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Principais Poluentes do Ar
Apresentaremos a seguir os principais poluentes da atmosfera, seus ciclos e alguns impactos
causados pelos mesmos. Usualmente, nos expressamos a concentração de gases poluentes em partes por
milhão (ppm), que é, o número de moléculas poluentes por milhão de moléculas de ar. As concentrações de
aerossóis, por outro lado, são normalmente dadas em massa de poluente por volume de ar (microgramas por
metro cúbico).
Dióxido de carbono, produzido pela respiração celular. Organismos liberam dióxido de carbono
(CO2) para a atmosfera. Outro natural recurso de CO2 inclui florestas e as queimadas, além das erupções
vulcânicas. A queima de combustíveis fósseis (óleo, gás natural, etc) para gerar energia também contribui
com o aumento da concentração desses poluentes. Aproximadamente 55% do dióxido de carbono permanece
na atmosfera; o restante dissolve-se na água do mar. Hoje a concentração de dióxido de carbono na
atmosfera é aproximadamente 350 partes por milhão e está aumento cerca de 17 ppm por década. Porque o
dióxido de carbono é um importante gás de Efeito Estufa, esta grande concentração deve afetar o clima
global.
Os hidrocarbonetos reativos são liberados durante a combustão incompleta de gasolina por motores
de veículos. Este meio é responsável por centenas de diferentes hidrocarbonetos. Porque a gasolina é muito
volátil, muitos hidrocarbonetos (aproximadamente 15% do total) escapam para o ar durante a entrega da
gasolina ou quando são transferidas para o tanque dos carros. Hidrocarbonetos são emitidos por solventes
usados em uma variedade muito grande de processos industriais ou comerciais. Refinarias de petróleo e
indústrias químicas liberam hidrocarbonetos para a atmosfera.
Óxidos de nitrogênio, gerados pela ação das bactérias do solo é responsável pela maior parte do
óxido nítrico (NO) que é produzido naturalmente e disperso na atmosfera. NO combinado com oxigênio
forma dióxido de nitrogênio (NO2). Juntos eles podem formar NOx, ou seja, uma grande variedade de
componentes. Toda a atividade humana contribui com cerca de 10% da concentração na atmosfera de
NOx, e nossa contribuição tende a ser muito maior concentrada que a concentração natural da atmosfera.
NOx forma-se quando há combustão em altas temperaturas, como dentro de um automóvel. NOx pode ser
formando na combustão dos combustíveis fósseis (pois possuem H). NO2 é muito mais poluente no ar do
que seu precursor NO; a toxidade de NO2 é aproximadamente 4 vezes mais que NO. NO2 em altos níveis de
concentração é relacionado com incidentes de pneumonia e bronquites.
Existem muito outros poluentes como: enxofre e suas combinações, partículas suspensas, além de
outros produtos químicos. Estes poluentes descritos foram só para ilustrar que se encontrados em suas
concentrações normais não produzem dano, porém em concentrações elevadas existem sérios riscos à
natureza e à vida.
A velocidade do vento: O vento pode contribuir na mistura dos poluentes com o ar limpo, causando
assim a sua diluição. Mas quando o vento está calmo, a diluição se torna um processo muito lento. Assim
como o vento depende das condições meteorológicas ele também depende dos obstáculos que irá encontrar
na superfície da Terra, ou seja, construções, prédios, etc, podem contribuir na diminuição da velocidade do
mesmo. Desse modo, em áreas urbanas há uma diminuição da diluição dos poluentes do ar pelo vento, pois
este encontra impedimentos em seu caminho.
A profundidade de mistura é a distância vertical entre a superfície da Terra e a altitude das correntes
de convecção. Quando a mistura em profundidade é grande (muitos quilômetros, por exemplo), observamos
uma grande quantidade de ar limpo misturada com poucas quantidades de poluentes. Nós podemos, algumas
vezes, estimar a estabilidade do ar observando uma pluma que surge de uma chaminé. Se a fumaça entra em
uma camada de ar instável, a pluma fica ondulada. Em geral, esta pluma indica que os poluentes estão sendo
misturados, ou seja, diluídos. Por outro lado, se a pluma de fumaça fica suspensa e vagarosamente sobe,
significa que as condições são estáveis.
A maioria da remoção natural da poluição é feita pela chuva e neve. Por uma experiência natural, nós
sabemos que o ar parece limpo apenas depois de uma chuva. De fato, nas regiões que possuem uma
precipitação moderada, essa varredura através da chuva é responsável pela remoção de 90% dos
aerossóis. Embora os gases poluentes são menos susceptíveis a essa varredura que os aerossóis, eles
dissolvem-se nas gotas de chuva ou nas nuvens.
Como vimos a chuva e a neve dissolvem os poluentes suspensos no ar. Essa diluição nas gotas de
chuva, em cidades com grandes concentrações de poluentes causa o fenômeno chamado chuva ácida. Essa
chuva é considerada ácida por causa dos poluentes envolvidos na mistura. Se o ar é poluído com óxidos de
enxofre e nitrogênio, estes gases interagem com a atmosfera e produzem gotas de ácido sulfúrico (H 2SO4) e
ácido nítrico(HNO3). Essa precipitação contaminada é aproximadamente 200 vezes mais ácida do que a
precipitação normal.
Além desses efeitos temos a destruição da camada de ozônio, a qual protege a Terra da radiação
ultravioleta proveniente do Sol. A consequência mais séria da destruição da camada de ozônio é relativa à
saúde humana, incluindo incidentes com câncer de pele e catarata.
A dispersão de poluentes
As concentrações de poluentes na atmosfera podem oscilar ao longo do tempo e do espaço como se segue:
Intensidade de emissões das diferentes atividades que variam ao longo do tempo: on inverno o
aquecimento é importante, o tráfego veicular é quase nulo durante a noite...
Topografia local, que pode promover ou não o movimento de massas de ar
As condições meteorológicas: uma atmosfera estável limita a dispersão de poluentes e favorece picos
de poluição
A estrutura térmica da atmosfera: uma inversão térmica limita a dispersão de poluentes.
Condições Meteorológicas
Atmosfera Instável: Nesta condição, a dispersão de poluentes é mais efetiva. Esta situação ocorre
devido ao forte aquecimento da superfície. Ocorre principalmente durante dias com ausência de
vento.
Atmosfera Neutra: Esta condição permite a dispersão de poluentes. Esta corresponde a situações de
ventos moderados ou de céu coberto. Tais situações são muito frequentes em zonas temperadas.
Atmosfera Estável: Esta condição dificulta o movimento de massas de ar. Esta é induzida por
inversões térmicas próximo ao solo, limitando a dispersão de poluentes. Estas situações ocorrem
principalmente à noite, com pouco vento.
Topografia Local
A topografia de uma região pode influenciar a circulação de massas de ar. Por exemplo, montanhas e vales
podem modificar a dispersão de poluentes.
Em áreas costeiras, a noite, as massas de ar não se deslocam da mesma forma como durante o dia. De fato,
durante o dia a brisa marítima transporta os poluentes para a costa. Mas à noite, este fenômeno se inverte já
que o solo se esfria mais rápido do que o mar. A poluição é então transportada para o mar (figura 1).
Figura 1- Fenômeno de Brisa Costeira - Brisa Marítima durante o dia, e brisa Terrestre durante a noite.
Nos vales, as massas de ar não se deslocam na mesma direção durante o dia e a noite. De fato, durante o
dia ocorre o aquecimento do ar nas encostas e se cria uma corrente que sobe o vale. Os poluentes assim se
dispersam mais facilmente. Já durante a noite, este fenômeno se inverte: o ar frio desce a montanha e se
acumula no fundo do vale. A poluição emitida durante o dia é então retornada para o vale à noite. (Figura 2).
Figura 2 - Fenômeno de Brisa de Vale/Montanha - Movimento ascendente durante o dia e descendente
durante a noite.
A estrutura vertical de temperatura da Troposfera pode variar durante os dias e horas. Em situação normal de
difusão, a temperatura diminui com a altitude. A estrutura térmica da atmosfera não retarda a difusão de
poluentes. (Figura 3).
As vezes, a partir de uma certa altura, a temperatura pode aumentar com a altitude. Ocorre então uma
inversão térmica: uma camada de ar quente se encontra acima de uma camada de ar mais fria. O ar poluído,
que se dispersa para cima na condição normal, é assim bloqueado por esta camada de ar mais quente que
atua como uma tampa térmica. (Figura 4).
Este fenômeno contribui para a poluição local e pode levar a formação de uma camada de poluição
urbana. Ela ocorre em condições meteorológicas particulares: de manhã cedo, depois de uma noite de céu
claro e sem vento, no inverno, em condições anticiclônicas.
Modelagem
A poluição atmosférica é um fenômeno muito complexo dada a variedade de poluentes que podem estar
presentes na atmosfera. Os níveis de poluição no solo dependem da natureza e das condições das emissões
dos poluentes atmosféricos e também das condições atmosféricas que determinam o transporte, a difusão e o
impacto desses poluentes. Qualquer modelagem da dispersão de poluentes na atmosfera necessita da
consideração das informações sobre a localização e natureza das fontes de emissões para tratar as fontes em
seu ambiente natural.
O diagrama a seguir mostra a metodologia geral utilizada para modelar a dispersão de poluentes
atmosféricos.