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Classicismo
Literatura jesuítica
Outra manifestação artística desse tempo é a literatura jesuítica. Por meio do teatro
pedagógico (peças destinadas a ensinar), os jesuítas procuravam catequizar os nativos
brasileiros, ou seja, convertê-los à fé católica.
O grande objetivo dessa literatura era, portanto, propagar a fé cristã como uma forma
de “salvar” os nativos da “ignorância espiritual”, buscando torná-los semelhantes ao homem
europeu.
O principal jesuíta nessa missão foi o padre José de Anchieta, pertencente à Companhia
de Jesus. Anchieta buscava impressionar os nativos por meio de seus autos (peça curta de cunho
religioso) autorais escritos em tupi, português e castelhano. Aliás, Anchieta foi um exímio
conhecedor da língua dos nativos, tanto que escreveu uma gramática desta para ensinar outros
missionários jesuítas na comunicação com índios.
Barroco
Estilo artístico, entre o final do século XVI e início do século XVIII, que coincide com a
consolidação das monarquias absolutistas católicas, logo, com a reafirmação da fé católica
(Contrarreforma em oposição à Reforma Protestante). É uma época de crise, turbulência e
incertezas, que serviu de inspiração para uma arte dinâmica, violenta, perturbada, diferente da
clareza, do racionalismo e da serenidade desejados pelos clássicos.
Seu objetivo era propagar a religião através de uma arte de impacto, sinuosa, enfeitada
ao extremo. Observe que tanto a literatura quanto a arte barroca são feitas para impressionar e
assim causar comoção no espectador/leitor.
Na literatura, a linguagem barroca é marcada pelo rebuscamento, pelo uso excessivo de
metáforas e pelo contraste de imagens, que retratavam a atmosfera conflituosa da sociedade da
época, dividida entre o céu e a terra, a vida espiritual e a vida terrena, o misticismo e o
sensualismo, a visão antropocêntrica e racional do Renascimento (homem como centro do
universo) e o resgate do teocentrismo (Deus como centro do universo) com a Contrarreforma.
Dessa atmosfera de tensão, desenvolvida dentro de um período que alternava momentos
de depressão e pessimismo com instantes de euforia e nacionalismo, dois movimentos se
destacam dentro da literatura Barroca: o cultismo e o conceptismo. No primeiro, o cultismo, o
texto literário é excessivamente ornamentado, ou seja, possui uma linguagem muito rebuscada,
cheia de imagens e figuras, antíteses, paradoxos, hipérboles, exacerbação dos sentimentos,
descritivismo, linguagem obscura, musicalidade, com o objetivo de fornecer ao texto a riqueza
visual da arquitetura e da pintura, atraindo assim o público devoto a Deus.
Gregório de Matos destaca-se como escritor barroco tanto de
poesia lírica, religiosa quanto de poesia satírica. Adepto do cultismo, seus
poemas são escritos em linguagem rebuscada e marcada pela oposição entre
espírito e matéria (corpo). A poesia sacra explora o tema da busca pelo
perdão dos pecados cometidos, com o objetivo de atingir a salvação. A
poesia satírica faz uma crítica à sociedade brasileira (governo,
comportamento das pessoas, problemas como fome, miséria, corrupção,
desonestidade, entre outros), principalmente, da cidade da Bahia, onde se
concentrava a monarquia. Para que você entenda melhor, a sátira na
literatura, inicialmente apresentada em versos, visava censurar com humor
comportamentos viciosos, deformando, ridicularizando e desmoralizando seus
agentes.
Por conta de sua vertente satírica, como também de seus poemas
eróticos, que traziam palavrões, palavras e alusões obscenas, mesmo em
Disponível em:
textos sutis em que a ambiguidade aparecia repleta de safadeza, Gregório <http://1.bp.blogspot.com/-
recebeu a alcunha de Boca do inferno. OXHJ0rJlrek/UNs-
eYwaaqI/AAAAAAAAF38/asQVsND90AI/s
1600/Gregorio-de-Matos.jpg>. Acesso
em: 20 fev. 2017.
O segundo movimento, o conceptismo, é marcado
pela construção intelectual, ou seja, pela valorização do
conteúdo e da significação do texto. Para impressionar o
leitor, os textos recorrem a comparações ousadas, várias
exemplificações, metáforas, jogo de palavras, o que em
alguns momentos pode tornar a leitura complexa.
Padre Antônio Vieira é um dos representantes
desse estilo, autor de inúmeros sermões escritos com uma
engenhosa argumentação. Essa destreza com a linguagem,
permitiu-lhe se aproximar do rei de Portugal, mas também o
tornou vítima da perseguição da Igreja. Foi o maior pregador
de seu tempo; defensor dos negros, dos índios e dos cristãos-
novos. A defesa dos destes valeu-lhe o ódio da Inquisição
que o processou por opiniões heréticas.
Sua extensa obra reflete seu envolvimento nos
debates sociais e políticos de Portugal e do Brasil no século
XVII. Nos sermões de Vieira, nota-se o manuseio da expressão verbal, são textos riquíssimos em
imagens, jogos de significado e conceitos, metáforas e ricos em recursos linguísticos.
Disponível em:
<http://www.museunacional.ufrj.br/guiaMN/G
Arcadismo uia/Imagens/8/padre1.jpg>. Acesso em: 20
fev. 2017.
Período artístico que coincide com o “Século das luzes” (século XVIII), que se refere aos
ideais iluministas, marcados pela racionalidade (revolução intelectual) e pelo conhecimento
científico, em contraposição às correntes religiosas que imperavam no Barroco. O Iluminismo
gera o aparecimento dos filósofos iluministas, formando um novo quadro sócio político-cultural,
que necessita de outras fórmulas de expressão e não mais o Barroco, já desgastado e decadente
a esta altura. Essa nova postura traz o lema “liberdade, igualdade e fraternidade”, o que influencia
os pensamentos artísticos da época na Europa e fundamenta, principalmente, a Revolução
Francesa, a independência das colônias inglesas da América Anglo-Saxônica e, no Brasil, a
Inconfidência Mineira.
O contexto histórico em que se desenvolve o Arcadismo é marcado assim por
transformações econômicas, políticas e históricas na Europa, como o descrédito das monarquias,
a decadência da aristocracia, o crescimento do poder da burguesia, a Revolução Industrial, entre
outros.
Em oposição às temáticas conflituosas do Barroco, ao luxo e ostentação da nobreza, o
Arcadismo ou Setecentismo (1700) constitui uma tentativa de resgate da tranquilidade,
simplicidade e centralidade da razão na vida social e cultural. Também denominado
Neoclassicismo, esse movimento resgata elementos da Antiguidade greco-romana, dos autores
renascentistas.
O próprio nome do movimento revela essa influência, pois remete à Arcádia, uma lendária região
na Grécia antiga, habitada por pastores e transformada em recanto ideal para os poetas, repleto
de simplicidade e felicidade.
O escritor, assim, assume a
característica de um homem ideal,
simples, envolto às atividades da
vida campesina (note-se o eu-lírico
representado pela figura do
pastor), mas também polido e
erudito. A imagem do escritor já não
é mais marcada por contrastes e
conflitos, mas por equilíbrio e
intelectualidade, que desprezava os
valores do clero e da nobreza.
Desse modo, há o
pensamento da simulação pastoral e do ambiente campestre, ideais de uma vida simples e natural
que vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação – a burguesia –
que historicamente lutava pelo
poder e denunciava a vida luxuosa Disponível em:
https:<//upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d7/Friedrich_August_von
da nobreza nas cortes. _Kaulbach_-_In_Arcadia.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2017.
Por isso, o novo modo de
analisar a cientificidade e a racionalidade do período árcade foge das convenções artísticas da
época, já que os escritores retomam características clássicas, como: Carpe Diem (Aproveite o
dia), Fugere Urbem (volta ao campo), Aureas Mediocritas (vida simples desapegada de bens
materiais; na poesia uso, de linguagem simples) e o fingimento poético (uso de pseudônimos).
Realismo
Em 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de
Assis) e O mulato (Aluísio de Azevedo), tem-se o marco inicial do Realismo no Brasil. Em
oposição ao sentimento exacerbado dos românticos, o Realismo prioriza a objetividade e a razão.
Como forma de evitar o individualismo e o subjetivismo extremos, os escritores realistas buscam
uma representação distanciada da realidade e, por conta disso, menos idealizada, construindo-
se, desse modo, uma visão crítica da natureza, dos regimes políticos, das manifestações culturais,
assim como da sociedade e de suas instituições, como o casamento e a igreja, por exemplo
(SCHAEFER, 2014, p. 106). O personagem-narrador Brás Cubas (“defunto-autor”), o qual escreve
suas memórias póstumas, pode ser lido como a representação desse distanciamento da realidade
presente na obra machadiana.
O romance realista assume, logo, a característica de instrumento de análise social,
diferenciando-se do romance romântico, que desempenhava a função de “entreter” o público-
leitor. No romance realista, tem-se um sujeito que olha para si e ao mesmo tempo para o mundo
que o cerca. O narrador deixa, portanto, de ser um sujeito isolado e individualista, preso ao
subjetivismo cego, e passa a ser um observador do mundo do qual faz parte, analisando os
detalhes desse. “Machado é um escritor realista e, como tal, procura narrar os fatos assim como
estes se dão numa dada realidade – aqui, a sociedade carioca do século XIX. O recurso
carnavalizante que usa – um defunto narrador – facilita essa tarefa, uma vez que as coisas podem
ser ditas às claras, ‘sem temer mais nada’” (SCHAEFER, 2014).
Contexto histórico
→ II Revolução Industrial.
→ Correntes filosóficas como Positivismo (ciência como único conhecimento válido),
Determinismo, Evolucionismo.
→ Enriquecimento da burguesia.
→ Aumento do proletariado.
→ Proclamação da República do Brasil.
Características