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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0107140-90.2014.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO PANAMERICANO S A

Recorrido(s) DAIRO DE ALMEIDA SANTANA


Origem : 5ª VSJE DO CONSUMIDOR (IMBUÍ MATUTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. VÍCIO DO PRODUTO. RESCISÃO CONTRATUAL.


RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA POR DANOS AO CONSUMIDOR. VEÍCULO
ADQUIRIDO JUNTO À REVENDEDORA. PROBLEMA NÃO SOLUCIONADO NO
PRAZO LEGAL DE 30 (TRINTA) DIAS. EMPRESA FINANCIADORA DO BEM QUE
INTEGRA A CADEIA DE FORNECIMENTO DO PRODUTO. RESPONSABILIDADE DE
CARÁTER SOLIDÁRIO. RESTITUIÇÃO DEVIDA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS
NO CASO CONCRETO. QUANTUM ARBITRADO DE ACORDO COM OS
PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA
MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou


parcialmente procedente o pedido, nestes termos: “Ante o exposto, JULGO
PROCEDENTE EM PARTE o pedido constante da queixa, para condenar a 1ª acionada -
BANCO PANAMERICANO S A, a proceder ao cancelamento do contrato firmado com a parte
autora, sem qualquer ônus para a mesma, abstendo-se de proceder a cobrança das parcelas,
referente ao contrato número 000065463894. Ademais disso, condeno as acionadas a restituírem
ao autor a quantia de R$ 1.890,00 (Mil, oitocentos e noventa reais), referente ao preço pago por
este na aquisição do veículo. Devem as acionadas procederem a remoção do veículo objeto da
queixa, no prazo de 30 dias, após o trânsito em julgado desta sentença, bem assim transferir o
registro do veículo para seu nome, no prazo de 60 dias, após o trânsito em julgado desta sentença,
pelo que fixo a multa diária de R$ 100,00 pelo descumprimento de qualquer das obrigações de
fazer aqui estabelecidas...”.
2. A parte recorrente busca a reforma da sentença, e aduz, em síntese, a sua
ilegitimidade passiva, sob o fundamento de que não participara diretamente da
transação comercial havida entre a parte autora e a concessionária de veículos,
cingindo-se a conceder financiamento para a aquisição do bem; alega ter havido
nulidade da sentença por ser esta extra petita, haja vista que não teria havido
pedido expresso da parte autora acerca da restituição do valor pago por cada
parcela; que não houve a comprovação do dano material alegado, requerendo por
fim a improcedência dos pedidos.
3. No que tange à preliminar de ilegitimidade passiva argüida pela recorrente,
rejeito-a, tratando a hipótese de responsabilidade solidária, incidente sobre todas
as empresas que de alguma forma participam da cadeia causal relacionada ao
fornecimento do produto e prestação de serviço, não podendo esta portanto furtar-
se à responsabilidade por eventuais danos causados ao consumidor, parte
hipossuficiente nessa relação, ainda que não tenha participado de modo direto da
operação de compra e venda firmada entre a parte autora e a revendedora de
veículos.

4. Quanto à alegação de nulidade da sentença por ser esta extra petita, de igual
modo esta não merece prosperar, senão vejamos. Em que pese a parte acionante
não ter formulado de modo expresso pedido de restituição dos valores
despendidos na compra do veículo, houve a formulação de pleito por danos
materiais no valor de R$ 1.890,00 ( hum mil oitocentos e noventa reais), e que
corresponde exatamente ao valor total pago pelo acionante; ainda que fosse
reconhecido a ausência de pedido expresso de restituição, o efeito jurídico
decorrente do acolhimento do pedido indenizatório por danos materiais é o
mesmo , não havendo que se falar, portanto, em nulidade do decisum.

Resta indene de dúvidas acerca da existência de responsabilidade solidária


entre a empresa recorrente, que serviu de intermediária na operação, como agente
financiador da operação de compra e venda do veículo, e a empresa revendedora do
veículo, dado que sem a sua participação o negócio jurídico não teria sido realizado.
Nesse sentido:
Ementa: AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C COM PEDIDO DE
DEVOLUÇÃO DE VALORES PAGOS E REPARAÇÃO POR DANO
MORAL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO EM
DESACORDO COM O AVENÇADO, CONFORME DEMONSTRAM
RECIBO ARRAS E CADASTRO DE SOLICITAÇÃO DE CRÉDITO.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO INTERMEDIÁRIO DA
COMPRA E VENDA (REVENDA DE VEÍCULOS) E DO BANCO
FINANCIADOR DA OPERAÇÃO. DANO MORAL INCORRENTE,
SENDO A MATÉRIA RESTRITA À ESFERA CONTRATUAL E
PATRIMONIAL. RECURSOS DOS RÉUS PARCIALMENTE
PROVIDOS. (Recurso Cível Nº 71000774018, Segunda Turma Recursal
Cível, Turmas Recursais, Relator: Maria José Schmitt Sant Anna, Julgado
em 21/09/2005) Presentes, ademais, os requisitos
caracterizadores da responsabilidade objetiva e de caráter solidário,
sendo que a jurisprudência em uníssono assentou que todas as
empresas que compõem o elo de fornecimento de um dado serviço,
ainda que não tenham tido a participação direta no ato, devem ser
responsabilizadas quando da ocorrência de danos ao consumidor.
O art. 14 do CDC, dispondo sobre a responsabilização do fornecedor
pelo fato do produto ou serviço, preleciona que: “Art. 14. O fornecedor
de serviços responde, independentemente da existência de culpa pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos.”

5. De igual modo nada há que ser modificado no tocante ao reconhecimento da


ocorrência do vício do produto no caso em tela. As alegações da parte autora são
dotadas de verossimilhança, corroboradas com as provas colacionadas, em
especial os dados do financiamento colacionados no ev.01, patente que
houve o descumprimento do quanto disposto no art.18 do CDC, na medida
em que o réu, devidamente cientificado acerca do defeito, não adotara
quaisquer das providências previstas no mencionado dispositivo legal, não
solucionando o vício apresentado no prazo legal de 30 ( trinta) dias, como
impõe o CDC. Patente, portanto, a ocorrência do ato ilícito, passível de
reparação, diante dos danos causados à parte autora.
6. Resta caracterizada, portanto, a abusividade da conduta dos réus,
constituindo tal fato em manifesta falha na prestação dos serviços, devendo
o mesmo responder pelos prejuízos causados e comprovados nos autos à
parte autora.
7. Presentes, ademais, os requisitos caracterizadores da
responsabilidade objetiva. O art. 14 do CDC, dispondo sobre a
responsabilização do fornecedor pelo fato do produto ou serviço, preleciona
que: “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência
de culpa pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos.”

1. O conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do dano moral que


muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em situação que por certo
lhe trouxe intranqüilidade e sofrimento, máxime levando em conta o dispêndio de
temo e energias para que o pleito da parte autora fosse atendido, bem como em
virtude dos constrangimentos vivenciados pela parte acionante, fatos estes que
ocorreram em decorrência do vício do produto verificado no caso em tela.

2. O valor da indenização fixado pelo juiz sentenciante, a título de danos morais,


guarda compatibilidade com o comportamento do recorrente e com a repercussão
do fato na esfera pessoal da vítima e, ainda, está em harmonia com os princípios
da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser mantido.

3. Logo, a sentença fustigada é incensurável, e por isso merece confirmação


pelos seus próprios fundamentos. Em assim sendo, servirá de acórdão a súmula
do julgamento, conforme determinação expressa do art. 46, da lei n°. 9099/95,
segunda parte: “O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com
indicação suficiente do processo sucinta e dispositiva. Se a sentença for confirmada
pelos seus próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão”.
4.
. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO INTERPOSTO E
NEGO-LHE PROVIMENTO, para manter a sentença objurgada pelos próprios
fundamentos. Custas processuais e honorários advocatícios pela recorrente,
que arbitro em 20% sobre o valor da condenação.

8. Salvador, Sala das Sessões, 01 de Junho de 2017.


9. BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
10. Juíza Relatora
11. BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
12. Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0107140-90.2014.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO PANAMERICANO S A

Recorrido(s) DAIRO DE ALMEIDA SANTANA

Origem : 5ª VSJE DO CONSUMIDOR (IMBUÍ MATUTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a
ata do julgamento. Custas processuais e honorários advocatícios pela
recorrente, que arbitro em 20% sobre o valor da condenação.

Salvador, Sala das Sessões, 01 de Junho de 2017.


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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