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas públicos por entidades de direito privado;
cabíveis. III - exercer o controle das operações de crédito,
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da
Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as União;
medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
a respeito. missão institucional.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao
imputação de débito ou multa terão eficácia de título tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou
executivo. ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso União, sob pena de responsabilidade solidária.
Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação
atividades. ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal
refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não de Contas da União.
autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção
programados ou de subsídios não aprovados, poderá aplicam-se, no que couber, à organização, composição e
solicitar à autoridade governamental responsável que, no fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do
prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou Contas dos Municípios.
considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Parágrafo único. As Constituições estaduais
Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que
prazo de trinta dias. serão integrados por sete Conselheiros.
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a CAPÍTULO II
Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano DO PODER EXECUTIVO
irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Seção I
Congresso Nacional sua sustação. DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado REPÚBLICA
por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de
exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. Estado.
96. . Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no
serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último
seguintes requisitos: domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e anterior ao do término do mandato presidencial vigente.
cinco anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
II - idoneidade moral e reputação ilibada; § 1º A eleição do Presidente da República
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, importará a do Vice-Presidente com ele registrado.
econômicos e financeiros ou de administração pública; § 2º Será considerado eleito Presidente o
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de candidato que, registrado por partido político, obtiver a
efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos maioria absoluta de votos, não computados os em branco e
mencionados no inciso anterior. os nulos.
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria
serão escolhidos: absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até
I - um terço pelo Presidente da República, com vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os
aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dois candidatos mais votados e considerando-se eleito
dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo § 4º Se, antes de realizado o segundo turno,
os critérios de antiguidade e merecimento; ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de
II - dois terços pelo Congresso Nacional. candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União maior votação.
terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores,
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com
Tribunal de Justiça, aplicando-se lhes, quanto à a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) República tomarão posse em sessão do Congresso
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Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e XII - conceder indulto e comutar penas, com
cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a XIII - exercer o comando supremo das Forças
independência do Brasil. Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-
fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, los para os cargos que lhes são privativos; (Redação dada
salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
este será declarado vago. XIV - nomear, após aprovação pelo Senado
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice- Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o
Presidente. Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, do banco central e outros servidores, quando determinado
além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei em lei;
complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os
convocado para missões especiais. Ministros do Tribunal de Contas da União;
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos
do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
serão sucessivamente chamados ao exercício da XVII - nomear membros do Conselho da
Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do República, nos termos do art. 89, VII;
Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. XVIII - convocar e presidir o Conselho da
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice- República e o Conselho de Defesa Nacional;
Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias XIX - declarar guerra, no caso de agressão
depois de aberta a última vaga. estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das
do período presidencial, a eleição para ambos os cargos sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar,
será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso total ou parcialmente, a mobilização nacional;
Nacional, na forma da lei. XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão do Congresso Nacional;
completar o período de seus antecessores. XXI - conferir condecorações e distinções
Art. 82. O mandato do Presidente da República é honoríficas;
de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano XXII - permitir, nos casos previstos em lei
seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emenda complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
Constitucional nº 16, de 1997) território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano
República não poderão, sem licença do Congresso plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
dias, sob pena de perda do cargo. XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso
Seção II Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da
Das Atribuições do Presidente da República sessão legislativa, as contas referentes ao exercício
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da anterior;
República: XXV - prover e extinguir os cargos públicos
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; federais, na forma da lei;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
a direção superior da administração federal; nos termos do art. 62;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
casos previstos nesta Constituição; Constituição.
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, Parágrafo único. O Presidente da República
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
execução; XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação União, que observarão os limites traçados nas respectivas
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) delegações.
a) organização e funcionamento da administração Seção III
federal, quando não implicar aumento de despesa nem Da Responsabilidade do Presidente da República
criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Presidente da República que atentem contra a Constituição
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando Federal e, especialmente, contra:
vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de I - a existência da União;
2001) II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
VII - manter relações com Estados estrangeiros e Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
acreditar seus representantes diplomáticos; constitucionais das unidades da Federação;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; sociais;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de IV - a segurança interna do País;
sítio; V - a probidade na administração;
X - decretar e executar a intervenção federal; VI - a lei orçamentária;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao VII - o cumprimento das leis e das decisões
Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão judiciais.
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as
providências que julgar necessárias;
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Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em II - as questões relevantes para a estabilidade das
lei especial, que estabelecerá as normas de processo e instituições democráticas.
julgamento. § 1º O Presidente da República poderá convocar
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho,
da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, quando constar da pauta questão relacionada com o
será ele submetido a julgamento perante o Supremo respectivo Ministério.
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante § 2º A lei regulará a organização e o
o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. funcionamento do Conselho da República.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas Subseção II
funções: Do Conselho de Defesa Nacional
I - nas infrações penais comuns, se recebida a Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; de consulta do Presidente da República nos assuntos
II - nos crimes de responsabilidade, após a relacionados com a soberania nacional e a defesa do
instauração do processo pelo Senado Federal. Estado democrático, e dele participam como membros
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, natos:
o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento I - o Vice-Presidente da República;
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
processo. III - o Presidente do Senado Federal;
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença IV - o Ministro da Justiça;
condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação
República não estará sujeito a prisão. dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
§ 4º O Presidente da República, na vigência de VI - o Ministro das Relações Exteriores;
seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos VII - o Ministro do Planejamento.
estranhos ao exercício de suas funções. VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e
Seção IV da Aeronáutica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23,
DOS MINISTROS DE ESTADO de 1999)
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e
dos direitos políticos. de celebração da paz, nos termos desta Constituição;
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, II - opinar sobre a decretação do estado de defesa,
além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição do estado de sítio e da intervenção federal;
e na lei: III - propor os critérios e condições de utilização de
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão áreas indispensáveis à segurança do território nacional e
dos órgãos e entidades da administração federal na área de opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
sua competência e referendar os atos e decretos assinados fronteira e nas relacionadas com a preservação e a
pelo Presidente da República; exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;
II - expedir instruções para a execução das leis, IV - estudar, propor e acompanhar o
decretos e regulamentos; desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a
III - apresentar ao Presidente da República independência nacional e a defesa do Estado democrático.
relatório anual de sua gestão no Ministério; § 2º A lei regulará a organização e o
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.
lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da CAPÍTULO III
República. DO PODER JUDICIÁRIO
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Seção I
Ministérios e órgãos da administração pública. (Redação DISPOSIÇÕES GERAIS
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
Seção V I - o Supremo Tribunal Federal;
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela
DEFESA NACIONAL Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Subseção I II - o Superior Tribunal de Justiça;
Do Conselho da República II-A - o Tribunal Superior do
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92,
de consulta do Presidente da República, e dele participam: de 2016)
I - o Vice-Presidente da República; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; Federais;
III - o Presidente do Senado Federal; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
dos Deputados; VI - os Tribunais e Juízes Militares;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do
Federal; Distrito Federal e Territórios.
VI - o Ministro da Justiça; § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na
trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal 45, de 2004)
e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais
mandato de três anos, vedada a recondução. Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.
Art. 90. Compete ao Conselho da República (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
pronunciar-se sobre: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do
I - intervenção federal, estado de defesa e estado Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
de sítio; Magistratura, observados os seguintes princípios:
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I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II;
juiz substituto, mediante concurso público de provas e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; presença, em determinados atos, às próprias partes e a
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais
II - promoção de entrância para entrância, a preservação do direito à intimidade do interessado no
alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas sigilo não prejudique o interesse público à informação;
as seguintes normas: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por X as decisões administrativas dos tribunais serão
três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares
merecimento; tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a XI nos tribunais com número superior a vinte e
primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial,
não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco
c) aferição do merecimento conforme o membros, para o exercício das atribuições administrativas e
desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno,
presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra
aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela
aperfeiçoamento; (Redação dada pela Emenda Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Constitucional nº 45, de 2004) XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente
de dois terços de seus membros, conforme procedimento forense normal, juízes em plantão permanente; (Incluído
próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
até fixar-se a indicação; (Redação dada pela Emenda XIII o número de juízes na unidade jurisdicional
Constitucional nº 45, de 2004) será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva
e) não será promovido o juiz que, população; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
injustificadamente, retiver autos em seu poder além do 2004)
prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o XIV os servidores receberão delegação para a
devido despacho ou decisão; (Incluída pela Emenda prática de atos de administração e atos de mero expediente
Constitucional nº 45, de 2004) sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á nº 45, de 2004)
por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados XV a distribuição de processos será imediata, em
na última ou única entrância; (Redação dada pela Emenda todos os graus de jurisdição. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) Constitucional nº 45, de 2004)
IV previsão de cursos oficiais de preparação, Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais
aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do
participação em curso oficial ou reconhecido por escola Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados; advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) com mais de dez anos de efetiva atividade profissional,
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do das respectivas classes.
subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura de seus integrantes para nomeação.
judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será
cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda
mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o
em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) judicial transitada em julgado;
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
de seus dependentes observarão o disposto no art. 40; público, na forma do art. 93, VIII;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
salvo autorização do tribunal; (Redação dada pela Emenda 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Constitucional nº 45, de 2004) 19, de 1998)
VIII o ato de remoção, disponibilidade e Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar- I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro
se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo cargo ou função, salvo uma de magistério;
tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional participação em processo;
nº 45, de 2004) III - dedicar-se à atividade político-partidária.
VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios
magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
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privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; § 2º As custas e emolumentos serão destinados


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual específicas da Justiça. (Incluído pela Emenda
se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento Constitucional nº 45, de 2004)
do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) autonomia administrativa e financeira.
Art. 96. Compete privativamente: § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas
I - aos tribunais: orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
regimentos internos, com observância das normas de § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os
processo e das garantias processuais das partes, dispondo outros tribunais interessados, compete:
sobre a competência e o funcionamento dos respectivos I - no âmbito da União, aos Presidentes do
órgãos jurisdicionais e administrativos; Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares a aprovação dos respectivos tribunais;
e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal
exercício da atividade correcional respectiva; e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os a aprovação dos respectivos tribunais.
cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não
d) propor a criação de novas varas judiciárias; encaminharem as respectivas propostas orçamentárias
e) prover, por concurso público de provas, ou de dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes
provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de
único, os cargos necessários à administração da Justiça, consolidação da proposta orçamentária anual, os valores
exceto os de confiança assim definidos em lei; aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
imediatamente vinculados; § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais este artigo forem encaminhadas em desacordo com os
Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo
Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: procederá aos ajustes necessários para fins de
a) a alteração do número de membros dos consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído
tribunais inferiores; pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
b) a criação e a extinção de cargos e a § 5º Durante a execução orçamentária do
remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a
lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de assunção de obrigações que extrapolem os limites
seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se
inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos
Constitucional nº 41, 19.12.2003) suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; Constitucional nº 45, de 2004)
d) a alteração da organização e da divisão Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas
judiciárias; Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na
estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à
membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de conta dos créditos respectivos, proibida a designação de
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
Eleitoral. créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). (Vide Emenda
seus membros ou dos membros do respectivo órgão Constitucional nº 62, de 2009)
especial poderão os tribunais declarar a § 1º Os débitos de natureza alimentícia
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder compreendem aqueles decorrentes de salários,
Público. vencimentos, proventos, pensões e suas
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos complementações, benefícios previdenciários e
Territórios, e os Estados criarão: indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em
I - juizados especiais, providos por juízes togados, responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial
ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre
julgamento e a execução de causas cíveis de menor todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no
complexidade e infrações penais de menor potencial § 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, Constitucional nº 62, de 2009).
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos
julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60
grau; (sessenta) anos de idade, ou seja portadores de doença
II - justiça de paz, remunerada, composta de grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na
cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os
mandato de quatro anos e competência para, na forma da demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em
lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o
impugnação apresentada, o processo de habilitação e fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante
exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, será pago na ordem cronológica de apresentação do
além de outras previstas na legislação. precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados 94, de 2016)
especiais no âmbito da Justiça Federal. (Renumerado pela § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos
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de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente,
as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença seus créditos em precatórios a terceiros,
judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda independentemente da concordância do devedor, não se
Constitucional nº 62, de 2009). aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de § 14. A cessão de precatórios somente produzirá
direito público, segundo as diferentes capacidades efeitos após comunicação, por meio de petição
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora.
benefício do regime geral de previdência social. (Redação (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das complementar a esta Constituição Federal poderá
entidades de direito público, de verba necessária ao estabelecer regime especial para pagamento de crédito de
pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios,
transitadas em julgado, constantes de precatórios dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e
judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o forma e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda
pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão Constitucional nº 62, de 2009).
seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os
abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, diretamente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de
cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão 2009)
exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
requerimento do credor e exclusivamente para os casos de Municípios aferirão mensalmente, em base anual, o
preterimento de seu direito de precedência ou de não comprometimento de suas respectivas receitas correntes
alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do líquidas com o pagamento de precatórios e obrigações de
seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação pequeno valor. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 94, de 2016)
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por § 18. Entende-se como receita corrente líquida,
ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a para os fins de que trata o § 17, o somatório das receitas
liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
responsabilidade e responderá, também, perante o contribuições e de serviços, de transferências correntes e
Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do
Constitucional nº 62, de 2009). art. 20 da Constituição Federal, verificado no período
§ 8º É vedada a expedição de precatórios compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao
complementares ou suplementares de valor pago, bem de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas
como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da as duplicidades, e deduzidas: (Incluído pela Emenda
execução para fins de enquadramento de parcela do total Constitucional nº 94, de 2016)
ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda I - na União, as parcelas entregues aos Estados,
Constitucional nº 62, de 2009). ao Distrito Federal e aos Municípios por determinação
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, constitucional; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
independentemente de regulamentação, deles deverá ser 94, de 2016)
abatido, a título de compensação, valor correspondente aos II - nos Estados, as parcelas entregues aos
débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e Municípios por determinação constitucional; (Incluído
constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e
ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em nos Municípios, a contribuição dos servidores para custeio
virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído de seu sistema de previdência e assistência social e as
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). receitas provenientes da compensação financeira referida
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. (Incluído pela
Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes
direito de abatimento, informação sobre os débitos que de condenações judiciais em precatórios e obrigações de
preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse
nele previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, a média do comprometimento percentual da receita
de 2009). corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido anteriores, a parcela que exceder esse percentual poderá
em lei da entidade federativa devedora, a entrega de ser financiada, excetuada dos limites de endividamento de
créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição
respectivo ente federado. (Incluído pela Emenda Federal e de quaisquer outros limites de endividamento
Constitucional nº 62, de 2009). previstos, não se aplicando a esse financiamento a vedação
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda de vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167 da
Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, Constituição Federal. (Incluído pela Emenda
após sua expedição, até o efetivo pagamento, Constitucional nº 94, de 2016)
independentemente de sua natureza, será feita pelo índice § 20. Caso haja precatório com valor superior a
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, 15% (quinze por cento) do montante dos precatórios
e, para fins de compensação da mora, incidirão juros apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze
simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a por cento) do valor deste precatório serão pagos até o final
caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos
juros compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional cinco exercícios subsequentes, acrescidas de juros de mora
nº 62, de 2009). e correção monetária, ou mediante acordos diretos, perante
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Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com o) os conflitos de competência entre o Superior


redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais
crédito atualizado, desde que em relação ao crédito não Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados p) o pedido de medida cautelar das ações diretas
os requisitos definidos na regulamentação editada pelo ente de inconstitucionalidade;
federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de q) o mandado de injunção, quando a elaboração
2016) da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da
Seção II República, do Congresso Nacional, da Câmara dos
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um
de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal
trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, Federal;
de notável saber jurídico e reputação ilibada. r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal e contra o Conselho Nacional do Ministério Público;
Federal serão nomeados pelo Presidente da República, (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do II - julgar, em recurso ordinário:
Senado Federal. a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, habeas data e o mandado de injunção decididos em única
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a
I - processar e julgar, originariamente: decisão;
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou b) o crime político;
ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de III - julgar, mediante recurso extraordinário, as
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; causas decididas em única ou última instância, quando a
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) decisão recorrida:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da a) contrariar dispositivo desta Constituição;
República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da federal;
República; c) julgar válida lei ou ato de governo local
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de contestado em face desta Constituição.
responsabilidade, os Ministros de Estado e os d) julgar válida lei local contestada em face de lei
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de
ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos 2004)
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e § 1.º A arguição de descumprimento de preceito
os chefes de missão diplomática de caráter permanente; fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das (Transformado do parágrafo único em § 1º pela Emenda
pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de Constitucional nº 3, de 17/03/93)
segurança e o habeas data contra atos do Presidente da § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas
República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito
Tribunal Federal; vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela
Território; Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
f) as causas e os conflitos entre a União e os § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá
Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, demonstrar a repercussão geral das questões
inclusive as respectivas entidades da administração constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim
indireta; de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de
h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, seus membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004) de 2004)
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Art. 103. Podem propor a ação direta de
Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade inconstitucionalidade e a ação declaratória de
ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de Constitucional nº 45, de 2004)
crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; I - o Presidente da República;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999) II - a Mesa do Senado Federal;
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
julgados; IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da
l) a reclamação para a preservação de sua Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela
competência e garantia da autoridade de suas decisões; Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
m) a execução de sentença nas causas de sua V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
competência originária, facultada a delegação de (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
atribuições para a prática de atos processuais; VI - o Procurador-Geral da República;
n) a ação em que todos os membros da VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados
magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e do Brasil;
aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de VIII - partido político com representação no
origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente Congresso Nacional;
interessados;
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IX - confederação sindical ou entidade de classe VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal
de âmbito nacional. de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser 2004)
previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho,
em todos os processos de competência do Supremo indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela
Tribunal Federal. Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal
de medida para tornar efetiva norma constitucional, será Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional
dada ciência ao Poder competente para a adoção das nº 45, de 2004)
providências necessárias e, em se tratando de órgão X um membro do Ministério Público da União,
administrativo, para fazê-lo em trinta dias. indicado pelo Procurador-Geral da República; (Incluído pela
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato XI um membro do Ministério Público estadual,
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os
que defenderá o ato ou texto impugnado. nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição
§ 4.º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, estadual; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
de 2004) 2004)
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de XII dois advogados, indicados pelo Conselho
ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Incluído pela
dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e
publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Deputados e outro pelo Senado Federal. (Incluído pela
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do
cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61,
interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca de 2009)
das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou § 2º Os demais membros do Conselho serão
entre esses e a administração pública que acarrete grave nomeados pelo Presidente da República, depois de
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
sobre questão idêntica. (Incluído pela Emenda Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61,
Constitucional nº 45, de 2004) de 2009)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações
em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo
poderá ser provocada por aqueles que podem propor a Tribunal Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
ação direta de inconstitucionalidade.(Incluído pela Emenda 45, de 2004)
Constitucional nº 45, de 2004) § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-
aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda
cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que Constitucional nº 45, de 2004)
outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir
45, de 2004) atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça recomendar providências; (Incluído pela Emenda
compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 Constitucional nº 45, de 2004)
(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Redação II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009) ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; administrativos praticados por membros ou órgãos do
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009) Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, prazo para que se adotem as providências necessárias ao
indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do
Constitucional nº 45, de 2004) Tribunal de Contas da União; (Incluído pela Emenda
III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Constitucional nº 45, de 2004)
indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda III receber e conhecer das reclamações contra
Constitucional nº 45, de 2004) membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra
IV um desembargador de Tribunal de Justiça, seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores
indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela de serviços notariais e de registro que atuem por delegação
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) do poder público ou oficializados, sem prejuízo da
V um juiz estadual, indicado pelo Supremo competência disciplinar e correcional dos tribunais,
Tribunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº podendo avocar processos disciplinares em curso e
45, de 2004) determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria
VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de
pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda serviço e aplicar outras sanções administrativas,
Constitucional nº 45, de 2004) assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

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IV representar ao Ministério Público, no caso de a) nos crimes comuns, os Governadores dos


crime contra a administração pública ou de abuso de Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
autoridade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de
2004) Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos
V rever, de ofício ou mediante provocação, os Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os
processos disciplinares de juízes e membros de tribunais dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais
julgados há menos de um ano; (Incluído pela Emenda Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
Constitucional nº 45, de 2004) Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério
VI elaborar semestralmente relatório estatístico Público da União que oficiem perante tribunais;
sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da b) os mandados de segurança e os habeas data
Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio
VII elaborar relatório anual, propondo as Tribunal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23,
providências que julgar necessárias, sobre a situação do de 1999)
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente
qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou
Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro
ocasião da abertura da sessão legislativa. (Incluído pela de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído d) os conflitos de competência entre quaisquer
da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem
além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre
da Magistratura, as seguintes: (Incluído pela Emenda juízes vinculados a tribunais diversos;
Constitucional nº 45, de 2004) e) as revisões criminais e as ações rescisórias de
I receber as reclamações e denúncias, de qualquer seus julgados;
interessado, relativas aos magistrados e aos serviços f) a reclamação para a preservação de sua
judiciários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de competência e garantia da autoridade de suas decisões;
2004) g) os conflitos de atribuições entre autoridades
II exercer funções executivas do Conselho, de administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades
inspeção e de correição geral; (Incluído pela Emenda judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do
Constitucional nº 45, de 2004) Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
III requisitar e designar magistrados, delegando- h) o mandado de injunção, quando a elaboração
lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade
tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e ou autoridade federal, da administração direta ou indireta,
Territórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal
2004) Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral,
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador- da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da i) a homologação de sentenças estrangeiras e a
Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído pela Emenda concessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluída pela
Constitucional nº 45, de 2004) Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos II - julgar, em recurso ordinário:
Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para a) os habeas corpus decididos em única ou última
receber reclamações e denúncias de qualquer interessado instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
seus serviços auxiliares, representando diretamente ao quando a decisão for denegatória;
Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda b) os mandados de segurança decididos em única
Constitucional nº 45, de 2004) instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
Seção III tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA quando denegatória a decisão;
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se c) as causas em que forem partes Estado
de, no mínimo, trinta e três Ministros. estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no
de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, País;
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de III - julgar, em recurso especial, as causas
sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais
reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
maioria absoluta do Senado Federal, sendo: (Redação Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais vigência;
Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais b) julgar válido ato de governo local contestado em
de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio face de lei federal; (Redação dada pela Emenda
Tribunal; Constitucional nº 45, de 2004)
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e c) der a lei federal interpretação divergente da que
membros do Ministério Público Federal, Estadual, do lhe haja atribuído outro tribunal.
Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior
forma do art. 94. Tribunal de Justiça: (Redação dada pela Emenda
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: Constitucional nº 45, de 2004)
I - processar e julgar, originariamente: I - a Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre
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outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o II - as causas entre Estado estrangeiro ou
ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada
Constitucional nº 45, de 2004) ou residente no País;
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe III - as causas fundadas em tratado ou contrato da
exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo IV - os crimes políticos e as infrações penais
graus, como órgão central do sistema e com poderes praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da
correcionais, cujas decisões terão caráter vinculante. União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
Seção IV competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES V - os crimes previstos em tratado ou convenção
FEDERAIS internacional, quando, iniciada a execução no País, o
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
I - os Tribunais Regionais Federais; reciprocamente;
II - os Juízes Federais. V-A as causas relativas a direitos humanos a que
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda
compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, Constitucional nº 45, de 2004)
quando possível, na respectiva região e nomeados pelo VI - os crimes contra a organização do trabalho e,
Presidente da República dentre brasileiros com mais de nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro
trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: e a ordem econômico-financeira;
I - um quinto dentre advogados com mais de dez VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua
anos de efetiva atividade profissional e membros do competência ou quando o constrangimento provier de
Ministério Público Federal com mais de dez anos de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
carreira; outra jurisdição;
II - os demais, mediante promoção de juízes VIII - os mandados de segurança e os habeas data
federais com mais de cinco anos de exercício, por contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
antiguidade e merecimento, alternadamente. competência dos tribunais federais;
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou
juízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
jurisdição e sede. (Renumerado do parágrafo único, pela X - os crimes de ingresso ou permanência irregular
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a "exequatur", e de sentença estrangeira, após a
justiça itinerante, com a realização de audiências e demais homologação, as causas referentes à nacionalidade,
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos XI - a disputa sobre direitos indígenas.
e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, § 1º As causas em que a União for autora serão
de 2004) aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão parte.
funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras § 2º As causas intentadas contra a União poderão
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o
jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou,
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais ainda, no Distrito Federal.
Federais: § 3º Serão processadas e julgadas na justiça
I - processar e julgar, originariamente: estadual, no foro do domicílio dos segurados ou
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, beneficiários, as causas em que forem parte instituição de
incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos previdência social e segurado, sempre que a comarca não
crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa
Ministério Público da União, ressalvada a competência da condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam
Justiça Eleitoral; também processadas e julgadas pela justiça estadual.
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso
julgados seus ou dos juízes federais da região; cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na
c) os mandados de segurança e os habeas data área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora humanos, o Procurador-Geral da República, com a
for juiz federal; finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
e) os conflitos de competência entre juízes federais decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos
vinculados ao Tribunal; dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito
pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício ou processo, incidente de deslocamento de competência
da competência federal da área de sua jurisdição. para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e Constitucional nº 45, de 2004)
julgar: Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito
I - as causas em que a União, entidade autárquica Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede
ou empresa pública federal forem interessadas na condição a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o
de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de estabelecido em lei.
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a
Eleitoral e à Justiça do Trabalho; jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais
caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.

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Seção V Estados, do Distrito Federal e dos


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Do Tribunal Superior do Trabalho, dos 45, de 2004)
Tribunais Regionais II as ações que envolvam exercício do direito de
do Trabalho e dos Juízes do Trabalho greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: 2004)
I - o Tribunal Superior do Trabalho; III as ações sobre representação sindical, entre
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre
III - Juízes do Trabalho. (Redação dada pela sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda
Emenda Constitucional nº 24, de 1999) Constitucional nº 45, de 2004)
§§ 1º a 3º (Revogados pela Emenda IV os mandados de segurança, habeas corpus e
Constitucional nº 45, de 2004) habeas data , quando o ato questionado envolver matéria
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda
compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre Constitucional nº 45, de 2004)
brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de V os conflitos de competência entre órgãos com
sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I,
reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República o; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, VI as ações de indenização por dano moral ou
sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional patrimonial, decorrentes da relação de
nº 92, de 2016) trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
I um quinto dentre advogados com mais de dez de 2004)
anos de efetiva atividade profissional e membros do VII as ações relativas às penalidades
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos
efetivo exercício, observado o disposto no art. de fiscalização das relações de trabalho; (Incluído pela
94; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
2004) VIII a execução, de ofício, das contribuições
II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos
do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, legais, decorrentes das sentenças que
indicados pelo próprio Tribunal Superior. (Incluído proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) de 2004)
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal IX outras controvérsias decorrentes da relação de
Superior do Trabalho. (Incluído pela Emenda trabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes
Trabalho: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, poderão eleger árbitros.
de 2004) § 2º Recusando-se qualquer das partes à
I a Escola Nacional de Formação e negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às
Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de
dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir
o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, anteriormente. (Redação dada pela Emenda
cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão Constitucional nº 45, de 2004)
administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da § 3º Em caso de greve em atividade essencial,
Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como com possibilidade de lesão do interesse público, o
órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio
vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o
de 2004) conflito. (Redação dada pela Emenda Constitucional
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho nº 45, de 2004)
processar e julgar, originariamente, a reclamação para a Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho
preservação de sua competência e garantia da autoridade compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados,
de suas decisões. (Incluído pela Emenda quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo
Constitucional nº 92, de 2016) Presidente da República dentre brasileiros com mais de
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: (Redação
podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o I um quinto dentre advogados com mais de dez
respectivo Tribunal Regional do T anos de efetiva atividade profissional e membros do
trabalho. (Redação dada pela Emenda Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de
Constitucional nº 45, de 2004) efetivo exercício, observado o disposto no art.
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, 94; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45,
investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de 2004)
de exercício dos órgãos da Justiça do II os demais, mediante promoção de juízes do
Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional trabalho por antiguidade e merecimento,
nº 24, de 1999) alternadamente. (Redação dada pela Emenda
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar Constitucional nº 45, de 2004)
e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão
nº 45, de 2004) a justiça itinerante, com a realização de audiências e
I as ações oriundas da relação de trabalho, demais funções de atividade jurisdicional, nos limites
abrangidos os entes de direito público externo e da territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
administração pública direta e indireta da União, dos
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equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela § 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal


Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou
funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras mandado de segurança.
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do § 4º Das decisões dos Tribunais Regionais
jurisdicionado à justiça em todas as fases do Eleitorais somente caberá recurso quando:
processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, I - forem proferidas contra disposição expressa
de 2004) desta Constituição ou de lei;
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre
exercida por um juiz singular. (Redação dada pela dois ou mais tribunais eleitorais;
Emenda Constitucional nº 24, de 1999) III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição
Parágrafo único. (Revogado pela Emenda de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
Constitucional nº 24, de 1999) IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de
Art. 117. e Parágrafo único. (Revogados mandatos eletivos federais ou estaduais;
pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999) V - denegarem habeas corpus, mandado de
Seção VI segurança, habeas data ou mandado de injunção.
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS Seção VII
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES
I - o Tribunal Superior Eleitoral; Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
II - os Tribunais Regionais Eleitorais; I - o Superior Tribunal Militar;
III - os Juízes Eleitorais; II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por
IV - as Juntas Eleitorais. lei.
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se- Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á
á, no mínimo, de sete membros, escolhidos: de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da
I - mediante eleição, pelo voto secreto: República, depois de aprovada a indicação pelo Senado
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha,
Tribunal Federal; quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto
Tribunal de Justiça; mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.
II - por nomeação do Presidente da República, dois Parágrafo único. Os Ministros civis serão
juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros
idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal maiores de trinta e cinco anos, sendo:
Federal. I - três dentre advogados de notório saber jurídico
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva
elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os atividade profissional;
Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor II - dois, por escolha paritária, dentre juízes
Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. auditores e membros do Ministério Público da Justiça
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Militar.
Capital de cada Estado e no Distrito Federal. Art. 124. à Justiça Militar compete processar e
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se- julgar os crimes militares definidos em lei.
ão: Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização,
I - mediante eleição, pelo voto secreto: o funcionamento e a competência da Justiça Militar.
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Seção VIII
Tribunal de Justiça; DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça,
escolhidos pelo Tribunal de Justiça; observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com § 1º A competência dos tribunais será definida na
sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não Constituição do Estado, sendo a lei de organização
havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
Tribunal Regional Federal respectivo; § 2º Cabe aos Estados a instituição de
III - por nomeação, pelo Presidente da República, representação de inconstitucionalidade de leis ou atos
de dois juízes dentre seis advogados de notável saber normativos estaduais ou municipais em face da
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação
Justiça. para agir a um único órgão.
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta
Presidente e o Vice-Presidente- dentre os do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual,
desembargadores. constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
organização e competência dos tribunais, dos juízes de Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos
direito e das juntas eleitorais. Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil
§ 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito integrantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas 45, de 2004)
funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e
garantias e serão inamovíveis. julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
§ 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo definidos em lei e as ações judiciais contra atos
justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por disciplinares militares, ressalvada a competência do júri
mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente
escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e
número igual para cada categoria. da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
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§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar Art. 128. O Ministério Público abrange:
processar e julgar, singularmente, os crimes militares I - o Ministério Público da União, que compreende:
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos a) o Ministério Público Federal;
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob b) o Ministério Público do Trabalho;
a presidência de juiz de direito, processar e julgar os c) o Ministério Público Militar;
demais crimes militares. (Incluído pela Emenda d) o Ministério Público do Distrito Federal e
Constitucional nº 45, de 2004) Territórios;
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar II - os Ministérios Públicos dos Estados.
descentralizada mente, constituindo Câmaras regionais, a § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente
em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda da República dentre integrantes da carreira, maiores de
Constitucional nº 45, de 2004) trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para
itinerante, com a realização de audiências e demais mandato de dois anos, permitida a recondução.
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da § 2º A destituição do Procurador-Geral da
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos República, por iniciativa do Presidente da República, deverá
e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, ser precedida de autorização da maioria absoluta do
de 2004) Senado Federal.
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do
de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre
competência exclusiva para questões agrárias. (Redação integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo
Parágrafo único. Sempre que necessário à Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos,
eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no permitida uma recondução.
local do litígio. § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no
CAPÍTULO IV Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) forma da lei complementar respectiva.
SEÇÃO I § 5º Leis complementares da União e dos Estados,
DO MINISTÉRIO PÚBLICO cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-
Art. 127. O Ministério Público é instituição Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, estatuto de cada Ministério Público, observadas,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime relativamente a seus membros:
democrático e dos interesses sociais e individuais I - as seguintes garantias:
indisponíveis. a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não
§ 1º São princípios institucionais do Ministério podendo perder o cargo senão por sentença judicial
Público a unidade, a indivisibilidade e a independência transitada em julgado;
funcional. b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia público, mediante decisão do órgão colegiado competente
funcional e administrativa, podendo, observado o disposto do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus
no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela
de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
concurso público de provas ou de provas e títulos, a política c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,
sua organização e funcionamento. (Redação dada pela 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta II - as seguintes vedações:
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de a) receber, a qualquer título e sob qualquer
diretrizes orçamentárias. pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a b) exercer a advocacia;
respectiva proposta orçamentária dentro do prazo c) participar de sociedade comercial, na forma da
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder lei;
Executivo considerará, para fins de consolidação da d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer
proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei outra função pública, salvo uma de magistério;
orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites e) exercer atividade político-partidária; (Redação
estipulados na forma do § 3º. (Incluído pela Emenda dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Constitucional nº 45, de 2004) f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
artigo for encaminhada em desacordo com os limites privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
aos ajustes necessários para fins de consolidação da § 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o
proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda disposto no art. 95, parágrafo único, V. (Incluído pela
Constitucional nº 45, de 2004) Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º Durante a execução orçamentária do Art. 129. São funções institucionais do Ministério
exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a Público:
assunção de obrigações que extrapolem os limites I - promover, privativamente, a ação penal pública,
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se na forma da lei;
previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos
suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda e dos serviços de relevância pública aos direitos
Constitucional nº 45, de 2004)
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assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas § 1º Os membros do Conselho oriundos do


necessárias a sua garantia; Ministério Público serão indicados pelos respectivos
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, Ministérios Públicos, na forma da lei.
para a proteção do patrimônio público e social, do meio § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; Público o controle da atuação administrativa e financeira do
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais
representação para fins de intervenção da União e dos de seus membros, cabendo lhe:
Estados, nos casos previstos nesta Constituição; I zelar pela autonomia funcional e administrativa do
V - defender judicialmente os direitos e interesses Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares,
das populações indígenas; no âmbito de sua competência, ou recomendar
VI - expedir notificações nos procedimentos providências;
administrativos de sua competência, requisitando II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
informações e documentos para instruí-los, na forma da lei ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
complementar respectiva; administrativos praticados por membros ou órgãos do
VII - exercer o controle externo da atividade Ministério Público da União e dos Estados, podendo
policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem
anterior; as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
VIII - requisitar diligências investigatórias e a sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos III receber e conhecer das reclamações contra
jurídicos de suas manifestações processuais; membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos
IX - exercer outras funções que lhe forem Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem
conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, prejuízo da competência disciplinar e correcional da
sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria instituição, podendo avocar processos disciplinares em
jurídica de entidades públicas. curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao
ações civis previstas neste artigo não impede a de tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta assegurada ampla defesa;
Constituição e na lei. IV rever, de ofício ou mediante provocação, os
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser processos disciplinares de membros do Ministério Público
exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir da União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do V elaborar relatório anual, propondo as
chefe da instituição. (Redação dada pela Emenda providências que julgar necessárias sobre a situação do
Constitucional nº 45, de 2004) Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.
far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, § 3º O Conselho escolherá, em votação secreta,
assegurada a participação da Ordem dos Advogados do um Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério
Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em Público que o integram, vedada a recondução, competindo-
direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei,
observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. as seguintes:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I receber reclamações e denúncias, de qualquer
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que interessado, relativas aos membros do Ministério Público e
couber, o disposto no art. 93. (Redação dada pela Emenda dos seus serviços auxiliares;
Constitucional nº 45, de 2004) II exercer funções executivas do Conselho, de
§ 5º A distribuição de processos no Ministério inspeção e correição geral;
Público será imediata. (Incluído pela Emenda Constitucional III requisitar e designar membros do Ministério
nº 45, de 2004) Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto de órgãos do Ministério Público.
aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem
seção pertinentes a direitos, vedações e forma de dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
investidura. § 5º Leis da União e dos Estados criarão
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério ouvidorias do Ministério Público, competentes para receber
Público compõe-se de quatorze membros nomeados pelo reclamações e denúncias de qualquer interessado contra
Presidente da República, depois de aprovada a escolha membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra
pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato seus serviços auxiliares, representando diretamente ao
de dois anos, admitida uma recondução, sendo: (Incluído Conselho Nacional do Ministério Público.
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I o Procurador-Geral da República, que o preside; NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II quatro membros do Ministério Público da União,
assegurada a representação de cada uma de suas Vários Juristas pátrios buscaram conceituar o ramo
carreiras; do Direito denominado Direito Administrativo. Entre vários,
III três membros do Ministério Público dos Estados; vale destacar, os conceitos do saudoso Hely Lopes
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Meirelles e de Maria Sílvia Zenella Di Pietro.
Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; Para o primeiro, o conceito de Direito
V dois advogados, indicados pelo Conselho Administrativo sintetiza-se no conjunto harmônico de
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes, e as
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e
reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos imediatamente os fins desejados pelo Estado1.
Deputados e outro pelo Senado Federal. Por seu turno, a segunda diz que, é o ramo do
Direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e
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pessoas jurídicas administrativas que integram a específica, para a realização de atividades, obras ou
Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa serviços descentralizados da entidade estatal que as criou.
que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução Funcionam e operam na forma estabelecida na Lei
de seus fins, de natureza pública2. instituidora e nos termos do seu regulamento. As autarquias
podem desempenhar atividades econômicas, educacionais,
Natureza e Fins da Administração Pública previdenciárias e quaisquer outras outorgadas pela
entidade estatal-matriz, mas sem subordinação hierárquica,
A natureza da administração pública é a de múnus sujeitas apenas ao controle finalístico de sua administração
público para quem exerce, isto é, a de um encargo de e da conduta de seus dirigentes.
defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e
interesses da coletividade. Entidades Fundacionais
Por seu turno, os fins da administração pública São pessoas jurídicas de Direito Público ou
resumem-se num único objetivo: o bem comum da pessoas jurídicas de Direito Privado, devendo a Lei definir
coletividade administrada. Toda a atividade do as respectivas áreas de atuação, conforme o inc. XIX do
administrador público deve ser orientada para esse objetivo. art. 37 da CF/88, na nova redação dada pela EC nº 19/98.
Se dele o administrador se afasta ou desvia, trai o mandato No primeiro caso elas são criadas por Lei, à semelhança
de que está investido, porque a comunidade não instituiu a das autarquias, e no segundo caso, a Lei apenas autoriza a
Administração senão como meio de atingir o bem-estar sua criação, devendo o Poder Executivo tomar as
social. Ilícito e imoral, será todo ato administrativo praticado providências necessárias à sua instituição.
que não for praticado no interesse da coletividade. Lembramos que, quando Constituição
Federal de 1988 refere-se à Administração
Administração Pública e Governo Direta, Autárquica e Fundacional, quer se referir apenas às
Deixando de lado o que a Doutrina chama de pessoas jurídicas de Direito Público, vale dizer, União,
sentido formal e sentido material de Administração Pública Estados-Membros, Distrito Federal, Municípios e suas
e Governo, focaremos nosso estudo numa visão objetiva, a autarquias e fundações públicas, estas somente quando de
qual sintetiza a essência de tais aspectos doutrinários. Direito Público, porque instituídas (criadas) diretamente por
Nesse sentido, numa visão global, a Administração é, pois, Lei específica. Não, portanto, às de Direito Privado, assim
todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização entendidas as fundações cujas instituições decorrem de
de serviços, visando à satisfação das necessidades autorização (não de criação) legal específica do Poder
coletivas. Público.
A Administração não pratica atos de Governo;
pratica, tão-somente, atos de execução, com maior ou Entidades Empresariais
menor autonomia funcional, segundo a competência do São pessoas jurídicas de Direito Privado,
órgão e de seus agentes. São os chamados atos instituídas sob a forma de sociedade de economia mista ou
administrativos, que por sua variedade e importância, serão empresa pública, com a finalidade de prestar serviço
abordados em separado. público que possa ser explorado no modo empresarial, ou
Comparativamente, podemos dizer que Governo é de exercer atividade econômica de relevante interesse
uma atividade política e discricionária; Administração e uma coletivo. Sua criação deve ser autorizada por lei específica,
atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma cabendo ao Poder Executivo as providências
técnica. Governo é conduta independente; Administração é complementares para a sua instituição.
conduta hierarquizada. Por fim, Administração é o
instrumental de que dispõe o Estado para por em prática as Entidades Paraestatais
opções políticas do Governo Portanto, Governo e São pessoas jurídicas de Direito Privado que, por
Administração como criações abstratas da Constituição e lei, são autorizadas a prestar serviços ou realizar atividades
das Leis, atuam por intermédio de suas entidades (Pessoas de interesse coletivo ou público, mas, não exclusivo de
Jurídicas), de seus órgãos (Centros de Decisões) e de seus Estado. São espécies de entidades paraestatais os serviços
agentes (Pessoas Físicas investidas em Cargos e sociais autônomos (SESI, SENAI, SESC e outros) e
Funções). recentemente, as Organizações Sociais (OS’s) e as
Organizações Sociais Civis de Interesse Público (OSCIP’s).
As entidades paraestatais são autônomas,
Entidades Políticas e Administrativas administrativa e financeiramente, têm patrimônio próprio e
Entidade é pessoa jurídica, pública ou privada4; operam em regime de iniciativa particular, na forma de seus
órgão é elemento despersonalizado incumbido da estatutos, ficando sujeitas apenas à supervisão do órgão da
realização das atividades da entidade a que pertence, entidade estatal a que se encontrem vinculadas, para o
através de seus agentes. Na sistemática administrativa controle de desempenho estatutário. São os denominados
brasileira, as entidades classificam-se em estatais, entes de cooperação com o Estado.
autárquicas, fundacionais, empresariais e paraestatais.
Órgãos e Agentes Públicos
Entidades Estatais Órgãos são centros de competência instituídos
São pessoas jurídicas de Direito Público que para o desempenho de funções estatais, através de seus
integram a estrutura do constitucional do Estado e têm agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que
poderes políticos e administrativos, tais como a União, os pertencem.
Estados-Membros, os Municípios e o Distrito Federal. A São unidades de ação com atribuições específicas
União é soberana, as demais entidades estatais têm na organização estatal. Cada órgão como centro de
apenas autonomia política, administrativa e financeira, mas competência governamental ou administrativa, tem
não dispõem de soberania, que é privativa da Federação. necessariamente funções, cargo e agentes, mas é distinto
desses elementos, que podem ser modificados,,
Entidades Autárquicas substituídos ou retirados sem supressão da unidade
São pessoas jurídicas de Direito Público, de orgânica. Isto explica por que a alteração de funções, ou a
natureza meramente administrativa, criadas por Lei
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vacância dos cargos, ou a mudança de seus titulares, não lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração
acarreta a extinção do órgão. Pública só é permitido fazer tudo o que a lei autorize. A lei
Os órgãos integram a estrutura do Estado e das para o particular significa “pode fazer assim”; para o
demais pessoas jurídicas como parte desses corpos vivos, administrador público significa “deve fazer assim”.
dotados de vontade e capazes de exercer direitos e contrair
obrigações para a consecução de seus fins institucionais. Moralidade
Por isso mesmo, os órgãos não têm personalidade jurídica A Moralidade administrativa constitui, hoje em dia,
nem vontade própria, que são atributos do corpo e não das pressuposto de validade de todo ato da Administração
partes, mas, na área de suas atribuições e nos limites de Pública (CF, Art.37, caput). Não se trata da moral comum,
sua competência funcional expressam a vontade através de mas sim, de uma moral jurídica entendida como o “conjunto
seus agentes (pessoa física). de regras tiradas da disciplina interior da Administração”.
Agentes Públicos, são todas as pessoas físicas O Agente Administrativo, como ser humano dotado
incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o
alguma função estatal. Os agentes normalmente Bem do Mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, não
desempenham funções no órgão, distribuídos entre cargos poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim,
de que são titulares, mas, excepcionalmente podem exercer não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo
funções sem cargo. do injusto, o conveniente do inconveniente, o oportuno do
Nesse sentido, cargos, são apenas os lugares inoportuno, mas também entre o honesto do desonesto.
criados no órgão para serem providos por agentes que Por consequência de Direito e de Moral, o ato
exercerão suas funções na forma legal. O cargo é lotado no administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica,
órgão e agente é investido no cargo. Por aí se vê que o mas também à ética da própria instituição, porque nem tudo
cargo integra o órgão, ao passo que o agente, como ser que é legal é honesto. A moral comum é imposta ao homem
humano, unicamente titulariza o cargo para servir ao órgão. para a sua conduta externa; a moral administrativa é
Órgão, função e cargo são abstrações da lei; agente é a imposta ao agente público para a sua conduta interna,
pessoa humana, real, que infunde vida, vontade e ação a segundo as exigências da instituição a que serve e a
essas abstrações da lei. finalidade de sua ação: o bem comum.
As funções por seu turno, são os encargos O certo é que, a moralidade do ato administrativo
atribuídos aos órgãos, cargos e agentes. O órgão juntamente com a sua legalidade, e finalidade, além da sua
geralmente recebe uma função in genere e a repassa aos adequação aos demais princípios constituem pressupostos
seus cargos in espécie, ou a transfere diretamente a de validade sem os quais toda a atividade pública será
agentes sem cargos, com a necessária parcela de Poder ilegítima.
público para o seu exercício. O inegável é que a moralidade administrativa
integra o Direito como elemento indissociável na sua
aplicação e na sua finalidade, erigindo-se em fator de
Princípios Básicos da Administração Pública legalidade. Daí por que o TJSP decidiu com inegável
Os princípios básicos da Administração estão acerto, que “o controle jurisdicional se restringe ao exame
consubstanciados em doze regras de observância da legalidade do ato administrativo; mas por legalidade ou
obrigatória e permanente para o bom administrador, são legitimidade se entende não só a conformação do ato com
elas: a lei, como também com a moral administrativa e com o
interesse coletivo”6.
1. Legalidade;
2. Moralidade; Impessoalidade ou Finalidade
3. Impessoalidade ou Finalidade; O princípio da impessoalidade, referido na CF/88,
4. Publicidade; nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual
5. Eficiência; impõe ao administrador público que só pratique o ato para o
6. Razoabilidade; seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a
7. Proporcionalidade; norma de Direito indica expressa ou virtualmente como
8. Ampla Defesa; objetivo do ato, de forma impessoal.
9. Contraditório; Esse princípio também deve ser entendido para
10. Segurança Jurídica; excluir a promoção pessoal de autoridades ou servidores
11. Motivação; públicos sobre suas realizações administrativas (CF, art.37,
12. Supremacia do Interesse Público. § 1º). O que o princípio da finalidade veda é a prática de ato
administrativo sem interesse público ou conveniência para a
Os cinco primeiros estão expressamente previstos Administração, visando unicamente a satisfazer interesses
no art.37, caput, da CF/88; e os demais, embora não privados, por favoritismo ou perseguição dos agentes
mencionados, decorrem do nosso regime político, tanto governamentais, sob a forma de desvio de finalidade. Esse
que, ao lado daqueles, foram textualmente enumerados desvio de conduta dos agentes públicos, constitui uma das
pelo art.2º da Lei federal nº 9.784/99. formas mais insidiosas do denominado abuso de poder.

Legalidade Razoabilidade e Proporcionalidade


A legalidade, como princípio da Administração (CF, Implícito na CF/88, esse princípio ganha dia a dia
art.37, caput), significa que o administrador público está, em força e relevância no estudo do Direito Administrativo e no
toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da exame da atividade administrativa.
lei e às exigências do bem comum, e deles não pode se
afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e Sem dúvida alguma, ele pode ser chamado de
expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, princípio da proibição de excesso, que, em última análise,
conforme o caso. A eficácia de toda atividade administrativa objetiva aferir a compatibilidade entre os meios e os fins, de
está condicionada ao atendimento da Lei do Direito. modo a evitar restrições desnecessárias ou abusivas por
Na Administração Pública não há liberdade nem parte da Administração Pública, com lesão aos direitos
vontade pessoal. Enquanto na administração particular é fundamentais.7
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Como se percebe, parece-nos que a razoabilidade ser observado, mesmo quando as atividades ou serviços
envolve a proporcionalidade. E vice-versa. Registre-se, sejam delegadas aos particulares.
ainda, que a razoabilidade não pode ser lançada como
instrumento de substituição da vontade da lei pela vontade PODERES ADMINISTRATIVOS
do julgador ou intérprete. Para bem entender o Interesse Público, a
Administração é dotada de poderes administrativos –
Publicidade distintos dos poderes políticos – consentâneos e
proporcionais aos encargos que lhe são atribuídos. Tais
Publicidade é a divulgação oficial dos atos para poderes são verdadeiros instrumentos de trabalho,
conhecimento público e início dos seus efeitos externos. adequados à realização das tarefas administrativas. Daí
Daí por que as leis, atos e contratos administrativos que serem considerados poderes instrumentais, diversamente
produzem consequências jurídicas fora dos órgãos que os dos poderes políticos, que são estruturais e orgânicos,
emitem exigem publicidade para adquirirem validade porque compõem a estrutura do Estado e integram a
universal, isto é, perante as partes e terceiros. organização constitucional.
A publicidade ao é elemento formativo do ato; é Em sua diversidade, são classificados, consoante
requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo os atos a liberdade da Administração para a prática dos seus atos,
irregulares não se convalidam com a publicação, nem os a saber:
regulares a dispensam para a sua exequibilidade, quando a a). Poder Vinculado;
lei ou regulamento o exige. b). Poder Discricionário;
Em princípio o ato administrativo deve ser c). Poder Hierárquico;
publicado, porque pública é a Administração que o realiza, d). Poder Disciplinar;
somente se admitindo sigilo nos casos de segurança e). Poder Regulamentar;
nacional, investigações policiais ou interesse superior da f). Poder de Polícia.
Administração a ser preservado em processo previamente
declarado sigiloso nos termos da Lei nº 8.159/91 e Dec.nº Esses poderes são inerentes à Administração de
2.134/97. todas as entidades estatais – União, Estados, Distrito
Federal e Municípios – na proporção e limites de suas
Eficiência competências institucionais, e podem ser usados isolado e
Esse princípio exige que a atividade administrativa cumulativamente para a consecução do mesmo ato. Tal o
seja exercida com presteza, perfeição e rendimento que ocorre, p.ex., com o ato de polícia administrativa, que
funcional. É o mais moderno princípio da função normalmente precedido de uma regulamentação do
administrativa, que já não se contenta em ser Executivo (poder regulamentar), em que a autoridade
desempenhado apenas com legalidade, exigindo resultados escalona a distribui as funções dos agentes fiscalizadores
positivos para o Serviço Público e satisfatório atendimento (poder hierárquico), concedendo-lhes atribuições vinculadas
das necessidades da comunidade e de seus membros. (poder vinculado) ou discricionárias (poder discricionário),
para a imposição de sanções aos infratores (poder de
Segurança Jurídica polícia).
Esse princípio é entendido como da boa-fé dos
administrados ou da proteção e confiança. A ele está Poder Vinculado
visceralmente ligada a exigência de maior estabilidade das Poder Vinculado é aquele que o Direito Positivo –
situações jurídicas, mesmo daquelas que na origem a lei - confere à Administração Pública para a prática de ato
apresentam vícios de ilegalidade. de sua competência, determinando os elementos e
requisitos necessários à sua formalização.
Motivação Dificilmente encontraremos um ato administrativo
É um princípio que está visceralmente inserido em inteiramente vinculado, porque haverá sempre aspectos
nosso regime político, após a promulgação da Constituição sobre os quais a Administração terá opções na sua
Federal de 1988. Sendo assim, uma exigência do Direito realização. Mas o que caracteriza o ato vinculado é a
Público e da legalidade governamental. predominância de especificações da lei sobre os elementos
Pela motivação o administrador público justifica a deixados livres para a Administração.
sua ação administrativa, indicando os fatos (pressupostos Elementos vinculados serão sempre a
de fato) que ensejaram o ato e os preceitos jurídicos competência, a finalidade e a forma, além de outros que a
(pressupostos de direito) que autorizam a sua prática. norma legal indicar para a consecução do ato. Realmente
Evidente que, em certos atos oriundos do chamado Poder ninguém pode exercer Poder Administrativo sem
Discricionário a justificação será dispensável, bastando competência legal, ou desviado do seu objetivo público, ou
apenas evidenciar a competência para o exercício desse com preterição de requisitos ou de procedimentos
poder e a conformação do ato com o interesse público. estabelecidos em lei, regulamento ou edital. Relegando
qualquer desses elementos, além de outros que a norma
Ampla Defesa e Contraditório exigir, o ato é nulo, e assim pode ser declarado pela própria
A disposição constitucional constante no Art.5º, LV, Administração ou pelo Judiciário, porque a vinculação é
assegura “aos litigantes em processo(...) administrativo, o matéria de legalidade.
contraditório a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes”. Poder Discricionário
Poder discricionário é o que o Direito concede à
Interesse Público ou Supremacia do Interesse Administração, de modo explícito ou implícito, para a prática
Público de atos administrativos com liberdade na escolha de sua
O princípio do interesse público está intimamente conveniência, oportunidade e conteúdo.
ligado ao da finalidade. A primazia do interesse público Convém lembrar que o poder discricionário não se
sobre o privado é inerente à atuação estatal e domina-a, na confunde com poder arbitrário. Discricionariedade e arbítrio
medida em que a existência do Estado Justifica-se pela são atitudes inteiramente diversas. Discricionariedade é
busca do interesse geral. Em razão dessa inerência, deve liberdade de ação administrativa, dentro dos limites
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permitidos em lei; arbítrio é ação contrária ou excedente da O poder regulamentar é a faculdade de que dispõe
lei. Ato discricionário, quando autorizado pelo Direito, é os Chefes do Executivo (Presidente da República,
legal e válido; ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido. Governadores e Prefeitos) de explicar a lei para a sua
A atividade discricionária encontra plena correta execução, ou de expedir Decreto autônomo sobre
justificativa na impossibilidade de o legislador catalogar na matéria de sua competência ainda não disciplinada por lei.
lei todos os atos que a prática administrativa exige. O ideal É um poder inteiramente privativo do Chefe do
seria que a lei regulasse minuciosamente a ação Executivo (CF,art.84,IV), e, por isso mesmo, indelegável a
administrativa, modelando cada um dos atos a serem qualquer pessoa subordinada.
praticados pelo administrador, mas como isto não é Os vazios da lei e a imprevisibilidade de certos
possível, dada, a multiplicidade e diversidade dos fatos que fatos e circunstâncias que surgem, a reclamar providências
pedem pronta solução ao Poder Público, o legislador imediatas da Administração, impõem se reconheça ao
somente regula a prática de alguns atos administrativos que Chefe do Executivo o poder de regulamentar, através de
reputa de maior relevância deixando o cometimento dos Decreto as normas legislativas incompletas, ou de prover
demais ao prudente critério do administrador. situações não previstas pelo legislador, mas ocorrentes na
Mas, embora não cuidando de todos os aspectos prática administrativa. O essencial é que o Executivo, ao
dos atos relegados à faculdade discricionária, o legislador expedir regulamento autônomo ou de execução de lei –,
subordina-se a um mínimo legal, consistente na estrita não invada as chamadas “reservas da lei”, ou seja, aquelas
observância, por parte de quem os vai praticar, da matérias só disciplináveis por lei, e tais são, em princípio,
competência, da forma, e da finalidade, deixando o mais à as que afetam as garantias e os direitos individuais
livre escolha do agente administrativo. Em tal hipótese, assegurados pela Constituição (art.5º).
executa a lei vinculadamente, quanto aos elementos que
ela discrimina, e discricionariamente, quanto aos aspectos Regulamento é ato administrativo geral e
em que ela admite opção. normativo, expedido privativamente pelo Chefe do
Se o administrador se desviar desse roteiro, Executivo (Federal, Estadual, Distrital ou Municipal), através
praticando ato que, embora discricionário, busque outro de Decreto, com o fim de explicar o modo e a forma de
objetivo, incidirá em ilegalidade, por desvio de poder ou de execução da lei (regulamento de execução) ou prover
finalidade, que poderá ser reconhecido e declarado pela situações ainda não disciplinadas em lei (regulamento
própria Administração ou pelo Poder Judiciário. Erro é autônomo ou independente).
considerar que o ato discricionário é imune à apreciação
judicial, pois só a Justiça poderá dizer da legalidade da Poder de Polícia
invocada discricionariedade e dos limites de opção do Dentre os poderes administrativos figura, com
agente administrativo. especial destaque o chamado poder de polícia
O que o Judiciário não pode é, no ato administrativa, que a Administração Pública exerce sobre
discricionário, substituir o discricionarismo do administrador todas as atividades e bens que afetam ou possam afetar a
pelo do Juiz. Mas pode sempre proclamar as nulidades e coletividade. Pra esse policiamento há competências
coibir os abusos da Administração. exclusivas e concorrentes das três esferas estatais, dada a
descentralização político-administrativa decorrente do
Poder Hierárquico nosso sistema constitucional.
Esse poder é o que dispõe o Executivo para Em princípio, tem competência para policiar a
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e entidade que dispõe do poder de regular a matéria. Assim
rever a atuação dos seus agentes, estabelecendo relação sendo, os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos a
de subordinação entre os servidores do seu quadro de regulamentação e policiamento da União; as matérias de
pessoal. interesse regional sujeitam-se às normas e à polícia
Poder hierárquico e poder disciplinar não se estadual; e os assuntos de interesse local subordinam-se
confundem, mas andam juntos, por serem os sustentáculos aos regulamentos edilícios e ao policiamento administrativo
de toda organização administrativa. municipal.
O poder hierárquico tem por objetivo ordenar, Sendo assim podemos conceituar o poder de
coordenar, controlar e corrigir as atividades, no âmbito polícia como a faculdade de que dispõe a Administração
interno da Administração Pública. pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens,
Nesse sentido, do poder hierárquico decorrem atividades e direitos individuais, em benefício da
faculdades implícitas para o superior tais como: dar ordens coletividade ou do próprio Estado.
e fiscalizar o seu cumprimento, a de delegar e avocar De forma mais clara, podemos dizer que o poder
atribuições e a de rever os atos dos inferiores. de polícia é o mecanismo de frenagem de que dispõe a
Administração Pública para conter os abusos de direito
Poder Disciplinar individual. Por este mecanismo, que faz parte de toda
É a faculdade de punir internamente as Administração, o Estado detém a atividade dos particulares
infrações funcionais dos servidores e demais pessoas que se revelar contrária, nociva ou inconveniente ao bem-
sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da estar social, ao desenvolvimento e à segurança pública.
Administração. É uma supremacia especial que o Estado A legislação pátria, bem conceituou o poder de
exerce sobre todos aqueles que se vinculam à polícia, veja-se o art.78 do CTN: “considera-se poder de
Administração por relações de qualquer natureza, polícia a atividade da Administração Pública que, limitando
subordinando-se às normas de funcionamento do serviço ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
ou do estabelecimento que passam a integrar definitiva ou prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
transitoriamente. público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
A punição disciplinar e a criminal têm fundamentos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
diversos, e diversa é a natureza das penas. A diferença não exercício de atividades econômicas dependentes de
é de grau, mas, de substância. concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
Poder Regulamentar individuais e coletivos”.

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causam prejuízo ao Erário (art.10); e C). os que atentam


Poderes e Deveres do Administrador Público contra os Princípios da Administração Pública (art.11).
Os Poderes e Deveres do Administrador Público
são aqueles que expressos em lei, são impulsionados pela Dever de Prestar Contas
moral administrativa e os exigidos pelo interesse da O Dever de Prestar Contas é decorrência natural
coletividade. Fora dessa generalidade não se poderá da administração como encargo de gestão de bens e
indicar o que é Poder e o que é Dever do gestor público, interesses alheios. Se o administrador corresponde ao
porque, estando sujeito ao ordenamento jurídico geral e às desempenho de um mandato de zelo e conservação de
leis administrativas especiais, só essas normas poderão bens e interesses de outrem, manifesto é que quem o
catalogar, para cada entidade, órgão ou cargo, função, exerce deverá contas ao proprietário.
serviço ou atividade pública, os poderes e deveres de quem
os exerce. Uso e Abuso de Poder
Sendo assim, cada agente administrativo é dotado
é investido de necessária parcela de Poder Público para o Nos Estados de Direito como nosso, a
desempenho de suas funções/atribuições. Esse Poder é de Administração Pública deve obediência à lei em todas as
ser usado normalmente, como atributo do cargo ou da suas manifestações.
função, e não como privilégio da pessoa que o exerce. É O poder administrativo concedido à autoridade
exatamente esse Poder que empresta autoridade ao agente pública tem limites certos e forma legal de utilização. Não
público quando recebe da lei a competência decisória e sendo carta branca para arbítrios, violência, perseguições
força para impor suas decisões aos administrados. ou favoritismos governamentais. Qualquer ato de
De acordo com o explicitado, quando despido da autoridade, para ser irrepreensível, deve conformar-se com
função ou fora do exercício do cargo, não pode usar da a lei, com a moral da instituição e com o interesse público.
autoridade pública, nem mesmo invocá-la ao talante do seu Sem esses requisitos o ato administrativo expõe-se a
capricho para superpor-se aos demais cidadãos. Tal nulidade.
conduta se praticada, configura-se no que chama-se de
abuso de autoridade, definido pela Lei nº 4.089/65. Uso do Poder
O uso do poder é prerrogativa da autoridade. Mas
Poder-Dever de Agir o poder há que ser usado normalmente, sem abuso. Usar
O Poder-Dever de agir da autoridade normalmente o poder é empregá-lo segundo as normas
administrativa é hoje reconhecido tanto pela doutrina como legais, a moral da instituição, a finalidade do ato e as
pela jurisprudência. O Poder tem para o agente público o exigências do serviço público. Abusar do poder é empregá-
significado de Dever para com a comunidade e para com os lo fora da lei e sem utilidade pública.
indivíduos, no sentido de quem o detém está sempre na O uso do poder será sempre lícito, ao contrário, o
obrigação de exercitá-lo. Não se compreenderia que uma abuso de poder será ilícito. Daí porque todo ato abusivo é
autoridade pública – um Governador p.ex. – abrisse mão de nulo, por excesso ou desvio de poder.
seus poderes administrativos, deixando de praticar atos do
seu dever funcional. O poder do administrador público, Abuso do Poder
revestido ao mesmo tempo de Dever para a comunidade, é O abuso de poder ocorre quando a autoridade,
insuscetível de renúncia pelo titular. Tal atitude importaria embora competente para praticar o ato, ultrapassa os
fazer liberalidades com o direito alheio, o Poder Público não limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades
é, nem pode ser, instrumento de cortesia administrativas. administrativas.
Se para o particular o poder de agir é uma O abuso de poder tanto pode revestir a forma
faculdade, para o administrador público é uma obrigação de comissiva como omissiva, porque ambas são capazes de
atuar, desde que se apresente o ensejo de exercita-lo em afrontar a lei e causar lesão a direito individual do
proveito e benefício da comunidade. administrado.
Adverte Caio Tácito, que a inércia da autoridade
Dever de Eficiência administrativa, deixando de executar determinada
prestação de serviço a que por lei é obrigado, lesa o
O Dever de Eficiência foi erigido à categoria de patrimônio jurídico individual. Considerando-se como forma
Princípio constitucional, norteando toda atividade omissiva de abuso de poder, quer o ato seja doloso ou
administrativa, com nova redação dada ao caput do art. 37 culposo.
da CF/88, através da Emenda Constitucional nº 19. Na nossa sistemática administrativa, o abuso de
Objetivando o cumprimento desse Dever, as poder se apresenta de duas espécies distintas, bem
alterações introduzidas no art.41 da CF/88, possibilita a caracterizadas: o excesso de poder e o desvio de
dispensa do servidor público, mesmo estável, mediante finalidade. Nesse sentido, o excesso de poder caracteriza-
procedimento de avaliação periódica de desempenho, na se quando, a autoridade mesmo competente para a prática
forma da Lei Complementar. do ato, vai além do permitido e exorbita no uso das suas
O que se entende por Eficiência Funcional, não faculdades administrativas.
está restrito à produtividade do exercente do cargo ou Já o desvio de finalidade ou de poder, verifica-se
função, mas, também, a perfeição do trabalho adequando- quando a autoridade, embora atuando nos limites de sua
se à técnica e aos fins visados pela Administração. competência, pratica ato por motivos ou fins diversos dos
objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse público.
Dever de Probidade
O Dever de Probidade está constitucionalmente PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
integrado na conduta do administrador público como
elemento necessário à legitimidade de seus atos. Antigamente havia uma preocupação doutrinária
A Lei nº 8.429/92, dispõe sobre as sanções no sentido de se orientar os administradores públicos para
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de improbidade terem um comportamento especial frente à Administração
administrativa, que classifica em três espécies, a saber: A). Pública.
os que importam Enriquecimento Ilícito (art.9º); B). os que
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Esse comportamento especial, regido por presente na vida do administrador público, sendo mais
princípios básicos administrativos, no Brasil foi aparecendo rigorosa que a ética comum.
nas leis infraconstitucionais. Posteriormente, em 1988, os Por exemplo, comete ato imoral o Prefeito
constituintes escreveram no art. 37 da CF um capítulo Municipal que empregar a sua verba de representação em
sobre a Administração Pública, cujos princípios são negócios alheios à sua condição de Administrador Público,
elencados a seguir: pois, é sabido que o administrador público tem que ser
1) Princípio da Legalidade: segundo ele, todos os honesto, tem que ter probidade e, que todo ato
atos da Administração têm que estar em conformidade com administrativo, além de ser legal, tem que ser moral, sob
os princípios legais. pena de sua nulidade.
Este princípio observa não só as leis, mas também Nos casos de improbidade administrativa, os
os regulamentos que contém as normas administrativas governantes podem ter suspensos os seus direitos
contidas em grande parte do texto Constitucional. Quando políticos, além da perda do cargo para a Administração,
a Administração Pública se afasta destes comandos, pratica seguindo-se o ressarcimento dos bens e a nulidade do ato
atos ilegais, produzindo, por consequência, atos nulos e ilicitamente praticado. Há um sistema de fiscalização ou
respondendo por sanções por ela impostas (Poder mecanismo de controle de todos os atos administrativos
Disciplinar). Os servidores, ao praticarem estes atos, praticados. Por exemplo, o Congresso Nacional exerce
podem até ser demitidos. esse controle através de uma fiscalização contábil externa
Um administrador de empresa particular pratica ou interna sobre toda a Administração Pública.
tudo aquilo que a lei não proíbe. Já o administrador 5) Princípio da Publicidade: é a divulgação oficial
público, por ser obrigado ao estrito cumprimento da lei e do ato da Administração para a ciência do público em geral,
dos regulamentos, só pode praticar o que a lei permite. É a com efeito de iniciar a sua atuação externa, ou seja, de
lei que distribui competências aos administradores. gerar efeitos jurídicos. Esses efeitos jurídicos podem ser
2) Princípio da Impessoalidade: no art. 37 da CF o de direitos e de obrigações.
legislador fala também da impessoalidade. No campo do Por exemplo, o Prefeito Municipal, com o objetivo
Direito Administrativo esta palavra foi uma novidade. O de preencher determinada vaga existente na sua
legislador não colocou a palavra finalidade. Administração, nomeia alguém para o cargo de Procurador
Surgiram duas correntes para definir Municipal. No entanto, para que esse ato de nomeação
“impessoalidade”: tenha validade, ele deve ser publicado. E após a sua
Impessoalidade relativa aos administrados: publicação, o nomeado terá 30 dias para tomar posse. Esse
segundo esta corrente, a Administração só pode praticar princípio da publicidade é uma generalidade. Todos os atos
atos impessoais se tais atos vão propiciar o bem comum (a da Administração têm que ser públicos.
coletividade). A explicação para a impessoalidade pode ser
buscada no próprio texto Constitucional através de uma A publicidade dos atos administrativos sofre as
interpretação sistemática da mesma. Por exemplo, de seguintes exceções: nos casos de segurança nacional:
acordo com o art. 100 da CF, “à exceção dos créditos de seja ela de origem militar, econômica, cultural etc.. Nestas
natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda situações, os atos não são tornados públicos. Por exemplo,
.....far-se-ão na ordem cronológica de apresentação dos os órgãos de espionagem não fazem publicidade de seus
precatórios ..” . Não se pode pagar fora desta ordem, pois, atos; nos casos de investigação policial: onde o Inquérito
do contrário, a Administração Pública estaria praticando ato Policial é extremamente sigiloso (só a ação penal que é
de impessoalidade; pública); nos casos dos atos internos da Adm. Pública:
Impessoalidade relativa à Administração: segundo nestes, por não haver interesse da coletividade, não há
esta corrente, os atos impessoais se originam da razão para serem públicos.
Administração, não importando quem os tenha praticado. Por outro lado, embora os processos
Esse princípio deve ser entendido para excluir a promoção administrativos devam ser públicos, a publicidade se
pessoal de autoridade ou serviços públicos sobre suas restringe somente aos seus atos intermediários, ou seja, a
relações administrativas no exercício de fato, pois, de determinadas fases processuais.
acordo com os que defendem esta corrente, os atos são Por outro lado, a Publicidade, ao mesmo tempo em
dos órgãos e não dos agentes públicos; que inicia os atos, também possibilita àqueles que deles
3) Princípio da Finalidade: relacionado com a tomam conhecimento, de utilizarem os remédios
impessoalidade relativa à Administração, este princípio constitucionais contra eles. Assim, com base em diversos
orienta que as normas administrativas tem que ter sempre incisos do art. 5° da CF, o interessado poderá se utilizar:
como objetivo o interesse público.
Assim, se o agente público pratica atos em  do Direito de Petição;
conformidade com a lei, encontra-se, indiretamente, com a  do Mandado de Segurança (remédio
finalidade, que está embutida na própria norma. Por heroico contra atos ilegais envoltos de abuso de poder);
exemplo, em relação à finalidade, uma reunião, um comício  da Ação Popular;
ou uma passeata de interesse coletivo, autorizadas pela  Habeas Data;
Administração Pública, poderão ser dissolvidas, se se  Habeas Corpus.
tornarem violentas, a ponto de causarem problemas à
coletividade (desvio da finalidade). A publicidade dos atos administrativos é feita tanto
Nesse caso, quem dissolve a passeata, pratica na esfera federal (através do Diário Oficial Federal) como
um ato de interesse público da mesma forma que aquele na estadual (através do Diário Oficial Estadual) ou
que a autoriza. O desvio da finalidade pública também pode municipal (através do Diário Oficial do Município). Nos
ser encontrado nos casos de desapropriação de imóveis Municípios, se não houver o Diário Oficial Municipal, a
pelo Poder Público, com finalidade pública, através de publicidade poderá ser feita através dos jornais de grande
indenizações ilícitas; circulação ou afixada em locais conhecidos e determinados
4) Princípio da Moralidade: este princípio está pela Administração.
diretamente relacionado com os próprios atos dos cidadãos Por último, a Publicidade deve ter objetivo
comuns em seu convívio com a comunidade, ligando-se à educativo, informativo e de interesse social, não podendo
moral e à ética administrativa, estando esta última sempre
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ser utilizados símbolos, imagens etc. que caracterizem a Serviço público também não é obra, pois esta tem
promoção pessoal do Agente Administrativo. início, meio e fim, não é contínua.
É muito comum que a obra seja necessária para a
Modalidades e formas de prestação do serviço prestação de um serviço, mas ainda assim ela não se
público confunde com o próprio serviço, que é contínuo, não tem
fim.
CENTRALIZAÇÃO: é a prestação de serviços
diretamente pela pessoa política prevista O serviço público também não se confunde com a
constitucionalmente, sem delegação a outras pessoas. Diz- exploração de atividade econômica pelo Estado, pois esta é
se que a atividade do Estado é centralizada quando ele feita sob o regime jurídico de direito privado, sem as
atua diretamente, por meio de seus órgãos. prerrogativas estatais.
Obs.: Órgãos são simples repartições interiores da
pessoa do Estado, e, por isso, dele não se distinguem. São Os serviços públicos estão regulamentados pela
meros feixes de atribuições - não têm responsabilidade Lei 8987|95.
jurídica própria – toda a sua atuação é imputada às
pessoas a que pertencem. São divisões da Pessoa Princípios inerentes à prestação de serviços
Jurídica. públicos (Art 6º):
Se os serviços estão sendo prestados pelas
Pessoas Políticas constitucionalmente competentes, estará 1) Princípio da generalidade ou universalidade:
havendo centralização.
DESCENTRALIZAÇÃO: é a transferência de Os serviços não podem ser direcionados a
execução do serviço ou da titularidade do serviço para outra determinadas camadas da população.
pessoa, quer seja de direito público ou de direito privado. O serviço publico precisa ser destinado a todas as
São entidades descentralizadas de direito público: pessoas, ou pelo menos a maior quantidade de pessoas
Autarquias e Fundações Públicas. possível.

São entidades descentralizadas de direito privado: 2) Princípio da modicidade das tarifas:


Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista.
Pode, inclusive, a execução do serviço ser Os serviços tem que ser prestados com tarifas
transferida para entidades que não estejam integradas à módicas, pois se o serviço for prestado de forma cara, ele é
Administração Pública, como: Concessionárias de Serviços restrito. A modicidade é também uma garantia da
Públicos e Permissionárias. generalidade.
A descentralização, mesmo que seja para
entidades particulares, não retira o caráter público do 3) Princípio da atualidade:
serviço, apenas transfere a execução.
O Estado deve se adaptar às técnicas mais
modernas e atuais na prestação de serviços.
SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO, PRINCÍPIOS, Não pode buscar técnicas obsoletas.
TITULARIDADE
4) Princípio da cortesia:
Nem toda atividade exercida pelo Estado é serviço
público. Deve haver “cortesia” na prestação do serviço. O
usuário deve ser enxergado como um sujeito que em
A doutrina moderna tem restringido cada vez mais princípio tem razão.
a noção de serviços públicos.
Para que determinada atividade seja considera 5) Princípio da continuidade:
serviço público, precisa atender 3 requisitos: O serviço deve ser prestado de forma ininterrupta.
A continuidade admite exceções, como no caso de
- Substrato material: o serviço público é uma greve ou de exceção de contrato não cumprido. Mas ainda
comodidade ou utilidade prestada a toda sociedade de assim é preciso haver formas de suplência e substituição,
forma contínua. O serviço público não é estanque, não tem para garantir a continuidade.
início, meio e fim, ele é contínuo.
- Trato formal: O serviço público precisa ser 6) Princípio da Isonomia:
prestado sob um regime de direito público, ainda que
prestado por um particular. O serviço público deve ser prestado a todos de
- Elemento subjetivo: o Estado é quem promove a forma igualitária, sem distinção dos usuários.
prestação do serviço, direta ou indiretamente. É ele quem é No entanto, deve também se observar a isonomia
o titular do serviço público. O particular pode até prestar o material, tratando desigualmente os desiguais na medida de
serviço, mas mediante delegação do Estado. suas desigualdades.
A concessionária que presta serviço público deve
CRFB, Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na oferecer no mínimo 6 datas de vencimento.
forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de Classificação dos Serviços Públicos:
serviços públicos.
1) Gerais:
O serviço público não pode se confundir com o
poder de polícia, pois este não é comodidade, e sim São usufruídos pela coletividade ao mesmo tempo
restrição, ainda que exercido na busca do interesse público. e, portanto, o Estado não tem como medir a utilização
individual.

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Ex: segurança pública, defesa nacional, limpeza e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados
pública, iluminação pública. ou a si própria10.
Por isso, esses serviços são custeados pela Esse conceito, segundo a Doutrina, é restrito ao
arrecadação geral dos impostos. ato administrativo unilateral, ou seja, aquele que se forma
com a vontade única da Administração, e que é o ato
2) Individuais: administrativo típico, e que focamos agora. Os atos
bilaterais constituem os contratos administrativos,
O Estado tem como medir individualmente a estudados em separado mais adiante.
utilização desses serviços (Ex: água, energia elétrica, etc). A condição primeira para o surgimento do ato
Por isso, os serviços são prestados mediante a administrativo é que a Administração aja nessa condição,
cobrança de tarifas proporcionais à utilização desse serviço. usando de sua supremacia de Poder Público, visto que
algumas vezes nivela-se ao particular e o ato perde a
Os serviços podem ainda ser exclusivos característica administrativa, igualando-se ao ato jurídico
indelegáveis (prestados sempre de forma direta, como o privado; a segunda é que contenha manifestação de
serviço postal, segurança pública, organização judiciária vontade apta a produzir efeitos jurídicos para os
etc) ou exclusivos delegáveis (serviços que o Estado administrados, para a própria Administração ou para os
pode prestar de forma direta ou indireta, mediante seus servidores; a terceira é que provenha de agente
delegação a particulares, como telefonia, água, gás e luz). competente, com finalidade pública e revestido de forma
legal. Resumindo:
Existem ainda os serviços públicos exclusivos
de delegação obrigatória, que não podem ser prestados
sozinhos pelo Estado, como televisão e rádio, em virtude de Fato Administrativo
um sistema plural e democrático.
Fato administrativo é toda realização material da
Existem também os serviços públicos não Administração em cumprimento de alguma decisão
exclusivos, que o Estado tem o dever de prestar administrativa, tal como a construção de uma ponte, a
diretamente e o particular também tem o poder de prestar instalação de um serviço público, etc. O fato administrativo
por iniciativa própria, sem delegação, como saúde, como materialização da vontade administrativa é dos
educação e previdência. O Estado só irá autorizar e domínios da técnica e só reflexamente interessa ao Direito,
fiscalizar, e não delegar. Esses serviços não exclusivos não em razão das consequências jurídicas que dele possam
são serviços públicos propriamente ditos, o STF chama de advir para a Administração e para os administrados. O que
serviços de utilidade pública. São serviços de interesse convém fixar é que o fato administrativo não se confunde
público prestados pelo particulares. Portanto, um hospital com o ato administrativo, se bem que estejam intimamente
privado segue a reparação do regime do direito civil, e não relacionados, por ser este consequência daquele. O fato
está submetido à regra do art. 37 §6º. São também administrativo resulta sempre do ato administrativo que o
chamados de serviços públicos impróprios. Os demais determina.
serviços, exclusivos, são os serviços públicos próprios.
8.2 Requisitos
A descentralização pode se dar por outorga ou
por delegação. O exame do ato administrativo revela nitidamente
Por meio da outorga, o Estado transfere a a existência de cinco elementos, a saber: competência,
titularidade e a execução de um serviço. A outorga só pode finalidade, forma, motivo e objeto. Tais componentes,
ser feita a pessoas jurídicas de direito público, mediante lei. podem-se dizer, constituem a infraestrutura do ato
Na delegação, o Estado se mantém na titularidade administrativo, seja ele vinculado ou discricionário, simples
e transfere somente a execução do serviço. Pode ser feita ou complexo, de império ou de gestão.
aos entes da administração indireta de direito privado (por Além desses componentes, merecem apreciação,
lei) ou a particulares (mediante contrato, como os contratos pelas implicações com a eficácia de certos atos, o mérito
de concessão). administrativo e o procedimento administrativo, elementos
que embora não integrem sua contextura , concorrem para
OBS: Descentralização por serviço = Outorga ||| a sua formação e validade.
Descentralização por colaboração = Delegação Sem a convergência desses elementos não se
aperfeiçoa o ato e, consequentemente, não terá condições
de eficácia para produzir efeitos válidos. Bastam essas
ATOS ADMINISTRATIVOS considerações para realçar a importância do conhecimento
desses componentes do ato administrativo e justificar as
O Conceito de ato administrativo é o mesmo de ato considerações que passaremos a tecer sobre os mesmos.
jurídico, do qual diferencia como uma categoria informada
pela finalidade pública. Segundo a Lei Civil, “é ato jurídico Competência
todo aquele que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, Para a prática do ato administrativo a competência
transferir, modificar ou extinguir direitos.” é a condição primeira de sua validade. Nenhum ato –
Partindo dessa definição legal, podemos discricionário ou vinculado – pode ser realizado validamente
conceituar ato administrativo com os mesmo elementos sem que o agente disponha de poder para praticá-lo.
fornecidos pela Teoria Geral do Direito, acrescentando-se, Entende-se por competência administrativa o
apenas, a finalidade pública que é própria da espécie e poder atribuído ao agente da Administração para o
distinta do gênero ato jurídico, como acrescentam os desempenho específico de suas funções. A competência
administrativistas mais autorizados. resulta da lei e por ela é delimitada. Todo ato emanando de
Em outras palavras, ato administrativo é toda agente incompetente, ou realizado além do limite de que
manifestação unilateral de vontade da Administração dispõe a autoridade incumbida de sua prática, é inválido,
Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim por lhe faltar um elemento básico de sua perfeição, qual
imediato adquirir resguardar, transferir, modificar, extinguir seja, o poder jurídico para manifestar a vontade da
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Administração. Daí a oportuna advertência de Caio Tácito com ela incompatível. Portanto, na atuação vinculada ou
de que “não é competente quem quer, mas quem pode, discricionária, o agente da Administração, ao praticar o ato,
segundo a norma do Direito”. fica na obrigação de justificar a existência do motivo, sem o
A competência Administrativa sendo um requisito quê o ato será inválido ou, pelo menos, invalidável, por
de ordem pública, é intransferível e improrrogável pela ausência de motivação. Quando, porém, o motivo não for
vontade do interessado. Pode, entretanto, ser delegada e exigido para a perfeição do ato, fica o agente com a
avocada, desde que o permitam as normas reguladoras da faculdade discricionária de praticá-lo sem motivação, mas,
Administração.13 Sem que a lei faculte essa deslocação de se o fizer, vincula-se aos motivos aduzidos, sujeitando-se à
função não é possível a modificação discricionária da obrigação de demonstrar a sua efetiva ocorrência.
competência, porque ela é elemento vinculado de todo ato Senso assim, para a dispensa de um servidor
administrativo, e, pois, insuscetível de ser fixada ou alterada exonerável ad nutum não há necessidade de motivação do
ao nuto do administrador e ao arrepio da lei. ato exoneratório, mas, se forem dados os motivos, ficará a
autoridade sujeita à comprovação de sua real existência.
Finalidade
Outro requisito necessário ao ato administrativo é Objeto
a finalidade, ou seja, o objetivo de interesse público a Todo ato administrativo tem por objeto a criação,
atingir. Não se compreende ato administrativo sem fim modificação ou comprovação de situações jurídicas
público. A finalidade é assim elemento vinculado de todo concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à
ato administrativo – discricionário ou regrado – porque o ação do Poder Público. Nesse sentido, o objeto identifica-se
Direito Positivo não admite ato administrativo sem finalidade com o conteúdo do ato, através do qual a Administração
pública ou desviado de sua finalidade específica. Desde manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente
que a Administração Pública só se justifica como fator de situações preexistentes.
realização do interesse coletivo, seus atos hão de se dirigir O objeto, nos atos discricionários, fica na
sempre e sempre para um fim público, sendo nulos quando dependência da escolha do Poder Público, constituindo
satisfizerem pretensões descoincidentes do interesse essa liberdade opcional o mérito administrativo. Não se
coletivo. pode pois, em tal elemento, substituir o critério da
A finalidade do ato administrativo é aquela que a Administração pelo pronunciamento do Judiciário, porque
lei indica explícita ou implicitamente. Não cabe ao isto importaria revisão do mérito administrativo, por uma
administrador escolher outra, ou substituir a indicada na simples mudança de juízo subjetivo – do administrador pelo
norma administrativa, ainda que ambas colimem fins Juiz – sem qualquer fundamento em lei.
públicos. Neste particular, nada resta para a escolha do
administrador, que fica vinculado integralmente a vontade Mérito do Ato Administrativo
legislativa.
O mérito administrativo, conquanto não se possa
Forma considerar requisito de sua formação, deve ser apreciado
O revestimento exteriorizado do ato administrativo neste tópico, dada as suas implicações com o motivo e o
constitui requisito vinculado e imprescindível à sua objeto do ato e, consequentemente, com as suas condições
perfeição, e, consequentemente à sua validade. Enquanto a de validade e eficácia.
vontade dos particulares pode manifestar-se livremente, a O conceito de mérito administrativo é de difícil
da Administração exige procedimentos especiais e forma fixação, mas poderá ser assinalada sua presença toda vez
legal para que se expresse validamente. Daí podermos que a Administração decidir ou atuar valorando
afirmar que, se, no Direito Privado, a liberdade da forma do internamente as consequências ou vantagens do ato.
ato jurídico é regra, no Direito Público é exceção. Todo ato O mérito administrativo consubstancia-se,
administrativo é, em princípio, formal. E compreende-se portanto, na valoração dos motivos e na escolha do objeto
essa exigência, pela necessidade que tem o ato do ato, feitas pela Administração incumbida de sua prática,
administrativo de ser contrasteado com a lei e aferido, quando autorizada a decidir sobre a conveniência,
frequentemente, pela própria Administração e até pelo oportunidade e justiça doa a realizar. Daí a exata afirmativa
Judiciário, para verificação de sua validade. da Doutrina majoritária de que “o merecimento é aspecto
Não se confunde, entretanto, simples defeito pertinente apenas aos atos administrativos praticados no
material na forma com relegação da própria forma; aquele é exercício de competência discricionária”.
corrigível e não anula o ato (como Poe exemplo, um erro Com efeito, nos atos vinculados, onde não há
material em um Decreto expropriatório), esta é insuprível e faculdade de opção do administrador, mas unicamente a
nulificadora do ato (como no mesmo exemplo; se a possibilidade de verificação dos pressupostos de direito e
desapropriação for decretada por um ofício). de fato que condicionam o processus administrativo, não há
de que falar em mérito, visto que toda atuação do Executivo
Motivo se resume no atendimento das imposições legais.
O motivo ou causa é a situação de direito ou de Em tais casos a conduta do administrador
fato que determina ou autoriza a realização do ato confunde-se com a do Juiz na aplicação da lei,
administrativo. O motivo, como elemento integrante da diversamente no que ocorre nos atos discricionários, em
perfeição do ato, pode vir expresso em lei como pode ser que, além dos elementos sempre vinculados (competência,
deixado ao critério do administrador. No primeiro caso será finalidade e forma), outros existem (motivo e objeto), em
um elemento vinculado; no segundo, discricionário, quanto relação aos quais a Administração decide livremente, e sem
à sua existência e valoração. possibilidade de correção judicial, salvo quando seu
Denomina-se motivação a exposição ou indicação proceder caracterizar excesso de desvio de poder.
por escrito dos fatos e dos fundamentos jurídicos do ato (cf.
art.50, caput, da Lei nº 9.784/99). Hoje, em face da Atributos dos Atos Administrativos
ampliação do princípio do acesso ao judiciário (CF, art.5º, Os atos administrativos, como emanação do Poder
XXXV), conjugado com o da Moralidade Administrativa (CF, Público, trazem em si certos atributos que os distinguem
art.37, caput), a motivação é, em regra, obrigatória. Só não dos atos jurídicos privados e lhes emprestam
o será quando alei a dispensar ou se a natureza do ato for características próprias e condições peculiares de atuação.
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Referimo-nos à presunção de legitimidade, à imperatividade fato abrangida por seus preceitos. São atos de comando
e à auto-executoriedade. abstrato e impessoal semelhantes ao da lei, e, por isso
mesmo, revogáveis a qualquer tempo pela Administração,
Presunção de Legitimidade mas inatacáveis por via judicial, a não ser pelo
Os atos administrativos, qualquer que seja a sua questionamento da constitucionalidade (art.102,I,”a”, da
categoria, nascem com presunção de legitimidade, CF).
independentemente de norma legal que assim estabeleça. Como exemplos desses atos temos nos
Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Regulamentos, nas Instruções Normativas (IN) e nas
Administração, que, nos Estados de Direito, informa toda Circulares Ordinatórias de Serviço.
atuação governamental. Além disso, a presunção de ATOS INDIVIDUAIS – Atos administrativos
legitimidade atende a exigências de celeridade e segurança individuais ou especiais são todos aqueles que se dirigem a
das atividades do Poder Público, que não poderiam ficar na destinatários certos, criando-lhes situação jurídica
dependência da solução de impugnação dos administrados, particular. O mesmo ato pode abranger um ou vários
quando à legitimidade de seus atos, para só após dar-lhes sujeitos, desde que sejam individualizados.
execução. Exemplo desses atos temos: os Decretos de
Desapropriação, de Nomeação, de Exoneração, assim
Imperatividade como as outorgas de Licença, Permissão e Autorização.
A imperatividade é o atributo do ato administrativo
que impõe a coercibilidade para o seu cumprimento ou Atos Internos e Externos
execução. Esse atributo não está presente em todos os ATOS INTERNOS – São os destinados a produzir
atos, visto que alguns (v.g., os atos enunciativos, os efeitos no recesso das repartições administrativas, e por
negociais) os dispensam, por desnecessário à sua isso mesmo incidem, normalmente, sobre os órgãos e
operatividade, uma vez que os efeitos jurídicos do ato agentes da Administração que os expediram. São os
dependem exclusivamente do interesse do particular na sua chamados atos de “operatividade caseira”, que não
utilização. produzem efeitos em relação a estranhos. Esses atos têm
Os atos, porém, que consubstanciam um sido utilizados pela Administração – diga-se pelas
provimento ou uma ordem administrativa (atos normativos, autoridades – de forma distorcida, pois, sua característica
ordinatórios, punitivos) nascem sempre com imperatividade, indica que seus efeitos só são extensivos às repartições
ou seja, com a força impositiva própria do Poder Público, e públicas. Entretanto, as altas autoridades do Executivo têm
que obriga o particular ao fiel atendimento, sob pena de se se utilizado desse mecanismo para impor situações aos
sujeitar a execução forçada pela Administração (atos auto administrados em geral. É o exemplo das Portarias e
executórios) ou pelo Judiciário (atos não-executórios). Instruções Ministeriais, que só deviam impor aos seus
A imperatividade decorre da só existência do ato servidores, mas, contém imposições aos cidadãos –
administrativo, não dependendo da sua declaração de especialmente em matéria fiscal -, próprias de atos
validade ou invalidade. Assim sendo, todo ato dotado de externos.
imperatividade deve ser cumprido ou atendido enquanto ATOS EXTERNOS – São considerados atos de
não for retirado do mundo jurídico por revogação ou efeitos externos, sendo todos aqueles que alcançam os
anulação, mesmo porque as manifestações de vontade do administrados, os contratantes e, em certos casos, os
Poder Público trazem em si a presunção de legitimidade. próprios servidores, provendo sobre os seus direitos,
obrigações, negócios ou conduta perante a Administração.
Auto-Executoriedade Tais atos pela sua destinação, só entram vigor ou execução
A auto-executoriedade consiste na possibilidade depois de divulgados pelo órgão oficial, dado o interesse do
que certos atos administrativos ensejam de imediata e público no seu conhecimento.
direta execução pela própria Administração, independente A publicidade de tais atos é princípio de
de ordem judicial. legitimidade e moralidade administrativa que se impõe tanto
Realmente, não poderia a Administração bem à Administração direta como indireta, porque ambas gerem
desempenhar sua missão de autodefesa dos interesses bens e dinheiros públicos cuja a guarda e aplicação todos
sociais se, a todo momento, encontrando natural resistência devem conhecer e controlar.
do particular, tivesse que recorrer ao Judiciário para
promover a oposição individual à atuação pública. Atos de Império, de Gestão e de Expediente

Classificação dos Atos Administrativos ATOS DE IMPÉRIO – Atos de império ou de


A classificação dos atos administrativos não é autoridade são todos aqueles que a Administração pratica
uniforme entre os publicistas, dada a diversidade de usando de sua supremacia sobre os administrados ou
critérios que podem ser adotados para o seu servidores e lhes impõem obrigatório atendimento. É o que
enquadramento em espécies ou categorias afins. ocorre nas desapropriações, nas interdições de atividades,
Esses agrupamentos, entretanto, são úteis para nas ordens estatutárias.
metodizar o estudo e facilitar a compreensão, o que nos Tais atos podem ser gerais ou individuais, internos
leva a classificar os atos administrativos, inicialmente, ou externos, mas sempre unilaterais, expressando a
quanto aos seus destinatários, em atos gerais e individuais; vontade onipotente do Estado e seu poder de coerção. São,
quanto ao seu alcance, em atos internos e externos; quanto normalmente, atos revogáveis e modificáveis a critério da
ao seu objeto, em atos de império, de gestão e de Administração que o expediu.
expediente; quanto ao seu regramento em atos vinculados ATOS DE GESTÃO – São aqueles em que a
e discricionários. Administração pratica sem usar de sua supremacia sobre
os destinatários. Tal ocorre nos atos puramente de
Atos Gerais e Individuais administração dos bens e serviços públicos e nos negociais
ATOS GERAIS - Atos administrativos gerais ou com os particulares, que não exigem coerção sobre os
regulamentares são aqueles expedidos sem destinatários interessados. Esses atos são sempre de administração,
determinados, com a finalidade normativa, alcançando mas nem sempre administrativos típicos, principalmente
todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação de quando bilaterais, de alienação, oneração ou aquisição de
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bens, que se igualam ao Direito Privado, apenas concurso de vontades de órgãos diferentes para a formação
antecedidos de formalidades administrativas para a sua de um único ato.
realização (ex.: autorização legislativa, avaliação). Não se confunda ato complexo com procedimento
ATOS DE EXPEDIENTE – Atos administrativos de administrativo. No ato complexo integram-se as vontades
expediente são todos aqueles que destinam a dar de vários órgãos para a obtenção de um mesmo ato; no
andamento aos processos e papéis que tramitam pelas procedimento administrativo praticam-se diversos atos
repartições públicas, preparando-os para decisão de mérito intermediários e autônomos para a obtenção de um ato final
a ser proferida pela autoridade competente. São atos de e principal. Vejamos a diferença em claros exemplos: A
rotina interna , sem caráter vinculante e sem forma investidura de um funcionário é um ato complexo
especial, geralmente praticados por servidores subalternos, consubstanciado na nomeação feita pelo Chefe do
sem competência decisória. Executivo e complementado pela posse e exercício dados
Na prática de tais atos o Poder Público sujeita-se pelo Chefe da repartição em que vai servir o nomeado; por
às indicações legais ou regulamentares e delas não se sua vez, a concorrência é um procedimento administrativo,
pode afastar ou desviar sem viciar irremediavelmente a porque, embora realizada por um único órgão, a ato final e
ação administrativa. principal (adjudicação da obra ou do serviço) é precedido
Tratando-se de atos vinculados ou regrados, de vários atos autônomos e intermediários (edital,
impõe-se à Administração o dever de motivá-los, no sentido verificação de idoneidade, julgamento das propostas) até
de evidenciar a conformação de sua prática com as chegar-se ao resultado pretendido pela Administração.
exigências e requisitos legais que constituem pressupostos ATO COMPOSTO – É o que resulta da vontade
necessários de sua existência e validade. única de órgão, mas, depende da verificação por parte de
outro, para se tornar exequível. Como exemplo, podemos
Atos Vinculados e Discricionários citar uma autorização que dependa do visto de uma
ATO VINCULADO – Também chamado de autoridade superior. Em tal caso a autorização é o ato
regrado, são aqueles para os quais a lei estabelece os principal e o visto é o complementar que lhe dar
requisitos e condições de sua realização. Nessa categoria exequibilidade.
de atos, as imposições legais absorvem, quase que por O ato composto distingue-se do ato complexo
completo, a liberdade do administrador, uma vez que sua porque este só se forma mediante as vontades de órgãos
atuação fica adstrita aos pressupostos estabelecidos pela diversos, ao passo que o ato composto é formado pela
norma legal para a validade da atividade administrativa. vontade única de um só órgão sendo apenas ratificado por
Desatendido qualquer requisito, compromete-se a eficácia uma autoridade.
do ato praticado, tornando-o passível de anulação pela
Administração, ou pelo Judiciário, se assim o requerer o Ato Constitutivo, Extintivo, Declaratório,
interessado. Alienativo, Modificativo ou Abdicativo (Quanto ao
Na prática de tais atos o Poder Público sujeita-se conteúdo)
às indicações legais ou regulamentares e delas não se
pode afastar ou desviar sem viciar irremediavelmente a ATO CONSTITUTIVO – É o que cria uma nova
ação administrativa. situação jurídica individual para os seus destinatários, em
Tratando-se de ato vinculado ou regrado, impõe-se relação à Administração. Suas modalidades são
à Administração o dever de motivá-lo, no sentido de variadíssimas, abrangendo mesmo a maior parte das
evidenciar a conformação de sua prática com as exigências declarações de vontade do Poder Público. São atos dessa
e requisitos legais que constituem pressupostos categoria, as licenças, as nomeações de funcionários, as
necessários de sua existência e validade. sanções administrativas e outros mais que criam direitos ou
ATO DISCRICIONÁRIO – São todos aqueles em impõem obrigações aos particulares ou aos próprios
que Administração pode praticar com liberdade de escolha servidores públicos.
de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, ATO EXTINTIVO OU DESCONSTITUTIVO – É o
de sua oportunidade e do modo de sua realização. que põe termo a situações jurídicas individuais, v.g., a
A rigor, a discricionariedade não se manifesta no cassação de autorização, a encampação de serviço de
ato em si, mas sim no poder que tem a Administração de utilidade pública.
praticá-lo da maneira e nas condições que repute mais ATO DECLARATÓRIO – É o que visa a preservar
conveniente ao interesse público. direitos, reconhecer situações preexistentes ou, mesmo,
possibilitar seu exercício. São exemplos desses atos a
Outras Classificações dos Atos apostila de título de nomeação, a expedição de certidões e
Administrativos demais atos fundados em situações jurídicas anteriores.
Além da classificação precedente, temos que, ATO ALIENATIVO – É o que opera a transferência
outras ainda podem ser apresentadas, consoante diversos de bens ou direitos de um titular a outro. Tais atos em geral,
critérios pelos quais os Atos Administrativos são dependem de autorização legislativa ao Executivo, porque
selecionados para fins de estudo. sua realização ultrapassa os poderes ordinários de
administração.
Ato Simples, Complexo e Composto (Quanto à ATO MODIFICATIVO – É o que tem o fito de
formação do Ato) alterar situações preexistentes, sem suprimir direitos ou
ATO SIMPLES – É que resulta da manifestação de obrigações, como bem ocorre com aqueles que alteram
vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado. Não horários, percursos, locais de reunião e outras situações
importa o número de pessoas que participem da formação anteriores estabelecidas pela Administração.
do ato; o que importa é a vontade única que expressam ATO ABDICATIVO – É aquele pelo qual o titular
para dar origem ao ato colimado pela Administração18. abre mão de um direito. A peculiaridade desse ato é seu
Tanto é ato administrativo simples o Despacho de um chefe caráter incondicionável e irretratável. Desde que
de seção como a decisão de um conselho de contribuintes. consumado, o ato é irretratável e imodificável, como são as
ATO COMPLEXO – É o que se forma pela renúncias de qualquer tipo. Todo ato abdicativo a ser
conjugação de vontades de mais de um órgão expedido pela Administração depende de autorização
administrativo. O essencial, nesta categoria de atos, é o legislativa, por exceder da
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Ato Irrevogável, Revogável e Suspensível


Ato Válido, Nulo, e Inexistente (Quanto à (Quanto à retratabilidade)
eficácia)
ATO VÁLIDO – É o que provém de autoridade ATO IRREVOGÁVEL - É aquele que se tornou
competente para praticá-lo e contém todos os requisitos insuscetível de revogação (não confundir com anulação),
necessários à sua eficácia. O ato válido pode, porém, ainda por ter produzido seus efeitos ou gerado direitos subjetivos
não ser exequível, por pendente de condição suspensiva ou para o beneficiário ou, ainda, por resultar de coisa julgada
termo não verificado. administrativa. Advirta-se, nesse passo, que a coisa julgada
ATO NULO – É o que nasce afetado de vício administrativa só o é para Administração, uma vez que não
insanável por ausência ou defeito substancial em seus impede a reapreciação judicial do ato.
elementos constitutivos ou no procedimento formativo. A A decisão administrativa, ainda que final, não
nulidade pode ser explícita ou virtual. É explícita quando a produz coisa julgada em sentido próprio, mas opera a
lei a comina expressamente, indicando os vícios que lhe irretratabilidade do ato pela Administração.
dão origem; é virtual quando a invalidade decorre da A tendência moderna é considerar-se a
infringência de princípios específicos do Direito Público, irrevogabilidade do ato administrativo como regra e a
reconhecidos por interpretação das normas concernentes revogabilidade como exceção, para dar-se cada vez mais
ao ato. estabilidade às relações entre a Administração e os
Em qualquer desses casos, porém, o ato é administrados.20
ilegítimo ou ilegal e não produz qualquer efeito válido entre ATO REVOGÁVEL – É aquele que a
as partes, pela evidente razão de que não se pode adquirir Administração, e somente ela, pode invalidar, por motivos
direitos contra a lei.19 A nulidade, todavia, deve ser de conveniência, oportunidade ou justiça (mérito
Reconhecida e proclamada pela Administração ou pelo administrativo). Nesses atos devem ser respeitados todos
Judiciário, não sendo permitido ao particular negar os efeitos já produzidos, porque decorrem de manifestação
exequibilidade ao ato administrativo, ainda que nulo, válida da Administração (se o ato for ilegal, não enseja
enquanto não for regularmente declarada sua invalidade, revogação e sim anulação), e a revogação só atua ex nunc.
mas essa declaração opera ex tunc, isto é, retroage às suas Em princípio todo ato administrativo é revogável
origens e alcança todos os seus efeitos passados, até que se torne irretratável para a Administração, quer por
presentes e futuros em relação às partes, só se admitindo ter exaurido seus efeitos ou seus recursos, quer por ter
exceção para com os terceiros de boa-fé, sujeitos às suas gerado direito subjetivo para o beneficiário, interessado na
consequências reflexas. sua manutenção.
A Lei Federal nº 9.784/99 admite a convalidação ATO SUSPENSÍVEL – É aquele em que a
do ato administrativo, dizendo: “Em decisão na qual se Administração pode fazer cessar os seus efeitos, em
evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem determinadas circunstâncias ou por certo tempo, embora
prejuízos a terceiros, os atos que apresentarem defeitos mantendo o ato para oportuna restauração de sua
sanáveis poderão ser convalidados pela própria operatividade.
Administração”(art.55). Difere a suspensão da revogação, porque esta
ATO INEXISTENTE – É o que apenas tem retira o ato do mundo jurídico, ao passo que aquela susta,
aparência de manifestação regular da Administração, mas apenas, a sua exequibilidade. Em geral a suspensão do ato
não chega a se aperfeiçoar como ato administrativo. É o cabe à própria Administração, mas, por exceção, em
que ocorre, por exemplo, com o “ato” praticado por um mandado de segurança e em certas ações (interditos
usurpador de função pública. Tais atos em nosso Direito, possessórios, nunciação de obra nova e ações cautelares)
equiparam-se aos atos nulos, sendo, assim, irrelevante e é admissível a suspensão do ato administrativo pelo
sem interesse prático a distinção entre nulidade e Judiciário.
inexistência, porque ambas conduzem ao mesmo resultado
– a invalidade – e subordinam-se às mesmas regras de Ato auto Executório e não Auto Executório
invalidação. Ato inexistente ou ato nulo é ato ilegal e (Quanto ao modo de execução)
imprestável, desde o seu nascedouro. ATO AUTO-EXECUTÓRIO – É aquele que traz em
si a possibilidade de ser executado pela própria
Ato Perfeito, Imperfeito, Pendente e Administração, independentemente de ordem judicial. Tais
Consumado (Quanto à exequibilidade) atos são, na realidade, auto executáveis, como já
discorremos anteriormente sobre as características gerais
ATO PERFEITO - É aquele que reúne todos os dos atos administrativos (ver auto-executoriedade, pág. 18).
elementos necessários à sua exequibilidade ou
operatividade, apresentando-se apto e disponível para ATO NÃO AUTO-EXECUTÓRIO – É o que
produzir seus regulares efeitos. depende de pronunciamento judicial para a produção de
ATO IMPERFEITO – É o que se apresenta seus efeitos finais, tal como ocorre com a dívida fiscal, cuja
incompleto na sua formação ou carente de um ato execução é feita pelo Judiciário, quando provocado pela
complementar para tornar-se exequível ou operante. Administração interessada na sua efetivação.
ATO PENDENTE – É aquele que, embora perfeito,
por reunir todos os elementos de sua formação, não produz
efeitos, por não verificado o termo ou a condição de que Ato Constitutivo, Desconstitutivo e de
depende sua exequibilidade ou operatividade. O ato Constatação (Quanto aos seus efeitos)
pendente pressupõe sempre um ato perfeito, apenas não
se verifica de início o termo ou a condição pendente para a ATO CONSTITUTIVO – É aquele pelo qual a
sua exequibilidade. Administração cria, modifica ou suprime um direito do
ATO CONSUMADO – É o que produz todos os administrado ou de seus servidores. Tais atos, ao mesmo
seus efeitos, tornando-se, por isso mesmo, irretratável ou tempo que geram um direito para uma parte, constituem
imodificável. obrigação para outra.
ATO DESCONSTITUTIVO – É aquele que desfaz
uma situação jurídica preexistente. Geralmente, vem
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precedido de um processo administrativo com tramitação


idêntica à que deu origem ao ato desfeito. Atos Punitivos
ATO DE CONSTATAÇÃO – É aquele pelo qual a Atos administrativos punitivos são os que contêm
Administração verifica e proclama uma situação fática ou uma sanção imposta pela Administração àqueles que
jurídica ocorrente. Tais atos, vinculam a Administração que infringirem disposições legais, regulamentares ou
os expede, mas não modificam, por si sós, a situação ordinatórias dos bens ou serviços públicos. Visam punir e
constatada, exigindo um outro ato constitutivo ou reprimir as infrações administrativas ou a conduta irregular
desconstitutivo para alterá-la. Seus efeitos são meramente dos servidores ou particulares perante a Administração.
verificativos Vale ressaltar que, existem duas modalidades de
atos punitivos, a saber: externo e interno. A punição externa
Espécies de Atos Administrativos é endereçada ao administrado, e por isso mesmo, vinculada
Vejamos agora os aspectos com que se em todos os seus termos à forma legal que a estabelecer,
apresentam na prática, enquadrando-os pelos caracteres ao passo que, a punição interna, sendo, de caráter
comuns e pelos traços individuais que os distinguem, nas eminentemente disciplinar e endereçada aos servidores
espécies correspondentes, segundo o fim imediato a que se públicos, é discricionária quanto á oportunidade,
destinam e o objeto que encerram. conveniência e valoração dos motivos que a ensejaram.
Dentre os atos administrativos punitivos de
Atos Normativos atuação externa, merecem destaque a
São aqueles que contêm um comando geral do Multa, a Interdição de Atividades e a destruição de
Executivo, visando a correta aplicação da lei. O objetivo coisas.
imediato de tais atos, é explicitar a norma legal a ser
observada pela Administração e pelos administrados. LICITAÇÕES
A essa categoria pertencem: Decretos
Regulamentares, Regimentos, Resoluções, Instruções Para que se estabeleça o Princípio da Legalidade
Normativas, Deliberações e Portarias de Conteúdo Geral. e Moralidade, previstos no caput do art. 37 da Constituição
Federal de 1988, isto no âmbito dos contratos
Atos Ordinatórios administrativos, se faz necessário a realização de um
São os que visam disciplinar o funcionamento da procedimento denominado de LICITAÇÃO. Portanto, para
Administração e a conduta funcional de seus agentes. São os contratos administrativos exige-se, em regra, a licitação
provimentos, determinações ou esclarecimentos que se prévia. Ressalta-se que, só é dispensada, dispensável ou
endereçam aos servidores públicos a fim de orientá-los no inexigível rigorosamente nos casos previstos em lei, e que
desempenho de suas atribuições. Dentre os atos constitui uma de suas peculiaridades de caráter
ordinatórios de maior frequência e utilização na prática excepcional.
podemos mencionar: as Instruções, as Circulares, os Sendo assim, a licitação é o marco antecessor e
Avisos, as Portarias, as Ordens de Serviço, os Ofícios e os imprescindível do contrato administrativo, configurando tal
Despachos. contrato como o consequente lógico da licitação.
Numa visão mais objetiva, a licitação é apenas um
Atos Negociais procedimento administrativo preparatório do futuro ajuste,
Além daqueles que encerram um mandamento de modo que não confere ao vencedor qualquer direito ao
geral (Normativos e Ordinatórios), outros são praticados contrato e sim, uma mera expectativa desse direito.
contendo uma declaração de vontade do Poder Público e Realmente, concluída a licitação, não fica a Administração
coincidente com a vontade do particular, visando a obrigada a celebrar o contrato, porém, se o fizer deverá ser
concretização de negócios jurídicos públicos ou atribuição com o proponente vencedor.
de certos direitos ou vantagens ao interessado. A sistemática da licitação sofreu várias alterações
Diante de tal conceituação, temos que são no decorrer do tempo, sendo nos dias de hoje tratada na
considerados atos negociais públicos, a Licença, Lei nº 8.666/93. A sua inserção na Constituição Federal de
Autorização, Permissão, Admissão, Visto, Aprovação, 1988 encontra-se no inciso XXVII do art. 37, aplicáveis à
Homologação, Dispensa, Renúncia e até mesmo Protocolo administração direta, autárquica e fundacional da União,
Administrativo. Estados, Distrito Federal e Municípios.
*Observação: A Autorização é ato discricionário As Empresas Públicas e Sociedades de Economia
em que Administração age de acordo com a conveniência e Mista e suas subsidiárias que explorem atividade
oportunidade, ou seja, se o interessado cumprir com todas econômica ficam sujeitas a uma legislação especial, nos
as exigências legais para obtenção de uma Autorização, termos da nova redação dada ao art. 173 pela Emenda
caberá a Administração decidir dentro da sua conveniência Constitucional nº 19 de 1998.
e oportunidade (discricionário). De forma diversa, ocorre
com a Licença e a Admissão, em que, satisfeitas as Conceito e Finalidade da Licitação
prescrições legais, fica a Administração obrigada a Segundo o Mestre Hely Lopes Meirelles, licitação
LINCECIAR ou ADMITIR. “é o procedimento administrativo mediante o qual a
Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa
Atos Enunciativos para os contratos do seu interesse”.
São aqueles que enunciam uma situação Analisando o conceito do ilustre autor, verificamos
existente, sem qualquer manifestação de vontade da que, como se estabelece através de procedimento,
Administração. São considerados atos administrativos em desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de atos
sentido formal, visto que materialmente não contêm vinculantes para a Administração e para os licitantes, ou
manifestação da vontade da Administração. seja, todo o procedimento da licitação é necessariamente
Portanto, atos enunciativos são todos aqueles em vinculado à prescrição legal. Isto, sem sombra de dúvida,
que a Administração se limita a certificar ou atestar um fato, propicia igual oportunidade a todos os interessados e
ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se funciona como um fator de eficiência e moralidade nos
vincular ao seu enunciado. Dentre eles, podemos citar as negócios administrativos.
Certidões, os Atestados, os Pareceres Administrativos.
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Princípios da Licitação Administração quebra a isonomia entre os licitantes, razão


Qualquer que seja a sua modalidade, a licitação é pela qual o nosso judiciário tem anulado não raras vezes,
regida por determinados Princípios que devem ser os editais e julgamentos em que se descobre a perseguição
respeitados para a sua devida legalidade, quais sejam: ou favoritismo administrativo, sem nenhum objetivo ou
a). Procedimento Formal. b). Publicidade de seus vantagem ao interesse público.
atos. c). Igualdade entre os Licitantes. Todavia, não podemos enquadrar como Desvio de
Poder por parte da Administração, atentando contra o
d). Sigilo na Apresentação das Propostas. e). Princípio da Igualdade entre os Licitantes, os chamados
Vinculação ao Edital ou Convite. requisitos mínimos para participação no edital ou convite,
f). Julgamento Objetivo. pois, estes, configuram necessidades prementes ao
g). Adjudicação Compulsória ao Vencedor. interesse da Administração. Podendo esta, fixar tais
Ressalta-se que foi acrescentado ao rol dos requisitos sempre que necessário à execução do contrato, à
princípios da licitação, o Princípio da Probidade segurança e perfeição da obra ou serviço, à regularidade do
Administrativa. tais requisitos sempre que necessário à fornecimento ou ao atendimento de qualquer outro
execução do contrato, à segurança e perfeição da obra ou interesse público.
serviço, à regularidade do fornecimento ou ao atendimento
de qualquer outro interesse público. d). Sigilo na Apresentação da Proposta
a). Procedimento Formal Esse princípio está ligado ao Princípio da
Esse Princípio impõe a vinculação da licitação às Igualdade entre os licitantes, pois ficaria em posição
prescrições legais que a regem em todos os seus atos e vantajosa o proponente que viesse a conhecer a proposta
fases. Essas prescrições decorrem não só da lei, mas, de seu concorrente antes da apresentação da sua. Daí o
também, do regulamento, do caderno de obrigações e até necessário sigilo, que há de ser guardado relativamente a
mesmo do próprio edital ou convite, que complementam as todas as propostas, até a data designada para a abertura
leis superiores, tendo em vista a licitação a que se refere dos envelopes ou invólucros que as contenham, após a
(art. 4º da Lei nº 8.666/93). habilitação dos proponentes (arts. 3º, § 3º, e 43, § 1º).
Não se pode confundir Procedimento Formal A abertura da documentação ou das propostas ou
(Princípio) com formalismo, este, se caracteriza pelo mesmo a revelação de seus conteúdos antecipadamente,
excesso de exigências inúteis e desnecessárias. Assim vem além de ensejar a anulação do procedimento, constitui
decidindo os Tribunais pátrios, no sentido de que, não se também ilícito penal, com pena de detenção e multa
anula o procedimento em face de meras omissões ou (art.94).
irregularidades formais na documentação ou nas propostas
desde que, por sua irrelevância não causem prejuízos à e). Vinculação ao Edital
Administração ou aos licitantes. A Vinculação ao Edital é princípio básico de toda
Ressalta-se que, a Lei nº 8.666/93 permite a licitação. Nem se compreenderia que a Administração
qualquer cidadão acompanhar todo o desenvolvimento da fixasse no edital a forma e o modo de participação dos
licitação, desde que não interfira de modo a perturbar ou licitantes e no decorrer do processo ou na realização do
impedir a realização dos trabalhos (art. 4º). julgamento se afastasse do estabelecido, ou admitisse
documentação e proposta em desacordo com o solicitado.
b). Publicidade dos seus Atos O edital é a lei interna da licitação, e, como tal,
Esse princípio norteia todos atos desde os avisos vincula aos seus termos tanto os licitantes como a
de sua abertura até o conhecimento do edital e seus Administração que o expediu40 (art.41).
anexos, o exame da documentação e das propostas pelos
interessados e o fornecimento de certidões de quaisquer Assim, estabelecida as regras do certame, tornam-
peças, pareceres ou decisões com ela relacionadas. se inalteráveis para aquela licitação, durante todo o
É exatamente em razão desse Princípio que se procedimento. Se no decorrer da licitação a Administração
impõe a abertura dos envelopes da documentação e verificar sua inviabilidade, deverá invalidá-la e reabri-la em
proposta em público e a publicação oficial das decisões dos novos moldes, mas, enquanto vigente o edital ou convite,
órgãos julgadores e do respectivo contrato, ainda que não poderá desviar-se de suas prescrições, quer quanto à
resumidamente (arts. 3º, § 3º, e 43, § 1º). tramitação, quer quanto ao julgamento.
Não há de se confundir, entretanto, a abertura da Verifica-se ainda, a seguinte possibilidade:
documentação e das propostas com o seu julgamento. revelando-se falho ou inadequado aos propósitos da
Aquela será sempre em ato público; este poderá ser Administração, o edital ou convite poderá ser corrigido a
realizado em ambiente fechado e sem a presença dos tempo através de aditamento ou expedição de um novo,
interessados, para que os julgadores tenham a necessária sempre com republicação e reabertura do prazo, desde que
tranquilidade na apreciação dos elementos em exame e a alteração afete a elaboração da proposta.41
possam discutir livremente as questões a decidir. O
essencial é a divulgação do resultado do julgamento, de f). Julgamento Objetivo
modo a propiciar aos interessados os recursos Esse princípio se baseia no critério indicado no
administrativos e as vias judiciais cabíveis. edital e nos termos específicos das propostas. É princípio
de toda licitação que seu julgamento se apoie em fatores
c). Igualdade Entre os Licitantes concretos pedidos pela Administração, em confronto com o
Tal Princípio impede a discriminação entre os ofertado pelos proponentes dentro do permitido no edital ou
participantes (licitantes) do certame, quer seja através de convite.
cláusulas que no edital ou convite, favoreçam uns em Tal princípio visa afastar o discricionarismo na
detrimento de outros, quer mediante julgamento escolha das propostas, obrigando os julgadores a aterem-
tendencioso que desiguale os iguais ou iguale os desiguais se ao critério prefixado pela Administração, com que se
(art. 3º, § 1º). reduz e se delimita a margem de valoração subjetiva,
sempre presente em qualquer julgamento (art.44 e 45).
O desatendimento a esse Princípio constitui a
forma mais insidiosa de Desvio de Poder com que a g). Probidade Administrativa
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A probidade administrativa é dever de todo A expressão obrigatoriedade de licitação tem um


administrador público, mas a lei a incluiu dentre os duplo sentido, significando não só a compulsoriedade da
princípios específicos da licitação (art. 3º), naturalmente licitação em geral como, também, a da modalidade prevista
como advertência às autoridades que a promovem ou a em lei para a espécie, pois atenta contra os princípios da
julgam. Moralidade e Eficiência da Administração o uso da
A probidade administração é mandamento (Dever modalidade mais singela quando se exige a mais complexa,
de Probidade) é mandamento constitucional (art. 37, § 4º), ou emprego desta, normalmente mais onerosa, quando o
que pode conduzir a “suspensão dos direitos políticos, a objeto do procedimento licitatório não a comporta44.
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o Somente a lei pode desobrigar a Administração,
ressarcimento ao erário, na forma e gradação prevista em quer autorizando a dispensa de licitação, quando exigível,
lei, sem prejuízo da ação penal cabível”42 quer permitindo a substituição de uma modalidade por outra
(art. 23, §§ 3º e 4º). Vejamos portanto, quais os casos
h). Adjudicação Compulsória legais de dispensa de licitação e aqueles em que esta é
O Princípio da Adjudicação Compulsória ao inexigível.
Vencedor impede que a Administração, concluído o
procedimento licitatório, atribua seu objeto a outrem que Dispensa de Licitação
não o legítimo vencedor do certame (arts. 50 e 64). A lei diversificou os casos em que a Administração
A adjudicação ao vencedor é obrigatória, salvo se pode ou deve deixar de realizar licitação, tornando-a
este desistir expressamente do contrato ou não firmar no dispensada, dispensável e inexigível. Tais casos, possuem
prazo prefixado, a menos que comprove motivo justo. conceituações próprias e devem ser compreendidas dentro
A compulsoriedade veda também que se abra do que a Doutrina chama de
nova licitação enquanto válida a adjudicação anterior.
Advertimos que, o direito do vencedor limita-se à Interesse Público
adjudicação, ou seja, à atribuição a ele do objeto da Licitação Dispensada
licitação, e não ao contrato imediato. Isto ocorre porque, a É aquela que a própria lei declarou-a como
Administração pode, licitamente, revogar ou anular o tal (art.17, I e II). Com relação a imóveis: nos casos de
procedimento ou, ainda, adiar o contrato, quando ocorram dação em pagamento; investidura; venda ou doação a outro
motivos para essa conduta. órgão público ; alienação; concessão de direito real de uso;
O que não se lhe permite é contratar com outrem locação ou permissão de uso habitações de interesse
enquanto válida a adjudicação, nem revogar o social.
procedimento ou protelar indefinidamente a adjudicação ou Com relação a móveis: nos casos de doação,
a assinatura do contrato, sem justa causa. permuta, venda de ações e títulos, veda de bens
Agindo com abuso ou desvio de poder na produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da
invalidação ou no adiamento, a Administração ficará sujeita Administração e venda de materiais e equipamentos
a correção judicial de seu ato e a reparação dos prejuízos inservíveis, atendidos os requisitos e condições previstas.
causados ao vencedor lesado em seus direitos, quando Obs.: a doação com encargos, salvo nos casos de
cabível.43 interesse público, é passível de licitação (art. 17, § 4º).
Com a homologação e a adjudicação encerra-se o
processo licitatório, passando-se ao contrato. Licitação Dispensável

OBRIGATORIEDADE, DISPENSA E É toda aquela que Administração pode


INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO dispensar se assim lhe convier. A lei enumerou vinte e um
casos (art.24, I a, XXIV), na seguinte ordem:
A licitação de obras, serviços, compras e I – Obras e serviços de engenharia de valor até
alienações passou a ser uma exigência constitucional para 10% (dez por cento) do limite previsto para execução
toda a Administração Pública, direta, autárquica e dessas atividades na modalidade de convite (art.23, I).
fundacional, ressalvados os casos especificados na II – Outros serviços e compras de valor até 10%
legislação pertinente (CF, art.37, XXI). (dez por cento) do limite previsto para execução dessas
Admite-se, que as empresas estatais que possuem atividades na modalidade de convite (art. 23, II) e para
personalidade jurídica de Direito Privado (Sociedades de alienações nos casos estabelecidos na lei.
Economia Mista, Empresas Públicas e outras entidades III – Guerra ou grave perturbação da ordem são
controladas direta ou indiretamente pelo Poder Público) situações que a Administração tem dispensa de licitação
possam ter regulamentação própria, mas ficam sujeitas às para contratos relacionados com o evento.
normas gerais da Lei nº 8.666/93 (art.119). IV – Emergência ou calamidade pública, também
Justifica-se essa diversidade de tratamento porque dispensa a licitação, mas, somente para os bens
as pessoas jurídicas de Direito Público estão submetidas a necessários ao atendimento da situação emergencial ou
normas de operatividade mais rígidas que as pessoas calamitosa, ou para as parcelas de obras e serviços que
jurídicas de Direito Privado que colaboram com o Poder possam ser concluídas no prazo máximo de 180 dias.
Público. Estas, embora prestando serviços públicos ou V – Desinteresse pela licitação anterior é também
realizando atividades econômicas de interesse público, motivo para a contratação direta, mantida as condições
operam em regime de Direito Privado (Civil ou preestabelecidas no edital ou no convite. Caracteriza-se o
Comercial/Empresarial), conforme reconheceu a própria desinteresse quando não acode ao chamamento anterior
Constituição de 1988 ao dispor que “a empresa pública, a nenhum licitante, ou todos são desqualificados ou nenhuma
sociedade de economia mista e outras entidades que proposta classificada.
explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime VI – Intervenção no domínio econômico, também
jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às autoriza a União – e somente a União
obrigações trabalhistas e tributárias” (art. 173, § 2º). – a dispensar licitação, para regular preços ou
normalizar o abastecimento. Em tais casos não se fará
Obrigatoriedade de Licitação licitação mas, sim, aquisição amigável ou mediante

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desapropriação, bem como requisição de serviços para exige o certificado de autenticidade para legitimar a
atendimento ao público. aquisição direta47.
VII - Propostas com preços excessivos podem ser XVI – Serviços de impressão e de informática a
rejeitadas na licitação, para contratação direta do mesmo pessoa jurídica de Direito Público interno, prestado por
objeto, produto ou serviço com quem os venda a preço órgão ou entidade da Administração criados para esse fim
inferior. Essa disposição legal é altamente moralizadora das específico. Esse caso de dispensa de licitação foi incluído
aquisições da Administração, pois evita conchavos de com o objetivo de permitir a impressão dos Diários Oficiais,
fornecedores para elevar, acima do mercado ou do preço de edições técnicas e de formulários padronizados de uso
tabelado, suas ofertas em licitação. das repartições, bem como a prestação de serviços de
VIII – Aquisição, por pessoa jurídica de Direito informática.
Público Interno, de bens produzidos ou serviços prestados XVII – Aquisição de componentes ou peças
por órgão ou entidade que integre a Administração Pública necessários à manutenção de equipamentos, durante o
e que tenha sido criado para esse fim específico em data período de garantia técnica. A dispensa só pode ocorrer
anterior à vigência da Lei nº 8.666/93, desde que o preço quando a compra for feita junto ao fornecedor original
contratado seja compatível com o praticado no mercado. O desses equipamentos, quando tal condição de
dispositivo visa a evitar o abuso de preços por parte das exclusividade for indispensável para a manutenção da
entidades estatais produtoras de bens e serviços. garantia.
IX – Comprometimento da segurança nacional, nos XVIII – Serviços e compras indispensáveis ao
casos estabelecidos em Decreto do Presidente da abastecimento de embarcações, aeronaves e tropas,
República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional (CDN). quando fora de suas sedes e os prazos legais puderem
Era hipótese de inexigibilidade no Estatuto anterior. O Dec. comprometer a operação. A lei condiciona, ainda, a que o
2.295, de 04/08/1997, listou especialmente três casos: a). valor dessas compras não seja superior àquele fixado para
aquisição de recursos bélicos navais, terrestres e a modalidade de convite.
aeroespaciais; b). contratação de serviços técnicos XIX – Compra de materiais para as Forças
especializados a área de projetos, pesquisas e Armadas cuja padronização seja requerida pela estrutura
desenvolvimento científico e tecnológico; c). aquisição de de apoio logístico, não se aplicando aos materiais de uso
equipamentos e contratação de serviços técnicos pessoal e administrativo.
especializados para a área de inteligência. XX – Serviços prestados por associações de
portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de
Tal dispensa deverá ser devidamente justificada, comprovada idoneidade, desde que os preços sejam
notadamente quanto ao preço e escolha do fornecedor e compatíveis com o mercado.
ratificada pelo titular do Ministério contratante. XXI – Aquisição de bens destinados
X – Compra ou locação de imóvel para atividades exclusivamente à investigação científica e tecnológica, com
precípuas da Administração também é o caso de dispensa, recursos concedidos por instituições oficiais de fomento à
desde que as necessidades de instalação e localização pesquisa.
condicionem a escolha e o preço seja compatível com o XXII – Aquisição de energia elétrica fornecida por
valor de mercado, segundo avaliação prévia45. concessionário, permissionário ou autorizado, de acordo
XI – Remanescente de obra, serviço ou com a legislação específica.
fornecimento, em consequência de rescisão contratual. XXIII – Aquisição ou alienação de bens, ou
Neste caso, em vez de proceder a nova licitação, a prestação de serviços realizados por empresa pública ou
Administração poderá contratar diretamente, desde que sociedade de economia mista e suas subsidiárias e
atendida a ordem de classificação anterior e nas mesmas controladas, desde que o preço seja compatível com o
condições oferecidas pelo licitante vencedor. O novo mercado.
contratado assume o lugar do anterior, cabendo-lhe XXIV – Contratação de serviços com organizações
executar o objeto do contrato nas condições estabelecidas, sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de
inclusive com relação os acréscimos e supressões. Governo, para atividades contempladas no contrato de
XII – Compra de gêneros alimentícios perecíveis, gestão.
realizadas diretamente com base no preço do dia, durante o
período necessário para a realização dos processos Inexigibilidade de Licitação
licitatórios correspondentes. A dispensa, portanto, só é Ocorre a inexigibilidade de licitação quando há
justificável enquanto são tomadas as providências impossibilidade jurídica de competição entre contratantes,
administrativas indispensáveis para a licitação dos produtos quer pela natureza específica do negócio, quer pelos
desejados pela Administração46. objetivos sociais visados pela Administração.
XIII – Contratação de instituição brasileira de A atual lei, depois de considerar dispensada a
pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional ou licitação para doação, permuta, dação em pagamento e
dedicada a recuperação social do preso, desde que a investidura de bens públicos (art. 17, I e II) e de enumerar
instituição detenha inquestionável reputação ético- os casos em que esta é dispensável (art.24), cuida
profissional e não possua fins lucrativos, requisitos que separadamente da inexigibilidade de licitação. Assim no art.
devem ficar comprovados no procedimento administrativo. 25 refere-se genericamente à inviabilidade de competição
XIV – Aquisição de bens ou serviços nos termos (em que se enquadram as vendas de sementes,
de acordo internacional, e quando as condições ofertadas reprodutores, adubos, inseticidas, vacinas e de outros
forem manifestamente vantajosas para o Poder Público produtos pela Administração)48 e, em especial, aos casos
XV – Aquisição ou restauração de obras de artes em que o fornecedor é exclusivo (inc.I), e em que o
ou objetos históricos, quando contratadas por órgão ou contratado é o único que reúne as condições necessárias à
entidade cujas atividades se relacionem com o setor plena satisfação do objeto do contrato(incs. II e III).
artístico ou histórico (museus, escolas de belas-artes, Em todos os casos a licitação inexigível pela
fundações culturais ou artísticas). Justifica-se a dispensa impossibilidade jurídica de se instaurar o processo licitatório
por se tratar de objetos certos e determinados, valiosos por nos casos específicos.
sua originalidade e, por isso mesmo, não sujeitos a
substituição por cópias ou similares. Daí porque que se Modalidades de Licitação
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

A licitação compreende as seguintes modalidades: A nova lei aproximou a tomada de preços da


Concorrência, Tomada de Preços, Convite, Concurso e concorrência, exigindo a publicação do aviso e permitindo o
Leilão. cadastramento até o terceiro dia anterior à data do
Licitação, portanto, é o gênero, do qual as recebimento das propostas (arts.21 e 22, § 2º).
modalidades são espécies. Por isso mesmo, os preceitos A tomada de preços é admitida nas contratações
genéricos acima estudados aplicam-se a todas as de obras, serviços e compras dentro dos limites de valor
modalidades e os específicos regem cada uma delas em estabelecidos na lei e corrigidos por ato administrativo
particular. competente.
As nossas espécies de licitação têm características
próprias e se destinam a determinados tipos de Convite
contratação, vejamos: Convite é a modalidade de licitação mais simples,
destinada à contratações de pequeno valor, consistindo na
Concorrência solicitação escrita a pelo menos três interessados do ramo,
Concorrência é a modalidade própria para registrados ou não, para apresentarem suas propostas no
contratações de grande valor, em que se admite a prazo mínimo de cinco dias úteis.
participação de quaisquer interessados cadastrados ou não, O Convite não exige publicação, porque é feito
que satisfaçam as condições do edital, convocados com a diretamente aos escolhidos pela Administração através da
antecedência mínima prevista em lei49, com ampla chamada carta-convite. A lei nova, porém, determina que a
divulgação pelo órgão oficial e pela imprensa particular. cópia do instrumento convocatório seja afixada em local
A Concorrência é obrigatória nas contratações de apropriado, estendendo-se automaticamente aos demais
obras, serviços e compras, dentro dos limites de valor cadastrados na mesma categoria, desde que manifestem o
fixados pelo ato competente, que são diversos para obras e seu interesse até vinte e quatro horas antes da
serviços de engenharia e para outros serviços e compras. apresentação das propostas(art.22, § 6º).
Da sua simplicidade, haverá a dispensa de
Considerações Acerca da Modalidade apresentação de documentos, mas, quando estes forem
Concorrência exigidos, a documentação, como nas demais modalidades
A doutrina majoritária considera como requisitos de licitação, deverá ser apresentada em envelope distinto
básicos, ou mesmo princípios, para a modalidade de do da proposta.
licitação, Concorrência, a Universalidade, a Ampla O convite é julgado pela Comissão de Julgamento
Publicidade, a Habilitação Preliminar e o Julgamento por das licitações, mas é admissível a sua substituição por
Comissão. Servidor formalmente designado para esse fim (art.51, §
A Universalidade é a possibilidade que se oferece 1º). Uma vez julgadas as propostas, adjudica-se o objeto do
à participação de quaisquer interessados na concorrência, convite ao vencedor, formalizando-se o ajuste por simples
independentemente de registro cadastral na Administração ordem de execução de serviço, nota de empenho da
que a realiza ou em qualquer outro órgão público. despesa, autorização de compra ou carta-contrato, e
A legislação pátria é bastante clara quando fazendo-se as publicações devidas no órgão oficial, em
conceitua a concorrência como a modalidade de licitação resumo ou na íntegra, para possibilitar os recursos cabíveis
em que se admite a participação de qualquer licitante e tornar os ajustes exequíveis.
através de convocação da maior amplitude, diversificando-a
da tomada de preços, restrita aos interessados previamente Concurso
cadastrados, observada a necessária habilitação. O Concurso é a modalidade de licitação destinada
O que denominam de Ampla Publicidade da à escolha de trabalho técnico ou artístico,
convocação para a concorrência é requisito essencial, por predominantemente de criação intelectual. Normalmente,
relacionar-se com o Princípio da Universalidade. O que a lei há atribuição de prêmio aos classificados, mas a lei admite
exige é a divulgação da abertura da concorrência com a também a oferta de remuneração (art.22, § 4º)51.
maior amplitude possível e desejável, tendo em vista o vulto A publicidade é assegurada por meio de
e a complexidade do seu objeto. publicação do edital, consoante estabelece o art.22, § 4º,
A Habilitação Preliminar na concorrência, constitui com pelo menos 45 dias de antecedência. De acordo com o
fase inicial do processo licitatório, realizada após a sua art. 52, § 2º, em se tratando de projeto, o vencedor deverá
abertura, enquanto na tomada de preços e convite é autorizar a Administração a executá-lo quando julgar
anterior. conveniente52.
Julgamento Por Comissão é considerado requisito De acordo com os ensinamentos de Hely Lopes
(ou princípio) e relaciona-se ao julgamento dos requisitos Meirelles53, o concurso exaure-se com a classificação dos
pessoais dos interessados, sob o aspecto da capacidade trabalhos e o pagamento dos prêmios, não conferindo
jurídica, da regularidade fiscal, a qualificação técnica e da qualquer direito a contrato com a Administração. A
idoneidade econômico-financeira. Compete a uma execução do projeto escolhido será objeto de nova licitação,
comissão composta de pelo menos três membros, que já agora sob a modalidade de concorrência, tomada de
pode ser a mesma que irá julgar as propostas, como ocorre preços ou convite.
comumente. Nada impede, entretanto, a designação de A Constituição federal de 1988, mais
Comissão Especial para essa fase. especificamente em seu art.37, II, instituiu o chamado
Princípio da Obrigatoriedade de Concurso Público,
Tomada de Preços referindo-se a investidura em cargo ou emprego público da
Tomada de preço é a licitação realizada entre Administração Direta e Indireta. Tal inovação constitui forma
interessados previamente registrados, observada a de licitação (modalidade concurso) para contratação de
necessária habilitação, convocados com a antecedência pessoal, não contemplado esse objeto de contrato na lei
mínima prevista em lei, por aviso publicado na imprensa geral de licitações, diga-se: Lei nº 8.666/93.
oficial e em jornal particular, contendo as informações
essenciais da licitação e o local onde pode ser obtido o CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
edital.

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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

CONSIDERAÇÕES SOBRE CONTRATOS - O instrumento de contrato é facultativo


ADMINISTRATIVOS FORMALIZAÇÃO, ARQUIVO E nas contratações fundamentadas em:
PUBLICAÇÃO - Convites;
Para a Administração Pública, considera- - Compras para entrega imediata e integral de que
se contrato: “todo e qualquer ajuste entre órgãos ou não resultem obrigações futuras, independentemente de
entidades da Administração Pública e particulares, em que valor;
haja um acordo de vontade para a formação de vínculo e a Nos demais casos em que a
estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a Administração puder substituí-los por outros instrumentos
denominação utilizada.” (Art. 2º, Parágrafo [único). hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de
Os contratos e seus aditamentos serão despesa, autorização de compra ou ordem de execução de
lavrados nas repartições interessadas, salvo os relativos a serviço. (Art. 62).
direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por A contratação somente será efetuada
instrumento lavrado em cartório de notas e reconhecimento quando existirem à disposição os correspondentes recursos
de firma (Art. 60). As repartições manterão arquivo orçamentários. As minutas dos contratos, acordos,
cronológico de seus autógrafos e registro sistemático do convênios ou ajustes e de editais de licitação devem ser
seu extrato (Art. 60). É obrigatória a publicação resumida do previamente examinados e aprovados por assessoria
instrumento de contrato ou de seus aditamentos na jurídica da Administração (Art. 38, Parágrafo único).
imprensa oficial, como condição indispensável para sua
eficácia. (Art. 61, Parágrafo único). PRAZOS DE VIGÊNCIA DOS CONTRATOS
O gerente de contratos deve manter em arquivo É vedado o contrato com prazo de vigência
cópia dos contratos, de seus aditamentos e da publicação indeterminado, se regido pela Lei de Licitações e Contratos
dos respectivos extratos ou súmulas, à disposição dos (Art. 57, § 3º).
órgãos de fiscalização interna e externa. É nulo e sem
nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, Regra geral:
exceto o de pequenas despesas de pronto pagamento A duração dos contratos administrativos, regidos
feitas em regime de adiantamento (Art. 60, Parágrafo pela Lei de Licitações
único). O instrumento de contrato é obrigatório nas e Contratos, ficará adstrita à vigência dos
contratações fundamentadas em: - Concorrências; respectivos créditos orçamentários. (Art. 57, caput).
- Tomadas de preços; Projetos cujos produtos estejam
- Dispensas ou inexigibilidades de contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual:
licitação cujos valores estejam compreendidos nos limites Poderão ser prorrogados se houver
das modalidades de concorrência ou tomada de preços; interesse da Administração e desde que isto tenha sido
- Compras de qualquer valor de que resultem previsto no ato convocatório. (Art. 57, I).
obrigações futuras. Prestação de serviços a serem
executados de forma contínua:
Poderão ter sua duração prorrogada por iguais e
sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e
condições mais vantajosas para a Administração, limitada a
60 (sessenta) meses, ou seja, 5 (cinco) anos,
podendo ainda ser prorrogados em até 12 (doze)
meses, em caráter excepcional, devidamente justificado e
mediante autorização da autoridade superior. (Art. 57, II e §
4º com as alterações da Lei 9.648/98).
Aluguel de equipamentos e utilização de
programas de informática:
Pode a duração estender-se pelo prazo
de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência
do contrato. (Art. 57, IV).
Casos especiais, não sujeitos aos prazos
estabelecidos no art. 57 da Lei de Licitações e Contratos:
- Contratos de seguro, financiamento, locação em
que o Poder Público seja locatário. (Art. 62, § 3º, I);
- Contratos em que a Administração faz
parte como usuária de serviço público. (Art. 62, § 3º, II);
- Demais contratos cujo conteúdo seja
regido predominantemente por norma de direito privado.
(Art. 62, § 3º, I).
Disciplinando sobre estes contratos,
enumerados no item 5, o § 3º de art. 62 da Lei de Licitações
e Contratos manda aplicar tão somente o disposto no art.
55 e nos arts. 58 a 61, não fazendo nenhuma referência e,
portanto, excluindo exatamente o art. 57, que estabelece
limites de prazo e veda o contrato com prazo
indeterminado.
Assim é que esses contratos são se
subordinam aos prazos de duração fixados no art. 57,
incisos II e IV, nem à vedação do § 3º do mesmo artigo, que
proíbe a contratação por prazo indeterminado. Podem,
portanto, ter prazos superiores há cinco anos ou, até
mesmo, ser assinados por prazo indeterminado.
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

O § 3º de art. 62, que exclui a incidência do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos
do art. 57, manda que sejam aplicadas as demais normas dos contratos escritos seja de cinco anos, e o locatário
gerais, no que couber, pelo que, mesmo em se tratando de esteja no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de
serviços públicos, de locação ou de concessão de uso, não três
está a Administração desobrigada do processo de licitação, anos;
de dispensa ou inexigibilidade, bem como das publicações Nesses casos, deve a Administração
previstas em lei. procurar assinar esses contratos pelo prazo de cinco anos,
prazo sempre determinado, e, em tempo oportuno, antes do
PRORROGAÇÕES DOS PRAZOS DE DURAÇÃO seu vencimento, intentar negociações com vistas à sua
DOS CONTRATOS renovação, se interessar, a qual, não logrando êxito, poderá
A regra geral é a de que a duração dos propor a competente ação renovatória, assegurada pela Lei
contratos administrativos deverá observar a vigência dos nº 8.245/91;
respectivos créditos orçamentários. Nas concessões de uso, chamadas de
Existem, porém, serviços de natureza comodato, também não cabem a limitação de prazo,
contínua destinados a atender necessidades públicas devendo, no entanto, caso assinado por prazo determinado,
permanentes. De outra parte, presume-se a disponibilidade formalizar-se, no tempo próprio, as prorrogações ou,
de recursos orçamentários, pois os orçamentos certamente proceder a nova licitação.
contemplarão verbas para despesas com serviços
contínuos. PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO EM
De um modo geral, os contratos são RELAÇÃO AOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
firmados com prazo de um ano, com previsão de Em relação aos contratos, a
prorrogação por iguais períodos até o limite de sessenta Administração tem a prerrogativa de:
meses, no caso de serviços contínuos, e de quarenta e oito “Modificá-los, unilateralmente, para melhor
meses, em se tratando de aluguel de equipamentos ou adequação às finalidades de interesse público, respeitados
utilização de programas de informática. os direitos do contratado.” (Art. 58, I).
Não há prorrogação tácita. A prorrogação A Administração não tem a faculdade de
deve ser motivada, previamente autorizada pela autoridade alterar o contrato administrativo quando e como bem
competente e formalizada por um Termo Aditivo analisado e entender. A Administração tem o dever de intervir no
aprovado pelo serviço jurídico do órgão. contrato e introduzir as modificações necessárias e
Uma vez aditado, o resumo deverá ser adequadas à satisfação do interesse público.
publicado na imprensa oficial para que alcance a eficácia e Nos contratos administrativos existem
seja de conhecimento dos interessados e dos órgãos de cláusulas que dizem respeito ao desempenho das
controle. atividades, denominadas cláusulas regulamentares, e
A única disposição que a prorrogação cláusulas que dizem respeito à remuneração do contratado,
deverá conter é o novo prazo, nada mais podendo ser denominadas cláusulas econômicas.
incorporado. As cláusulas regulamentares, verificados
os pressupostos normativos, podem ser unilateralmente
CONTRATOS DE LOCAÇÃO DE IMÓVEIS alteradas pela Administração Pública.
Quanto a tais contratos, cabe observar: As cláusulas econômicas não podem ser
É dispensável a licitação para a locação alteradas unilateralmente pela Administração Pública: “As
de imóvel destinado ao atendimento das finalidades cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos
precípuas da Administração, cujas necessidades de contratos administrativos não poderão ser alteradas sem
instalação e localização condicionem a sua escolha, desde prévia concordância do contratado.” (Art. 58, § 1º).
que o preço seja compatível com o valor de mercado, A alteração unilateral do contrato somente
segundo avaliação prévia. (Art. 24, X); poderá ser efetuada pela ocorrência de eventos ocorridos
Tais contratos não estão adstritos aos ou somente conhecidos após a contratação, eis que
prazos estabelecidos no art. 57, de vez que o seu conteúdo realizado o certame licitatório. Isto significa que a faculdade
é regido predominantemente por norma de direito privado, que a Administração detém de modificar o contrato está
Lei 8.245/91, mas devem, da mesma forma ser aplicadas condicionada a
as normas gerais, estando pois a contratação sujeita ao ocorrências posteriores à data da contratação.
processo de dispensa e às demais formalidades previstas Ocorrências que modifiquem as circunstâncias de fato ou
na legislação; de direito e que motivam e embasam a necessidade ou
Merecem controle especial os contratos de conveniência de alterar o contrato.
locação, pois a Lei nº 8245/91, estabelece em seu artigo A alteração do contrato deverá ser:
56, Parágrafo único, que, findo o prazo estipulado, se o Motivada, justificada, sem o que, será
locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias sem inválida a alteração unilateral do contrato administrativo.
oposição do locador. Presumir-se-á prorrogada a locação, Não basta simplesmente invocar a necessidade ou
nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado. o interesse público. É necessário explicitar o motivo real e
Neste caso, o contrato de locação por prazo indeterminado concreto que embasa a modificação.
poderá ser denunciado por escrito pelo locador, A Administração deverá demonstrar que
concedendo ao locatário trinta dias para a desocupação. não existia na data da contratação o motivo da modificação,
Um falta de controle, nesta hipótese, poderá deixar a isto é, de que o evento que motivou a alteração ocorreu
Administração em situação de ter que desocupar o imóvel após aquela data ou comprovar que somente se tornou
no prazo de trinta dias; conhecido após a data da assinatura do contrato.
Quando a locação do imóvel for destinada ao A modificação introduzida no contrato
comércio, como é o caso dos bancos oficiais ou de outras deverá ser proporcional à ocorrência que a motivou.
empresas públicas ou sociedades de economia mista, tem A modificação do contrato será nula
direito à renovação do contrato, por igual prazo, desde que quando:
cumulativamente o contrato a renovar tenha sido celebrado . Desmotivada;
por escrito e com prazo determinado e que o prazo mínimo
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

. Fundamentada em motivo existente e I – (VETADO);


conhecido em data anterior à contratação; II – as supressões resultantes de acordo
. Fundamentada em motivo inexistente; celebrado entre os contratantes;
. Desproporcional à motivação. § 3º Se no contrato não houverem sido
No tópico a seguir, sobre as alterações contemplados preços unitários para obras ou serviços,
nos contratos, serão abordados os limites à faculdade de a esses serão fixados mediante acordo entre as partes,
Administração modificar unilateralmente os contratos respeitados os limites estabelecidos no § 1º deste artigo.
administrativos. § 4º No caso de supressão de obras, bens
“Rescindi-los, unilateralmente, nos casos ou serviços, se o contratado já houver adquirido os
especificados no inciso I do art. 79 desta Lei.” (Art. 58, II). materiais e posto no local dos trabalhos, estes deverão ser
Este tópico será tratado adiante quando pagos pela Administração pelos custos de aquisição
for abordado o assunto: rescisão de contratos. regularmente comprovados e monetariamente corrigidos,
“Fiscalizar lhes a execução.” podendo caber indenização por outros danos
Este assunto foi abordado em páginas eventualmente decorrentes da supressão, desde que
anteriores. regularmente comprovados;
“Aplicar sanções motivadas pela § 5º Quaisquer tributos ou encargos legais
inexecução total ou parcial do ajuste.” (Art. 58, IV). criados, alterados ou extintos, bem como a superveniência
O tópico será tratado adiante quedo for de disposições legais, quando ocorridas após a data da
abordado o assunto: rescisão de contratos. apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos
“O disposto no inciso V do art. 58 não tem preços contratados, implicarão a revisão destes para mais
mais aplicação no campo dos contratos administrativos, ou para menos, conforme o caso;
com a edição da Lei nº 8.987, lei específica que disciplina § 6º Em havendo alteração unilateral do
as concessões e permissões de serviço público.” contrato que aumente os encargos do contratado, a
Administração deverá restabelecer, por aditamento, o
ALTERAÇÃO DE CONTRATOS equilíbrio econômico-financeiro inicial;
ADMINISTRATIVOS § 7º - (VETADO);
A Lei de Licitações e Contratos dispõe, § 8º A variação do valor contratual para
em seu art. 65, que os contratos administrativos poderão fazer face ao reajustamento de preços previsto no próprio
ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes contrato, as atualizações, compensações ou penalizações
casos: financeiras decorrentes das condições de pagamento nele
“I – Unilateralmente pela Administração: quando previstas, bem como o empenho de dotações
houver modificação do projeto ou das especificações, para orçamentárias suplementares até o limite do seu valor
melhor adequação técnica aos seus objetivos; corrigido, não caracterizam alteração do mesmo,
quando necessária a modificação do valor dispensando a celebração de aditamento.”
contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta ANULAÇÃO E RESCISÃO DE CONTRATOS
Lei; ADMINISTRATIVOS
II – por acordo das partes: quando De um modo geral um contrato se
conveniente a substituição da garantia da execução; extingue pela conclusão do seu objeto ou pelo término do
. quando necessária a modificação do regime de prazo.
execução da obra ou serviço, bem como do modo de Existem, porém, situações anormais em
fornecimento, em face de verificação técnica da que um contrato se extingue pela anulação ou pela
inaplicabilidade dos termos contratuais originários; rescisão.
. quando necessária a modificação da
forma de pagamento, por imposição de circunstâncias ANULAÇÃO DE CONTRATO
supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a Anular um contrato significa desconstituir
antecipação do pagamento, com relação ao cronograma o contrato suprimindo seus
financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de efeitos. A nulidade se dá quando o contrato ofende
fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço: norma que tutela o interesse público, pressupõe um quadro
- para restabelecer a relação que as anormal de direito.
partes pactuaram inicialmente entre os encargos do A Lei de Licitações e Contratos assim dispõe sobre
contratado e a retribuição da Administração para a justa a anulação de contratos administrativos: “A declaração de
remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando nulidade do contrato administrativo opera retroativamente
a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente,
contrato, na hipótese de deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos.”
sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis (Art. 59).
porém de consequências incalculáveis, retardadores ou Parágrafo único. A nulidade não exonera
impeditivos da execução do ajustado, ou ainda. Em caso de a Administração do dever de indenizar o contratado pelo
força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando que este houver executado até a data em que ela for
álea econômica extraordinária e extracontratual. declarada e por outros prejuízos regularmente
§ 1 º O contratado fica obrigado a aceitar, comprovados, contanto que não lhe seja imputável,
nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, causa.”
até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado Declarada a nulidade a Administração tem
do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou o dever de indenizar o contratado, por perdas e danos, no
de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) que couber. Vedado o enriquecimento sem causa, a
para os seus acréscimos. Administração não poderá declarar nulidade de contrato
§ 2º Nenhum acréscimo ou supressão como instrumento de enriquecimento.
poderá exceder os limites estabelecidos no parágrafo A decisão sobre a anulação do contrato e
anterior, salvo: a indenização do contratado deverá se antecedida do
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

devido processo legal, com garantia do contraditório e de execução do contrato, tal como vendaval, inundação,
ampla defesa do contratado, tanto no que se refere à terremoto ou outro evento natural anormal.
anulação do contrato quanto ao montante da indenização. Força maior é decorrente de evento
humano inevitável que impossibilite ou impeça o
RESCISÃO DE CONTRATO cumprimento do contrato, tal como uma greve prolongada
A Lei de Licitações e Contratos assim no sistema de transportes que impossibilite o cumprimento
dispõe: “a inexecução total ou parcial do contrato enseja a do contrato, graves perturbações à ordem pública que
sua rescisão, com as consequências contratuais e as inviabilizem a execução do que foi contratado.
previstas em lei ou regulamento.” (Art.77).
A rescisão do contrato poderá ser Hipóteses de rescisão contratual
provocada pela Administração ou, pelo próprio contratado A Lei de Licitações e Contratos enumera no artigo
no caso de descumprimento por parte do Poder Público. 78, dezessete casos para rescisão de contrato
A inexecução poderá ser total ou parcial, administrativo, que deverão ser formalmente motivados nos
conforme afete o todo ou apenas parcialmente o contrato, autos do respectivo processo, assegurando-se o
por ação ou omissão, com ou sem culpa. contraditório e a ampla defesa:
Haverá culpa quando ocorrer negligência, “I – o não cumprimento de cláusulas
imprudência, imprevidência contratuais, especificações, projetos e prazos;
ou imperícia no atendimento das disposições II – o cumprimento irregular de cláusulas
contidas nas cláusulas contratuais. contratuais, especificações, projetos e prazos;
III – a lentidão do seu cumprimento,
RESCISÃO PELA INEXECUÇÃO COM CULPA levando a Administração a com-
A inexecução com culpa enseja a provar a impossibilidade da conclusão da obra, do
aplicação de sanções legais ou contratuais proporcionais à serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;
gravidade da falta, garantido o contraditório e ampla defesa IV – o atraso injustificado no início da
por parte do contratado. As sanções poderão ocorrer pela obra, serviço ou fornecimento;
aplicação de multas até a rescisão do contrato, com a V – a paralisação da obra, do serviço ou
cobrança de perdas e danos e, até, com a suspensão do fornecimento, sem justa causa e prévia comunicação à
provisória e a declaração de inidoneidade pra contratar com Administração;
a administração. Tais sanções encontram-se explicitadas VI – a subcontratação parcial ou total do
nos artigos 87 e 88 da Lei de Licitações e Contratos. seu objeto, a associação do contrato com outrem, a cessão
Além das sanções administrativas, a Lei ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão
de Licitações e Contratos também dispõem em seus artigos ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
89 a 99, sobre os crimes e as penas com relação a VII – o desatendimento das
licitações e contratos. determinações regulares da autoridade designada para
acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de
RESCISÃO PELA INEXECUÇÃO SEM CULPA seus superiores;
A inexecução sem culpa ocorre em VIII – o cometimento reiterado de faltas na
decorrência de atos ou fatos estranhos à conduta dos sua execução, anotadas na forma do § 1º de art.67 desta
contratantes, ocorridos posteriormente à assinatura do Lei;
contrato e que impediram ou dificultaram o cumprimento IX – a decretação de falência ou a
das obrigações assumidas, caso em que a parte fica isenta instauração de insolvência civil;
de responsabilidades. X – a dissolução da sociedade ou o
De acordo com a Teoria da Imprevisão, falecimento do contratado;
existem três hipóteses que excluem a culpa pela XI – a alteração social ou a modificação
inexecução de contrato: o fato do príncipe, o caso fortuito e da finalidade ou da estrutura da empresa, que prejudique a
a força maior. execução com contrato;
A base da Teoria da Imprevisão é a de XII – razões de interesse público, de alta
que o contrato deve ser cumprido em conformidade com as relevância e amplo conhecimento, justificadas e
mesmas condições existentes quando da assinatura. determinadas pela máxima autoridade da esfera
Ocorrendo instabilidade econômica ou social, não previstas administrativa a que está subordinado o contratante e
e sem intervenção dos contratantes, que alterem as exaradas no processo administrativo a que se refere o
condições do contrato, não se poderá atribuir culpa ao contrato;
contratante inadimplente. XIII – a supressão, por parte da
Administração, de obras, serviços ou compras, acarretando
Fato do Príncipe: modificação do valor inicial do contrato além do limite
Trata-se de medidas tomadas pela permitido no § 1º do art. 65 desta Lei:
Administração Pública contratante e que venham a XIV – a suspensão de sua execução, por
comprometer o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. ordem escrita da Administração, por prazo superior a 120
Há situações em que, pelo aumento do (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública,
encargo, o contratado terá direito à revisão do preço para grave perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por
restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro. repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo,
Podem ocorrer também situações em que a alteração independentemente do pagamento obrigatório de
unilateral ocasionada pela Administração inviabilize o indenizações pelas sucessivas e contratualmente
contratado de cumprir com o contrato, fazendo então jus à imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras
indenização. previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o
direito de optar pela suspensão do cumprimento das
Caso fortuito e força maior: obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
Caso fortuito é decorrente de evento da XV – o atraso superior a 90 (noventa) dias dos
natureza, imprevisto e inevitável, que torne impossível a pagamentos devidos pela Administração decorrente de
obras, serviços, ou fornecimento, ou parcelas destes, já
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recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade No caso de prestação de garantias,


pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, caberá ao contratado optar por uma das seguintes
assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão modalidades (Art. 56, § 1º):
do cumprimento de suas obrigações até que seja “I – caução em dinheiro ou título da dívida
normalizada a situação; pública;
XVI – a não liberação, por parte da II – seguro-garantia;
Administração, de área, local ou objeto para execução de III – fiança bancária.”
obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem A Lei dispõe, nos incisos do artigo 56,
como das fontes de materiais naturais especificados no que:
projeto; A garantia não excederá a cinco por cento
XVII – a ocorrência de caso fortuito ou de do valor do contrato, e terá o seu valor atualizado nas
força maior, regularmente comprovada, impeditiva da mesmas condições do contrato, exceto para obras, serviços
execução do contrato”. e fornecimentos de grande vulto, alta complexidade técnica
e consideráveis riscos financeiros, quando sob condições
CLÁUSULAS CONTRATUAIS de demonstração técnica e aprovação pela autoridade, o
Os contratos administrativos regulam-se limite da garantia poderá ser elevado até dez por cento do
pelas suas cláusulas e pelos preceitos do direito público, valor do contrato;
aplicando-se lhes, supletivamente, os princípios da teoria Após a execução do contrato a garantia
geral dos contratos e as disposições do direito privado. (Art. será liberada ou restituída, e, quando em dinheiro,
54). atualizada monetariamente;
As cláusulas contratuais deverão estar Nos casos em que os contratos importem
conforme com os termos do edital da licitação e da proposta em na entrega de bens pela Administração, dos quais o
a que se vinculam. As cláusulas contratuais decorrentes de contratado ficará depositário, ao valor da garantia deverá
dispensa ou de inexigibilidade de licitação devem atender ser acrescido o valor desses bens.
aos termos do ato que os autorizou e da respectiva
proposta.
A Lei de Licitações e Contratos dispõem,
em seu artigo 55, como necessárias e, portanto, CONVÊNIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
obrigatórias, cláusulas contratuais que estabeleçam:
“I – o objeto e seus elementos INTRODUÇÃO
característicos; Originou interesse o tema - Convênios e
II – o regime de execução ou a forma de congêneres da Administração Pública, o tratamento
fornecimento; insuficiente dado ao instituto e aos procedimentos que se
III – o preço e as condições de associam ao mesmo, pela doutrina, pela prática
pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do administrativa e pelo ordenamento jurídico, em especial em
reajustamento de preços, os critérios de atualização questões pontuais que despertam o interesse dos
monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a operadores do direito.
do efetivo pagamento; Para estudar a temática dos Convênios da
IV – os prazos de início de etapas de Administração Pública e os ajustes que se vinculam aos
execução, de conclusão, de entrega, de observação e de Contratos da Administração Pública e as Licitações
recebimento definitivo, conforme o caso; Públicas, houve a necessidade de conhecer o tema através
V – o crédito pelo qual correrá a despesa, da legislação pátria, jurisprudência judicial, administrativa e
com a indicação da classificação funcional programática e dos Tribunais de Contas.
da categoria econômica; Foi importante a consulta aos ensinamentos de
VI – as garantias oferecidas para vários juristas nacionais que servem de referência em
assegurar sua plena execução, quando exigidas; diversas questões fundamentais e decisivas sobre o tema,
VII – os direitos e as responsabilidades com os ensinamentos doutrinários de Hely Lopes Meirelles,
das partes, as penalidades cabíveis e os valores das Maria Silvia Zanella Di Pietro, Diogo de Figueiredo Moreira
multas; Neto, Miriam Cavalcanti de Gusmão Sampaio, Carlos Ari
VIII – os casos de rescisão; Sundfeld, Marçal Justen Filho, Odete Medauar, Eros
IX – o reconhecimento dos direitos da Roberto Grau, Silvio Luis Ferreira da Rocha, Marcos
Administração, em caso de rescisão administrativa prevista Juruena Villela Souto, Luis Roberto Barroso, Caio Mário da
no art. 77 desta Lei; Silva Pereira, George Marmelstein, José dos Santos
X – as condições de importação, a data e Carvalho Filho, SanTiago Dantas, José Afonso da Silva,
a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso; Reynaldo Moreira Bruno,Carlos Pinto Coelho Mota, Joel de
XI – a vinculação ao edital de licitação ou Menezes Niebuhr, entre outros notáveis.
ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à Iniciamos conceituando os contratos, os contratos
proposta do licitante vencedor; administrativos e, os contratos da administração pública.
XII – a legislação aplicável à execução do Logo em seguida, passamos a fazer uma distinção entre os
contrato e especialmente aos casos omissos; contratos e os convênios da administração pública.
XIII – a obrigação do contratado de Da breve análise dos convênios, apontamos as
manter, durante toda a execução do contrato, em principais características de tais ajustes e sua natureza
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, contratual.
todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na Sem qualquer pretensão de esgotar o tema,
licitação. discorremos sobre os Contratos de Doação e os convênios
da Administração Pública, destacando algumas questões
GARANTIAS CONTRATUAIS pontuais, ligadas aos instrumentos de repasse de recursos
Ao critério da Administração e prevista no à título de fomento; auxílios, ajudas, contribuições,
instrumento convocatório, poderá ser exigida garantia nas subvenções, subsídios e bolsas para a realização do objeto
contratações de obras, serviços e compras. (Art.56). do pacto de convênio, para serem utilizados e geridos e/ou
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administrados de forma adequada, boa, correta, econômica expressamente previstos em lei. Mas o que realmente o
e regular. tipifica e o distingue do contrato privado é a participação da
Administração na relação jurídica com a supremacia de
poder para fixar as condições iniciais do ajuste. Desse
DOS CONVÊNIOS DA ADMINISTRAÇÃO privilégio administrativo na relação contratual decorre para
PÚBLICA a Administração a faculdade de impor as chamadas
1.1. Dos Contratos e Convênios cláusulas exorbitantes do Direito Comum.
Quaisquer que sejam os aspectos encarados no Na formalização do contrato administrativo, a Lei n.
convívio social, as pessoas, físicas ou jurídicas, se 8.666/1993, seguindo a orientação do DL n. 2.300/1986, os
relacionam diuturnamente entre si. contratos administrativos regem-se pelas suas cláusulas e
Tais relacionamentos ocorrem em diversos níveis pelos preceitos do Direito Público, aplicando-se lhes
e variados aspectos, quer na vida familiar, quer no trabalho, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e
etc., podendo ser de natureza mais simples, como, de igual as disposições de Direito Privado.
modo, da mais complexa; desse relacionamento múltiplo se Normalmente o contrato administrativo se
originam direitos e deveres. Em função desses direitos e instrumentaliza através de um termo, em livro próprio do
deveres, ocorre a geração de obrigações. A todo direito órgão público contratante, ou escritura pública, nos casos
corresponde uma obrigação. exigidos em lei (os relativos a direitos reais sobre imóveis,
No âmbito da administração pública, contratos e p.ex.). O contrato deve ser previamente documentado e
convênios são as formas jurídicas pelas quais a registrado nos órgãos de controle interno, sendo apenas,
administração pública firma com outra entidade pública, posteriormente, submetido a controle dos Tribunais de
com particulares ou com uma pessoa jurídica de direito Contas.
privado (associação ou fundação) um ajuste para a
consecução de objetivos de interesse público, nas 1.3. Dos Convênios
condições estabelecidas pela própria Administração, no As ampliações das funções do Estado, a
caso de concreto, e para a realização de objetivos de complexidade, a falta de estrutura e de condições para,
interesse comum dos partícipes, no caso de convênio. com eficácia, cumprir suas atribuições fizeram com que o
Atualmente estes ajustes, notadamente os próprio Estado estabelecesse novas formas e meios de
convênios, representam para as entidades de interesse prestação eficiente de seus serviços e atribuições.
social uma importante e muitas vezes indispensável fonte Uma das formas mais usuais são os convênios
de receita para a manutenção e implementação de suas administrativos, entendidos estes como acordos firmados
atividades sociais. por entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas
e organizações particulares - associações civis e fundações
1.2. Dos Contratos de direito privado, por realização dos objetivos de interesse
Embora tipificado como de Direito Privado, a comum dos partícipes.
instituição do contrato é utilizada pela Administração Para Roberto Bocaccio Piscitelli:
Pública diretamente ou com as adaptações necessárias aos “De acordo com o decreto, órgãos federais podem
negócios públicos (contratos administrativos propriamente conveniar, excepcionalmente com Estados e Municípios, a
ditos). execução de programas destes.
Segundo o saudoso Hely Lopes Meirelles: Ainda com o mesmo objetivo, e sempre em regime
“(...) contrato é todo acordo de vontades, firmado de mútua cooperação, órgãos da Administração Direta
livremente pelas partes para criar obrigações e direitos poderão executar programas a cargo de entidades da
recíprocos. Em princípio, todo contrato é negócio jurídico Administração Indireta, via convênio. Em ambos os casos,
bilateral e comutativo, isto é, realizado entre pessoas que os recursos financeiros recebidos por órgão da
se obrigam a prestações mútuas e equivalentes em Administração Direta ou autarquia federal para a execução
encargos e vantagens. Como pacto consensual, pressupõe do convênio serão classificados como receita orçamentária
liberdade e capacidade jurídica das partes para se correndo as aplicações à conta de dotação consignada no
obrigarem validamente como negócio jurídico, requer objeto orçamento ou em crédito adicional.
lícito e forma prescrita ou não vedada em lei.”[1] O convênio será obrigatoriamente formalizado por
No entanto, a Teoria Geral dos Contratos é a termo, quando o valor da participação financeira dos órgãos
mesma tanto para contratos privados (civis e comerciais) e entidades da Administração Federal for igual ou superior
como para os contratos públicos, de que são espécies os ao limite fixado em portaria do Ministro da Fazenda para tal
contratos administrativos e os acordos internacionais. fim e, facultativamente, a critério da autoridade
Todavia, os contratos públicos são regidos por normas e administrativa, por termo, vem correspondência oficial ou
princípios próprios do Direito Público, atuando o Direito documento de empenho de despesa, quando não
Privado apenas supletivamente, jamais substituindo ou alcançado aquele limite.”
derrogando as regras privativas da Administração.
São características do contrato administrativo: a 1.4. Distinção Tradicional entre os Convênios
consensualidade, porque consubstancia um acordo de e os Contratos
vontades e não um ato unilateral e impositivo da No Brasil, ainda se faz a distinção ente
Administração; a formalidade, porque se expressa por convênio e contrato.
escrito e com requisitos especiais; a onerosidade, porque é O convênio distingue-se do contrato
remunerado na forma convencionada; a comutatividade, conquanto com ele tenha um ponto em comum: o acordo.
porque estabelece compensações recíprocas e No contrato, os interesses das partes são divergentes e
equivalentes para as partes; e detém, por último, a opostos; no convênio, os interesses das partes são
qualidade de ser intuito personae, porque deve ser divergentes e de interesse recíproco, executado em regime
executado pelo próprio contratado. de mútua cooperação – art. 10, $ 5º, do Decreto-Lei n.
Além dessas características substancias, Hely 200/1967, em relação aos quais a doutrina e a
Lopes Meirelles destaca que o contrato administrativo jurisprudência, há muito, consagram a inexigibilidade de
possui outra que lhe é própria, embora externa, qual; seja, a licitação.
exigência de prévia licitação, só dispensável nos casos
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Os convênios administrativos são, pois, prestar contas de sua utilização, não só ao ente
acordos firmados pelos mais diversos entes públicos, nada repassador, como ao Tribunal de Contas.”
obstando, porém, que se realizem esses ajustes entre Segundo Marcos Juruena Villela Souto, a
entidades públicas e particulares, visando à realização de distinção entre os institutos, convênio e contrato sobrevive
objetivos comuns. mesmo diante da definição do parágrafo único, do artigo 2º,
Importante salientar que: da Lei n, 8.666/93, que, “considera contrato todo e qualquer
“No contrato, os interesses são opostos e diversos; ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública
no convênio, são paralelos e comuns. Neste tipo de negócio e particulares, em que haja um acordo de vontades para a
jurídico, o elemento fundamental é a cooperação, e não o formação de vínculo e a estipulação de obrigações
lucro, que é o almejado pelas partes no contrato. De fato, recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”.
num contrato de obra, o interesse da Administração é a Ora, a menção acerca da “reciprocidade das
realização da obra, e o do particular, o recebimento do obrigações” no dispositivo de lei já revela o traço típico da
preço. Num convênio de assistência a menores, porém, comutatividade dos contratos administrativos.
esse objetivo tanto é do interesse da Administração como A celebração do convênio não representa o
também do particular. Por isso, pode-se dizer que as surgimento de uma pessoa jurídica, não havendo, de outro
vontades não se compõem, mas se adicionam.” lado, impedimento para a nomeação de um terceiro, para
O Convênio tem sido um instrumento funcionar como gestor do contrato. Na maioria das vezes,
amplamente utilizado pelo Poder Público quando se liga a ocorre a execução do convênio por meio de sucessivos
outros entes, públicos ou privados, em regime de contratos, até mesmo entre os partícipes, são os chamados
colaboração, almejando objetivos comuns, ainda que cada – termos aditivos, cumprindo cada etapa do programa.
partícipe possua obrigações distintas de acordo com suas “Como ato multilateral, o convênio é
possibilidades, segundo partilha definida no instrumento naturalmente aberto a adesões de partícipes com objetivos
convenial. comuns, assim como é livre a denúncia, respeitadas as
Existe, assim, no Convênio, efetiva obrigações relacionadas aos benefícios já auferidos e as
cooperação entre os partícipes, não sendo caracterizado consequências de prestações já atendidas por outros
pela comutatividade, típica dos contratos, quando o partícipes. Cada partícipe, mediante termo aditivo firmado
interesse dos contratantes se revela contraposto, ou seja, com os demais, adere nos termos necessários ao
cada parte tem objetivos e finalidades distintos. atingimento do objetivo comum e, portanto, pode ter
Nesse sentido, é a clássica lição de Hely obrigações e benefícios diferenciados. Podem, igualmente,
Lopes Meirelles: firmas novos convênios ou contratos, para cumprimento de
“Convênios administrativos são acordos firmados suas obrigações, sempre voltadas à finalidade comum
por entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas inicialmente ajustada.”
e organizações particulares para realização de objetivos de
interesse comum dos partícipes. Convênio é acordo, mas 1.5. Do Regime Jurídico Próprio dos
não é contrato. No contrato, as partes têm interesses Convênios da Administração Pública
comuns e coincidentes. Por outras palavras: no contrato há São características fundamentais que
sempre duas partes (podendo ter mais de dois signatários); particularizam e estabelecem uma identidade dos
uma, que pretende o objeto do ajuste (a obra, o serviço, Convênios da Administração e afins, dentre outras: a
etc); outra, que pretende a contraprestação correspondente ocorrência, nas relações entre os partícipes, da
(o preço, ou qualquer outra vantagem), diversamente do cooperação, da colaboração, da coordenação, da parceria,
que ocorre no convênio em que não há partes, mas do auxílio e/ou da ajuda e, ainda, a ausência de lucro, de
unicamente partícipes com as mesmas pretensões. Por preço e/ou de remuneração; o compromisso e obrigação
essa razão, no convênio, a posição jurídica dos signatários notadamente de parcela ou da totalidade dos partícipes no
é uma só e idêntica para todos, podendo haver, apenas, sentido de destinar recursos, repassar verbas e/ou efetuar
diversificação na cooperação de cada um, segundo as suas contrapartidas para realizar o objeto e o ajustado; o
possibilidades para a consecução do objeto comum, compromisso e obrigação, de regra, de parte ou de todos
desejado por todos.” os partícipes de utilizar, gerir, gerenciar e/ou administrar os
Por sua vez, Maria Sylvia Zanella Di Pietro, mesmos recursos, verbas e /ou contrapartidas, de forma
identifica as mesmas características: adequada, boa, correta, econômica e regular, a partir dos
“No contrato, os interesses são opostos e parâmetros traçados pelo acordado, pelas regulações
contraditórios, enquanto no convênio são recíprocos (...) os estabelecidas como aplicáveis ao pacto e pelos princípios,
entes conveniados têm objetivos institucionais comuns e se normas estritas e valores constitucionais e
reúnem, por meio de convênio, para alcançá-los: (...) no infraconstitucionais; a submissão às fiscalizações, aos
convênio, os partícipes objetivam a obtenção de um controles e/ou as prestações de contas das pessoas e
resultado comum; (...) no convênio, verifica-se a mútua entidades partícipes e das que se envolverem nos ajustes,
colaboração, que pode assumir várias formas, como através, por exemplo, dos controles efetuados pelos
repasse de verbas, uso de equipamentos, de recursos partícipes e pelos envolvidos no ajuste, pelo controle
humanos e materiais, de imóveis, de Know-how e outros; interno (Controladorias, Auditorias, serviços de
por isso mesmo, no convênio não se cogita de preço ou contabilidade e de prestação de contas), pelo controle
remuneração, que constitui cláusula inerente aos contratos; externo (Tribunais de Contas e Poder Legislativo), pelo
dessa diferença resulta outra: no contrato, o valor pago a Poder Judiciário e, ainda, pela cidadania, pela sociedade e
título de remuneração passa a integrar o patrimônio da pelo povo.
entidade que o recebeu, sendo irrelevante para o Por outro lado, as definições, as identidades
repassador a utilização que será feita do mesmo; no principais verificadas nos convênios da Administração e
convênio, se o conveniado recebe determinado valor, este congêneres, bem como o regime próprio dos mesmos, não
fica vinculado à utilização prevista no ajuste; assim, se um são obstáculos para a constatação da existência de outros
particular recebe verbas do poder público em decorrência contratos onde ocorrem, com os mais diversos traços e
de convênio, esse valor não perde a natureza de dinheiro dimensões, os elementos que caracterizam os primeiro.
público, só podendo ser utilizado para fins previstos no
convênio, por essa razão, a entidade está obrigada a
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1.6. Algumas Características dos Convênios Há que se destacar que os Convênios da


da Administração Pública Administração Pública também se caracterizam, nas
Define-se Convênio da Administração Pública, relações entre os partícipes, como pactos onde há
como pacto de cooperação, colaboração, coordenação e compromissos e obrigações de destinar recursos, verbas
parceria, uma vez que tais conceitos são os que e/ou contrapartidas para a realização do objeto e do
expressam, de forma mais clara os convênios na sua ajustado, e, ainda, de utilizar, gerir, gerenciar e/ou
concepção mais tradicional, que costumam relacionar e administrar os mesmos de forma adequada, boa, correta,
associar em vínculos de comunhão de pessoas e entidades econômica e regular, como também sujeito os partícipes e
da Administração Pública e também as mesmas com terceiros no ajuste a fiscalização, controle e prestação de
pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem fins lucrativos. contas sobre a feitura do objeto e sobre o respeito ao objeto
Por outro lado, os termos cooperação, do ajustado e ao ordenamento jurídico.
colaboração, coordenação e parceria são comumente Nos ajustes de natureza convenial existem
utilizados na doutrina e na prática administrativa, para compromissos e obrigações, no sentido de que, parte ou a
caracterizar relações e ajustes que se notabilizam pelos totalidade dos partícipes, coloquem à disposição recursos,
elementos associação e comunhão de interesses. verbas e/ou contrapartidas, próprios ou de terceiros,
Da leitura da Carta de 1988, no que diz respeito à geralmente públicos, provenientes principalmente dos
organização do Estado e à ordem social, sobressaem os concedentes, e/ou, quando couber, dos convenentes, para
conceitos de cooperação, associação e coordenação. realizar notadamente o objeto e o ajustado, atendido, se
Por sua vez, a utilização dos conceitos de houver, estipulações dos partícipes e regulamentares que
cooperação e colaboração decorre igualmente do fato de se apliquem ao caso e ao previsto no ordenamento jurídico.
que a doutrina contemporânea, no Direito Privado e no No acordo referido, os mesmos recursos,
Direito Público, tem afirmado de forma relevante as citadas verbas e/ou contrapartidas, são utilizados, gerenciados e/ou
noções nas relações obrigacionais e contratuais, como administrados, de forma adequada, boa, correta, econômica
requisitos centrais, não somente subsidiários, das e regular, por parcela ou totalidade dos partícipes, como
mencionas relações. regra o convenente, e/ou, ainda, o executor institucional ou
Os Convênios da Administração Pública devem ser a organização encarregada para a gestão, buscando
considerados, para além de ajustes que se particularizam concretizar o objeto e o ajuste, e também, atender as
pela cooperação, colaboração, coordenação e parceria, estipulações, quando for o caso, das pessoas ou entidades
mas também como ajustes que se caracterizam pelos partícipes e/ou regulamentar, como também, respeitados os
elementos auxílio e ajuda, que podem vir a compreender as princípios, normas estritas, diretivas e valores
atividades de fomento – os auxílios, as ajudas, os constitucionais e infraconstitucionais.
benefícios, as contribuições e as subvenções. As atividades de fiscalização, de controle e
Os Convênios Administrativos detêm uma de prestação de contas são elementos fundamentais nos
resistência aos conceitos do lucro, do preço, da Convênios, congêneres e/ou ajustes e procedimentos de
remuneração, da contraprestação, do pagamento, do natureza convenial, destacando-se, quando exercidos pelos
patrimônio, da vantagem, do benefício, da renda, do partícipes e os envolvidos nos ajustes.
rendimento, do proveito e/ou ganho. Entretanto, ainda que as verbas, recursos
De outra forma, observa-se uma fragilidade e/ou contrapartidas trazidas para o acordo convenial, mas
na utilização genérica e apriorística, sobretudo das noções também os direitos, deveres, obrigações, pretensões,
de contraprestação, pagamento, renda, rendimento, responsabilidades assumidas em face do ajustado, de
patrimônio, vantagem, benefício, proveito ou ganho para regramentos de toda espécie e do ordenamento jurídico,
distinguir os Contratos dos Convênios Administrativos e exigem a possibilidade de fiscalização, controle e prestação
afastar a utilização dos últimos. As mesmas noções devem de contas exercida pelo chamado controle interno
ser vistas a luz das situações concretas, principalmente (Controladorias, Auditorias ou serviços de contabilidade e a
pelo fato de que as mesmas podem, tanto se apresentarem prestação de contas), pelo denominado controle externo
associadas como dissociadas, dos conceitos de (Tribunais de Contas e Poder Legislativo) e do Poder
cooperação, colaboração, parceria, auxílio e/ou ajuda, Judiciário, como também a ocorrência, sempre mais ampla,
como também das noções de lucro, preço e/ou do exame, da observação e da vigilância da cidadania, da
remuneração. No rumo indicado, à título de ilustração, comunidade e/ou popular.
receber um recurso e/ou verba repassada através de A partir da ampla motivação buscada no
Convênio da Administração Pública pode significar, sim, ter plano da teoria, do ordenamento jurídico e da prática
vantagem, benefício, proveito ou ganho, mesmo em administrativa brasileira, que os repasses e transferências
situações de ausência de lucro, preço e/ou remuneração. A de recursos públicos, a título de cooperação, de parceria,
vantagem, benefício proveito ou ganho pode se dar pelo de auxílio e/ou de ajuda, devem ser viabilizados, como
acréscimo de reconhecimento político, público profissional regra, pelos Convênios da Administração Pública e
científico, cultural e artístico, como resultado da obra congêneres, ao mesmo tempo em que se descarta opiniões
realizada, da pesquisa efetuada, de um show musical que consideram que os mesmos repasses e transferências
efetivado, etc. devem ser viabilizados através de Contratos de Doação.
Verifica-se que na esfera dos Convênios da Daí que, as concepções e práticas administrativas que
Administração Pública, excetuando-se as e onde se entendem os mesmos repasses como meras doações e/ou
constata como regra, a incidência do lucro, preço e/ou como recursos a “fundo perdido ”trouxeram e trazem, como
remuneração. No entanto, nessas circunstâncias é regra, prejuízos relevantes.
necessário que tais contratações com terceiros sejam Nesse sentido, os recursos, verbas e/ou
precedidas de procedimentos licitatórios públicos ou contrapartidas destinados a título, dentre outros, de fomento
análogos, de dispensa ou de inexigibilidade[9], como social, de auxílios, de ajuda, de contribuições correntes, de
também procedimentos de contratação relativos à subvenções sociais e de bolsas, devem ser, em princípio,
Administração Pública, obedecendo, notadamente aos viabilizados através de Convênios da Administração
princípios e dispositivos que orientam a Administração Pública, congêneres e/ou por ajustes e procedimentos de
Pública e a Lei Federal n. 8.666/93, das Licitações e dos natureza convenial. A condição para tanto é que, nas
Contratos da Administração Pública. relações entre os partícipes, fique caracterizada uma
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vinculação que tenha como elementos que a particularize, Não se pode olvidar que a negação da
além do aqui tratado, a cooperação e associação e, ainda, natureza contratual também tem origem em frágeis exames
a ausência de lucro, preço e/ou remuneração, entendidos que veem a precariedade e instabilidade nos convênios da
os mesmos em sentido técnico. administração também como decorrência da possibilidade
A mencionada alternativa convenial de ocorrer nos mencionados pactos a retirada unilateral e a
predomina, notadamente, pelo fato de que no fomento denúncia, ao contrário do que aconteceria nos contratos
social, nos auxílios, nas ajudas, nas contribuições administrativos e dos contratos em geral. Verifica-se que,
correntes, nas subvenções sociais e nas bolsas de seguindo-se as referências estipuladas para os convênios,
pesquisa e estudo, inexistem nas relações entre os pode-se, observar instabilidade e precariedade em tais
partícipes, situações que gerem a remuneração, o preço e contratos.
/ou o lucro, embora possam estar presentes nos mesmos Assim, pode-se entender, de um lado, pela
as noções, dentre outras, de benefício e vantagem e, possibilidade de modificação e “rescisão” unilateral nos
inclusive, de acréscimo patrimonial e rendimento. contratos da administração e, de outro lado, pela existência
Igualmente, tende a não se afastar a de inúmeros contratos onde se fazem presentes a resilição
utilização dos Convênios da Administração Pública, unilateral e a denúncia.
congêneres e/ou os pactos e procedimentos de cunho Igualmente, a precariedade e instabilidade
convenial, as relações de natureza indenizatória, como, por dos convênios da administração, na relação entre
exemplo, as verbas a título de auxílio de custo, diárias, partícipes, ficam desmentidas pelo reduzido número de
transporte e/ou alimentação, pelo fato de que nas referidas negativas, no sentido de aceitar a transferência de recursos
relações não se caracterizar como remuneração, o preço através dos mesmos pactos e de assinatura dos
e/ou o lucro. mencionados ajustes, tendo em vista cláusulas, condições
Do contrário, os repasses de verbas, os e regramentos que se vinculam aos citados ajustes, mas
auxílios e as ajudas, que tenham natureza remuneratória, também como decorrência da constatação, nos
deslocam a utilização dos Convênios, congêneres e/ou os mencionados vínculos, de um baixo percentual de
ajustes e procedimentos de natureza convenial, por denúncias, retiradas unilaterais, resoluções, “rescisões” e
exemplo, alguns dos denominados auxílios e ajudas, como de disputas judiciais nos mesmos.
também alguns tipos de bolsas. Verifica-se, ainda, a distinção dos convênios
Os repasses de verbas públicas, a título de da administração com os contratos da administração a
fomento econômico, subvenções econômicas, tem grande partir de análises que enxergam relações de igualdade, de
possibilidade de não se demonstrarem congruentes com os fato e/ou de direito, entre os partícipes dos primeiros, ao
Convênios da Administração Pública, congêneres e com os contrario do que se daria com os segundos. As referidas
ajustes e procedimentos de natureza convenial. Constata- análises não subsistem à realidade dos pactos de natureza
se, assim, que em alguns desses casos, coexistam, lado a convenial, afetados de forma ponderável pelas relações
lado, a cooperação, a colaboração, a coordenação, a desiguais existentes no âmbito da federação brasileira e/ou
parceria, o auxílio e/ou a ajuda, a remuneração, o preço, o pelas situações de adesão que permitem a falta de
juro e/ou o lucro. paridade e, ainda, a desigualdade, de fato e/ou de direito,
Observa-se, também, que os chamados entre os partícipes do citado ajuste.
Convênios da Administração Pública, a título de A artificialidade dos argumentos decorrem
cooperação, de colaboração, de coordenação, de parceria, também da constatação de que a desigualdade e ausência
de auxílio e/ou ajuda, tal como ocorre no sistema jurídico de paridade entre os partícipes, como também as situações
nacional, bem como na prática administrativa, apontam de adesão, podem ser encontradas, resguardadas as
para a existência de ajustes conveniais, da mesma forma peculiaridades e dimensões próprias dos diferentes tipos de
que acontece nos Contratos, onde pode-se encontrar ajustes, tanto nos contratos da administração pública, como
situações de bilateralidade e também de unilateralidade, de nos contratos de direito privado e dos convênios da
onerosidade e ainda de gratuidade, de comutatividade e administração pública.
igualmente de ausência das mesmas, de igualdade e A possibilidade de igualdade entre os
também de ausência de paridade, dentre as quais existem partícipes nos convênios da administração pública, ou da
as situações de adesão. ausência da mesma, não deve ser inferida sobre a
ocorrência ou não de natureza instável e precária nos
1.7. A Natureza Contratual dos Convênios da citados pactos. Corroborando, ainda mais com a ideia da
Administração Pública natureza contratual dos convênios da administração
A natureza contratual dos convênios da pública, que os próprios elementos presentes nos acordos
administração pública decorrem, de um lado, de como traços fundamentais particularizadores, não impedem
argumentos e constatações que desestruturam os o reconhecimento de que os citados elementos existem
elementos que sustentam as noções de acordo, convenção, também, de diferentes formas, em diversos contratos
pacto, ato complexo e ato coletivo em contraposição ao reconhecidos pelo ordenamento jurídico.
conceito de contrato, quais sejam, dentre outras, as
dicotomias antagonismo ou convergência de interesses, 1.8. Da Celebração dos Convênios
objetivos e resultados, obrigações recíprocas ou ausência A celebração, execução e prestação de contas de
das mesmas, vinculações jurídicas e obrigacionais ou conv6eniois no âmbito da administração pública são
inexistência/instabilidade das mesmas, estipulações de regulados pela Instrução Normativa n. 1, de 15.01.1997, da
direitos, deveres, obrigações, pretensões, Secretaria do Tesouro Nacional e suas alterações. O
responsabilidades, ações, sanções e penalizações ou referido dispositivo, de início, apresenta asa definições
falta/precariedade das mesmas. Por outro lado, a ampla próprias da matéria. Por conseguinte, para a celebração do
maioria da doutrina e as codificações dos séculos XIX, XX e conv6enio, deverá o interessado apresentar ao órgão ou
atual efetuam a denominada ampliação do conceito de entidade responsável pelo programa um plano de trabalho,
contrato e definem o mesmo, por exemplo, como acordo que deverá conter, no mínimo, informações; (a) razões que
para produção de efeitos jurídicos notadamente entre as justifiquem a celebração do convênio; (b) descrição
partes/partícipes, que obtenha reconhecimento ou que não completa do objeto a ser executado; (c) descrição das
tenha oposição do ordenamento jurídico. metas a serem atingidas, qualitativa, e quantitativamente;
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(d) etapas ou fases da execução do objeto, com a previsão qualificados o poder discricionário de reorientar ações e de
de início e fim; (e) plano de aplicação dos recursos a serem acatar ou não justificativas com relação às eventuais
desembolsados pelo concedente e a contrapartida disfunções havidas na execução, sem prejuízo da ação das
financeira do preponente, se for o caso, para projeto ou unidades de controle interno e externo.
evento; (f) cronograma de desembolso; (g) declaração do
convenente de que não está em situação de mora ou de CONVÊNIOS FIRMADOS ENTRE A
inadimplência junto a qualquer órgão ou entidade da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E AS ENTIDADES DE
Administração Pública Federal Direta e Indireta. A DIREITO PRIVADO
regularidade será comprovada mediante a apresentação É cediço que as despesas decorrentes da
das certidões especificadas no art. 3º da IN; (h) aplicação de recursos repassados mediante convênio estão
comprovação do exercício pleno da propriedade do imóvel, sujeitos, no que couber, às disposições da lei n. 8.666/93,
mediante certidão do registro no cartório de imóvel, quando conforme preconiza o art. 116, que está em sintonia plena
o convênio tiver por objeto a execução de obras, ou com a exigência de Licitação prevista no art. 37, XXI, da
benfeitorias no mesmo. Carta de 1988.
Ressalte-se que é vedado celebrar convênio, O que na abalizada expressão do Ministro
efetuar transferência ou conceder benefícios sob qualquer Walton Alencar, do Tribunal de Contas da União:
modalidade, destinado a órgão ou entidade da “(...) não significa dizer que o particular, ao aplicar
Administração Pública federal, estadual, municipal, do recursos públicos provenientes de convênios celebrados
Distrito Federal, ou para qualquer órgão ou entidade, de com a administração federal, esteja sujeito ao regramento
direito público ou privado, que esteja em mora, inadimplente estabelecido na Lei n. 8.666/93. No entanto, sendo a
com outros convênios ou não esteja em situação de licitação imposição de índole constitucional ela não
regularidade para com a União ou entidade da representa apenas um conjunto de procedimentos como se
Administração Pública Federal Indireta, bem como destinar estes fossem um fim em si mesmos. Representa
recursos públicos como contribuições, auxílios ou fundamentalmente um meio de tutelar o interesse público
subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. maior que tem por meta garantir o cumprimento dos
Saliente-se que o convênio ou ajuste só será princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
executado depois de previamente cadastrado no SIAFI pelo publicidade e eficiência que devem estar presentes em
próprio gestor, e para sua celebração faz-se imperiosa a qualquer operação que envolva recursos públicos.”
aprovação prévia de plano de trabalho apresentado pela Atento a esses princípios, o legislador
parte executiva, devendo conter as seguintes informações: ordinário estabeleceu a entidades de direito privado a
identificação do objeto a ser executado; metas a serem obrigação de licitar nas restritas hipóteses em que tenham
atingidas; etapas ou fases de execução; plano de aplicação sob a sua guarda recursos públicos.
dos recursos financeiros; cronograma de desembolso; A Lei n. 8.958/1994, que dispõe sobre as
previsão de início e fim da execução do objeto, bem como relações entre as instituições federais de ensino superior e
da conclusão das etapas ou fases programadas; se o ajuste de pesquisa científica e tecnológica e as fundações de
compreender obra ou serviço de engenharia, comprovação apoio, no art. 3º, há comando específico para observância
de que os recursos próprios para complementar a execução da legislação federal sobre licitações e contratos
do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o custo administrativos na aplicação de recursos públicos.
total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão Por sua vez, a Lei n. 9.790/1999, que
centralizador. dispõe sobre a qualificação das pessoas jurídicas de direito
Figuram como vedações a inclusão, tolerância ou privado, sem fins lucrativos, como Organizações de
admissão, nos convênios, de cláusulas ou condições que Sociedade Civil de Interesse Público, determina
prevejam ou permitam: (a) realização de despesas a título que estas organizações devem ter regulamento próprio,
de taxa de administração, de gerência ou similar; (b) contendo os procedimentos para a contratação de obras e
pagamento, a qualquer título, a servidor ou empregado serviços, bem como para compras, com emprego de
público, integrante de quadro pessoal de órgão ou entidade recursos públicos. Esse regulamento deverá assegurar a
pública da administração direta ou indireta, por serviços de observância dos princípios norteadores da Administração
consultoria ou assistência técnica; (c) aditamento com Pública – art. 14, da legalidade, impessoalidade, da
alterações do objeto, ou das metas; (d) utilização dos moralidade, da publicidade, da economicidade e da
recursos em finalidade diversa da estabelecida no eficiência.
respectivo instrumento, ainda que em caráter de O Tribunal de Contas da União,
emergência; (e) realização de despesas em data anterior ou acertadamente, firmou o entendimento de que a aplicação
posterior à sua vigência; (f) atribuição de vigência ou de de recursos públicos geridos por particular em decorrência
efeitos financeiros retroativos; (g) realização de despesas de convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
com taxas bancárias, com multas, juros ou correção congêneres, deve atender, no que couber, às disposições
monetária inclusive, referentes a pagamentos ou da Lei de Licitações, ex vi do art. 116 da Lei n. 8.666/93, e
recolhimentos fora dos prazos; (h) transferência de recursos recomendou à Presidência da República que, no uso da
para clubes, associações de servidores ou quaisquer competência prevista no art. 84, IV, da Constituição
entidades congêneres, excetuadas creches e escolas para Federal, proceda à regulamentação do art. 116 da Lei de
o atendimento pré-escolar; e (i) realização de despesas Licitações que devem ser seguidas pelo particular partícipe
com publicidade, salvo as de caráter educativo, informativo de convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
ou de orientação social, das quais não constem nomes, congêneres, nas restritas hipóteses em que tenha sob sua
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal guarda recursos públicos.
de autoridades ou servidores públicos.
Destaque, que cada uma das partes, responde 2.1. Os Convênios de Repasse de Verbas
pelas consequências de sua inexecução total ou parcial, Muitos convênios preveem repasses de
quanto à função fiscalizadora, está deverá ser exercida verbas que, na realidade, significam remuneração ou preço
pelos órgãos ou entidades concedentes dos recursos, pelas atividades realizadas por uma das partes.
dentro do prazo regulamentar de execução e prestação de Percebe-se que, parcela considerável das
contas do convênio, ficando assegurado aos seus agentes verbas repassadas para convenentes e/ou executores,
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através de convênios, congêneres e/ou de procedimentos e atender à manutenção de outras entidades de direito
ajustes, no geral simplificados, de natureza convenial, público ou privados.(...)”
terminam por remunerar, gerar preço e/ou gestar lucros Registramos que o art. 12, caput e o $ 6º, da
para os terceiros que, no âmbito dos mesmos acordos, mesma Lei n. 4.320/64, estabelece, na esfera das despesas
efetuam as denominadas contratações com os partícipes, de capital, como, “transferência de capital as dotações para
fornecendo bens, prestando serviços e/ou realizando obras investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas
para a realização do pactuado. Como também, a ocorrência de direito público ou privado devam realizar,
de situações, direta ou indiretamente, onde os partícipes – independentemente de contraprestação direta em bens ou
convenentes e/ou executores institucionais – dos mesmos serviços” e, ainda, que constituem-se “essas transferências
ajustes recebem remuneração, preço e/ou conseguem auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da
lucro, em contradição com o entendimento doutrinário, Lei de Orçamento ou de lei especial anterior, bem como as
administrativo e do ordenamento que rejeita a configuração dotações para amortização da dívida pública”.
das circunstâncias referidas. Da mesma forma, destaca-se, por exemplo,
A situação da contratação de terceiros que que no art. 71, inciso VI, da Constituição Federal de 1988, o
fornecem bens, prestam serviços e/ou realizam obras para conceito repasse de recursos se encontra associado às
a execução dos Convênios da Administração, congêneres noções de convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
e/ou ajustes e procedimentos de natureza convenial, é congêneres, em decorrência de que, ao menos nas
aceita no nosso ordenamento jurídico, por exemplo, no art. situações citadas, o afastamento do conceito de repasse de
116, parágrafo 3º, inciso II, da Lei Federal n. 8.666/93, e no recursos das noções, no mínimo, de lucro, preço e/ou
art. 21, parágrafo 4º, inciso II, e no art. 27, da Instrução remuneração.
Normativa n. 01, 1997, da Secretaria do Tesouro Nacional. O artigo 71, caput e inciso VI, da Carta
Outrossim, a ocorrência das chamadas Magna, estipula:
contratações com terceiros não partícipes, no âmbito dos “Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
acordos de natureza convenial, culminou com a exigência Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
de licitação, da dispensa ou da inexigibilidade na ocorrência da União, ao qual compete: (...)
das situações referidas, como é possível constatar na VI – fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
redação original do art. 27, da Instrução Normativa n. 01, de repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
1997, da Secretaria do Tesouro Nacional. ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
A redação vigente do mencionado art. 27, da Federal ou a Município;(...).”
mesma Instrução Normativa, enuncia que o convenente, Não devem merecer acolhimento o
ainda que entidade privada, sujeita-se, quando da execução entendimento doutrinário que considera que a situação do
de despesas com recursos transferidos, às disposições da Convênio Administrativo de Repasse de Verbas não seria
Lei n. 8.666/93, de 21.06.1993, especialmente em relação a de efetivo convênio e, ainda que o repasse de verbas não
licitação e contrato” e, também, que “é admitida a pode ser formalizado por intermédio de Convênio
modalidade de licitação prevista na lei n. 10.520, de administrativo porque não preenche dois de seus requisitos
17.06.2002, nos casos em que especifica”. Admite-se, imprescindíveis, ou seja, a obrigatória inexistência de
portanto, o pregão, nos termos da legislação citada. interesse patrimonial e a efetiva atuação conjunta dos
De outro lado, a doutrina, a prática partícipes.
administrativa e o ordenamento jurídico pátrio, no âmbito Outros doutrinadores entendem que o
dos Convênios da Administração Pública, congêneres e/ou repasse de verbas não pode ser formalizado por intermédio
ajustes e procedimentos de natureza convenial, não tem de mero ato administrativo unilateral, tendo em vista que,
admitido, como regra, situações, onde direta ou obrigatoriamente, será condicionado a prestação de contas
indiretamente os próprios partícipes – convenentes e/ou relativa a destinação da verba, o que corresponde a um
executores institucionais – recebem remuneração, preço encargo do beneficiário, o que revela a importância de sua
e/ou conseguem lucro, entendidos tais conceitos na sua aceitação, para que a relação jurídica seja efetivada.
dimensão técnica. Propõe-se, ainda, que o repasse de verbas
Igualmente, os conceitos de repasse ou de seja formalizado por intermédio de contrato de doação, nos
transferência de verbas e as noções de remuneração e/ou termos da legislação pátria para a matéria, estipulada de
pagamento, têm sentidos próprios, inconfundíveis e forma mais específica no art. 538 do Código Civil de 2002,
afastados, tornando possível a constatação, à luz dos fatos, e, ainda, no art. 17, II, e $ 4º, da Lei de Licitações e
quando diante de uma ou outra das noções mencionadas. Contratos (Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993), que
J.M.Othon Sidou, referido por Maria Helena dispõe sobre os requisitos para a sua realização.
Diniz, define o conceito de repasse, no âmbito do Direto O art. 538 do Código Civil de 2002 preceitua
Financeiro, como “operação de transferência de crédito ser a “doação o contrato em que uma pessoa, por
orçamentário, no todo ou em parte, para uma unidade liberalidade, transfere de seu patrimônio bens ou vantagens
administrativa subordinada ou vinculada”. para o de outra”.
Em outro sentido, as noções de Por sua vez, o art. 17, inciso II, $ 4º, da Lei
transferência correntes e de capital são definidas, por Federal n. 8.666/93, estabelece, no inciso II, que a doação
exemplo, no artigo 12, da Lei Federal n. 4.320/64, do Direito será “permitida exclusivamente para fins e uso de interesse
Financeiro, Orçamentário e da Contabilidade Pública. social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência
O art. 12, caput e parágrafo 2º, da Lei socioeconômica, relativamente à escolha de outra forma de
Federal n. 4.320/64, que classifica as despesas segundo alienação”, enquanto que o $ 4º, estipula que a doação com
categorias econômicas, conceitua, no âmbito das despesas encargo “será licitada e de seu instrumento constarão
correntes, como: obrigatoriamente os encargos, os prazos de seu
“Art. 12. (...) cumprimento e cláusulas de reversão, sob pena de nulidade
$2º. Classificam-se com o Transferências do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse
Correntes as dotações para as despesas às quais não público devidamente justificado.”
corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, Miriam Cavalcanti de Gusmão Torres
inclusive para contribuições e subvenções destinadas a questiona a noção Convênio Administrativo de Repasse de
Verbas, primeiramente, pelo fato de que no mesmo ajuste é
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obrigatória a inexistência de interesse patrimonial”, o que outro lado, a própria autora citada, lembra que o art. 71,
não ocorreria nos Convênios de repasse de verbas, “na inciso VI, da carta de 1988, é aplicável a União, e, também,
medida em que a Administração Pública, ao destinar uma aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, em face
quantia a outro entre, seja ele público ou privado, desfaz-se do princípio da simetria.
de seu patrimônio em favor de terceiro, sem que sequer Nesse contexto, o art. 116, da Lei Federal n.
este tenha que praticar qualquer ato para justificar tal 8.666/93, $$ 1º, 2º e 3º, utilizam expressões como; “órgão
benefício. repassador”, ”partícipe repassador de recursos”, “órgão
Os convênios da Administração Pública e descentralizador de recursos”, “liberação” de recursos,
congêneres, dentre outras questões, se caracterizam, como “plano de aplicação dos recursos financeiros” e “aplicação
instrumentos de cooperação, colaboração, parceria, ajuda de recursos”. As formulações presentes na mencionada
e/ou auxílios entre os partícipes, onde esteja ausente as norma infraconstitucional, no artigo que trata em especial
noções de lucro, preço e/ou remuneração, entendidas as dos convênios e congêneres, significam, igualmente, o
mesmas em sua conceituação técnica. reconhecimento da estreita vinculação – embora não seja
Igualmente, desaconselhável também a obrigatória a associação – dos conceitos de repasse de
utilização, notadamente quando em termos genéricos e verbas e recursos às noções de convênios, acordos,
sem o devido rigor técnico, de uma série de conceitos ajustes e congêneres.
empregados, tais como, contraprestação, pagamento,
renda, rendimento, patrimônio, patrimonialidade, vantagem, 2.2. Contrato de Doação no Âmbito dos
benefício, proveito e/ou ganho, para deslocar de forma Convênios
peremptória os convênios e congêneres, sobretudo pelo No mesmo diapasão, não deve merecer
fato de que os mesmos conceitos não resistiriam a um consideração a proposição que considera que, o repasse
relevante número de situações que se caracterizam, como de verbas seja formalizado por intermédio de Contrato de
passíveis de gerar o uso dos ajustes e procedimentos de Doação, em conformidade com as disposições atinentes à
natureza convenial. matéria, e não através de Convênio da Administração
O repasse de verbas pode significar, sim, Pública.
situações de vantagem, benefício, proveito ou ganho de Parece não ser adequada tal proposição,
pessoas ou entidades, sem que haja possibilidade de se mesmo utilizando como divisória da proposta, além do art.
questionar, num grande número de situações, a utilização 538 do Código Civil de 2002, o já citado art. 17, inciso II, $
do instrumento jurídico convênio da Administração Pública 4º, da Lei de Licitações e Contratos Administrativos.
e congêneres. Tal hipótese é passível de ocorrer na medida O enunciado no art. 116, caput da Lei
em que se verificar que, no ajuste originado pelo repasse Federal n. 8.666/93, se aplicam as disposições da mesma
de verbas, estejam presentes, nas relações entre os Lei, no que couber, aos convênios, acordos, ajustes e
partícipes, os elementos cooperação, colaboração, outros instrumentos congêneres celebrados por pessoas e
coordenação, parceria, ajuda e/ou auxílio, bem como entidades da Administração Pública, aponta notadamente
estejam ausentes o mesmo os elementos lucro, preço e/ou para utilização, no que se refere aos Contratos da
remuneração. Administração, das disposições presentes nos artigo artigos
Miriam Cavalcanti de Gusmão Sampaio 54 e seguintes.
Torres questiona a noção de convênio administrativo de Ao que parece, tais soluções propostas pela
repasse de verbas, também, pela sua compreensão de que doutrina, além do conjunto de exames críticos já apontados,
num verdadeiro convênio seria de esperar “a existência de apresenta problemas relevantes, de ordem doutrinária e
obrigações recíprocas”, o que implica numa “efetiva prática, que consigna pela não aplicabilidade dos mesmos.
atuação conjunta dos partícipes”. As noções de gratuidade, de unilateralidade
Questiona-se, ainda, a formulação, em e de ausência de comutatividade, características dos
relação ao conceito de obrigações recíprocas presente Contratos de Doação, não consegue abranger um número
inclusive no art. 2º, parágrafo único, da Lei Federal n. relevante de situações de repasses de verbas, efetuadas,
8.666’93, onde se estabelece uma implícita tentativa de em regra, através de convênios da administração pública,
distinção Dops contratos com os convênios da de congêneres, bem como de ajustes e procedimentos, no
Administração Pública, a partir da existência nos primeiros geral simplificados, de natureza convenial, onde ocorre, nas
e ausência nos segundos, dos elementos acordo de relações entre os partícipes, a cooperação, a colaboração,
vontades para a formação de vínculos” e, ainda, a a coordenação, a parceria, o fomento, o auxílio, a ajuda, a
“estipulação de obrigações recíprocas”. Na medida em que, contribuição e/ou a subvenção e onde está presente o
a noção “acordo de vontades para a formação do vínculo”, lucro, o preço e/ou a remuneração.
é passível de ocorrer tanto nos contratos como nos Cumpre registrar, pelo menos um exemplo,
convênios. a questão da crescente exigência de contrapartidas,
Percebe-se, no âmbito doutrinário, que os presentes, por exemplo, no art. 25, inciso IV, letra “d”, da
argumentos trazidos pela jurista mencionada, questionando Lei Complementar n. 101, de 2000 – da Responsabilidade
o uso dos convênios administrativos como instrumentos Fiscal, no art. 44, $$ 1º, 2º e 3º, da Lei Federal n. 11.178,
para os repasses de verbas, não devem ser acolhidos. de 2005 – das Diretrizes para Elaboração da Lei
De outro lado, no âmbito do ordenamento Orçamentária de 2006.
jurídico, existem sérios obstáculos para que prosperem os O Contrato de Doação está profundamente
exames da autora questionando a possibilidade dos impregnado pelas noções de liberalidade, de gratificação
convênios de repasse de verbas. generosa e do elemento subjetivo pessoal do agente, o que
O primeiro óbice é o que está disposto no torna inconveniente, doutrinária e praticamente, sua
art. 71, inciso VI, da Constituição Federal de 1988, que fala utilização em larga escala e sem ampla variedade de
em “recursos repassados (...) mediante convênio, acordo, precauções, no âmbito do Direito Público, que se rege pelos
ajuste ou outros instrumentos congêneres”, na medida em princípios, dentre outros, da legalidade, da impessoalidade,
que o preceituado significa, no mínimo, o reconhecimento do interesse público e da motivação.
constitucional da possibilidade de associação do conceito Clóvis Bevilaqua entende ser “o animus
recursos repassados, repasse e transfer6encia de verbas, donanti essencial à doação” e, ainda defende que o
às noções de convênios, acordos, ajustes e congêneres. De
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decisivo no citado contrato está na liberalidade, elemento (II) A utilização dos bens doados de acordo
subjetivo pessoal do agente. com o previsto no ajuste, nos regramentos administrativos,
Para San Tiago Dantas anota que “a nos princípios, normas e valores presentes em normas
liberalidade é a essência, a causa da doação”. constitucionais e infraconstitucionais, mesmo após o
Do mesmo modo, o Contrato de Doação não esgotamento da vigência dos acordos;
se apresenta como juridicamente adequado no sentido de (III) A vedação (a) de que os bens sejam
atender, por exemplo, aos princípios e exigências utilizados para fins diversos dos definidos nos ajustes, e,
constitucionais que se aplicam de forma direta ou indireta também, nos princípios, normas e valores presentes em
ao repasse de verbas públicas, na medida que os mesmos regramentos administrativos, regulamentares,
repasses implicam na utilização, administração, gerência de infraconstitucionais e constitucionais, (b0 de que os bens
dinheiros, bens e valores públicos. Também em decorrência sejam utilizados para favorecimento de indivíduos
de que os mencionados repasses e manuseio de dinheiros, vinculados com as pessoas e as entidades partícipes, em
bens e valores públicos estão submetidos, de forma especial em favor de dirigentes das mesmas, bem como de
indireta, por exemplo, aos princípios esculpidos nos arts. 1º, seus familiares e de pessoas ligadas aos mesmos, (c) de
3º, 37, 70, 71, 165, 166, 167, 170, 193, 198 e 199, da que os bens sejam utilizados e/ou armazenados em locais
Constituição de 1988, como também, de forma mais direta, que não encontrem justificativa plausível no ajustado e no
acatam os princípios da legalidade, legitimidade, plano de trabalho, ou em locais inadequados e/ou que
impessoalidade, moralidade, probidade, publicidade, sujeitem os bens a destruição, perecimento e deterioração,
eficiência, economicidade, prestação de contas, controle (d) de que ocorra a venda, doação, permuta, dação em
interno, externo, judicial e da sociedade, responsabilidade, pagamento, concessão ou permissão de uso, e toda e
multa proporcional ao dano por ilegalidade de despesa ou qualquer forma de alienação, dos bens doados, a qualquer
irregularidade de contas e/ou responsabilidade. tempo, sem autorização por escrito do doador;
Outrossim, os princípios afirmados pela (IV) A estipulação de encargos e limites aos
Constituição Federal de 1988, como também pela partícipes, como também a regulação das relações entre os
legislação infraconstitucional que se seguiu, demonstram mesmos;
que a regulação existente em relação aos Convênios da (V) O compromisso dos partícipes de
Administração Pública, congêneres e/ou ajustes e informar ao doador sobre irregularidades e problemas
procedimentos de natureza convenial se encontra muito relevantes surgidos com os bens doados, mesmo após a
aquém dos princípios, normas e valores já sedimentados vigência do ajuste, com destaque para a ocorrência de
pelas mesmas, fato que se agravaria com a proposta roubo, furto, posse indevida, evento caracterizado como
sugerida pela autora Miriam Cavalcanti de Gusmão força maior e/ou excludente de responsabilidade;
Sampaio Torres. (VI) Direto de que os partícipes, como
Com relação às verbas repassadas, estas também os órgãos de controle interno, externo e social,
estarão melhor protegidas com o atendimento, no que bem como as pessoas e instituições que a legislação
couber, das previsões sobre Convênios e Contratos da defina, no âmbito de suas atribuições, obtenham, a
Administração Pública constantes na Lei Federal n. qualquer tempo, informações necessárias ã verificação do
8.666/93 e, ainda, da Instrução Normativa n. 01, 1997, da uso dos bens, sua localização, seu estado de conservação
Secretaria do Tesouro Nacional, bem como das Leis ou mesmo de sua condição de bem inservível e seu
Federais de Diretrizes Orçamentárias mencionadas, perecimento, facultadas ainda inspeções locais;
notadamente, quando as estipulações infraconstitucionais, (VII) Compromisso de manter o bem doado em
regulamentares e administrativas forem interpretadas numa perfeito estado de conservação e funcionamento, correndo
perspectiva atenta às disposições constitucionais às custas do beneficiado as despesas para tanto, salvo em
encontradas, dentre outros, nos artigos da Carta de 1988. situações de os bens se tornarem inservíveis e obsoletos,
A utilização do Contrato de Doação, com as e, ainda, quando ocorrer estipulação de ajuste, regulamento
amplas cautelas referidas, deve ocorrer, no âmbito dos ou legal em sentido contrário;
Convênios da Administração Pública, congêneres e (VIII) A estipulação de que as irregularidades,
procedimentos simplificados de natureza convenial, por em especial as de natureza grave, ensejam a possibilidade
exemplo, no caso de bens remanescentes na data da de que o doador solicite, em decisão motivada, após
conclusão ou extinção do ajuste, e dos bens que em razão contraditório e ampla defesa, a devolução, total ou parcial,
do acordo tenham sido adquiridos, produzidos, dos recursos transferidos, devidamente atualizados, sem
transformados ou construídos. Em relação ao tema, o artigo prejuízo de outras sanções e penalidades, definidas no
7, caput e inciso IX, da Instrução Normativa n. 01, 1997, da ajuste, como também em estipulações administrativas e
Secretaria do Tesouro Nacional – dos convênios, observa- legais;
se a exigência, como cláusula obrigatória do ajuste, de que (IX) O estabelecimento de que poderá ocorrer
se defina o direito de propriedade sobre os bens acima a reversão, parcial ou total, dos bens doados, em favor do
citados. doador ou outra pessoa ou entidade que atenda
Como regra, os Contratos de Doação no adequadamente o interesse público e social, notadamente
âmbito do Direito Público e dos Convênios da nas situações em que (a) ocorram, irregularidades, em
Administração Pública devem estar vinculados a exigências especial as de natureza grave, (b) o ente ou pessoa
e encargos definidos meticulosamente. beneficiado deixar de existir, ou tiver a sua atividade
Há indicação de algumas exigências e gravemente afetada, ou alterar drasticamente as suas
encargos que devem ser adotadas, no âmbito dos contratos finalidades sociais ou em caso de insolvência e falência.
de doação envolvendo a Administração Pública, que podem Destaque para a preocupação dos órgãos de
auxiliar no sentido de que sejam evitadas burlas, fiscalização e controle dos atos da Administração Pública,
irregularidades, ilegalidades e violações dos princípios que inclusive com referência ao art. 17, inciso II e $ 4º, da Lei
regem a Administração Pública: Federal n.8.666/93, no sentido de que as doações
(I) A existência de relevante interesse efetuadas pela Administração Pública sirvam ao interesse
público e social para a doação dos bens, devidamente público e social devidamente justificado, após criteriosas
justificada em criteriosa avaliação e exame; avaliações e exames, como também assumam, quando
couber, a forma de doação com encargos, a ser licitada,
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quando não ficarem configuradas as hipóteses de dispensa Constituição de 1988 e do regramento infraconstitucional
por interesse público devidamente justificado, e onde se que se seguiu a mesma, não se pode subestimar os
defina o prazo do cumprimento dos compromissos elementos de permanência das ideias e práticas acima retro
assumidos e se estipule cláusulas de reversão. mencionadas.
Porém, as experiências administrativas em nosso
País, tratam ajustes de natureza convenial como doações 2.4. A Administração dos Convênios
e/ou também como “verbas a fundo perdido”, além de Os convênios da Administração Pública e
incorretas teoricamente, colaboram, no geral, para práticas seus congêneres, obrigações
lamentáveis, onde predomina o senso comum mais rasteiro para que uma parte ou a totalidade dos partícipes,
sobre os repasses de verbas a título de doação e/ou a notadamente os convenentes efetuem contrapartidas, para
fundo perdido. a realização do objeto e do ajustado, a título, por exemplo,
Tais concepções contribuíram também, para que de fomentos, auxílios, ajudas, contribuições, subvenções
se configurassem as situações lamentáveis citadas, e/ou bolsas.
inclusive o fato de que no âmbito dos mesmos repasses de Nos pactos de natureza convenial os
verbas, em princípio, não serem estabelecidos, também, recursos e verbas destinados são utilizados, geridos,
para os partícipes beneficiários, encargos, exigências, gerenciados e/ou administrados por uma parcela ou a
obrigações, controles, fiscalizações, prestações de contas, totalidade dos partícipes, no geral o convenente e/ou
devoluções de recursos e reversão dos bens em casos de executor institucional, no sentido de viabilização do objeto e
irregularidades e ilegalidades, e/ou outras formas de do ajustado, de forma adequada, boa, correta, econômica e
responsabilização, sanção e penalização. regular.
Nos acordos de cunho convenial existe a
2.3. As Práticas Administrativas - o “Fundo sujeição à fiscalização, controle e prestação de contas, que
Perdido” e os Recursos Repassados pela atingem os [partícipes de ajuste e os que se envolverem
Administração Pública com o mesmo. A fiscalização, controle e prestação de
No presente estudo é fundamental os exames contas serão exercidos pelos partícipes, pelo denominado
propostos por Jorge Miranda Ribeiro e Maria Mota Pires, controle interno (controladorias, auditorias e serviços de
quando demonstram alguns dos graves prejuízos causados contabilidade), externo (Tribunais de Contas), judicial e,
pelo fato de que no passado se utilizavam da concepção ainda, pelo controle de cidadania e popular.
dominante e da prática administrativa majoritária que De outro lado, a necessidade de,
considerava “os recursos da União repassados a título de inicialmente, trazer para exame, mesmo que rapidamente,
convênio, tanto para entes de direito público como para os conceitos fomento, auxílios, ajudas, contribuições,
aqueles de direito privado”, como “a fundo perdido”. subvenções, subsídios, e/ou bolsas como os mesmos são
Os citados autores destacam que na perspectiva enxergados notadamente pela doutrina e normatização
do mesmo entendimento “o essencial era transferir a verba nacional, embora trazendo também alguns poucos
orçamentária, alocada no elemento de despesa do elementos trazidos pela doutrina e legislação estrangeira.
orçamento da União, voltado para o fim especificado no Odete Medauar, tratando das noções de
”instrumento, e o parceiro do governo utilizá-lo no pactuado auxílios, contribuições e subvenções sociais ou
pelas partes”. econômicas, enuncia que:
Salientam, ainda, os mesmos autores que “o “É patente a dificuldade em traçar conceitos
recurso a fundo perdido era verba transferida para quem precisos para cada uma das espécies de repasses
pactuasse com o Governo Federal”, não existindo, à época, financeiros assinaladas”, tendo em vista que atualmente o
a “necessidade de prestação de contas da regularidade de seu regime jurídico-financeiro resulta de uma diversidade
sua aplicação” e “tampouco (...) obrigatoriedade de de textos legislativos, decretos e atos normativos
comprovar se o objeto do convênio havia sido alcançado ou infralegais, cujos principais são: a) Lei Federal n. 4.320, de
cumprido na forma avençada” autores anotam, ainda que ä 17 de março de 1964 (normas gerais de direito financeiro);
boa-fé e confiança entre as parte” afastava “suspeitas de b) Decreto 93.872, de 23 de dezembro de 1986 (dispõe
desvios, conluios, falcatruas e corrupção no emprego de sobre a unificação dos recursos de caixa do tesouro
verba pública”, o que permitiu que “maus administradores Nacional); c) Instrução Normativa da Secretaria do Tesouro
se locupletassem com o dinheiro público”. Nacional – STN 01, de 15 de janeiro de 1997 (disciplina a
Tais entendimentos e práticas tiveram profunda celebração de convênios de natureza financeira que
influência no senso comum administrativo e social, também tenham por objeto a execução de projetos ou realização de
como decorrência de tratarem omissiva de que eram eventos); d) Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de
congruentes com as concepções e práticas patrimonialistas 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal); e e) Lei Federal n.
e de não diferenciação entre o que é público e o que é 11.178, de 20 de setembro de 2005 (atual Lei de Diretrizes
privado e/ou pessoal, como também de tratarem omissiva Orçamentárias).
e/ou irresponsavelmente os recursos públicos como “terra Agora, após estabelecer algumas
de ninguém” e/ou como “de todos e de ninguém”. Tais conclusões, mesmo que breves, sobre a possibilidade e
concepções e práticas administrativas eram adequadas limites para o estabelecimento, sobretudo da relação entre
para a viabilização das mais variadas formas de os convênios da Administração Pública, congêneres e/ou
apropriação privada dos recursos do Estado brasileiro, ajustes e procedimentos de natureza convenial, e as ações
perpetrado por administradores, servidores e, não raro, por de fomento, auxílios, ajudas, contribuições, subvenções
lideranças políticas, empresariais, sindicais, sociais e e/ou bolsas.
populares, seja pela forma da corrupção, do desvio e/ou do
descaso com os recursos públicos, e/ou seja pela busca 2.5. O Fomento
e/ou concessão de privilégios, dentre outros, de classe, Diogo de Figueiredo Moreira neto, tratando
corporação, familiares, clientelísticos e/ou pessoais. do conceito de fomento, ensina que:
Apesar de tais concepções e práticas serem “(...) pode-se conceituar o fomento público como a
rejeitadas pelas estipulações presentes no ordenamento função administrativa através da qual o Estado ou seus
jurídico constitucional, infraconstitucional, regulamentar e delegados estimulam ou incentivam, direta, imediata e
administrativo brasileiro, em especial a partir da concretamente, a iniciativa dos administrados ou de outras
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entidades, públicas e privadas, para que estas velhice, índios, etc; as atividades de fomento público social
desempenhem ou estimulem, por seu turno, atividades que da educação, da pesquisa e da informação; as atividades
a lei haja considerado de interesse público para o de fomento público social do trabalho; as atividades de
desenvolvimento integral e harmonioso da sociedade.” fomento público social da cultura, do lazer, dos desportos e
Entende Silvio Luis Ferreira da Rocha, em do turismo; as ações de fomento público social ambiental;
relação ao conceito de fomento, que o mesmo pode ser as atividades do fomento público social rural e da reforma
definido como a “ação da Administração com vistas agrária; as ações de fomento público econômico a
proteger ou promover as atividades, estabelecimentos ou empresa, ao cooperativismo, às empresas de pequeno
riquezas dos particulares que satisfaçam necessidades porte; as atividades do fomento público ao setor primário;
públicas ou consideradas de utilidade coletiva.” as ações de fomento público financeiro e creditício; as
Carlos Ari Sundfeld, tratando da atividade de atividades de fomento público científico e tecnológico; as
fomento, anota que a mesma é a “concessão de benefícios ações de fomento institucional ao setor público não-estatal;
aos particulares de modo a induzir seus comportamentos e ações de fomento público à administração associada.
em certo sentido.” Entende Maria Sylvia Zanella Di Pietro, quando
Anota Toshio Mukai que “pelo fomento, o trata da associação entre as noções de convênio e fomento,
Estado incentiva a execução de atividade de iniciativa que “quanto ao convênio entre entidades públicas e
privada, por se tratar de atividade que traz benefício para a entidades particulares, ele não é possível como forma de
coletividade.” delegação de serviços públicos, mas como modalidade de
Silvia Faber Torres destaca que “toda atividade de fomento”, lembrando que o fomento se caracteriza “por ser
fomento efetuada pela Administração erige-se sobre o uma forma de incentivar a iniciativa privada de interesse
suposto de que existem atuações privadas que satisfazem público”.
interesses públicos e que, por isso, devem ser instigadas e Outrossim, continua a jurista, associando as
subsidiadas.” noções de convênio, de fomento e, ainda, de auxílios e
Entende Silvio Luiz Ferreira da Rocha que “o subvenções, que, quando prestada pelo particular, o Estado
fomento legítimo e justificado é aquele que visa a promover pode fomentar, pela outorga de auxílios ou subvenções,
ou a estimular atividades que tendem a favorecer o bem- que se formaliza mediante convênio.
estar geral” e, ainda, que “se a finalidade do bem-estar Toshio Mukai destaca a possibilidade do convênio
geral não é detectável com clareza a atividade de fomento com partícipes privados se dar sob a forma de atividades de
apresenta-se como ilegítima, injustificável e discriminatória.” fomento.
Carlos Ari Sundfeld destaca como exemplos de Ainda, Silvio Luis Ferreira da Rocha, de um lado,
fomento “a assistência ao produtor rural e a ajuda vincula as atividades de fomento às subvenções, auxílios e
financeira, através de bolsas de estudo, ao contribuições, aos contratos de gestão, parceria, convênio e
desenvolvimento da ciência e tecnologia, do ensino, da outorga de títulos, e de outro, anota que “a atividade de
pesquisa, do esporte e da cultura”, como também “a fomento submete-se aos princípios da legalidade,
realização de atividades culturais (manutenção de teatros e impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência,
museus, pesquisa histórica), a implementação de pesquisas igualdade e da finalidade, entre outros, e, ainda, que “a
na área da ciência e tecnologia, a promoção de atividades atividade de fomento, como espécie de atividade
desportivas.” administrativa, deve obedecer a todos os princípios que
Anota Toshio Mukai que “o incentivo ser efetuado orientam a atividade administrativa.”
por auxílios financeiros, subvenções, financiamentos,
favores fiscais, desapropriações de interesse social em DOS AUXÍLIOS, AJUDAS, CONTRIBUIÇÕES,
favor de entidades privadas sem fins lucrativas.” SUBVENÇÕES E SUBSÍDIOS – DAS BOLSAS DE
Maria Sylvia Zanella Di Pietro registra que “o ESTUDO E PESQUISA E BOLSAS DE ESTÁGIO
incentivo é dado sob a forma de auxílios financeiros ou
subvenções por conta do orçamento público, 3.1. Dos Auxílios
financiamentos, favores fiscais, desapropriações de Maria Helena Diniz, quando se refere à noção de
interesse social”, sendo que os benefícios podem se dar em auxílio, diz que o mesmo “na linguagem comum, significa
favor de entidades privadas sem fins lucrativos, que assistência, socorro, amparo, ajuda ou subsídio.”
realizem atividades úteis à coletividade, como os clubes Constata Plácido e Silva que auxílio, “segundo o
desportivos, as instituições beneficentes, as escolas sentido que tem o vocábulo latino de que se deriva
particulares, os hospitais particulares, etc.” (auxilium – de augere) significa assistência, socorro” e que
Informa Silvia Faber Torres, referindo-se aos esta acepção é empregada na terminologia jurídica.”
meios para viabilizar a atividade de fomento público, como O Tribunal de Contas de Santa Catarina, no
também para conceber relevância ao fomento social e ao seu Glossário, ao se referir a auxílio, enuncia o sentido de
fomento econômico, que podem os mesmos se revestir de “ajuda concedida pelo Poder Público, para fins diversos,
formas as mais variadas, como, por exemplo, isenções e geralmente com objetivos altruísticos (Revista da
desgravações fiscais, desembolso efetivo, subvenções Associação de Orçamento Público, Brasília, 1975).”
(meios financeiros), concessão de prêmios (meios A noção de auxílio, segundo o anotado
honoríficos), propagandas (meios psicológicos),etc. acima, tem o sentido de assistência, socorro, amparo, ajuda
Diogo de Figueiredo Moreira Neto, quando se e subsídio, concedido no geral pelo Poder Público, para fins
refere ao fomento público, apresenta um quadro, no que se variados, sobretudo com objetivos altruísticos.
refere às atividades e ações de fomento de fomento, de O conceito de auxílio, presente no artigo 12,
grande amplitude. O mesmo autor subdivide o fomento $ 6º, da Lei Federal n.4.320/64, Normas de Direito
público em planejamento estatal, fomento social (o homem), Financeiro, Orçamentário e da Contabilidade Pública, se
fomento econômico (a empresa) e fomento institucional (os encontra associado às chamadas Transferências de
entes intermediários). Enumera o autor como passíveis de Capital, que se inserem no âmbito das denominadas
fomento público, dentre outras: as ações visando o Despesas de Capital. As Transferências de Capital são,
desenvolvimento regional; a atividade econômica segundo o referido dispositivo legal, “dotações para
suplementar do Estado à iniciativa privada; as atividades ao investimentos ou inversões financeiras que outras
fomento público a pessoa, família, crianças, adolescentes, pessoas de direito público ou privado devam realizar,
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independentemente de contraprestação direta em bens e Maria Helena Diniz, tratando do conceito de


serviços.” Ajuda, diz que o mesmo significa “assistência, cooperação,
Esclarecem J. Teixeira Machado Jr. e revista, atualizada e aumentada.”
Heraldo da Costa Reis, ainda, que a mencionada norma Considera Plácido e Silva que ajuda “é
legal preceitua que os auxílios “derivam diretamente da Lei expressão que se aplica na acepção de auxílio, socorro,
do Orçamento – são meras autorizações orçamentárias.” cooperação.”
Igualmente, salientamos que o art. 21 da Lei Em decorrência do que ajuda designa,
Federal n. 4.320/64, quando se refere ao auxílio, preceitua segundo os autores examinados, assistência, cooperação,
que a “Lei de Orçamento não consignará auxílio para auxílio e socorro.
investimentos que se devem incorporar ao patrimônio das
empresas privadas de fins lucrativos.” 3.3. Das Contribuições
J.Teixeira Machado Jr. E Heraldo da Costa Lidando com o conceito de contribuição,
Reis anotam, “entretanto, a proibição contida no artigo ora Maria Helena Diniz considera que o mesmo, “na linguagem
comentado diz respeito apenas às empresas de fins jurídica em geral, indica, ainda, subsídio de caráter moral,
lucrativos” e que “se a entidade não tem este objetivo, social, científico ou literário, para consecução de alguma
poderá ser beneficiada com auxílio para investimento”. obra útil”.
As concessões dos auxílios se sujeitam Em nossa legislação pátria existem alguns
também às exigências e parâmetros definidos nos arts. 25 e preceitos que tratam da temática das contribuições.
26, da Lei Complementar n. 101/2000, Da No artigo 12, $ 2º, da lei Federal n. 4.320/64,
Responsabilidade Fiscal, conforme especifica o Anexo II, da as contribuições e as subvenções associadas à noção de
portaria Interministerial Secretaria do Tesouro Transferências Correntes, que faz parte das Despesas
Nacional/Secretaria do Orçamento Federal n. 163, de 04 de Correntes. No referido dispositivo legal se considera
maio de 2001. Transferências Correntes “as dotações para despesas às
O art. 25, da Lei de Responsabilidade, trata quais não corresponda contraprestação direta em bens ou
das transferências voluntárias de recursos correntes ou de serviços, inclusive para contribuições e subvenções
capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, destinadas a atender à manutenção de outras entidades de
auxílio ou assistência financeira, que não decorra de direito público ou privado”.
determinação constitucional, legal ou os destinatários ao A noção de contribuição, no já mencionado
Sistema Único de Saúde. De outra forma, como esclarece artigo 12, 6º, da Lei Federal n. 4.320/64, se liga também às
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os conceitos de receitas Transferências de Capital, na esfera das denominadas
correntes ou de capital, podem ser encontradas Despesas de Capital. As Transferências de Capital são,
especialmente no art. 11, da Lei Federal n. 4.320. como já enumeramos, “dotações para investimentos ou
Estabelece-se, no mesmo art. 25, que a inversões financeiras que outras pessoas de direito público
realização das transfer6encias voluntárias estão sujeitas: ou privado devem realizar, independentemente de
(a) as exigências previstas na Lei de Diretrizes contraprestação direta em bens e serviços.”
Orçamentárias; (b) a comprovação, pelo beneficiário: que No mesmo diapasão, as concessões das
se acha em dia quanto ao pagamento dos tributos, contribuições se vinculam aos artigos 25 e 26, da Lei
empréstimos e financiados devidos ao ente transferidor, Complementar n. 101/2000, Da Responsabilidade Fiscal, de
quanto à prestação de contas dos recursos anteriormente acordo com o Anexo II, da Portaria Interministerial
recebidos; quanto ao cumprimento, quando for o caos, dos Secretaria do Tesouro Nacional/Secretaria do Orçamento
limites constitucionais relativos à educação e à saúde; Federal n. 163, de 04 de maio de 2001.
quanto à observância notadamente, quando couber, dos O art. 32, caput, da Lei Federal n. 11.178, de
limites de endividamento e de despesa de pessoal; e 20 de setembro de 2005, Das Diretrizes Orçamentárias
quanto à previsão orçamentária de contrapartida. para 2006, preceitua que “é vedada a destinação de
Igualmente, a utilização dos recursos transferidos se vincula recursos a entidade privada a título de contribuição
obrigatoriamente com as finalidades ajustadas. corrente, ressalvada a autorizada em lei específica ou
Enquanto que o art. 26, da lei de destinada à entidade sem fins lucrativos selecionada para
Responsabilidade Fiscal, trata da necessidade como execução, em parceria com a administração pública federal,
condição indispensável para que possa ocorrer a de programas e ações que contribuam diretamente para o
destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir alcance das diretrizes, objetivos e metas previstas no plano
necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas plurianual”. Enquanto o art. 32, parágrafo único, da mesma
jurídicas, de autorização por lei específica, de que ocorra o lei estipula condicionamentos para a hipótese de
atendimento às condições estabelecidas na lei de diretrizes transferência de recursos a título de contribuição corrente
orçamentárias e de estarem os recursos previstos no não autorizada em lei.
orçamento ou em seus créditos adicionais. O estipulado se
aplica inclusive a toda a Administração Indireta, exceto, no 3.4. Das Subvenções Sociais e Econômicas e
exercício de suas atribuições precípuas, as instituições dos Subsídios
financeiras e o Banco Central do Brasil. O estabelecido se 3.4.1. Das Subvenções Sociais e Econômicas
aplica à concessão de empréstimos, financiamentos e Plácido e Silva, enuncia que por subvenção
refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a do “latim sunventio, de subvenire (vir em socorro, ajudar),
composição de dívidas, a concessão de subvenções e a entende-se o auxílio, ou a ajuda pecuniária, que se dá a
participação em constituição ou aumento de capital. alguém, ou a alguma instituição, no sentido do os proteger,
A título de ilustração, no art. 33, da Lei ou para que realizem ou cumpram seus objetivos”.
Federal n. 11.178, de 20 de setembro de 2005, Das Outrossim, ensina que “juridicamente, a
Diretrizes Orçamentárias de 2006, veda a destinação de subvenção não tem o caráter nem de paga nem de
recursos a título de auxílios para entidades privadas, compensação”, sendo “mera contribuição pecuniária
ressalvadas as sem fins lucrativos que cumpram as destinada a auxílio ou em favor de uma pessoa, ou de uma
condições estabelecidas na mencionada Lei. instituição, para que se mantenha, ou para que execute os
serviços ou obras pertinentes a seu objeto.”
3.2. Das Ajudas
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Maria Helena Diniz, referindo-se à as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a


Subvenção, ser a mesma “auxílio pecuniário concedido, produtores de determinados gêneros ou materiais.”
permanente ou eventualmente, pelo Poder Público a J. Teixeira Machado Jr. E Heraldo da Costa
entidades beneficentes para que cumpram seus objetivos”, Reis salientam que as subvenções econômicas tem, como
como também “a certos setores econômicos para a garantia finalidade a “cobertura de déficits de manutenção e
da estabilidade dos preços de determinados produtos”. A funcionamento de entidades da Administração Indireta” e,
autora liga, ainda, o conceito de subvenção à noção de ainda, a “cobertura de diferenças de preços de mercado e
subsídio e a de “quantia pecuniária que é dada como de revenda de gêneros alimentícios ou outros materiais”,
ajuda”. como também, o “pagamento de bonificações a produtores
J.M. Othon Sidou, tratando do conceito de de determinados gêneros ou materiais.”
subvenção do Direito Financeiro, entende que a mesma é Os mencionados autores pensam que a
“auxílio ou contribuição financeira permanente ou eventual, concessão de subvenções econômicas está subordinada ao
concedida pelo poder público, para cobertura de despesas interesse público e que para as empresas de fins lucrativos,
de custeio, a entidades privadas, a título de prestação exige-se autorização em lei especial, com condições a
assistencial”, como também “a setores econômicos, a fim serem fixadas em lei especial.
de garantir a estabilidade dos preços de certos produtos.” Destaca-se que o art. 19, da Lei Federal n.
Destacando o autor com adequação que “nessa última 4.320/64, enuncia que a Lei do Orçamento não consignará
acepção, diz-se também subsídio.” ajuda financeira, a qualquer título, a empresa de fins
Outrossim, na legislação brasileira existem lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja
alguns preceitos que tratam, ainda que rapidamente, da concessão tenha sido expressamente autorizada em lei
temática subvenções. especial.
No artigo 12, $ 2º, da Lei Federal n. A outorga de subvenção se submete
4.320/64, Do Direito Financeiro, Orçamentário e da igualmente ao encargo e padrões estipulados, de regra, nos
Contabilidade Pública, as contribuições e as subvenções artigos 26, da Lei Complementar n. 101/2000, Da
são vinculadas a noção de Transferências Correntes, que Responsabilidade Fiscal, como enuncia a Portaria
faz parte das designadas Despesas Correntes. O mesmo Interministerial n. 163, de 04 de maio de 2001, Anexo II, da
dispositivo legal considera Transferências correntes “as Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda e
dotações para as despesas às quais não corresponda Secretaria do Orçamento Federal do Ministério do
contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para Planejamento, Orçamento e Gestão.
contribuições e subvenções destinadas a atender à O mesmo art. 26 estipula sobre ser
manutenção de outras entidades de direito público ou imprescindível, para que sejam designadas verbas para,
privado.” direta ou indiretamente, atender necessidades de pessoas
Logo após, no artigo 12, $ 3º, da Lei Federal físicas ou déficits de pessoas jurídicas, o consentimento por
n. 4.320/64, entende-se como “subvenções as lei específica, o cumprimento do determinado na lei de
transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das diretrizes orçamentárias e a existência de valores
entidades beneficiadas”. consignados no orçamento ou em seus créditos adicionais.
No mesmo art. 12, $ 3º, define-se que são O definido se exige também da totalidade da Administração
“subvenções sociais, as que se destinem a instituições Indireta, exceto, quando no desempenho de suas
públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem competências mais relevantes, as instituições financeiras e
finalidade lucrativa”, enquanto que no art.16, temos a o Banco Central do Brasil. O mesmo artigo estipula
indicação de que a concessão de subvenções sociais explicitamente a sua aplicação para as situações de
visará, fundamentalmente e nos limites das possibilidades concessão de subvenção, e, ainda, para a concessão de
financeiras, “à prestação de serviços essenciais de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos, inclusive
assistência social, médica e educacional”, sobretudo as respectivas prorrogações e a composição de dívidas,
quando “a suplementação de recursos de origem privada, bem como no caso de participação em constituição ou
aplicados a esses objetivos, revelar-se mais econômica”, aumento de capital.
sendo que “o valor das subvenções sociais, sempre que O jurista alemão Hartmut Maurer, sobre o
possível, será calculado com base em unidades de serviço conceito de Subvenção na perspectiva notadamente do
efetivamente prestados ou postos à disposição dos Direito Alemão, ensina que:
interessados, obedecidos os padrões mínimos de eficiência “Na literatura ainda não se formou um conceito
previamente fixados.” uniforme a subvenção. Contudo, as divergências de
O art. 31, da Lei Federal n. 11.178, de 20 de opiniões concernem mais ao alcance do que aos elementos
setembro de 2005, Das Diretrizes Orçamentárias de 2006, de estrutura enformadores da subvenção. Duvidoso é se a
veda a destinação de recursos a título de subvenções subvenção compreende somente doações positivas
sociais para entidades privadas, ressalvadas as sem fins (subvenções de prestação) ou também isenções de
lucrativos, que exerçam atividades de natureza continuada obrigações tributárias geral, em especial, desagravações de
nas áreas de cultura, assistência social, saúde e educação, impostos (subvenções de isenção). Considerado
quando preencherem as condições legais. O citado art. 12, economicamente é indiferente se ao particular é pago um
$ 3º, enuncia que são subvenções econômicas, “as que se determinado montante em dinheiro ou concedido um
destinem a empresas públicas ou privadas de caráter determinando um determinado montante em dinheiro ou
industrial, comercial, agrícola ou pastoril”. concedendo uma desagravação de imposto em quantia
Ao passo que no art. 18 da mesma Lei, correspondente; porque em ambos os casos ele tem mais
enuncia-se que as subvenções econômicas servirão do que teria, se não existisse a regulação beneficiente para
especialmente para a cobertura dos déficits de manutenção ele. Por isso, as ciências econômicas e financeiras também
de empresas públicas, de natureza autárquica ou não, partem do conceito de subvenção de isenção. Em
expressamente incluídas nas despesas correntes do perspectiva jurídica, porém, existem regulações diferentes
Orçamento da União, do Estado, do Município ou Distrito para subvenções de prestação e desagravações de
Federal, para as dotações destinadas a cobrir diferenças imposto, de forma que uma diferenciação correspondente é
entre os preços de mercado e os preços de revenda, pelo ordenada e o conceito de subvenção no sentido jurídico-
Governo, de gêneros alimentícios e outros materiais” e para administrativo deve ser limitado às subvenções de
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prestação. No Direito Comunitário Europeu é empregado o Plácido e Silva anota que bolsa costuma
conceito de subvenção amplo (auxílios), que inclui também designar (...) os fundos que se põe à disposição de certa
as subvenções de isenção (...). Se isso também vai pessoa, para que possa realizar determinado objetivo, e
repercutir no conceito de subvenção jurídico-administrativo registra que se diz bolsa de estudo para designar soma que
do Direito Alemão, ainda está em aberto. Em todo caso, se reserva ao estudante, a fim de que possa realizar um
deve ser observado que para as subvenções de prestação curso.
e as subvenções de isenção valem regulações diferentes
(...). 3.5.2. Das Bolsas de Estudo e Pesquisa
Subvenções são, segundo isso, (a) doações de No art. 39, caput e inciso VII, do Decreto
valor patrimonial (b) do Estado ou de uma outra corporação Federal n. 3.000, de 1999, Do Regulamento de Imposto de
administrativa a pessoas privadas (c) sem contraprestação Renda e de Proventos de Qualquer Natureza, com a
conforme o mercado (d) para fomento de uma finalidade redação que lhe foi dada pelo art. 26, da Lei Federal n.
situada no interesse público. (...)” 9.250, de 1995, há a previsão das bolsas de estudo e
pesquisa, que por equivoco, ficou caracterizada como
3.4.2. Dos Subsídios doação, como rendimento que não entram no cômputo do
Plácido e Silva, examinando o conceito de rendimento bruto, como segue:
subsídio, assinala que o mesmo vem “do latim subsidium “Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento
(reserva, reforço, auxílio)” e que o mesmo “revela tudo que bruto: (...)
vem no sentido de auxiliar, socorrer, ou reforçar alguma VII – as bolsas de estudo e de pesquisa
coisa”. caracterizadas como doação, quando recebidas
Esclarece o jurista que é a contribuição exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e
pecuniária ou de outra ordem que se dá a qualquer desde que os resultados dessas atividades não
empresa ou a particular, na forma de auxílio ou ajuda. representem vantagem para o doador, nem importem
Registra Plácido e Silva, ainda, que “na linguagem contraprestação de serviços.(...)”
administrativa, designa a quantia denominada subvenção, Recentemente a Lei Federal n. 11.273, de
que o Estado arbitra ou subscreve para obras de interesse 06 de fevereiro de 2006, autorizou o Fundo Nacional de
público, ou, em outro sentido, indica a importância ou Desenvolvimento da Educação – FNDE a conceder bolsas
auxílio que um Estado concede a outro. de estudo e bolsas de pesquisa no âmbito dos programas
Enuncia Maria Helena Diniz, que a noção de de formação de professores para a educação básica
subsídio, está associada, na linguagem jurídica em geral, a desenvolvidos pelo Ministério da Educação, inclusive na
auxílio, a benefício, quantum pecuniário assinalado de modalidade à distância.
interesse público. Ao mesmo tempo a autora vincula O art. 2º, $ 2º, da mesma Lei, que se refere à
subsídio, num exame pela ótica da economia política, a um adesão dos entes federados aos programas, através de
recurso financeiro que possibilita o crescimento de um setor instrumento jurídico onde se estipulam os correspondentes
econômico. direitos e obrigações, enuncia que:
J. M. Othon Sidou, tratando do conceito de “Art. 2º (...)
subsídio na esfera do Direito Financeiro, considera ser $ 2º. A concessão das bolsas de estudo de que
“subvenção paga pelo Estado a certos setores produtivos, a trata esta Lei para professores estaduais e municipais ficará
fim de garantir o preço de produtos agrícolas ou condicionada à adesão dos respectivos entes federados
agroindustriais. aos programas instituídos pelo Ministério da Educação,
Anotam A. Lopes de Sá e A. M. Lopes de mediante celebração de instrumento em que constem os
Sá, sobre subsídios no âmbito de uma dimensão contábil, correspondentes direitos e obrigações.”
que os mesmos são “títulos de conta que registra valores No art. 3º, da mesma normatização, a
recebidos com reforço ou ajuda financeira e, ainda, ajuda associação do conceito de bolsa com, por exemplo, as
por cessão de recurso financeiros.” Lembram, ainda os noções de vinculação jurídica e obrigacional, como também
autores que “ os subsídios podem ser feitos em dinheiro, de direitos e obrigações, através de termo de compromisso.
bens ou favores fiscais.” No mesmo modo, a estipulação de que as bolsas serão
Paulo Sandroni, referindo-se ao conceito de concedidas pelo FNDE, diretamente ao beneficiário, por
subsídio, enuncia que: meio de depósito em contracorrente específica para esse
“Tecnicamente, pode ser definido de várias formas: fim e mediante celebração de termo de compromisso em
1)benefícios a pessoas ou a empresa, pagos pelo governo, que constem os correspondentes direitos e obrigações.
sem contrapartida em produtos ou serviços; 2)despesas No art. 6º, da citada Lei, que define os
correspondentes à transferência de recursos de uma esfera elementos que constarão da regulamentação a ser efetuada
do governo em favor de outra; 3) despesas do governo pelo Poder Executivo, reafirma notadamente as ideias de
visando à cobertura de prejuízos das empresas (públicas ou vinculação jurídica e obrigacional, de direitos e obrigações,
privadas) ou ainda para financiamento de investimentos; 4) de avaliação, de controle, de fiscalização e de prestação de
benefícios e consumidores na forma de preços inferiores contas, como segue:
que, na ausência de tal mecanismo, seriam fixados pelo “Art. 6º. O Poder Executivo regulamentará:
mercado; 5) benefícios a produtores e vendedoras I – os direitos e obrigações dos beneficiários das
mediante preços mais elevados, como acontece com a bolsas;
tarifa aduaneira protecionista; 6) concessão de benefícios II – as normas para renovação e cancelamento dos
pela via do orçamento público ou outros canais.” benefícios;
III – a periodicidade mensal para o recebimento
3.5. Das Bolsas das bolsas;
3.5.1. Dos Bolsistas e das Bolsas IV – o quantitativo, os valores e a duração das
Maria Helena Diniz que bolsista é aquele que bolsas, de acordo com o curso ou projeto em cada
recebe bolsa de estudo para efetuar curso, por ter se programa;
sobressaído ou por estar necessitado, ao passo que bolsa V – avaliação das instituições educacionais
de estudo é ajuda monetária pública ou privada reservada a responsáveis pelos cursos;
estudantes ou funcionários para que possam efetuar curso. VI – a avaliação dos bolsistas; e
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

VII – a avaliação dos cursos e tutoriais.” partícipes, por laços de cooperação, de colaboração, de
No art. 5º, da mesma Lei, os princípios, coordenação, de parceria, de auxílios e/ou de ajuda, e onde
dentre outros, da publicidade e da transferência, da estão ausentes, no mínimo, o lucro, o preço e/ou
impessoalidade, da concorrência e da objetividade, se faz remuneração.
presente quando se preceitua que “serão de acesso público Tal ajuste se distingue também pela fixação
permanente os critérios de seleção e de execução do de compromissos e obrigações, no sentido de que, parte ou
programa, bem como a relação dos beneficiários e dos a totalidade dos mesmos, coloque à disposição recursos
respectivos valores das bolsas previstas. e/ou verbas, próprios ou de terceiros, geralmente públicos,
provenientes principalmente dos concedentes, e/ou, quando
3.5.3. Dos Estágios e das Bolsas Estágio couber, dos convenentes através de contrapartidas, para
Plácido e Silva, verificando o conceito de realizar sobretudo o objeto e o ajustado.
Estágio, diz que “derivado do francês stage (período de No acordo, os mesmos recursos e/ou verbas
experiência ou de aprendizagem), determina o tempo de e/ou contrapartidas, serão utilizados, gerenciados e/ou
serviço, ou de tirocínio de uma profissão, que se exige de administrados, de forma adequada, boa, correta, econômica
uma pessoa para que possa desempenhar efetivamente o e regular, por parcela ou totalidade dos partícipes, no geral
cargo ou a profissão. o convenente e/ou o executor institucional, para realizar
Anota Maria Helena Diniz, tratando da determinado objeto e o ajustado, mediante prestação de
noção de estágio que, na linguagem jurídica em geral, contas dos compromissos assumidos, notadamente dos
indica a fase por que passa o estudante universitário para partícipes que ficaram encarregados de utilizar os mesmos
adquirir prática necessária ao exercício de sua profissão, ao recursos, verbas e/ou contrapartidas, dentro do regulado,
passo que, na órbita do Direito do Trabalho, significa tempo quando couber, por pessoas ou entidades partícipes, no
de prática em que o empregado aprende o seu ofício, geral os concedentes, como também atendendo aos
preparando-se para o exercício de determinado serviço. princípios, normas estritas e valores constitucionais e
O estágio de estudantes de infraconstitucionais.
estabelecimento de ensino superior, de ensino médio, de As atividades de fiscalização e de controle
educação especial, no nosso País, é estipulado pela Lei são elementos fundamentais nos convênios, congêneres
Federal n. 6.497, de 07 de dezembro de 1977, e e/ou ajustes e procedimentos de natureza convenial.
regulamentado pelo Decreto Federal n. 87.497, de 18 de Destaca-se, especialmente, a fiscalização e o controle
agosto de 1982. exercidos pelos partícipes, executores e intervenientes,
Os mencionados estágios visam com destaque para os partícipes que alocaram os recursos,
proporcionar, segundo o $ 3º do art. 1º, da mesma Lei, a verbas e/ou contrapartidas colocados à disposição para a
complementação do ensino e da aprendizagem e ser execução do objeto e atender o pactuado.
planejados, executados, acompanhados e avaliados em Os recursos trazidos ao ajuste convenial,
conformidade com os currículos, programas e calendários mas também os direitos, deveres, obrigações, pretensões,
escolas. responsabilidades assumidas em face do ajustado, de
A legislação mencionada, no art. 3º, regramentos de toda espécie e do ordenamento, exigem a
caput, prevê que a realização dos estágios curriculares possibilidade de fiscalização e controle dos organismos
estará sujeita a celebração de termo de compromisso, entre internos de controladoria, auditoria ou de serviços de
o estudante e a parte concedente, com interveniência contabilidade dos partícipes, dos Tribunais de Contas e
obrigatória da instituição de ensino, enquanto que o mesmo judicial, como também a sempre crescente observância e
ajuste não será necessário para os estágios desenvolvidos vigilância cidadã da comunidade.
sob a forma de ação comunitária. Os repasses de recursos públicos, a título,
A Lei Federal n. 6.494, de 1977, no art. 4º, dentre outros, de fomento social, de auxílios, de ajudas, de
estipula que o estagiário poderá receber bolsa, sob a forma contribuições correntes, de subvenções sociais e de bolsas,
de contraprestação que venha a ser acordada, ressalvado o são, em princípio, viabilizados através de convênios da
que dispuser a legislação previdenciária, devendo o Administração Pública, congêneres e/ou por ajustes e
estudante estar segurado contra acidentes pessoais. procedimentos de natureza convenial. A condição para
Definindo o mesmo artigo que o estágio não cria vínculo tanto é que, nas relações entre os partícipes, fique
empregatício de qualquer natureza. caracterizada uma vinculação que tenha como elementos
O Decreto n. 87.497, de 1982, no seu art. que as particularizem, além das definidas aqui, a
7º, estipula que a instituição de ensino poderá recorrer aos cooperação e associação e, ainda, a ausência de lucro,
serviços de agentes de integração, mediante condições preço e/ou remuneração – isto é, entendidos tais conceitos
acordadas. em seu sentido técnico.
O art. 10 do mesmo Decreto prevê que A mencionada alternativa convenial
não poderá ocorrer a cobrança de qualquer taxa adicional predomina notadamente pelo fato de que no fomento social,
referente às providências administrativas para obtenção e nos auxílios, nas ajudas, nas contribuições correntes, nas
realização do estágio curricular. subvenções sociais e nas bolsas de pesquisa e estudo,
Sergio Pinto Martins, quando trata do inexistem nas relações entre os partícipes, situações que
estagiário, lembra que o estagiário não é empregado, desde gerem a remuneração, o preço e/ou remuneração, o preço
que cumpridas as determinações da Lei n. 6.497/77. e/ou lucro, embora possam estar presentes nos mesmos as
Ainda, o mesmo autor ressalta que o noções, dentre outras, de benefício e vantagem e, inclusive,
estagiário poderá receber uma bolsa, conforme o art. 4º da de acréscimo patrimonial e rendimento.
Lei n. 6.497/77, que, portanto não é obrigatória, sendo a Os repasses de verbas, os auxílios e as
retribuição/bolsa a que for combinada, podendo ser tanto o ajudas, que tenham natureza remuneratória, deslocam a
pagamento de um valor em dinheiro ou outra forma de utilização dos convênios, congêneres e/ou ajustes e
contraprestação, como pagamento da escola. procedimentos de natureza convenial. Tem caráter
remuneratório, por exemplo, alguns dos denominados
Os Convênios da Administração Pública, auxílios e ajudas como também alguns tipos de bolsas.
seus congêneres e/ou os ajustes e procedimentos de Somente para lembrar, as denominadas bolsas de estágio,
natureza convenial se notabilizam nas relações entre os como regra tem cunho remuneratório.
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De outro lado, os repasses de verbas A administração só anula o ato ilegal - e - revoga


públicas à título de fomento econômico, subvenções ou altera o ato legal mas ineficiente, inoportuno ou
econômicas e subsídios econômicos, tem grande inconveniente.
possibilidade de não se demonstrarem congruentes com os
convênios da Administração Pública, congêneres e/ou Meios de controle administrativo
ajustes e/ou procedimentos de natureza convenial. Assim, De um modo geral se repartem em fiscalização
em razão dos mesmos repasses de verbas, nas relações hierárquica e recursos administrativos, embora a lei possa
entre os partícipes e beneficiários dos mesmos, fomento especificar outras modalidades.
econômico, subvenções econômicas e subsídios
econômicas, se existe, em princípio, a cooperação, FISCALIZAÇÃO HIERÁRQUICA
colaboração, coordenação, parceria, auxílio e/ou ajuda, É exercida pelos órgãos superiores sobre os
ocorre, então, em muitas situações a remuneração, o preço, inferiores da mesma administração, visando ordenar,
o juro e/ou lucro. coordenar, orientar e corrigir suas atividades e agentes.
O ensinamento de Diogo de Figueiredo São características da fiscalização hierárquica a
Moreira Neto demonstra a ampla dimensão das ações de permanência e a automaticidade, visto que se exercita
fomento, deixam evidente que, embora a relevante permanentemente, sem descontinuidade e
vinculação dos repasses de verbas, das ações de fomento, independentemente de ordem ou de solicitação especial, é
dos auxílios, das ajudas e das subvenções com os um poder-dever da chefia, e como tal, se não exercido,
convênios da Administração Pública, seus congêneres e/ou incorre em inexação funcional.
com os ajustes e procedimentos de natureza convenial, as Supervisão ministerial - é um meio atenuado de
mesmas associações estão longe de serem automáticas. controle administrativo, geralmente aplicável nas entidades
Tal ocorre na medida em que muitas situações e atividades da administração indireta vinculada a um Ministério.
enumeradas pelo mesmo jurista, muitos auxílios, ajudas,
subvenções mencionadas pelo autor, praticamente RECURSOS ADMINISTRATIVOS
pressupõem, nas relações entre os partícipes, a Em acepção ampla, são todos os meios hábeis, a
remuneração, o preço, o juro e/ou lucro, ocorrendo o propiciar o reexame de decisão interna, pela própria
afastamento dos pactos conveniais. administração.
Num grande número dos denominados A administração aprecia e decide as pretensões
auxílios, ajudas, subvenções, subsídios e/ou situações de dos administrados e de seus servidores, aplicando o direito
fomento somente o exame concreto das concretas que entenda cabível, segundo a interpretação de seus
situações poderá esclarecer sobre a pertinência ou não da órgãos técnicos e jurídicos. Pratica, assim, uma atividade
utilização dos ajustes de natureza convenial. de caráter para-judicial. Essas decisões geralmente se
É necessária uma conscientização, dos escalonam em instâncias , subindo da inferior para
aplicadores do direito para que definam entre outros superior através do respectivo recurso administrativo.
aspectos, critérios objetivos de habilitação e seleção das Inconcebível é a decisão administrativa única e
entidades beneficiárias e de alocação de recursos e prazo irrecorrível, porque isto contraria a índole democrática de
do benefício, prevendo-se, ainda, cláusula de reversão no todo julgamento que possa ferir direitos individuais, e
caso do desvio de finalidade. Tais exigências, embora afronta o princípio constitucional da ampla defesa que
positivas, ainda se encontram muito aquém do que se pressupõe mais de um grau de jurisdição.
deveria prever para viabilizar o cumprimento dos princípios, Os recursos em geral, são interpostos
normas estritas e valores presentes no ordenamento voluntariamente pelo particular interessado - recurso
jurídico brasileiro, para todos que utilizem, gerenciem e/ou provocado - e os hierárquicos os são também, pela
administrem recursos públicos. autoridade que proferiu a decisão inferior - recurso de
Pelos ensinamentos de Silvio Luis Ferreira ofício - desde que a lei ou o regulamento, assim o
da Rocha, que as verbas repassadas, as ações de fomento, determine expressamente.
os auxílios, as ajudas, as contribuições, as subvenções e os Os recursos provocados ou voluntárias devem
subsídios legítimos e justificados são aqueles que ser fundamentados com a exposição dos fatos e indicação
promovem ou estimulam a atividades que tendem a da ilegalidade impugnada.
favorecer o bem estar geral, e, ainda, que os mencionados Em qualquer modalidade de recurso a autoridade
repasses, fomento, auxílios, contribuições, subvenções e ou tribunal administrativo, tem ampla liberdade de revisão
subsídios se submetem aos princípios, dentre outros, da do ato recorrido, podendo modificá-lo ou invalidá-lo por
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, motivo de legalidade, conveniência, oportunidade ou
eficiência, igualdade e finalidade. mesmo por razões de ordem técnica que comprometam a
eficiência do serviço público ou a utilidade do negócio em
exame, sendo admissível até a “reformatio in pejus” em
CONTROLE ADMINISTRATIVO discordância com o pedido do recorrente.

É todo aquele que o Executivo e os órgãos de O que a administração não pode entretanto é
administração dos demais Poderes exercem sobre suas conhecer de recurso voluntário extemporâneo, porque se o
próprias atividades, visando mantê-las dentro da lei, fizer está infringindo a coisa julgada administrativa.
segundo necessidades do serviço e as exigências técnicas
e econômicas de sua realização, pelo que é um controle O julgamento do recurso administrativo torna
de legalidade e de mérito. vinculante para a administração o seu pronunciamento
O controle administrativo deriva do poder-dever de decisório, e atribui definitividade ao ato apreciado em última
autotutela que a administração tem sobre seus próprios instância; daí por diante é imodificável pela própria
atos e agentes. Esse é normalmente exercido pelos órgãos administração, e só o Judiciário, poderá reapreciá-lo e dizer
superiores sobre os inferiores. de sua legitimidade.
Através do controle administrativo, a administração
pode anular, revogar ou alterar seus próprios atos, e punir Assim, entre nós, embora inexista a coisa julgada
seus agentes com penalidades estatutárias. administrativa no sentido processual de sentença oponível
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“erga omnes” , existe, todavia, o ato administrativo formulado extemporaneamente. Pode haver o
inimpugnável e imodificável pela administração, por reconhecimento extemporâneo da reclamação, quando é
exauridos os recursos próprios e as oportunidades manifesto o direito do reclamado. A reclamação
internas. administrativa suspende a prescrição - enquanto pendente
Os efeitos do recurso administrativos são, de decisão, desde que apresentada no prazo próprio e sua
normalmente o devolutivo, e por exceção o suspensivo. apuração e o objeto seja a apuração de dívida da Fazenda
Quando o legislador ou o administrador quer dar efeito Pública para com o particular.
suspensivo ao recurso deve declarar na norma ou no
despacho de recebimento.  PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO: É a
solicitação da parte dirigida, desde `a mesma autoridade
No silêncio da lei ou do regulamento o efeito que expediu o ato, para que o invalide ou o modifique nos
presumível é o devolutivo, mas nada impede que diante, da termos da pretensão do requerente. Deferido ou indeferido,
omissão, em face do caso concreto a autoridade receba no todo ou em parte, não admite novo pedido, nem
expressamente o recurso com efeito suspensível para evitar possibilita nova modificação pela autoridade que já
possíveis lesões de direito. reapreciou o ato. Se outro prazo não tiver fixado em lei,
 Recurso administrativo sem efeito extingue-se o prazo de pedir a reconsideração em um ano.
suspensivo: não tolhe a influência da prescrição, nem
impede o uso da vias judiciárias na pendência da decisão RECURSOS HIERÁRQUICOS
interna da Administração. São todos aqueles que as partes dirigem à
 Recurso administrativo com efeito instância superior da própria administração, propiciando o
suspensivo: - produz duas consequências fundamentais - reexame do ato inferior sob todos os seus aspectos.
o impedimento da fluência do prazo prescricional, e a Podem ter efeito devolutivo e suspensivo ou
impossibilidade jurídica de utilização das vias judiciárias simplesmente devolutivo, que é regra, o efeito excepcional
para ataque ao ato pendente da decisão administrativa. A há de ser concedido expressamente em lei ou regulamento,
primeira, decorre que durante a tramitação do recurso ou no despacho de recebimento do recurso.
interno o ato requerido é inexequível, não rendendo ensejo Quanto a tramitação e formalidades para o
a qualquer ação judicial e não havendo ação não há julgamento dos recursos hierárquicos são as estabelecidas
prescrição. pelas normas que o instituírem, uma vez que não há regras
uniformes para o exercício da jurisdição administrativas,
A segunda o ato suspenso, pendente de recurso razão, pela qual cada ramo da administração, pode ter
administrativo, é inoperante e instável e portanto, regulamentação peculiar aos seus recursos.
insuscetível de correção judicial, pela impossibilidade de A legislação fiscal exige caução, depósito ou
fixação do objeto da demanda. Se o ato pendente de fiança, para o conhecimento do recurso hierárquico
decisão administrativa é inoperante, não pode causar lesão interposto de decisões sobre matéria tributária.
a ninguém, e se não é lesivo, não legitima o apelo ao
judiciário. Os recursos hierárquicos, classificam-se em
A operatividade do ato administrativo, com a próprios e impróprios.
consequente possibilidade de ferir direitos individuais é que  PRÓPRIOS: é o que a parte dirige a
justifica a utilização das vias judiciárias, como meios autoridade ou instância superior do mesmo órgão
preventivos ou corretivos da ilegalidade da Administração. administrativo, pleiteando revisão do ato recorrido. Pode ser
interposto ainda que não nenhuma norma o institua
A intervenção de terceiros nos recursos expressamente - o nosso ordenamento jurídico-
administrativos, se nos afigura cabível, desde que a constitucional não admite decisões únicas e irrecorríveis.
decisão interna da Administração, possa atingir direitos do Recurso hierárquico próprio compatibiliza-se com o
interveniente. Desde que o terceiro demonstre princípio do controle hierárquico. Neste recurso a
liminarmente, um interesse direto e efetivo na solução do Administração tem ampla liberdade decisória podendo
recurso em que pretende intervir. reformar o ato recorrido além do pedido ou mesmo agravar
Como meio hábil para propiciar o reexame da a situação do recorrente “reformatio in pejus” .
atividade da administração, temos: a representação,  IMPRÓPRIOS: é o que a parte dirige a
reclamação, e o pedido de reconsideração. autoridade ou órgão estranho à repartição que expediu o
ato recorrido mas com competência julgadora expressa.
 REPRESENTAÇÃO: é a denúncia formal Esse recurso só é admissível quando estabelecido por
e assinada, de irregularidades internas ou de abusos de normas legais que indique a s condições de sua utilização,
poder na pratica de atos da administração, feita por quem a autoridade ou órgão incumbido de julgamento e os casos
quer que seja, à autoridade competente para conhecer e em que tem cabimento. O que não se admite é o recurso
coibir a ilegalidade apontada. O direito de representar é de um poder a outro, porque isso confundiria às funções e
constitucional, incondicionado, imprescritível e comprometeria a independência dos poderes que a
independente do pagamento de taxas. Constituição quer preservar. A atual constituição, não exige
 Pode ser exercido, por qualquer pessoa, a que se esgote todos os recursos contra a administração,
qualquer tempo e em quaisquer circunstâncias, mas não para o ingresso em juízo.
obriga a autoridade a qualquer procedimento interno.
 RECLAMAÇÃO: É a oposição expressa a Coisa julgada administrativa: é a penas a
atos da Administração, que afetem direitos ou interesses preclusão de efeitos internos - não tem o alcance da coisa
legítimos do administrados - lesão pessoal ou patrimonial julgada judicial, pois, o ato jurisdicional da administração é
por atos e fatos administrativos. Extingue-se em um ano. A apenas um simples ato administrativo decisório., sem a
contar da data do ato ou fato lesivo que rende ensejo à força conclusiva do ato jurisdicional do Poder Judiciário.
reclamação. O que ocorre nas decisões administrativas finais é
 A reclamação administrativa é fatal e apenas a preclusão administrativa, ou a irretratabilidade
peremptório para o Administrado, o que autoriza a do ato perante a própria administração. A imodificabilidade
Administração a não tomar conhecimento do pedido se na via administrativa é garantidora da estabilidade das
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relações entre as partes - não é efeito da coisa julgada basear-se, portanto, numa norma legal específica para
administrativa mas consequência da preclusão das vias de apresentar-se com legalidade objetiva, sob pena de
impugnação interna dos atos decisórios da própria invalidade.
administração - nem por isso deixa de ser atacado por via  Oficialidade: atribui sempre a
judicial. movimentação do processo administrativo à Administração,
ainda, que, instaurado por provocação do particular, uma
Prescrição administrativa: prescrição como vez instaurado passa a pertencer ao Poder público, a quem
instituto jurídico, pressupõe a existência de uma ação compete o seu impulsionamento até decisão final. Se a
judicial, impropriamente se fala em prescrição administração retarda, o dele se afasta, ou ainda, se
administrativa, para o escoamento dos prazos para desinteressa, infringe o princípio da oficialidade, e seus
interposição de recurso no âmbito da administração. agentes podem ser responsabilizados pela omissão, Desse
Prescrição administrativa opera a preclusão da princípio, decorre, também, que a instância não perime,
atuação do poder público sobre matéria sujeita à sua nem o processo se extingue pelo decurso de tempo, senão
apreciação - difere da prescrição civil, nem estende seus quando a lei expressamente o estabelece.
efeitos às ações judiciais - é restrita à atividade interna da  Informalismo: dispensa ritos
administração , e se efetiva no prazo que a norma legal sacramentais e formas rígidas para o processo
estabelecer. Este instituto encontra justificativa, na administrativo, principalmente para os atos a cargo dos
estabilização da relações administrativas. particulares. Bastam as formalidades estritamente
Transcorrido o prazo prescricional, fica a necessárias à obtenção da certeza jurídica e à segurança
Administração, o administrado ou servidor impedido de procedimental. Todavia, quando a lei impõe uma forma,
praticar o ato prescrito, sendo inoperante o extemporâneo. uma formalidade, está deverá ser atendida, sob pena de
Há portanto duas espécies de prescrição nulidade do procedimento, mormente se da inobservância
administrativa; uma que causa o perecimento do direito do resulta prejuízo para as partes.
administrado ou do servidor que poderia pleiteá-lo  Verdade material: ou liberdade de prova,
administrativamente; outra, que extinguem o poder de punir autoriza a administração valer-se de qualquer prova que a
da administração. Aquela pode ser suspensa, autoridade processante ou julgadora tenha conhecimento,
interrompida e até revelada pela administração, esta, desde que a faça trasladar para o processo. É a busca da
constituindo uma garantia do servidor ou do administrado verdade material, contra a verdade formal. Este princípio é
que não será mais punido, pela ocorrência da prescrição, é o que autoriza a “reformatio in pejus” nos recursos
fatal e irrefreável na sua fluência e nos seus efeitos administrativos, quando a reapreciação da prova, ou na
extintivos da punição. nova prova conduz o julgador de segunda instância a uma
verdade material desfavorável ao próprio recorrente.
PROCESSO ADMINISTRATIVO  Garantia de defesa : Está assegurado
entre nós, constitucionalmente, juntamente com a
Para registro de seus atos , conduta de seus obrigatoriedade do contraditório e do devido processo legal.
agentes e solução de controvérsias dos administrados, Devemos entender, por esse princípio, não só a
utiliza-se de diversificados procedimentos, que recebem observância do rito adequado, como a cientificação do
a denominação comum de processo administrativo. processo ao interessado, a oportunidade para contestar a
Processo e procedimento: é o conjunto de atos acusação, produzir prova de seu direito, acompanhar os
coordenados para obtenção de decisão sobre uma atos da instrução e utilizar-se dos recursos cabíveis. O
controvérsia no âmbito judicial ou administrativo - processo administrativo sem oportunidade de defesa ou
procedimento é o modo de realização do processo, ou seja, com defesa cerceada é nulo.
o rito processual. O processo pode realizar-se por
diferentes procedimentos. Não há processo sem FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
procedimento, mas há procedimentos administrativos que As fases do processo administrativo, são cinco, e
não constituem processo - licitações e concursos. se desenvolvem na seguinte ordem: instauração,
O que caracteriza o processo é o ordenamento de instrução, defesa, relatório e julgamento.
atos parta solução de uma controvérsia, o que tipifica o  Instauração: é a apresentação escrita
procedimento de um processo é o modo específico de dos fatos e indicação do direito que ensejam o processo.
ordenamento desses atos. Quando origina-se da administração deve consubstanciar-
Processo administrativo propriamente dito são se em portaria, auto de infração, representação ou
aqueles que encerram um litígio entre a administração e o despacho inicial da autoridade competente; quando origina-
administrado ou servidor - do impropriamente se do administrado ou servidor deve formalizar-se por
administrativos, ou seja, dos simples expedientes que requerimento ou petição. Essencial é que a peça inicial
tramitam pelos órgãos administrativos, sem qualquer especifique, delimitando o objeto da controvérsia.
controvérsia entre os interessados.  Instrução: fase de elucidação dos fatos,
Processo administrativo é gênero, que se reparte com a produção de provas da acusação no processo
em várias espécies dentre as quais, as mais frequentes se punitivo, ou de complementação das iniciais no processo
apresentam no processo disciplinar e no processo tributário de controle ou de outorga, provas essas, que vão desde o
ou fiscal. depoimento das partes, as inquirições de testemunhas, as
inspeções pessoais, as perícias técnicas, e a juntada de
documentos pertinentes. Nos processo punitivos as
PRINCÍPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO providências competem as à autoridade processante, e nos
Está sujeito a cinco princípios de observância demais, compete aos interessados.
constante, a saber: o da legalidade objetiva, o da  Defesa: garantia constitucional de todo
oficialidade, o do informalismo, o da verdade material e o acusado, em processo judicial ou administrativo,
da garantia de defesa. compreende a ciência da acusação, a vista dos autos na
 Legalidade objetiva: exige que o repartição, a oportunidade para oferecimento de
processo administrativo seja instaurado com base e para a contestação e provas, a inquirição e reperguntas de
preservação da lei. Todo processo administrativo há que testemunhas e a observância do devido processo legal.
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 Relatório: é a síntese do apurado no guardar a proporcionalidade com a infração apurada., não


processo, feita por quem o presidiu individualmente, ou pela é dada a administração aplicar penalidades não
comissão processante, com apreciação das provas, dos estabelecidas em lei. Neste processo incluem-se todos os
fatos apurados, do direito debatido, e proposta conclusiva procedimentos que visem a imposição de alguma sanção
para decisão de autoridade julgadora competente. ao administrado, ao servidor ou a quem eventualmente
 Julgamento: é a decisão proferida pela esteja vinculado à administração.
autoridade ou órgão competente sobre o objeto do
processo. O essencial é que a decisão seja motivada com PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
base na acusação, na defesa e na prova, não sendo lícito É o meio de apuração e punição de faltas graves
à autoridade julgadora argumentar com fatos estranhos ao dos servidores públicos e demais pessoas sujeitas ao
processo ou silenciar sobre as razões do acusado, pois isto regime funcional de determinados estabelecimentos da
equivale ao cerceamento de defesa e conduzirá a nulidade administração.
do julgamento, que não é discricionário, mas vinculado ao É um processo punitivo, mas peculiar e com
devido processo legal. Reconhece-se, entretanto, à frequência na pratica administrativa.
autoridade julgadora a liberdade na produção de provas e O processo disciplinar é sempre necessário para
na escolha da graduação das sanções aplicáveis quando a imposição da pena de demissão.
norma legal consigna as penalidade sem indicar o ilícito a O processo disciplinar deve ser instaurada por
que se destinam, ou lhe faculta ou não instaurar o processo portaria da autoridade competente, na qual se descrevam
punitivo. os atos ou fatos a apurar. Na instrução do processo a
comissão processante tem plena liberdade na colheita das
MODALIDADES DO PROCESSO provas. Há nesse processo a possibilidade de
ADMINISTRATIVO apresentação de contraprovas e presença nos atos
 Processo de Expediente: é a instrutórios , consubstanciando-se a ampla defesa. E sem
denominação, imprópria que se dá a toda autuação que a qual é nulo o julgamento condenatório.
tramita pelas repartições públicas por provocação do No julgamento a autoridade competente deverá
interessado ou por determinação interna da Administração, sempre fundamentar a sua decisão , com motivação
para receber a solução conveniente. Não tem procedimento própria ou adoção dos fundamentos do relatório, não se
próprio. Não geram, nem alteram, nem suprimem, direitos admite é o julgamento sem fundamentação, ainda que
dos administrados, da administração ou de seus servidores, sucinta; além disso, a aplicação de penalidade sem
apenas encerram papéis, registram situações preexistentes. motivação, subtrairia a possibilidade do controle da
A tramitação é informal, e irrelevante para solução final. legalidade da punição pelo Judiciário, frustrando, assim, o
 Processo de outorga: Todo aquele em preceito constitucional de proteção aos direitos individuais.
que se pleiteia algum direito ou situação individual perante Permitido é ao poder judiciário examinar o
a Administração. Normalmente tem rito especial, mas não processo administrativo disciplinar para verificar se a
contraditório, salvo quando há oposição de terceiros ou sanção imposta é legítima se apuração da infração atendeu
impugnação da própria administração. As decisões finais ao devido procedimento legal. O que se nega ao Judiciário
proferidas nesses processos tornam-se vinculantes e é o poder de substituir ou modificar a penalidade disciplinar
irretratáveis para a administração, porque geram direitos a pretexto de fazer justiça, pois, ou a punição é legal e deve
subjetivos para o beneficiário, salvo os atos precários que ser confirmada, ou é ilegal e há que ser anulada,
por sua natureza admitam modificação ou supressão inadmissível é a substituição da discricionariedade legítima
sumária, a qualquer tempo. Nos demais casos a decisão do administrador, por arbítrio ilegítimo do juiz.
definitiva só é modificada se eivada de nulidade.
 Processo de controle: ou de MEIOS SUMÁRIOS
determinação ou de declaração - é todo aquele em que a Além do processo administrativo, pode a
administração realiza verificações e declara situações de administração utilizar-se de meios sumários para
direito ou conduta do administrado ou de servidor, com elucidação preliminar de determinados fatos ou aplicação
caráter vinculante para as partes, normalmente tem rito de penalidades disciplinares ou comprovadas na sua
próprio, e quando se deparam com irregularidades, exigem flagrância, são os seguintes:
oportunidade de defesa aos interessados - não se  Sindicância: meio sumário de elucidação
confundem com o processo punitivo, enquanto neste se de irregularidades no serviço para subsequente
apura a falta e se aplica a penalidade cabível, naquele instauração do processo e punição do infrator. Dispensa
verifica-se a situação ou conduta do agente e se proclama defesa do sindicado e publicidade no seu procedimento por
o resultado para efeitos futuros. A decisão final, do se tratar de simples expediente de verificação de
processo de controle, é vinculante para a administração. irregularidade. É o verdadeiros inquérito administrativo
 Processo punitivo: é todo aquele que precedo o processo administrativo disciplinar.
promovido pela administração para a imposição de  Verdade Sabida: é o conhecimento
penalidade por infração de lei, regulamento ou contrato. pessoal pela própria autoridade competente para punir o
Deve ser necessariamente contraditório com oportunidade infrator. Aplica-se a pena, consignando no ato punitivo as
defesa e estrita observância do devido processo legal, sob circunstâncias em que foi cometida e presenciada a falta.
pena de nulidade da sanção imposta. Sua instauração, Só é admissível para as penalidades cuja imposição não
baseia-se em auto de infração, representação, ou peça exija processo administrativo disciplinar. Considera-se,
equivalente. O processo punitivo pode ser realizado por um também, verdade sabida a infração pública e notória,
representante ou uma comissão administrativa, deve estampada na imprensa ou divulgada por outros meios de
desenvolver-se com regularidade formal em todas as suas comunicação de massa. O essencial para verdade sabida
fases , para legitimar a sanção final imposta. Adota-se, é que a falta seja conhecida diretamente pela autoridade
nesse procedimento, subsidiariamente os preceitos do competente para puni-la ou a sua notoriedade irretorquível.
processo penal comum. Embora, a graduação das sanções  Termo de declarações: é a forma
administrativas - demissão, multa, embargo de obra, sumária de comprovação de faltas menores dos servidores,
destruição de coisa, interdição de atividade e outras - sejam através das tomada de seu depoimento sobre irregularidade
discricionárias - não são arbitrárias, devendo por isso, que lhe é atribuídas, e, se confessada, servirá de base
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para punição cabível. Esse meio sumário evita demoradas


sindicâncias e processos sobre pequenos deslizes Cabe ao Executivo, a realização das atividades
funcionais que devem ficar devidamente comprovados - se administrativas, mas em algumas delas depende da
o inquirido negar a falta, haverá necessidade de processo cooperação do Legislativo.
administrativo disciplinar para comprová-la e legitimar a
punição. A Constituição indica os atos sujeitos ao controle
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO OU legislativo e delimita o campo das investigações
FISCAL parlamentares, vinculando, assim, no conteúdo e forma, a
É todo aquele que se destina à determinação, atuação fiscalizadora desse Poder.
exigência ou dispensa do crédito fiscal, bem como, a
fixação do alcance das normas de tributação em casos O nosso sistema presidencialista não concede ao
concretos, bem como pelos órgãos competentes Legislativo faculdades ilimitadas de controle sobre os
tributantes, ou a imposição de penalidade ao contribuinte. demais Poderes, mas permite a apuração de
Estão compreendidos, nesta definição genérica, as irregularidades de qualquer natureza através de Comissão
modalidades de controle (processo de lançamento e Parlamentar de Inquérito.
consulta), de outorga (processos de isenção) e de punição O povo delega poderes, não só de legislação, mas
(processos por infração fiscal), sem falar nos processo sobretudo de fiscalização, a seus mandatário na Câmaras.
impróprios de simples autuação e expediente. O controle do Executivo pelo Legislativo se desenvolve
Processos de determinação e exigência de com três finalidades, ajudar a legislação supervisionar a
créditos tributários: pode assumir tanto a forma de administração e informar a opinião pública sobre o
controle - quando o lançamento é normal - quanto o de cumprimento da lei.
punição - quando o lançamento vem acompanhado de A atual Constituição atribui competência exclusiva
multa ou de qualquer outra penalidade - em ambos os ao Congresso Nacional para determinas aprovações e
casos, o procedimento deve enquadrar-se e desenvolver-se conjunta com o Presidente da República para outras.
pelas fases próprias. A instauração do processo será Há ainda funções de controle legislativo privativas
sempre por ato formal da autoridade competente, é do Senado Federal .
essencial a quantificação do crédito - lançamento - ou a
descrição do fato ou ato a punir, na hipótese de infração. - Fiscalização financeira e orçamentária: é
notificação de lançamento ou auto de infração. O processo conferida em termos amplos pela nossa Constituição, ao
deve ser instruído com os elementos que serviram de base Congresso Nacional, é decorrência natural da
à quantificação do crédito tributário, ou á comprovação da administração como atividade exercida em relação a
infração de que é acusado o contribuinte, sendo interesses alheios. Toda administração pública, fica sujeita
complementada com a prova indicada na defesa e pela que a fiscalização hierárquica, mas certamente por sua
vier a ser conhecida pelo fisco, posteriormente. A defesa repercussão imediata no erário, a administração financeira
do contribuinte será feita através da impugnação da e orçamentária, submete-se aos rigores de
exigência fiscal, e marca o início da fase litigiosa do acompanhamento, tendo a Constituição determinado o
procedimento, essa impugnação será apresentada por controle interno pelo Executivo e o controle externo pelo
escrito, no prazo de 30 dias a contar da intimação, ao órgão Legislativo - Congresso Nacional auxiliado pelo Tribunal
preparador, com todos os documentos que se fundar a de Contas da União.
defesa. Conforme a exigência do princípio da oficialidade, o
processo impulsiona-se de ofício, ou, a requerimento do O controle interno objetiva a criação de condições
sujeito passivo. indispensáveis a eficácia do controle externo e visa
Processo de consulta: é aquele em que o assegurar a regularidade da realização da receita e
interessado indaga do fisco sobre sua situação legal, diante despesa, possibilitando o acompanhamento da execução
de fato determinado, de duvidoso enquadramento tributário. do orçamento, dos programas de trabalho e a avaliação dos
Este processo tem rito próprio e produz consequências respectivos resultados. É, na sua plenitude, um controle de
jurídicas específicas. É modalidade do processo legalidade, conveniência, oportunidade e eficiência.
administrativo de controle, visto que objetiva definir a
situação tributária do contribuinte, em face da legislação Atribuições dos Tribunais de Contas: é
aplicável, vinculando sempre as partes à decisão final nele atribuída o controle externo da administração financeira e
proferida. orçamentária. Toda atuação dos Tribunais de Contas deve
ser a posteriori, não tendo apoio constitucional qualquer
CONTROLE LEGISLATIVO OU PARLAMENTAR controle prévio sobre atos ou contratos da administração
É o exercido pelos órgãos legislativos - Congresso direta ou indireta. Expressam-se, essa atuação em funções
nacional, assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores - técnicas opinativas, verificadoras e jurisdicionais
ou, comissões parlamentares, sobre determinados atos do administrativas. No que se refere aos Municípios, suas
executivo, na dupla linha da legalidade e da conveniência contas são julgadas pelas próprias Câmaras de Vereadores
pública, pelo que se caracteriza como um controle com auxílio dos Tribunais Estaduais, Municipais ou
eminentemente político, indiferente aos direitos individuais Conselhos dos Tribunais de Contas do Município, onde
do administrados, mas objetivando os superiores interesses houver.
do Estado e da comunidade. Criou-se, assim, para as contas municipais , um
Essa sustação, referida do artigo supra, no âmbito sistema misto em que o parecer prévio do Tribunal de
federal, pode ser feita de ofício, pelo Congresso Nacional, Contas ou equivalente é vinculante para Câmara de
ou mediante representação do interessado, no âmbito Vereadores. Esse parecer vale como decisão enquanto a
Câmara não o substituir por seu julgamento qualificado
Estadual ou Municipal, dependerá da Constituição pelo quorum constitucional.
Estadual ou Lei Orgânica, respectivamente.
Na separação de funções, no nosso regime CONTROLE JUDICIÁRIO
constitucional, os Poderes do Estado não se confundem É o exercido privativamente pelos órgãos do Poder
nem se subordinam, mas se harmonizam. Judiciário, sobre os atos administrativos do Executivo, do
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Legislativo e do próprio Judiciário quando realiza a do Poder Judiciário, e tais são os chamados Atos políticos,
atividade administrativa. atos legislativos e os interna corporis.
É um controle a posteriori, unicamente de  ATOS POLÍTICOS: São os que
legalidade, por restrito à verificação da conformidade do praticados por agentes do governo, no uso de competência
ato com a norma legal que o rege; essa norma legal pode constitucional, se fundam na ampla liberdade de apreciação
ser pública ou privada. da conveniência ou oportunidade de sua realização, sem se
Atos sujeitos ao controle: judicial são os aterem a critérios jurídicos preestabelecidos. São atos
administrativos em geral, a limitação é apenas quanto ao governamentais por excelência, são atos de condução dos
objeto de controle, que há de ser unicamente a negócios públicos, e não simplesmente de execução de
legalidade, sendo-lhe vedado pronunciar-se sobre a serviços públicos. Daí, decorre o seu maior
conveniência, oportunidade ou eficiência do ato em exame, discricionarismo, e as maiores restrições para o controle
ou seja o mérito administrativo. judicial, mas, nem por isso afastam a apreciação da Justiça,
A legalidade do ato administrativo é a condição quando arguidos de lesivos a direito individual ou ao
primeira para sua validade e eficácia. patrimônio público. Como ninguém pode contrariar a
Constituição, e essa mesma Constituição veda se exclua da
Todo ato administrativo, de qualquer autoridade ou apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a
Poder, para ser legítimo e operante, há que ser praticado direito, individual ou coletivo, segue-se que nenhum ato do
em conformidade com a norma legal pertinente - princípio Poder Público deixará de ser examinado pela Justiça
da legalidade - com a moral da instituição - princípio da quando arguido de inconstitucional ou de lesivo de direito
moralidade - com a destinação pública própria - princípio subjetivo de alguém. O que se nega ao Poder Judiciário é,
da finalidade - e com a divulgação oficial necessária - depois de ter verificado a natureza e os fundamentos
princípio da publicidade - . Contrariando ou faltando um políticos do ato, adentrar o seu conteúdo e valorar os seus
desses princípios básicos, a Administração Pública vicia o motivos. A só invocação da natureza política do ato não é o
ato de ilegitimidade expondo-o à anulação por ela suficiente para retirá-lo da apreciação do judiciário.
mesma, ou pelo Poder Judiciário se requerido pelo
interessado.  ATOS LEGISLATIVO: ou seja, as leis
propriamente ditas - normas em sentido formal e material
O requerimento pelo interessado, esta previsto em - não ficam sujeitos a anulação judicial pelos meios judiciais
nossa Constituição, na lei do Mandado de Segurança e na comuns - mas sim - pela via especial da representação de
lei de Ação Civil Pública. inconstitucionalidade - tanto para a lei em tese, como para
os demais atos normativos. Enquanto regras abstratas e
Nem mesmo os atos discricionários - refogem gerais não atingem os direitos individuais. Somente pela via
do controle judicial, porque quanto à competência, constitucional de representação de inconstitucionalidade é
finalidade, forma e os próprios limites do que o STF pode declarar a inconstitucionalidade da lei em
discricionarismo constituem matéria de legalidade, tão tese.
sujeita ao confronto da justiça como qualquer elemento de
ato vinculado. Discricionariedade, não se confunde com
arbitrariedade, o ato discricionário, quando emitido nos  AS LEIS E DECRETOS DE EFEITOS
limites legais é lícito e válido; o ato arbitrário é sempre CONCRETOS, entretanto podem ser invalidados em
ilícito e inválido. procedimentos comuns em mandado de segurança ou em
O judiciário não pode ir além do exame da ação popular, porque já trazem em si os resultados
legalidade do ato impugnado, deve se entender por administrativos objetivados.
legalidade ou legitimidade se entende não só
conformação do ato com a lei, como também a moral  OS DECRETOS LEGISLATIVOS E AS
administrativa e com o interesse coletivo. RESOLUÇÕES DAS MESAS, sujeitam-se ao controle
judicial, porque são atos materialmente administrativos,
Ao Poder Judiciário é permitido perquirir todos os sempre vinculados ao regimento para sua emissão, e são
aspectos de legitimidade, para descobrir e pronunciar a capazes de lesar direitos individuais de terceiros, nos seus
nulidade do ato administrativo . Não se permite ao efeitos internos e externos.
judiciário, é o pronunciamento sobre o mérito
administrativo, ou seja, sobre a conveniência,  O PROCESSO LEGISLATIVO,
oportunidade, eficiência ou justiça do ato, porque, se atualmente com contornos constitucionais, tornou-se
assim agisse, estaria emitindo pronunciamento de passível de controle judicial para o resguardo da legalidade
administração, e não de jurisdição judicial. de sua tramitação e legitimação da elaboração da lei, claro
que o judiciário não pode adentrar o mérito das
Não há de se confundir, entretanto, o mérito deliberações da Mesa, nem deve perquirir as opções
administrativo do ato, infenso à revisão judicial, com o políticas que conduziram a aprovação ou rejeição do
exame de seus motivos determinantes, sempre passíveis projeto, mas pode e deve, quando se argui lesão de direito
de verificação em juízo. individual verificar se o processo legislativo foi atendido em
Todo ato administrativo praticado por agentes sua plenitude, inclusive na tramitação regimental.
incompetentes, ou além de sua competência, incorre no Deparando com infringência a Constituição ou ao
vício de excesso de poder, assim como qualquer ato que regimento, compete ao Judiciário anular a deliberação ilegal
desatenda à moralidade e aos fins administrativos se do legislativo, para que outra se produza em forma legal.
invalida pelo desvio de poder.
 PROCESSO DE CASSAÇÃO DE
Atos sujeitos a controle especial: enquanto os MANDATO PELAS CÂMARAS LEGISLATIVAS, estão
atos administrativos em geral, expõe-se à revisão comum vinculados a respectiva lei, quanto ao motivos, a legalidade
da justiça, outros existem que, por sua origem, fundamento e a tramitação procedimental, tornou-se passível de
e natureza ou objeto ficam sujeitos a um controle especial controle de legitimidade pela justiça comum quanto aos

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aspectos de : existência do motivo e a regularidade eleitor - para obter a invalidação de atos ou contratos
formal do processo. administrativos - ou a ele equiparados - ilegais e lesivos ao
o Interna Corporis : da Câmara são patrimônio federal, estadual ou municipal, ou de suas
vedados à revisão judicial comum, mas é preciso que se autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas
entenda seu conceito e limites. subvencionadas com dinheiros públicos.
o Interna corporis são só aquelas  É um instrumento de defesa dos
questões ou assuntos que entendem direta e interesses da coletividade, utilizável por qualquer de seus
imediatamente com a economia interna da corporação membros, no gozo de seus direitos cívicos e políticos.
legislativa, com seus privilégios e com a formação  Essa ação não ampara direitos próprios,
ideológica da lei, que por sua natureza, são reservados mas interesses da comunidade. O beneficiário direto e
exclusivamente a apreciação e deliberação do plenário da imediato da ação não é o autor popular, é o povo titular do
Câmara. O que a justiça não pode é substituir a direito subjetivo ao governo honesto.
deliberação da Câmara por um pronunciamento judicial  Tem fins preventivos e repressivos contra
sobre o que é de exclusiva competência discricionária do atividade administrativa lesiva do patrimônio público - assim
Plenário, da Mesa ou da Presidência, mas pode confrontar, entendidos os bens e direitos de valor econômico, artístico
sempre, o ato praticado com as prescrições legais ou ou histórico.
regimentais, que estabeleçam condições, forma ou rito
para seu cometimento. Assim, se numa eleição de Mesa o  AÇÃO CIVIL PÚBLICA: É o instrumento
Plenário violar o Regimento, a Lei, ou a Constituição, o ato processual adequado para reprimir ou impedir danos ao
ficará sujeito à invalidação judicial, para que a Câmara o meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
renove na forma legal, mas o Judiciário nada poderá dizer, artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico,
se, atendidas todas as prescrições constitucionais, legais e protegendo assim os interesses difuso das sociedade. Não
regimentais. se presta a amparar direitos individuais, nem se destina à
reparação de prejuízos causados a particulares pela
MEIOS DE CONTROLE JUDICIÁRIO conduta, comissiva ou omissiva do réu.
Dos atos administrativos de qualquer dos poderes
são as vias processuais de que dispõe o titular do direito  MANDADO DE INJUNÇÃO: é o meio
lesado ou ameaçado de lesão para obter a anulação do ato constitucional posto à disposição de quem se considerar
ilegal em ação contra a Administração Pública, esta regra prejudicado pela falta de norma regulamentadora, que
está excepcionada pela AÇÃO POPULAR, em que o autor torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
não defende direito próprio, mas, sim interesse da constitucionais e das prerrogativas inerentes `a
coletividade, lesada em seu patrimônio, e pela nacionalidade, à soberania e à cidadania.
REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, que
é postulada pela própria administração perante o Judiciário.  HABEAS DATA: É o meio constitucional
Mas há ações especiais, adequadas para coibir posto à disposição de pessoa física ou jurídica para lhe
determinadas ilegalidades ou abusos de autoridade, e até assegurar o conhecimento de registros concernentes ao
mesmo invalidar a lei em tese quando inconstitucional. postulante e constantes de repartições públicas ou
particulares acessíveis ao público ou para retificação de
 MANDADO DE SEGURANÇA: meio seus dados pessoais.
constitucional posto a disposição de toda pessoa física ou
jurídica, órgão com capacidade processual ou  REPRESENTAÇÃO DE
universalidade reconhecida em lei, para proteger direito INCONSTITUCIONALIDADE: De lei ou ato normativo
individual ou coletivo, próprio, líquido e certo, não federal ou estadual, prevista na Constituição,, como
amparado por habeas corpus, lesado ou ameaçado de competência originária do STF. Ataca-se a lei em tese ou
lesão, por ato de qualquer autoridade, seja de que categoria qualquer outro ato normativo antes mesmo de produzir
for e sejam quais forem as funções que exerça. efeitos concretos, e a decisão declaratória da
 É ação civil de rito sumário especial, inconstitucionalidade deve ser obedecida não só na órbita
sujeito a normas procedimentais próprias, supletivamente judiciária como pelas demais autoridades incumbidas da
aplicando-lhe as disposições do CPC. aplicação da lei ou o ato invalidado.
 Destinam-se a coibir atos ilegais de  O plenário do STF , tem concedido
autoridade, que lesem direito subjetivo, líquido e certo do suspensão liminar da lei impugnada, mas a suspensão
impetrante. definitiva cabe ao Senado Federal
 É suscetível de mandado de segurança  O judiciário não anula nem revoga normas
toda ação ou omissão do Poder Público ou de seus legislativas - só anula atos administrativos ilegais -
delegados, no desempenho de suas funções ou a pretexto reconhecendo e declarando, apenas, a sua ineficácia,
de exercê-las. quando contrárias a Constituição.
 Direito líquido e certo é o que se  Quanto às leis e atos normativos
apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua estaduais e municipais que ofendam à Constituição
extensão e apto a ser exercitado no momento de Estadual, caberá ao Tribunal de Justiça decidir sobre essa
impetração. inconstitucionalidade.
 Prazo para sua impetração é de 120 dias  Com essa ação direta de
do conhecimento oficial do ato a ser impugnado. inconstitucionalidade, chamada assim, por alguns, a
 Admite, o mandado de segurança, representação de inconstitucionalidade, as leis em tese, os
suspensão liminar do ato, quando concedida tem efeito atos normativos violadores da Constituição sujeitam-se ao
mandamental e imediato, não podendo ser impedida por controle judicial preventivo, antes mesmo que gerem ou
nenhum recurso comum, salvo pelo Presidente do Tribunal propiciem qualquer atividade concreta e específica de
competente para apreciação da decisão inferior. administração. MEDIDA CAUTELAR: o pedido de medida
cautelar, feita pelo arguente, será julgado, originariamente,
 AÇÃO POPULAR: É a via judiciária pelo arguente da inconstitucionalidade, sendo julgado
constitucional posta a disposição de qualquer cidadão - originariamente pelo STF. Essa medida cautelar exige os
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mesmos pressupostos das cautelares comuns - periculum faça-se necessário citar Hely Lopes Meirelles, que em sua
in mora e fumus bonis iuris - . obra clássica definiu quatro espécies, os agentes políticos,
os agentes administrativos, os agentes honoríficos e os
agentes delegados. Em uma posição mais moderna
SERVIDORES PÚBLICOS: CARGO, EMPREGO podemos citar Maria Sylvia Zanela di Pietro e Celso Antônio
E FUNÇÃO PÚBLICOS Bandeira de Mello que classificam as espécies da seguinte
forma: os agentes políticos, servidores públicos, e
O Brasil, país continental, hoje uma das mais particulares em colaboração com o poder público. Deste
importantes economias mundiais, buscando assento conceito de agentes seguiremos com a análise destas
permanente com no Conselho de Segurança da categorias.
Organização das nações Unidas, que será a chancela de
sua relevância no cenário mundial, reunido na forma de 1.1 Agentes políticos
federação. Aqueles que integram os mais elevados escalões
Disciplina sua organização observando no pacto na organização Administrativa Pública, possuindo acento na
federativo postulado que derivam em sua autonomia, com Constituição Federal, possuem independência funcional e
auto-organização como dispõem a Constituição Federal em regime jurídico próprio (é o agente que esta topo da
seu art.18, atuando através de seus agentes, seus órgãos, pirâmide da organização da administração publica ), no
entidades, fazendo com que a máquina da administração sentido mais próprio são os representantes do povo, o que
publica se impulsione para que seja possível atender as conduz à investidura por eleição.
necessidades da coletividade, através de seus serviços O agente político tem regime jurídico próprio, não
públicos. se submete ao regime geral do art.102 da constituição,
Esse ensaio visa analisar o gênero agente públicos aplica apenas em caráter subsidiário. E o agente político
e suas espécies, abordando da clássica doutrina a mais atua com independência funcional no que pertine aos
moderna, como poderemos mais adiante verificar no exercícios de suas atribuições, e não esta hierarquizada.
presente estudo, onde os agentes públicos constituem um A doutrina diverge na questão de quem pode ser
instrumento muito importante para que a vontade do Estado agentes políticos e assim há duas correntes:
venha se materializar, em prol do bem comum, observando 1ª) Nesta primeira corrente podemos citar o
sempre a supremacia do interesse público. professor Celso Antônio de Mello entende que agente
Será analisando de forma mais detalhada pontos político é apenas aquele que pode estabelecer normas
importantes a respeito da espécie servidores público, como diretrizes, normas de condutas de comportamento estatal e
ocorre o provimento no sistema do Regime Jurídico Único, de seus administrados que pode definir metas e padrões
pontuando seus direitos e deveres. Bem como a administrativos. São apenas os chefes dos executivos e
responsabilidade do servidor pelo seus atos que venham membros do legislativo (é o detentor de demanda do
causar algum dano quando estiver no exercício de uma eletivo), logo são agentes públicos titulares dos cargos
atribuição na esfera publica, e ainda como se dá a estruturais a organização política do País, sendo agentes
responsabilização do Estado em face deste agente. políticos apenas o presidente da república, os
governadores, prefeitos e respectivos vices, os auxiliares
1. Agentes públicos imediatos dos chefes do executivo.
Para a execução dos serviços da administração 2)Já na segunda corrente podemos citar professor
pública é mais dos que necessário os recursos humanos, Hely Lopes Meirelles, agente político além dos agentes que
constituem a massa de pessoas naturais que sob variados foram citados na primeira posição, são também agentes
vínculos, seja estatutário ou celetista, de forma definitiva ou políticos, os juízes, promotores, defensores, ministros, e
transitória e algumas vezes sem qualquer liame, prestam conselheiros dos tribunais de contas. Estendem para estes
serviços à Administração Pública ou realizam atividades de agentes porque estão previstos na constituição federal de
sua responsabilidade. onde recebem suas atribuições ainda que de forma geral
Os agentes exercem funções do órgão, (genérica), também atuam com independência funcional e
distribuídas entre cargos aos seus titulares, mas de formar possuem regime jurídico próprio.
excepcional poderá existir funções sem cargo. Desta forma A investidura do agente político em regra é obtida
o agente público se caracteriza por estar investido em uma através de eleição, mediante o sufrágio universal na forma
função pública e pela natureza pública dessa função, sendo da constituição federal, arts. 2º e 14, salvo para ministros e
assim, para caracterizar o agente público, são necessários secretários que são de livre escolha do chefe do executivo
a investidura (de ordem objetiva) em função pública e e providos em cargos públicos, mediante nomeação.
natureza pública da função (de ordem subjetiva). Pelo
exposto, concluímos que todos os que de alguma forma 1.2 Servidores públicos em sentido amplo (ou
exerce função pública e independentemente da existência agentes administrativos)
de vínculo e uma vez existindo são irrelevantes a forma de Espécie de agentes públicos onde se encontra o
investidura e a natureza do vínculo que liga este agente à maior número de pessoas naturais exercendo a funções
Administração Pública. públicas, cargos públicos e empregos públicos nas
É necessário destacar que, o cargo ou função administrações direta e indireta. São agentes
pública pertence ao estado e não ao agente, desta forma administrativos que exercem uma atividade pública com
poderá o Estado, ampliar, suprimir ou alterar os cargos e vínculo e remuneração paga pelo erário público. Podem ser
funções, não gerando direito adquirido ao agente titular, o classificados como estatutários, celetistas ou temporários.
mesmo não acontece se o agente desaparecer, o cargo ou
função continuará existindo e disponível a administração 1.2.1 Servidores Estatutários
pública (exemplo o falecimento do agente). O servidor público é uma espécie dentro do gênero
A expressão agentes públicos é utilizada em servidores estatais, são os que possuem com a
sentido amplo e genérico, por tanto funcional, a partir dela administração relação de trabalho de natureza profissional
podemos identificar suas espécies, e para entendermos e não eventual.
melhor as categorias (ou espécies) de agentes públicos, Os servidores estatutários são contratados para
cargo público no regime estatutário, regulamentado pelo
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estatuto do servidor público lei de âmbito federal n° honorifico. Exemplo: peritos, tradutores, conciliadores,
8.112/90 e no estado do Rio de Janeiro regulamentado pelo jurados do tribunal do júri e mesários.
decreto nº 2.479/79.
Para ser nomeado o servidor precisa antes ser 1.3.3 Agentes necessários ou gestores de
submetido ao procedimento do concurso público de provas negócios públicos
ou de provas e títulos, art. 37 inciso II da CF. É o cargo Uma grande característica desta espécie é o fato
público de provimento efetivo, ou seja, é o cargo que que este agente atua voluntariamente, de forma
possibilita a aquisição de estabilidade no serviço público espontânea, diante de uma situação anômala de caráter
que é diferente do cargo em comissão que é desprovido de emergencial, sempre diante de uma situação excepcional·.
efetividade não gerando estabilidade, porque a nomeação Exemplo: uma situação calamidade, enchente, particulares
para este cargo depende de confiança da autoridade que que ajudam resgatar pessoas de um desmoronamento.
tem competência para esta nomeação. Diferente de agentes putativos (agentes de fato)
que tem aparência de agentes públicos legalmente
1.2.2 Empregado Público (Celetista) investidos da função publica, aplica-se neste caso a teoria
Quando contratados para emprego público no da aparência, mas não existe legal investidura, por duas
regime da CLT, mas aplicam-se os princípios do direito situações, não existe nenhuma investidura ou existe uma
público, por exemplo: investidura subordinada à aprovação ilegalidade na sua investidura. Exemplo: oficial de justiça
prévia em concurso público. Trata-se de regime obrigatório que apresentou diploma falso, ou seja, apresentou um
nas empresas publicas e sociedade de economia mista. documento necessário para sua investidura falso, existindo
uma investidura viciada, o jurisdicionado que se depara
1.2.3 Servidores Temporários com este oficial não tem como saber que o oficial de justiça
Quando contratados tão somente para exercer a apresentou documento falso a administração, aplicando-se
função publica, em virtude da necessidade temporária para este sujeito a teoria da aparência, a medida for
excepcional e de relevante interesse público. Por tanto necessária para a proteção dos seus direitos em razão do
exercem uma função publica remunerada temporária, ato praticado por este agente, têm que ser reconhecido os
apresentando cunho de excepcionalidade, o que autoriza o direitos do administrado. Mas pode acontecer outra
tratamento secundário. situação, o agente não tem investidura na função que ele
exerce, porque ele nem é servidor ou é, mas extrapolar em
1.3 Particulares que atuam em colaboração exercício da sua função agir fora de sua competência ou
com o poder público: nem ter competência nenhuma. Porém em razão da teoria
Pessoa física que sem perderem a qualidade de da aparência, visando à segurança e a boa fé do
particulares e sem existir vínculo de trabalho entre a administrado, os atos praticado por agentes putativos serão
administração publica de forma remunerada ou não, mas considerados válidos.
existindo sim, uma execução de um trabalho em beneficio Agente necessário é um particular e aparece como
do interesse público e do particular, ou seja, não existe tal, não engana, não é um agente putativo, não se mostra
entre o particular e a administração um vínculo jurídico, mas como agente público o gestor de negócios públicos se
existe sim uma prestação de a atividade pelo particular em mostra como uma pessoa estranha à administração, é um
beneficio do interesse público. Importante destacar que os particular que apenas colabora, auxiliando com algum tipo
particulares atuam em nome próprio, limitando-se a de função a administração.
administração a fiscalizar o desempenho dessas atividades.
Existem três tipos de particulares que podem colaborar com 1.4 Agentes credenciados
a administração: particulares por delegação; particulares São os que recebem a incumbência da
que atuam por convocação, nomeação ou designação; e administração para representá-la em determinado ato ou
Agentes necessários ou gestores de negócios públicos. praticar certa atividade especifica, mediante remuneração
do poder público credenciante. Por exemplo, determinada
1.3.1 Particulares por delegação pessoa recebe atribuição de representar o Brasil em evento
Os chamados agentes delegados, agentes que internacional.
atuam mediante delegação, ocorrem nos casos de
concessão e permissão de serviços públicos. Exemplo: 1.5 Militares
tradutores, leiloeiros, os bancários, titulares de cartórios que Abrangem as pessoas físicas que prestam
atualmente a atividade notarial e de registro que é exercida serviços às forças armadas, marinha, exercito e
em regime jurídico de direito privado por delegação pelo aeronáutica, art. 142, caput e § 3º da CF e também as
poder público, artigo 236 Constituição Federal (Lei nº 8.935, policias militares e corpo de bombeiros militares dos
de 18-11-1994, dispõe sobre os serviços notariais e de Estados, Distrito federal e Territórios, art.42 da CF, com
registro), a remuneração que recebem não é paga pelos vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, com a
cofres públicos, mas pelos terceiros usuários do serviço, EC nº 18/98 são denominados servidores públicos militares.
nestes casos exercem função publica em nome próprio com
a fiscalização da administração publica. 2. Servidores públicos
Os servidores públicos (em sentido estrito) são
1.3.2 Particulares que atuam por convocação, aqueles agentes que mantém relação com o regime
nomeação ou designação estatutário, ocupantes de cargos públicos efetivos ou sem
Nesta segunda espécie pode ter agentes que comissão, sujeito a regime jurídico de direito público. No
exercendo atividade sem remuneração, por exemplo, conceito de Hely Lopes Meirelles, servidores públicos
jurados do tribunal do júri e mesários que exercem um constituem subespécies dos agentes administrativos, e a
serviço público honroso, atividade honrosa, e por isso esses ela vinculados por relações profissionais, em razão da
particulares são denominados por alguns autores como investidura em cargos e funções, a título de emprego e com
agentes honoríficos, tais serviços constituem o chamado retribuição pecuniária.
múnus público, ou serviços públicos relevantes, esses
agentes o máximo que podem receber é uma ajuda de 2.1 Cargo, Emprego e Função
custo ou pro labore, isso não descaracteriza como agente
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Cargo públicos são as mais simples unidade e a organização de seus servidores com a devida autonomia
indivisíveis unidades de competência a serem expressas delegada pela constituição.
por um agente, prevista em número certo, com
denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de 2.1.1 Vacância
direito público e criadas por lei, salvo os serviços auxiliares É o ato administrativo pelo qual o servidor é
do legislativo, ou seja, cargo público é a unidade de destituído do cargo, emprego ou função. São as hipóteses
atribuições é a menor célula que existe dentro da do art. 33 da lei n. 8112/90, demissão, aposentadoria,
administração publica para o exercício das atribuições pelo promoção e falecimento, e também prever a ascensão, a
agente investido do cargo. Com a possibilidade de contratar transferência, a readaptação e posse em outro cargo
servidores sob o regime da legislação trabalhista, a inacumulável.
expressão emprego público passou a ser utilizada, também A exoneração é a extinção do vínculo estatutário a
para designar uma unidade de atribuições, distinguindo-se pedido do servidor ou quando cabível, em virtude de
pelo tipo de vínculo contratual, sob regência da CLT, avaliação discricionária da autoridade competente. Pode
enquanto o ocupante de cargo público tem vínculo ocorrer no caso de cargo em comissão como a cargo de
estatutário, está contido na lei que instituiu o regime jurídico provimento efetivo, por tanto, não é penalidade. A
único. exoneração pode ser a pedido ou de oficio no caso de
No que tange ao conceito de função podemos cargo em comissão, cujo provimento e exoneração são
verificar que corresponde ao conjunto de atribuições as praticados no exercício de competência discricionária. A
quais não corresponde nem a cargo nem a emprego, ou exoneração do ocupante de cargo de provimento efetivo
seja, trata-se de um conceito residual. De acordo com a ocorrerá quando o sujeito não entrar em exercício, depois
constituição, quando se trata de função, tem-se que ter em de tomar posse ou não forem satisfeitas as condições do
vista dois tipos de situações: estágio probatório (art. 34 e 35 da lei n. 8.112/90).
Função exercida por servidores contratados Já a demissão constitui penalidade decorrente da
temporariamente, com base no art. 37, IX da CF, quando a pratica de ilícito administrativo, tem por objetivo desligar o
administração precisa atender situação de relevante e servidor dos quadros do funcionalismo.
excepcional interesse público, pode a administração A vacância do cargo em virtude da modificação do
contratar sem concurso público, aquele que for contratado vínculo, o agente legalmente investido poderá ser
sem concurso não vai ser investido nem a cargo nem promovido da classe inicial da carreira para uma classe
emprego público, porque para isso há a necessidade do superior, a promoção gera vacância (cargo anterior vago),
concurso público, sendo assim será contratado para provimento derivado, existe mudança de cargo sem
exercer uma função publica sem que a ela se corresponda rompimento do vínculo jurídico, gera uma modificação
cargo ou emprego essa é uma das hipóteses da chamada relação funcional do agente. Também pode ser chamada de
função sem cargo, mencionado no art. 37 IX da CF. promoção de progressão vertical que é diferente da
Outra espécie de função sem cargo que a progressão horizontal, que não há a mudança de cargo.
constituição prever é a função de confiança, art. 37 inciso v: Assim, o cargo único compartimentado em símbolos, e o
critério de confiança do agente que vai nomear. Não há o agente progridem dentro do mesmo cargo até ficar apto
cargo. Só quem pode exercer função de confiança é o para progredir verticalmente, ou seja, é o progresso que o
servidor que ocupe cargo de provimento efetivo para agente faz dentro do cargo, até que tenha a possibilidade
exercer atribuições de direção, chefia e assessoramento, de ser promovido. Na hipótese de readaptação, verifica-se
porem ser for exercida chefia, direção e assessoramento o provimento em cargo mais adequado em virtude de
por quem ocupe cargo em comissão a constituição dispõe limitação na capacidade física ou mental do servidor.
um percentual mínimo de servidores de carreira exercendo
esses tipos de cargo, além deste mínimo qualquer pessoa 2.1.2 Acessibilidade aos cargos e empregos:
pode ser nomeada. concurso público
O que não pode deixar de ser esclarecido é que A constituição estabelece o princípio da ampla
os cargos distribuem-se em classes e carreiras, e acessibilidade aos cargos, funções e empregos públicos
excepcionalmente criam-se cargos isolados que são de aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
classe única. em lei ( art. 37, I), mediante concurso público de provas ou
Cargo de carreira é o que se escalona em provas e títulos, com ressalva a nomeação para cargos de
classes, que é o agrupamento de cargos de mesmo provimento em comissão nos quais são livres a nomeação
vencimento e atribuições, ou seja, as classes podem e a exoneração como disposto no art. 37, II.
ser organizadas de forma escalonada (superposta), quer Com relação aos estrangeiros, sempre houve o
dizer que entre as classes existe um momento, período entendimento que era possível a contratação na hipótese
diferente de vencimento, formando-se a chamada carreira, do art.37, IX da CF, para atender a necessidade temporária
que se organiza dentro um de agrupamento de classes de excepcional interesse público, no entanto a lei 8.745/93,
superpostas, o conjunto de carreiras e de cargos isolados que dispõem sobre a contratação de servidor temporário foi
constitui o quadro ( gratificada de um mesmo serviço, órgão alterada pela lei 9.849/99, incluindo, entre outros casos
ou poder) permanente, o quadro também pode ser admitindo a contratação com base no referido dispositivo, o
provisório, mas sempre com a observação que não é de professor estrangeiro e pesquisador visitante estrangeiro
admitido promoção ou acesso de um para o outro. (art. 2º, V).
O número total dos cargos de cada quadro é o Com a EC 19/1998, que alterou o dispositivo 37
que denomina lotação, a modificação da lotação de um inciso I acrescentando a possibilidade de estrangeiros, na
quadro, pela passagem de cargo nele incluso para outro forma da lei, ocupar cargos, empregos e funções públicas
quadro, chama-se de redistribuição conforme a lei 8.112/90. na administração. Logo, o acesso dos estrangeiros deve
(art.37) ocorrer na forma da lei, por que se trata de norma
Aqui cabe ressalvar ao quanto à competência constitucional de eficácia limitada à edição de lei, que
organizacional, como disposto no artigo 18 caput da estabelecerá a necessária forma.
constituição federal cabe a cada ente federado (a União, os
Estados Membros e o Distrito Federal), regular por lei sobre 2.2 Regime jurídico único

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A constituição de 1988 reformulou o tratamento do ) e quantitativos da proposta, não transformando o


servidor público, instituindo o regime jurídico único e planos projeto original.
de carreira para administração direta, autárquica e
fundações publicas, disposto no art. 39, (restabelecido pelo 2.4 Provimento
STF pela ADI n. 2.135/ DF, em 02 de agosto de 2007, É o ato pelo qual o se efetua o preenchimento do
decidindo em sessão plenária, suspender a vigência do art. cargo público, com a designação de seu titular. Poder ser
39, caput, da Constituição Federal, em sua redação dada originário ou autônomo ou derivado:
pela Emenda Constitucional n. 19/98. Em decorrência Provimento originário é o vínculo inaugural entre
dessa decisão, volta a aplicar-se a redação original do art. administração e o servidor, considerando determinado
39, que exige regime jurídico único e planos de carreira cargo, pode ocorrer para quem era servidor público e quem
para os servidores da Administração Pública Direta, não era servidor e passou a ser. Exemplo, um técnico
autarquias e fundações públicas, assim garantindo judiciário que passa no concurso para magistratura, nova
tratamento isonômico entre os servidores públicos, nomeação que estará constituindo novo vínculo, esse será
submetendo- os aos mesmos direitos e obrigações perante provimento originário, porque é inaugural, o que se
a entidade a que servem. O regime jurídico único requer o considera é o cargo.
funcionalismo na administração em cada esfera O concurso público não pode ser só de provas
governamental, seja estruturado com base num plano de títulos, vedado pela constituição federal, tem que
carreiras fundadas num sistema de cargos classificados de necessariamente de provas e pode ter provas de títulos
acordo com suas atribuições, na mesma classe também, ou seja, pode ter só provas, pode haver prova
escalonadas em função da de maior complexidade dos mais provas de títulos. A administração pode estabelecer
cargos que a integrem. Possibilitando justa política critérios diferenciados objetivos, que deverão esta de
remuneratória, considerando que o servidor não se limitará acordo com a lei e considerando com a função do cargo.
apenas ao aumento de suas remunerações mas também Exemplo exame psicotécnico de acordo com a previsão
terá outras atribuições de mais responsabilidade. legal com critérios objetivos identificados no edital.
E o provimento derivado é o que se faz por
2.3 Criação, transformação e extinção de transferência, promoção, remoção, acesso, reintegração,
cargos, funções ou empregos públicos readmissão, enquadramento, aproveitamento ou reversão,
A criação de cargo significa sua institucionalização é sempre uma alteração na situação de serviço do provido.
com denominação própria, previstas em número certo, E Celso Antônio Bandeira de Mello dá a seguinte
função específica e correspondente retribuição por pessoas classificação, provimento derivado pode ser vertical,
jurídicas de Direito público e criada por lei (pelos Poderes horizontal ou por reingresso.
Executivo, legislativo no âmbito de suas respectivas Provimento derivado vertical o que significa que
competência da Câmara dos Deputados e de vereadores através da promoção ( por merecimento ou antiguidade) , o
dispõe o arts. 51 inciso V e 52 inciso XIII e como dispõe o servidor alcança cargo mais elevado, dentro da própria
art.96 inciso I alínea b todos os arts da CF/88) ressalvando carreira. No provimento derivado horizontal é quando o
os casos de serviços auxiliares do legislativo criando-se por servidor é readaptado para um cargo mais compatível com
resolução, da Câmara ou do Senado, ( observando a sua limitação seja de capacidade física ou mental, logo o
natureza do cargo de provimento efetivo, através de servidor não é rebaixado, mas também não ascende em
concurso público ou em comissão por livre escolha). sua posição funcional. O Provimento derivado por
Já na transformação temos uma alteração de reingresso restabelece a situação do servidor anterior, a
molde a atingir a natureza do cargo, neste caso ocorrendo à qual estava desligada.
extinção ou criação de um ou de alguns cargos, e se dá de É necessário que seja esclarecido as
forma automática e simultânea quando um cargo é modalidades de provimento por reingresso, onde podemos
transformado em outro. Esclarecendo que tanto a criação encontrar por exemplo a situação de o agente que
como já fora mencionado, mas também a transformação de conseguir anular demissão tem o direito de volta para seu
cargos exige lei. cargo anterior, denominando-se reintegração e o servidor
Com a extinção o cargo desaparece deixa de que estava ocupando o cargo desse servidor reintegrado
existir (arts. 48 inciso X, 51, inciso IV e 52 inciso XIII, tratam tem que voltar para seu cargo anterior, denominando-se
da extinção do cargo no âmbito do Executivo e dos serviços recondução, e se o cargo não existir ou for declarado
auxiliares do legislativo, já o art. 96 inciso II, aliena b, desnecessário, ele pode ser apresentado a outro cargo com
corresponde à extinção nos serviços auxiliares do atribuições e remuneração compatíveis ou deposto em
judiciário), Cada um dos Poderes, se concretizando por lei disponibilidade o servidor reconduzido ( art. 41§ 2º da
quando for extinção de cargos do Executivo ou como CF), e quando o servidor disponível for chamado a voltar
dispõe o art. 84 inciso XXV da CF/ 88 mediante ato ao serviço, haverá o aproveitamento ( art.41 § 3º da CF).
administrativo do Presidente da República vinculando- se E assim, não podemos deixar de destacar a
mediante decreto. A extinção de cargos em suas autarquias ultima modalidade de provimento derivado por reintegração,
e fundações públicas e extinção de cargo dos serviços trata-se do funcionário aposentado que reingressa ao
auxiliares do judiciário igualmente se formalizarão através serviço público, a pedido (voluntária) que depende do pleito
de lei. Mas quando se tratar de cargos auxiliares do do interessado e de outros requisitos estabelecido em lei ou
legislativo, suas autarquias e empresas publicam realiza-se ex oficio (compulsória) quando cessada a incapacidade que
a extinção por resolução. gerou a aposentadoria por invalidez ( art. 25 da lei
A criação, transformação e extinção de cargos, 8112/90).
funções ou empregos do poder Executivo exige lei de O provimento ainda pode ser classificado quanto á
iniciativa do Presidente da República, dos governadores sua durabilidade em efetivo, vitalício e em comissão, essa
dos Estados e do Distrito Federal e dos Prefeitos Municipais classificação somente aplicável aos cargos:
abrangendo a administração direta, autárquica e Os cargos de provimento efetivos são os
fundacional ( arts. 61 § 1º, inciso II, alínea d da CF/ 88), predispostos a receber ocupantes em caráter definitivo (os
sendo assim, ainda que dependam de iniciativa do poder que são providos por concurso público). E como menciona
competente podem sofrer emendas do legislativo, desde o art. 41 da CF, o servidor após o período de três de
que respeitando os limites qualitativos (natureza ou espécie exercício pode adquirir a efetivação e a estabilidade,
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denominando-se estágio probatório, a partir do momento 96. I “c”.e ‘e” da CF). quer sejam Tribunais federais. quer
que o servidor adquirir estabilidade no cargo, só poderá estaduais. sendo o ato de nomeação da responsabilidade
perder o cargo em quatro situações: três delas se dos respectivos presidentes. O ato é veiculado por portaria.
encontram no art. 41§ 1º e a outra no art. 169 § 4º, ambos O ministério público é competente para prover os cargos de
da constituição: seus membros e dos serviços auxiliares( art.127,§2º da CF)
a) decisão judicial com sentença com o transito em b) Cargo de provimento efetivo isolado: cargo de
julgado ( demissão, ato punitivo), classe única, exemplo desembargador nomeado pelo quinto
b) processo administrativo disciplinar, neste caso o constitucional, não se organiza em carreiras, não existe
servidor perde o cargo por infração disciplinar, seria aqui o classes.
caso de demissão com observância da garantia de ampla 2.5 Direitos e Deveres
defesa, Os direitos e deveres do servidor público se forem
c) processo de avaliação por insuficiente estatutário esta elencado no Estatuto do servido ou no caso
desempenho, (é preciso que esse dispositivo seja de servidor celetista na CLT, dever-se também observar
regulamentado o inc. III do § 1, do art.41 para que possa normas consagradas na constituição federal (arts. 37 a 42),
ser aplicado, na forma da lei complementar – norma ainda mais, não existe impedimento para que outros direitos
constitucional de eficácia limitada, não pode ser aplicada sejam atribuídos pelas constituições Estaduais ou nas leis
enquanto não criar a lei complementar, possibilidade ordinárias dos Estados e municípios.
teórica, porque ainda não existe a lei regulamentando, mas Direitos concernentes aos subsídios (introduzida
o inciso III foi inserido na constituição pela emenda pela Emenda Constitucional nº 19/ 98) compõem-se de uma
constitucional número 19), parcela única, ou seja, indivisas vedado acréscimo de
d) exoneração do estável, em virtude de gastos vantagens outras de qualquer espécie; quanto ao
com pessoal, não é hipótese punitiva é uma contingência vencimento é a retribuição pecuniária fixada em lei pelo
administrativa, mas sim redução do quadro de pessoal com exercício do cargo público, já a remuneração é o
excesso de despesa, de acordo com art. 169§ 4º da CF. vencimento somado com as vantagens pecuniárias
Cabe ressaltar que demissão constitui o atribuídas em lei, de acordo com a lei 8.112/90 existem três
desligamento do cargo com caráter de sanção, aplicável espécies de vantagens pecuniárias:
nas hipóteses previstas em lei, diferente de exoneração que 1) As indenizações, com finalidade ressarcir
é o desligamento sem caráter sancionador e pode ser a despesas que o servidor tenha sido obrigado a realizar em
pedido ou a ex-oficio nos seguintes casos: desinvestir de razão do serviço, compreendendo em ajuda de custo;
cargo em comissão, quando no caso de provimento efetivo diárias; transporte e auxílio-moradia.
o servidor demonstrar ser inadequado ao cargo antes de 2) As gratificações como dispõe a lei 8.112/90 nos
completar o triênio para estabilidade e a administração o arts. 61,I,II e IX, 62, 63 e 76-A.
desliga, na avaliação periódica de desempenho tenha sido “Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso
considerado insatisfatório, quando o servidor empossado ou Concurso é devida ao servidor que, em caráter eventual:
não entrar em exercício em prazo legal, quando o servidor, I – atuar como instrutor em curso de formação, de
em acumulação proibida, desde que de boa fé, permitindo desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
optar cargo que desejar efetivado. no âmbito da administração pública federal;
O cargo de provimento vitalício significa que a II – participar de banca examinadora ou de
demissão do servidor dependerá de sentença judicial comissão para exames orais, para análise curricular, para
transitada em julgado, que reconheça a comprovação de correção de provas discursivas, para elaboração de
infração a que seja cominada à sanção. Somente possível questões de provas ou para julgamento de recursos
em relação aos cargos que a constituição define como de intentados por candidatos;
provimento vitalício. A constituição atribui o regime de III – participar da logística de preparação e de
vitaliciedade aos magistrados (art.95, I), aos membros dos realização de concurso público envolvendo atividades de
tribunais de contas (art.73 § 3º), e do ministério público planejamento, coordenação, supervisão, execução e
(art.128, § 5º,a). avaliação de resultado, quando tais atividades não
O cargo de provimento em comissão é o que se estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes;
dá através de nomeação independente de concurso e em IV – participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar
caráter transitório, a possibilidade em relação a esses provas de exame vestibular ou de concurso público ou
cargos somente se dará mediante lei que a declare e supervisionar essas atividades.
provimento em comissão. § 1º Os critérios de concessão e os limites da
O provimento dos cargos públicos da gratificação de que trata este artigo serão fixados em
Administração Federal direta cabe ao Presidente da regulamento, observados os seguintes parâmetros:
República, através de decreto, observado o que a respeito I – o valor da gratificação será calculado em horas,
dispuser a lei (art. 84. XXV. da CF). Essa atribuição pode observadas a natureza e a complexidade da atividade
ser delegada pelo Presidente da República, aos Ministros exercida;
de Estado, ao Procurador-Geral da República ou do II – a retribuição não poderá ser superior ao
Advogado-Geral da União, que observarão os limites da equivalente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais,
delegação (art. 84, parágrafo único. da CF). ressalvada situação de excepcionalidade, devidamente
Presidente República cabe prover cargos que justificada e previamente aprovada pela autoridade máxima
integram a estrutura do Judiciário, como ocorre com os do órgão ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo de
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais;
superiores , os governadores de territórios, o procurador III – o valor máximo da hora trabalhada
geral da república, o presidente do banco central, todos se corresponderá aos seguintes percentuais, incidentes sobre
aprovados pelo senado (art. 84. XIV. da CF). O mesmo se o maior vencimento básico da administração pública
pode dizer da nomeação dos Ministros do Tribunal de federal:
Contas da União (art. 73, § 2. da CF). a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento),
Já os cargos que se refere ao provimento dos em se tratando de atividades previstas nos incisos I e II do
cargos de juiz singular e de auxiliares administrativos do caput deste artigo;
Judiciário, diga-se que a competência é dos Tribunais (art.
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b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em servidor), Art. 207 (licença para servidora gestante por 120
se tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do dias consecutivos), Art.208 ( licença para de cinco dias para
caput deste artigo. paternidade, pelo nascimento ou pela adoção),Art.210
§ 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou (licença para a servidora que obtiver a guarda ou no caso
Concurso somente será paga se as atividades referidas nos de adoção para crianças até um ano) Di Pietro, Maria Sylvia
incisos do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo Zanela, op. Cit. p. 611 e 211( no caso de acidente em
das atribuições do cargo de que o servidor for titular, serviço o serviço fará jus a licença com remuneração
devendo ser objeto de compensação de carga horária integral).
quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na “Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
forma do § 4º do art. 98 desta Lei. I – por motivo de doença em pessoa da família;
§ 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou II – por motivo de afastamento do cônjuge ou
Concurso não se incorpora ao vencimento ou salário do companheiro;
servidor para qualquer efeito e não poderá ser utilizada III – para o serviço militar;
como base de cálculo para quaisquer outras vantagens, IV – para atividade política;
inclusive para fins de cálculo dos proventos da V – para capacitação;
aposentadoria e das pensões.” VI – para tratar de interesses particulares;
3) O adicional como expõe o art. 61 IV a VIII da lei VII – para desempenho de mandato classista.
8112/90, observando também o disposto nos arts. 68, 73, § 1º A licença prevista no inciso I será precedida
75, 76, da referida lei. de exame por médico ou junta médica oficial.
“Art. 61. Além do vencimento e das vantagens § 2º Revogado. Lei nº 9.527, de 10-12-1997.
previstas nesta Lei, serão deferidos aos servidores as § 3º É vedado o exercício de atividade remunerada
seguintes retribuições, gratificações e adicionais: durante o período de licença prevista no inciso I deste
IV – adicional pelo exercício de atividades artigo.
insalubres, perigosas ou penosas; Art. 82. A licença concedida dentro de 60
V – adicional pela prestação de serviço (sessenta) dias do término de outra da mesma espécie será
extraordinário; considerada como prorrogação.”
VI – adicional noturno; E ainda há as licenças sem remunerarão, mas
VII – adicional de férias; com contagem do tempo, no caso do art. 92 c/c art.102 VIII
VIII – outros, relativos ao local ou à natureza do “c”(para desempenho de mandato classista) da lei 8.112/90,
trabalho.”. e ainda sem remuneração e sem contagem de tempo de
4) Benefícios da seguridade social regulado pelos serviço nos casos dos arts. 84 e § 1 e 91 da lei
arts. 196 e 197 da lei 8.112/90, que trata do auxílio mencionada.
natalidade e do salário família. Quanto ao afastamento podemos elencar 3 artigos
“Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora que a lei menciona como tal art.93, c/c com art. 102 II e III
por motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente (para servir outro órgão ou entidade por tempo
ao menor vencimento do serviço público, inclusive no caso indeterminado), art.94 c/c art.102 V (para exercício de
de natimorto. mandado eletivo durante o prazo de sua duração) e art. 95
§ 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor será § 1 c/c 102 VII (para estudo ou missão no exterior quando
acrescido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. autorizado no prazo máximo de 4anos) todos da lei
§ 2º O auxílio será pago ao cônjuge ou 8112/90.
companheiro servidor público, quando a parturiente não for As concessões previstas na lei 8.112/90 podem
servidora. assim ser classificadas:
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor 1) direito de ausentar-se do serviço;
ativo ou ao inativo, por dependente econômico. “Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor
Parágrafo único. Consideram-se dependentes ausentar-se do serviço:
econômicos para efeito de percepção do salário-família: I – por 1 (um) dia, para doação de sangue;
I – o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive II – por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor;
os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se III – por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:
estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de a) casamento;
qualquer idade; b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais,
II – o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda
autorização judicial, viver na companhia e a expensas do ou tutela e irmãos.”
servidor, ou do inativo; 2) direito a horário especial, concedido;
III – a mãe e o pai sem economia própria.” “Art. 98. Será concedido horário especial ao
servidor estudante, quando comprovada a incompatibilidade
2.5.1 Direitos de ausência ao serviço entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do
Inclui entre os direitos do servidor os concernentes exercício do cargo.
a férias, licença e afastamento, estabelecidos na lei § 1º Para efeito do disposto neste artigo, será
8.112/90 alguns afastamentos chamados como concessões exigida a compensação de horário no órgão ou entidade
outros previstos, mas sem designação. Existem 24 que tiver exercício, respeitada a duração semanal do
variedades de afastamento, sendo 12 espécies de licença e trabalho.
12 de afastamento. § 2º Também será concedido horário especial ao
O art. 77 da lei 8.112/90 trata das férias do servidor portador de deficiência, quando comprovada a
servidor direito ao descanso anual por 30 dias, e sua necessidade por junta médica oficial, independentemente
remuneração ainda será acrescida de 1/3 da retribuição de compensação de horário.
normal. § 3º As disposições do parágrafo anterior são
No art.81 da lei 8.112/90 estão enumeradas 7 extensivas ao servidor que tenha cônjuge, filho ou
variedades das licenças, mas no entanto existe outras dependente portador de deficiência física, exigindo-se,
expressamente mencionadas nos arts.202 ( para porém, neste caso, compensação de horário na forma do
tratamento de saúde que pode ser de oficio ou a pedido do inciso II do art. 44.”
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3) direito concedido ao servidor estudante ao IX – manter conduta compatível com a moralidade


mudar de sede no interesse da administração pública, em administrativa;
se matricular em instituição congênere, em qualquer época, X – ser assíduo e pontual ao serviço;
independentemente de vaga, como menciona o art. 99 da XI – tratar com urbanidade as pessoas;
lei 8.112/90. XII – representar contra ilegalidade, omissão ou
É necessária quanta esta ultima concessão abuso de poder.
mencionada, que o STF possui jurisprudência consolidada Parágrafo único. A representação de que trata o
na qual são congêneres entre as instituições de ensino inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e
superior públicas, e são congêneres entre si as instituições apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é
de ensino superior privadas, ou seja, o estudante que formulada, assegurando-se ao representando ampla
estudava em instituição privada, em sua localidade defesa”
originária só será assegurado o direito de matricula-se em
uma universidade ou faculdade privada na localidade para 3. Evolução histórica da responsabilidade civil
onde administração publica deslocou este servidor. do estado
A responsabilidade do Estado passou por um
2.5.2 Direita aposentadoria processo evolutivo, partindo do que chamamos da teoria da
Aposentadoria é um direito á inatividade irresponsabilidade até chegarmos à responsabilidade
remunerada, existem três modalidades: por invalidez, objetiva.
compulsória e voluntária. Devendo ser observada qual é o Por muitos séculos vigorou o princípio da
regime do servidor se é celetista ou estatutário. irresponsabilidade do Estado, na época do Absolutismo,
quando fluía a ideia de que os reis eram designados por
2.5.3 Direitos do titular do cargo Deus, e consequentemente infalíveis e agiam pelo seu bel
Conforme explicitado na doutrina clássica de Hely prazer. Nem os reis nem o Estado erram, estando acima de
Lopes Meirelles, os direitos do titular do cargo restringem- qualquer um, pois sua função seria de atender o interesse
se ao seu exercício, às prerrogativas da função e os da sociedade como um todo e consequentemente fica
vencimentos e vantagens decorrentes da investidura, sem acima de qualquer indivíduo, impedindo assim que fosse
que o servidor tenha propriedade do lugar que ocupa. Logo, reconhecida sua responsabilidade perante o indivíduo. Só
é apropriável, não deixando dúvidas que o servidor não era permitida a responsabilidade pecuniária dos agentes da
tenha direito adquirido a imutabilidade de suas atribuições, administração, ou seja, a vítima do dano poderia recorrer
portanto a administração pública pode através de lei alterar, contra o funcionário que cometeu o dano, jamais o Estado.
extinguir, criar cargo sem o conhecimento do seu titular, Mas, nem sempre o agente conseguia honrar com a
importante mencionar que o servidor poderá adquirir direito indenização pela insuficiência da sua restrição
à permanência no serviço público, porém nunca o de orçamentária.
permanecer no exercício da mesma função. Um primeiro patamar da evolução, com a
revolução industrial e do início do sistema capitalista.
2.5.4 Direito de greve e Associação sindical Começou a ser difundido a concepção de submissão do
Na Constituição Federal a esse respeito Estado ao Direito nascendo o reconhecimento dos direitos
estabelece no inciso VII do art. 37 que o direito de greve diante do Estado. Passando a ter diferenciação entre atos
será exercido nos termos e nos limites definidos em lei denominados atos de império e atos de gestão. Em todos
específica o direito à livre associação sindical está disposto os atos que correspondessem a atos de império não existia
no art. 37, VI da constituição, que é uma norma responsabilização do Estado, já no que se referia a atos de
autoaplicável. gestão, onde o Estado atuava como se particular fosse, o
estado poderia, se tivesse culpa do agente, ser acionado a
2.5.5 Deveres dos Servidores reparar os danos causados a terceiros, essa foi o primeiro
Os deveres dos servidores públicos vêm degrau da evolução, da passagem da teoria da
normalmente previstos nas leis estatutárias, abrangendo irresponsabilidade para uma concepção civilista da
encontrando-se enumerado no art. 116 (8.112/90) , entre responsabilidade do Estado.
outros, os de assiduidade, pontualidade, discrição, Na pratica, o resultado foi muito pequeno para
urbanidade, obediência, lealdade. O descumprimento dos quem sofreu o dano, tinha que conseguir descobrir se era
deveres enseja punição disciplinar. ato de império ou ato de gestão e conseguir comprovar a
“Art. 116. São deveres do servidor: culpa do agente.
I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do Com a evolução do princípio da legalidade e que
cargo; tantos os particulares quanto o Estado devem estar
II – ser leal às instituições a que servir; submissos a lei. Assim a doutrina e a jurisprudência deram
III – observar as normas legais e regulamentares; mais um passo na evolução com a Teoria da Culpa
IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando presumida da Administração, que invertia o ônus da prova,
manifestamente ilegais; o Estado que teria que provar que não teve culpa.
V – atender com presteza: Um importante passo desta evolução ocorreu com
a) ao público em geral, prestando às informações a Teoria do Órgão, onde se entende que Estado é
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; concebido como um organismo vivo, integrado por um
b) à expedição de certidões requeridas para conjunto de órgãos que realizam as suas funções. As
defesa de direito ou esclarecimento de situações de vontades e as ações dos órgãos são do Estado e os
interesse pessoal; agentes só executam, com isso a responsabilização do
c) às requisições para a defesa da Fazenda Estado por ato do agente foi ampliada, não mais exigindo a
Pública; culpa do agente.Com base nos princípios da igualdade de
VI – levar ao conhecimento da autoridade superior ônus e encargos sociais, chegamos à fase atual da
as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; evolução. A denominada responsabilidade objetiva, onde o
VII – zelar pela economia do material e a particular deve demonstrar o nexo de causalidade entre o
conservação do patrimônio público; ato da administração e o dano sofrido, sem a ingerência do
VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição; particular no ato.
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A teoria do risco administrativo é mais um passo administrativa adequada ao caso, que poderá ser
importante na evolução, a interpretação desta teoria pode advertência, suspensão, demissão, cassação de
ser explicada pelo fato dos riscos acarretados por aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em
atividades perigosas deve ser sustentado por quem comissão ou destituição de função comissionada.
aproveita os benefícios do desenvolvimento da atividade Na lei 8112/90 no artigo 117 apresenta o hall de
perigosa, quando não tenha ocorrido força maior que proibições ao servidor público e o servidor responde
interfira no funcionamento do serviço. Essa teoria do risco administrativamente pelos ilícitos administrativos com ação
administrativo apregoa o dever do Estado de indenizar o ou omissão que contrarie a Lei.
particular que foi sofreu um dano em virtude da atividade “Art. 117. Ao servidor é proibido:
administrativa. I – ausentar-se do serviço durante o expediente,
Há ainda a Teoria do Risco integral que afirma sem prévia autorização do chefe imediato;
que o Estado tem o dever de indenizar em qualquer caso II – retirar, sem prévia anuência da autoridade
de dano sofrido pelo particular, mesmo sem a existência de competente, qualquer documento ou objeto da repartição;
nexo causal. Mas existe uma corrente contrária a esta III – recusar fé a documentos públicos;
posição. Na opinião de Hely Lopes Meirelles, essa teoria é IV – opor resistência injustificada ao andamento de
contrária a equidade social. documento e processo ou execução de serviço;
V – promover manifestação de apreço ou
3.1 A Evolução da Responsabilidade do Estado desapreço no recinto da repartição;
no Direito VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora
No Brasil não existiu a fase de irresponsabilidade, dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
o Estado respondia por seus atos. Desde a constituição do que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
Império, 1824 que o empregado público era VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de
responsabilizado por seus erros e omissões que filiarem-se à associação profissional ou sindical, ou a
causassem prejuízos a terceiros. O Estado respondia partido político;
solidariamente ao funcionário, desde que a culpa fosse VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
provada. No código de 1916, houve divergência na função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até
interpretação, se a culpa do Estado era subjetiva ou se era o segundo grau civil;
objetiva. IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
Na constituição de 1946, determinou que a ou de outrem, em detrimento da dignidade da função
responsabilidade do Estado fosse objetiva, baseada no pública;
risco administrativo. As constituições promulgadas X – participar de gerência ou administração de
posteriormente em 1967, 1968 e 1988 permaneceram com sociedade privada, personificada ou não personificada,
o risco objetivo. salvo a participação nos conselhos de administração e
fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha,
3.2 Responsabilidades dos Agentes direta ou indiretamente, participação no capital social ou em
O agente que praticar um ato ilícito que gerar um sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a
prejuízo ao erário poderá vir a responder por três esferas seus membros, e exercer o comércio, exceto na qualidade
distintas: responsabilidade penal, civil e administrativa. de acionista, cotista ou comanditário;
Deste modo, os servidores públicos que ao desempenhar XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto
suas atividades de sua competência ou alegando estar a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
cumprindo sua função ao efetuando infrações (atividades previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
exercida de forma ilegal, gerando dano), poderá ser grau, e de cônjuge ou companheiro;
responsabilizado nas esferas administrativa, civil ou penal XII – receber propina, comissão, presente ou
diante da Administração Pública. vantagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições;
3.2.1 Responsabilidade Administrativa XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de
O dano originado de ato ou omissão do servidor estado estrangeiro;
poderá resultar em prejuízo ao erário; ou a terceiros de boa- XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas;
fé. Ocorrendo o dano, a Administração primeiro apura a XV – proceder de forma desidiosa;
responsabilidade civil do servidor por via de processo XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da
administrativo, observando os princípios do contraditório e repartição em serviços ou atividades particulares;
da ampla defesa (CF, art. 5.º, LV). Nessa apuração, que XVII – cometer a outro servidor atribuições
será desenvolvida a seguir, esclarecendo que a estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
administração que só existirá a responsabilidade civil do emergência e transitórias;
servidor se este estiver atuado com dolo ou culpa. XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam
Se o dano foi causado a terceiros o Estado deverá incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
indenizar o terceiro prejudicado, independentemente de horário de trabalho;
dolo ou culpa do servidor e assim, não havendo dolo ou XIX – recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
culpa do servidor, o Estado não terá o direito de regresso, quando solicitado.”
que é o direito de ser ressarcido pelo servidor do valor pago Como foi dito anteriormente, as penalidades
a título de indenização. Logo, tendo o servidor dolo ou disciplinares estão elencadas no artigo 127, sendo
culpa, o ente público terá o direito de regresso contra o diferenciadas pela gravidade atribuída a cada ato levando
servidor, podendo então propor uma ação judicial, chamada em consideração as atenuantes e as agravantes além do
de ação de regresso, na esfera civil, para reaver do servidor antecedente funcional. São elas:
o que pagou como indenização. Advertência- como transcreve o artigo 129 da
Para ambos os casos (prejuízo ao erário e referida Lei, está será aplicada por escrito, nos casos de
prejuízo a terceiros) poderá haver uma solução violação dos incisos I a VIII e XIX do artigo 117 e na
administrativa ao invés de judicial. inobservância de algum dever funcional estipulado na lei,
Uma vez constatada a prática do ilícito regulamentação ou norma interna que não seja considerado
administrativo, ficará o servidor sujeito à sanção penalidade mais grave.
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A suspensão ocorre no caso de reincidência, em Depois de apreciada a defesa, a comissão irá


faltas já punidas com advertência, não podendo exceder o elaborar minucioso relatório que será conclusivo quanto à
prazo de 90 dias. As penalidades de advertência terá seu responsabilidade ou não do servidor. No caso do servidor
registro cancelado após 3 anos e o de suspensão após 5 ser considerado responsável, o relatório deverá
anos. transcrevendo os dispositivos normativos que não foram
A penalidade de demissão será aplicada nos seguidos, as peças principais dos autos, informando às
casos elencados no artigo 132 da Lei 8112/90. Será provas que fizeram com que o comitê tomasse a decisão
aplicada pelo Presidente da República, pelos presidentes bem como os atenuantes e os agravantes. Será então
das Casas do Poder Legislativo e dos tribunais Federais e remetido á autoridade que determinou a instauração para o
pelo Procurador Geral da República. julgamento do fato ou se a sanção prevista exceder sua
“Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes alçada, será encaminhado à autoridade competente.
casos:
I – crime contra a administração pública; 3.2.3. Do julgamento
II – abandono de cargo; A comissão poderá decidir pela inocência, se
III – inassiduidade habitual; decidir assim será determinado o arquivamento ou poderá
IV – improbidade administrativa; decidir culpa do mesmo. Em regra será mantida a decisão
V – incontinência pública e conduta escandalosa, da comissão, salvo se flagrantemente contrária á prova dos
na repartição; autos. Podendo agravar, abrandar ou isentar o servidor da
VI – insubordinação grave em serviço; responsabilidade. Extinta a punibilidade pela prescrição,
VII – ofensa física, em serviço, a servidor ou a será colocado no assentamento individual do servidor.
particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; Se a infração for tipificada como crime, o processo
VIII – aplicação irregular de dinheiros públicos; disciplinar será remetido ao Ministério Público, sendo
IX – revelação de segredo do qual se apropriou em passível de condenação penal.
razão do cargo; Cabe ressaltar, que pode ser solicitada revisão do
X – lesão aos cofres públicos e dilapidação do processo pelo servidor, a qualquer tempo, pela ocorrência
patrimônio nacional; de fatos novos ou circunstâncias que provem a inocência
XI – corrupção; ou a inadequação da pena.
XII – acumulação ilegal de cargos, empregos ou
funções públicas; 3.3 Da Responsabilidade Penal
XIII – transgressão dos incisos IX a XVI do art. Responsabilidade Penal o código penal prevê os
117” crimes contra a administração Pública diferenciando os
No que tange a cassação da aposentadoria ou a crimes praticados por funcionários públicos e os crimes
disponibilidade do inativo que praticou durante sua praticados por particulares.
atividade na administração, seja qualquer falta elencada no Cabe ressaltar, que funcionário público para os
artigo 132 da referida lei, sendo esta falta punível com efeitos penais corresponde a quem trabalhe mesmo que
demissão. Sendo aplicadas pela mesma ordem hierárquica transitoriamente ou sem remuneração em cargo, emprego
da demissão. ou função pública, ou seja, os que por exercer uma função
Destituição do cargo (cargos que se escalonam- aproveitam da mesma para cometer alguma infração penal,
se) ou função em comissão será aplicada nos casos de bem como dispõe o art. 327 §1º do código penal.
infração sujeitas às penalidades de suspensão e de A responsabilidade penal do agente público é a
demissão. Sendo de competência da mesma autoridade que é gerada por uma conduta tipificada por Lei como
que fez a nomeação. infração penal. Sendo que esta abrange crimes e
contravenções realizadas pelo servidor na qualidade de
3.2.2 Sindicância do Processo Administrativo servidor, ou seja, atos praticados na função. Pois se não for
Para ser aplicada uma penalidade de suspensão praticado na função não poderá ser entendido como crime
acima de 30 dias, demissão, cassação de aposentadoria ou funcional.
disponibilidade e destituição de cargo ou função em Muitos dos crimes funcionais estão definidos no
comissão deve ser instaurada uma sindicância. Código Penal (arts. 312 a 326), como o peculato, inserção
Ele pode ser interpretado como um processo de dados falsos em sistema de informação, modificação ou
investigativo realizado por uma comissão composta por três alteração não autorizada no sistema de informações,
servidores estáveis designados por autoridade competente, extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documentos,
sendo um deles escolhido para presidir. Devendo pelo emprego irregular de verbas ou rendas públicas,
menos o presidente ter o nível de escolaridade igual ou concussão, excesso de exação, corrupção passiva,
superior ao do indiciado. facilitação de contrabando ou descaminho, prevaricação,
O processo administrativo será dividido em três condescendência criminosa, advocacia administrativa,
fases que serão dividas da seguinte forma: Instauração irá violência arbitrária, abandono de função, exercício funcional
iniciar com a publicação do ato que constitui a comissão; ilegalmente antecipado ou prolongado, violação de sigilo
inquérito que será dividido em três partes instrução, defesa funcional, violação de sigilo de proposta de concorrência.
e relatório. Sendo assegurados os direitos fundamentais de Outros estão previstos em leis especiais federais.
ampla defesa e contraditórios. A comissão irá promover por Se o servidor for responsabilizado penalmente,
todos os meios admitidos em direito, como depoimento, sofrerá uma sanção penal, que poderá ser privado de sua
investigação, diligências entre outros, a fim de obter amplo liberdade (reclusão ou detenção), esta pena poderá ainda
conhecimento do fato. Após a oitiva das testemunhas ser substituída por uma pena restritiva de direitos
proceder-se-á o interrogatório do acusado. (prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação
Sendo tipificada a infração disciplinar serão de serviço à comunidade ou a entidades públicas,
oferecidos 10 dias para a defesa, caso seja considerado interdição temporária de direitos e limitação de fim de
revel será nomeado procurador dativo com cargo semana) e ,ou multa, devendo ser esclarecido que há
equivalente ou superior ou mesmo nível de escolaridade ou diferença entre a multa que é aplicada com a pena privativa
superior. de liberdade, deverá ser paga ao fundo penitenciário, sendo
esta considerada divida de valor, esta não sendo paga não
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será convertida em pena mas sim será executada pela Para avaliar se ocorreu ou não o ilícito civil deve
fazenda publica, já a prestação pecuniária é uma verificar a existência de: Ação ou omissão antijurídica; culpa
indenização paga a vitima. ou dolo; nexo causal e ocorrência de um dano material ou
Di Pietro acrescenta no que tange a moral.
responsabilidade penal, que existem no ato ilícito penal, os Há duas hipóteses de dano causado pelo servidor
mesmos elementos caracterizadores dos demais tipos de público, a que gerou dano ao Estado e a de dano contra
atos ilícitos, contudo há a existência de algumas terceiros.
peculiaridades: Relação de causalidade, ou seja, nexo A responsabilidade do agente pode ser divida
causal, o ato ou omissão tem que gerar o dano ou perigo, entre responsabilidade civil subjetiva e responsabilidade
não havendo a exigência do dano se concretizar, se o risco civil objetiva. Na primeira só haverá o dever de indenizar se
do dano acontecer já é o suficiente, como ocorre na o agente tiver causado o dano por atuar com dolo ou culpa.
tentativa e em determinados crimes que colocam em risco a Já o que caracteriza a responsabilidade civil objetiva é a
incolumidade pública. desnecessidade de verificar a existência de dolo ou culpa
De acordo com a Lei 8.112/90, verificamos a do agente de gerar o dano.
existência do auxílio reclusão, oferecendo à família do A responsabilidade civil objetiva pode ser
servidor ativo, sendo concedida metade da remuneração compreendida como a responsabilidade que tem as
quando a pena do servidor não determinar a perda do pessoas jurídicas de direito público, Estado, e às pessoas
cargo; dois terços da remuneração quando afastado por jurídica de direito privado onde se enquadram as
motivo de prisão, preventiva ou em flagrante, determinada prestadoras de serviços públicos que nesta posição
pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão. O causarem danos a terceiros, de acordo com art. 37, § 6.º,
servidor terá direito a integralização dos proventos em caso da Constituição Federal. Nesse tipo de responsabilidade
de absolvição. civil, não há de se questionar se o servidor agiu ou não com
dolo ou culpa ao provocar o dano. Em todo caso o Estado
3.4 Da Responsabilidade Civil deverá indenizar ao terceiro prejudicado, se este não foi o
Responsabilidade Civil é a obrigação que se impõe causador exclusivo do dano. Em suma, verificamos que a
ao servidor, no aspecto patrimonial e financeiro de pagar o responsabilidade civil do Estado é objetiva ao passo que a
que deve ao Estado ou diretamente à terceiro. responsabilidade civil do servidor público é subjetiva.
Pelo ilustre Helly Lopes Meirelles, a administração
não pode deixar de cobrar de seus servidores públicos por 3.5 Comunicabilidades das Instâncias
que não pode dispor de um bem da sociedade, ao qual ele Ao analisarmos a abrangência da decisão
tem a obrigação de cuidar da integridade. É evidente, que proferida pelo juiz criminal sobre o aspecto administrativo
só poderá ser cobrado em caso de tipificar o ilícito civil. deve ser verificado
A responsabilidade será analisada pela própria se a infração praticada pelo funcionário é definida
Administração pública, por processo administrativo que em lei como ilícito penal e ilícito administrativo; se a
fornecerá todas as garantias constitucionais como ampla infração praticada é apenas ilícito penal ou se é apenas
defesa e a segurança ao contraditório. ilícito administrativo.
Di Pietro, afirma que as leis estatutárias Como já foi dito anteriormente, será instaurado um
estabelecem procedimento auto executório, pelas quais a processo administrativo e se for considerado que foi
administração pode descontar dos vencimentos a praticado um ilícito penal será iniciado um processo
importância do ressarcimento do prejuízo, respeitando o criminal. Prevalecerá à regra de independência entre as
mínimo necessário para garantir a dignidade humana. duas instâncias, com exceção, em que a decisão proferida
Desde que previsto em lei é perfeitamente válido e no juízo penal deverá prevalecer, fazendo coisa julgada na
independe do consentimento do servidor, inserindo-se nas área cível e na administrativa.
hipóteses de auto executoriedade dos atos administrativos, O artigo 935 do código civil e o artigo 126 da Lei
não retirando em hipótese nenhuma a importância do poder 8112/90 determinam que a responsabilidade administrativa
judiciário que pode ser implementado para responder a lide. do servidor seja afastada no caso de absolvição criminal
Salientando que quando o servidor é contratado pela que negue a existência do fato ou a autoria do mesmo.
legislação trabalhista, verificamos no artigo 462 parágrafo 1 Como toda sentença tem que ser motivada, se o juiz
da CLT que o desconto só será efetuado com a mencionar que a absolvição foi por: estar provado
concordância do empregado ou em caso de dolo. inexistência do fato; não haver prova da existência do fato;
Helly Lopes Meirelles diverge da opinião de Di não constituir o fato infração penal; estar provado que o réu
Pietro, pois fala da necessidade da concordância do não concorreu à infração penal; não existir prova de ter o
servidor, por que a Administração não pode pegar os bens réu concorrido à infração penal; existirem circunstâncias
de seus servidores e nem abater de seus vencimentos para que excluam o crime ou isentem o réu de pena (artigos 20 a
ressarcir os prejuízos. Sendo necessário recorrer a Justiça 23, 26 e 28 no seu primeiro parágrafo todos do Código
com ação de indenização contra o servidor. Penal) ou se houver fundado dúvida sobre a existência de
Celso Antônio Bandeira de Melo, diz que a tais circunstâncias e não existir prova suficiente à
execução do débito deve ser pela via judicial, mas no caso condenação.
de faltar bens para quitar a indenização devida, a Se a absolvição criminal for por insuficiência de
administração pode abater dos vencimentos do servidor, provas, as ações na área civil e administrativa, que são
até dez por cento. Será então dividido em parcelas mensais independentes podem decidir pela condenação, se for o
até o valor de 10% dos vencimentos, até quitar caso.
completamente a Administração. Conforme determina o Pode ainda acontecer de uma infração não ser
artigo 46 da Lei 8112/90. considerada penal, mas ser considerada administrativa. As
Se o dano for causado a terceiros, o servidor pode irregularidades que não sejam caracterizados como ilícito
ser acionado diretamente, acionado solidariamente com o penal, configuram uma falta menor que crime que é
Estado ou o Estado ser acionado. Neste último caso o denominada falta residual, que pode ser punida
Estado pode propor uma ação regressiva. Cabe destacar administrativamente.
que para Bandeira, a ação de responsabilidade civil é Se o servidor público praticou um crime penal, mas
imprescritível. não administrativo, a dosimetria da pena será de extrema
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importância. Pois se a condenação for de pena privativa de possibilidade de retornar ao estado anterior, compensar
liberdade por tempo superior a quatro anos, terá declarado pecuniariamente a vítima da conduta causadora do dano.
na sentença a perda do cargo, mas se for inferior a quatro Nos dizeres de Maria Helena Diniz (2006, p. 40):
anos não perde o cargo. Voltará a ocupar o cargo após o “A responsabilidade civil é a aplicação de medidas
término da pena. que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou
Podemos verificar que os agentes públicos são patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela
indispensáveis à execução dos serviços da administração mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por
publica ainda que este agente tenha o vínculo meramente alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição
transitório, ou não. legal.”
Os agentes públicos é o gênero onde Até se chegar a esse conceito de responsabilidade
identificamos as espécies, algumas dessas espécies civil, esta passou por uma grande evolução histórica. A
necessitam de investidura para que possa exercer função responsabilidade surgiu no direito romano, a princípio
de natureza publica como os agentes políticos que dominava a vingança coletiva, onde toda a população
representam o povo sua investidura se dá em regra por virava-se contra o agressor (Diniz, 2006, p. 40), com o
eleição, já os estatutários e os celetistas onde se encontrar passar do tempo, evoluiu para a vingança privada. Prevista
o maior número de pessoas naturas exercendo função na Lei das XII Tábuas, conhecida como pena de talião, a
publica, sua investidura se subordina a aprovação prévia de vingança privada constituía-se o direito de retaliação da
concurso público. vítima em face do agressor, causando ao autor o mesmo
Os servidores públicos em seu sentido estrito dano que este causou. Importante mencionar para fins de
possuem vínculo com a administração pública por relações análise Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho
profissionais, através de sua investidura em cargos a titulo (2006, p. 10):
de emprego e com retribuição pecuniária. Possuindo o “De fato, nas primeiras formas organizadas de
regime jurídico único restabelecido pelo supremo pela ADI sociedade, bem como nas civilizações pré-romanas, a
2.135/DF- 2007 voltando aplicar a redação original do art.39 origem do instituto está calcada na concepção de vingança
da CF/88, garantindo um tratamento isonômico entre os privada, forma por certo rudimentar, mas compreensível do
servidores públicos. ponto de vista humano como lídima reação pessoal contra o
O cargo não é direito adquirido a imutabilidade do mal sofrido.”
funcionário público, o Estado conforme estabelecido pela Ainda na Lei do Talião há a possibilidade de
constituição pode através de lei suprimir, transformar, acordo entre a vítima e o ofensor, não sendo necessária a
extinguir e até mesmo criar novos cargos sem o aplicação da retaliação. Futuramente com a criação da Lex
conhecimento do seu titular. Aquilia o instituto da responsabilidade evoluiu para a
Os direitos e deveres estão elencados no estatuto compensação pecuniária. Neste período começou-se a
do servidor público na lei nº 8.112/90 no caso de servidor atribuir à conduta causadora do dano o elemento “culpa”
celetista deve ser observado a CLT, e ainda devemos criando desta forma uma distinção entre responsabilidade
conjugar as normas constitucionais do art.37 a 42, podemos civil e penal. Sobre a Lex Aquilia: “Constituída de três
citar alguns direitos como a férias, gratificações, direito a partes, sem haver revogado totalmente a legislação
aposentadoria entre outros benefícios, os deveres no caso anterior, sua grande virtude é propugnar pela substituição
de servidor estatutário vem elencados no art.116 da lei das multas fixas por uma pena proporcional ao dano
8.112/90 entre outros tais como assiduidade, pontualidade, causado.” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO apud LIMA,
discrição, lealdade entre outros. 1999, p. 22-23) Em um de seus artigos a Lex Aquilia trazia
E por fim o servidor responde por seus atos a definição mais precisa de responsabilidade civil para a
praticados sendo por dolo, culpa, e também pelos atos época, pois definia as principais características do instituto,
omissivos, em três esferas distintas. sendo de como ensina Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (1999, p.
responsabilidade penal crimes contra administração publica 22-23), tão citados neste estudo:
praticado pelo funcionário público (ainda que este trabalhe “Com efeito, regulava ela o damnum injuria
transitoriamente ou sem remuneração), previstos no código datumm, consistente na destruição ou deterioração da coisa
penal, responsabilidade administrativa dano causado à alheia por fato ativo que tivesse atingido coisa corpórea ou
administração pública ou a terceiros originado de ato ou incorpórea, sem justificativa legal. Embora sua finalidade
omissão do servidor, que será apurado pela administração original fosse limitada ao proprietário de coisa lesada, a
pública, e também poderá o servidor responder civilmente influência da jurisprudência e as extensões concedidas pelo
impondo ao servidor que pague o que deve ao Estado ou a pretor fizeram com que se construísse uma efetiva doutrina
terceiro ao ter causado dano a responsabilidade será romana da responsabilidade extracontratual.”
analisada através de processo administrativo, onde será Com o influente Código Civil de Napoleão, marco
resguardado o direito do contraditório e de ampla defesa do na legislação mundial, a responsabilidade civil deixa de ser
servidor público. vista como pena para o agressor e passa a ter um
significado maior firmando a ideia de reparação do dano à
A RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL DO vítima. Porém a impossibilidade de comprovar o elemento
ESTADO culpa referente à conduta causadora do dano, fez com que
outras teorias sobre a responsabilidade civil surgissem,
1. Noções gerais sobre responsabilidade civil. fundamentando a reparação do dano apenas pelo risco
O conceito de responsabilidade civil está ligado a criado. Como bem esclarece Maria Helena Diniz (2006, p.
três elementos essenciais para a caracterização da 12):
responsabilidade, ou seja, conduta ilícita ou lícita, dano e “A insuficiência da culpa para cobrir todos os
nexo causal. Desses elementos pode-se concluir que a prejuízos, por obrigar a perquirição do elemento subjetivo
responsabilidade civil é derivada de uma lesão ao interesse na ação, e a crescente tecnização dos tempos modernos,
alheio, causando um dano a este particular, sendo assim o caracterizado pela introdução de máquinas, pela produção
causador do dano, seja esse dano moral ou material, de bens em larga escala e pela circulação de pessoas por
deverá se responsabilizar pelo dano causado e se for meio de veículos automotores, aumentando assim os
possível reparar o dano fazendo com que as coisas perigos à vida e à saúde humana, levaram a uma
retornem ao estado anterior, ou, caso não haja reformulação da teoria da responsabilidade civil dentro de
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um processo de humanização. Este representa uma ônus da prova caberá ao devedor que deverá provar se
objetivação da responsabilidade, sob a ideia de que todo houve alguma excludente de ilicitude ou se agiu ou não
risco deve ser garantido, visando a proteção jurídica à com culpa.
pessoa humana, em particular aos trabalhadores e às De outra forma, quando ocorre lesão a direito
vítimas de acidentes, contra a insegurança material, e todo subjetivo sem que haja a existência de vínculo contratual ou
dano deve ter um responsável. A noção de risco prescinde qualquer outra relação jurídica entre vítima e autor do dano,
da prova da culpa do lesante, contentando-se com a surge a responsabilidade extracontratual ou aquiliana. De
simples causação externa, bastando a prova de que o acordo com Sérgio Cavalieri Filho (2009, p. 16): “Haverá
evento decorreu do exercício da atividade, para que o por seu turno, responsabilidade extracontratual se o dever
prejuízo por ela criado seja indenizado.” jurídico violado não estiver previsto no contrato, mas sim na
A partir desse breve relato histórico a cerca da lei ou na ordem jurídica.”
evolução da responsabilidade civil, é preciso tecer algumas Finalizando, fica evidenciado que a
considerações sobre as espécies de responsabilidade. responsabilidade civil tem a natureza jurídica sancionadora,
Observa-se que a responsabilidade civil não se confunde uma vez que a obrigação de reparar nasce a princípio de
com a penal, tendo como elemento comum apenas a um ato ilícito sendo a sanção “a consequência jurídica que
ilicitude do fato, elas se distinguem única e exclusivamente o não cumprimento de um dever produz em relação ao
em razão da norma que foi infringida pela conduta danosa, obrigado” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO apud MAYNEZ,
se a norma for penal, o agente será responsável 1951, p. 190). Ainda que o ato praticado pelo autor do dano
criminalmente e se for norma cível, responderá no âmbito seja lícito, a obrigação de reparar surge de uma imposição
civil. legal, uma vez que “os danos causados já eram
A responsabilidade civil em relação ao seu potencialmente previsíveis, em função dos riscos
fundamento pode ser subjetiva ou objetiva. A profissionais da atividade exercida, por envolverem
responsabilidade subjetiva tem como principal característica interesse de terceiros.” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO
o elemento anímico culpa ou dolo, ou seja, o sujeito da apud MAYNEZ, 1951, p. 19)
conduta causadora do dano age dolosamente ou “A sanção é, nas palavras de Goffredo Telles Jr.,
culposamente, entretanto a conduta só será culposa uma medida legal que poderá vir a ser imposta por quem foi
quando o agente da ação ou omissão agir com imprudência lesado pela violação da norma jurídica, a fim de fazer
ou negligência. É o que está esculpido no artigo 186 do cumprir a norma violada, de fazer reparar o dano causado
Código Civil de 2002: “Art. 186. Aquele que por ação ou ou infundir respeito à ordem jurídica. A sanção é a
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar consequência jurídica que o não-cumprimento de um dever
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente produz em relação ao obrigado. A responsabilidade civil
moral, comete ato ilícito”. constitui uma sanção civil, por decorrer de infração de
Há ainda a responsabilidade civil indireta em que a norma de direito privado, cujo objetivo é o interesse
obrigação referente ao dano causado recai em um terceiro particular, e, em sua natureza, é compensatória, por
que não foi o causador direto do dano, essa modalidade de abranger indenização ou reparação de dano causado por
responsabilidade baseia-se no dever de vigilância do ato ilícito, contratual ou extracontratual e por ato lícito”.
terceiro em relação ao causador direto do dano, não (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO apud MAYNEZ, 1951, p.
desprezando o elemento anímico culpa, uma vez que a 7.)
culpa não é ignorada e sim presumida. É notório que a função precípua do instituto
Por derradeiro, a responsabilidade objetiva, jurídico da responsabilidade civil é a reparação do dano,
modalidade mais recente de responsabilidade civil, nela o uma vez que à vítima não deve sobrevir um prejuízo
elemento anímico é desnecessário sendo observado causado por um alheio. Em um segundo e terceiro
apenas o nexo causal entre a conduta do agente e o dano momento a responsabilidade tem a função de punir e
causado para que exista a obrigação de indenizar. Nas educar o causador do dano, criando neste a consciência de
palavras de Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2006, p. 14) respeito aos direitos das pessoas e coibindo no âmbito
“segundo tal espécie de responsabilidade, o dolo ou culpa social a reiteração de condutas que firam o direito de outros
na conduta do agente causador do dano é irrelevante cidadãos.
juridicamente”. Para as teorias objetivistas da “O ofensor receberá a sanção correspondente
responsabilidade civil esta é caracterizada principalmente consistente na repreensão social, tantas vezes quantas
pelo risco causado pela atividade do agente, sendo portanto forem suas ações ilícitas, até conscientizar-se da obrigação
uma simples reparação do dano. em respeitar os direitos das pessoas. Os espíritos
Como regra geral a legislação civil brasileira adota responsáveis possuem uma absoluta consciência do dever
a responsabilidade subjetiva, porém a responsabilidade social, posto que, somente fazem aos outros o que querem
objetiva firmada na teoria do risco coexiste com a subjetiva que seja feito a eles próprios. Estas pessoas possuem
e está estabelecida no parágrafo único do artigo 927 do exata noção de dever social, consistente em uma conduta
Código Civil de 2002 que preceitua: “Haverá obrigação de emoldurada na ética e no respeito aos direitos alheios. Por
reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos seu turno, a repreensão contida na norma legal tem como
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente pressuposto conduzir as pessoas a uma compreensão dos
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, fundamentos que regem o equilíbrio social. Por isso, a lei
risco para os direitos de outrem.” possui um sentido tríplice: reparar, punir e educar.”
A responsabilidade civil pode ser subdividida de (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO apud REIS, 2000, p. 78-
acordo com seu fato gerador, podendo ser contratual ou 79)
extracontratual. A responsabilidade contratual está A responsabilidade civil, seja ela contratual ou
estritamente ligada a uma obrigação jurídica preexistente extracontratual, tem como objetivo principal a satisfação da
firmada entre o autor e a vítima do dano, esta obrigação vítima em relação ao dano, ou seja, que a vítima possa ter
pode ser derivada da lei, de um contrato ou mesmo um reestabelecida a situação anterior ao dano, como objetivos
preceito geral de Direito. Dessa forma, o autor de um dano secundários, a responsabilidade civil tem a pretensão de
será responsável quando violar norma contratual, ou seja, a conscientizar os cidadãos de que viver em comunidade é
responsabilidade será gerada pelo inadimplemento da respeitar os direitos uns dos outros e se responsabilizar por
obrigação estabelecida em um contrato, lembrando que o qualquer ação que fira o direito alheio.
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A princípio nasceram as teorias baseadas no


2. Responsabilidade civil do estado elemento anímico culpa, chamadas de teorias civilistas ou
A responsabilidade civil do Estado está prevista no subjetivistas. A primeira, a teoria da culpa civilística
artigo 37 da Constituição Federal de 1988, esta considerava os servidores estatais como prepostos, para
responsabilidade é objetiva e será objeto de estudo a esta teoria, quando um servidor causava dano a um
responsabilidade estatal extracontratual. O Estado é uma particular o Estado era responsável uma vez que este agiu
figura abstrata criada pelos seres humanos após vários com culpa in vigilando ou in elegendo, ou seja, ao eleger ou
séculos de evolução da raça humana. No princípio o ao vigiar seus servidores (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO,
homem “era” um animal, vivia regido pelas leis da natureza, 2006, p. 187-188). O maior problema dessa teoria era a
com o agrupamento humano e outras séries de fatores dificuldade do particular em provar a culpa do Estado.
históricos como o surgimento das primeiras comunidades A teoria da culpa administrativa, consagrada com o
civilizadas e organizadas, faz surgir também a figura dos famoso aresto Blanco ocorrido na França, resolveu o
grandes impérios, comandados pelos reis, essa era a forma problema da teoria anterior, com esta teoria o agente
prematura de um Estado. público era visto como um instrumento do Estado e não
O Estado é uma instituição humana que tem a mais como um representante, a responsabilidade estatal
função de organizar a vida em sociedade, com o objetivo de passou a estar baseada na culpa in commitendo ou in
manter a ordem e a paz social, para que a vida em ommitendo, ou seja, a culpa estava na ação ou omissão do
sociedade seja organizada e as pessoas possam se agente público. A responsabilidade do Estado passa a ser
desenvolver, proporcionando assim a manutenção do bem direta, pois o agente é considerado parte da Administração,
estar social. porém esta teoria causava insatisfação quando não era
“No que diz respeito ao fato gerador da possível a identificação do agente que causou o dano.
responsabilidade, não está ele atrelado ao aspecto da Com a insatisfação gerada pela teoria anterior,
licitude ou ilicitude. Como regra, é verdade, o fato ilícito é houve então uma grande evolução com a teoria da culpa
que acarreta a responsabilidade, mas, em ocasiões anônima, pois não era mais necessária a distinção do
especiais, o ordenamento jurídico faz nascer a agente causador do dano, bastando a simples
responsabilidade até mesmo de fatos lícitos. Nesse ponto, a comprovação do mau funcionamento do serviço público,
caracterização do fato como gerador da responsabilidade mesmo que não fosse possível apontar o agente que
obedece ao que a lei estabelecer a respeito.”(CARVALHO provocou o dano, dessa forma bastava a comprovação do
FILHO, 2010, p. 591) dano causado pela atividade estatal.
Hoje os seres humanos são regidos não mais A teoria da culpa presumida onde há a presunção
pelas leis naturais, mas sim pela lei dos homens. Neste de culpa do Estado e consequentemente inversão do ônus
contexto das leis humanas é que o Estado, ente abstrato da prova, foi chamada de teoria da responsabilidade sem
representado por pessoas ocupantes de cargos públicos, culpa ou objetiva, porém de forma errônea uma vez que
passa a ter obrigação de responder por seus atos lesivos, nela pode ser demonstrada a não-ocorrência de culpa do
sejam eles causados por conduta ilícita ou lícita. Estado. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 187-
188)
3. Evolução histórica Por derradeiro, a última teoria subjetiva surgiu em
A evolução histórica da responsabilidade civil do um segundo momento da evolução histórica da
Estado se deu de acordo com a evolução da própria responsabilidade civil da Administração Pública, a teoria da
sociedade, seguindo os caminhos tortuosos dos livros de falta administrativa ou culpa administrativa, baseada na
história. No começo reinava a teoria da irresponsabilidade falta do serviço. Segundo esta teoria basta a comprovação
do Estado juntamente com o reinado dos grandes déspotas, do não funcionamento do serviço público, sem a
reis soberanos que acreditavam ser a figura de Deus na necessidade de comprovação do elemento subjetivo na
Terra. A princípio o poder político era descentralizado, conduta do servidor público. Interessante a observação de
dividido em feudos, com a formação das monarquias Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2006, p. 192):
nacionais ocorreu uma centralização do poder político, “Assim, o que nos parece relevante, na adoção
surgia então o Absolutismo. dessa teoria, é justamente que, além dos três elementos
Durante o período do Absolutismo ocorreram essenciais para a caracterização da responsabilidade civil,
muitos abusos, um desses foi a irresponsabilidade civil do prove-se também, para o reconhecimento da omissão
Estado. Os reis soberanos e absolutos não admitiam a estatal, justamente o seu dever de agir, com a
possibilidade de reparação a particulares por danos demonstração de que, não se omitindo, haveria real
causados pelo Estado Absolutista. possibilidade de evitar o dano.”
Com o passar do tempo e consequentes A principal evolução na responsabilidade civil do
mudanças na forma de governo, o Estado durante o Estado se deu, sem dúvida alguma, através das teorias
período do Liberalismo, por ter limitada participação nas objetivistas, segundo essas teorias a responsabilidade civil
relações privadas, ainda se mantinha sob o domínio da do autor do dano independe da verificação da culpa deste,
teoria da irresponsabilidade até o momento em que o porém é necessária a comprovação da relação causal entre
Estado deixa de ser Liberal e passa a ser Estado o fato e o dano.
Democrático de Direito, entretanto as formas de governo “Não há dúvida de que a responsabilidade objetiva
não mudaram de uma hora para outra em todos os países, resultou de acentuado processo evolutivo, passando a
mas nessa breve análise da evolução histórica da conferir maior benefício ao lesado, por estar dispensado de
responsabilidade civil do Estado, pretende-se analisar de provar alguns elementos que dificultam o surgimento do
forma geral as principais teorias da responsabilidade civil da direito à reparação dos prejuízos, como, por exemplo, a
Administração. identificação do agente, a culpa deste na conduta
O Estado de Direito fez surgir a perspectiva de administrativa, a falta do serviço etc.” (CARVALHO FILHO,
direitos e deveres para os entes estatais, dessa forma o 2010, p. 596)
direito positivo passou a admitir a responsabilização civil do A primeira teoria da responsabilidade objetiva tem
Estado por danos causados a terceiros por servidores como base a teoria do risco administrativo, segundo essa
públicos, ressalvadas, entretanto, algumas particularidades teoria o Estado é responsável pelo risco criado pelas suas
referentes à responsabilidade do agente estatal. várias atividades, uma vez que este tem o monopólio dos
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serviços públicos, devendo então arcar com o risco criado incorressem no exercício dos seus cargos.” (CARVALHO
na prestação desses serviços. FILHO, 2010, p. 233)
“A teoria do riso administrativo avança no sentido Para Cavalieri, estes dispositivos não eram
da publicização da responsabilidade e coletivização dos considerados como excludentes da responsabilidade do
prejuízos, fazendo surgir a obrigação de indenizar o dano Estado e consagradores da responsabilidade do
em razão da simples ocorrência do ato lesivo, sem se funcionário, pelo contrário, Estado e funcionário eram
perquirir a falta do serviço ou da culpa do agente”. responsáveis solidariamente (CARVALHO FILHO, 2010, p.
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 193) 233). O Código Civil de 1916 em seu art. 15 foi o primeiro
Essa teoria surgiu a partir do momento em que se dispositivo legal a estabelecer de forma específica a
começou a pensar que o Estado causador do dano é mais responsabilidade civil do Estado: “As pessoas jurídicas de
poderoso que o indivíduo lesionado e que o dano causado direito público são civilmente responsáveis por atos de seus
era consequência da prestação de um serviço em prol de representantes que nessa qualidade causem danos a
toda a sociedade, dessa forma não seria justo que o terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou
particular arcasse com os prejuízos causados pela atividade faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo
estatal e que sofresse prejuízos em benefício do bem estar contra os causadores do dano.” Esse artigo causou
comum, então nada mais justo que toda a coletividade, entendimentos diversos sobre a matéria abordada, porém a
representada pelo Estado, assumisse a reparação do dano. doutrina dominante entendeu que este dispositivo normativo
Alguns autores fazem confusão em relação a tinha como fundamento a responsabilidade subjetiva, pois
teoria do risco administrativo e a teoria do risco integral, havia a necessidade de averiguação da culpa do
porém as duas não se confundem, pois a teoria do risco funcionário.
integral admite a responsabilização do Estado mesmo que Em seguida veio a Constituição de 1946, que
não haja nexo causal entre o fato e o dano ou ainda que a dispunha no seu art. 194: “as pessoas jurídicas de direito
culpa do dano seja da própria vítima. Portanto a teoria do público interno são civilmente responsáveis pelos danos
risco integral se difere do risco administrativo por ser a que seus funcionários, nessa qualidade, causem a
primeira uma medida extrema de responsabilidade do terceiros”. Sendo assim, para a maioria dos doutrinadores,
Estado, pois não reconhece nenhuma excludente de o legislador ao se omitir em relação à conduta contrária ao
responsabilidade. direito e a inobservância de dever legal, estaria então
“De fato, a sua aplicação levaria a reconhecer a retirando da norma a parte que denunciava a aceitação da
responsabilidade civil em qualquer situação, desde que teoria subjetiva e adotando no ordenamento jurídico de
presentes os três elementos essenciais, desprezando-se 1946 a responsabilidade objetiva, derrogando o art. 15 do
quaisquer excludentes de responsabilidade, assumindo a Código Civil de 1916. (CARVALHO FILHO, 2010, p. 599)
Administração Pública, assim, todo o risco de dano A partir da Constituição de 1946 o Estado
proveniente da sua atuação.” (GAGLIANO; PAMPLONA brasileiro passou a adotar a responsabilidade objetiva do
FILHO, 2006, p. 193) Estado, ou seja, bastava a comprovação da relação de
Atualmente tem-se falado da teoria objetiva causalidade entre conduta estatal e dano para haver a
baseada no risco social, para esta teoria o ponto central da reparação civil, dessa forma ficou consagrada a teoria do
responsabilidade civil é a vítima do dano e o objetivo risco administrativo como fundamento da responsabilização
principal é a reparação do dano à vítima, a teoria então estatal, como bem aduz o ilustre Sérgio Cavalieri Filho
sugere a socialização do prejuízo, ou seja o Estado deve (2009, p. 235):
arcar com o prejuízo sofrido pela vítima, ressalvado o seu “Destarte, a partir da Constituição de 1946, a
direito de regresso contra o causador do dano. Como bem responsabilidade civil do Estado brasileiro passou a ser
explica José dos Santos Carvalho Filho: “de modo que a objetiva, com base na teoria do risco administrativo, onde
reparação estaria a cargo de toda a coletividade, dando não se cogita da culpa, mas, tão-somente da relação de
ensejo ao que se denomina de socialização dos riscos – causalidade. Provado que o dano sofrido pelo particular é
sempre com o intuito de que o lesado não deixe de merecer consequência da atividade administrativa, desnecessário
a justa reparação pelo dano sofrido.” (CARVALHO FILHO será perquirir a ocorrência de culpa do funcionário ou,
apud CAVALIERI FILHO, 1998, p. 155). Complementa o mesmo, de falta anônima do serviço. O dever de indenizar
autor que “tal caráter genérico da responsabilidade poderia da Administração impor-se-á por força do dispositivo
provocar grande insegurança jurídica e graves lesões ao constitucional que consagrou o princípio da igualdade dos
erário, prejudicando em última análise os próprios indivíduos diante dos encargos públicos.”
contribuintes”. (CARVALHO FILHO, 2010, p. 597) Atualmente a Constituição de 1988 regula a
matéria no artigo 37, § 6º: “As pessoas jurídicas de direito
4. Responsabilidade do estado no direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
brasileiro públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
O Brasil desde sua primeira constituição, quando qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
ainda era um Império, já admitia a responsabilidade civil na regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
Administração Pública, ou seja, o país em momento algum O Código Civil de 2002 em seu artigo 43 dispõe sobre a
de sua história passou pelo período de irresponsabilidade responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito
estatal. Como bem explicita Sérgio Cavalieri Filho em um público interno sendo totalmente compatível com a
breve apanhado histórico sobre a responsabilidade civil do Constituição Federal.
Estado brasileiro: Convém ainda registrar a Lei nº. 10.744 de 09 de
“A Constituição do Império (1824), em seu art. 178, outubro de 2003 que versa sobre “a assunção, pela União,
nº 29, estabelecia que: “Os empregados públicos são de responsabilidades civis perante terceiros em casos de
estritamente responsáveis pelos abusos e omissões atentados terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos,
praticados no exercício de suas funções, e por não fazerem contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por
efetivamente responsáveis aos seus subalternos.” A empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluídas
Constituição Republicana (1891), por seu termo, em seu as empresas de táxi aéreo”. Essa lei foi criada devido aos
art. 79, continha disposição idêntica, responsabilizando os atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados
funcionários públicos pelos abusos e omissões em que Unidos, tentando amenizar os danos decorrentes de
ataques terroristas.
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decisório, sejam elas os trabalhadores mais humildes da


5. O artigo 37, § 6º, da Constituição Federal de Administração, no exercício das funções por ela atribuídas.
1988 Diante disso, são agentes do Estado os membros dos
Como já dito anteriormente, a responsabilidade Poderes da República, os servidores administrativos, os
civil do Estado está disciplinada no artigo 37, § 6º, da agentes sem vínculo típico de trabalho, os agentes
Constituição Federal de 1988, segundo este artigo a colaboradores sem remuneração, enfim todos aqueles que,
administração pública direta e indireta é responsável pelos de alguma forma, estejam juridicamente vinculados ao
danos que seus agentes nessa qualidade causarem a Estado. Se, em sua atuação, causam danos a terceiros,
terceiros, para este estudo acadêmico será desprezada a provocam a responsabilidade civil do Estado”. (CARVALHO
análise da responsabilidade da administração indireta, in FILHO, 2010, p. 600)
verbis: Dessa forma, “agente” é toda pessoa que está
“Art. 37 – A administração pública direta e indireta incumbida de um serviço público, seja ele em caráter
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito permanente ou transitório, porém não se confunde com
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da servidor público que tem o sentindo mais restrito, pois só é
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e servidor o agente público que tem relação de trabalho com
eficiência e, também, ao seguinte: (...) o Estado.
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de “De acordo com a essência de vários julgados o
direito privado prestadoras de serviços públicos mínimo necessário para determinar a responsabilidade do
responderão pelos danos que seus agentes, nessa Estado é que o cargo tenha influído como causa ocasional
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de do ato, ou que a condição de funcionário tenha sido a
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” oportunidade para a prática do ato ilícito. Sempre que a
Necessária se faz a análise dos elementos condição de agente do Estado tiver contribuído de algum
jurídicos do dispositivo constitucional. A princípio o modo para a prática do ato danoso, ainda que
doutrinador José dos Santos Carvalho Filho (2010, p. 600), simplesmente lhe proporcionando a oportunidade para o
faz uma interessante distinção sobre as pessoas jurídicas comportamento ilícito, responde o Estado pela obrigação
que poderão ser responsabilizadas objetivamente. Segundo ressarcitória. Não se faz mister, portanto, que o exercício da
o autor, o constituinte tentou igualar as pessoas jurídicas de função constitua a causa eficiente do evento danoso; basta
direito público e as de direito privado prestadoras de que ela ministre a ocasião para praticar-se o ato. A nota
serviços públicos. constante é a existência de uma relação entre a função
“Dada a grande variedade de formas de pública exercida pelo agente e o fato gerador do dano.”
delegação, de pessoas delegatárias e de serviços públicos, (CAVALIERI FILHO, 2009, p. 236)
bem como a noção nem sempre muito precisa do que se Relevante é a observação de alguns
configura como serviços públicos, poderá haver algumas doutrinadores, entre eles Sérgio Cavalieri, sobre a relação
dúvidas quanto ao enquadramento da pessoa prestadora entre agente e serviço público, expressa no art. 37, § 6º,
do serviço na norma constitucional. Entretanto, pode-se, a nas palavras “nessa qualidade”, pois só haverá
Administração Indireta (empresas públicas, sociedades de responsabilidade objetiva do Estado se o agente público
economia mista e fundações públicas com personalidade estiver no exercício de suas funções ou pelo menos se
de direito privado), quando se dedicam à prestação de conduzindo a pretexto de exercê-la (CAVALIERI FILHO,
serviços públicos, e os concessionários e os 2009, p. 236). De qualquer maneira, é necessário que a
permissionários de serviços públicos, estes expressamente função do agente ou que o fato de ser agente do Estado,
referidos no art. 175 da Constituição Federal, como é o tenha contribuído ou oportunizado a prática do ato danoso.
caso das empresas de transporte coletivo, de fornecimento
de água, de distribuição e fornecimento de energia elétrica 7. Teoria do risco administrativo
e outras dessa natureza” (CARVALHO FILHO, 2010, p. Por tudo que já foi exposto até o momento, fica
600). evidenciado que o ordenamento jurídico pátrio acolheu a
O ilustre doutrinador observa o disposto no art. teoria do risco administrativo como fundamento da
173, § 1º, da Constituição Federal, que exclui as empresas responsabilidade civil do Estado, este só responderá
públicas e as sociedades de economia mista que se quando ocorrer um dano, causado por um agente estatal
dedicam à exploração de atividade econômica da que estava exercendo uma atividade administrativa. Nos
responsabilidade civil objetiva, uma vez que impõe que elas dizeres de Alexandre de Moraes “essa responsabilidade
sejam regidas pelas normas aplicáveis às empresas objetiva exige a ocorrência dos seguintes requisitos:
privadas, sendo assim, são elas regidas pelas normas do ocorrência do dano; ação ou omissão administrativa;
direito privado e responderão subjetivamente por seus atos. existência de nexo causal entre o dano e a ação ou
(CARVALHO FILHO, 2010, p. 600) omissão administrativa e ausência de causa excludente da
responsabilidade estatal.” (MORAES, 2007, p. 357)
6. O sentido do vocábulo “agentes” “A expressão grifada – seus agentes, nessa
O Estado por ser um ente abstrato não tem qualidade – está a evidenciar que o constituinte adotou
vontade própria, como pessoa jurídica atua através de seus expressamente a teoria do risco administrativo como
agentes, que são pessoas físicas dotadas de vontade real fundamento da responsabilidade da Administração Publica,
(CARVALHO FILHO, 2010, p. 600). No atual texto e não a teoria do risco integral, porquanto condicionou a
constitucional preferiu-se adotar o termo agentes ao invés responsabilidade objetiva do Poder Público ao dano
de funcionários, pois ao utilizar o vocábulo funcionários decorrente da sua atividade administrativa, isto é, aos
restringia-se o alcance da norma, diferente da palavra casos em que houver relação de causa e efeito entre a
agentes que amplia o sentido do dispositivo, dessa forma o atividade do agente público e o dano. Sem essa relação de
constituinte seguiu o posicionamento doutrinário que se causalidade, como já foi assentado, não há como e nem por
firmou no entendimento lato sensu. que responsabilizá-lo”. (CAVALIERI FILHO, 2009, p. 237)
“Deve considerar-se, por conseguinte, que na (grifo do autor)
noção de agentes estão incluídas todas aquelas pessoas A responsabilidade objetiva independe de dolo ou
cuja vontade seja imputada ao Estado, sejam elas dos mais culpa, porém caso haja alguma causa excludente de
elevados níveis hierárquicos e tenham amplo poder responsabilidade o Estado não será responsável. “Não
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responderá, igualmente, quando o dano decorrer de fato Estado (embora do particular possa haver) que não seja
exclusivo da vítima, caso fortuito ou força maior e fato de proveniente de negligência, imprudência ou imperícia
terceiro, por isso que tais fatores, por não serem agentes do (culpa) ou, então, deliberado propósito de violar a norma
Estado, excluem o nexo causal.” (CAVALIERI FILHO, 2009, que o constituía em dada obrigação (dolo).” (CAVALIERI
p. 237) FILHO, apud MELLO, 2004, p. 871-872 e 874) (grifo do
autor)
8. Danos por omissão do Estado Para Carvalho Filho a responsabilização civil do
Os danos causados pelo Estado através de Estado por condutas omissivas só se dará se houver o
condutas comissivas são bem consolidados e perceptíveis elemento anímico, para ele a culpa seria gerada no
tanto para juristas como para particulares que são afetados descumprimento do dever legal que o Poder Público tem de
por essas condutas, porém os danos causados por impedir a consumação do dano, ou seja, a omissão estatal
condutas omissivas não são nítidos e geram controvérsia é o fato gerador do dano. (CARVALHO FILHO, 2010, p.
na doutrina e jurisprudência. 613)
Primeiramente se faz necessária a distinção entre “Todavia, quando a conduta estatal for omissiva,
omissão genérica e omissão específica. A omissão será preciso distinguir se a omissão constitui, ou não, fato
genérica é quando indiretamente a omissão estatal gera a gerador da responsabilidade civil do Estado. Nem toda
ocorrência do fato causador do dano, já a omissão conduta omissiva retrata um desleixo do Estado em cumprir
específica, como bem explica e exemplifica Sérgio Cavalieri um dever legal; se assim for, não se configurará a
Filho (2009, p. 240), é quando diretamente a omissão responsabilidade estatal. Somente quando o Estado se
estatal não evita a ocorrência do fato e é causa direta do omitir diante do dever legal de impedir a ocorrência do dano
dano: é que será responsável civilmente e obrigado a reparar os
“Haverá omissão específica quando o Estado, por prejuízos.” (CARVALHO FILHO, 2010, p. 613)
omissão sua, crie a situação propícia para a ocorrência do Há ainda parte da doutrina que pensa de maneira
evento em situação em que tinha o dever de agir para diversa dos ilustres autores acima citados, como por
impedi-lo. Assim, por exemplo, se o motorista embriagado exemplo Sérgio Cavalieri Filho. Segundo o autor a
atropela e mata pedestre que estava na beira da estrada, a Constituição Federal em seu artigo 37, § 6º, não se refere
Administração (entidade de trânsito) não poderá ser apenas as condutas comissivas, mas engloba também as
responsabilizada pelo fato de estar esse motorista ao condutas omissivas. Cavalieri cita alguns doutrinadores que
volante sem condições. Isso seria responsabilizar a pactuam do seu entendimento, entre eles, Hely Lopes
Administração por omissão genérica. Mas se esse Meirelles, segundo este basta que o agente público pratique
motorista, momentos antes, passou por uma patrulha o ato ou a omissão administrativa como agente público, não
rodoviária, teve o veículo parado, mas os policiais, por é necessário que este esteja no exercício de suas funções
alguma razão, deixaram-no prosseguir viagem, aí já haverá (CAVALIERI FILHO, apud MEIRELLES, 2004, p.630). Para
omissão específica que se erige em causa adequada do essa corrente de pensamento, a responsabilidade civil do
não-impedimento do resultado.” Estado nos casos de omissão é objetiva, ou seja,
Outra observação importante do ilustre jurista é independe da comprovação do elemento anímico.
sobre o ato ilícito, segundo ele “o Estado pratica ato ilícito Este trabalho acadêmico, após as análises feitas
não só por omissão (quando deixa de fazer o que tinha o anteriormente, coaduna com a parte da doutrina que
dever de fazer), como também por comissão (quando faz o entende que a responsabilização civil do Estado por
que não devia fazer), v. g., na troca de tiros da polícia com condutas omissivas é baseada e se enquadra nos
traficantes acaba atingindo um cidadão que passava pelo pressupostos da responsabilidade subjetiva, ou seja,
local.” (CAVALIERI, 2009, p. 240) baseada na teoria da culpa do serviço público que tem
“No mesmo sentido, Celso Antônio Bandeira de como fundamento a teoria francesa da “faute du service”,
Mello: “Quando o dano foi possível em decorrência de uma segundo esta teoria a ausência, a prestação tardia ou
omissão do Estado (o serviço não funcionou, funcionou defeituosa do serviço público gera a responsabilização do
tardia ou ineficientemente) é de aplicar-se a teoria da Estado. Como visto acima, o fato de ser a omissão um ato
responsabilidade subjetiva. Com efeito, se o Estado não ilícito, pois uma vez que os atos estatais são previstos em
agiu, não pode, logicamente, ser ele o autor do dano. E se, normas a omissão ou contrariedade a uma destas normas
não foi o autor, só cabe responsabilizá-lo caso esteja gera um ato ilícito, uma vez que não cumpriu o Estado o
obrigado a impedir o dano. Isto é: só faz sentido dever legal imposto na norma, sendo assim, para a
responsabilizá-lo se descumpriu dever legal que lhe caracterização do dano faz-se necessária a prova de que
impunha obstar ao evento lesivo”. (CAVALIERI FILHO, houve por parte do Estado uma omissão culposa ou dolosa
apud MELLO, 2004, p. 871-872 e 874) (grifo do autor) e observa-se a imprescindibilidade da comprovação do
Retornando aos entendimentos sobre os danos nexo causal entre a conduta omissiva e o dano.
causados por condutas omissivas, alguns doutrinadores “No que pese o art. 37 § 6º da Constituição Federal
como Celso Antônio Bandeira de Mello e José dos Santos não excluir claramente ser a responsabilidade objetiva nos
Carvalho Filho entendem que a omissão do Estado gera a casos de omissão, entende-se que o Estado não pode se
sua responsabilização subjetiva. Para Mello a omissão do tornar um garantidor universal, respondendo por todos os
Estado é um ato ilícito e sendo assim há o elemento culpa: prejuízos que a enorme máquina administrativa possa
“Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de direito causar a terceiros por omissão. Além disso, segundo a
administrativo, 15. ed. Malheiros, p. 871-872) sustenta ser norma do art. 927, parágrafo único, do Código Civil de
subjetiva a responsabilidade da Administração sempre que 2002, só haverá responsabilidade objetiva quando previsto
o dano decorrer de uma omissão do Estado. Pondera que em lei. No caso, o artigo constitucional acima citado não
nos casos de omissão, o Estado não agiu, não sendo, prevê expressamente a conduta omissiva, não podendo ser
portanto, o causador do dano, pelo que só estaria obrigado considerada a responsabilidade objetiva nesses casos por
a indenizar os prejuízos resultantes dos eventos que teria o analogia”. (BAYMA, 2009, p. 18)
dever de impedir. Aduz que “a responsabilidade estatal por Sobre as omissões genéricas, estas também
ato omissivo é sempre responsabilidade por ato ilícito. E, devem ser regidas pelos pressupostos da responsabilidade
sendo responsabilidade por ilícito, é necessariamente subjetiva, senão seria injusto responsabilizar o Estado por
responsabilidade subjetiva, pois não há conduta ilícita do ter sido causa indireta do não-impedimento do evento
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danoso, seria como responsabilizar alguém por uma necessária a prova de que o serviço estatal não funcionou,
eventualidade, ou seja, por algo imprevisível, dessa forma quando deveria normalmente funcionar, seja porque
seria caracterizada como responsabilidade objetiva fundada funcionou mal ou funcionou tardiamente. Destarte, referente
na teoria do risco integral ou risco social, ambas estudadas a culpa da vítima, o fato de a vítima ter agido com culpa não
anteriormente. é de grande relevância, mas sim o fato de que por ter agido
com culpa a vítima provocou o evento danoso, caso em que
9. Causas excludentes da responsabilidade do o Estado não será responsável, uma vez que não houve
Estado conduta estatal na ocorrência do dano.
Haverá casos em que o Estado, por não ter
provocado o dano, não será obrigado a reparar ou indenizar
a vítima pelos danos. Essas são as chamadas causas BENS PÚBLICOS: CARACTERIZAÇÃO, TITULARIDADE,
excludentes de responsabilidade, essas causas excluem a REGIME JURÍDICO, AQUISIÇÃO, ALIENAÇÃO E
responsabilidade civil uma vez que rompem o nexo causal UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS PELOS
entre conduta e dano. Tem-se como causas excludentes da PARTICULARES
responsabilidade estatal o caso fortuito, a força maior e a
culpa da vítima, a doutrina não é unânime em relação às O presente artigo tem por objetivo trazer à baila os
causas excludentes, divergindo em alguns pontos. Nesta conhecimentos inerentes aos Bens Públicos no Direito
parte, esta pesquisa identifica-se com a doutrina de Rui Administrativo, torneando os estudos que passam pelo
Stoco que preceitua: conceito e classificação destes. Assim, os bens públicos
“Segundo nosso entendimento causas clássicas de que podem ser classificados de uso comum do povo, de
exclusão da responsabilidade são: a) caso fortuito ou força uso especial e dominicais que constituem o patrimônio das
maior, deixado de lado a discussão acerca do entendimento pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
de que constituem a mesma coisa e b) culpa exclusiva da pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
vítima, pois são as únicas com força de romper o liame Visando o presente trabalho, trazer de forma
entre a atuação do Estado e o dano verificado.’ sucinta cada umas dessas características dos bens
Como visto anteriormente, nos casos de públicos que possuem regime jurídico protetivo por parte do
responsabilidade objetiva do Estado, é necessária a Estado; o que não ocorre entre os bens privados, daí o
comprovação do nexo de causalidade entre a conduta do aspecto de serem considerados impenhoráveis,
agente estatal e o dano provocado ao administrado. Sendo imprescritíveis e irrenunciáveis, tendo em vista a ideia de
assim, para eximir o Estado da responsabilidade pelo que todo bem público existe em decorrência de uma
evento danoso, tem que ficar provado que não houve nexo finalidade especifica.
causal entra a conduta estatal e o dano. Nos casos em que Assim, a metodologia empregada neste artigo foi
houver caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva da descritiva, de cunho bibliográfico, por meio da utilização de
vítima, o Estado ficará isento em relação a responsabilidade livros e artigos.
pelo fato, uma vez que não foi sua conduta que gerou o
dano. Nesse sentido Cavalieri Filho (2009, p. 252) BENS PÚBLICOS NO DIREITO
exemplifica e explica: ADMINISTRATIVO
“Logo, não o responsabiliza por atos predatórios Conceito
de terceiros, como saques em estabelecimentos O conceito de bem público é legalmente
comerciais, assaltos em via pública etc., nem por danos incompleto, eis que o conceito de bens particulares é
decorrentes de fenômenos da Natureza como enchentes formado por exclusão, como se observa do disposto no art.
ocasionadas por chuvas torrenciais, inundações, 98 do Código Civil, vejamos:
deslizamento de encostas, desabamentos etc., Art. 98. São bens públicos os bens do domínio
simplesmente porque tais eventos não são causados por nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito
agentes do Estado. A chuva, o vento, a tempestade, não público interno; todos os outros são particulares, seja qual
são agentes do Estado; nem o assaltante e o saqueador o for à pessoa a que pertencerem.
são. Trata-se de fatos estranhos à atividade administrativa, Como visto, pela classificação do Código Civil, os
em relação aos quais não guarda nenhum nexo de bens públicos são classificados de acordo com a
causalidade, razão pela qual não lhes é aplicável o princípio titularidade do bem. Certamente tal definição advém de
constitucional que consagra a responsabilidade objetiva do civilistas, mas pensando nesse sentido os bens de uma
Estado. Lembre-se que a nossa Constituição não adotou a pessoa jurídica de administração pública indireta. Assim
teoria do riso integral.”(grifo do autor) vem a doutrina completar esse conceito.
Em casos que há alguma causa de excludente de Segundo Hely Lopes: “Bens públicos são todas as
responsabilidade, a jurisprudência tem decidido que deve coisas corpóreas ou incorpóreas, imóveis, móveis ou
ficar provado que o Estado agiu ou se omitiu com culpa e semoventes, créditos, direitos e ações que pertençam, a
que foi graças à essa atuação deficiente, tardia ou a falta de qualquer título, às entidades estatais, autárquicas,
atuação que fez com que o evento desastroso ocorresse. fundacionais e paraestatais”.
Corroborando, Cavalieri Filho (2009, p. 871-872 E 874) Ocorre que mesmo tal conceito traz a ideia do
explica: regime jurídico em que os bens estão atrelados não
“Razoável que o Estado responda por danos abrange as chamadas Empresas Públicas e sociedades de
oriundos de uma enchente se as galerias pluviais e os economia mista por serem pessoas jurídicas de direito
bueiros de escoamento das águas estavam entupidos ou privado, mas pertencentes à administração pública indireta.
sujos propiciando o acúmulo da água. Nestas situações, Por isso, se tratando de bens das empresas públicas e
sim, terá havido descumprimento do dever legal na adoção sociedade de economia mista segundo a jurisprudência e
de providências obrigatórias. Faltando entretanto, este doutrina os equipara aos bens públicos.
cunho de injuridicidade, que advém do dolo, ou da culpa O problema do conceito é a equiparação do bem
tipificada na negligência, na imprudência ou na imperícia, público, é que esses bens passam a gozar dos mesmos
não há cogitar de responsabilidade pública.” status dos bens públicos, mas com titularidade de bens
Os casos acima apontados serão baseados na privados.
teoria da culpa anônima ou falta do serviço, pois se fará
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ESPÉCIES Assim sucede, por exemplo, em muitas rodovias


Os bens públicos são classificados de acordo com brasileiras em que houve a atribuição de sua exploração e
o artigo 99 do Código Civil: conservação, em regime de concessão, a consórcios
Art. 99. São bens públicos: privados, sendo cobrada tarifa de pedágio, necessária, em
I- os de uso comum do povo, tais como rios, parte, ao custeio de sua manutenção.
mares, estradas, ruas e praças; Da mesma forma, desde que amparada na
II- os de uso especial, tais como edifícios ou legalidade e visando atender ao interesse público, pode a
terrenos destinados; Administração Pública impor certas restrições, de caráter
III- os dominicais, que constituem o patrimônio das geral, ao uso dos bens públicos, como ocorre, por exemplo,
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito no caso de desvio do curso de um rio para obras de
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. construção de uma usina hidroelétrica.
Nesse caso, ainda que a restrição imposta pelo
· BENS DE USO COMUM DO POVO Estado possa afetar os administrados, por exemplo,
1. Conceito através da redução da atividade pesqueira na região, não
É o bem cujo acesso e uso devem ser permitidos, será cabível qualquer indenização aos administrados
possibilitado a qualquer um do povo. Assim têm utilização prejudicados, tendo em vista a própria supremacia do
imensurável: todos têm acesso, independentemente de interesse público sobre o particular, a prevalecer nesse
autorização, pois geralmente abrangem locais abertos à caso.
utilização pública e de fruição do povo. Por isso, não há que
se cobrar taxa pelo uso. Ex: ruas, vias públicas, rodovias, · BENS DE USO ESPECIAL
praças. São os bens destinados a prestação dos serviços
públicos. Os bens de uso especial carregam a ideia da
2. Utilização dos Bens de Uso Comum afetação: tem-se a atuação do Estado na prestação do
Vale destacar que juridicamente para fazer uso serviço público. Os entes federativos têm funções
desses bens é necessário uma permissão de uso. Assim o relacionadas à comunidade, de acordo com previsões
bar que usa a calçada deverá requerer à prefeitura o constitucionais e legais. Necessário observar as
permissão de uso do bem público comum. necessidades reais dos cidadãos e a lei.
Alguns doutrinadores falam que os bens de uso do A afetação é a destinação do bem público à
povo estão restritos a alienabilidade. O que significa que satisfação das necessidades coletivas e estatais, do que
os bens podem ser alienados, mas tem que atender os deriva sua inalienabilidade, decorrendo ou da própria natu-
seguintes requisitos: reza do bem ou de um ato estatal unilateral. Daí falar em
a) Avaliação Prévia afetação, que pode ser definida como a destinação
b) Que exista uma lei que autorize a alienação do específica de um bem à satisfação do interesse público e,
bem em sentido oposto, em desafetação, que é a cessação da
c) Ser submetidos a um procedimento denominado destinação específica conferida a um bem de uso comum
desafetação do povo e a um bem de uso especial.
d) Licitação Prévia se o bem for móvel (leilão) se Assim, em geral, abrangem edifícios de repartições
bem imóvel na modalidade concorrência. públicas, terrenos aplicados à prestação de serviços
públicos, veículos oficiais, mercados públicos, escolas e
3. O Acesso aos Bens de Uso Comum do Povo hospitais do Estado, delegacias, etc.
e a Supremacia do Poder Público Convém ressaltar o que diz Maria Sylvia Zanella Di
Os bens de uso comum do povo são bens públicos Pietro, para quem o bem de uso especial "nem sempre se
em sua acepção plena, na medida em que a sua existência destina ao uso direto da Administração, podendo ter por
se encontra intimamente atrelada ao interesse público objeto o uso por particular, como ocorre com o mercado
primário de atender às necessidades dos administrados. municipal, o cemitério, o aeroporto, etc.”
Disso resulta que, salvo exceções previstas em lei, Vale destacar que esses bens só são bens de uso
os bens públicos de uso comum do povo não podem sofrer especial se continuam a ser utilizados no local. Tanto o bem
limitações no seu uso, em benefício de determinado de uso comum e os bens de uso especial por possuírem
particular, em detrimento da coletividade dos administrados vinculação a um fim específico, para deixar de utilizá-lo é
e do próprio interesse público que sobre eles incide. preciso ser feita a desafetação. Ademais por possuírem tal
Em decorrência do interesse público latente que situação, se diferem dos bens dominicais.
envolve os bens de uso comum do povo, a Administração
Pública, no exercício do poder de polícia, possui o poder- · BENS DOMINICAIS
dever para proceder, inclusive mediante o uso de força 1. Conceito
policial, à imediata desocupação de uma rodovia ou Para alguns são bens de propriedade da
avenida, que, por exemplo, encontrar-se abusivamente Administração, porém não afetados, sem destinação
obstruída por uma turba de desordeiros, na medida em que, específica.
respeitado o direito à liberdade de reunião, previsto na O domínio da administração pública em relação
Constituição Federal, em seu art. 5º, XVI, o exercício de tal aos outros bens é maior devido ao interesse público. Assim
direito, quando abusivo, não pode configurar-se como já entendeu o STF que para que se promova a
instrumento de limitação ao direito de toda a coletividade desobstrução de um bem dominical a administração pública
fruir de determinado bem público. tem total poder de autoexecução.
Além disso, conforme dito, a lei permite exceções Para Patrícia Nohara, os bens dominicais são os
em que a Administração Pública pode, em algumas que pertencem ao Estado na sua qualidade de proprietário
situações, exigir o pagamento de tarifas para o seu uso, (v. G., terrenos de marinha, terras devolutas, títulos da
conforme autorizado pelo art. 103 do Código Civil. Vejamos: dívida pública, etc). Eles integram o patrimônio do Estado,
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser mas não possuem um fim administrativo específico,
gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente podendo ser utilizados nas mais variadas finalidades
pela entidade a cuja administração pertencerem. permitidas pela legislação.

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Assim, consoante o art. 99, III, do Código Civil, são com ônus reais. Bens desafetados (ou dominicais)
considerados bens. Dominicais aqueles que constituem o submetem-se ao regime jurídico privado; assim,
patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como normalmente podem ser alienados por compra e venda,
objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas doação, permuta, isto é, institutos de direito privado
entidades. A administração em função do seu poder de policia
Da mesma forma, consideram-se dominicais os pode impor restrições como limite de velocidade. Ex: a zona
bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a azul é paga por exercício do poder de polícia e não por uma
que se tenha dado estrutura de direito privado (art. 99, prestação de serviço.
parágrafo único), como ocorre, por exemplo, com os bens
integrantes das fundações públicas, as quais, a despeito de CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS BENS
sua personalidade jurídica de direito público, possuem PÚBLICOS
estrutura jurídica semelhante à das fundações privadas. · Limitação à alienabilidade (Art. 100 – Código
Civil)
2. Utilização dos Bens Dominicais Não se pode afirmar categoricamente que os bens
A utilização dos bens Dominicais segue a mesma públicos são inalienáveis, eis que há a desafetação e uma
lógica dos bens de uso comum do povo, entretanto os bens vez realizado permite a desclassificação do bem permitindo
dominicais ao contrário dos bens de uso comum do povo sua alienação. Nesta mesma linha não se pode falar em
não estão restritos a alienabilidade, pois conforme disposto inalienabilidade pois os bens dominicais são passíveis de
na Constituição Federal, em seu art. 37, XXI, e na Lei n. alienação. Por isso se fala em limitações a alienabilidade,
8.666, de 21-6-1993, em seu art. 19, não necessitam, pois o processo de alienação é mais dificultoso. Os bens
entretanto, serem submetidos ao procedimento da públicos de uso comum e de uso especial são inalienáveis,
desafetação. enquanto conservarem a qualificação, na forma que a lei
a) Que exista uma lei que autorize a alienação do determinar (Código Civil, art. 100). Vejamos:
bem Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo
b) Procedimento de Avaliação Prévia e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
c) Licitação Previa se o bem for móvel (leilão) se conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
bem imóvel na modalidade concorrência. determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser
3. Usucapião de Bens Dominicais alienados, observadas as exigências da lei.
Também não podem ser objeto de usucapião, à
semelhança dos demais bens públicos, conforme já decidiu, · Imunidade Tributária (Art. 150, VI, alínea a, e §
inclusive, o Supremo Tribunal Federal, e cujo entendimento 2º e § 3º da Constituição Federal)
foi objeto de sua Súmula 340,"desde a vigência do Código Trata-se da imunidade tributária recíproca. As
Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, pessoas jurídicas de direito público fazem jus a essa
não podem ser adquiridos por usucapião". imunidade tributária, como forma de manutenção de seus
Apesar de não estarem afetados a uma finalidade bens. O entendimento atual do STF é que há uma extensão
pública específica, os bens dominicais integram o da imunidade tributária recíproca quando se tratar de
patrimônio da Administração Pública, de modo que esta pessoas jurídicas da administração pública indireta, que
pode cobrar tarifas como achar conveniente. tenham por objeto exclusivamente a prestação de serviços
públicos os seus bens são equiparados a bens públicos.
· A classificação dos bens públicos de acordo Vale destacar que no STF tal entendimento não é
com o conceito de bem público unanime, de modo que foi dado em outra composição do
Quando se tratar de bens de uso comum do povo STF. Na opinião do professor, o fato de prestar serviço
e bens dominicais a propriedade desses bens é classificado público não lhe dá nenhum status diferenciado eis que a
de acordo com a titularidade segundo o que dispõe o Constituição a equipara a outras empresas, não havendo
Código Civil. No caso dos bens de uso especial utilizará motivos para lhe atribuir imunidade eis que visam assim
tanto o critério da titularidade quanto o disposto na lei de como outras empresas o lucro.
uso e concessões, a doutrina e jurisprudência.
· Não sujeição a usucapião (art. 102 Código
Civil)
REGIME JURÍDICO, A DESAFETAÇÃO E O A usucapião é uma forma de aquisição originária
DIREITO DE PROPRIEDADE de um bem. Neste sentido, se opõe a forma de aquisição
A desafetação, do verbo afetar que significa derivada (proveniente de outro dono, havendo vinculação
destinar. Os bens de uso público estão afetados, pois estão e.). Na usucapião trata-se de aquisição originária eis que
a favor do interesse público. Para que o bem tenha a ele se desenvolve pela posse do bem, de modo que ele
propriedade transferida é preciso da desafetação, ou seja, a trará a primeira aquisição do bem pela posse.
retirada do bem público do interesse público. A desafetação A administração pública pode adquirir um bem por
é a cessação da destinação especifica atribuída ao bem. usucapião, mas os bens públicos não estão sujeitos à
O direito de propriedade é um direito complexo usucapião. A única situação possível é a indenização em
composto pelo direito de usar, fruir e dispor, assim é relação as benfeitorias realizadas.
formado de forma tríplice. Usar significa fazer uso das No tocante à usucapião, também cabe ressaltar a
comodidades que o bem oferece. Fruir está relacionado à Súmula 340, “desde a vigência do Código Civil, os bens
absorção dos frutos do bem decorrentes domínio do bem e dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser
dispor relacionado ao poder inerente ao direito de adquiridos por usucapião”.
propriedade e que nesta esse direito ou poder autoriza a
transferência da propriedade como um todo. · Impenhorabilidade (arts. 730/731 CPC)
A impenhorabilidade impossibilita que um bem
Bens públicos afetados são aqueles que público seja objeto de penhora judicial. A penhora é uma
obedecem ao regime jurídico público, ou seja, são forma de constrição judicial ao patrimônio, destinada a
inalienáveis, impenhoráveis, imprescritíveis e não graváveis satisfazer um direito creditício exercitado pela via executiva.
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A vedação à penhora dos bens públicos funda-se revogar extemporaneamente. É da competência do órgão
nos princípios da supremacia do interesse público e da que administra o bem autorizar seu uso.
indisponibilidade. Autorização Uso: Ato pelo qual a Administração
Destaque-se que as empresas públicas e socieda- consente que o particular se utilize o bem público com
des de economia mista que explorem atividade econômica, exclusividade
nos termos do art. 173 da Constituição Federal, não Ato Negocial
gozarão do privilégio da impenhorabilidade sobre seu Unilateral
patrimônio, sendo este assegurado unicamente àquelas Discricionário
estatais que tenham por objeto a prestação de serviços Precário
públicos. Efêmero
Gratuito ou Oneroso
FORMAS DE UTILIZAÇÃO DOS BENS
PÚBLICOS · Permissão de uso:
· Uso Comum: Consiste numa forma de atribuição do uso de um
Todo bem de uso comum do povo está ligado ao bem público a um particular que tem caráter negocial,
interesse coletivo e difuso que gravitam sobre o bem da sendo igualmente precária e discricionária, mas não é
mesma forma como ao direito público subjetivo, assim efêmera.
entendido como um direito que é outorgado a qualquer É ato negocial, unilateral e precário, gratuito ou
administrado, submetida ás normas administrativas para oneroso, formalizado mediante decreto ou portaria,
que este sujeito possa requerer providencias em face da executado pela Administração Pública no interesse de um
administração pública. administrado e por meio do qual ela lhe atribui o direito de
a) Ordinário: É aquele uso atribuído sem qualquer utilizar, em caráter individual e de modo continuado, um
necessidade de lei ou autorização específica (Ex: uso das determinado bem (esta frui certas vantagens do uso, que se
vias públicas) assemelha a um serviço de utilidade). Exemplo: bancas de
b) Extraordinário: Trata-se de situações em que o jornais.
bem público será utilizado na sua totalidade, mas ainda seu Pode-se dizer que a principal diferença entre a
uso é comum, sendo necessário nesse sentido autorização autorização de uso de bem público e a permissão de uso de
devido a utilização do bem (ex: montagem de palco em via bem público é que a primeira se destina ao uso temporário
pública para show). e eventual de determinado bem público, enquanto a
segunda tem por finalidade atribuir ao particular o uso em
· Uso Especial: caráter continuado (mas igualmente precário) de
São formas que permitem ao particular o uso determinado bem público.
privativo de bem público. O uso especial tem um caráter Uma vez conferida a permissão ao particular, este
personalíssimo, intiutu personae, ou seja, se reveste de um tem a obrigação, e não a faculdade (como no caso da
caráter privativo e exclusivo a um sujeito determinado. autorização), de utilizar o bem, sob pena de caducidade,
Necessário lembrar que a Administração não garante a pois ela envolve interesse público. A permissão também
manutenção do direito que ela concede. pode ser simples ou qualificada.
Existem 6 formas de uso especial do bem público: Permissão de Uso: Ato pelo qual administração
Autorização de uso, Permissão de uso, Concessão de Uso, dá o direito da pessoa utilizar o bem de forma não efêmera.
Concessão de Direito Real de Uso, Cessão de Uso e Ato Negocial
Concessão Especial de Uso. Unilateral
Discricionário
FORMAS DE USO ESPECIAL DO BEM PÚBLICO Precário
· Autorização de uso: Formalizado mediante decreto ou portaria
É a forma mais elementar de uso do bem público. Gratuito ou Oneroso
A autorização de uso é ato negocial, unilateral,
discricionário, precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a · Concessão de uso:
Administração consente que o particular se utilize o A concessão de uso de bem público é um contrato
bem público com exclusividade. Vejamos as administrativo, celebrado entre a Administração Pública e o
características: administrado, por meio do qual o administrado (pessoa
1. Discricionário: Trata-se de ato em que há o física ou jurídica), ora concessionário, é investido no direito
mérito administrativo em relação a oportunidade e de uso de um bem público durante certo período de tempo,
conveniência do ato. contratualmente previsto, assumindo, em contraprestação,
2. Precário: é precário, pois trata-se de uma certas obrigações para com a Administração Pública
outorga, sem estabilidade, podendo ser revogado a concedente.
qualquer momento Das três modalidades de utilização de bens
3. Efêmero: Não pode ter um prazo longo, pois do públicos é a mais complexa. A concessão é um contrato de
contrário se cria uma expectativa, podendo a pessoa direito público, sinalagmático, oneroso ou gratuito,
realizar benfeitorias. comutativo e realizado intuitu personae. Por ser modalidade
Exemplo: autorização para instalação temporária contratual, exige-se licitação obrigatória e deve ser
de um parque de diversões, requisição do particular de uso instrumentalizada mediante contratos.
de terreno baldio do ente federativo para a realização de Toda esta formalidade ela visa dar segurança
evento. jurídica e estabilidade para o particular, deve ter prazo seno
A utilização do bem é conferida no interesse compatível com o valor exigível. Não é precário, pois não
privado do particularmente. A autorização pode ser simples, pode ser revogado a qualquer momento.
quando não tem prazo de duração, ou qualificada se o Vale destacar não há possibilidade de a
prazo for determinado. Se o Poder Público fixar prazo na concessão ser utilizada para atender a finalidades de
autorização, ele acaba por retirar o caráter de precariedade, interesse particular do concessionário, exceto se o uso
típico do instituto, e se sujeita a indenizar o particular se a privativo constituir a própria finalidade do bem. Nota-se que
o direito pessoal de uso do bem público é privativo e
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intransferível sem prévio consentimento da perdendo, neste caso, as benfeitorias de qualquer natureza,
Administração. (art. 1º, § 3º).
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a A concessão de direito real de uso, salvo
concessão “é o instituto empregado preferentemente à disposição contratual em contrário, transfere-se por ato inter
permissão, nos casos em que a utilização do bem público vivos, ou por sucessão legítima ou testamentária, como os
objetiva o exercício de atividades de utilidade pública de demais direitos reais sobre coisas alheias, devendo a
maior vulto e, por isso mesmo, mais onerosas para o transferência ser objeto de registro (art. 7º, § 32).
concessionário”
Em que pese a autorização e a permissão sejam 3. Elaboração do contrato e possibilidade de
atos discricionários, sempre será necessária a observância dispensa da licitação
da lei. O ato discricionário é, na verdade, um dever-poder A realização do termo ou contrato de concessão
do administrador previsto em lei (até porque a ele não cabe de direito real de uso, em princípio, deve ser precedida de
manifestar sua vontade: a lei lhe concede mais de uma lei autorizadora específica, bem como de licitação prévia,
opção para o caso concreto, mas o administrador deve ficando o processo licitatório expressamente dispensado
observar o momento e a conveniência para realizar o ato). nas hipóteses em que a concessão tenha por objeto a
A concessão de uso é relação contratual entre transferência do direito de uso:
Estado e particular. A lei estabelece os casos em que há a) De imóveis residenciais construídos, destinados
possibilidade da concessão do serviço ao particular. ou efetivamente utilizados no de programas habitacionais
Exemplos: os boxes em mercados públicos, instalação de ou de regularização fundiária de interesse público
restaurantes em prédios públicos, etc. A concessão da desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
administração de rodovias a empresas privadas trata-se de pública;
modalidade de concessão de serviço público precedida da b) A outro órgão ou entidade da Administração
realização de obra pública. Pública, qualquer que seja a localização do imóvel
Concessão de Uso: o concessionário é investido c) A pessoa natural que haja implementado os
no direito de uso de um bem público durante certo período requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e
de tempo, contratualmente previsto, assumindo, em exploração direta sobre área rural situada na Amazônia
contraprestação, certas obrigações para com a Legal (Lei n. 8.666, de art. 17, I, f, e § 2º).
Administração Pública concedente. Concessão do Direito Real Uso: a transferência
Contrato Administrativo celebrado com a do uso de terrenos públicos, para fins específicos
Administração Pública Celebrado por termo ou contrato administrativo
Sinalagmático Por instrumento Público ou Particular
Gratuito ou Oneroso Deve ser inscrita em livro especial
Comutativo Concessionário arca com todas as despesas e
Exige Licitação Prévia encargos do imóvel
· Concessão do Direito Real de Uso Tempo determinado ou indeterminado
1. Conceito e Finalidade Gratuito ou Oneroso
Denomina-se concessão de direito real de uso a Forma Resolúvel: No prazo ou antecipadamente
transferência do uso de terrenos públicos, em caráter em caso de uso do imóvel para outra finalidade.
oneroso ou gratuito, por tempo determinado ou não, de É transmissível por ato inter vivos ou por sucessão
forma resolúvel, para fins específicos de: legitima ou testamentária
a) Regularização fundiária de interesse social Deve ser precedido de lei específica e exige
b) Urbanização Licitação Prévia
c) Industrialização
d) Edificação · Concessão Especial de Uso (Concessão de
e) Cultivo da terra aproveitamento sustentável das uso especial de imóvel urbano público)
várzeas A concessão especial de uso consiste na
f) Preservação das comunidades tradicionais e transferência, a título gratuito do direito de uso de terrenos
seus meios de subsistência públicos que tenham sido ocupados por população de baixa
g) Outras modalidades de interesse social em renda para fins de moradia.
áreas urbanas. Trata-se de instituto jurídico muito próximo da
concessão de direito real de Uso, diferenciando-se em
2. Requisitos e características relação àquele pelo fato de que na concessão especial do
Encontra-se prevista no Decreto-Lei n. 271, de 28- uso do bem imóvel público é transferido exclusivamente
2-1967, e deve ser instrumentalizada mediante termo ou para fins de moradia i Ic quem o possua, nas condições
contrato administrativo, por instrumento público ou legais.
particular, devendo ser inscrita em livro especial, sendo Foi prevista pela Medida Provisória n. 2.220, de 4-
que, nos, termos do art. 7º, § 2º, daquela norma, desde a 9-2001, que estabelecia em seu art. 1º que aquele que, até
inscrição da concessão de uso, o concessionário fruirá 30-6-2001, possuísse como seu, por cinco anos,
plenamente do terreno para os fins estabelecidos no ininterruptamente e sem oposição, até 250 m2 de imóvel
contrato e responderá por todos os encargos civis, público situado em área urbana, utilizando-o para sua
administrativos e tributários que venham a incidir sobre moradia ou de sua família, teria o direito à concessão de
o imóvel e suas rendas. uso especial para fins de moradia em relação ao bem
O elemento resolutivo da concessão se caracteriza objeto da posse, desde que não fosse proprietário ou
pelo fato de que, uma vez verificado o seu termo concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou
resolutivo (data de término da concessão), esta se rural.
extingue, podendo ainda extinguir-se por resolução Por fim, ressalte-se que a Lei n. 11.481, de 31-5-
antecipada desde que o concessionário atribua ao 2007 estabelece em seu art. 22-A que a concessão
imóvel destinação diversa da estabelecida no termo ou especial de uso para fins de moradia aplica-se às áreas de
contrato, ou descumpra cláusula resolutória do ajuste, propriedade da União, inclusive aos terrenos de marinha e
acrescidos, e será conferida aos possuidores ou ocupantes
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que preencham os requisitos legais estabelecidos na O PRESIDENTE DA REPÚBLICA


Medida Provisória n. 2.220, de 4-9-2001. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
Concessão Especial de Uso: consiste na sanciono a seguinte Lei:
transferência, a título gratuito do direito de uso de terrenos Capítulo I
públicos que tenham sido ocupados por população de baixa DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
renda para fins de moradia. Seção I
Transferência do direito de propriedade Dos Princípios
Gratuito Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre
até 30-6-2001 licitações e contratos administrativos pertinentes a obras,
Possui imóvel público em área urbana serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e
Até 250 m2 locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do
Utilizando-o como moradia Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta
· Cessão de Uso Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos
A cessão de uso, em princípio, compreende a especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
transferência, a título gratuito, da posse de bem público empresas públicas, as sociedades de economia mista e
efetuada pela pessoa jurídica de direito público (à qual demais entidades controladas direta ou indiretamente pela
pertença o bem) a entidade estatal ou a outra pessoa União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
jurídica de direito público. Art. 2o As obras, serviços, inclusive de
É instrumentalizada mediante termo de cessão, e publicidade, compras, alienações, concessões, permissões
poderá ser efetuada com prazo determinado ou não, sendo e locações da Administração Pública, quando contratadas
desnecessária a autorização legislativa quando efetuada com terceiros, serão necessariamente precedidas de
entre órgãos públicos integrantes da mesma entidade licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
estatal. Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-
Esse é o conceito tradicional de cessão de uso se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou
admitido no Direito Administrativo, como ensina Hely Lopes entidades da Administração Pública e particulares, em que
Meirelles: “Nessa acepção, a cessão de uso assemelha-se haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a
ao instituto jurídico do comodato, existente no direito estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a
privado” denominação utilizada.
Não obstante isso, a legislação federal (Lei n. Art. 3o A licitação destina-se a garantir a
9.636, de 15-5-1998, arts. 18 a 21, e Decreto-Lei n. 9.760, observância do princípio constitucional da isonomia, a
de 5-9-1946) ampliou o conceito desse instituto. seleção da proposta mais vantajosa para a administração e
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e
Cessão de Uso: Transferência a título gratuito da será processada e julgada em estrita conformidade com os
posse de bem público efetuado pela pessoa jurídica de princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
direito público (à qual pertença o bem) a entidade estatal ou moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
a outra pessoa jurídica de direito público. administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório,
Instrumentalizada mediante termo de cessão do julgamento objetivo e dos que lhes são
Prazo determinado ou indeterminado correlatos. (Redação dada pela Lei nº 12.349, de
Gratuito 2010) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamen
Não exige autorização legislativa to)
Assemelha-se ao comodato no direito privado § 1o É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de
CONCLUSÃO convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
Portanto, pose concluir que os Bens Públicos restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive
possuem caráter protetivo por parte do Estado, sendo eles, nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam
em regra, impenhoráveis imprescritíveis e irrenunciáveis, preferências ou distinções em razão da naturalidade, da
isso porque os bens que pertencem a administração pública sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra
são destinados a uma finalidade específica, não podendo circunstância impertinente ou irrelevante para o específico
assim, se perderem daquilo que lhe deu causa. objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5 o a 12
Também, há de ser destacado a importância dos deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro
princípios que norteiam o Bem Público, bem como da de 1991; (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)
importância de tais bens estarem sempre destinado a uma II - estabelecer tratamento diferenciado de
função específica, visando o melhor aproveitamento do natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou
Estados e dos entes que o compõe. qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras,
Assim, os Bens Públicos, tem como escopo inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de
assegurar ao Estado, a melhor forma de agir dentro dos pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de
preceitos normativos. Isso porque este enquanto ente agências internacionais, ressalvado o disposto no parágrafo
político e organizado existe em prol dos anseios coletivos. seguinte e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de
Então sobre esses bens sempre haverá como fundamento 1991.
a soberania do Estado, constituindo o domínio público. § 2o Em igualdade de condições, como critério de
desempate, será assegurada preferência, sucessivamente,
LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 aos bens e serviços:
Regulamenta o art. 37, I- (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010)
inciso XXI, da Constituição II - produzidos no País;
Federal, institui normas para III - produzidos ou prestados por empresas
licitações e contratos da brasileiras.
Administração Pública e dá IV - produzidos ou prestados por empresas que
outras providências. invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia
no País. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
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V - produzidos ou prestados por empresas que Comum do Sul - Mercosul. (Incluído pela Lei nº
comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da § 11. Os editais de licitação para a contratação de
Previdência Social e que atendam às regras de bens, serviços e obras poderão, mediante prévia
acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei justificativa da autoridade competente, exigir que o
nº 13.146, de 2015) (Vigência) contratado promova, em favor de órgão ou entidade
§ 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e integrante da administração pública ou daqueles por ela
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo indicados a partir de processo isonômico, medidas de
quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva compensação comercial, industrial, tecnológica ou acesso a
abertura. condições vantajosas de financiamento, cumulativamente
§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) ou não, na forma estabelecida pelo Poder Executivo
§ 5o Nos processos de licitação, poderá ser federal. (Incluído pela Lei nº 12.349, de
estabelecida margem de preferência para: (Redação 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) § 12. Nas contratações destinadas à implantação,
I - produtos manufaturados e para serviços manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de
nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras; tecnologia de informação e comunicação, considerados
e (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) estratégicos em ato do Poder Executivo federal, a licitação
II - bens e serviços produzidos ou prestados por poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia
empresas que comprovem cumprimento de reserva de desenvolvida no País e produzidos de acordo com o
cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para processo produtivo básico de que trata a Lei n o 10.176, de
reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras 11 de janeiro de 2001. (Incluído pela Lei nº 12.349, de
de acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
Lei nº 13.146, de 2015) § 13. Será divulgada na internet, a cada exercício
§ 6o A margem de preferência de que trata o § 5 o financeiro, a relação de empresas favorecidas em
será estabelecida com base em estudos revistos decorrência do disposto nos §§ 5 o, 7o, 10, 11 e 12 deste
periodicamente, em prazo não superior a 5 (cinco) anos, artigo, com indicação do volume de recursos destinados a
que levem em consideração: (Incluído pela Lei nº cada uma delas. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de § 14. As preferências definidas neste artigo e nas
2011) (Vide Decreto nº 7.709, de 2012) (Vide demais normas de licitação e contratos devem privilegiar o
Decreto nº 7.713, de 2012) (Vide Decreto nº 7.756, de tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e
2012) empresas de pequeno porte na forma da lei. (Incluído
I - geração de emprego e renda; (Incluído pela Lei pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
nº 12.349, de 2010) § 15. As preferências dispostas neste artigo
II - efeito na arrecadação de tributos federais, prevalecem sobre as demais preferências previstas na
estaduais e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.349, de legislação quando estas forem aplicadas sobre produtos ou
2010) serviços estrangeiros. (Incluído pela Lei Complementar
III - desenvolvimento e inovação tecnológica nº 147, de 2014)
realizados no País; (Incluído pela Lei nº 12.349, de Art. 4o Todos quantos participem de licitação
2010) promovida pelos órgãos ou entidades a que se refere o art.
IV - custo adicional dos produtos e serviços; 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do
e (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo
V - em suas revisões, análise retrospectiva de qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimento,
resultados. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a
§ 7o Para os produtos manufaturados e serviços realização dos trabalhos.
nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto
tecnológica realizados no País, poderá ser estabelecido nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele
margem de preferência adicional àquela prevista no § praticado em qualquer esfera da Administração Pública.
5 o. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Art. 5o Todos os valores, preços e custos
Decreto nº 7.546, de 2011) utilizados nas licitações terão como expressão monetária a
§ 8o As margens de preferência por produto, moeda corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42
serviço, grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se desta Lei, devendo cada unidade da Administração, no
referem os §§ 5o e 7o, serão definidas pelo Poder Executivo pagamento das obrigações relativas ao fornecimento de
federal, não podendo a soma delas ultrapassar o montante bens, locações, realização de obras e prestação de
de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o preço dos serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de
produtos manufaturados e serviços estrangeiros. (Incluído recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas
pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de exigibilidades, salvo quando presentes relevantes razões de
2011) interesse público e mediante prévia justificativa da
§ 9o As disposições contidas nos §§ 5o e 7o deste autoridade competente, devidamente publicada.
artigo não se aplicam aos bens e aos serviços cuja § 1o Os créditos a que se refere este artigo terão
capacidade de produção ou prestação no País seja seus valores corrigidos por critérios previstos no ato
inferior: (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide convocatório e que lhes preservem o valor.
Decreto nº 7.546, de 2011) § 2o A correção de que trata o parágrafo anterior
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; cujo pagamento será feito junto com o principal, correrá à
ou (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) conta das mesmas dotações orçamentárias que atenderam
II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7o aos créditos a que se referem. (Redação dada pela Lei
do art. 23 desta Lei, quando for o caso. (Incluído pela nº 8.883, de 1994)
Lei nº 12.349, de 2010) § 3o Observados o disposto no caput, os
§ 10. A margem de preferência a que se refere o § pagamentos decorrentes de despesas cujos valores não
5o poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e ultrapassem o limite de que trata o inciso II do art. 24, sem
serviços originários dos Estados Partes do Mercado prejuízo do que dispõe seu parágrafo único, deverão ser
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efetuados no prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da necessidade de reformulação ou de variantes durante as
apresentação da fatura. (Incluído pela Lei nº 9.648, de fases de elaboração do projeto executivo e de realização
1998) das obras e montagem;
Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos c) identificação dos tipos de serviços a executar e
devem privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às de materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem
microempresas e empresas de pequeno porte na forma da como suas especificações que assegurem os melhores
lei. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter
Seção II competitivo para a sua execução;
Das Definições d) informações que possibilitem o estudo e a
Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se: dedução de métodos construtivos, instalações provisórias e
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, condições organizacionais para a obra, sem frustrar o
recuperação ou ampliação, realizada por execução direta caráter competitivo para a sua execução;
ou indireta; e) subsídios para montagem do plano de licitação
II - Serviço - toda atividade destinada a obter e gestão da obra, compreendendo a sua programação, a
determinada utilidade de interesse para a Administração, estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e
tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, outros dados necessários em cada caso;
operação, conservação, reparação, adaptação, f) orçamento detalhado do custo global da obra,
manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
seguro ou trabalhos técnico-profissionais; propriamente avaliados;
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos
para fornecimento de uma só vez ou parceladamente; necessários e suficientes à execução completa da obra, de
IV - Alienação - toda transferência de domínio de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira
bens a terceiros; de Normas Técnicas - ABNT;
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - XI - Administração Pública - a administração direta
aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
cinco) vezes o limite estabelecido na alínea "c" do inciso I Municípios, abrangendo inclusive as entidades com
do art. 23 desta Lei; personalidade jurídica de direito privado sob controle do
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel poder público e das fundações por ele instituídas ou
cumprimento das obrigações assumidas por empresas em mantidas;
licitações e contratos; XII - Administração - órgão, entidade ou unidade
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e administrativa pela qual a Administração Pública opera e
entidades da Administração, pelos próprios meios; atua concretamente;
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de
entidade contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes divulgação da Administração Pública, sendo para a União o
regimes: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Diário Oficial da União, e, para os Estados, o Distrito
a) empreitada por preço global - quando se Federal e os Municípios, o que for definido nas respectivas
contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo e leis; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
total; XIV - Contratante - é o órgão ou entidade
b) empreitada por preço unitário - quando se signatária do instrumento contratual;
contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica
de unidades determinadas; signatária de contrato com a Administração Pública;
c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, XVI - Comissão - comissão, permanente ou
de 1994) especial, criada pela Administração com a função de
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para receber, examinar e julgar todos os documentos e
pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem procedimentos relativos às licitações e ao cadastramento
fornecimento de materiais; de licitantes.
e) empreitada integral - quando se contrata um XVII - produtos manufaturados nacionais -
empreendimento em sua integralidade, compreendendo produtos manufaturados, produzidos no território nacional
todas as etapas das obras, serviços e instalações de acordo com o processo produtivo básico ou com as
necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até regras de origem estabelecidas pelo Poder Executivo
a sua entrega ao contratante em condições de entrada em federal; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no
sua utilização em condições de segurança estrutural e País, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo
operacional e com as características adequadas às federal; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
finalidades para que foi contratada; XIX - sistemas de tecnologia de informação e
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos comunicação estratégicos - bens e serviços de tecnologia
necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, da informação e comunicação cuja descontinuidade
para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras provoque dano significativo à administração pública e que
ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas envolvam pelo menos um dos seguintes requisitos
indicações dos estudos técnicos preliminares, que relacionados às informações críticas: disponibilidade,
assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento confiabilidade, segurança e confidencialidade. (Incluído
do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite pela Lei nº 12.349, de 2010)
a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento -
do prazo de execução, devendo conter os seguintes bens, insumos, serviços e obras necessários para atividade
elementos: de pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento de
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma tecnologia ou inovação tecnológica, discriminados em
a fornecer visão global da obra e identificar todos os seus projeto de pesquisa aprovado pela instituição
elementos constitutivos com clareza; contratante. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
b) soluções técnicas globais e localizadas, Seção III
suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a Das Obras e Serviços
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Art. 7o As licitações para a execução de obras e despacho circunstanciado da autoridade a que se refere o
para a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste art. 26 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
artigo e, em particular, à seguinte sequência: 1994)
I - projeto básico; Art. 9o Não poderá participar, direta ou
II - projeto executivo; indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou
III - execução das obras e serviços. serviço e do fornecimento de bens a eles necessários:
§ 1o A execução de cada etapa será I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa
obrigatoriamente precedida da conclusão e aprovação, pela física ou jurídica;
autoridade competente, dos trabalhos relativos às etapas II - empresa, isoladamente ou em consórcio,
anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual poderá responsável pela elaboração do projeto básico ou executivo
ser desenvolvido concomitantemente com a execução das ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente,
obras e serviços, desde que também autorizado pela acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do
Administração. capital com direito a voto ou controlador, responsável
§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser técnico ou subcontratado;
licitados quando: III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade contratante ou responsável pela licitação.
competente e disponível para exame dos interessados em § 1o É permitida a participação do autor do projeto
participar do processo licitatório; ou da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na
II - existir orçamento detalhado em planilhas que licitação de obra ou serviço, ou na execução, como
expressem a composição de todos os seus custos unitários; consultor ou técnico, nas funções de fiscalização,
III - houver previsão de recursos orçamentários supervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da
que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes Administração interessada.
de obras ou serviços a serem executadas no exercício § 2o O disposto neste artigo não impede a
financeiro em curso, de acordo com o respectivo licitação ou contratação de obra ou serviço que inclua a
cronograma; elaboração de projeto executivo como encargo do
IV - o produto dela esperado estiver contemplado contratado ou pelo preço previamente fixado pela
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o Administração.
art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso. § 3o Considera-se participação indireta, para fins
§ 3o É vedado incluir no objeto da licitação a do disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo
obtenção de recursos financeiros para sua execução, de natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou
qualquer que seja a sua origem, exceto nos casos de trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física ou
empreendimentos executados e explorados sob o regime jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviços,
de concessão, nos termos da legislação específica. fornecimentos e obras, incluindo-se os fornecimentos de
§ 4o É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da bens e serviços a estes necessários.
licitação, de fornecimento de materiais e serviços sem § 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se
previsão de quantidades ou cujos quantitativos não aos membros da comissão de licitação.
correspondam às previsões reais do projeto básico ou Art. 10. As obras e serviços poderão ser
executivo. executados nas seguintes formas: (Redação dada pela Lei
§ 5o É vedada a realização de licitação cujo objeto nº 8.883, de 1994)
inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, I - execução direta;
características e especificações exclusivas, salvo nos casos II - execução indireta, nos seguintes regimes:
em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o a) empreitada por preço global;
regime de administração contratada, previsto e discriminado b) empreitada por preço unitário;
no ato convocatório. c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
§ 6o A infringência do disposto neste artigo implica 1994)
a nulidade dos atos ou contratos realizados e a d) tarefa;
responsabilidade de quem lhes tenha dado causa. e) empreitada integral.
§ 7o Não será ainda computado como valor da Parágrafo único. (Vetado). (Redação dada pela Lei
obra ou serviço, para fins de julgamento das propostas de nº 8.883, de 1994)
preços, a atualização monetária das obrigações de Art. 11. As obras e serviços destinados aos
pagamento, desde a data final de cada período de aferição mesmos fins terão projetos padronizados por tipos,
até a do respectivo pagamento, que será calculada pelos categorias ou classes, exceto quando o projeto-padrão não
mesmos critérios estabelecidos obrigatoriamente no ato atender às condições peculiares do local ou às exigências
convocatório. específicas do empreendimento.
§ 8o Qualquer cidadão poderá requerer à Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos
Administração Pública os quantitativos das obras e preços de obras e serviços serão considerados principalmente os
unitários de determinada obra executada. seguintes requisitos: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
§ 9o O disposto neste artigo aplica-se também, no 1994)
que couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de I - segurança;
licitação. II - funcionalidade e adequação ao interesse
Art. 8o A execução das obras e dos serviços deve público;
programar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus III - economia na execução, conservação e
custos atual e final e considerados os prazos de sua operação;
execução. IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra,
Parágrafo único. É proibido o retardamento materiais, tecnologia e matérias-primas existentes no local
imotivado da execução de obra ou serviço, ou de suas para execução, conservação e operação;
parcelas, se existente previsão orçamentária para sua V - facilidade na execução, conservação e
execução total, salvo insuficiência financeira ou operação, sem prejuízo da durabilidade da obra ou do
comprovado motivo de ordem técnica, justificados em serviço;
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VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de II - estipulação prévia do sistema de controle e


segurança do trabalho adequadas; (Redação dada atualização dos preços registrados;
pela Lei nº 8.883, de 1994) III - validade do registro não superior a um ano.
VII - impacto ambiental. § 4o A existência de preços registrados não obriga
Seção IV a Administração a firmar as contratações que deles poderão
Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios,
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se respeitada a legislação relativa às licitações, sendo
serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos assegurado ao beneficiário do registro preferência em
relativos a: igualdade de condições.
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos § 5o O sistema de controle originado no quadro
básicos ou executivos; geral de preços, quando possível, deverá ser informatizado.
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; § 6o Qualquer cidadão é parte legítima para
III - assessorias ou consultorias técnicas e impugnar preço constante do quadro geral em razão de
auditorias financeiras ou tributárias; (Redação dada incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado.
pela Lei nº 8.883, de 1994) § 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda:
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de I - a especificação completa do bem a ser
obras ou serviços; adquirido sem indicação de marca;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou II - a definição das unidades e das quantidades a
administrativas; serem adquiridas em função do consumo e utilização
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível,
VII - restauração de obras de arte e bens de valor mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação;
histórico. III - as condições de guarda e armazenamento que
VIII - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de não permitam a deterioração do material.
1994) § 8o O recebimento de material de valor superior
§ 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de ao limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a
licitação, os contratos para a prestação de serviços técnicos modalidade de convite, deverá ser confiado a uma
profissionais especializados deverão, preferencialmente, comissão de, no mínimo, 3 (três) membros.
ser celebrados mediante a realização de concurso, com Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em
estipulação prévia de prêmio ou remuneração. órgão de divulgação oficial ou em quadro de avisos de
§ 2o Aos serviços técnicos previstos neste artigo amplo acesso público, à relação de todas as compras feitas
aplica-se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei. pela Administração Direta ou Indireta, de maneira a
§ 3o A empresa de prestação de serviços técnicos clarificar a identificação do bem comprado, seu preço
especializados que apresente relação de integrantes de seu unitário, a quantidade adquirida, o nome do vendedor e o
corpo técnico em procedimento licitatório ou como elemento valor total da operação, podendo ser aglutinadas por itens
de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, as compras feitas com dispensa e inexigibilidade de
ficará obrigada a garantir que os referidos integrantes licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
realizem pessoal e diretamente os serviços objeto do Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
contrato. aplica aos casos de dispensa de licitação previstos no
Seção V inciso IX do art. 24. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Das Compras Seção VI
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a Das Alienações
adequada caracterização de seu objeto e indicação dos Art. 17. A alienação de bens da Administração
recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de Pública, subordinada à existência de interesse público
nulidade do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado devidamente justificado, será precedida de avaliação e
causa. obedecerá às seguintes normas:
Art. 15. As compras, sempre que possível, I - quando imóveis, dependerá de autorização
deverão: (Regulamento) (Regulamento) (Regulamen legislativa para órgãos da administração direta e entidades
to) (Vigência) autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as
I - atender ao princípio da padronização, que entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de
imponha compatibilidade de especificações técnicas e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta
desempenho, observadas, quando for o caso, as condições nos seguintes casos:
de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas; a) dação em pagamento;
II - ser processadas através de sistema de registro b) doação, permitida exclusivamente para outro
de preços; órgão ou entidade da administração pública, de qualquer
III - submeter-se às condições de aquisição e esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e
pagamento semelhantes às do setor privado; i; (Redação dada pela Lei nº 11.952, de 2009)
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas c) permuta, por outro imóvel que atenda aos
necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
visando economicidade; d) investidura;
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito e) venda a outro órgão ou entidade da
dos órgãos e entidades da Administração Pública. administração pública, de qualquer esfera de
§ 1o O registro de preços será precedido de ampla governo; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
pesquisa de mercado. f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento,
§ 2o Os preços registrados serão publicados concessão de direito real de uso, locação ou permissão de
trimestralmente para orientação da Administração, na uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados
imprensa oficial. ou efetivamente utilizados no âmbito de programas
§ 3o O sistema de registro de preços será habitacionais ou de regularização fundiária de interesse
regulamentado por decreto, atendidas as peculiaridades social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
regionais, observadas as seguintes condições: administração pública; (Redação dada pela Lei nº
I - seleção feita mediante concorrência; 11.481, de 2007)
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g) procedimentos de legitimação de posse de que de utilidade, ou necessidade pública ou interesse


trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, social. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da § 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste
Administração Pública em cuja competência legal inclua-se artigo: (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
tal atribuição; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua
concessão de direito real de uso, locação ou permissão de exploração mediante atividades
uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com agropecuárias; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros II – fica limitada a áreas de até quinze módulos
quadrados) e inseridos no âmbito de programas de fiscais, desde que não exceda mil e quinhentos hectares,
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos vedada a dispensa de licitação para áreas superiores a
por órgãos ou entidades da administração esse limite; (Redação dada pela Lei nº 11.763, de
pública; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) 2008)
i) alienação e concessão de direito real de uso, III - pode ser cumulada com o quantitativo de área
gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do decorrente da figura prevista na alínea g do inciso I do
Incra, onde incidam ocupações até o limite de que trata o § caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste
1o do art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para parágrafo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos IV – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.763,
legais; e (Redação dada pela Lei nº 13.465, 2017) de 2008)
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia § 3o Entende-se por investidura, para os fins desta
e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos: lei: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
a) doação, permitida exclusivamente para fins e I - a alienação aos proprietários de imóveis
uso de interesse social, após avaliação de sua lindeiros de área remanescente ou resultante de obra
oportunidade e conveniência socioeconômica, pública, área esta que se tornar inaproveitável
relativamente à escolha de outra forma de alienação; isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos desde que esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por
ou entidades da Administração Pública; cento) do valor constante da alínea "a" do inciso II do art. 23
c) venda de ações, que poderão ser negociadas desta lei; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
em bolsa, observada a legislação específica; II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos
d) venda de títulos, na forma da legislação ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins
pertinente; residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a
e) venda de bens produzidos ou comercializados usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis
por órgãos ou entidades da Administração Pública, em na fase de operação dessas unidades e não integrem a
virtude de suas finalidades; categoria de bens reversíveis ao final da
f) venda de materiais e equipamentos para outros concessão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
órgãos ou entidades da Administração Pública, sem § 4o A doação com encargo será licitada e de seu
utilização previsível por quem deles dispõe. instrumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o
§ 1o Os imóveis doados com base na alínea "b" do prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob
inciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no
sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica caso de interesse público devidamente
doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário. justificado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 2o A Administração também poderá conceder § 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o
título de propriedade ou de direito real de uso de imóveis, donatário necessite oferecer o imóvel em garantia de
dispensada licitação, quando o uso destinar- financiamento, a cláusula de reversão e demais obrigações
se: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) serão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor
I - a outro órgão ou entidade da Administração do doador. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Pública, qualquer que seja a localização do § 6o Para a venda de bens móveis avaliados,
imóvel; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) isolada ou globalmente, em quantia não superior ao limite
II - a pessoa natural que, nos termos de lei, previsto no art. 23, inciso II, alínea "b" desta Lei, a
regulamento ou ato normativo do órgão competente, haja Administração poderá permitir o leilão. (Incluído pela
implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupação Lei nº 8.883, de 1994)
mansa e pacífica e exploração direta sobre área rural, § 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.481,
observado o limite de que trata o § 1o do art. 6o da Lei no de 2007)
11.952, de 25 de junho de 2009; (Redação dada Art. 18. Na concorrência para a venda de bens
pela Lei nº 13.465, 2017) imóveis, a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam do recolhimento de quantia correspondente a 5% (cinco por
dispensadas de autorização legislativa, porém submetem- cento) da avaliação.
se aos seguintes condicionamentos: (Redação dada Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.883,
pela Lei nº 11.952, de 2009) de 1994)
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a Art. 19. Os bens imóveis da Administração
detenção por particular seja comprovadamente anterior a 1 o Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos
de dezembro de 2004; (Incluído pela Lei nº 11.196, de judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados
2005) por ato da autoridade competente, observadas as seguintes
III - vedação de concessões para hipóteses de regras:
exploração não-contempladas na lei agrária, nas leis de I - avaliação dos bens alienáveis;
destinação de terras públicas, ou nas normas legais ou II - comprovação da necessidade ou utilidade da
administrativas de zoneamento ecológico-econômico; alienação;
e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III - adoção do procedimento licitatório, sob a
IV - previsão de rescisão automática da modalidade de concorrência ou leilão. (Redação dada
concessão, dispensada notificação, em caso de declaração pela Lei nº 8.883, de 1994)
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Capítulo II quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a


Da Licitação formulação das propostas.
Seção I Art. 22. São modalidades de licitação:
Das Modalidades, Limites e Dispensa I - concorrência;
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local II - tomada de preços;
onde se situar a repartição interessada, salvo por motivo de III - convite;
interesse público, devidamente justificado. IV - concurso;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não V - leilão.
impedirá a habilitação de interessados residentes ou § 1o Concorrência é a modalidade de licitação
sediados em outros locais. entre quaisquer interessados que, na fase inicial de
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos
editais das concorrências, das tomadas de preços, dos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução
concursos e dos leilões, embora realizados no local da de seu objeto.
repartição interessada, deverão ser publicados com § 2o Tomada de preços é a modalidade de
antecedência, no mínimo, por uma vez: (Redação dada licitação entre interessados devidamente cadastrados ou
pela Lei nº 8.883, de 1994) que atenderem a todas as condições exigidas para
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de cadastramento até o terceiro dia anterior à data do
licitação feita por órgão ou entidade da Administração recebimento das propostas, observada a necessária
Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras qualificação.
financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou § 3o Convite é a modalidade de licitação entre
garantidas por instituições federais; (Redação dada pela Lei interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados
nº 8.883, de 1994) ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local
Federal quando se tratar, respectivamente, de licitação feita apropriado, cópia do instrumento convocatório e o
por órgão ou entidade da Administração Pública Estadual estenderá aos demais cadastrados na correspondente
ou Municipal, ou do Distrito Federal; (Redação dada pela especialidade que manifestarem seu interesse com
Lei nº 8.883, de 1994) antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da
III - em jornal diário de grande circulação no apresentação das propostas.
Estado e também, se houver, em jornal de circulação no § 4o Concurso é a modalidade de licitação entre
Município ou na região onde será realizada a obra, prestado quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico,
o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou
ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, remuneração aos vencedores, conforme critérios
utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a constantes de edital publicado na imprensa oficial com
área de competição. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
1994) § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre
§ 1o O aviso publicado conterá a indicação do quaisquer interessados para a venda de bens móveis
local em que os interessados poderão ler e obter o texto inservíveis para a administração ou de produtos legalmente
integral do edital e todas as informações sobre a licitação. apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens
§ 2o O prazo mínimo até o recebimento das imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance,
propostas ou da realização do evento será: igual ou superior ao valor da avaliação. (Redação dada pela
I - quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Lei nº 8.883, de 1994) § 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na
a) concurso; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é
contemplar o regime de empreitada integral ou quando a obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado,
licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço"; enquanto existirem cadastrados não convidados nas
(Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) últimas licitações. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
II - trinta dias para: (Redação dada pela Lei nº 1994)
8.883, de 1994) § 7o Quando, por limitações do mercado ou
a) concorrência, nos casos não especificados na manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a
alínea "b" do inciso anterior; (Incluída pela Lei nº 8.883, de obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no § 3o
1994) deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo justificadas no processo, sob pena de repetição do convite.
"melhor técnica" ou "técnica e preço"; (Incluída pela Lei nº § 8o É vedada a criação de outras modalidades de
8.883, de 1994) licitação ou a combinação das referidas neste artigo.
III - quinze dias para a tomada de preços, nos § 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a
casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior, ou administração somente poderá exigir do licitante não
leilão; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) cadastrado os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que
IV - cinco dias úteis para convite. (Redação dada comprovem habilitação compatível com o objeto da
pela Lei nº 8.883, de 1994) licitação, nos termos do edital. (Incluído pela Lei nº
§ 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo 8.883, de 1994)
anterior serão contados a partir da última publicação do Art. 23. As modalidades de licitação a que se
edital resumido ou da expedição do convite, ou ainda da referem os incisos I a III do artigo anterior serão
efetiva disponibilidade do edital ou do convite e respectivos determinadas em função dos seguintes limites, tendo em
anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais tarde. vista o valor estimado da contratação:
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) I - para obras e serviços de
§ 4o Qualquer modificação no edital exige engenharia: Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
divulgação pela mesma forma que se deu o texto original, a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta
reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

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b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um § 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o


milhão e quinhentos mil reais); ( Redação dada pela Lei dobro dos valores mencionados no caput deste artigo
nº 9.648, de 1998) quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um triplo, quando formado por maior número. (Incluído
milhão e quinhentos mil reais); (Redação dada pela pela Lei nº 11.107, de 2005)
Lei nº 9.648, de 1998) Art. 24. É dispensável a licitação: (Vide Lei nº
II - para compras e serviços não referidos no inciso 12.188, de 2.010) Vigência
anterior: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) I - para obras e serviços de engenharia de valor
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do
reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para
(seiscentos e cinquenta mil reais); (Redação dada obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que
pela Lei nº 9.648, de 1998) possam ser realizadas conjunta e
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 concomitantemente; (Redação dada pela Lei nº 9.648,
(seiscentos e cinquenta mil reais). (Redação dada de 1998)
pela Lei nº 9.648, de 1998) II - para outros serviços e compras de valor até
§ 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do
Administração serão divididas em tantas parcelas quantas inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos
se comprovarem técnica e economicamente viáveis, previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de
procedendo-se à licitação com vistas ao melhor um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à possa ser realizada de uma só vez; (Redação dada
ampliação da competitividade sem perda da economia de pela Lei nº 9.648, de 1998)
escala. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) III - nos casos de guerra ou grave perturbação da
§ 2o Na execução de obras e serviços e nas ordem;
compras de bens, parceladas nos termos do parágrafo IV - nos casos de emergência ou de calamidade
anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, pública, quando caracterizada urgência de atendimento de
serviço ou compra, há de corresponder licitação distinta, situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
preservada a modalidade pertinente para a execução do segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
objeto em licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, outros bens, públicos ou particulares, e somente para os
de 1994) bens necessários ao atendimento da situação emergencial
§ 3o A concorrência é a modalidade de licitação ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que
cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e
compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da
disposto no art. 19, como nas concessões de direito real de ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a
uso e nas licitações internacionais, admitindo-se neste prorrogação dos respectivos contratos;
último caso, observados os limites deste artigo, a tomada V - quando não acudirem interessados à licitação
de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida
cadastro internacional de fornecedores ou o convite, sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso,
quando não houver fornecedor do bem ou serviço no todas as condições preestabelecidas;
País. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) VI - quando a União tiver que intervir no domínio
§ 4o Nos casos em que couber convite, a econômico para regular preços ou normalizar o
Administração poderá utilizar a tomada de preços e, em abastecimento;
qualquer caso, a concorrência. VII - quando as propostas apresentadas
§ 5o É vedada a utilização da modalidade "convite" consignarem preços manifestamente superiores aos
ou "tomada de preços", conforme o caso, para parcelas de praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis
uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos
serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e,
ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta
o somatório de seus valores caracterizar o caso de "tomada dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante
de preços" ou "concorrência", respectivamente, nos termos do registro de preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do
deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica art. 48)
que possam ser executadas por pessoas ou empresas de VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de
especialidade diversa daquela do executor da obra ou direito público interno, de bens produzidos ou serviços
serviço. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) prestados por órgão ou entidade que integre a
§ 6o As organizações industriais da Administração Administração Pública e que tenha sido criado para esse
Federal direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde
aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo também que o preço contratado seja compatível com o praticado no
para suas compras e serviços em geral, desde que para a mercado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
aquisição de materiais aplicados exclusivamente na IX - quando houver possibilidade de
manutenção, reparo ou fabricação de meios operacionais comprometimento da segurança nacional, nos casos
bélicos pertencentes à União. (Incluído pela Lei nº estabelecidos em decreto do Presidente da República,
8.883, de 1994) ouvido o Conselho de Defesa Nacional; (Regulamento)
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e X - para a compra ou locação de imóvel destinado
desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, ao atendimento das finalidades precípuas da administração,
é permitida a cotação de quantidade inferior à demandada cujas necessidades de instalação e localização
na licitação, com vistas a ampliação da competitividade, condicionem a sua escolha, desde que o preço seja
podendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a compatível com o valor de mercado, segundo avaliação
economia de escala. (Incluído pela Lei nº 9.648, de prévia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
1998) XI - na contratação de remanescente de obra,
serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão
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contratual, desde que atendida a ordem de classificação da XXII - na contratação de fornecimento ou


licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas suprimento de energia elétrica e gás natural com
pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as
devidamente corrigido; normas da legislação específica; (Incluído pela Lei nº
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e 9.648, de 1998)
outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a XXIII - na contratação realizada por empresa
realização dos processos licitatórios correspondentes, pública ou sociedade de economia mista com suas
realizadas diretamente com base no preço do subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação
dia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o
XIII - na contratação de instituição brasileira preço contratado seja compatível com o praticado no
incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do mercado. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de XXIV - para a celebração de contratos de
instituição dedicada à recuperação social do preso, desde prestação de serviços com as organizações sociais,
que a contratada detenha inquestionável reputação ético- qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo,
profissional e não tenha fins lucrativos; (Redação para atividades contempladas no contrato de
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) gestão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos XXV - na contratação realizada por Instituição
termos de acordo internacional específico aprovado pelo Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento
Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem para a transferência de tecnologia e para o licenciamento
manifestamente vantajosas para o Poder de direito de uso ou de exploração de criação
Público; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) protegida. (Incluído pela Lei nº 10.973, de 2004)
XV - para a aquisição ou restauração de obras de XXVI – na celebração de contrato de programa
arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde com ente da Federação ou com entidade de sua
que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou administração indireta, para a prestação de serviços
entidade. públicos de forma associada nos termos do autorizado em
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de contrato de consórcio público ou em convênio de
formulários padronizados de uso da administração, e de cooperação. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
edições técnicas oficiais, bem como para prestação de XXVII - na contratação da coleta, processamento e
serviços de informática a pessoa jurídica de direito público comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
interno, por órgãos ou entidades que integrem a reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de
Administração Pública, criados para esse fim lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas
específico; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda
XVII - para a aquisição de componentes ou peças reconhecidas pelo poder público como catadores de
de origem nacional ou estrangeira, necessários à materiais recicláveis, com o uso de equipamentos
manutenção de equipamentos durante o período de compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de
garantia técnica, junto ao fornecedor original desses saúde pública. (Redação dada pela Lei nº 11.445, de
equipamentos, quando tal condição de exclusividade for 2007). (Vigência)
indispensável para a vigência da garantia; (Incluído XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços,
pela Lei nº 8.883, de 1994) produzidos ou prestados no País, que envolvam,
XVIII - nas compras ou contratações de serviços cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa
para o abastecimento de navios, embarcações, unidades nacional, mediante parecer de comissão especialmente
aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando designada pela autoridade máxima do órgão. (Incluído
em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos pela Lei nº 11.484, de 2007).
ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de XXIX – na aquisição de bens e contratação de
movimentação operacional ou de adestramento, quando a serviços para atender aos contingentes militares das Forças
exiguidade dos prazos legais puder comprometer a Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no
normalidade e os propósitos das operações e desde que exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à
seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo
inciso II do art. 23 desta Lei: (Incluído pela Lei nº Comandante da Força. (Incluído pela Lei nº 11.783, de
8.883, de 1994) 2008).
XIX - para as compras de material de uso pelas XXX - na contratação de instituição ou
Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos,
e administrativo, quando houver necessidade de manter a para a prestação de serviços de assistência técnica e
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico extensão rural no âmbito do Programa Nacional de
dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura
comissão instituída por decreto; (Incluído pela Lei nº Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei
8.883, de 1994) federal. (Incluído pela Lei nº 12.188, de
XX - na contratação de associação de portadores 2.010) Vigência
de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada XXXI - nas contratações visando ao cumprimento
idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração do disposto nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2
Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de
mão-de-obra, desde que o preço contratado seja contratação dela constantes. (Incluído pela Lei nº
compatível com o praticado no mercado. (Incluído 12.349, de 2010)
pela Lei nº 8.883, de 1994) XXXII - na contratação em que houver
XXI - para a aquisição ou contratação de produto transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o
para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080,
obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da
valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição
23; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) destes produtos durante as etapas de absorção
tecnológica. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
111
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

XXXIII - na contratação de entidades privadas sem trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à
fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras plena satisfação do objeto do contrato.
tecnologias sociais de acesso à água para consumo § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos
humano e produção de alimentos, para beneficiar as casos de dispensa, se comprovado superfaturamento,
famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda
regular de água. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais
direito público interno de insumos estratégicos para a saúde cabíveis.
produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2 o e 4o do
estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de
administração pública direta, sua autarquia ou fundação em inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente
projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo
institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro
inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e
execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias,
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o como condição para a eficácia dos atos. (Redação dada
Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII pela Lei nº 11.107, de 2005)
deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim Parágrafo único. O processo de dispensa, de
específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo,
o preço contratado seja compatível com o praticado no será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
mercado. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) I - caracterização da situação emergencial ou
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso;
caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
compras, obras e serviços contratados por consórcios III - justificativa do preço.
públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e IV - documento de aprovação dos projetos de
por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, pesquisa aos quais os bens serão alocados. (Incluído pela
como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715, Lei nº 9.648, de 1998)
de 2012) Seção II
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou Da Habilitação
entidade que integre a administração pública estabelecido Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-
no inciso VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa
ou entidades que produzem produtos estratégicos para o a:
SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de I - habilitação jurídica;
1990, conforme elencados em ato da direção nacional do II - qualificação técnica;
SUS. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) III - qualificação econômico-financeira;
§ 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI IV – regularidade fiscal e trabalhista; (Redação
do caput, quando aplicada a obras e serviços de dada pela Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência)
engenharia, seguirá procedimentos especiais instituídos em V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do
regulamentação específica. (Incluído pela Lei nº art. 7o da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 9.854,
13.243, de 2016) de 1999)
§ 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I Art. 28. A documentação relativa à habilitação
do caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do jurídica, conforme o caso, consistirá em:
caput. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) I - cédula de identidade;
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver II - registro comercial, no caso de empresa
inviabilidade de competição, em especial: individual;
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em
gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, vigor, devidamente registrado, em se tratando de
empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por
preferência de marca, devendo a comprovação de ações, acompanhado de documentos de eleição de seus
exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo administradores;
órgão de registro do comércio do local em que se realizaria IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de
a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em
Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas exercício;
entidades equivalentes; V - decreto de autorização, em se tratando de
II - para a contratação de serviços técnicos empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no
enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com País, e ato de registro ou autorização para funcionamento
profissionais ou empresas de notória especialização, expedido pelo órgão competente, quando a atividade assim
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e o exigir.
divulgação; Art. 29. A documentação relativa à regularidade
III - para contratação de profissional de qualquer fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá
setor artístico, diretamente ou através de empresário em: (Redação dada pela Lei nº 12.440, de
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada 2011) (Vigência)
ou pela opinião pública. I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas
§ 1o Considera-se de notória especialização o Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes
profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua (CGC);
especialidade, decorrente de desempenho anterior, II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes
estudos, experiências, publicações, organização, estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou
aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu compatível com o objeto contratual;

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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

III - prova de regularidade para com a Fazenda § 6o As exigências mínimas relativas a instalações
Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do de canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; especializado, considerados essenciais para o cumprimento
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade do objeto da licitação, serão atendidas mediante a
Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço apresentação de relação explícita e da declaração formal
(FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as
dos encargos sociais instituídos por lei. (Redação dada pela exigências de propriedade e de localização prévia.
Lei nº 8.883, de 1994) § 7º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
V – prova de inexistência de débitos inadimplidos 1994)
perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de I - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
certidão negativa, nos termos do Título VII-A da II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto- § 8o No caso de obras, serviços e compras de
Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. (Incluído pela Lei nº grande vulto, de alta complexidade técnica, poderá a
12.440, de 2011) (Vigência) Administração exigir dos licitantes a metodologia de
Art. 30. A documentação relativa à qualificação execução, cuja avaliação, para efeito de sua aceitação ou
técnica limitar-se-á a: não, antecederá sempre à análise dos preços e será
I - registro ou inscrição na entidade profissional efetuada exclusivamente por critérios objetivos.
competente; § 9o Entende-se por licitação de alta complexidade
II - comprovação de aptidão para desempenho de técnica aquela que envolva alta especialização, como fator
atividade pertinente e compatível em características, de extrema relevância para garantir a execução do objeto a
quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação ser contratado, ou que possa comprometer a continuidade
das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico da prestação de serviços públicos essenciais.
adequados e disponíveis para a realização do objeto da § 10. Os profissionais indicados pelo licitante para
licitação, bem como da qualificação de cada um dos fins de comprovação da capacitação técnico-profissional de
membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos que trata o inciso I do § 1o deste artigo deverão participar
trabalhos; da obra ou serviço objeto da licitação, admitindo-se a
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de substituição por profissionais de experiência equivalente ou
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que superior, desde que aprovada pela administração. (Incluído
tomou conhecimento de todas as informações e das pela Lei nº 8.883, de 1994)
condições locais para o cumprimento das obrigações objeto § 11. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de
da licitação; 1994)
IV - prova de atendimento de requisitos previstos § 12. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de
em lei especial, quando for o caso. 1994)
§ 1o A comprovação de aptidão referida no inciso Art. 31. A documentação relativa à qualificação
II do "caput" deste artigo, no caso das licitações pertinentes econômico-financeira limitar-se-á a:
a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis
pessoas jurídicas de direito público ou privado, do último exercício social, já exigíveis e apresentados na
devidamente registrados nas entidades profissionais forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da
competentes, limitadas as exigências a: (Redação dada empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou
pela Lei nº 8.883, de 1994) balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices
I - capacitação técnico-profissional: comprovação oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da
do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data data de apresentação da proposta;
prevista para entrega da proposta, profissional de nível II - certidão negativa de falência ou concordata
superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de
competente, detentor de atestado de responsabilidade execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa
técnica por execução de obra ou serviço de características física;
semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios
de maior relevância e valor significativo do objeto da previstos no "caput" e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a
licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da
ou prazos máximos; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) contratação.
II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) § 1o A exigência de índices limitar-se-á à
a) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) demonstração da capacidade financeira do licitante com
b) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe
§ 2o As parcelas de maior relevância técnica e de seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores
valor significativo, mencionadas no parágrafo anterior, mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade
serão definidas no instrumento convocatório. (Redação ou lucratividade. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 2o A Administração, nas compras para entrega
§ 3o Será sempre admitida a comprovação de futura e na execução de obras e serviços, poderá
aptidão através de certidões ou atestados de obras ou estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a
serviços similares de complexidade tecnológica e exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido
operacional equivalente ou superior. mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1o do art. 56
§ 4o Nas licitações para fornecimento de bens, a desta Lei, como dado objetivo de comprovação da
comprovação de aptidão, quando for o caso, será feita qualificação econômico-financeira dos licitantes e para
através de atestados fornecidos por pessoa jurídica de efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser
direito público ou privado. ulteriormente celebrado.
§ 5o É vedada a exigência de comprovação de § 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio
atividade ou de aptidão com limitações de tempo ou de líquido a que se refere o parágrafo anterior não poderá
época ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da
não previstas nesta Lei, que inibam a participação na contratação, devendo a comprovação ser feita
licitação. relativamente à data da apresentação da proposta, na
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forma da lei, admitida a atualização para esta data através pronta entrega ou até o valor previsto na alínea “a” do inciso
de índices oficiais. II do caput do art. 23. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
§ 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos Art. 33. Quando permitida na licitação a
compromissos assumidos pelo licitante que importem participação de empresas em consórcio, observar-se-ão as
diminuição da capacidade operativa ou absorção de seguintes normas:
disponibilidade financeira, calculada esta em função do I - comprovação do compromisso público ou
patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de rotação. particular de constituição de consórcio, subscrito pelos
§ 5o A comprovação de boa situação financeira da consorciados;
empresa será feita de forma objetiva, através do cálculo de II - indicação da empresa responsável pelo
índices contábeis previstos no edital e devidamente consórcio que deverá atender às condições de liderança,
justificados no processo administrativo da licitação que obrigatoriamente fixadas no edital;
tenha dado início ao certame licitatório, vedada a exigência III - apresentação dos documentos exigidos nos
de índices e valores não usualmente adotados para correta arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado,
avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento admitindo-se, para efeito de qualificação técnica, o
das obrigações decorrentes da licitação. (Redação dada somatório dos quantitativos de cada consorciado, e, para
pela Lei nº 8.883, de 1994) efeito de qualificação econômico-financeira, o somatório
§ 6º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de dos valores de cada consorciado, na proporção de sua
1994) respectiva participação, podendo a Administração
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até 30%
poderão ser apresentados em original, por qualquer (trinta por cento) dos valores exigidos para licitante
processo de cópia autenticada por cartório competente ou individual, inexigível este acréscimo para os consórcios
por servidor da administração ou publicação em órgão da compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas
imprensa oficial. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) empresas assim definidas em lei;
§ 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a IV - impedimento de participação de empresa
31 desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, consorciada, na mesma licitação, através de mais de um
nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens para consórcio ou isoladamente;
pronta entrega e leilão. V - responsabilidade solidária dos integrantes
§ 2o O certificado de registro cadastral a que se pelos atos praticados em consórcio, tanto na fase de
refere o § 1o do art. 36 substitui os documentos licitação quanto na de execução do contrato.
enumerados nos arts. 28 a 31, quanto às informações § 1o No consórcio de empresas brasileiras e
disponibilizadas em sistema informatizado de consulta estrangeiras a liderança caberá, obrigatoriamente, à
direta indicado no edital, obrigando-se a parte a declarar, empresa brasileira, observado o disposto no inciso II deste
sob as penalidades legais, a superveniência de fato artigo.
impeditivo da habilitação. (Redação dada pela Lei nº 9.648, § 2o O licitante vencedor fica obrigado a promover,
de 1998) antes da celebração do contrato, a constituição e o registro
§ 3o A documentação referida neste artigo poderá do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso
ser substituída por registro cadastral emitido por órgão ou I deste artigo.
entidade pública, desde que previsto no edital e o registro Seção III
tenha sido feito em obediência ao disposto nesta Lei. Dos Registros Cadastrais
§ 4o As empresas estrangeiras que não funcionem Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e
no País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações entidades da Administração Pública que realizem
internacionais, às exigências dos parágrafos anteriores frequentemente licitações manterão registros cadastrais
mediante documentos equivalentes, autenticados pelos para efeito de habilitação, na forma regulamentar, válidos
respectivos consulados e traduzidos por tradutor por, no máximo, um ano. (Regulamento)
juramentado, devendo ter representação legal no Brasil § 1o O registro cadastral deverá ser amplamente
com poderes expressos para receber citação e responder divulgado e deverá estar permanentemente aberto aos
administrativa ou judicialmente. interessados, obrigando-se a unidade por ele responsável a
§ 5o Não se exigirá, para a habilitação de que trata proceder, no mínimo anualmente, através da imprensa
este artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, oficial e de jornal diário, a chamamento público para a
salvo os referentes a fornecimento do edital, quando atualização dos registros existentes e para o ingresso de
solicitado, com os seus elementos constitutivos, limitados novos interessados.
ao valor do custo efetivo de reprodução gráfica da § 2o É facultado às unidades administrativas
documentação fornecida. utilizarem-se de registros cadastrais de outros órgãos ou
§ 6o O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do entidades da Administração Pública.
art. 33 e no § 2o do art. 55, não se aplica às licitações Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou
internacionais para a aquisição de bens e serviços cujo atualização deste, a qualquer tempo, o interessado
pagamento seja feito com o produto de financiamento fornecerá os elementos necessários à satisfação das
concedido por organismo financeiro internacional de que o exigências do art. 27 desta Lei.
Brasil faça parte, ou por agência estrangeira de Art. 36. Os inscritos serão classificados por
cooperação, nem nos casos de contratação com empresa categorias, tendo-se em vista sua especialização,
estrangeira, para a compra de equipamentos fabricados e subdivididas em grupos, segundo a qualificação técnica e
entregues no exterior, desde que para este caso tenha econômica avaliada pelos elementos constantes da
havido prévia autorização do Chefe do Poder Executivo, documentação relacionada nos arts. 30 e 31 desta Lei.
nem nos casos de aquisição de bens e serviços realizada § 1o Aos inscritos será fornecido certificado,
por unidades administrativas com sede no exterior. renovável sempre que atualizarem o registro.
§ 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a § 2o A atuação do licitante no cumprimento de
31 e este artigo poderá ser dispensada, nos termos de obrigações assumidas será anotada no respectivo registro
regulamento, no todo ou em parte, para a contratação de cadastral.
produto para pesquisa e desenvolvimento, desde que para Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado,
suspenso ou cancelado o registro do inscrito que deixar de
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satisfazer as exigências do art. 27 desta Lei, ou as Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto da
estabelecidas para classificação cadastral. licitação;
Seção IV III - sanções para o caso de inadimplemento;
Do Procedimento e Julgamento IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado projeto básico;
com a abertura de processo administrativo, devidamente V - se há projeto executivo disponível na data da
autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização publicação do edital de licitação e o local onde possa ser
respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso examinado e adquirido;
próprio para a despesa, e ao qual serão juntados VI - condições para participação na licitação, em
oportunamente: conformidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando apresentação das propostas;
for o caso; VII - critério para julgamento, com disposições
II - comprovante das publicações do edital claras e parâmetros objetivos;
resumido, na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do VIII - locais, horários e códigos de acesso dos
convite; meios de comunicação à distância em que serão fornecidos
III - ato de designação da comissão de licitação, do elementos, informações e esclarecimentos relativos à
leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável licitação e às condições para atendimento das obrigações
pelo convite; necessárias ao cumprimento de seu objeto;
IV - original das propostas e dos documentos que IX - condições equivalentes de pagamento entre
as instruírem; empresas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão internacionais;
Julgadora; X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre global, conforme o caso, permitida a fixação de preços
a licitação, dispensa ou inexigibilidade; máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de
da sua homologação; referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos art. 48; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
licitantes e respectivas manifestações e decisões; XI - critério de reajuste, que deverá retratar a
IX - despacho de anulação ou de revogação da variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção
licitação, quando for o caso, fundamentado de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista
circunstanciadamente; para apresentação da proposta, ou do orçamento a que
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, essa proposta se referir, até a data do adimplemento de
conforme o caso; cada parcela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
XI - outros comprovantes de publicações; XII - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
XII - demais documentos relativos à licitação. 1994)
Parágrafo único. As minutas de editais de XIII - limites para pagamento de instalação e
licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios mobilização para execução de obras ou serviços que serão
ou ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas obrigatoriamente previstos em separado das demais
por assessoria jurídica da Administração. (Redação dada parcelas, etapas ou tarefas;
pela Lei nº 8.883, de 1994) XIV - condições de pagamento, prevendo:
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma a) prazo de pagamento não superior a trinta dias,
licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou contado a partir da data final do período de adimplemento
sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto de cada parcela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
no art. 23, inciso I, alínea "c" desta Lei, o processo licitatório 1994)
será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência pública b) cronograma de desembolso máximo por
concedida pela autoridade responsável com antecedência período, em conformidade com a disponibilidade de
mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista para a recursos financeiros;
publicação do edital, e divulgada, com a antecedência c) critério de atualização financeira dos valores a
mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos serem pagos, desde a data final do período de
mesmos meios previstos para a publicidade da licitação, à adimplemento de cada parcela até a data do efetivo
qual terão acesso e direito a todas as informações pagamento; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
pertinentes e a se manifestar todos os interessados. d) compensações financeiras e penalizações, por
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, eventuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações
consideram-se licitações simultâneas aquelas com objetos de pagamentos;
similares e com realização prevista para intervalos não e) exigência de seguros, quando for o caso;
superiores a trinta dias e licitações sucessivas aquelas em XV - instruções e normas para os recursos
que, também com objetos similares, o edital subsequente previstos nesta Lei;
tenha uma data anterior a cento e vinte dias após o término XVI - condições de recebimento do objeto da
do contrato resultante da licitação antecedente. (Redação licitação;
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XVII - outras indicações específicas ou peculiares
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número da licitação.
de ordem em série anual, o nome da repartição interessada § 1o O original do edital deverá ser datado,
e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o rubricado em todas as folhas e assinado pela autoridade
tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, que o expedir, permanecendo no processo de licitação, e
o local, dia e hora para recebimento da documentação e dele extraindo-se cópias integrais ou resumidas, para sua
proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, divulgação e fornecimento aos interessados.
e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: § 2o Constituem anexos do edital, dele fazendo
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; parte integrante:
II - prazo e condições para assinatura do contrato
ou retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta
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I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as tributos que oneram exclusivamente os licitantes brasileiros
suas partes, desenhos, especificações e outros quanto à operação final de venda.
complementos; § 5o Para a realização de obras, prestação de
II - orçamento estimado em planilhas de serviços ou aquisição de bens com recursos provenientes
quantitativos e preços unitários; (Redação dada pela Lei nº de financiamento ou doação oriundos de agência oficial de
8.883, de 1994) cooperação estrangeira ou organismo financeiro multilateral
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a de que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas, na
Administração e o licitante vencedor; respectiva licitação, as condições decorrentes de acordos,
IV - as especificações complementares e as protocolos, convenções ou tratados internacionais
normas de execução pertinentes à licitação. aprovados pelo Congresso Nacional, bem como as normas
§ 3o Para efeito do disposto nesta Lei, considera- e procedimentos daquelas entidades, inclusive quanto ao
se como adimplemento da obrigação contratual a prestação critério de seleção da proposta mais vantajosa para a
do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de administração, o qual poderá contemplar, além do preço,
parcela destes, bem como qualquer outro evento contratual outros fatores de avaliação, desde que por elas exigidos
a cuja ocorrência esteja vinculada a emissão de documento para a obtenção do financiamento ou da doação, e que
de cobrança. também não conflitem com o princípio do julgamento
§ 4o Nas compras para entrega imediata, assim objetivo e sejam objeto de despacho motivado do órgão
entendidas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da executor do contrato, despacho esse ratificado pela
data prevista para apresentação da proposta, poderão ser autoridade imediatamente superior. (Redação dada pela Lei
dispensadas: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) nº 8.883, de 1994)
I - o disposto no inciso XI deste artigo; (Incluído § 6o As cotações de todos os licitantes serão para
pela Lei nº 8.883, de 1994) entrega no mesmo local de destino.
II - a atualização financeira a que se refere a alínea Art. 43. A licitação será processada e julgada com
"c" do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período observância dos seguintes procedimentos:
compreendido entre as datas do adimplemento e a prevista I - abertura dos envelopes contendo a
para o pagamento, desde que não superior a quinze dias. documentação relativa à habilitação dos concorrentes, e
(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) sua apreciação;
Art. 41. A Administração não pode descumprir as II - devolução dos envelopes fechados aos
normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente concorrentes inabilitados, contendo as respectivas
vinculada. propostas, desde que não tenha havido recurso ou após
§ 1o Qualquer cidadão é parte legítima para sua denegação;
impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação III - abertura dos envelopes contendo as propostas
desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias dos concorrentes habilitados, desde que transcorrido o
úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido
habilitação, devendo a Administração julgar e responder à desistência expressa, ou após o julgamento dos recursos
impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da interpostos;
faculdade prevista no § 1o do art. 113. IV - verificação da conformidade de cada proposta
§ 2o Decairá do direito de impugnar os termos do com os requisitos do edital e, conforme o caso, com os
edital de licitação perante a administração o licitante que preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial
não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura competente, ou ainda com os constantes do sistema de
dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura registro de preços, os quais deverão ser devidamente
dos envelopes com as propostas em convite, tomada de registrados na ata de julgamento, promovendo-se a
preços ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou desclassificação das propostas desconformes ou
irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que incompatíveis;
tal comunicação não terá efeito de recurso. (Redação dada V - julgamento e classificação das propostas de
pela Lei nº 8.883, de 1994) acordo com os critérios de avaliação constantes do edital;
§ 3o A impugnação feita tempestivamente pelo VI - deliberação da autoridade competente quanto
licitante não o impedirá de participar do processo licitatório à homologação e adjudicação do objeto da licitação.
até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente. § 1o A abertura dos envelopes contendo a
§ 4o A inabilitação do licitante importa preclusão documentação para habilitação e as propostas será
do seu direito de participar das fases subsequentes. realizada sempre em ato público previamente designado,
Art. 42. Nas concorrências de âmbito do qual se lavrará ata circunstanciada, assinada pelos
internacional, o edital deverá ajustar-se às diretrizes da licitantes presentes e pela Comissão.
política monetária e do comércio exterior e atender às § 2o Todos os documentos e propostas serão
exigências dos órgãos competentes. rubricados pelos licitantes presentes e pela Comissão.
§ 1o Quando for permitido ao licitante estrangeiro § 3o É facultada à Comissão ou autoridade
cotar preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de
fazer o licitante brasileiro. diligência destinada a esclarecer ou a complementar a
§ 2o O pagamento feito ao licitante brasileiro instrução do processo, vedada a inclusão posterior de
eventualmente contratado em virtude da licitação de que documento ou informação que deveria constar
trata o parágrafo anterior será efetuado em moeda originariamente da proposta.
brasileira, à taxa de câmbio vigente no dia útil § 4o O disposto neste artigo aplica-se à
imediatamente anterior à data do efetivo pagamento. concorrência e, no que couber, ao concurso, ao leilão, à
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) tomada de preços e ao convite. (Redação dada pela Lei nº
§ 3o As garantias de pagamento ao licitante 8.883, de 1994)
brasileiro serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante § 5o Ultrapassada a fase de habilitação dos
estrangeiro. concorrentes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso
§ 4o Para fins de julgamento da licitação, as III), não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com
propostas apresentadas por licitantes estrangeiros serão a habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes ou só
acrescidas dos gravames consequentes dos mesmos conhecidos após o julgamento.
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§ 6o Após a fase de habilitação, não cabe § 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão
desistência de proposta, salvo por motivo justo decorrente selecionadas tantas propostas quantas necessárias até que
de fato superveniente e aceito pela Comissão. se atinja a quantidade demandada na licitação. (Incluído
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão pela Lei nº 9.648, de 1998)
levará em consideração os critérios objetivos definidos no Art. 46. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou
edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas "técnica e preço" serão utilizados exclusivamente para
e princípios estabelecidos por esta Lei. serviços de natureza predominantemente intelectual, em
§ 1o É vedada a utilização de qualquer elemento, especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,
critério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em
possa ainda que indiretamente elidir o princípio da geral e, em particular, para a elaboração de estudos
igualdade entre os licitantes. técnicos preliminares e projetos básicos e executivos,
§ 2o Não se considerará qualquer oferta de ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior. (Redação
vantagem não prevista no edital ou no convite, inclusive dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
financiamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço § 1o Nas licitações do tipo "melhor técnica" será
ou vantagem baseada nas ofertas dos demais licitantes. adotado o seguinte procedimento claramente explicitado no
§ 3o Não se admitirá proposta que apresente instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo que
preços global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor a Administração se propõe a pagar:
zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salários I - serão abertos os envelopes contendo as
de mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda propostas técnicas exclusivamente dos licitantes
que o ato convocatório da licitação não tenha estabelecido previamente qualificados e feita então a avaliação e
limites mínimos, exceto quando se referirem a materiais e classificação destas propostas de acordo com os critérios
instalações de propriedade do próprio licitante, para os pertinentes e adequados ao objeto licitado, definidos com
quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da clareza e objetividade no instrumento convocatório e que
remuneração. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) considerem a capacitação e a experiência do proponente, a
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se qualidade técnica da proposta, compreendendo
também às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira metodologia, organização, tecnologias e recursos materiais
ou importações de qualquer natureza.(Redação dada pela a serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das
Lei nº 8.883, de 1994) equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua execução;
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, II - uma vez classificadas as propostas técnicas,
devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo proceder-se-á à abertura das propostas de preço dos
convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitantes que tenham atingido a valorização mínima
licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato estabelecida no instrumento convocatório e à negociação
convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente das condições propostas, com a proponente melhor
nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos classificada, com base nos orçamentos detalhados
licitantes e pelos órgãos de controle. apresentados e respectivos preços unitários e tendo como
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos referência o limite representado pela proposta de menor
de licitação, exceto na modalidade concurso: (Redação preço entre os licitantes que obtiveram a valorização
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) mínima;
I - a de menor preço - quando o critério de seleção III - no caso de impasse na negociação anterior,
da proposta mais vantajosa para a Administração procedimento idêntico será adotado, sucessivamente, com
determinar que será vencedor o licitante que apresentar a os demais proponentes, pela ordem de classificação, até a
proposta de acordo com as especificações do edital ou consecução de acordo para a contratação;
convite e ofertar o menor preço; IV - as propostas de preços serão devolvidas
II - a de melhor técnica; intactas aos licitantes que não forem preliminarmente
III - a de técnica e preço. habilitados ou que não obtiverem a valorização mínima
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de estabelecida para a proposta técnica.
alienação de bens ou concessão de direito real de uso. § 2o Nas licitações do tipo "técnica e preço" será
(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) adotado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o
§ 2o No caso de empate entre duas ou mais seguinte procedimento claramente explicitado no
propostas, e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o instrumento convocatório:
desta Lei, a classificação se fará, obrigatoriamente, por I - será feita a avaliação e a valorização das
sorteio, em ato público, para o qual todos os licitantes serão propostas de preços, de acordo com critérios objetivos
convocados, vedado qualquer outro processo. preestabelecidos no instrumento convocatório;
§ 3o No caso da licitação do tipo "menor preço", II - a classificação dos proponentes far-se-á de
entre os licitantes considerados qualificados a classificação acordo com a média ponderada das valorizações das
se dará pela ordem crescente dos preços propostos, propostas técnicas e de preço, de acordo com os pesos
prevalecendo, no caso de empate, exclusivamente o critério preestabelecidos no instrumento convocatório.
previsto no parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº § 3o Excepcionalmente, os tipos de licitação
8.883, de 1994) previstos neste artigo poderão ser adotados, por
§ 4o Para contratação de bens e serviços de autorização expressa e mediante justificativa
informática, a administração observará o disposto no art. 3o circunstanciada da maior autoridade da Administração
da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em promotora constante do ato convocatório, para
conta os fatores especificados em seu parágrafo 2o e fornecimento de bens e execução de obras ou prestação de
adotando obrigatoriamento o tipo de licitação "técnica e serviços de grande vulto majoritariamente dependentes de
preço", permitido o emprego de outro tipo de licitação nos tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito,
casos indicados em decreto do Poder Executivo. (Redação atestado por autoridades técnicas de reconhecida
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) qualificação, nos casos em que o objeto pretendido admitir
§ 5o É vedada a utilização de outros tipos de soluções alternativas e variações de execução, com
licitação não previstos neste artigo. repercussões significativas sobre sua qualidade,
produtividade, rendimento e durabilidade concretamente
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mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha § 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos
dos licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente aplica-se aos atos do procedimento de dispensa e de
fixados no ato convocatório. inexigibilidade de licitação.
§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de Art. 50. A Administração não poderá celebrar o
1994) contrato com preterição da ordem de classificação das
Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento
serviços, quando for adotada a modalidade de execução de licitatório, sob pena de nulidade.
empreitada por preço global, a Administração deverá Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em
fornecer obrigatoriamente, junto com o edital, todos os registro cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as
elementos e informações necessários para que os licitantes propostas serão processadas e julgadas por comissão
possam elaborar suas propostas de preços com total e permanente ou especial de, no mínimo, 3 (três) membros,
completo conhecimento do objeto da licitação. sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores qualificados
Art. 48. Serão desclassificadas: pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da
I - as propostas que não atendam às exigências do Administração responsáveis pela licitação.
ato convocatório da licitação; § 1o No caso de convite, a Comissão de licitação,
II - propostas com valor global superior ao limite excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas
estabelecido ou com preços manifestamente inexeqüiveis, e em face da exigüidade de pessoal disponível, poderá ser
assim considerados aqueles que não venham a ter substituída por servidor formalmente designado pela
demonstrada sua viabilidade através de documentação que autoridade competente.
comprove que os custos dos insumos são coerentes com § 2o A Comissão para julgamento dos pedidos de
os de mercado e que os coeficientes de produtividade são inscrição em registro cadastral, sua alteração ou
compatíveis com a execução do objeto do contrato, cancelamento, será integrada por profissionais legalmente
condições estas necessariamente especificadas no ato habilitados no caso de obras, serviços ou aquisição de
convocatório da licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, equipamentos.
de 1994) § 3o Os membros das Comissões de licitação
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste responderão solidariamente por todos os atos praticados
artigo consideram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso pela Comissão, salvo se posição individual divergente
de licitações de menor preço para obras e serviços de estiver devidamente fundamentada e registrada em ata
engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão.
70% (setenta por cento) do menor dos seguintes § 4o A investidura dos membros das Comissões
valores: (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) permanentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a
a) média aritmética dos valores das propostas recondução da totalidade de seus membros para a mesma
superiores a 50% (cinquenta por cento) do valor orçado comissão no período subsequente.
pela administração, ou (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) § 5o No caso de concurso, o julgamento será feito
b) valor orçado pela administração. (Incluído pela por uma comissão especial integrada por pessoas de
Lei nº 9.648, de 1998) reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria
§ 2º Dos licitantes classificados na forma do em exame, servidores públicos ou não.
parágrafo anterior cujo valor global da proposta for inferior a Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art.
80% (oitenta por cento) do menor valor a que se referem as 22 desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a
alíneas "a" e "b", será exigida, para a assinatura do ser obtido pelos interessados no local indicado no edital.
contrato, prestação de garantia adicional, dentre as § 1o O regulamento deverá indicar:
modalidades previstas no § 1º do art. 56, igual a diferença I - a qualificação exigida dos participantes;
entre o valor resultante do parágrafo anterior e o valor da II - as diretrizes e a forma de apresentação do
correspondente proposta. (Incluído pela Lei nº 9.648, de trabalho;
1998) III - as condições de realização do concurso e os
§ 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados prêmios a serem concedidos.
ou todas as propostas forem desclassificadas, a § 2o Em se tratando de projeto, o vencedor deverá
administração poderá fixar aos licitantes o prazo de autorizar a Administração a executá-lo quando julgar
oito dias úteis para a apresentação de nova documentação conveniente.
ou de outras propostas escoimadas das causas referidas Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro
neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução deste oficial ou a servidor designado pela Administração,
prazo para três dias úteis. (Incluído pela Lei nº 9.648, de procedendo-se na forma da legislação pertinente.
1998) § 1o Todo bem a ser leiloado será previamente
Art. 49. A autoridade competente para a avaliado pela Administração para fixação do preço mínimo
aprovação do procedimento somente poderá revogar a de arrematação.
licitação por razões de interesse público decorrente de fato § 2o Os bens arrematados serão pagos à vista ou
superveniente devidamente comprovado, pertinente e no percentual estabelecido no edital, não inferior a 5%
suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por (cinco por cento) e, após a assinatura da respectiva ata
ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, lavrada no local do leilão, imediatamente entregues ao
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. arrematante, o qual se obrigará ao pagamento do restante
§ 1o A anulação do procedimento licitatório por no prazo estipulado no edital de convocação, sob pena de
motivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, perder em favor da Administração o valor já recolhido.
ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta § 3o Nos leilões internacionais, o pagamento da
Lei. parcela à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
do contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do § 4o O edital de leilão deve ser amplamente
art. 59 desta Lei. divulgado, principalmente no município em que se realizará.
§ 3o No caso de desfazimento do processo (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
licitatório, fica assegurado o contraditório e a ampla defesa. Capítulo III
DOS CONTRATOS
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Seção I I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida


Disposições Preliminares pública, devendo estes ter sido emitidos sob a forma
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata escritural, mediante registro em sistema centralizado de
esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do
de direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme
princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de definido pelo Ministério da Fazenda; (Redação dada pela
direito privado. Lei nº 11.079, de 2004)
§ 1o Os contratos devem estabelecer com clareza II - seguro-garantia; (Redação dada pela Lei nº
e precisão as condições para sua execução, expressas em 8.883, de 1994)
cláusulas que definam os direitos, obrigações e III - fiança bancária. (Redação dada pela Lei nº
responsabilidades das partes, em conformidade com os 8.883, de 8.6.94)
termos da licitação e da proposta a que se vinculam. § 2o A garantia a que se refere o caput deste
§ 2o Os contratos decorrentes de dispensa ou de artigo não excederá a cinco por cento do valor do contrato e
inexigibilidade de licitação devem atender aos termos do terá seu valor atualizado nas mesmas condições daquele,
ato que os autorizou e da respectiva proposta. ressalvado o previsto no parágrafo 3o deste artigo.
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
contrato as que estabeleçam: § 3o Para obras, serviços e fornecimentos de
I - o objeto e seus elementos característicos; grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos
II - o regime de execução ou a forma de financeiros consideráveis, demonstrados através de parecer
fornecimento; tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o
III - o preço e as condições de pagamento, os limite de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser
critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de elevado para até dez por cento do valor do contrato.
preços, os critérios de atualização monetária entre a data (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento; § 4o A garantia prestada pelo contratado será
IV - os prazos de início de etapas de execução, de liberada ou restituída após a execução do contrato e,
conclusão, de entrega, de observação e de recebimento quando em dinheiro, atualizada monetariamente.
definitivo, conforme o caso; § 5o Nos casos de contratos que importem na
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado
indicação da classificação funcional programática e da ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido
categoria econômica; o valor desses bens.
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta
plena execução, quando exigidas; Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, orçamentários, exceto quanto aos relativos:
as penalidades cabíveis e os valores das multas; I - aos projetos cujos produtos estejam
VIII - os casos de rescisão; contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual,
IX - o reconhecimento dos direitos da os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da
Administração, em caso de rescisão administrativa prevista Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato
no art. 77 desta Lei; convocatório;
X - as condições de importação, a data e a taxa de II - à prestação de serviços a serem executados de
câmbio para conversão, quando for o caso; forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de
que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do preços e condições mais vantajosas para a administração,
licitante vencedor; limitada a sessenta meses; (Redação dada pela Lei nº
XII - a legislação aplicável à execução do contrato 9.648, de 1998)
e especialmente aos casos omissos; III - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante 1994)
toda a execução do contrato, em compatibilidade com as IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de
obrigações por ele assumidas, todas as condições de programas de informática, podendo a duração estender-se
habilitação e qualificação exigidas na licitação. pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início
§ 1º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de da vigência do contrato.
1994) V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX,
§ 2o Nos contratos celebrados pela Administração XXVIII e XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter
Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas vigência por até 120 (cento e vinte) meses, caso haja
domiciliadas no estrangeiro, deverá constar interesse da administração. (Incluído pela Lei nº 12.349, de
necessariamente cláusula que declare competente o foro 2010)
da sede da Administração para dirimir qualquer questão § 1o Os prazos de início de etapas de execução,
contratual, salvo o disposto no § 6o do art. 32 desta Lei. de conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas
§ 3o No ato da liquidação da despesa, os serviços as demais cláusulas do contrato e assegurada a
de contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde
arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente
Município, as características e os valores pagos, segundo o autuados em processo:
disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de I - alteração do projeto ou especificações, pela
1964. Administração;
Art. 56. A critério da autoridade competente, em II - superveniência de fato excepcional ou
cada caso, e desde que prevista no instrumento imprevisível, estranho à vontade das partes, que altere
convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas fundamentalmente as condições de execução do contrato;
contratações de obras, serviços e compras. III - interrupção da execução do contrato ou
§ 1o Caberá ao contratado optar por uma das diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da
seguintes modalidades de garantia: (Redação dada pela Lei Administração;
nº 8.883, de 1994)
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IV - aumento das quantidades inicialmente que autorizou a sua lavratura, o número do processo da
previstas no contrato, nos limites permitidos por esta Lei; licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos
V - impedimento de execução do contrato por fato contratantes às normas desta Lei e às cláusulas
ou ato de terceiro reconhecido pela Administração em contratuais.
documento contemporâneo à sua ocorrência; Parágrafo único. A publicação resumida do
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da instrumento de contrato ou de seus aditamentos na
Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos imprensa oficial, que é condição indispensável para sua
de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto
na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer
aplicáveis aos responsáveis. no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o
§ 2o Toda prorrogação de prazo deverá ser seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no
justificada por escrito e previamente autorizada pela art. 26 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
autoridade competente para celebrar o contrato. 1994)
§ 3o É vedado o contrato com prazo de vigência Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório
indeterminado. nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem
§ 4o Em caráter excepcional, devidamente como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam
justificado e mediante autorização da autoridade superior, o compreendidos nos limites destas duas modalidades de
prazo de que trata o inciso II do caput deste artigo poderá licitação, e facultativo nos demais em que a Administração
ser prorrogado por até doze meses. (Incluído pela Lei nº puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como
9.648, de 1998) carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização
Art. 58. O regime jurídico dos contratos de compra ou ordem de execução de serviço.
administrativos instituído por esta Lei confere à § 1o A minuta do futuro contrato integrará sempre
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: o edital ou ato convocatório da licitação.
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor § 2o Em "carta contrato", "nota de empenho de
adequação às finalidades de interesse público, respeitados despesa", "autorização de compra", "ordem de execução de
os direitos do contratado; serviço" ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no que
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos couber, o disposto no art. 55 desta Lei. (Redação dada pela
especificados no inciso I do art. 79 desta Lei; Lei nº 8.883, de 1994)
III - fiscalizar-lhes a execução; § 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução desta Lei e demais normas gerais, no que couber:
total ou parcial do ajuste; I - aos contratos de seguro, de financiamento, de
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar locação em que o Poder Público seja locatário, e aos
provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por
vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da norma de direito privado;
necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas II - aos contratos em que a Administração for parte
contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de como usuária de serviço público.
rescisão do contrato administrativo. § 4o É dispensável o "termo de contrato" e
§ 1o As cláusulas econômico-financeiras e facultada a substituição prevista neste artigo, a critério da
monetárias dos contratos administrativos não poderão ser Administração e independentemente de seu valor, nos
alteradas sem prévia concordância do contratado. casos de compra com entrega imediata e integral dos bens
§ 2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras,
cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser inclusive assistência técnica.
revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual. Art. 63. É permitido a qualquer licitante o
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato conhecimento dos termos do contrato e do respectivo
administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos processo licitatório e, a qualquer interessado, a obtenção de
jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de cópia autenticada, mediante o pagamento dos
desconstituir os já produzidos. emolumentos devidos.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Art. 64. A Administração convocará regularmente
Administração do dever de indenizar o contratado pelo que o interessado para assinar o termo de contrato, aceitar ou
este houver executado até a data em que ela for declarada retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e
e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto condições estabelecidos, sob pena de decair o direito à
que não lhe seja imputável, promovendo-se a contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81
responsabilidade de quem lhe deu causa. desta Lei.
Seção II § 1o O prazo de convocação poderá ser
Da Formalização dos Contratos prorrogado uma vez, por igual período, quando solicitado
Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão pela parte durante o seu transcurso e desde que ocorra
lavrados nas repartições interessadas, as quais manterão motivo justificado aceito pela Administração.
arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro § 2o É facultado à Administração, quando o
sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar
sobre imóveis, que se formalizam por instrumento lavrado ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições
em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no estabelecidos, convocar os licitantes remanescentes, na
processo que lhe deu origem. ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o mesmas condições propostas pelo primeiro classificado,
contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade
compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas com o ato convocatório, ou revogar a licitação
de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite independentemente da cominação prevista no art. 81 desta
estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas Lei.
em regime de adiantamento. § 3o Decorridos 60 (sessenta) dias da data da
Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes entrega das propostas, sem convocação para a
das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato
120
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contratação, ficam os licitantes liberados dos compromissos § 6o Em havendo alteração unilateral do contrato
assumidos. que aumente os encargos do contratado, a Administração
Seção III deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio
Da Alteração dos Contratos econômico-financeiro inicial.
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão § 7o (VETADO)
ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes § 8o A variação do valor contratual para fazer face
casos: ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as
I - unilateralmente pela Administração: atualizações, compensações ou penalizações financeiras
a) quando houver modificação do projeto ou das decorrentes das condições de pagamento nele previstas,
especificações, para melhor adequação técnica aos seus bem como o empenho de dotações orçamentárias
objetivos; suplementares até o limite do seu valor corrigido, não
b) quando necessária a modificação do valor caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados
contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição por simples apostila, dispensando a celebração de
quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta aditamento.
Lei; Seção IV
II - por acordo das partes: Da Execução dos Contratos
a) quando conveniente a substituição da garantia Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente
de execução; pelas partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as
b) quando necessária a modificação do regime de normas desta Lei, respondendo cada uma pelas
execução da obra ou serviço, bem como do modo de consequências de sua inexecução total ou parcial.
fornecimento, em face de verificação técnica da Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V
inaplicabilidade dos termos contratuais originários; do § 2o e no inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão
c) quando necessária a modificação da forma de cumprir, durante todo o período de execução do contrato, a
pagamento, por imposição de circunstâncias reserva de cargos prevista em lei para pessoa com
supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a deficiência ou para reabilitado da Previdência Social, bem
antecipação do pagamento, com relação ao cronograma como as regras de acessibilidade previstas na legislação.
financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o
d) para restabelecer a relação que as partes cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos serviços
pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a e nos ambientes de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.146,
retribuição da administração para a justa remuneração da de 2015)
obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção Art. 67. A execução do contrato deverá ser
do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na acompanhada e fiscalizada por um representante da
hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis Administração especialmente designado, permitida a
porém de consequências incalculáveis, retardadores ou contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso informações pertinentes a essa atribuição.
de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, § 1o O representante da Administração anotará
configurando álea econômica extraordinária e em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com
extracontratual. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) a execução do contrato, determinando o que for necessário
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas à regularização das faltas ou defeitos observados.
mesmas condições contratuais, os acréscimos ou § 2o As decisões e providências que
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, ultrapassarem a competência do representante deverão ser
até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado solicitadas a seus superiores em tempo hábil para a adoção
do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou das medidas convenientes.
de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por Art. 68. O contratado deverá manter preposto,
cento) para os seus acréscimos. aceito pela Administração, no local da obra ou serviço, para
§ 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá representá-lo na execução do contrato.
exceder os limites estabelecidos no parágrafo anterior, Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir,
salvo: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) total ou em parte, o objeto do contrato em que se
II - as supressões resultantes de acordo celebrado verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da
entre os contratantes. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) execução ou de materiais empregados.
§ 3o Se no contrato não houverem sido Art. 70. O contratado é responsável pelos danos
contemplados preços unitários para obras ou serviços, causados diretamente à Administração ou a terceiros,
esses serão fixados mediante acordo entre as partes, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato,
respeitados os limites estabelecidos no § 1o deste artigo. não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a
§ 4o No caso de supressão de obras, bens ou fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.
serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais e Art. 71. O contratado é responsável pelos
posto no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais
Administração pelos custos de aquisição regularmente resultantes da execução do contrato.
comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber § 1o A inadimplência do contratado, com
indenização por outros danos eventualmente decorrentes referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais
da supressão, desde que regularmente comprovados. não transfere à Administração Pública a responsabilidade
§ 5o Quaisquer tributos ou encargos legais por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do
criados, alterados ou extintos, bem como a superveniência contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e
de disposições legais, quando ocorridas após a data da edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.
apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
preços contratados, implicarão a revisão destes para mais § 2o A Administração Pública responde
ou para menos, conforme o caso. solidariamente com o contratado pelos encargos
previdenciários resultantes da execução do contrato, nos
121
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termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Art. 78. Constituem motivo para rescisão do
(Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) contrato:
§ 3º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) I - o não cumprimento de cláusulas contratuais,
Art. 72. O contratado, na execução do contrato, especificações, projetos ou prazos;
sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, II - o cumprimento irregular de cláusulas
poderá subcontratar partes da obra, serviço ou contratuais, especificações, projetos e prazos;
fornecimento, até o limite admitido, em cada caso, pela III - a lentidão do seu cumprimento, levando a
Administração. Administração a comprovar a impossibilidade da conclusão
Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos
recebido: estipulados;
I - em se tratando de obras e serviços: IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço
a) provisoriamente, pelo responsável por seu ou fornecimento;
acompanhamento e fiscalização, mediante termo V - a paralisação da obra, do serviço ou do
circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 fornecimento, sem justa causa e prévia comunicação à
(quinze) dias da comunicação escrita do contratado; Administração;
b) definitivamente, por servidor ou comissão VI - a subcontratação total ou parcial do seu
designada pela autoridade competente, mediante termo objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão
circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão
prazo de observação, ou vistoria que comprove a ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
adequação do objeto aos termos contratuais, observado o VII - o desatendimento das determinações
disposto no art. 69 desta Lei; regulares da autoridade designada para acompanhar e
II - em se tratando de compras ou de locação de fiscalizar a sua execução, assim como as de seus
equipamentos: superiores;
a) provisoriamente, para efeito de posterior VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua
verificação da conformidade do material com a execução, anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei;
especificação; IX - a decretação de falência ou a instauração de
b) definitivamente, após a verificação da qualidade insolvência civil;
e quantidade do material e consequente aceitação. X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do
§ 1o Nos casos de aquisição de equipamentos de contratado;
grande vulto, o recebimento far-se-á mediante termo XI - a alteração social ou a modificação da
circunstanciado e, nos demais, mediante recibo. finalidade ou da estrutura da empresa, que prejudique a
§ 2o O recebimento provisório ou definitivo não execução do contrato;
exclui a responsabilidade civil pela solidez e segurança da XII - razões de interesse público, de alta relevância
obra ou do serviço, nem ético-profissional pela perfeita e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela
execução do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está
lei ou pelo contrato. subordinado o contratante e exaradas no processo
§ 3o O prazo a que se refere a alínea "b" do inciso administrativo a que se refere o contrato;
I deste artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, XIII - a supressão, por parte da Administração, de
salvo em casos excepcionais, devidamente justificados e obras, serviços ou compras, acarretando modificação do
previstos no edital. valor inicial do contrato além do limite permitido no § 1o do
§ 4o Na hipótese de o termo circunstanciado ou a art. 65 desta Lei;
verificação a que se refere este artigo não serem, XIV - a suspensão de sua execução, por ordem
respectivamente, lavrado ou procedida dentro dos prazos escrita da Administração, por prazo superior a 120 (cento e
fixados, reputar-se-ão como realizados, desde que vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave
comunicados à Administração nos 15 (quinze) dias perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por
anteriores à exaustão dos mesmos. repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo,
Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento independentemente do pagamento obrigatório de
provisório nos seguintes casos: indenizações pelas sucessivas e contratualmente
I - gêneros perecíveis e alimentação preparada; imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras
II - serviços profissionais; previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. direito de optar pela suspensão do cumprimento das
23, inciso II, alínea "a", desta Lei, desde que não se obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
componham de aparelhos, equipamentos e instalações XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos
sujeitos à verificação de funcionamento e produtividade. pagamentos devidos pela Administração decorrentes de
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já
recebimento será feito mediante recibo. recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade
Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra,
do edital, do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão
e demais provas exigidos por normas técnicas oficiais para do cumprimento de suas obrigações até que seja
a boa execução do objeto do contrato correm por conta do normalizada a situação;
contratado. XVI - a não liberação, por parte da Administração,
Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em de área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou
parte, obra, serviço ou fornecimento executado em fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes
desacordo com o contrato. de materiais naturais especificadas no projeto;
Seção V XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força
Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos maior, regularmente comprovada, impeditiva da execução
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato do contrato.
enseja a sua rescisão, com as consequências contratuais e Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual
as previstas em lei ou regulamento. serão formalmente motivados nos autos do processo,
assegurado o contraditório e a ampla defesa.
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XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do obrigação assumida, sujeitando-o às penalidades


art. 27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. (Incluído legalmente estabelecidas.
pela Lei nº 9.854, de 1999) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser: aplica aos licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o
I - determinada por ato unilateral e escrito da desta Lei, que não aceitarem a contratação, nas mesmas
Administração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e condições propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive
XVII do artigo anterior; quanto ao prazo e preço.
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem
a termo no processo da licitação, desde que haja atos em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a
conveniência para a Administração; frustrar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções
III - judicial, nos termos da legislação; previstas nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem
IV - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de prejuízo das responsabilidades civil e criminal que seu ato
1994) ensejar.
§ 1o A rescisão administrativa ou amigável deverá Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que
ser precedida de autorização escrita e fundamentada da simplesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando
autoridade competente. servidores públicos, além das sanções penais, à perda do
§ 2o Quando a rescisão ocorrer com base nos cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
incisos XII a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins
contratado, será este ressarcido dos prejuízos regularmente desta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente
comprovados que houver sofrido, tendo ainda direito a: ou sem remuneração, cargo, função ou emprego público.
I - devolução de garantia; § 1o Equipara-se a servidor público, para os fins
II - pagamentos devidos pela execução do contrato desta Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em
até a data da rescisão; entidade paraestatal, assim consideradas, além das
III - pagamento do custo da desmobilização. fundações, empresas públicas e sociedades de economia
§ 3º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de mista, as demais entidades sob controle, direto ou indireto,
1994) do Poder Público.
§ 4º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de § 2o A pena imposta será acrescida da terça parte,
1994) quando os autores dos crimes previstos nesta Lei forem
§ 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou ocupantes de cargo em comissão ou de função de
sustação do contrato, o cronograma de execução será confiança em órgão da Administração direta, autarquia,
prorrogado automaticamente por igual tempo. empresa pública, sociedade de economia mista, fundação
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo pública, ou outra entidade controlada direta ou
anterior acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo indiretamente pelo Poder Público.
das sanções previstas nesta Lei: Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei
I - assunção imediata do objeto do contrato, no pertinem às licitações e aos contratos celebrados pela
estado e local em que se encontrar, por ato próprio da União, Estados, Distrito Federal, Municípios, e respectivas
Administração; autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
II - ocupação e utilização do local, instalações, mista, fundações públicas, e quaisquer outras entidades
equipamentos, material e pessoal empregados na execução sob seu controle direto ou indireto.
do contrato, necessários à sua continuidade, na forma do Seção II
inciso V do art. 58 desta Lei; Das Sanções Administrativas
III - execução da garantia contratual, para Art. 86. O atraso injustificado na execução do
ressarcimento da Administração, e dos valores das multas e contrato sujeitará o contratado à multa de mora, na forma
indenizações a ela devidos; prevista no instrumento convocatório ou no contrato.
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato § 1o A multa a que alude este artigo não impede
até o limite dos prejuízos causados à Administração. que a Administração rescinda unilateralmente o contrato e
§ 1o A aplicação das medidas previstas nos aplique as outras sanções previstas nesta Lei.
incisos I e II deste artigo fica a critério da Administração, § 2o A multa, aplicada após regular processo
que poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por administrativo, será descontada da garantia do respectivo
execução direta ou indireta. contratado.
§ 2o É permitido à Administração, no caso de § 3o Se a multa for de valor superior ao valor da
concordata do contratado, manter o contrato, podendo garantia prestada, além da perda desta, responderá o
assumir o controle de determinadas atividades de serviços contratado pela sua diferença, a qual será descontada dos
essenciais. pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou
§ 3o Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato ainda, quando for o caso, cobrada judicialmente.
deverá ser precedido de autorização expressa do Ministro Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do
de Estado competente, ou Secretário Estadual ou contrato a Administração poderá, garantida a prévia defesa,
Municipal, conforme o caso. aplicar ao contratado as seguintes sanções:
§ 4o A rescisão de que trata o inciso IV do artigo I - advertência;
anterior permite à Administração, a seu critério, aplicar a II - multa, na forma prevista no instrumento
medida prevista no inciso I deste artigo. convocatório ou no contrato;
Capítulo IV III - suspensão temporária de participação em
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA licitação e impedimento de contratar com a Administração,
JUDICIAL por prazo não superior a 2 (dois) anos;
Seção I IV - declaração de inidoneidade para licitar ou
Disposições Gerais contratar com a Administração Pública enquanto
Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em perdurarem os motivos determinantes da punição ou até
assinar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento que seja promovida a reabilitação perante a própria
equivalente, dentro do prazo estabelecido pela autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida
Administração, caracteriza o descumprimento total da sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos
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prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção se beneficia, injustamente, das modificações ou
aplicada com base no inciso anterior. prorrogações contratuais.
§ 1o Se a multa aplicada for superior ao valor da Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização
garantia prestada, além da perda desta, responderá o de qualquer ato de procedimento licitatório:
contratado pela sua diferença, que será descontada dos Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2
pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou (dois) anos, e multa.
cobrada judicialmente. Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada
§ 2o As sanções previstas nos incisos I, III e IV em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o
deste artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do ensejo de devassá-lo:
inciso II, facultada a defesa prévia do interessado, no Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e
respectivo processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis. multa.
§ 3o A sanção estabelecida no inciso IV deste Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por
artigo é de competência exclusiva do Ministro de Estado, do meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento
Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, de vantagem de qualquer tipo:
facultada a defesa do interessado no respectivo processo, Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a multa, além da pena correspondente à violência.
reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos de sua Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
aplicação. (Vide art 109 inciso III) abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV oferecida.
do artigo anterior poderão também ser aplicadas às Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública,
empresas ou aos profissionais que, em razão dos contratos licitação instaurada para aquisição ou venda de bens ou
regidos por esta Lei: mercadorias, ou contrato dela decorrente:
I - tenham sofrido condenação definitiva por I - elevando arbitrariamente os preços;
praticarem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento II - vendendo, como verdadeira ou perfeita,
de quaisquer tributos; mercadoria falsificada ou deteriorada;
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar III - entregando uma mercadoria por outra;
os objetivos da licitação; IV - alterando substância, qualidade ou quantidade
III - demonstrem não possuir idoneidade para da mercadoria fornecida;
contratar com a Administração em virtude de atos ilícitos V - tornando, por qualquer modo, injustamente,
praticados. mais onerosa a proposta ou a execução do contrato:
Seção III Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
Dos Crimes e das Penas multa.
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato
hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as com empresa ou profissional declarado inidôneo:
formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e (dois) anos, e multa.
multa. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com
que, tendo comprovadamente concorrido para a a Administração.
consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente,
inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder a inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais
Público. ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, cancelamento de registro do inscrito:
combinação ou qualquer outro expediente, o caráter Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2
competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de (dois) anos, e multa.
obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a
adjudicação do objeto da licitação: 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e sentença e calculada em índices percentuais, cuja base
multa. corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, potencialmente auferível pelo agente.
interesse privado perante a Administração, dando causa à § 1o Os índices a que se refere este artigo não
instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja poderão ser inferiores a 2% (dois por cento), nem
invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: superiores a 5% (cinco por cento) do valor do contrato
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 licitado ou celebrado com dispensa ou inexigibilidade de
(dois) anos, e multa. licitação.
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a § 2o O produto da arrecadação da multa reverterá,
qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação conforme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou
contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução Municipal.
dos contratos celebrados com o Poder Público, sem Seção IV
autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos Do Processo e do Procedimento Judicial
respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de
fatura com preterição da ordem cronológica de sua ação penal pública incondicionada, cabendo ao Ministério
exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei: Público promovê-la.
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. os efeitos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público,
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e sua
Parágrafo único. Incide na mesma pena o autoria, bem como as circunstâncias em que se deu a
contratado que, tendo comprovadamente concorrido para a ocorrência.
consumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou

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Parágrafo único. Quando a comunicação for de interesse público, atribuir ao recurso interposto eficácia
verbal, mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado suspensiva aos demais recursos.
pelo apresentante e por duas testemunhas. § 3o Interposto, o recurso será comunicado aos
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que demais licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5
conhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou (cinco) dias úteis.
Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes § 4o O recurso será dirigido à autoridade superior,
do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes por intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual
verificarem a existência dos crimes definidos nesta Lei, poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias
remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente
necessários ao oferecimento da denúncia. informado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida
Art. 103. Será admitida ação penal privada dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do
subsidiária da pública, se esta não for ajuizada no prazo recebimento do recurso, sob pena de responsabilidade.
legal, aplicando-se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e § 5o Nenhum prazo de recurso, representação ou
30 do Código de Processo Penal. pedido de reconsideração se inicia ou corre sem que os
Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá autos do processo estejam com vista franqueada ao
este o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa interessado.
escrita, contado da data do seu interrogatório, podendo § 6o Em se tratando de licitações efetuadas na
juntar documentos, arrolar as testemunhas que tiver, em modalidade de "carta convite" os prazos estabelecidos nos
número não superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas incisos I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de dois
que pretenda produzir. dias úteis. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e Capítulo VI
da defesa e praticadas as diligências instrutórias deferidas DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
ou ordenadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos
de 5 (cinco) dias a cada parte para alegações finais. nesta Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do
Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os vencimento, e considerar-se-ão os dias consecutivos,
autos dentro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 exceto quando for explicitamente disposto em contrário.
(dez) dias para proferir a sentença. Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível prazos referidos neste artigo em dia de expediente no órgão
no prazo de 5 (cinco) dias. ou na entidade.
Art. 108. No processamento e julgamento das Art. 111. A Administração só poderá contratar,
infrações penais definidas nesta Lei, assim como nos pagar, premiar ou receber projeto ou serviço técnico
recursos e nas execuções que lhes digam respeito, aplicar- especializado desde que o autor ceda os direitos
se-ão, subsidiariamente, o Código de Processo Penal e a patrimoniais a ele relativos e a Administração possa utilizá-
Lei de Execução Penal. lo de acordo com o previsto no regulamento de concurso ou
Capítulo V no ajuste para sua elaboração.
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes obra imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de
da aplicação desta Lei cabem: privilégio, a cessão dos direitos incluirá o fornecimento de
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a todos os dados, documentos e elementos de informação
contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos pertinentes à tecnologia de concepção, desenvolvimento,
casos de: fixação em suporte físico de qualquer natureza e aplicação
a) habilitação ou inabilitação do licitante; da obra.
b) julgamento das propostas; Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a
c) anulação ou revogação da licitação; mais de uma entidade pública, caberá ao órgão contratante,
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro perante a entidade interessada, responder pela sua boa
cadastral, sua alteração ou cancelamento; execução, fiscalização e pagamento.
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I § 1o Os consórcios públicos poderão realizar
do art. 79 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de licitação da qual, nos termos do edital, decorram contratos
1994) administrativos celebrados por órgãos ou entidades dos
f) aplicação das penas de advertência, suspensão entes da Federação consorciados. (Incluído pela Lei nº
temporária ou de multa; 11.107, de 2005)
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis § 2o É facultado à entidade interessada o
da intimação da decisão relacionada com o objeto da acompanhamento da licitação e da execução do contrato.
licitação ou do contrato, de que não caiba recurso (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
hierárquico; Art. 113. O controle das despesas decorrentes
III - pedido de reconsideração, de decisão de dos contratos e demais instrumentos regidos por esta Lei
Ministro de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, será feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da
conforme o caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, legislação pertinente, ficando os órgãos interessados da
no prazo de 10 (dez) dias úteis da intimação do ato. Administração responsáveis pela demonstração da
§ 1o A intimação dos atos referidos no inciso I, legalidade e regularidade da despesa e execução, nos
alíneas "a", "b", "c" e "e", deste artigo, excluídos os relativos termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de
a advertência e multa de mora, e no inciso III, será feita controle interno nela previsto.
mediante publicação na imprensa oficial, salvo para os § 1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa
casos previstos nas alíneas "a" e "b", se presentes os física ou jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas
prepostos dos licitantes no ato em que foi adotada a ou aos órgãos integrantes do sistema de controle interno
decisão, quando poderá ser feita por comunicação direta contra irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins
aos interessados e lavrada em ata. do disposto neste artigo.
§ 2o O recurso previsto nas alíneas "a" e "b" do § 2o Os Tribunais de Contas e os órgãos
inciso I deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a integrantes do sistema de controle interno poderão solicitar
autoridade competente, motivadamente e presentes razões para exame, até o dia útil imediatamente anterior à data de
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recebimento das propostas, cópia de edital de licitação já § 4o Os saldos de convênio, enquanto não
publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades da utilizados, serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas
Administração interessada à adoção de medidas corretivas de poupança de instituição financeira oficial se a previsão
pertinentes que, em função desse exame, lhes forem de seu uso for igual ou superior a um mês, ou em fundo de
determinadas. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) aplicação financeira de curto prazo ou operação de
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não mercado aberto lastreada em títulos da dívida pública,
impede a pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a quando a utilização dos mesmos verificar-se em prazos
ser procedida sempre que o objeto da licitação recomende menores que um mês.
análise mais detida da qualificação técnica dos § 5o As receitas financeiras auferidas na forma do
interessados. parágrafo anterior serão obrigatoriamente computadas a
§ 1o A adoção do procedimento de pré- crédito do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto
qualificação será feita mediante proposta da autoridade de sua finalidade, devendo constar de demonstrativo
competente, aprovada pela imediatamente superior. específico que integrará as prestações de contas do ajuste.
§ 2o Na pré-qualificação serão observadas as § 6o Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou
exigências desta Lei relativas à concorrência, à convocação extinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos
dos interessados, ao procedimento e à analise da financeiros remanescentes, inclusive os provenientes das
documentação. receitas obtidas das aplicações financeiras realizadas,
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos
expedir normas relativas aos procedimentos operacionais a recursos, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do
serem observados na execução das licitações, no âmbito evento, sob pena da imediata instauração de tomada de
de sua competência, observadas as disposições desta Lei. contas especial do responsável, providenciada pela
Parágrafo único. As normas a que se refere este autoridade competente do órgão ou entidade titular dos
artigo, após aprovação da autoridade competente, deverão recursos.
ser publicadas na imprensa oficial. Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no realizados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e
que couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros Judiciário e do Tribunal de Contas regem-se pelas normas
instrumentos congêneres celebrados por órgãos e desta Lei, no que couber, nas três esferas administrativas.
entidades da Administração. Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os
§ 1o A celebração de convênio, acordo ou ajuste Municípios e as entidades da administração indireta
pelos órgãos ou entidades da Administração Pública deverão adaptar suas normas sobre licitações e contratos
depende de prévia aprovação de competente plano de ao disposto nesta Lei.
trabalho proposto pela organização interessada, o qual Art. 119. As sociedades de economia mista,
deverá conter, no mínimo, as seguintes informações: empresas e fundações públicas e demais entidades
I - identificação do objeto a ser executado; controladas direta ou indiretamente pela União e pelas
II - metas a serem atingidas; entidades referidas no artigo anterior editarão regulamentos
III - etapas ou fases de execução; próprios devidamente publicados, ficando sujeitas às
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; disposições desta Lei.
V - cronograma de desembolso; Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, este artigo, no âmbito da Administração Pública, após
bem assim da conclusão das etapas ou fases programadas; aprovados pela autoridade de nível superior a que
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de estiverem vinculados os respectivos órgãos, sociedades e
engenharia, comprovação de que os recursos próprios para entidades, deverão ser publicados na imprensa oficial.
complementar a execução do objeto estão devidamente Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão
assegurados, salvo se o custo total do empreendimento ser anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que
recair sobre a entidade ou órgão descentralizador. os fará publicar no Diário Oficial da União, observando
§ 2o Assinado o convênio, a entidade ou órgão como limite superior a variação geral dos preços do
repassador dará ciência do mesmo à Assembleia mercado, no período. (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
Legislativa ou à Câmara Municipal respectiva. 1998)
§ 3o As parcelas do convênio serão liberadas em Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às
estrita conformidade com o plano de aplicação aprovado, licitações instauradas e aos contratos assinados
exceto nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão anteriormente à sua vigência, ressalvado o disposto no art.
retidas até o saneamento das impropriedades ocorrentes: 57, nos parágrafos 1o, 2o e 8o do art. 65, no inciso XV do
I - quando não tiver havido comprovação da boa e art. 78, bem assim o disposto no "caput" do art. 5 o, com
regular aplicação da parcela anteriormente recebida, na relação ao pagamento das obrigações na ordem
forma da legislação aplicável, inclusive mediante cronológica, podendo esta ser observada, no prazo de
procedimentos de fiscalização local, realizados noventa dias contados da vigência desta Lei,
periodicamente pela entidade ou órgão descentralizador separadamente para as obrigações relativas aos contratos
dos recursos ou pelo órgão competente do sistema de regidos por legislação anterior à Lei n o 8.666, de 21 de
controle interno da Administração Pública; junho de 1993. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
II - quando verificado desvio de finalidade na Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis
aplicação dos recursos, atrasos não justificados no do patrimônio da União continuam a reger-se pelas
cumprimento das etapas ou fases programadas, práticas disposições do Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de
atentatórias aos princípios fundamentais de Administração 1946, com suas alterações, e os relativos a operações de
Pública nas contratações e demais atos praticados na crédito interno ou externo celebrados pela União ou a
execução do convênio, ou o inadimplemento do executor concessão de garantia do Tesouro Nacional continuam
com relação a outras cláusulas conveniais básicas; regidos pela legislação pertinente, aplicando-se esta Lei, no
III - quando o executor deixar de adotar as que couber.
medidas saneadoras apontadas pelo partícipe repassador Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas,
dos recursos ou por integrantes do respectivo sistema de observar-se-á procedimento licitatório específico, a ser
controle interno. estabelecido no Código Brasileiro de Aeronáutica.
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Art. 123. Em suas licitações e contratações I - a autoridade competente justificará a


administrativas, as repartições sediadas no exterior necessidade de contratação e definirá o objeto do certame,
observarão as peculiaridades locais e os princípios básicos as exigências de habilitação, os critérios de aceitação das
desta Lei, na forma de regulamentação específica. propostas, as sanções por inadimplemento e as cláusulas
Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos do contrato, inclusive com fixação dos prazos para
para permissão ou concessão de serviços públicos os fornecimento;
dispositivos desta Lei que não conflitem com a legislação II - a definição do objeto deverá ser precisa,
específica sobre o assunto. (Redação dada pela Lei nº suficiente e clara, vedadas especificações que, por
8.883, de 1994) excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a
Parágrafo único. As exigências contidas nos competição;
incisos II a IV do § 2o do art. 7o serão dispensadas nas III - dos autos do procedimento constarão a
licitações para concessão de serviços com execução prévia justificativa das definições referidas no inciso I deste artigo
de obras em que não foram previstos desembolso por parte e os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais
da Administração Pública concedente. (Incluído pela Lei nº estiverem apoiados, bem como o orçamento, elaborado
8.883, de 1994) pelo órgão ou entidade promotora da licitação, dos bens
Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua ou serviços a serem licitados; e
publicação. (Renumerado por força do disposto no art. 3º IV - a autoridade competente designará, dentre os
da Lei nº 8.883, de 1994) servidores do órgão ou entidade promotora da licitação, o
Art. 126. Revogam-se as disposições em pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição
contrário, especialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lances,
de novembro de 1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, a análise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem
2.360, de 16 de setembro de 1987, a Lei no 8.220, de 4 de como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame ao
setembro de 1991, e o art. 83 da Lei no 5.194, de 24 de licitante vencedor.
dezembro de 1966.(Renumerado por força do disposto no § 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em
art. 3º da Lei nº 8.883, de 1994) sua maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou
Brasília, 21 de junho de 1993, 172o da emprego da administração, preferencialmente pertencentes
o
Independência e 105 da República. ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora do
ITAMAR FRANCO evento.
Rubens Ricupero § 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as
Romildo Canhim funções de pregoeiro e de membro da equipe de apoio
poderão ser desempenhadas por militares
Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com
LEI No 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002. a convocação dos interessados e observará as seguintes
Institui, no âmbito regras:
da União, Estados, Distrito I - a convocação dos interessados será efetuada
Federal e Municípios, nos por meio de publicação de aviso em diário oficial do
termos do art. 37, inciso XXI, respectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de
da Constituição Federal, circulação local, e facultativamente, por meios eletrônicos e
modalidade de licitação conforme o vulto da licitação, em jornal de grande
denominada pregão, para circulação, nos termos do regulamento de que trata o art.
aquisição de bens e serviços 2º;
comuns, e dá outras II - do aviso constarão a definição do objeto da
providências. licitação, a indicação do local, dias e horários em que
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital;
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: III - do edital constarão todos os elementos
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, definidos na forma do inciso I do art. 3º, as normas que
poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, disciplinarem o procedimento e a minuta do contrato,
que será regida por esta Lei. quando for o caso;
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão
comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos colocadas à disposição de qualquer pessoa para consulta e
padrões de desempenho e qualidade possam ser divulgadas na forma da Lei no 9.755, de 16 de dezembro de
objetivamente definidos pelo edital, por meio de 1998;
especificações usuais no mercado. V - o prazo fixado para a apresentação das
Art. 2º (VETADO) propostas, contado a partir da publicação do aviso, não
§ 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da será inferior a 8 (oito) dias úteis;
utilização de recursos de tecnologia da informação, nos VI - no dia, hora e local designados, será realizada
termos de regulamentação específica. sessão pública para recebimento das propostas, devendo o
§ 2º Será facultado, nos termos de regulamentos interessado, ou seu representante, identificar-se e, se for o
próprios da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a caso, comprovar a existência dos necessários poderes para
participação de bolsas de mercadorias no apoio técnico e formulação de propostas e para a prática de todos os
operacional aos órgãos e entidades promotores da demais atos inerentes ao certame;
modalidade de pregão, utilizando-se de recursos de VII - aberta a sessão, os interessados ou seus
tecnologia da informação. representantes, apresentarão declaração dando ciência de
§ 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão que cumprem plenamente os requisitos de habilitação e
estar organizadas sob a forma de sociedades civis sem fins entregarão os envelopes contendo a indicação do objeto e
lucrativos e com a participação plural de corretoras que do preço oferecidos, procedendo-se à sua imediata
operem sistemas eletrônicos unificados de pregões. abertura e à verificação da conformidade das propostas
Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o com os requisitos estabelecidos no instrumento
seguinte: convocatório;

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VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor Art. 5º É vedada a exigência de:
mais baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por I - garantia de proposta;
cento) superiores àquela poderão fazer novos lances II - aquisição do edital pelos licitantes, como
verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor; condição para participação no certame; e
IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os
condições definidas no inciso anterior, poderão os autores referentes a fornecimento do edital, que não serão
das melhores propostas, até o máximo de 3 (três), oferecer superiores ao custo de sua reprodução gráfica, e aos
novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os custos de utilização de recursos de tecnologia da
preços oferecidos; informação, quando for o caso.
X - para julgamento e classificação das propostas, Art. 6º O prazo de validade das propostas será de
será adotado o critério de menor preço, observados os 60 (sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.
prazos máximos para fornecimento, as especificações Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de
técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e validade da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de
qualidade definidos no edital; entregar ou apresentar documentação falsa exigida para o
XI - examinada a proposta classificada em primeiro certame, ensejar o retardamento da execução de seu
lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir objeto, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na
motivadamente a respeito da sua aceitabilidade; execução do contrato, comportar-se de modo inidôneo ou
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contratar
ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro com a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios e,
contendo os documentos de habilitação do licitante que será descredenciado no Sicaf, ou nos sistemas de
apresentou a melhor proposta, para verificação do cadastramento de fornecedores a que se refere o inciso XIV
atendimento das condições fixadas no edital; do art. 4o desta Lei, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das
que o licitante está em situação regular perante a Fazenda demais cominações legais.
Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os
Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e decorrentes de meios eletrônicos, serão documentados no
Municipais, quando for o caso, com a comprovação de que processo respectivo, com vistas à aferição de sua
atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica regularidade pelos agentes de controle, nos termos do
e qualificações técnica e econômico-financeira; regulamento previsto no art. 2º.
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os Art. 9º Aplicam-se subsidiariamente, para a
documentos de habilitação que já constem do Sistema de modalidade de pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de
Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf e junho de 1993.
sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados
Federal ou Municípios, assegurado aos demais licitantes o com base na Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de
direito de acesso aos dados nele constantes; agosto de 2001.
XV - verificado o atendimento das exigências Art. 11. As compras e contratações de bens e
fixadas no edital, o licitante será declarado vencedor; serviços comuns, no âmbito da União, dos Estados, do
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante Distrito Federal e dos Municípios, quando efetuadas pelo
desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro sistema de registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº
examinará as ofertas subsequentes e a qualificação dos 8.666, de 21 de junho de 1993, poderão adotar a
licitantes, na ordem de classificação, e assim modalidade de pregão, conforme regulamento específico.
sucessivamente, até a apuração de uma que atenda ao Art. 12. A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de
edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor; 2001, passa a vigorar acrescida do seguinte artigo:
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, “Art. 2-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e
o pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente os Municípios poderão adotar, nas licitações de registro de
para que seja obtido preço melhor; preços destinadas à aquisição de bens e serviços comuns
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante da área da saúde, a modalidade do pregão, inclusive por
poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de meio eletrônico, observando-se o seguinte:
recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias I - são considerados bens e serviços comuns da
para apresentação das razões do recurso, ficando os área da saúde, aqueles necessários ao atendimento dos
demais licitantes desde logo intimados para apresentar órgãos que integram o Sistema Único de Saúde, cujos
contra-razões em igual número de dias, que começarão a padrões de desempenho e qualidade possam ser
correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes objetivamente definidos no edital, por meio de
assegurada vista imediata dos autos; especificações usuais do mercado.
XIX - o acolhimento de recurso importará a II - quando o quantitativo total estimado para a
invalidação apenas dos atos insuscetíveis de contratação ou fornecimento não puder ser atendido pelo
aproveitamento; licitante vencedor, admitir-se-á a convocação de tantos
XX - a falta de manifestação imediata e motivada licitantes quantos forem necessários para o atingimento da
do licitante importará a decadência do direito de recurso e a totalidade do quantitativo, respeitada a ordem de
adjudicação do objeto da licitação pelo pregoeiro ao classificação, desde que os referidos licitantes aceitem
vencedor; praticar o mesmo preço da proposta vencedora.
XXI - decididos os recursos, a autoridade III - na impossibilidade do atendimento ao disposto
competente fará a adjudicação do objeto da licitação ao no inciso II, excepcionalmente, poderão ser registrados
licitante vencedor; outros preços diferentes da proposta vencedora, desde que
XXII - homologada a licitação pela autoridade se trate de objetos de qualidade ou desempenho superior,
competente, o adjudicatário será convocado para assinar o devidamente justificada e comprovada a vantagem, e que
contrato no prazo definido em edital; e as ofertas sejam em valor inferior ao limite máximo
XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro admitido.”
do prazo de validade da sua proposta, não celebrar o Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua
contrato, aplicar-se-á o disposto no inciso XVI. publicação.
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Brasília, 17 de julho de 2002; 181º da no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores -


Independência e 114º da República. SICAF.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO § 3o A chave de identificação e a senha
Pedro Malan poderão ser utilizadas em qualquer pregão na forma
Guilherme Gomes Dias eletrônica, salvo quando cancelada por solicitação do
credenciado ou em virtude de seu descadastramento
perante o SICAF.
DECRETO Nº 5.450, DE 31 DE MAIO DE 2005. § 4o A perda da senha ou a quebra de sigilo
Regulamenta o deverá ser comunicada imediatamente ao provedor do
pregão, na forma eletrônica, sistema, para imediato bloqueio de acesso.
para aquisição de bens e § 5o O uso da senha de acesso pelo licitante
serviços comuns, e dá outras é de sua responsabilidade exclusiva, incluindo qualquer
providências. transação efetuada diretamente ou por seu representante,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da não cabendo ao provedor do sistema ou ao órgão promotor
atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da da licitação responsabilidade por eventuais danos
Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei n o 10.520, decorrentes de uso indevido da senha, ainda que por
de 17 de julho de 2002, terceiros.
DECRETA: § 6o O credenciamento junto ao provedor do
Art. 1o A modalidade de licitação pregão, na sistema implica a responsabilidade legal do licitante e a
forma eletrônica, de acordo com o disposto no § 1o do art. presunção de sua capacidade técnica para realização das
2o da Lei no 10.520, de 17 de julho de 2002, destina-se à transações inerentes ao pregão na forma eletrônica.
aquisição de bens e serviços comuns, no âmbito da União, Art. 4o Nas licitações para aquisição de bens
e submete-se ao regulamento estabelecido neste Decreto. e serviços comuns será obrigatória a modalidade pregão,
Parágrafo único. Subordinam-se ao disposto sendo preferencial a utilização da sua forma eletrônica.
neste Decreto, além dos órgãos da administração pública § 1o O pregão deve ser utilizado na forma
federal direta, os fundos especiais, as autarquias, as eletrônica, salvo nos casos de comprovada inviabilidade, a
fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades ser justificada pela autoridade competente.
de economia mista e as demais entidades controladas § 2o Na hipótese de aquisições por dispensa
direta ou indiretamente pela União. de licitação, fundamentadas no inciso II do art. 24 da Lei no
Art. 2o O pregão, na forma eletrônica, como 8.666, de 21 de junho de 1993, as unidades gestoras
modalidade de licitação do tipo menor preço, realizar-se-á integrantes do SISG deverão adotar, preferencialmente, o
quando a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços sistema de cotação eletrônica, conforme disposto na
comuns for feita à distância em sessão pública, por meio de legislação vigente.
sistema que promova a comunicação pela internet. Art. 5o A licitação na modalidade de pregão é
§ 1o Consideram-se bens e serviços comuns, condicionada aos princípios básicos da legalidade,
aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade,
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de eficiência, probidade administrativa, vinculação ao
especificações usuais do mercado. instrumento convocatório e do julgamento objetivo, bem
§ 2o Para o julgamento das propostas, serão como aos princípios correlatos da razoabilidade,
fixados critérios objetivos que permitam aferir o menor competitividade e proporcionalidade.
preço, devendo ser considerados os prazos para a Parágrafo único. As normas disciplinadoras
execução do contrato e do fornecimento, as especificações da licitação serão sempre interpretadas em favor da
técnicas, os parâmetros mínimos de desempenho e de ampliação da disputa entre os interessados, desde que não
qualidade e as demais condições definidas no edital. comprometam o interesse da administração, o princípio da
§ 3o O sistema referido no caput será dotado isonomia, a finalidade e a segurança da contratação.
de recursos de criptografia e de autenticação que garantam Art. 6o A licitação na modalidade de pregão,
condições de segurança em todas as etapas do certame. na forma eletrônica, não se aplica às contratações de obras
§ 4o O pregão, na forma eletrônica ,será de engenharia, bem como às locações imobiliárias e
conduzido pelo órgão ou entidade promotora da licitação, alienações em geral.
com apoio técnico e operacional da Secretaria de Logística Art. 7o Os participantes de licitação na
e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, modalidade de pregão, na forma eletrônica, têm direito
Orçamento e Gestão, que atuará como provedor do sistema público subjetivo à fiel observância do procedimento
eletrônico para os órgãos integrantes do Sistema de estabelecido neste Decreto, podendo qualquer interessado
Serviços Gerais - SISG. acompanhar o seu desenvolvimento em tempo real, por
§ 5o A Secretaria de Logística e Tecnologia meio da internet.
da Informação poderá ceder o uso do seu sistema Art. 8o À autoridade competente, de acordo
eletrônico a órgão ou entidade dos Poderes da União, com as atribuições previstas no regimento ou estatuto do
Estados, Distrito Federal e Municípios, mediante celebração órgão ou da entidade, cabe:
de termo de adesão. I - designar e solicitar, junto ao provedor do
Art. 3o Deverão ser previamente sistema, o credenciamento do pregoeiro e dos
credenciados perante o provedor do sistema eletrônico a componentes da equipe de apoio;
autoridade competente do órgão promotor da licitação, o II - indicar o provedor do sistema;
pregoeiro, os membros da equipe de apoio e os licitantes III - determinar a abertura do processo
que participam do pregão na forma eletrônica. licitatório;
§ 1o O credenciamento dar-se-á pela IV - decidir os recursos contra atos do
atribuição de chave de identificação e de senha, pessoal e pregoeiro quando este mantiver sua decisão;
intransferível, para acesso ao sistema eletrônico. V - adjudicar o objeto da licitação, quando
§ 2o No caso de pregão promovido por órgão houver recurso;
integrante do SISG, o credenciamento do licitante, bem VI - homologar o resultado da licitação; e
assim a sua manutenção, dependerá de registro atualizado VII - celebrar o contrato.
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Art. 9o Na fase preparatória do pregão, na VII - receber, examinar e decidir os recursos,


forma eletrônica, será observado o seguinte: encaminhando à autoridade competente quando mantiver
I - elaboração de termo de referência pelo sua decisão;
órgão requisitante, com indicação do objeto de forma VIII - indicar o vencedor do certame;
precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por IX - adjudicar o objeto, quando não houver
excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem ou recurso;
frustrem a competição ou sua realização; X - conduzir os trabalhos da equipe de apoio;
II - aprovação do termo de referência pela e
autoridade competente; XI - encaminhar o processo devidamente
III - apresentação de justificativa da instruído à autoridade superior e propor a homologação.
necessidade da contratação; Art. 12. Caberá à equipe de apoio, dentre
IV - elaboração do edital, estabelecendo outras atribuições, auxiliar o pregoeiro em todas as fases do
critérios de aceitação das propostas; processo licitatório.
V - definição das exigências de habilitação, Art. 13. Caberá ao licitante interessado em
das sanções aplicáveis, inclusive no que se refere aos participar do pregão, na forma eletrônica:
prazos e às condições que, pelas suas particularidades, I - credenciar-se no SICAF para certames
sejam consideradas relevantes para a celebração e promovidos por órgãos da administração pública federal
execução do contrato e o atendimento das necessidades da direta, autárquica e fundacional, e de órgão ou entidade dos
administração; e demais Poderes, no âmbito da União, Estados, Distrito
VI - designação do pregoeiro e de sua equipe Federal e Municípios, que tenham celebrado termo de
de apoio. adesão;
§ 1o A autoridade competente motivará os II - remeter, no prazo estabelecido,
atos especificados nos incisos II e III, indicando os exclusivamente por meio eletrônico, via internet, a proposta
elementos técnicos fundamentais que o apóiam, bem como e, quando for o caso, seus anexos;
quanto aos elementos contidos no orçamento estimativo e III - responsabilizar-se formalmente pelas
no cronograma físico-financeiro de desembolso, se for o transações efetuadas em seu nome, assumindo como
caso, elaborados pela administração. firmes e verdadeiras suas propostas e lances, inclusive os
§ 2o O termo de referência é o documento atos praticados diretamente ou por seu representante, não
que deverá conter elementos capazes de propiciar cabendo ao provedor do sistema ou ao órgão promotor da
avaliação do custo pela administração diante de orçamento licitação responsabilidade por eventuais danos decorrentes
detalhado, definição dos métodos, estratégia de de uso indevido da senha, ainda que por terceiros;
suprimento, valor estimado em planilhas de acordo com o IV - acompanhar as operações no sistema
preço de mercado, cronograma físico-financeiro, se for o eletrônico durante o processo licitatório, responsabilizando-
caso, critério de aceitação do objeto, deveres do contratado se pelo ônus decorrente da perda de negócios diante da
e do contratante, procedimentos de fiscalização e inobservância de quaisquer mensagens emitidas pelo
gerenciamento do contrato, prazo de execução e sanções, sistema ou de sua desconexão;
de forma clara, concisa e objetiva. V - comunicar imediatamente ao provedor do
Art. 10. As designações do pregoeiro e da sistema qualquer acontecimento que possa comprometer o
equipe de apoio devem recair nos servidores do órgão ou sigilo ou a inviabilidade do uso da senha, para imediato
entidade promotora da licitação, ou de órgão ou entidade bloqueio de acesso;
integrante do SISG. VI - utilizar-se da chave de identificação e da
§ 1o A equipe de apoio deverá ser integrada, senha de acesso para participar do pregão na forma
em sua maioria, por servidores ocupantes de cargo efetivo eletrônica; e
ou emprego da administração pública, pertencentes, VII - solicitar o cancelamento da chave de
preferencialmente, ao quadro permanente do órgão ou identificação ou da senha de acesso por interesse próprio.
entidade promotora da licitação. Parágrafo único. O fornecedor
§ 2o No âmbito do Ministério da Defesa, as descredenciado no SICAF terá sua chave de identificação e
funções de pregoeiro e de membro da equipe de apoio senha suspensas automaticamente.
poderão ser desempenhadas por militares. Art. 14. Para habilitação dos licitantes, será
§ 3o A designação do pregoeiro, a critério da exigida, exclusivamente, a documentação relativa:
autoridade competente, poderá ocorrer para período de um I - à habilitação jurídica;
ano, admitindo-se reconduções, ou para licitação II - à qualificação técnica;
específica. III - à qualificação econômico-financeira;
§ 4o Somente poderá exercer a função de IV - à regularidade fiscal com a Fazenda
pregoeiro o servidor ou o militar que reúna qualificação Nacional, o sistema da seguridade social e o Fundo de
profissional e perfil adequados, aferidos pela autoridade Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;
competente. V - à regularidade fiscal perante as Fazendas
Art. 11. Caberá ao pregoeiro, em especial: Estaduais e Municipais, quando for o caso; e
I - coordenar o processo licitatório; VI - ao cumprimento do disposto no inciso
II - receber, examinar e decidir as XXXIII do art. 7o da Constituição e no inciso XVIII do art. 78
impugnações e consultas ao edital, apoiado pelo setor da Lei no 8.666, de 1993.
responsável pela sua elaboração; Parágrafo único. A documentação exigida
III - conduzir a sessão pública na internet; para atender ao disposto nos incisos I, III, IV e V deste
IV - verificar a conformidade da proposta com artigo poderá ser substituída pelo registro cadastral no
os requisitos estabelecidos no instrumento convocatório; SICAF ou, em se tratando de órgão ou entidade não
V - dirigir a etapa de lances; abrangida pelo referido Sistema, por certificado de registro
VI - verificar e julgar as condições de cadastral que atenda aos requisitos previstos na legislação
habilitação; geral.
Art. 15. Quando permitida a participação de
empresas estrangeiras na licitação, as exigências de
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habilitação serão atendidas mediante documentos § 4o O prazo fixado para a apresentação das
equivalentes, autenticados pelos respectivos consulados ou propostas, contado a partir da publicação do aviso, não
embaixadas e traduzidos por tradutor juramentado no será inferior a oito dias úteis.
Brasil. § 5o Todos os horários estabelecidos no
Art. 16. Quando permitida a participação de edital, no aviso e durante a sessão pública observarão, para
consórcio de empresas, serão exigidos: todos os efeitos, o horário de Brasília, Distrito Federal,
I - comprovação da existência de inclusive para contagem de tempo e registro no sistema
compromisso público ou particular de constituição de eletrônico e na documentação relativa ao certame.
consórcio, com indicação da empresa-líder, que deverá § 6o Na divulgação de pregão realizado para
atender às condições de liderança estipuladas no edital e o sistema de registro de preços, independentemente do
será a representante das consorciadas perante a União; valor estimado, será adotado o disposto no inciso III.
II - apresentação da documentação de Art. 18. Até dois dias úteis antes da data
habilitação especificada no instrumento convocatório por fixada para abertura da sessão pública, qualquer pessoa
empresa consorciada; poderá impugnar o ato convocatório do pregão, na forma
III - comprovação da capacidade técnica do eletrônica.
consórcio pelo somatório dos quantitativos de cada § 1o Caberá ao pregoeiro, auxiliado pelo
consorciado, na forma estabelecida no edital; setor responsável pela elaboração do edital, decidir sobre a
IV - demonstração, por empresa consorciada, impugnação no prazo de até vinte e quatro horas.
do atendimento aos índices contábeis definidos no edital, § 2o Acolhida a impugnação contra o ato
para fins de qualificação econômico-financeira; convocatório, será definida e publicada nova data para
V - responsabilidade solidária das empresas realização do certame.
consorciadas pelas obrigações do consórcio, nas fases de Art. 19. Os pedidos de esclarecimentos
licitação e durante a vigência do contrato; referentes ao processo licitatório deverão ser enviados ao
VI - obrigatoriedade de liderança por empresa pregoeiro, até três dias úteis anteriores à data fixada para
brasileira no consórcio formado por empresas brasileiras e abertura da sessão pública, exclusivamente por meio
estrangeiras, observado o disposto no inciso I; e eletrônico via internet, no endereço indicado no edital.
VII - constituição e registro do consórcio antes Art. 20. Qualquer modificação no edital exige
da celebração do contrato. divulgação pelo mesmo instrumento de publicação em que
Parágrafo único. Fica impedida a se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente
participação de empresa consorciada, na mesma licitação, estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a
por intermédio de mais de um consórcio ou isoladamente. alteração não afetar a formulação das propostas.
Art. 17. A fase externa do pregão, na forma Art. 21. Após a divulgação do edital no
eletrônica, será iniciada com a convocação dos endereço eletrônico, os licitantes deverão encaminhar
interessados por meio de publicação de aviso, observados proposta com a descrição do objeto ofertado e o preço e, se
os valores estimados para contratação e os meios de for o caso, o respectivo anexo, até a data e hora marcadas
divulgação a seguir indicados: para abertura da sessão, exclusivamente por meio do
I - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta sistema eletrônico, quando, então, encerrar-se-á,
mil reais): automaticamente, a fase de recebimento de propostas.
a) Diário Oficial da União; e § 1o A participação no pregão eletrônico dar-
b) meio eletrônico, na internet; se-á pela utilização da senha privativa do licitante.
II - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e § 2o Para participação no pregão eletrônico,
cinquenta mil reais) até R$ 1.300.000,00 (um milhão e o licitante deverá manifestar, em campo próprio do sistema
trezentos mil reais): eletrônico, que cumpre plenamente os requisitos de
a) Diário Oficial da União; habilitação e que sua proposta está em conformidade com
b) meio eletrônico, na internet; e as exigências do instrumento convocatório.
c) jornal de grande circulação local; § 3o A declaração falsa relativa ao
III - superiores a R$ 1.300.000,00 (um milhão cumprimento dos requisitos de habilitação e proposta
e trezentos mil reais): sujeitará o licitante às sanções previstas neste Decreto.
a) Diário Oficial da União; § 4o Até a abertura da sessão, os licitantes
b) meio eletrônico, na internet; e poderão retirar ou substituir a proposta anteriormente
c) jornal de grande circulação regional ou apresentada.
nacional. Art. 22. A partir do horário previsto no edital,
§ 1o Os órgãos ou entidades integrantes do a sessão pública na internet será aberta por comando do
SISG e os que aderirem ao sistema do Governo Federal pregoeiro com a utilização de sua chave de acesso e
disponibilizarão a íntegra do edital, em meio eletrônico, no senha.
Portal de Compras do Governo Federal - COMPRASNET, § 1o Os licitantes poderão participar da
sítio www.comprasnet.gov.br. sessão pública na internet, devendo utilizar sua chave de
§ 2o O aviso do edital conterá a definição acesso e senha.
precisa, suficiente e clara do objeto, a indicação dos locais, § 2o O pregoeiro verificará as propostas
dias e horários em que poderá ser lida ou obtida a íntegra apresentadas, desclassificando aquelas que não estejam
do edital, bem como o endereço eletrônico onde ocorrerá a em conformidade com os requisitos estabelecidos no edital.
sessão pública, a data e hora de sua realização e a § 3o A desclassificação de proposta será
indicação de que o pregão, na forma eletrônica, será sempre fundamentada e registrada no sistema, com
realizado por meio da internet. acompanhamento em tempo real por todos os participantes.
§ 3o A publicação referida neste artigo § 4o As propostas contendo a descrição do
poderá ser feita em sítios oficiais da administração pública, objeto, valor e eventuais anexos estarão disponíveis na
na internet, desde que certificado digitalmente por internet.
autoridade certificadora credenciada no âmbito da Infra- § 5o O sistema disponibilizará campo próprio
Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. para troca de mensagens entre o pregoeiro e os licitantes.

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Art. 23. O sistema ordenará, § 4o Para fins de habilitação, a verificação


automaticamente, as propostas classificadas pelo pelo órgão promotor do certame nos sítios oficiais de
pregoeiro, sendo que somente estas participarão da fase de órgãos e entidades emissores de certidões constitui meio
lance. legal de prova.
Art. 24. Classificadas as propostas, o § 5o Se a proposta não for aceitável ou se o
pregoeiro dará início à fase competitiva, quando então os licitante não atender às exigências habilitatórias, o
licitantes poderão encaminhar lances exclusivamente por pregoeiro examinará a proposta subsequente e, assim
meio do sistema eletrônico. sucessivamente, na ordem de classificação, até a apuração
§ 1o No que se refere aos lances, o licitante de uma proposta que atenda ao edital.
será imediatamente informado do seu recebimento e do § 6o No caso de contratação de serviços
valor consignado no registro. comuns em que a legislação ou o edital exija apresentação
§ 2o Os licitantes poderão oferecer lances de planilha de composição de preços, esta deverá ser
sucessivos, observados o horário fixado para abertura da encaminhada de imediato por meio eletrônico, com os
sessão e as regras estabelecidas no edital. respectivos valores readequados ao lance vencedor.
§ 3o O licitante somente poderá oferecer § 7o No pregão, na forma eletrônica,
lance inferior ao último por ele ofertado e registrado pelo realizado para o sistema de registro de preços, quando a
sistema. proposta do licitante vencedor não atender ao quantitativo
§ 4o Não serão aceitos dois ou mais lances total estimado para a contratação, respeitada a ordem de
iguais, prevalecendo aquele que for recebido e registrado classificação, poderão ser convocados tantos licitantes
primeiro. quantos forem necessários para alcançar o total estimado,
§ 5o Durante a sessão pública, os licitantes observado o preço da proposta vencedora.
serão informados, em tempo real, do valor do menor lance § 8o Os demais procedimentos referentes ao
registrado, vedada a identificação do licitante. sistema de registro de preços ficam submetidos à norma
§ 6o A etapa de lances da sessão pública específica que regulamenta o art. 15 da Lei no 8.666, de
será encerrada por decisão do pregoeiro. 1993.
§ 7o O sistema eletrônico encaminhará aviso § 9o Constatado o atendimento às exigências
de fechamento iminente dos lances, após o que fixadas no edital, o licitante será declarado vencedor.
transcorrerá período de tempo de até trinta minutos, Art. 26. Declarado o vencedor, qualquer
aleatoriamente determinado, findo o qual será licitante poderá, durante a sessão pública, de forma
automaticamente encerrada a recepção de lances. imediata e motivada, em campo próprio do sistema,
§ 8o Após o encerramento da etapa de manifestar sua intenção de recorrer, quando lhe será
lances da sessão pública, o pregoeiro poderá encaminhar, concedido o prazo de três dias para apresentar as razões
pelo sistema eletrônico, contraproposta ao licitante que de recurso, ficando os demais licitantes, desde logo,
tenha apresentado lance mais vantajoso, para que seja intimados para, querendo, apresentarem contra-razões em
obtida melhor proposta, observado o critério de julgamento, igual prazo, que começará a contar do término do prazo do
não se admitindo negociar condições diferentes daquelas recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos
previstas no edital. elementos indispensáveis à defesa dos seus interesses.
§ 9o A negociação será realizada por meio do § 1o A falta de manifestação imediata e
sistema, podendo ser acompanhada pelos demais motivada do licitante quanto à intenção de recorrer, nos
licitantes. termos do caput, importará na decadência desse direito,
§ 10. No caso de desconexão do pregoeiro, ficando o pregoeiro autorizado a adjudicar o objeto ao
no decorrer da etapa de lances, se o sistema eletrônico licitante declarado vencedor.
permanecer acessível aos licitantes, os lances continuarão § 2o O acolhimento de recurso importará na
sendo recebidos, sem prejuízo dos atos realizados. invalidação apenas dos atos insuscetíveis de
§ 11. Quando a desconexão do pregoeiro aproveitamento.
persistir por tempo superior a dez minutos, a sessão do § 3o No julgamento da habilitação e das
pregão na forma eletrônica será suspensa e reiniciada propostas, o pregoeiro poderá sanar erros ou falhas que
somente após comunicação aos participantes, no endereço não alterem a substância das propostas, dos documentos e
eletrônico utilizado para divulgação. sua validade jurídica, mediante despacho fundamentado,
Art. 25. Encerrada a etapa de lances, o registrado em ata e acessível a todos, atribuindo-lhes
pregoeiro examinará a proposta classificada em primeiro validade e eficácia para fins de habilitação e classificação.
lugar quanto à compatibilidade do preço em relação ao Art. 27. Decididos os recursos e constatada a
estimado para contratação e verificará a habilitação do regularidade dos atos praticados, a autoridade competente
licitante conforme disposições do edital. adjudicará o objeto e homologará o procedimento licitatório.
§ 1o A habilitação dos licitantes será § 1o Após a homologação referida no caput,
verificada por meio do SICAF, nos documentos por ele o adjudicatário será convocado para assinar o contrato ou a
abrangidos, quando dos procedimentos licitatórios ata de registro de preços no prazo definido no edital.
realizados por órgãos integrantes do SISG ou por órgãos ou § 2o Na assinatura do contrato ou da ata de
entidades que aderirem ao SICAF. registro de preços, será exigida a comprovação das
§ 2o Os documentos exigidos para condições de habilitação consignadas no edital, as quais
habilitação que não estejam contemplados no SICAF, deverão ser mantidas pelo licitante durante a vigência do
inclusive quando houver necessidade de envio de anexos, contrato ou da ata de registro de preços.
deverão ser apresentados inclusive via fax, no prazo § 3o O vencedor da licitação que não fizer a
definido no edital, após solicitação do pregoeiro no sistema comprovação referida no § 2o ou quando,
eletrônico. injustificadamente, recusar-se a assinar o contrato ou a ata
§ 3o Os documentos e anexos exigidos, de registro de preços, poderá ser convocado outro licitante,
quando remetidos via fax, deverão ser apresentados em desde que respeitada a ordem de classificação, para, após
original ou por cópia autenticada, nos prazos estabelecidos comprovados os requisitos habilitatórios e feita a
no edital. negociação, assinar o contrato ou a ata de registro de

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preços, sem prejuízo das multas previstas em edital e no § 2o Os arquivos e registros digitais, relativos
contrato e das demais cominações legais. ao processo licitatório, deverão permanecer à disposição
§ 4o O prazo de validade das propostas será das auditorias internas e externas.
de sessenta dias, salvo disposição específica do edital. § 3o A ata será disponibilizada na internet
Art. 28. Aquele que, convocado dentro do para acesso livre, imediatamente após o encerramento da
prazo de validade de sua proposta, não assinar o contrato sessão pública.
ou ata de registro de preços, deixar de entregar Art. 31. O Ministério do Planejamento,
documentação exigida no edital, apresentar documentação Orçamento e Gestão estabelecerá instruções
falsa, ensejar o retardamento da execução de seu objeto, complementares ao disposto neste Decreto.
não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na execução do Art. 32. Este Decreto entra em vigor em 1o de
contrato, comportar-se de modo inidôneo, fizer declaração julho de 2005.
falsa ou cometer fraude fiscal, garantido o direito à ampla Art. 33. Fica revogado o Decreto no 3.697, de
defesa, ficará impedido de licitar e de contratar com a 21 de dezembro de 2000.
União, e será descredenciado no SICAF, pelo prazo de até Brasília, de de 2005; 184o da Independência e
o
cinco anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e 117 da República.
no contrato e das demais cominações legais. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Parágrafo único. As penalidades serão Paulo Bernardo Silva
obrigatoriamente registradas no SICAF.
Art. 29. A autoridade competente para
aprovação do procedimento licitatório somente poderá DECRETO Nº 7.892, DE 23 DE JANEIRO DE
revogá-lo em face de razões de interesse público, por 2013
motivo de fato superveniente devidamente comprovado, Regulamenta o
pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo Sistema de Registro de
anulá-lo por ilegalidade, de ofício ou por provocação de Preços previsto no art. 15 da
qualquer pessoa, mediante ato escrito e fundamentado. Lei nº 8.666, de 21 de junho
§ 1o A anulação do procedimento licitatório de 1993.
induz à do contrato ou da ata de registro de preços. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da
§ 2o Os licitantes não terão direito à atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da
indenização em decorrência da anulação do procedimento Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 15 da Lei
licitatório, ressalvado o direito do contratado de boa-fé de nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e no art. 11 da Lei nº
ser ressarcido pelos encargos que tiver suportado no 10.520, de 17 de julho de 2002,
cumprimento do contrato. DECRETA:
Art. 30. O processo licitatório será instruído CAPÍTULO I
com os seguintes documentos: DISPOSIÇÕES GERAIS
I - justificativa da contratação; Art. 1º As contratações de serviços e a aquisição
II - termo de referência; de bens, quando efetuadas pelo Sistema de Registro de
III - planilhas de custo, quando for o caso; Preços - SRP, no âmbito da administração pública federal
IV - previsão de recursos orçamentários, com direta, autárquica e fundacional, fundos especiais,
a indicação das respectivas rubricas; empresas públicas, sociedades de economia mista e
V - autorização de abertura da licitação; demais entidades controladas, direta ou indiretamente pela
VI - designação do pregoeiro e equipe de União, obedecerão ao disposto neste Decreto.
apoio; Art. 2º Para os efeitos deste Decreto, são
VII - edital e respectivos anexos, quando for o adotadas as seguintes definições:
caso; I - Sistema de Registro de Preços - conjunto de
VIII - minuta do termo do contrato ou procedimentos para registro formal de preços relativos à
instrumento equivalente, ou minuta da ata de registro de prestação de serviços e aquisição de bens, para
preços, conforme o caso; contratações futuras;
IX - parecer jurídico; II - ata de registro de preços - documento
X - documentação exigida para a habilitação; vinculativo, obrigacional, com característica de
XI - ata contendo os seguintes registros: compromisso para futura contratação, em que se registram
a) licitantes participantes; os preços, fornecedores, órgãos participantes e condições a
b) propostas apresentadas; serem praticadas, conforme as disposições contidas no
c) lances ofertados na ordem de classificação; instrumento convocatório e propostas apresentadas;
d) aceitabilidade da proposta de preço; III - órgão gerenciador - órgão ou entidade da
e) habilitação; e administração pública federal responsável pela condução
f) recursos interpostos, respectivas análises e do conjunto de procedimentos para registro de preços e
decisões; gerenciamento da ata de registro de preços dele
XII - comprovantes das publicações: decorrente;
a) do aviso do edital; IV - órgão participante - órgão ou entidade da
b) do resultado da licitação; administração pública que participa dos procedimentos
c) do extrato do contrato; e iniciais do Sistema de Registro de Preços e integra a ata de
d) dos demais atos em que seja exigida a registro de preços; (Redação dada pelo Decreto nº 8.250,
publicidade, conforme o caso. de 2.014)
§ 1o O processo licitatório poderá ser V - órgão não participante - órgão ou entidade da
realizado por meio de sistema eletrônico, sendo que os atos administração pública que, não tendo participado dos
e documentos referidos neste artigo constantes dos procedimentos iniciais da licitação, atendidos os requisitos
arquivos e registros digitais serão válidos para todos os desta norma, faz adesão à ata de registro de preços.
efeitos legais, inclusive para comprovação e prestação de VI - compra nacional - compra ou contratação de
contas. bens e serviços, em que o órgão gerenciador conduz os
procedimentos para registro de preços destinado à
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execução descentralizada de programa ou projeto federal, DAS COMPETÊNCIAS DO ÓRGÃO


mediante prévia indicação da demanda pelos entes GERENCIADOR
federados beneficiados; e (Incluído pelo Decreto nº 8.250, Art. 5º Caberá ao órgão gerenciador a prática de
de 2.014) todos os atos de controle e administração do Sistema de
VII - órgão participante de compra nacional - órgão Registro de Preços, e ainda o seguinte:
ou entidade da administração pública que, em razão de I - registrar sua intenção de registro de preços no
participação em programa ou projeto federal, é Portal de Compras do Governo federal;
contemplado no registro de preços independente de II - consolidar informações relativas à estimativa
manifestação formal. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de individual e total de consumo, promovendo a adequação
2.014) dos respectivos termos de referência ou projetos básicos
Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá encaminhados para atender aos requisitos de padronização
ser adotado nas seguintes hipóteses: e racionalização;
I - quando, pelas características do bem ou III - promover atos necessários à instrução
serviço, houver necessidade de contratações frequentes; processual para a realização do procedimento licitatório;
II - quando for conveniente a aquisição de bens IV - realizar pesquisa de mercado para
com previsão de entregas parceladas ou contratação de identificação do valor estimado da licitação e, consolidar os
serviços remunerados por unidade de medida ou em regime dados das pesquisas de mercado realizadas pelos órgãos e
de tarefa; entidades participantes, inclusive nas hipóteses previstas
III - quando for conveniente a aquisição de bens ou nos §§ 2º e 3º do art. 6º deste Decreto; (Redação dada
a contratação de serviços para atendimento a mais de um pelo Decreto nº 8.250, de 2.014)
órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou V - confirmar junto aos órgãos participantes a sua
IV - quando, pela natureza do objeto, não for concordância com o objeto a ser licitado, inclusive quanto
possível definir previamente o quantitativo a ser demandado aos quantitativos e termo de referência ou projeto básico;
pela Administração. VI - realizar o procedimento licitatório;
CAPÍTULO II VII - gerenciar a ata de registro de preços;
DA INTENÇÃO PARA REGISTRO DE PREÇOS VIII - conduzir eventuais renegociações dos preços
Art. 4º Fica instituído o procedimento de Intenção registrados;
de Registro de Preços - IRP, a ser operacionalizado por IX - aplicar, garantida a ampla defesa e o
módulo do Sistema de Administração e Serviços Gerais - contraditório, as penalidades decorrentes de infrações no
SIASG, que deverá ser utilizado pelos órgãos e entidades procedimento licitatório; e
integrantes do Sistema de Serviços Gerais - SISG, para X - aplicar, garantida a ampla defesa e o
registro e divulgação dos itens a serem licitados e para a contraditório, as penalidades decorrentes do
realização dos atos previstos nos incisos II e V do caput do descumprimento do pactuado na ata de registro de preços
art. 5º e dos atos previstos no inciso II e caput do art. 6º. ou do descumprimento das obrigações contratuais, em
§ 1º A divulgação da intenção de registro de relação às suas próprias contratações.
preços poderá ser dispensada, de forma justificada pelo XI - autorizar, excepcional e justificadamente, a
órgão gerenciador. (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, prorrogação do prazo previsto no § 6º do art. 22 deste
de 2.014) Decreto, respeitado o prazo de vigência da ata, quando
§ 2º O Ministério do Planejamento, Orçamento e solicitada pelo órgão não participante. (Incluído pelo
Gestão editará norma complementar para regulamentar o Decreto nº 8.250, de 2.014)
disposto neste artigo. § 1º A ata de registro de preços, disponibilizada no
§ 3º Caberá ao órgão gerenciador da Intenção de Portal de Compras do Governo federal, poderá ser
Registro de Preços - IRP: (Incluído pelo Decreto nº 8.250, assinada por certificação digital.
de 2.014) § 2º O órgão gerenciador poderá solicitar auxílio
I - estabelecer, quando for o caso, o número técnico aos órgãos participantes para execução das
máximo de participantes na IRP em conformidade com sua atividades previstas nos incisos III, IV e VI do caput.
capacidade de gerenciamento; (Incluído pelo Decreto nº CAPÍTULO IV
8.250, de 2.014) DAS COMPETÊNCIAS DO ÓRGÃO
II - aceitar ou recusar, justificadamente, os PARTICIPANTE
quantitativos considerados ínfimos ou a inclusão de novos Art. 6º O órgão participante será responsável pela
itens; e (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) manifestação de interesse em participar do registro de
III - deliberar quanto à inclusão posterior de preços, providenciando o encaminhamento ao órgão
participantes que não manifestaram interesse durante o gerenciador de sua estimativa de consumo, local de entrega
período de divulgação da IRP. (Incluído pelo Decreto nº e, quando couber, cronograma de contratação e respectivas
8.250, de 2.014) especificações ou termo de referência ou projeto básico,
§ 4º Os procedimentos constantes dos incisos II e nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e da
III do § 3º serão efetivados antes da elaboração do edital e Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, adequado ao registro
de seus anexos. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) de preços do qual pretende fazer parte, devendo ainda:
§ 5º Para receber informações a respeito das IRPs I - garantir que os atos relativos a sua inclusão no
disponíveis no Portal de Compras do Governo Federal, os registro de preços estejam formalizados e aprovados pela
órgãos e entidades integrantes do SISG se cadastrarão no autoridade competente;
módulo IRP e inserirão a linha de fornecimento e de II - manifestar, junto ao órgão gerenciador,
serviços de seu interesse. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, mediante a utilização da Intenção de Registro de Preços,
de 2.014) sua concordância com o objeto a ser licitado, antes da
§ 6º É facultado aos órgãos e entidades realização do procedimento licitatório; e
integrantes do SISG, antes de iniciar um processo III - tomar conhecimento da ata de registros de
licitatório, consultar as IRPs em andamento e deliberar a preços, inclusive de eventuais alterações, para o correto
respeito da conveniência de sua participação. (Incluído cumprimento de suas disposições.
pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) § 1º Cabe ao órgão participante aplicar, garantida
CAPÍTULO III a ampla defesa e o contraditório, as penalidades
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

decorrentes do descumprimento do pactuado na ata de I - a especificação ou descrição do objeto, que


registro de preços ou do descumprimento das obrigações explicitará o conjunto de elementos necessários e
contratuais, em relação às suas próprias contratações, suficientes, com nível de precisão adequado para a
informando as ocorrências ao órgão gerenciador. (Incluído caracterização do bem ou serviço, inclusive definindo as
pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) respectivas unidades de medida usualmente adotadas;
§ 2º No caso de compra nacional, o órgão II - estimativa de quantidades a serem adquiridas
gerenciador promoverá a divulgação da ação, a pesquisa pelo órgão gerenciador e órgãos participantes;
de mercado e a consolidação da demanda dos órgãos e III - estimativa de quantidades a serem adquiridas
entidades da administração direta e indireta da União, dos por órgãos não participantes, observado o disposto no § 4º
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído do art. 22, no caso de o órgão gerenciador admitir adesões;
pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) IV - quantidade mínima de unidades a ser cotada,
§ 3º Na hipótese prevista no § 2º, comprovada a por item, no caso de bens;
vantajosidade, fica facultado aos órgãos ou entidades V - condições quanto ao local, prazo de entrega,
participantes de compra nacional a execução da ata de forma de pagamento, e nos casos de serviços, quando
registro de preços vinculada ao programa ou projeto cabível, frequência, periodicidade, características do
federal. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) pessoal, materiais e equipamentos a serem utilizados,
§ 4º Os entes federados participantes de compra procedimentos, cuidados, deveres, disciplina e controles a
nacional poderão utilizar recursos de transferências legais serem adotados;
ou voluntárias da União, vinculados aos processos ou VI - prazo de validade do registro de preço,
projetos objeto de descentralização e de recursos próprios observado o disposto no caput do art. 12;
para suas demandas de aquisição no âmbito da ata de VII - órgãos e entidades participantes do registro
registro de preços de compra nacional. (Incluído pelo de preço;
Decreto nº 8.250, de 2.014) VIII - modelos de planilhas de custo e minutas de
§ 5º Caso o órgão gerenciador aceite a inclusão contratos, quando cabível;
de novos itens, o órgão participante demandante elaborará IX - penalidades por descumprimento das
sua especificação ou termo de referência ou projeto básico, condições;
conforme o caso, e a pesquisa de mercado, observado o X - minuta da ata de registro de preços como
disposto no art. 6º. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de anexo; e
2.014) XI - realização periódica de pesquisa de mercado
§ 6º Caso o órgão gerenciador aceite a inclusão para comprovação da vantajosidade.
de novas localidades para entrega do bem ou execução do § 1º O edital poderá admitir, como critério de
serviço, o órgão participante responsável pela demanda julgamento, o menor preço aferido pela oferta de desconto
elaborará, ressalvada a hipótese prevista no § 2º, pesquisa sobre tabela de preços praticados no mercado, desde que
de mercado que contemple a variação de custos locais ou tecnicamente justificado.
regionais. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) § 2º Quando o edital previr o fornecimento de
CAPÍTULO V bens ou prestação de serviços em locais diferentes, é
DA LICITAÇÃO PARA REGISTRO DE PREÇOS facultada a exigência de apresentação de proposta
Art. 7º A licitação para registro de preços será diferenciada por região, de modo que aos preços sejam
realizada na modalidade de concorrência, do tipo menor acrescidos custos variáveis por região.
preço, nos termos da Lei nº 8.666, de 1993, ou na § 3º A estimativa a que se refere o inciso III do
modalidade de pregão, nos termos da Lei nº 10.520, de caput não será considerada para fins de qualificação
2002, e será precedida de ampla pesquisa de mercado. técnica e qualificação econômico-financeira na habilitação
§ 1º O julgamento por técnica e preço, na do licitante.
modalidade concorrência, poderá ser excepcionalmente § 4º O exame e a aprovação das minutas do
adotado, a critério do órgão gerenciador e mediante instrumento convocatório e do contrato serão efetuados
despacho fundamentado da autoridade máxima do órgão exclusivamente pela assessoria jurídica do órgão
ou entidade. (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de gerenciador. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2.014)
2.014) Art. 10. Após o encerramento da etapa
§ 2o Na licitação para registro de preços não é competitiva, os licitantes poderão reduzir seus preços ao
necessário indicar a dotação orçamentária, que somente valor da proposta do licitante mais bem classificado.
será exigida para a formalização do contrato ou outro Parágrafo único. A apresentação de novas
instrumento hábil. propostas na forma do caput não prejudicará o resultado do
Art. 8º O órgão gerenciador poderá dividir a certame em relação ao licitante mais bem classificado.
quantidade total do item em lotes, quando técnica e CAPÍTULO VI
economicamente viável, para possibilitar maior DO REGISTRO DE PREÇOS E DA VALIDADE DA
competitividade, observada a quantidade mínima, o prazo e ATA
o local de entrega ou de prestação dos serviços. Art. 11. Após a homologação da licitação, o
§ 1º No caso de serviços, a divisão considerará a registro de preços observará, entre outras, as seguintes
unidade de medida adotada para aferição dos produtos e condições:
resultados, e será observada a demanda específica de I - serão registrados na ata de registro de preços
cada órgão ou entidade participante do certame. (Redação os preços e quantitativos do licitante mais bem classificado
dada pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) durante a fase competitiva; (Redação dada pelo Decreto
§ 2º Na situação prevista no § 1º, deverá ser nº 8.250, de 2.014)
evitada a contratação, em um mesmo órgão ou entidade, de II - será incluído, na respectiva ata na forma de
mais de uma empresa para a execução de um mesmo anexo, o registro dos licitantes que aceitarem cotar os bens
serviço, em uma mesma localidade, para assegurar a ou serviços com preços iguais aos do licitante vencedor na
responsabilidade contratual e o princípio da padronização. sequência da classificação do certame, excluído o
Art. 9º O edital de licitação para registro de preços percentual referente à margem de preferência, quando o
observará o disposto nas Leis nº 8.666, de 1993, e nº objeto não atender aos requisitos previstos no art. 3º da Lei
10.520, de 2002, e contemplará, no mínimo:
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nº 8.666, de 1993; (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, Art. 14. A ata de registro de preços implicará
de 2.014) compromisso de fornecimento nas condições estabelecidas,
III - o preço registrado com indicação dos após cumpridos os requisitos de publicidade.
fornecedores será divulgado no Portal de Compras do Parágrafo único. A recusa injustificada de
Governo Federal e ficará disponibilizado durante a vigência fornecedor classificado em assinar a ata, dentro do prazo
da ata de registro de preços; e (Redação dada pelo estabelecido neste artigo, ensejará a aplicação das
Decreto nº 8.250, de 2.014) penalidades legalmente estabelecidas.
IV - a ordem de classificação dos licitantes Art. 15. A contratação com os fornecedores
registrados na ata deverá ser respeitada nas registrados será formalizada pelo órgão interessado por
contratações. (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de intermédio de instrumento contratual, emissão de nota de
2.014) empenho de despesa, autorização de compra ou outro
§ 1º O registro a que se refere o inciso II do caput instrumento hábil, conforme o art. 62 da Lei nº 8.666, de
tem por objetivo a formação de cadastro de reserva no caso 1993.
de impossibilidade de atendimento pelo primeiro colocado Art. 16. A existência de preços registrados não
da ata, nas hipóteses previstas nos arts. 20 e obriga a administração a contratar, facultando-se a
21. (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) realização de licitação específica para a aquisição
§ 2º Se houver mais de um licitante na situação de pretendida, assegurada preferência ao fornecedor
que trata o inciso II do caput, serão classificados segundo a registrado em igualdade de condições.
ordem da última proposta apresentada durante a fase CAPÍTULO VIII
competitiva. (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de DA REVISÃO E DO CANCELAMENTO DOS
2.014) PREÇOS REGISTRADOS
§ 3º A habilitação dos fornecedores que comporão Art. 17. Os preços registrados poderão ser
o cadastro de reserva a que se refere o inciso II do caput revistos em decorrência de eventual redução dos
será efetuada, na hipótese prevista no parágrafo único do preços praticados no mercado ou de fato que eleve o custo
art. 13 e quando houver necessidade de contratação de dos serviços ou bens registrados, cabendo ao órgão
fornecedor remanescente, nas hipóteses previstas nos arts. gerenciador promover as negociações junto aos
20 e 21. (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) fornecedores, observadas as disposições contidas na
§ 4º O anexo que trata o inciso II do caput alínea “d” do inciso II do caput do art. 65 da Lei nº 8.666,
consiste na ata de realização da sessão pública do pregão de 1993.
ou da concorrência, que conterá a informação dos licitantes Art. 18. Quando o preço registrado tornar-se
que aceitarem cotar os bens ou serviços com preços iguais superior ao preço praticado no mercado por motivo
ao do licitante vencedor do certame. (Incluído pelo Decreto superveniente, o órgão gerenciador convocará os
nº 8.250, de 2.014) fornecedores para negociarem a redução dos preços aos
Art. 12. O prazo de validade da ata de registro de valores praticados pelo mercado.
preços não será superior a doze meses, incluídas eventuais § 1º Os fornecedores que não aceitarem reduzir
prorrogações, conforme o inciso III do § 3º do art. 15 da Lei seus preços aos valores praticados pelo mercado serão
nº 8.666, de 1993. liberados do compromisso assumido, sem aplicação de
§ 1º É vedado efetuar acréscimos nos penalidade.
quantitativos fixados pela ata de registro de preços, § 2º A ordem de classificação dos fornecedores
inclusive o acréscimo de que trata o § 1º do art. 65 da Lei nº que aceitarem reduzir seus preços aos valores de mercado
8.666, de 1993. observará a classificação original.
§ 2º A vigência dos contratos decorrentes do Art. 19. Quando o preço de mercado tornar-se
Sistema de Registro de Preços será definida nos superior aos preços registrados e o fornecedor não puder
instrumentos convocatórios, observado o disposto no art. 57 cumprir o compromisso, o órgão gerenciador poderá:
da Lei nº 8.666, de 1993. I - liberar o fornecedor do compromisso assumido,
§ 3º Os contratos decorrentes do Sistema de caso a comunicação ocorra antes do pedido de
Registro de Preços poderão ser alterados, observado o fornecimento, e sem aplicação da penalidade se confirmada
disposto no art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993. a veracidade dos motivos e comprovantes apresentados; e
§ 4º O contrato decorrente do Sistema de Registro II - convocar os demais fornecedores para
de Preços deverá ser assinado no prazo de validade da ata assegurar igual oportunidade de negociação.
de registro de preços. Parágrafo único. Não havendo êxito nas
CAPÍTULO VII negociações, o órgão gerenciador deverá proceder à
DA ASSINATURA DA ATA E DA CONTRATAÇÃO revogação da ata de registro de preços, adotando as
COM FORNECEDORES REGISTRADOS medidas cabíveis para obtenção da contratação mais
Art. 13. Homologado o resultado da licitação, o vantajosa.
fornecedor mais bem classificado será convocado para Art. 20. O registro do fornecedor será cancelado
assinar a ata de registro de preços, no prazo e nas quando:
condições estabelecidos no instrumento convocatório, I - descumprir as condições da ata de registro de
podendo o prazo ser prorrogado uma vez, por igual período, preços;
quando solicitado pelo fornecedor e desde que ocorra II - não retirar a nota de empenho ou instrumento
motivo justificado aceito pela administração. (Redação equivalente no prazo estabelecido pela Administração, sem
dada pelo Decreto nº 8.250, de 2.014) justificativa aceitável;
Parágrafo único. É facultado à administração, III - não aceitar reduzir o seu preço registrado, na
quando o convocado não assinar a ata de registro de hipótese deste se tornar superior àqueles praticados no
preços no prazo e condições estabelecidos, convocar os mercado; ou
licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para IV - sofrer sanção prevista nos incisos III ou IV do
fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993, ou no art. 7º da
pelo primeiro classificado. Lei nº 10.520, de 2002.
Parágrafo único. O cancelamento de registros nas
hipóteses previstas nos incisos I, II e IV do caput será
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

formalizado por despacho do órgão gerenciador, utilizadas pelos órgãos gerenciadores e participantes, até o
assegurado o contraditório e a ampla defesa. término de sua vigência.
Art. 21. O cancelamento do registro de preços Art. 25. Até a completa adequação do Portal de
poderá ocorrer por fato superveniente, decorrente de caso Compras do Governo federal para atendimento ao disposto
fortuito ou força maior, que prejudique o cumprimento da no § 1º do art. 5º, o órgão gerenciador deverá:
ata, devidamente comprovados e justificados: I - providenciar a assinatura da ata de registro de
I - por razão de interesse público; ou preços e o encaminhamento de sua cópia aos órgãos ou
II - a pedido do fornecedor. entidades participantes; e
CAPÍTULO IX II - providenciar a indicação dos fornecedores para
DA UTILIZAÇÃO DA ATA DE REGISTRO DE atendimento às demandas, observada a ordem de
PREÇOS POR ÓRGÃO OU ENTIDADES NÃO classificação e os quantitativos de contratação definidos
PARTICIPANTES pelos órgãos e entidades participantes.
Art. 22. Desde que devidamente justificada a Art. 26. Até a completa adequação do Portal de
vantagem, a ata de registro de preços, durante sua Compras do Governo federal para atendimento ao disposto
vigência, poderá ser utilizada por qualquer órgão ou nos incisos I e II do caput do art. 11 e no inciso II do § 2º do
entidade da administração pública federal que não tenha art. 11, a ata registrará os licitantes vencedores,
participado do certame licitatório, mediante anuência do quantitativos e respectivos preços.
órgão gerenciador. Art. 27. O Ministério do Planejamento, Orçamento
§ 1º Os órgãos e entidades que não participaram e Gestão poderá editar normas complementares a este
do registro de preços, quando desejarem fazer uso da ata Decreto.
de registro de preços, deverão consultar o órgão Art. 28. Este Decreto entra em vigor trinta dias
gerenciador da ata para manifestação sobre a possibilidade após a data de sua publicação.
de adesão. Art. 29. Ficam revogados:
§ 2º Caberá ao fornecedor beneficiário da ata de I - o Decreto nº 3.931, de 19 de setembro de 2001;
registro de preços, observadas as condições nela e
estabelecidas, optar pela aceitação ou não do fornecimento II - o Decreto nº 4.342, de 23 de agosto de 2002.
decorrente de adesão, desde que não prejudique as Brasília, 23 de janeiro de 2013; 192º da
obrigações presentes e futuras decorrentes da ata, Independência e 125º da República.
assumidas com o órgão gerenciador e órgãos participantes. DILMA ROUSSEFF
§ 3º As aquisições ou contratações adicionais a Miriam Belchior
que se refere este artigo não poderão exceder, por órgão
ou entidade, a cem por cento dos quantitativos dos itens do
instrumento convocatório e registrados na ata de registro de
preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes. LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992.
§ 4º O instrumento convocatório deverá prever Dispõe sobre as
que o quantitativo decorrente das adesões à ata de registro sanções aplicáveis aos
de preços não poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo agentes públicos nos casos
do quantitativo de cada item registrado na ata de registro de de enriquecimento ilícito no
preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes, exercício de mandato, cargo,
independente do número de órgãos não participantes que emprego ou função na
aderirem. administração pública direta,
§ 6º Após a autorização do órgão gerenciador, o indireta ou fundacional e dá
órgão não participante deverá efetivar a aquisição ou outras providências.
contratação solicitada em até noventa dias, observado o O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço
prazo de vigência da ata. saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
§ 7º Compete ao órgão não participante os atos seguinte lei:
relativos à cobrança do cumprimento pelo fornecedor das CAPÍTULO I
obrigações contratualmente assumidas e a aplicação, Das Disposições Gerais
observada a ampla defesa e o contraditório, de eventuais Art. 1° Os atos de improbidade praticados por
penalidades decorrentes do descumprimento de cláusulas qualquer agente público, servidor ou não, contra a
contratuais, em relação às suas próprias contratações, administração direta, indireta ou fundacional de qualquer
informando as ocorrências ao órgão gerenciador. dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
§ 8º É vedada aos órgãos e entidades da dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao
administração pública federal a adesão a ata de registro de patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou
preços gerenciada por órgão ou entidade municipal, distrital custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de
ou estadual. cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
§ 9º É facultada aos órgãos ou entidades serão punidos na forma desta lei.
municipais, distritais ou estaduais a adesão a ata de Parágrafo único. Estão também sujeitos às
registro de preços da Administração Pública Federal. penalidades desta lei os atos de improbidade praticados
CAPÍTULO X contra o patrimônio de entidade que receba subvenção,
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público
Art. 23. A Administração poderá utilizar recursos bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário
de tecnologia da informação na operacionalização do haja concorrido ou concorra com menos de cinquenta por
disposto neste Decreto e automatizar procedimentos de cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se,
controle e atribuições dos órgãos gerenciadores e nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito
participantes. sobre a contribuição dos cofres públicos.
Art. 24. As atas de registro de preços vigentes, Art. 2° Reputa-se agente público, para os
decorrentes de certames realizados sob a vigência do efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
Decreto nº 3.931, de 19 de setembro de 2001, poderão ser transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer
ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida,
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, qualidade ou característica de mercadorias ou bens
no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º
público, induza ou concorra para a prática do ato de desta lei;
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta VII - adquirir, para si ou para outrem, no
ou indireta. exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública,
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional
ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos. atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser
por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das
terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano. atribuições do agente público, durante a atividade;
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, IX - perceber vantagem econômica para
perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de
valores acrescidos ao seu patrimônio. qualquer natureza;
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar X - receber vantagem econômica de qualquer
lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício,
ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo providência ou declaração a que esteja obrigado;
inquérito representar ao Ministério Público, para a XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu
indisponibilidade dos bens do indiciado. patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1°
refere o caput deste artigo recairá sobre bens que desta lei;
assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas,
acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito. verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está Seção II
sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam
herança. Prejuízo ao Erário
CAPÍTULO II Art. 10. Constitui ato de improbidade
Dos Atos de Improbidade Administrativa administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
Seção I omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
Enriquecimento Ilícito bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei,
Art. 9° Constitui ato de improbidade e notadamente:
administrativa importando enriquecimento ilícito auferir I - facilitar ou concorrer por qualquer forma
qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa
do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores
atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e integrantes do acervo patrimonial das entidades
notadamente: mencionadas no art. 1º desta lei;
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, II - permitir ou concorrer para que pessoa
bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
percentagem, gratificação ou presente de quem tenha mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das
interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições III - doar à pessoa física ou jurídica bem como
do agente público; ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou
II - perceber vantagem econômica, direta ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio
indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei,
bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas sem observância das formalidades legais e regulamentares
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de aplicáveis à espécie;
mercado; IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta
III - perceber vantagem econômica, direta ou ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer
indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a
bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao
por preço inferior ao valor de mercado; de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta
veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das mercado;
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o VI - realizar operação financeira sem
trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros observância das normas legais e regulamentares ou aceitar
contratados por essas entidades; garantia insuficiente ou inidônea;
V - receber vantagem econômica de qualquer VII - conceder benefício administrativo ou
natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a fiscal sem a observância das formalidades legais ou
prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de regulamentares aplicáveis à espécie;
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, VIII - frustrar a licitude de processo licitatório
ou aceitar promessa de tal vantagem; ou de processo seletivo para celebração de parcerias com
VI - receber vantagem econômica de qualquer entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa
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indevidamente; (Redação dada pela Lei nº 13.019, de ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
2014) (Vigência) Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído
IX - ordenar ou permitir a realização de pela Lei Complementar nº 157, de 2016) (Produção de
despesas não autorizadas em lei ou regulamento; efeito)
X - agir negligentemente na arrecadação de Seção III
tributo ou renda, bem como no que diz respeito à Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam
conservação do patrimônio público; Contra os Princípios da Administração Pública
XI - liberar verba pública sem a estrita Art. 11. Constitui ato de improbidade
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer administrativa que atenta contra os princípios da
forma para a sua aplicação irregular; administração pública qualquer ação ou omissão que viole
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
terceiro se enriqueça ilicitamente; lealdade às instituições, e notadamente:
XIII - permitir que se utilize, em obra ou I - praticar ato visando fim proibido em lei ou
serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
material de qualquer natureza, de propriedade ou à competência;
disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. II - retardar ou deixar de praticar,
1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, indevidamente, ato de ofício;
empregados ou terceiros contratados por essas entidades. III - revelar fato ou circunstância de que tem
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento ciência em razão das atribuições e que deva permanecer
que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por em segredo;
meio da gestão associada sem observar as formalidades IV - negar publicidade aos atos oficiais;
previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) V - frustrar a licitude de concurso público;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio VI - deixar de prestar contas quando esteja
público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou obrigado a fazê-lo;
sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído VII - revelar ou permitir que chegue ao
pela Lei nº 11.107, de 2005) conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer oficial, teor de medida política ou econômica capaz de
forma, para a incorporação, ao patrimônio particular de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou VIII - descumprir as normas relativas à
valores públicos transferidos pela administração pública a celebração, fiscalização e aprovação de contas de
entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem parcerias firmadas pela administração pública com
a observância das formalidades legais ou regulamentares entidades privadas. (Redação dada pela Lei nº
aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 13.019, de 2014) (Vigência)
2014) (Vigência) IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física acessibilidade previstos na legislação. (Incluído pela
ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
públicos transferidos pela administração pública a entidade CAPÍTULO III
privada mediante celebração de parcerias, sem a Das Penas
observância das formalidades legais ou regulamentares Art. 12. Independentemente das sanções
aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de penais, civis e administrativas previstas na legislação
2014) (Vigência) específica, está o responsável pelo ato de improbidade
XVIII - celebrar parcerias da administração pública sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
com entidades privadas sem a observância das isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou
2014) (Vigência) valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento
XIX - frustrar a licitude de processo seletivo para integral do dano, quando houver, perda da função pública,
celebração de parcerias da administração pública com suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos,
entidades privadas ou dispensá-lo pagamento de multa civil de até três vezes o valor do
indevidamente; (Incluído pela Lei nº 13.019, de acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder
2014) (Vigência) Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
XX - agir negligentemente na celebração, creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
fiscalização e análise das prestações de contas de intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
parcerias firmadas pela administração pública com pelo prazo de dez anos;
entidades privadas; (Incluído pela Lei nº 13.019, de II - na hipótese do art. 10, ressarcimento
2014) (Vigência) integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância,
administração pública com entidades privadas sem a estrita perda da função pública, suspensão dos direitos políticos
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas
forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder
Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
Seção II-A creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
2016) (Produção de efeito) pelo prazo de cinco anos;
Dos Atos de Improbidade Administrativa III - na hipótese do art. 11, ressarcimento
Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de integral do dano, se houver, perda da função pública,
Benefício Financeiro ou Tributário suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos,
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da
administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, remuneração percebida pelo agente e proibição de
aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
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incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, designar representante para acompanhar o procedimento
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja administrativo.
sócio majoritário, pelo prazo de três anos. Art. 16. Havendo fundados indícios de
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da responsabilidade, a comissão representará ao Ministério
função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao
a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do juízo competente a decretação do sequestro dos bens do
benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou
Lei Complementar nº 157, de 2016) causado dano ao patrimônio público.
Parágrafo único. Na fixação das penas § 1º O pedido de sequestro será processado
previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de
dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido Processo Civil.
pelo agente. § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a
CAPÍTULO IV investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas
Da Declaração de Bens bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado
Art. 13. A posse e o exercício de agente no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
público ficam condicionados à apresentação de declaração Art. 17. A ação principal, que terá o rito
dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela
a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente. pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da
(Regulamento) (Regulamento) efetivação da medida cautelar.
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, § 1º É vedada a transação, acordo ou
móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer conciliação nas ações de que trata o caput.
outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso,
País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os promoverá as ações necessárias à complementação do
bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, ressarcimento do patrimônio público.
dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a § 3o No caso de a ação principal ter sido
dependência econômica do declarante, excluídos apenas proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber,
os objetos e utensílios de uso doméstico. o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho
§ 2º A declaração de bens será anualmente de 1965. (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996)
atualizada e na data em que o agente público deixar o § 4º O Ministério Público, se não intervir no
exercício do mandato, cargo, emprego ou função. processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a da lei, sob pena de nulidade.
bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções § 5o A propositura da ação prevenirá a
cabíveis, o agente público que se recusar a prestar jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente
declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
a prestar falsa. mesmo objeto. (Incluído pela Medida provisória nº
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá 2.180-35, de 2001)
entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à § 6o A ação será instruída com documentos
Delegacia da Receita Federal na conformidade da ou justificação que contenham indícios suficientes da
legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de existência do ato de improbidade ou com razões
qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para fundamentadas da impossibilidade de apresentação de
suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo . qualquer dessas provas, observada a legislação vigente,
CAPÍTULO V inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do
Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial Código de Processo Civil. (Incluído pela Medida
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar Provisória nº 2.225-45, de 2001)
à autoridade administrativa competente para que seja § 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz
instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido,
de improbidade. para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser
§ 1º A representação, que será escrita ou instruída com documentos e justificações, dentro do prazo
reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do de quinze dias. (Incluído pela Medida Provisória nº
representante, as informações sobre o fato e sua autoria e 2.225-45, de 2001)
a indicação das provas de que tenha conhecimento. § 8o Recebida a manifestação, o juiz, no
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a
representação, em despacho fundamentado, se esta não ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade,
contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
A rejeição não impede a representação ao Ministério (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
Público, nos termos do art. 22 desta lei. § 9o Recebida a petição inicial, será o réu
§ 3º Atendidos os requisitos da citado para apresentar contestação. (Incluído pela
representação, a autoridade determinará a imediata Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
apuração dos fatos que, em se tratando de servidores § 10. Da decisão que receber a petição
federais, será processada na forma prevista nos arts. 148 a inicial, caberá agravo de instrumento. (Incluído pela
182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos § 11. Em qualquer fase do processo,
regulamentos disciplinares. reconhecida a inadequação da ação de improbidade, o juiz
Art. 15. A comissão processante dará extinguirá o processo sem julgamento do
conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou mérito. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45,
Conselho de Contas da existência de procedimento de 2001)
administrativo para apurar a prática de ato de improbidade. § 12. Aplica-se aos depoimentos ou
Parágrafo único. O Ministério Público ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o
Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo

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Penal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164,
2001) de 1° de junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se 1958 e demais disposições em contrário.
considera pessoa jurídica interessada o ente tributante que Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da
figurar no polo ativo da obrigação tributária de que tratam o Independência e 104° da República.
§ 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de FERNANDO COLLOR
31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº Célio Borja
157, de 2016)
Art. 18. A sentença que julgar procedente
ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE
bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a 2000.
reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa Estabelece normas
jurídica prejudicada pelo ilícito. de finanças públicas voltadas
CAPÍTULO VI para a responsabilidade na
Das Disposições Penais gestão fiscal e dá outras
Art. 19. Constitui crime a representação por providências.
ato de improbidade contra agente público ou terceiro O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber
beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente. que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. seguinte Lei Complementar:
Parágrafo único. Além da sanção penal, o CAPÍTULO I
denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
danos materiais, morais ou à imagem que houver Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece
provocado. normas de finanças públicas voltadas para a
Art. 20. A perda da função pública e a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo
suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o II do Título VI da Constituição.
trânsito em julgado da sentença condenatória. § 1o A responsabilidade na gestão fiscal
Parágrafo único. A autoridade judicial ou pressupõe a ação planejada e transparente, em que se
administrativa competente poderá determinar o afastamento previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o
do agente público do exercício do cargo, emprego ou equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de
função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se metas de resultados entre receitas e despesas e a
fizer necessária à instrução processual. obediência a limites e condições no que tange a renúncia
Art. 21. A aplicação das sanções previstas de receita, geração de despesas com pessoal, da
nesta lei independe: seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária,
I - da efetiva ocorrência de dano ao operações de crédito, inclusive por antecipação de receita,
patrimônio público; concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
I - da efetiva ocorrência de dano ao § 2o As disposições desta Lei Complementar
patrimônio público, salvo quanto à pena de obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os
ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº 12.120, de Municípios.
2009). § 3o Nas referências:
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de aos Municípios, estão compreendidos:
Contas. a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo,
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder
nesta lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de Judiciário e o Ministério Público;
autoridade administrativa ou mediante representação b) as respectivas administrações diretas,
formulada de acordo com o disposto no art. 14, poderá fundos, autarquias, fundações e empresas estatais
requisitar a instauração de inquérito policial ou dependentes;
procedimento administrativo. II - a Estados entende-se considerado o
CAPÍTULO VII Distrito Federal;
Da Prescrição III - a Tribunais de Contas estão incluídos:
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado
as sanções previstas nesta lei podem ser propostas: e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e
I - até cinco anos após o término do exercício Tribunal de Contas do Município.
de mandato, de cargo em comissão ou de função de Art. 2o Para os efeitos desta Lei
confiança; Complementar, entende-se como:
II - dentro do prazo prescricional previsto em I - ente da Federação: a União, cada Estado,
lei específica para faltas disciplinares puníveis com o Distrito Federal e cada Município;
demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício II - empresa controlada: sociedade cuja
de cargo efetivo ou emprego. maioria do capital social com direito a voto pertença, direta
III - até cinco anos da data da apresentação à ou indiretamente, a ente da Federação;
administração pública da prestação de contas final pelas III - empresa estatal dependente: empresa
entidades referidas no parágrafo único do art. 1 o desta controlada que receba do ente controlador recursos
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, de financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou
2014) (Vigência) de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso,
CAPÍTULO VIII aqueles provenientes de aumento de participação acionária;
Das Disposições Finais IV - receita corrente líquida: somatório das
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais,
publicação. industriais, agropecuárias, de serviços, transferências
correntes e outras receitas também correntes, deduzidos:

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a) na União, os valores transferidos aos b) dos demais fundos públicos e programas


Estados e Municípios por determinação constitucional ou estatais de natureza atuarial;
legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso V - demonstrativo da estimativa e
I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição; compensação da renúncia de receita e da margem de
b) nos Estados, as parcelas entregues aos expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.
Municípios por determinação constitucional; § 3o A lei de diretrizes orçamentárias conterá
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos
contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas
de previdência e assistência social e as receitas públicas, informando as providências a serem tomadas,
provenientes da compensação financeira citada no § 9º do caso se concretizem.
art. 201 da Constituição. § 4o A mensagem que encaminhar o projeto
§ 1o Serão computados no cálculo da receita da União apresentará, em anexo específico, os objetivos
corrente líquida os valores pagos e recebidos em das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os
decorrência da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro parâmetros e as projeções para seus principais agregados
de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do Ato das e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício
Disposições Constitucionais Transitórias. subsequente.
§ 2o Não serão considerados na receita Seção III
corrente líquida do Distrito Federal e dos Estados do Da Lei Orçamentária Anual
Amapá e de Roraima os recursos recebidos da União para Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual,
atendimento das despesas de que trata o inciso V do § 1o elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com
do art. 19. a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei
§ 3o A receita corrente líquida será apurada Complementar:
somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência I - conterá, em anexo, demonstrativo da
e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades. compatibilidade da programação dos orçamentos com os
CAPÍTULO II objetivos e metas constantes do documento de que trata o
DO PLANEJAMENTO § 1o do art. 4o;
Seção I II - será acompanhado do documento a que
Do Plano Plurianual se refere o § 6o do art. 165 da Constituição, bem como das
Art. 3o (VETADO) medidas de compensação a renúncias de receita e ao
Seção II aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;
Da Lei de Diretrizes Orçamentárias III - conterá reserva de contingência, cuja
Art. 4o A lei de diretrizes orçamentárias forma de utilização e montante, definido com base na
atenderá o disposto no § 2o do art. 165 da Constituição e: receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de
I - disporá também sobre: diretrizes orçamentárias, destinada ao:
a) equilíbrio entre receitas e despesas; a) (VETADO)
b) critérios e forma de limitação de empenho, b) atendimento de passivos contingentes e
a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso outros riscos e eventos fiscais imprevistos.
II deste artigo, no art. 9o e no inciso II do § 1o do art. 31; § 1o Todas as despesas relativas à dívida
c) (VETADO) pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as
d) (VETADO) atenderão, constarão da lei orçamentária anual.
e) normas relativas ao controle de custos e à § 2o O refinanciamento da dívida pública
avaliação dos resultados dos programas financiados com constará separadamente na lei orçamentária e nas de
recursos dos orçamentos; crédito adicional.
f) demais condições e exigências para § 3o A atualização monetária do principal da
transferências de recursos a entidades públicas e privadas; dívida mobiliária refinanciada não poderá superar a
II - (VETADO) variação do índice de preços previsto na lei de diretrizes
III - (VETADO) orçamentárias, ou em legislação específica.
§ 1o Integrará o projeto de lei de diretrizes § 4o É vedado consignar na lei orçamentária
orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada.
estabelecidas metas anuais, em valores correntes e § 5o A lei orçamentária não consignará
constantes, relativas a receitas, despesas, resultados dotação para investimento com duração superior a um
nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício financeiro que não esteja previsto no plano
exercício a que se referirem e para os dois seguintes. plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme
§ 2o O Anexo conterá, ainda: disposto no § 1o do art. 167 da Constituição.
I - avaliação do cumprimento das metas § 6o Integrarão as despesas da União, e
relativas ao ano anterior; serão incluídas na lei orçamentária, as do Banco Central do
II - demonstrativo das metas anuais, instruído Brasil relativas a pessoal e encargos sociais, custeio
com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os administrativo, inclusive os destinados a benefícios e
resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos assistência aos servidores, e a investimentos.
três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência § 7o (VETADO)
delas com as premissas e os objetivos da política Art. 6o (VETADO)
econômica nacional; Art. 7o O resultado do Banco Central do
III - evolução do patrimônio líquido, também Brasil, apurado após a constituição ou reversão de
nos últimos três exercícios, destacando a origem e a reservas, constitui receita do Tesouro Nacional, e será
aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos; transferido até o décimo dia útil subsequente à aprovação
IV - avaliação da situação financeira e dos balanços semestrais.
atuarial: § 1o O resultado negativo constituirá
a) dos regimes geral de previdência social e obrigação do Tesouro para com o Banco Central do Brasil e
próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao será consignado em dotação específica no orçamento.
Trabalhador;
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§ 2o O impacto e o custo fiscal das operações Art. 11. Constituem requisitos essenciais da
realizadas pelo Banco Central do Brasil serão responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e
demonstrados trimestralmente, nos termos em que dispuser efetiva arrecadação de todos os tributos da competência
a lei de diretrizes orçamentárias da União. constitucional do ente da Federação.
§ 3o Os balanços trimestrais do Banco Central Parágrafo único. É vedada a realização de
do Brasil conterão notas explicativas sobre os custos da transferências voluntárias para o ente que não observe o
remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional e disposto no caput, no que se refere aos impostos.
da manutenção das reservas cambiais e a rentabilidade de Art. 12. As previsões de receita observarão as
sua carteira de títulos, destacando os de emissão da União. normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das
Seção IV alterações na legislação, da variação do índice de preços,
Da Execução Orçamentária e do Cumprimento do crescimento econômico ou de qualquer outro fator
das Metas relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua
Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois
orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de
orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso cálculo e premissas utilizadas.
I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá a programação § 1o Reestimativa de receita por parte do
financeira e o cronograma de execução mensal de Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou
desembolso. (Vide Decreto nº 4.959, de 2004) (Vide omissão de ordem técnica ou legal.
Decreto nº 5.356, de 2005) § 2o O montante previsto para as receitas de
Parágrafo único. Os recursos legalmente operações de crédito não poderá ser superior ao das
vinculados a finalidade específica serão utilizados despesas de capital constantes do projeto de lei
exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, orçamentária. (Vide ADIN 2.238-5)
ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o § 3o O Poder Executivo de cada ente colocará
ingresso. à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público,
Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, no mínimo trinta dias antes do prazo final para
que a realização da receita poderá não comportar o encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estudos e as estimativas das receitas para o exercício
estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o subsequente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas
Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos memórias de cálculo.
montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as
limitação de empenho e movimentação financeira, segundo receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder
os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a
§ 1o No caso de restabelecimento da receita especificação, em separado, quando cabível, das medidas
prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e
cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa,
proporcional às reduções efetivadas. bem como da evolução do montante dos créditos tributários
§ 2o Não serão objeto de limitação as passíveis de cobrança administrativa.
despesas que constituam obrigações constitucionais e Seção II
legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento Da Renúncia de Receita
do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes Art. 14. A concessão ou ampliação de
orçamentárias. incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra
§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e renúncia de receita deverá estar acompanhada de
Judiciário e o Ministério Público não promoverem a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício
limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes,
Executivo autorizado a limitar os valores financeiros atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a
segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes pelo menos uma das seguintes condições: (Vide Medida
orçamentárias. (Vide ADIN 2.238-5) Provisória nº 2.159, de 2001) (Vide Lei nº 10.276, de
§ 4o Até o final dos meses de maio, setembro 2001)
e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o I - demonstração pelo proponente de que a
cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei
audiência pública na comissão referida no § 1o do art. 166 orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as
da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da
estaduais e municipais. lei de diretrizes orçamentárias;
§ 5o No prazo de noventa dias após o II - estar acompanhada de medidas de
encerramento de cada semestre, o Banco Central do Brasil compensação, no período mencionado no caput, por meio
apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas do aumento de receita, proveniente da elevação de
pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou
cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, criação de tributo ou contribuição.
creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal § 1o A renúncia compreende anistia,
de suas operações e os resultados demonstrados nos remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de
balanços. isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou
Art. 10. A execução orçamentária e financeira modificação de base de cálculo que implique redução
identificará os beneficiários de pagamento de sentenças discriminada de tributos ou contribuições, e outros
judiciais, por meio de sistema de contabilidade e benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
administração financeira, para fins de observância da § 2o Se o ato de concessão ou ampliação do
ordem cronológica determinada no art. 100 da Constituição. incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo
CAPÍTULO III decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só
DA RECEITA PÚBLICA entrará em vigor quando implementadas as medidas
Seção I referidas no mencionado inciso.
Da Previsão e da Arrecadação § 3o O disposto neste artigo não se aplica:
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I - às alterações das alíquotas dos impostos § 4o A comprovação referida no § 2o,


previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e
na forma do seu § 1º; metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame
II - ao cancelamento de débito cujo montante de compatibilidade da despesa com as demais normas do
seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança. plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.
CAPÍTULO IV § 5o A despesa de que trata este artigo não
DA DESPESA PÚBLICA será executada antes da implementação das medidas
Seção I referidas no § 2o, as quais integrarão o instrumento que a
Da Geração da Despesa criar ou aumentar.
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, § 6o O disposto no § 1o não se aplica às
irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao
despesa ou assunção de obrigação que não atendam o reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o
disposto nos arts. 16 e 17. inciso X do art. 37 da Constituição.
Art. 16. A criação, expansão ou § 7o Considera-se aumento de despesa a
aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete prorrogação daquela criada por prazo determinado.
aumento da despesa será acompanhado de: Seção II
I - estimativa do impacto orçamentário- Das Despesas com Pessoal
financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos Subseção I
dois subsequentes; Definições e Limites
II - declaração do ordenador da despesa de Art. 18. Para os efeitos desta Lei
que o aumento tem adequação orçamentária e financeira Complementar, entende-se como despesa total com
com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com
plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a
§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis,
considera-se: militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies
I - adequada com a lei orçamentária anual, a remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e
despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas
esteja abrangida por crédito genérico, de forma que e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras
somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como
e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às
ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; entidades de previdência.
II - compatível com o plano plurianual e a lei § 1o Os valores dos contratos de terceirização
de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme de mão-de-obra que se referem à substituição de
com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos servidores e empregados públicos serão contabilizados
nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas como "Outras Despesas de Pessoal".
disposições. § 2o A despesa total com pessoal será
§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do apurada somando-se a realizada no mês em referência com
caput será acompanhada das premissas e metodologia de as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o
cálculo utilizadas. regime de competência.
§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a Art. 19. Para os fins do disposto no caput do
despesa considerada irrelevante, nos termos em que art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em
dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. cada período de apuração e em cada ente da Federação,
§ 4o As normas do caput constituem condição não poderá exceder os percentuais da receita corrente
prévia para: líquida, a seguir discriminados:
I - empenho e licitação de serviços, I - União: 50% (cinquenta por cento);
fornecimento de bens ou execução de obras; II - Estados: 60% (sessenta por cento);
II - desapropriação de imóveis urbanos a que III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
se refere o § 3o do art. 182 da Constituição. § 1o Na verificação do atendimento dos limites
Subseção I definidos neste artigo, não serão computadas as despesas:
Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado I - de indenização por demissão de servidores
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter ou empregados;
continuado a despesa corrente derivada de lei, medida II - relativas a incentivos à demissão
provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o voluntária;
ente a obrigação legal de sua execução por um período III - derivadas da aplicação do disposto no
superior a dois exercícios. inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição;
§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem IV - decorrentes de decisão judicial e da
despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a competência de período anterior ao da apuração a que se
estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a refere o § 2o do art. 18;
origem dos recursos para seu custeio. V - com pessoal, do Distrito Federal e dos
§ 2o Para efeito do atendimento do § 1o, o ato Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos
será acompanhado de comprovação de que a despesa transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do
criada ou aumentada não afetará as metas de resultados art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda
fiscais previstas no anexo referido no § 1 o do art. 4o, Constitucional no 19;
devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, VI - com inativos, ainda que por intermédio de
ser compensados pelo aumento permanente de receita ou fundo específico, custeadas por recursos provenientes:
pela redução permanente de despesa. a) da arrecadação de contribuições dos
§ 3o Para efeito do § 2o, considera-se segurados;
aumento permanente de receita o proveniente da elevação b) da compensação financeira de que trata o
de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou § 9o do art. 201 da Constituição;
criação de tributo ou contribuição.
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c) das demais receitas diretamente acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro décimos por
arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o cento).
produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como § 5o Para os fins previstos no art. 168 da
seu superávit financeiro. Constituição, a entrega dos recursos financeiros
§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § correspondentes à despesa total com pessoal por Poder e
1o, as despesas com pessoal decorrentes de sentenças órgão será a resultante da aplicação dos percentuais
judiciais serão incluídas no limite do respectivo Poder ou definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de
órgão referido no art. 20. diretrizes orçamentárias.
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. § 6o (VETADO)
19 não poderá exceder os seguintes percentuais: Subseção II
I - na esfera federal: Do Controle da Despesa Total com Pessoal
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que
cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda:
União; I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; Complementar, e o disposto no inciso XIII do art. 37 e no §
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos 1o do art. 169 da Constituição;
por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por II - o limite legal de comprometimento
cento) para as despesas com pessoal decorrentes do que aplicado às despesas com pessoal inativo.
dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o Parágrafo único. Também é nulo de pleno
art. 31 da Emenda Constitucional no 19, repartidos de forma direito o ato de que resulte aumento da despesa com
proporcional à média das despesas relativas a cada um pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao
destes dispositivos, em percentual da receita corrente final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão
líquida, verificadas nos três exercícios financeiros referido no art. 20.
imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Art. 22. A verificação do cumprimento dos
Complementar; (Vide Decreto nº 3.917, de 2001) limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o final de cada quadrimestre.
Ministério Público da União; Parágrafo único. Se a despesa total com
II - na esfera estadual: pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20
incluído o Tribunal de Contas do Estado; que houver incorrido no excesso:
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; I - concessão de vantagem, aumento, reajuste
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os
Executivo; derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou
d) 2% (dois por cento) para o Ministério contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art.
Público dos Estados; 37 da Constituição;
III - na esfera municipal: II - criação de cargo, emprego ou função;
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, III - alteração de estrutura de carreira que
incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver; implique aumento de despesa;
b) 54% (cinquenta e quatro por cento) para o IV - provimento de cargo público, admissão
Executivo. ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a
§ 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de
cada esfera, os limites serão repartidos entre seus órgãos servidores das áreas de educação, saúde e segurança;
de forma proporcional à média das despesas com pessoal, V - contratação de hora extra, salvo no caso
em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e
três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias.
publicação desta Lei Complementar. Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do
§ 2o Para efeito deste artigo entende-se como Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites
órgão: definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas
I - o Ministério Público; previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser
II - no Poder Legislativo: eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo
a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as
de Contas da União; providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da
b) Estadual, a Assembleia Legislativa e os Constituição.
Tribunais de Contas; § 1o No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da
c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e Constituição, o objetivo poderá ser alcançado tanto pela
o Tribunal de Contas do Distrito Federal; extinção de cargos e funções quanto pela redução dos
d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5)
Tribunal de Contas do Município, quando houver; § 2o É facultada a redução temporária da
III - no Poder Judiciário: jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à
a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da nova carga horária.(Vide ADIN 2.238-5)
Constituição; § 3o Não alcançada a redução no prazo
b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não
quando houver. poderá:
§ 3o Os limites para as despesas com pessoal I - receber transferências voluntárias;
do Poder Judiciário, a cargo da União por força do inciso II - obter garantia, direta ou indireta, de outro
XIII do art. 21 da Constituição, serão estabelecidos ente;
mediante aplicação da regra do § 1o. III - contratar operações de crédito,
§ 4o Nos Estados em que houver Tribunal de ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida
Contas dos Municípios, os percentuais definidos nas mobiliária e as que visem à redução das despesas com
alíneas a e c do inciso II do caput serão, respectivamente, pessoal.
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§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do


imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o Brasil.
limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato § 2o Compreende-se incluída a concessão de
dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20. empréstimos, financiamentos e refinanciamentos, inclusive
Seção III as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a
Das Despesas com a Seguridade Social concessão de subvenções e a participação em constituição
Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo ou aumento de capital.
à seguridade social poderá ser criado, majorado ou Art. 27. Na concessão de crédito por ente da
estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos Federação a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob
termos do § 5o do art. 195 da Constituição, atendidas ainda seu controle direto ou indireto, os encargos financeiros,
as exigências do art. 17. comissões e despesas congêneres não serão inferiores aos
§ 1o É dispensada da compensação referida definidos em lei ou ao custo de captação.
no art. 17 o aumento de despesa decorrente de: Parágrafo único. Dependem de autorização
I - concessão de benefício a quem satisfaça em lei específica as prorrogações e composições de dívidas
as condições de habilitação prevista na legislação decorrentes de operações de crédito, bem como a
pertinente; concessão de empréstimos ou financiamentos em
II - expansão quantitativa do atendimento e desacordo com o caput, sendo o subsídio correspondente
dos serviços prestados; consignado na lei orçamentária.
III - reajustamento de valor do benefício ou Art. 28. Salvo mediante lei específica, não
serviço, a fim de preservar o seu valor real. poderão ser utilizados recursos públicos, inclusive de
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se a operações de crédito, para socorrer instituições do Sistema
benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência Financeiro Nacional, ainda que mediante a concessão de
social, inclusive os destinados aos servidores públicos e empréstimos de recuperação ou financiamentos para
militares, ativos e inativos, e aos pensionistas. mudança de controle acionário.
CAPÍTULO V § 1o A prevenção de insolvência e outros
DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS riscos ficará a cargo de fundos, e outros mecanismos,
Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, constituídos pelas instituições do Sistema Financeiro
entende-se por transferência voluntária a entrega de Nacional, na forma da lei.
recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, § 2o O disposto no caput não proíbe o Banco
a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, Central do Brasil de conceder às instituições financeiras
que não decorra de determinação constitucional, legal ou os operações de redesconto e de empréstimos de prazo
destinados ao Sistema Único de Saúde. inferior a trezentos e sessenta dias.
§ 1o São exigências para a realização de CAPÍTULO VII
transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO
diretrizes orçamentárias: Seção I
I - existência de dotação específica; Definições Básicas
II - (VETADO) Art. 29. Para os efeitos desta Lei
III - observância do disposto no inciso X do Complementar, são adotadas as seguintes definições:
art. 167 da Constituição; I - dívida pública consolidada ou fundada:
IV - comprovação, por parte do beneficiário, montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações
de: financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de
a) que se acha em dia quanto ao pagamento leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de
de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente operações de crédito, para amortização em prazo superior
transferidor, bem como quanto à prestação de contas de a doze meses;
recursos anteriormente dele recebidos; II - dívida pública mobiliária: dívida pública
b) cumprimento dos limites constitucionais representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do
relativos à educação e à saúde; Banco Central do Brasil, Estados e Municípios;
c) observância dos limites das dívidas III - operação de crédito: compromisso
consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de
por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de
e de despesa total com pessoal; bens, recebimento antecipado de valores provenientes da
d) previsão orçamentária de contrapartida. venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil
§ 2o É vedada a utilização de recursos e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de
transferidos em finalidade diversa da pactuada. derivativos financeiros;
§ 3o Para fins da aplicação das sanções de IV - concessão de garantia: compromisso de
suspensão de transferências voluntárias constantes desta adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida
Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações por ente da Federação ou entidade a ele vinculada;
de educação, saúde e assistência social. V - refinanciamento da dívida mobiliária:
CAPÍTULO VI emissão de títulos para pagamento do principal acrescido
DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS da atualização monetária.
PARA O SETOR PRIVADO § 1o Equipara-se a operação de crédito a
Art. 26. A destinação de recursos para, direta assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo
ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ente da Federação, sem prejuízo do cumprimento das
ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por exigências dos arts. 15 e 16.
lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de § 2o Será incluída na dívida pública
diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou consolidada da União a relativa à emissão de títulos de
em seus créditos adicionais. responsabilidade do Banco Central do Brasil.
§ 1o O disposto no caput aplica-se a toda a § 3o Também integram a dívida pública
administração indireta, inclusive fundações públicas e consolidada as operações de crédito de prazo inferior a
empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento.
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§ 4o O refinanciamento do principal da dívida § 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que


mobiliária não excederá, ao término de cada exercício nele houver incorrido:
financeiro, o montante do final do exercício anterior, I - estará proibido de realizar operação de
somado ao das operações de crédito autorizadas no crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de
orçamento para este efeito e efetivamente realizadas, receita, ressalvado o refinanciamento do principal
acrescido de atualização monetária. atualizado da dívida mobiliária;
Seção II II - obterá resultado primário necessário à
Dos Limites da Dívida Pública e das Operações recondução da dívida ao limite, promovendo, entre outras
de Crédito medidas, limitação de empenho, na forma do art. 9 o.
Art. 30. No prazo de noventa dias após a § 2o Vencido o prazo para retorno da dívida
publicação desta Lei Complementar, o Presidente da ao limite, e enquanto perdurar o excesso, o ente ficará
República submeterá ao: também impedido de receber transferências voluntárias da
I - Senado Federal: proposta de limites União ou do Estado.
globais para o montante da dívida consolidada da União, § 3o As restrições do § 1o aplicam-se
Estados e Municípios, cumprindo o que estabelece o inciso imediatamente se o montante da dívida exceder o limite no
VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e primeiro quadrimestre do último ano do mandato do Chefe
condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo do Poder Executivo.
artigo; § 4o O Ministério da Fazenda divulgará,
II - Congresso Nacional: projeto de lei que mensalmente, a relação dos entes que tenham
estabeleça limites para o montante da dívida mobiliária ultrapassado os limites das dívidas consolidada e
federal a que se refere o inciso XIV do art. 48 da mobiliária.
Constituição, acompanhado da demonstração de sua § 5o As normas deste artigo serão observadas
adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da nos casos de descumprimento dos limites da dívida
União, atendido o disposto no inciso I do § 1 o deste artigo. mobiliária e das operações de crédito internas e externas.
§ 1o As propostas referidas nos incisos I e II Seção IV
do caput e suas alterações conterão: Das Operações de Crédito
I - demonstração de que os limites e Subseção I
condições guardam coerência com as normas Da Contratação
estabelecidas nesta Lei Complementar e com os objetivos Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o
da política fiscal; cumprimento dos limites e condições relativos à realização
II - estimativas do impacto da aplicação dos de operações de crédito de cada ente da Federação,
limites a cada uma das três esferas de governo; inclusive das empresas por eles controladas, direta ou
III - razões de eventual proposição de limites indiretamente.
diferenciados por esfera de governo; § 1o O ente interessado formalizará seu pleito
IV - metodologia de apuração dos resultados fundamentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e
primário e nominal. jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o
§ 2o As propostas mencionadas nos incisos I interesse econômico e social da operação e o atendimento
e II do caput também poderão ser apresentadas em termos das seguintes condições:
de dívida líquida, evidenciando a forma e a metodologia de I - existência de prévia e expressa
sua apuração. autorização para a contratação, no texto da lei
§ 3o Os limites de que tratam os incisos I e II orçamentária, em créditos adicionais ou lei específica;
do caput serão fixados em percentual da receita corrente II - inclusão no orçamento ou em créditos
líquida para cada esfera de governo e aplicados igualmente adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto
a todos os entes da Federação que a integrem, no caso de operações por antecipação de receita;
constituindo, para cada um deles, limites máximos. III - observância dos limites e condições
§ 4o Para fins de verificação do atendimento fixados pelo Senado Federal;
do limite, a apuração do montante da dívida consolidada IV - autorização específica do Senado
será efetuada ao final de cada quadrimestre. Federal, quando se tratar de operação de crédito externo;
§ 5o No prazo previsto no art. 5o, o Presidente V - atendimento do disposto no inciso III do
da República enviará ao Senado Federal ou ao Congresso art. 167 da Constituição;
Nacional, conforme o caso, proposta de manutenção ou VI - observância das demais restrições
alteração dos limites e condições previstos nos incisos I e II estabelecidas nesta Lei Complementar.
do caput. § 2o As operações relativas à dívida mobiliária
§ 6o Sempre que alterados os fundamentos federal autorizadas, no texto da lei orçamentária ou de
das propostas de que trata este artigo, em razão de créditos adicionais, serão objeto de processo simplificado
instabilidade econômica ou alterações nas políticas que atenda às suas especificidades.
monetária ou cambial, o Presidente da República poderá § 3o Para fins do disposto no inciso V do § 1 o,
encaminhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional considerar-se-á, em cada exercício financeiro, o total dos
solicitação de revisão dos limites. recursos de operações de crédito nele ingressados e o das
§ 7o Os precatórios judiciais não pagos despesas de capital executadas, observado o seguinte:
durante a execução do orçamento em que houverem sido I - não serão computadas nas despesas de
incluídos integram a dívida consolidada, para fins de capital as realizadas sob a forma de empréstimo ou
aplicação dos limites. financiamento a contribuinte, com o intuito de promover
Seção III incentivo fiscal, tendo por base tributo de competência do
Da Recondução da Dívida aos Limites ente da Federação, se resultar a diminuição, direta ou
Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente indireta, do ônus deste;
da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um II - se o empréstimo ou financiamento a que
quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término se refere o inciso I for concedido por instituição financeira
dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo controlada pelo ente da Federação, o valor da operação
menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro. será deduzido das despesas de capital;
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III - (VETADO) de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União


§ 4o Sem prejuízo das atribuições próprias do para aplicação de recursos próprios.
Senado Federal e do Banco Central do Brasil, o Ministério Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito
da Fazenda efetuará o registro eletrônico centralizado e e estão vedados:
atualizado das dívidas públicas interna e externa, garantido I - captação de recursos a título de
o acesso público às informações, que incluirão: antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato
I - encargos e condições de contratação; gerador ainda não tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto
II - saldos atualizados e limites relativos às no § 7o do art. 150 da Constituição;
dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e II - recebimento antecipado de valores de
concessão de garantias. empresa em que o Poder Público detenha, direta ou
§ 5o Os contratos de operação de crédito indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto,
externo não conterão cláusula que importe na salvo lucros e dividendos, na forma da legislação;
compensação automática de débitos e créditos. III - assunção direta de compromisso,
§ 6o O prazo de validade da verificação dos confissão de dívida ou operação assemelhada, com
limites e das condições de que trata este artigo e da análise fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante
realizada para a concessão de garantia pela União será de, emissão, aceite ou aval de título de crédito, não se
no mínimo, 90 (noventa) dias e, no máximo, 270 (duzentos aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;
e setenta) dias, a critério do Ministério da IV - assunção de obrigação, sem autorização
Fazenda. (Incluído pela Lei Complementar nº 159, orçamentária, com fornecedores para pagamento a
de 2017) posteriori de bens e serviços.
Art. 33. A instituição financeira que contratar Subseção III
operação de crédito com ente da Federação, exceto Das Operações de Crédito por Antecipação de
quando relativa à dívida mobiliária ou à externa, deverá Receita Orçamentária
exigir comprovação de que a operação atende às condições Art. 38. A operação de crédito por
e limites estabelecidos. antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de
§ 1o A operação realizada com infração do caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as
disposto nesta Lei Complementar será considerada nula, exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:
procedendo-se ao seu cancelamento, mediante a I - realizar-se-á somente a partir do décimo
devolução do principal, vedados o pagamento de juros e dia do início do exercício;
demais encargos financeiros. II - deverá ser liquidada, com juros e outros
§ 2o Se a devolução não for efetuada no encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada
exercício de ingresso dos recursos, será consignada ano;
reserva específica na lei orçamentária para o exercício III - não será autorizada se forem cobrados
seguinte. outros encargos que não a taxa de juros da operação,
§ 3o Enquanto não efetuado o cancelamento, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica
a amortização, ou constituída a reserva, aplicam-se as financeira, ou à que vier a esta substituir;
sanções previstas nos incisos do § 3o do art. 23. IV - estará proibida:
§ 4o Também se constituirá reserva, no a) enquanto existir operação anterior da
montante equivalente ao excesso, se não atendido o mesma natureza não integralmente resgatada;
disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, b) no último ano de mandato do Presidente,
consideradas as disposições do § 3o do art. 32. Governador ou Prefeito Municipal.
Subseção II § 1o As operações de que trata este artigo
Das Vedações não serão computadas para efeito do que dispõe o inciso III
Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá do art. 167 da Constituição, desde que liquidadas no prazo
títulos da dívida pública a partir de dois anos após a definido no inciso II do caput.
publicação desta Lei Complementar. § 2o As operações de crédito por antecipação
Art. 35. É vedada a realização de operação de receita realizadas por Estados ou Municípios serão
de crédito entre um ente da Federação, diretamente ou por efetuadas mediante abertura de crédito junto à instituição
intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa financeira vencedora em processo competitivo eletrônico
estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da promovido pelo Banco Central do Brasil.
administração indireta, ainda que sob a forma de novação, § 3o O Banco Central do Brasil manterá
refinanciamento ou postergação de dívida contraída sistema de acompanhamento e controle do saldo do crédito
anteriormente. aberto e, no caso de inobservância dos limites, aplicará as
§ 1o Excetuam-se da vedação a que se refere sanções cabíveis à instituição credora.
o caput as operações entre instituição financeira estatal e Subseção IV
outro ente da Federação, inclusive suas entidades da Das Operações com o Banco Central do Brasil
administração indireta, que não se destinem a: Art. 39. Nas suas relações com ente da
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas Federação, o Banco Central do Brasil está sujeito às
correntes; vedações constantes do art. 35 e mais às seguintes:
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à I - compra de título da dívida, na data de sua
própria instituição concedente. colocação no mercado, ressalvado o disposto no § 2 o deste
§ 2o O disposto no caput não impede Estados artigo;
e Municípios de comprar títulos da dívida da União como II - permuta, ainda que temporária, por
aplicação de suas disponibilidades. intermédio de instituição financeira ou não, de título da
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre dívida de ente da Federação por título da dívida pública
uma instituição financeira estatal e o ente da Federação federal, bem como a operação de compra e venda, a termo,
que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo. daquele título, cujo efeito final seja semelhante à permuta;
Parágrafo único. O disposto no caput não III - concessão de garantia.
proíbe instituição financeira controlada de adquirir, no § 1o O disposto no inciso II, in fine, não se
mercado, títulos da dívida pública para atender investimento aplica ao estoque de Letras do Banco Central do Brasil,
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Série Especial, existente na carteira das instituições § 10. O ente da Federação cuja dívida tiver
financeiras, que pode ser refinanciado mediante novas sido honrada pela União ou por Estado, em decorrência de
operações de venda a termo. garantia prestada em operação de crédito, terá suspenso o
§ 2o O Banco Central do Brasil só poderá acesso a novos créditos ou financiamentos até a total
comprar diretamente títulos emitidos pela União para liquidação da mencionada dívida.
refinanciar a dívida mobiliária federal que estiver vencendo Seção VI
na sua carteira. Dos Restos a Pagar
§ 3o A operação mencionada no § 2o deverá Art. 41. (VETADO)
ser realizada à taxa média e condições alcançadas no dia, Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão
em leilão público. referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu
§ 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser
títulos da dívida pública federal existentes na carteira do cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas
Banco Central do Brasil, ainda que com cláusula de a serem pagas no exercício seguinte sem que haja
reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária. suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.
Seção V Parágrafo único. Na determinação da
Da Garantia e da Contragarantia disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e
Art. 40. Os entes poderão conceder garantia despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.
em operações de crédito internas ou externas, observados CAPÍTULO VIII
o disposto neste artigo, as normas do art. 32 e, no caso da DA GESTÃO PATRIMONIAL
União, também os limites e as condições estabelecidos pelo Seção I
Senado Federal. Das Disponibilidades de Caixa
§ 1o A garantia estará condicionada ao Art. 43. As disponibilidades de caixa dos
oferecimento de contragarantia, em valor igual ou superior entes da Federação serão depositadas conforme
ao da garantia a ser concedida, e à adimplência da estabelece o § 3o do art. 164 da Constituição.
entidade que a pleitear relativamente a suas obrigações § 1o As disponibilidades de caixa dos regimes
junto ao garantidor e às entidades por este controladas, de previdência social, geral e próprio dos servidores
observado o seguinte: públicos, ainda que vinculadas a fundos específicos a que
I - não será exigida contragarantia de órgãos se referem os arts. 249 e 250 da Constituição, ficarão
e entidades do próprio ente; depositadas em conta separada das demais
II - a contragarantia exigida pela União a disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de
Estado ou Município, ou pelos Estados aos Municípios, mercado, com observância dos limites e condições de
poderá consistir na vinculação de receitas tributárias proteção e prudência financeira.
diretamente arrecadadas e provenientes de transferências § 2o É vedada a aplicação das
constitucionais, com outorga de poderes ao garantidor para disponibilidades de que trata o § 1o em:
retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da I - títulos da dívida pública estadual e
dívida vencida. municipal, bem como em ações e outros papéis relativos às
§ 2o No caso de operação de crédito junto a empresas controladas pelo respectivo ente da Federação;
organismo financeiro internacional, ou a instituição federal II - empréstimos, de qualquer natureza, aos
de crédito e fomento para o repasse de recursos externos, segurados e ao Poder Público, inclusive a suas empresas
a União só prestará garantia a ente que atenda, além do controladas.
disposto no § 1o, as exigências legais para o recebimento Seção II
de transferências voluntárias. Da Preservação do Patrimônio Público
§ 3o (VETADO) Art. 44. É vedada a aplicação da receita de
§ 4o (VETADO) capital derivada da alienação de bens e direitos que
§ 5o É nula a garantia concedida acima dos integram o patrimônio público para o financiamento de
limites fixados pelo Senado Federal. despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de
§ 6o É vedado às entidades da administração previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.
indireta, inclusive suas empresas controladas e Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art.
o
subsidiárias, conceder garantia, ainda que com recursos de 5 , a lei orçamentária e as de créditos adicionais só
fundos. incluirão novos projetos após adequadamente atendidos os
§ 7o O disposto no § 6o não se aplica à em andamento e contempladas as despesas de
concessão de garantia por: conservação do patrimônio público, nos termos em que
I - empresa controlada a subsidiária ou dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
controlada sua, nem à prestação de contragarantia nas Parágrafo único. O Poder Executivo de cada
mesmas condições; ente encaminhará ao Legislativo, até a data do envio do
II - instituição financeira a empresa nacional, projeto de lei de diretrizes orçamentárias, relatório com as
nos termos da lei. informações necessárias ao cumprimento do disposto neste
§ 8o Excetua-se do disposto neste artigo a artigo, ao qual será dada ampla divulgação.
garantia prestada: Art. 46. É nulo de pleno direito ato de
I - por instituições financeiras estatais, que se desapropriação de imóvel urbano expedido sem o
submeterão às normas aplicáveis às instituições financeiras atendimento do disposto no § 3o do art. 182 da Constituição,
privadas, de acordo com a legislação pertinente; ou prévio depósito judicial do valor da indenização.
II - pela União, na forma de lei federal, a Seção III
empresas de natureza financeira por ela controladas, direta Das Empresas Controladas pelo Setor Público
e indiretamente, quanto às operações de seguro de crédito Art. 47. A empresa controlada que firmar
à exportação. contrato de gestão em que se estabeleçam objetivos e
§ 9o Quando honrarem dívida de outro ente, metas de desempenho, na forma da lei, disporá de
em razão de garantia prestada, a União e os Estados autonomia gerencial, orçamentária e financeira, sem
poderão condicionar as transferências constitucionais ao prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 165 da
ressarcimento daquele pagamento. Constituição.
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Parágrafo único. A empresa controlada § 6o Todos os Poderes e órgãos referidos no art.


incluirá em seus balanços trimestrais nota explicativa em 20, incluídos autarquias, fundações públicas, empresas
que informará: estatais dependentes e fundos, do ente da Federação
I - fornecimento de bens e serviços ao devem utilizar sistemas únicos de execução orçamentária e
controlador, com respectivos preços e condições, financeira, mantidos e gerenciados pelo Poder Executivo,
comparando-os com os praticados no mercado; resguardada a autonomia. (Incluído pela Lei
II - recursos recebidos do controlador, a Complementar nº 156, de 2016)
qualquer título, especificando valor, fonte e destinação; Art. 48-A. Para os fins a que se refere o
III - venda de bens, prestação de serviços ou inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da
concessão de empréstimos e financiamentos com preços, Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou
taxas, prazos ou condições diferentes dos vigentes no jurídica o acesso a informações referentes a: (Incluído
mercado. pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
CAPÍTULO IX I – quanto à despesa: todos os atos
DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E praticados pelas unidades gestoras no decorrer da
FISCALIZAÇÃO execução da despesa, no momento de sua realização, com
Seção I a disponibilização mínima dos dados referentes ao número
Da Transparência da Gestão Fiscal do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao
Art. 48. São instrumentos de transparência da serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do
gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório
inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os realizado; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as 2009).
prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o II – quanto à receita: o lançamento e o
Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras,
Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas inclusive referente a recursos
desses documentos. extraordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº
§ 1o A transparência será assegurada 131, de 2009).
também mediante: (Redação dada pela Lei Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do
Complementar nº 156, de 2016) Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o
I – incentivo à participação popular e exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão
realização de audiências públicas, durante os processos de técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e
elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei Parágrafo único. A prestação de contas da
Complementar nº 131, de 2009). União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das
II - liberação ao pleno conhecimento e agências financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco
acompanhamento da sociedade, em tempo real, de Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social,
informações pormenorizadas sobre a execução especificando os empréstimos e financiamentos concedidos
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da
público; e (Redação dada pela Lei Complementar nº seguridade social e, no caso das agências financeiras,
156, de 2016) avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas
III – adoção de sistema integrado de atividades no exercício.
administração financeira e controle, que atenda a padrão Seção II
mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da Da Escrituração e Consolidação das Contas
União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído pela Lei Art. 50. Além de obedecer às demais normas
Complementar nº 131, de 2009) (Vide Decreto nº de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas
7.185, de 2010) observará as seguintes:
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal I - a disponibilidade de caixa constará de
e os Municípios disponibilizarão suas informações e dados registro próprio, de modo que os recursos vinculados a
contábeis, orçamentários e fiscais conforme periodicidade, órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e
formato e sistema estabelecidos pelo órgão central de escriturados de forma individualizada;
contabilidade da União, os quais deverão ser divulgados em II - a despesa e a assunção de compromisso
meio eletrônico de amplo acesso público. (Incluído serão registradas segundo o regime de competência,
pela Lei Complementar nº 156, de 2016) apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos
§ 3o Os Estados, o Distrito Federal e os fluxos financeiros pelo regime de caixa;
Municípios encaminharão ao Ministério da Fazenda, nos III - as demonstrações contábeis
termos e na periodicidade a serem definidos em instrução compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e
específica deste órgão, as informações necessárias para a operações de cada órgão, fundo ou entidade da
constituição do registro eletrônico centralizado e atualizado administração direta, autárquica e fundacional, inclusive
das dívidas públicas interna e externa, de que trata o § 4 o empresa estatal dependente;
do art. 32. (Incluído pela Lei Complementar nº 156, IV - as receitas e despesas previdenciárias
de 2016) serão apresentadas em demonstrativos financeiros e
§ 4o A inobservância do disposto nos §§ 2o e 3o orçamentários específicos;
ensejará as penalidades previstas no § 2o do art. V - as operações de crédito, as inscrições em
51. (Incluído pela Lei Complementar nº 156, de Restos a Pagar e as demais formas de financiamento ou
2016) assunção de compromissos junto a terceiros, deverão ser
§ 5o Nos casos de envio conforme disposto no § escrituradas de modo a evidenciar o montante e a variação
o
2 , para todos os efeitos, a União, os Estados, o Distrito da dívida pública no período, detalhando, pelo menos, a
Federal e os Municípios cumprem o dever de ampla natureza e o tipo de credor;
divulgação a que se refere o caput. (Incluído pela VI - a demonstração das variações
Lei Complementar nº 156, de 2016) patrimoniais dará destaque à origem e ao destino dos
recursos provenientes da alienação de ativos.
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§ 1o No caso das demonstrações conjuntas, § 1o O relatório referente ao último bimestre


excluir-se-ão as operações intragovernamentais. do exercício será acompanhado também de
§ 2o A edição de normas gerais para demonstrativos:
consolidação das contas públicas caberá ao órgão central I - do atendimento do disposto no inciso III do
de contabilidade da União, enquanto não implantado o art. 167 da Constituição, conforme o § 3o do art. 32;
conselho de que trata o art. 67. II - das projeções atuariais dos regimes de
§ 3o A Administração Pública manterá sistema previdência social, geral e próprio dos servidores públicos;
de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da III - da variação patrimonial, evidenciando a
gestão orçamentária, financeira e patrimonial. alienação de ativos e a aplicação dos recursos dela
Art. 51. O Poder Executivo da União decorrentes.
promoverá, até o dia trinta de junho, a consolidação, § 2o Quando for o caso, serão apresentadas
nacional e por esfera de governo, das contas dos entes da justificativas:
Federação relativas ao exercício anterior, e a sua I - da limitação de empenho;
divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público. II - da frustração de receitas, especificando as
§ 1o Os Estados e os Municípios medidas de combate à sonegação e à evasão fiscal,
encaminharão suas contas ao Poder Executivo da União adotadas e a adotar, e as ações de fiscalização e cobrança.
nos seguintes prazos: Seção IV
I - Municípios, com cópia para o Poder Do Relatório de Gestão Fiscal
Executivo do respectivo Estado, até trinta de abril; Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será
II - Estados, até trinta e um de maio. emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos referidos no
§ 2o O descumprimento dos prazos previstos art. 20 Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:
neste artigo impedirá, até que a situação seja regularizada, I - Chefe do Poder Executivo;
que o ente da Federação receba transferências voluntárias II - Presidente e demais membros da Mesa
e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme
refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária. regimentos internos dos órgãos do Poder Legislativo;
Seção III III - Presidente de Tribunal e demais membros
Do Relatório Resumido da Execução de Conselho de Administração ou órgão decisório
Orçamentária equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do Poder Judiciário;
art. 165 da Constituição abrangerá todos os Poderes e o IV - Chefe do Ministério Público, da União e
Ministério Público, será publicado até trinta dias após o dos Estados.
encerramento de cada bimestre e composto de: Parágrafo único. O relatório também será
I - balanço orçamentário, que especificará, assinado pelas autoridades responsáveis pela
por categoria econômica, as: administração financeira e pelo controle interno, bem como
a) receitas por fonte, informando as por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão
realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada; referido no art. 20.
b) despesas por grupo de natureza, Art. 55. O relatório conterá:
discriminando a dotação para o exercício, a despesa I - comparativo com os limites de que trata
liquidada e o saldo; esta Lei Complementar, dos seguintes montantes:
II - demonstrativos da execução das: a) despesa total com pessoal, distinguindo a
a) receitas, por categoria econômica e fonte, com inativos e pensionistas;
especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para b) dívidas consolidada e mobiliária;
o exercício, a receita realizada no bimestre, a realizada no c) concessão de garantias;
exercício e a previsão a realizar; d) operações de crédito, inclusive por
b) despesas, por categoria econômica e antecipação de receita;
grupo de natureza da despesa, discriminando dotação e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e II - indicação das medidas corretivas
liquidada, no bimestre e no exercício; adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites;
c) despesas, por função e subfunção. III - demonstrativos, no último quadrimestre:
§ 1o Os valores referentes ao refinanciamento a) do montante das disponibilidades de caixa
da dívida mobiliária constarão destacadamente nas receitas em trinta e um de dezembro;
de operações de crédito e nas despesas com amortização b) da inscrição em Restos a Pagar, das
da dívida. despesas:
§ 2o O descumprimento do prazo previsto 1) liquidadas;
neste artigo sujeita o ente às sanções previstas no § 2 o do 2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por
art. 51. atenderem a uma das condições do inciso II do art. 41;
Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido 3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até
demonstrativos relativos a: o limite do saldo da disponibilidade de caixa;
I - apuração da receita corrente líquida, na 4) não inscritas por falta de disponibilidade de
forma definida no inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim caixa e cujos empenhos foram cancelados;
como a previsão de seu desempenho até o final do c) do cumprimento do disposto no inciso II e
exercício; na alínea b do inciso IV do art. 38.
II - receitas e despesas previdenciárias a que § 1o O relatório dos titulares dos órgãos
se refere o inciso IV do art. 50; mencionados nos incisos II, III e IV do art. 54 conterá
III - resultados nominal e primário; apenas as informações relativas à alínea a do inciso I, e os
IV - despesas com juros, na forma do inciso II documentos referidos nos incisos II e III.
do art. 4o; § 2o O relatório será publicado até trinta dias
V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e após o encerramento do período a que corresponder, com
órgão referido no art. 20, os valores inscritos, os amplo acesso ao público, inclusive por meio eletrônico.
pagamentos realizados e o montante a pagar.
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§ 3o O descumprimento do prazo a que se § 1o Os Tribunais de Contas alertarão os


refere o § 2o sujeita o ente à sanção prevista no § 2 o do art. Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando
51. constatarem:
§ 4o Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 I - a possibilidade de ocorrência das situações
deverão ser elaborados de forma padronizada, segundo previstas no inciso II do art. 4o e no art. 9o;
modelos que poderão ser atualizados pelo conselho de que II - que o montante da despesa total com
trata o art. 67. pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite;
Seção V III - que os montantes das dívidas
Das Prestações de Contas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do concessão de garantia se encontram acima de 90%
Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos (noventa por cento) dos respectivos limites;
Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário IV - que os gastos com inativos e pensionistas
e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as se encontram acima do limite definido em lei;
quais receberão parecer prévio, separadamente, do V - fatos que comprometam os custos ou os
respectivo Tribunal de Contas. resultados dos programas ou indícios de irregularidades na
§ 1o As contas do Poder Judiciário serão gestão orçamentária.
apresentadas no âmbito: § 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas
I - da União, pelos Presidentes do Supremo verificar os cálculos dos limites da despesa total com
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, consolidando pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.
as dos respectivos tribunais; § 3o O Tribunal de Contas da União
II - dos Estados, pelos Presidentes dos acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2 o, 3o e 4o
Tribunais de Justiça, consolidando as dos demais tribunais. do art. 39.
§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais CAPÍTULO X
de Contas será proferido no prazo previsto no art. 57 pela DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
comissão mista permanente referida no § 1o do art. 166 da Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar
Constituição ou equivalente das Casas Legislativas limites inferiores àqueles previstos nesta Lei Complementar
estaduais e municipais. para as dívidas consolidada e mobiliária, operações de
§ 3o Será dada ampla divulgação dos crédito e concessão de garantias.
resultados da apreciação das contas, julgadas ou tomadas. Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde
Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão que devidamente escriturados em sistema centralizado de
parecer prévio conclusivo sobre as contas no prazo de liquidação e custódia, poderão ser oferecidos em caução
sessenta dias do recebimento, se outro não estiver para garantia de empréstimos, ou em outras transações
estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis previstas em lei, pelo seu valor econômico, conforme
orgânicas municipais. definido pelo Ministério da Fazenda.
§ 1o No caso de Municípios que não sejam Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o
capitais e que tenham menos de duzentos mil habitantes o custeio de despesas de competência de outros entes da
prazo será de cento e oitenta dias. Federação se houver:
§ 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em I - autorização na lei de diretrizes
recesso enquanto existirem contas de Poder, ou órgão orçamentárias e na lei orçamentária anual;
referido no art. 20, pendentes de parecer prévio. II - convênio, acordo, ajuste ou congênere,
Art. 58. A prestação de contas evidenciará o conforme sua legislação.
desempenho da arrecadação em relação à previsão, Art. 63. É facultado aos Municípios com
destacando as providências adotadas no âmbito da população inferior a cinquenta mil habitantes optar por:
fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do
de recuperação de créditos nas instâncias administrativa e art. 30 ao final do semestre;
judicial, bem como as demais medidas para incremento das II - divulgar semestralmente:
receitas tributárias e de contribuições. a) (VETADO)
Seção VI b) o Relatório de Gestão Fiscal;
Da Fiscalização da Gestão Fiscal c) os demonstrativos de que trata o art. 53;
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do
com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de plano plurianual, o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de
controle interno de cada Poder e do Ministério Público, Riscos Fiscais da lei de diretrizes orçamentárias e o anexo
fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei de que trata o inciso I do art. 5o a partir do quinto exercício
Complementar, com ênfase no que se refere a: seguinte ao da publicação desta Lei Complementar.
I - atingimento das metas estabelecidas na lei § 1o A divulgação dos relatórios e
de diretrizes orçamentárias; demonstrativos deverá ser realizada em até trinta dias após
II - limites e condições para realização de o encerramento do semestre.
operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar; § 2o Se ultrapassados os limites relativos à
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ou à dívida consolidada,
despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos enquanto perdurar esta situação, o Município ficará sujeito
dos arts. 22 e 23; aos mesmos prazos de verificação e de retorno ao limite
IV - providências tomadas, conforme o definidos para os demais entes.
disposto no art. 31, para recondução dos montantes das Art. 64. A União prestará assistência técnica e
dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites; cooperação financeira aos Municípios para a modernização
V - destinação de recursos obtidos com a das respectivas administrações tributária, financeira,
alienação de ativos, tendo em vista as restrições patrimonial e previdenciária, com vistas ao cumprimento
constitucionais e as desta Lei Complementar; das normas desta Lei Complementar.
VI - cumprimento do limite de gastos totais § 1o A assistência técnica consistirá no
dos legislativos municipais, quando houver. treinamento e desenvolvimento de recursos humanos e na
transferência de tecnologia, bem como no apoio à
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divulgação dos instrumentos de que trata o art. 48 em meio com a finalidade de prover recursos para o pagamento dos
eletrônico de amplo acesso público. benefícios do regime geral da previdência social.
§ 2o A cooperação financeira compreenderá a § 1o O Fundo será constituído de:
doação de bens e valores, o financiamento por intermédio I - bens móveis e imóveis, valores e rendas
das instituições financeiras federais e o repasse de do Instituto Nacional do Seguro Social não utilizados na
recursos oriundos de operações externas. operacionalização deste;
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe
reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, sejam adjudicados ou que lhe vierem a ser vinculados por
ou pelas Assembleias Legislativas, na hipótese dos Estados força de lei;
e Municípios, enquanto perdurar a situação: III - receita das contribuições sociais para a
I - serão suspensas a contagem dos prazos e seguridade social, previstas na alínea a do inciso I e no
as disposições estabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70; inciso II do art. 195 da Constituição;
II - serão dispensados o atingimento dos IV - produto da liquidação de bens e ativos de
resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no art. pessoa física ou jurídica em débito com a Previdência
9 o. Social;
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no V - resultado da aplicação financeira de seus
caput no caso de estado de defesa ou de sítio, decretado ativos;
na forma da Constituição. VI - recursos provenientes do orçamento da
Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, União.
31 e 70 serão duplicados no caso de crescimento real baixo § 2o O Fundo será gerido pelo Instituto
ou negativo do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, Nacional do Seguro Social, na forma da lei.
regional ou estadual por período igual ou superior a quatro Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou
trimestres. vier a instituir regime próprio de previdência social para
§ 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa seus servidores conferir-lhe-á caráter contributivo e o
de variação real acumulada do Produto Interno Bruto organizará com base em normas de contabilidade e atuária
inferior a 1% (um por cento), no período correspondente que preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial.
aos quatro últimos trimestres. Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20
§ 2o A taxa de variação será aquela apurada cuja despesa total com pessoal no exercício anterior ao da
pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística publicação desta Lei Complementar estiver acima dos
ou outro órgão que vier a substituí-la, adotada a mesma limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 deverá enquadrar-se
metodologia para apuração dos PIB nacional, estadual e no respectivo limite em até dois exercícios, eliminando o
regional. excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a.
§ 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser (cinquenta por cento ao ano), mediante a adoção, entre
adotadas as medidas previstas no art. 22. outras, das medidas previstas nos arts. 22 e 23.
§ 4o Na hipótese de se verificarem mudanças Parágrafo único. A inobservância do disposto
drásticas na condução das políticas monetária e cambial, no caput, no prazo fixado, sujeita o ente às sanções
reconhecidas pelo Senado Federal, o prazo referido no previstas no § 3o do art. 23.
caput do art. 31 poderá ser ampliado em até quatro Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do
quadrimestres. art. 37 da Constituição, até o término do terceiro exercício
Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de financeiro seguinte à entrada em vigor desta Lei
forma permanente, da política e da operacionalidade da Complementar, a despesa total com pessoal dos Poderes e
gestão fiscal serão realizados por conselho de gestão fiscal, órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em percentual
constituído por representantes de todos os Poderes e da receita corrente líquida, a despesa verificada no
esferas de Governo, do Ministério Público e de entidades exercício imediatamente anterior, acrescida de até 10%
técnicas representativas da sociedade, visando a: (dez por cento), se esta for inferior ao limite definido na
I - harmonização e coordenação entre os forma do art. 20.
entes da Federação; Art. 72. A despesa com serviços de terceiros
II - disseminação de práticas que resultem em dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não poderá
maior eficiência na alocação e execução do gasto público, exceder, em percentual da receita corrente líquida, a do
na arrecadação de receitas, no controle do endividamento e exercício anterior à entrada em vigor desta Lei
na transparência da gestão fiscal; Complementar, até o término do terceiro exercício seguinte.
III - adoção de normas de consolidação das Art. 73. As infrações dos dispositivos desta
contas públicas, padronização das prestações de contas e Lei Complementar serão punidas segundo o Decreto-Lei no
dos relatórios e demonstrativos de gestão fiscal de que trata 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); a Lei no
esta Lei Complementar, normas e padrões mais simples 1.079, de 10 de abril de 1950; o Decreto-Lei no 201, de 27
para os pequenos Municípios, bem como outros, de fevereiro de 1967; a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992;
necessários ao controle social; e demais normas da legislação pertinente.
IV - divulgação de análises, estudos e Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político,
diagnósticos. associação ou sindicato é parte legítima para denunciar ao
§ 1o O conselho a que se refere o caput respectivo Tribunal de Contas e ao órgão competente do
instituirá formas de premiação e reconhecimento público Ministério Público o descumprimento das prescrições
aos titulares de Poder que alcançarem resultados meritórios estabelecidas nesta Lei Complementar. (Incluído pela
em suas políticas de desenvolvimento social, conjugados Lei Complementar nº 131, de 2009).
com a prática de uma gestão fiscal pautada pelas normas Art. 73-B. Ficam estabelecidos os seguintes
desta Lei Complementar. prazos para o cumprimento das determinações dispostas
§ 2o Lei disporá sobre a composição e a nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e do art. 48-
forma de funcionamento do conselho. A: (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o
é criado o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, Distrito Federal e os Municípios com mais de 100.000 (cem
vinculado ao Ministério da Previdência e Assistência Social,
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mil) habitantes; (Incluído pela Lei Complementar nº convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos
131, de 2009). congêneres.
II – 2 (dois) anos para os Municípios que Parágrafo único. A publicidade a que estão
tenham entre 50.000 (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) submetidas as entidades citadas no caput refere-se à
habitantes; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de parcela dos recursos públicos recebidos e à sua
2009). destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que
III – 4 (quatro) anos para os Municípios que estejam legalmente obrigadas.
tenham até 50.000 (cinquenta mil) Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei
habitantes. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à
de 2009). informação e devem ser executados em conformidade com
Parágrafo único. Os prazos estabelecidos os princípios básicos da administração pública e com as
neste artigo serão contados a partir da data de publicação seguintes diretrizes:
da lei complementar que introduziu os dispositivos referidos I - observância da publicidade como preceito geral
no caput deste artigo. (Incluído pela Lei e do sigilo como exceção;
Complementar nº 131, de 2009). II - divulgação de informações de interesse público,
Art. 73-C. O não atendimento, até o independentemente de solicitações;
encerramento dos prazos previstos no art. 73-B, das III - utilização de meios de comunicação
determinações contidas nos incisos II e III do parágrafo viabilizados pela tecnologia da informação;
único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de
prevista no inciso I do § 3o do art. 23. (Incluído pela transparência na administração pública;
Lei Complementar nº 131, de 2009). V - desenvolvimento do controle social da
Art. 74. Esta Lei Complementar entra em administração pública.
vigor na data da sua publicação. Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar no 96, I - informação: dados, processados ou não, que
de 31 de maio de 1999. podem ser utilizados para produção e transmissão de
Brasília, 4 de maio de 2000; 179o da conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou
Independência e 112o da República. formato;
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO II - documento: unidade de registro de
Pedro Malan informações, qualquer que seja o suporte ou formato;
Martus Tavares III - informação sigilosa: aquela submetida
temporariamente à restrição de acesso público em razão de
sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. do Estado;
Regula o acesso a IV - informação pessoal: aquela relacionada à
informações previsto no pessoa natural identificada ou identificável;
inciso XXXIII do art. 5o, no V - tratamento da informação: conjunto de ações
inciso II do § 3o do art. 37 e referentes à produção, recepção, classificação, utilização,
no § 2o do art. 216 da acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição,
Constituição Federal; altera a arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação,
Lei no 8.112, de 11 de destinação ou controle da informação;
dezembro de 1990; revoga a VI - disponibilidade: qualidade da informação que
Lei no 11.111, de 5 de maio pode ser conhecida e utilizada por indivíduos,
de 2005, e dispositivos da Lei equipamentos ou sistemas autorizados;
no 8.159, de 8 de janeiro de VII - autenticidade: qualidade da informação que
1991; e dá outras tenha sido produzida, expedida, recebida ou modificada por
providências. determinado indivíduo, equipamento ou sistema;
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que VIII - integridade: qualidade da informação não
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
Lei: IX - primariedade: qualidade da informação
CAPÍTULO I coletada na fonte, com o máximo de detalhamento possível,
DISPOSIÇÕES GERAIS sem modificações.
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de
serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e acesso à informação, que será franqueada, mediante
Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente,
previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do clara e em linguagem de fácil compreensão.
art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal. CAPÍTULO II
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA
Lei: DIVULGAÇÃO
I - os órgãos públicos integrantes da administração Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder
direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as público, observadas as normas e procedimentos
Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público; específicos aplicáveis, assegurar a:
II - as autarquias, as fundações públicas, as I - gestão transparente da informação, propiciando
empresas públicas, as sociedades de economia mista e amplo acesso a ela e sua divulgação;
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela II - proteção da informação, garantindo-se sua
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. disponibilidade, autenticidade e integridade; e
Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no III - proteção da informação sigilosa e da
que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que informação pessoal, observada a sua disponibilidade,
recebam, para realização de ações de interesse público, autenticidade, integridade e eventual restrição de acesso.
recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante Art. 7o O acesso à informação de que trata esta
subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, Lei compreende, entre outros, os direitos de obter:
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I - orientação sobre os procedimentos para a V - dados gerais para o acompanhamento de


consecução de acesso, bem como sobre o local onde programas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades;
poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; e
II - informação contida em registros ou VI - respostas a perguntas mais frequentes da
documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos sociedade.
ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; § 2o Para cumprimento do disposto no caput, os
III - informação produzida ou custodiada por órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos os meios
pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo
vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial
vínculo já tenha cessado; de computadores (internet).
IV - informação primária, íntegra, autêntica e § 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na
atualizada; forma de regulamento, atender, entre outros, aos seguintes
V - informação sobre atividades exercidas pelos requisitos:
órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que
organização e serviços; permita o acesso à informação de forma objetiva,
VI - informação pertinente à administração do transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão;
patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, II - possibilitar a gravação de relatórios em
contratos administrativos; e diversos formatos eletrônicos, inclusive abertos e não
VII - informação relativa: proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar
a) à implementação, acompanhamento e a análise das informações;
resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e III - possibilitar o acesso automatizado por
entidades públicas, bem como metas e indicadores sistemas externos em formatos abertos, estruturados e
propostos; legíveis por máquina;
b) ao resultado de inspeções, auditorias, IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados
prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de para estruturação da informação;
controle interno e externo, incluindo prestações de contas V - garantir a autenticidade e a integridade das
relativas a exercícios anteriores. informações disponíveis para acesso;
§ 1o O acesso à informação previsto no caput não VI - manter atualizadas as informações disponíveis
compreende as informações referentes a projetos de para acesso;
pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo VII - indicar local e instruções que permitam ao
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do interessado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica,
Estado. com o órgão ou entidade detentora do sítio; e
§ 2o Quando não for autorizado acesso integral à VIII - adotar as medidas necessárias para garantir
informação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência,
o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato nos termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro
ou cópia com ocultação da parte sob sigilo. de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das
§ 3o O direito de acesso aos documentos ou às Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto
informações neles contidas utilizados como fundamento da Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008.
tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado § 4o Os Municípios com população de até 10.000
com a edição do ato decisório respectivo. (dez mil) habitantes ficam dispensados da divulgação
§ 4o A negativa de acesso às informações objeto obrigatória na internet a que se refere o § 2 o, mantida a
de pedido formulado aos órgãos e entidades referidas no obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de
art. 1o, quando não fundamentada, sujeitará o responsável informações relativas à execução orçamentária e financeira,
a medidas disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei. nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei
§ 5o Informado do extravio da informação Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de
solicitada, poderá o interessado requerer à autoridade Responsabilidade Fiscal).
competente a imediata abertura de sindicância para apurar Art. 9o O acesso a informações públicas será
o desaparecimento da respectiva documentação. assegurado mediante:
§ 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste I - criação de serviço de informações ao cidadão,
artigo, o responsável pela guarda da informação extraviada nos órgãos e entidades do poder público, em local com
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar condições apropriadas para:
testemunhas que comprovem sua alegação. a) atender e orientar o público quanto ao acesso a
Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas informações;
promover, independentemente de requerimentos, a b) informar sobre a tramitação de documentos nas
divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas suas respectivas unidades;
competências, de informações de interesse coletivo ou c) protocolizar documentos e requerimentos de
geral por eles produzidas ou custodiadas. acesso a informações; e
§ 1o Na divulgação das informações a que se II - realização de audiências ou consultas públicas,
refere o caput, deverão constar, no mínimo: incentivo à participação popular ou a outras formas de
I - registro das competências e estrutura divulgação.
organizacional, endereços e telefones das respectivas CAPÍTULO III
unidades e horários de atendimento ao público; DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À
II - registros de quaisquer repasses ou INFORMAÇÃO
transferências de recursos financeiros; Seção I
III - registros das despesas; Do Pedido de Acesso
IV - informações concernentes a procedimentos Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar
licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, pedido de acesso a informações aos órgãos e entidades
bem como a todos os contratos celebrados; referidos no art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo,
devendo o pedido conter a identificação do requerente e a
especificação da informação requerida.
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§ 1o Para o acesso a informações de interesse reprodução seja feita por outro meio que não ponha em
público, a identificação do requerente não pode conter risco a conservação do documento original.
exigências que inviabilizem a solicitação. Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público de decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
devem viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos Seção II
de acesso por meio de seus sítios oficiais na internet. Dos Recursos
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a
aos motivos determinantes da solicitação de informações informações ou às razões da negativa do acesso, poderá o
de interesse público. interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá 10 (dez) dias a contar da sua ciência.
autorizar ou conceder o acesso imediato à informação Parágrafo único. O recurso será dirigido à
disponível. autoridade hierarquicamente superior à que exarou a
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso decisão impugnada, que deverá se manifestar no prazo de
imediato, na forma disposta no caput, o órgão ou entidade 5 (cinco) dias.
que receber o pedido deverá, em prazo não superior a 20 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos
(vinte) dias: órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o
I - comunicar a data, local e modo para se realizar requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União,
a consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão; que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:
II - indicar as razões de fato ou de direito da I - o acesso à informação não classificada como
recusa, total ou parcial, do acesso pretendido; ou sigilosa for negado;
III - comunicar que não possui a informação, II - a decisão de negativa de acesso à informação
indicar, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade total ou parcialmente classificada como sigilosa não indicar
que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse a autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior
órgão ou entidade, cientificando o interessado da remessa a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou
de seu pedido de informação. desclassificação;
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser III - os procedimentos de classificação de
prorrogado por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa informação sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem
expressa, da qual será cientificado o requerente. sido observados; e
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou
das informações e do cumprimento da legislação aplicável, outros procedimentos previstos nesta Lei.
o órgão ou entidade poderá oferecer meios para que o § 1o O recurso previsto neste artigo somente
próprio requerente possa pesquisar a informação de que poderá ser dirigido à Controladoria-Geral da União depois
necessitar. de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão
tratar de informação total ou parcialmente sigilosa, o impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.
requerente deverá ser informado sobre a possibilidade de § 2o Verificada a procedência das razões do
recurso, prazos e condições para sua interposição, recurso, a Controladoria-Geral da União determinará ao
devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade competente órgão ou entidade que adote as providências necessárias
para sua apreciação. para dar cumprimento ao disposto nesta Lei.
§ 5o A informação armazenada em formato digital § 3o Negado o acesso à informação pela
será fornecida nesse formato, caso haja anuência do Controladoria-Geral da União, poderá ser interposto recurso
requerente. à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que se
§ 6o Caso a informação solicitada esteja refere o art. 35.
disponível ao público em formato impresso, eletrônico ou Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de
em qualquer outro meio de acesso universal, serão desclassificação de informação protocolado em órgão da
informados ao requerente, por escrito, o lugar e a forma administração pública federal, poderá o requerente recorrer
pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir a referida ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das
informação, procedimento esse que desonerará o órgão ou competências da Comissão Mista de Reavaliação de
entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.
salvo se o requerente declarar não dispor de meios para § 1o O recurso previsto neste artigo somente
realizar por si mesmo tais procedimentos. poderá ser dirigido às autoridades mencionadas depois de
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade
informação é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução hierarquicamente superior à autoridade que exarou a
de documentos pelo órgão ou entidade pública consultada, decisão impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao
situação em que poderá ser cobrado exclusivamente o valor respectivo Comando.
necessário ao ressarcimento do custo dos serviços e dos § 2o Indeferido o recurso previsto no caput que
materiais utilizados. tenha como objeto a desclassificação de informação
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os secreta ou ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista
custos previstos no caput todo aquele cuja situação de Reavaliação de Informações prevista no art. 35.
econômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões
próprio ou da família, declarada nos termos da Lei no 7.115, denegatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e de
de 29 de agosto de 1983. revisão de classificação de documentos sigilosos serão
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação objeto de regulamentação própria dos Poderes Legislativo e
contida em documento cuja manipulação possa prejudicar Judiciário e do Ministério Público, em seus respectivos
sua integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o
com certificação de que esta confere com o original. direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido.
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção Art. 19. (VETADO).
de cópias, o interessado poderá solicitar que, a suas § 1o (VETADO).
expensas e sob supervisão de servidor público, a § 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério
Público informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao
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Conselho Nacional do Ministério Público, respectivamente, término do mandato em exercício ou do último mandato, em
as decisões que, em grau de recurso, negarem acesso a caso de reeleição.
informações de interesse público. § 3o Alternativamente aos prazos previstos no §
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que 1o, poderá ser estabelecida como termo final de restrição de
couber, a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao acesso a ocorrência de determinado evento, desde que
procedimento de que trata este Capítulo. este ocorra antes do transcurso do prazo máximo de
CAPÍTULO IV classificação.
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À § 4o Transcorrido o prazo de classificação ou
INFORMAÇÃO consumado o evento que defina o seu termo final, a
Seção I informação tornar-se-á, automaticamente, de acesso
Disposições Gerais público.
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à § 5o Para a classificação da informação em
informação necessária à tutela judicial ou administrativa de determinado grau de sigilo, deverá ser observado o
direitos fundamentais. interesse público da informação e utilizado o critério menos
Parágrafo único. As informações ou documentos restritivo possível, considerados:
que versem sobre condutas que impliquem violação dos I - a gravidade do risco ou dano à segurança da
direitos humanos praticada por agentes públicos ou a sociedade e do Estado; e
mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o
restrição de acesso. evento que defina seu termo final.
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais Seção III
hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as Da Proteção e do Controle de Informações
hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração Sigilosas
direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a
física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o divulgação de informações sigilosas produzidas por seus
poder público. órgãos e entidades, assegurando a sua
Seção II proteção. (Regulamento)
Da Classificação da Informação quanto ao Grau § 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de
e Prazos de Sigilo informação classificada como sigilosa ficarão restritos a
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à pessoas que tenham necessidade de conhecê-la e que
segurança da sociedade ou do Estado e, portanto, sejam devidamente credenciadas na forma do regulamento,
passíveis de classificação as informações cuja divulgação sem prejuízo das atribuições dos agentes públicos
ou acesso irrestrito possam: autorizados por lei.
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais § 2o O acesso à informação classificada como
ou a integridade do território nacional; sigilosa cria a obrigação para aquele que a obteve de
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de resguardar o sigilo.
negociações ou as relações internacionais do País, ou as § 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e
que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros medidas a serem adotados para o tratamento de
Estados e organismos internacionais; informação sigilosa, de modo a protegê-la contra perda,
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde alteração indevida, acesso, transmissão e divulgação não
da população; autorizados.
IV - oferecer elevado risco à estabilidade Art. 26. As autoridades públicas adotarão as
financeira, econômica ou monetária do País; providências necessárias para que o pessoal a elas
V - prejudicar ou causar risco a planos ou subordinado hierarquicamente conheça as normas e
operações estratégicos das Forças Armadas; observe as medidas e procedimentos de segurança para
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de tratamento de informações sigilosas.
pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim Parágrafo único. A pessoa física ou entidade
como a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse privada que, em razão de qualquer vínculo com o poder
estratégico nacional; público, executar atividades de tratamento de informações
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de sigilosas adotará as providências necessárias para que
altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus seus empregados, prepostos ou representantes observem
familiares; ou as medidas e procedimentos de segurança das informações
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem resultantes da aplicação desta Lei.
como de investigação ou fiscalização em andamento, Seção IV
relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações. Dos Procedimentos de Classificação,
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e Reclassificação e Desclassificação
entidades públicas, observado o seu teor e em razão de Art. 27. A classificação do sigilo de informações
sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do no âmbito da administração pública federal é de
Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta competência: (Regulamento)
ou reservada. I - no grau de ultrassecreto, das seguintes
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à autoridades:
informação, conforme a classificação prevista no caput, a) Presidente da República;
vigoram a partir da data de sua produção e são os b) Vice-Presidente da República;
seguintes: c) Ministros de Estado e autoridades com as
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; mesmas prerrogativas;
II - secreta: 15 (quinze) anos; e d) Comandantes da Marinha, do Exército e da
III - reservada: 5 (cinco) anos. Aeronáutica; e
§ 2o As informações que puderem colocar em e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
risco a segurança do Presidente e Vice-Presidente da permanentes no exterior;
República e respectivos cônjuges e filhos(as) serão
classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até o
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II - no grau de secreto, das autoridades referidas § 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com
no inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou a lista de informações classificadas, acompanhadas da
empresas públicas e sociedades de economia mista; e data, do grau de sigilo e dos fundamentos da classificação.
III - no grau de reservado, das autoridades Seção V
referidas nos incisos I e II e das que exerçam funções de Das Informações Pessoais
direção, comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, Art. 31. O tratamento das informações pessoais
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de deve ser feito de forma transparente e com respeito à
hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem
específica de cada órgão ou entidade, observado o disposto como às liberdades e garantias individuais.
nesta Lei. § 1o As informações pessoais, a que se refere
§ 1o A competência prevista nos incisos I e II, no este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra e
que se refere à classificação como ultrassecreta e secreta, imagem:
poderá ser delegada pela autoridade responsável a agente I - terão seu acesso restrito, independentemente
público, inclusive em missão no exterior, vedada a de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem)
subdelegação. anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos
§ 2o A classificação de informação no grau de legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referirem;
sigilo ultrassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas e
“d” e “e” do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos II - poderão ter autorizada sua divulgação ou
Ministros de Estado, no prazo previsto em regulamento. acesso por terceiros diante de previsão legal ou
§ 3o A autoridade ou outro agente público que consentimento expresso da pessoa a que elas se
classificar informação como ultrassecreta deverá referirem.
encaminhar a decisão de que trata o art. 28 à Comissão § 2o Aquele que obtiver acesso às informações de
Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. que trata este artigo será responsabilizado por seu uso
35, no prazo previsto em regulamento. indevido.
Art. 28. A classificação de informação em § 3o O consentimento referido no inciso II do § 1 o
qualquer grau de sigilo deverá ser formalizada em decisão não será exigido quando as informações forem
que conterá, no mínimo, os seguintes elementos: necessárias:
I - assunto sobre o qual versa a informação; I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a
II - fundamento da classificação, observados os pessoa estiver física ou legalmente incapaz, e para
critérios estabelecidos no art. 24; utilização única e exclusivamente para o tratamento
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, médico;
meses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, II - à realização de estatísticas e pesquisas
conforme limites previstos no art. 24; e científicas de evidente interesse público ou geral, previstos
IV - identificação da autoridade que a classificou. em lei, sendo vedada a identificação da pessoa a que as
Parágrafo único. A decisão referida no caput será informações se referirem;
mantida no mesmo grau de sigilo da informação III - ao cumprimento de ordem judicial;
classificada. IV - à defesa de direitos humanos; ou
Art. 29. A classificação das informações será V - à proteção do interesse público e geral
reavaliada pela autoridade classificadora ou por autoridade preponderante.
hierarquicamente superior, mediante provocação ou de § 4o A restrição de acesso à informação relativa à
ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, com vida privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser
vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de invocada com o intuito de prejudicar processo de apuração
sigilo, observado o disposto no art. 24. (Regulamento) de irregularidades em que o titular das informações estiver
§ 1o O regulamento a que se refere o caput envolvido, bem como em ações voltadas para a
deverá considerar as peculiaridades das informações recuperação de fatos históricos de maior relevância.
produzidas no exterior por autoridades ou agentes § 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos
públicos. para tratamento de informação pessoal.
§ 2o Na reavaliação a que se refere o caput, CAPÍTULO V
deverão ser examinadas a permanência dos motivos do DAS RESPONSABILIDADES
sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do acesso ou Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam
da divulgação da informação. responsabilidade do agente público ou militar:
§ 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da I - recusar-se a fornecer informação requerida nos
informação, o novo prazo de restrição manterá como termo termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu
inicial a data da sua produção. fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou incorreta, incompleta ou imprecisa;
entidade publicará, anualmente, em sítio à disposição na II - utilizar indevidamente, bem como subtrair,
internet e destinado à veiculação de dados e informações destruir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou
administrativas, nos termos de regulamento: parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda
I - rol das informações que tenham sido ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do
desclassificadas nos últimos 12 (doze) meses; exercício das atribuições de cargo, emprego ou função
II - rol de documentos classificados em cada grau pública;
de sigilo, com identificação para referência futura; III - agir com dolo ou má-fé na análise das
III - relatório estatístico contendo a quantidade de solicitações de acesso à informação;
pedidos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou
bem como informações genéricas sobre os solicitantes. permitir acesso indevido à informação sigilosa ou
§ 1o Os órgãos e entidades deverão manter informação pessoal;
exemplar da publicação prevista no caput para consulta V - impor sigilo à informação para obter proveito
pública em suas sedes. pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato
ilegal cometido por si ou por outrem;

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VI - ocultar da revisão de autoridade superior I - requisitar da autoridade que classificar


competente informação sigilosa para beneficiar a si ou a informação como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou
outrem, ou em prejuízo de terceiros; e conteúdo, parcial ou integral da informação;
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, II - rever a classificação de informações
documentos concernentes a possíveis violações de direitos ultrassecretas ou secretas, de ofício ou mediante
humanos por parte de agentes do Estado. provocação de pessoa interessada, observado o disposto
§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da no art. 7o e demais dispositivos desta Lei; e
ampla defesa e do devido processo legal, as condutas III - prorrogar o prazo de sigilo de informação
descritas no caput serão consideradas: classificada como ultrassecreta, sempre por prazo
I - para fins dos regulamentos disciplinares das determinado, enquanto o seu acesso ou divulgação puder
Forças Armadas, transgressões militares médias ou graves, ocasionar ameaça externa à soberania nacional ou à
segundo os critérios neles estabelecidos, desde que não integridade do território nacional ou grave risco às relações
tipificadas em lei como crime ou contravenção penal; ou internacionais do País, observado o prazo previsto no § 1 o
II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de do art. 24.
dezembro de 1990, e suas alterações, infrações § 2o O prazo referido no inciso III é limitado a uma
administrativas, que deverão ser apenadas, no mínimo, única renovação.
com suspensão, segundo os critérios nela estabelecidos. § 3o A revisão de ofício a que se refere o inciso II
§ 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o do § 1o deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos,
militar ou agente público responder, também, por após a reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de
improbidade administrativa, conforme o disposto nas Leis documentos ultrassecretos ou secretos.
nos 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de § 4o A não deliberação sobre a revisão pela
1992. Comissão Mista de Reavaliação de Informações nos prazos
Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que previstos no § 3o implicará a desclassificação automática
detiver informações em virtude de vínculo de qualquer das informações.
natureza com o poder público e deixar de observar o § 5o Regulamento disporá sobre a composição,
disposto nesta Lei estará sujeita às seguintes sanções: organização e funcionamento da Comissão Mista de
I - advertência; Reavaliação de Informações, observado o mandato de 2
II - multa; (dois) anos para seus integrantes e demais disposições
III - rescisão do vínculo com o poder público; desta Lei. (Regulamento)
IV - suspensão temporária de participar em Art. 36. O tratamento de informação sigilosa
licitação e impedimento de contratar com a administração resultante de tratados, acordos ou atos internacionais
pública por prazo não superior a 2 (dois) anos; e atenderá às normas e recomendações constantes desses
V - declaração de inidoneidade para licitar ou instrumentos.
contratar com a administração pública, até que seja Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de
promovida a reabilitação perante a própria autoridade que Segurança Institucional da Presidência da República, o
aplicou a penalidade. Núcleo de Segurança e Credenciamento (NSC), que tem
§ 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV por objetivos: (Regulamento)
poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, I - promover e propor a regulamentação do
assegurado o direito de defesa do interessado, no credenciamento de segurança de pessoas físicas,
respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias. empresas, órgãos e entidades para tratamento de
§ 2o A reabilitação referida no inciso V será informações sigilosas; e
autorizada somente quando o interessado efetivar o II - garantir a segurança de informações sigilosas,
ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos inclusive aquelas provenientes de países ou organizações
resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada internacionais com os quais a República Federativa do
com base no inciso IV. Brasil tenha firmado tratado, acordo, contrato ou qualquer
§ 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é outro ato internacional, sem prejuízo das atribuições do
de competência exclusiva da autoridade máxima do órgão Ministério das Relações Exteriores e dos demais órgãos
ou entidade pública, facultada a defesa do interessado, no competentes.
respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a
de vista. composição, organização e funcionamento do NSC.
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507,
respondem diretamente pelos danos causados em de 12 de novembro de 1997, em relação à informação de
decorrência da divulgação não autorizada ou utilização pessoa, física ou jurídica, constante de registro ou banco de
indevida de informações sigilosas ou informações pessoais, dados de entidades governamentais ou de caráter público.
cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão
casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de proceder à reavaliação das informações classificadas como
regresso. ultrassecretas e secretas no prazo máximo de 2 (dois)
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se anos, contado do termo inicial de vigência desta Lei.
à pessoa física ou entidade privada que, em virtude de § 1o A restrição de acesso a informações, em
vínculo de qualquer natureza com órgãos ou entidades, razão da reavaliação prevista no caput, deverá observar os
tenha acesso a informação sigilosa ou pessoal e a submeta prazos e condições previstos nesta Lei.
a tratamento indevido. § 2o No âmbito da administração pública federal, a
CAPÍTULO VI reavaliação prevista no caput poderá ser revista, a
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS qualquer tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de
Art. 35. (VETADO). Informações, observados os termos desta Lei.
§ 1o É instituída a Comissão Mista de Reavaliação § 3o Enquanto não transcorrido o prazo de
de Informações, que decidirá, no âmbito da administração reavaliação previsto no caput, será mantida a classificação
pública federal, sobre o tratamento e a classificação de da informação nos termos da legislação precedente.
informações sigilosas e terá competência para:

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§ 4o As informações classificadas como secretas e Art. 46. Revogam-se:


ultrassecretas não reavaliadas no prazo previsto no caput I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e
serão consideradas, automaticamente, de acesso público. II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar de 1991.
da vigência desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e
entidade da administração pública federal direta e indireta oitenta) dias após a data de sua publicação.
designará autoridade que lhe seja diretamente subordinada Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da
para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer as Independência e 123o da República.
seguintes atribuições: DILMA ROUSSEFF
I - assegurar o cumprimento das normas relativas José Eduardo Cardoso
ao acesso a informação, de forma eficiente e adequada aos Celso Luiz Nunes Amorim
objetivos desta Lei; Antonio de Aguiar Patriota
II - monitorar a implementação do disposto nesta Miriam Belchior
Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o seu Paulo Bernardo Silva
cumprimento; Gleisi Hoffmann
III - recomendar as medidas indispensáveis à José Elito Carvalho Siqueira
implementação e ao aperfeiçoamento das normas e Helena Chagas
procedimentos necessários ao correto cumprimento do Luís Inácio Lucena Adams
disposto nesta Lei; e Jorge Hage Sobrinho
IV - orientar as respectivas unidades no que se Maria do Rosário Nunes
refere ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus
regulamentos.
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará
órgão da administração pública federal responsável:
I - pela promoção de campanha de abrangência
nacional de fomento à cultura da transparência na
administração pública e conscientização do direito
fundamental de acesso à informação;
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se
refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à
transparência na administração pública;
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no
âmbito da administração pública federal, concentrando e
consolidando a publicação de informações estatísticas
relacionadas no art. 30;
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional
de relatório anual com informações atinentes à
implementação desta Lei.
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o
disposto nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a
contar da data de sua publicação.
Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de
11 de dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte
redação:
“Art.
116. ...................................................................
..................................................................................
..........
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou,
quando houver suspeita de envolvimento desta, ao
conhecimento de outra autoridade competente para
apuração;
.................................................................................
” (NR)
Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112,
de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
“Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser
responsabilizado civil, penal ou administrativamente por dar
ciência à autoridade superior ou, quando houver suspeita
de envolvimento desta, a outra autoridade competente para
apuração de informação concernente à prática de crimes ou
improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em
decorrência do exercício de cargo, emprego ou função
pública.”
Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, em legislação própria, obedecidas as
normas gerais estabelecidas nesta Lei, definir regras
específicas, especialmente quanto ao disposto no art. 9 o e
na Seção II do Capítulo III.
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