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Física Geral e

Experimental I

Prof. Winston Aparecido Andrade


SUMÁRIO
BLOCO 1. MOVIMENTO – CONCEITO HISTÓRICO ............................................................ 3
BLOCO 2. ENERGIA – CONCEITO HISTÓRICO .................................................................. 17
BLOCO 3. ESTÁTICA – CONCEITO HISTÓRICO ................................................................. 29
BLOCO 4. DINÂMICA – CONCEITO HISTÓRICO ............................................................... 38
BLOCO 5. ÓPTICA GEOMÉTRICA – CONCEITO HISTÓRICO ............................................. 48
BLOCO 6. ÓPTICA II ......................................................................................................... 60

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BLOCO 1. MOVIMENTO – CONCEITO HISTÓRICO
Olá, aluno! Vamos começar?
O conceito de movimento em Física pode ser descrito como a posição no espaço de
um corpo em relação a um ponto referencial ao longo do tempo. A área da Física que
estuda as causas do movimento relacionadas com força e massa é a Mecânica. A
Mecânica estuda o próprio movimento em si bem como as forças que iniciam o
movimento ou o fazem cessar.
Se forem desenvolvidos estudos considerando-se apenas a descrição do movimento
sem levar em conta suas causas, será explorado um ramo da Mecânica denominado
Cinemática. A palavra Cinemática tem origem no grego kinema que significa
movimento. Ela estuda as características do movimento. Mas, se os estudos
desenvolvidos fizerem o contrário e considerarem as causas do movimento sem levar
em conta as forças que provocam o início ou o final do movimento, será explorada
outra parte da Mecânica denominada Dinâmica. A palavra Dinâmica também tem
origem em outra palavra grega (dynamis) que significa força.

O estudo do movimento permeia toda a história da Física. A própria origem da Física


vem da tentativa de descrever o movimento dos objetos. Durante toda a história das
Ciências, passando por Aristóteles, Galileu e Isaac Newton, o estudo do movimento,
mesmo algumas vezes de forma fantasiosa, foi explorado na tentativa de explicar os
diversos fenômenos naturais que intrigavam o ser humano.
Aristóteles acreditava que corpos celestes como as estrelas e o sol possuíam almas.
Dessa forma, sabiam qual caminho deveriam percorrer em suas viagens pelo cosmo. Já
Galileu foi rigoroso e desenvolveu seus estudos com base em experimentos e
observações. Suas experiências possibilitaram o desenvolvimento de algumas leis da
Física que são aceitas até os dias de hoje. Isaac Newton com base no trabalho de
Galileu foi muito além, conduzindo estudos que possibilitaram traçar leis gerais do
movimento que são amplamente aceitas até os dias atuais, conhecidas como as Três
Leis de Newton. São elas:

- Primeira Lei de Newton: Lei da Inércia.

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- Segunda Lei de Newton: Lei Fundamental da Dinâmica.
- Terceira Lei de Newton: Lei de Ação e Reação.

1.1. Conceitos de Movimento Uniforme (MU)


O deslocamento de um objeto a uma velocidade constante é denominado Movimento
Uniforme (MU). Uma maneira para entender como esse movimento ocorre pode ser
descrita da seguinte forma: um carro de passeio percorre uma trajetória da cidade de
São Paulo a Barretos no interior do estado a uma velocidade constante de 120 km/h.
Supondo que não haja obstáculos que obriguem o carro a mudar de velocidade, dessa
forma, o movimento do carro foi uniforme, pois ele realizou o deslocamento de um
determinado ponto de referência a uma velocidade constante.
A trajetória do movimento uniforme percorrida por um objeto pode ter diversas
formas (reta, circular, curvilínea etc.) desde que o objeto permaneça com sua
velocidade constante. Nesse contexto, é interessante analisar o deslocamento do
objeto em uma trajetória linear (retilínea/reta) denominado Movimento Retilíneo
Uniforme (MRU).
A análise coerente do MRU exige uma observação importante. Quando o objeto se
desloca a uma velocidade constante, a velocidade instantânea (velocidade de
momento) desse objeto será igual a sua velocidade média. Esse raciocínio é coerente,
pois não há variação da velocidade em nenhum momento do percurso.
O raciocínio anterior pode ser exemplificado pela equação horária do espaço e
demonstrado a partir da fórmula da velocidade média.

s
v  vm 
t

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Transcrição da fórmula:

v - velocidade instantânea

vm - velocidade média

s - variação do espaço

t - variação do tempo

Isolando o s , temos:

s  v  t

Porém, sabemos que:

s  s final  sinicial

Dessa forma, temos a demonstração da equação horária do espaço:

s final  sinicial  v  t ou ainda s  s0  v  t

Exemplos de aplicação da equação horária do espaço


Exemplo 1 – A tabela a seguir fornece a posição de um caminhão de entregas em
função do tempo de percurso após sair da sua empresa para realizar várias entregas. A
posição inicial do caminhão é a distância em quilômetros da sua última entrega.
Descreva a função horária do caminhão com base nos dados da tabela.

t (h) 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0


s (km) 200 170 140 110 80 50

Resolução:
A posição inicial do caminhão é 200 km em relação a sua última entrega. Dessa forma,
temos:

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s 170  200
v v  15km / h
t 0  2, 0

Portanto, a função horária da posição do caminhão será s  200  15t

Exemplo 2 – A figura a seguir demonstra que dois veículos irão se encontrar em um


determinado ponto do percurso. O veículo A segue da esquerda para a direita, o
veículo B segue da direita para a esquerda. Em quanto tempo os veículos irão se
encontrar?

Resolução:
É necessário determinar a função horária da posição do movimento uniforme para os
dois veículos A e B:
SA = S0 + v.t → SA = 0 + 30.t → SA = 30.t SB = S0 – v.t → SB = 400 – 50.t

O momento do encontro é expresso pela equação SA = SB. Dessa forma:


SA = S B
30.t = 400 – 50.t
50.t + 30.t = 400
80.t = 400
t = 400
80
t=5h

1.2. Conceitos de Movimento Uniformemente Variado (MUV)


Até o momento foi analisado o movimento uniforme, onde não há variação da
velocidade ao longo do tempo. Agora será estudado o conceito do Movimento
Uniformemente Variado (MUV). Esse tipo de movimento também é conhecido como
Movimento Acelerado. A característica principal do MUV é a variação da velocidade,

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diferente do MUV estudado anteriormente. Em outras palavras, o objeto sofre
aceleração no decorrer do tempo.
É importante definir o conceito físico da aceleração. Em Física, esse conceito significa
mudar de velocidade, tanto no sentido de aumentar a velocidade ou diminuí-la em
relação ao tempo do movimento. Em nosso dia a dia, esse conceito é interpretado de
forma diferente. Quando nos referimos a acelerar um objeto, devemos entender
sempre como um aumento de velocidade.
A definição formal na Física para aceleração é: a taxa de variação da velocidade
durante o tempo em que ocorre o movimento. A definição da unidade é demonstrada
da seguinte forma.

m
velocidade m
 s  2
tempo s s

Da mesma forma como a velocidade média, a aceleração média também pode ser
definida matematicamente.

v
am 
t
A função horária da velocidade no Movimento Uniformemente Variado descreve a
velocidade em função do tempo. Dessa forma, considerando t0  0 , temos:

v  v0  a  t

Exemplo de aplicação do MUV


Exemplo 1 – Em uma corrida, um ciclista inicia com aceleração constante de 2,0 m/s2.
Qual sua velocidade após 3 segundos do início da corrida?
Resposta:
a = 2,0 m/s2
T = 3 segundos
V0 = 0 (pois o ciclista parte do repouso, início da corrida)
v  v0  a  t v  0  23 v  6m / s

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1.3. Conceito de Movimento Circular
O Movimento Circular também é decomposto em outros dois tipos de movimento:
Movimento Circular Uniforme (MCU) e Movimento Circular Uniformemente Variado
(MCUV). Nessa seção, iremos estudar os dois tipos de movimento.
Como pode ser notado, o movimento circular também tem os dois princípios do
movimento linear. Pode ser uniforme (sem alteração ao longo do tempo) ou variado
(apresenta variação ao longo do tempo).
Para o estudo do movimento circular, há necessidade de conhecer a origem de suas
grandezas específicas. As duas principais grandezas que podem ser compartilhadas
pelo movimento linear e pelo movimento circular simultaneamente são velocidade “v”
e aceleração “a”.

1.3.1. Grandezas Angulares


O estudo e a análise dos movimentos circulares requerem introduzir três novas
grandezas cuja unidade de medida é o radiano. Essas grandezas são representadas por
letras do alfabeto grego. São elas:
 Deslocamento/espaço angular – ϕ (letra grega phi, lê-se “fi”)
 Velocidade Angular – ω (letra grega ômega)
 Aceleração Angular – α (letra grega alpha)

Para entender melhor o conceito sobre a definição de radiano, é interessante observar


a figura a seguir:

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S = Arco

R = Raio

ϕ = Ângulo ou deslocamento angular

S

R

O resultado da divisão entre o arco S com mesmo comprimento do raio R corresponde


a 1 radiano.

Espaço Angular (ϕ)

O espaço angular é definido pelo arco formado quando um objeto em movimento

circular define em sua trajetória uma abertura de ângulo ϕ qualquer em relação ao

ponto de sua origem, conforme a figura a seguir.

O cálculo do espaço angular é realizado pela fórmula:

S

R
Deslocamento Angular   

Já o deslocamento angular é definido por meio do cálculo da diferença entre a posição


angular final   e a posição angular inicial 0  .

S
Onde:     0 . Dessa forma, pode-se deduzir  
R
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É importante também levar em consideração algumas definições que são consideradas
por convenção. São elas:
 No sentido horário, o deslocamento angular é considerado negativo.
 No sentido anti-horário, o deslocamento é considerado positivo.

Velocidade Angular  

O cálculo da velocidade angular pode ser definido de forma semelhante ao cálculo da


velocidade linear. Pode-se definir a velocidade angular média como resultado da
divisão entre o deslocamento angular e o tempo gasto para esse deslocamento. A
unidade de medida da velocidade angular no Sistema Internacional de Medidas (SI) é o
radiano por segundo rad / s , porém também podem ser utilizados rpm, rev/min ou
rev/s. A fórmula utilizada é:


m 
t

Aceleração Angular  

Para que não haja confusão diante da grande quantidade de informação até esse
ponto do nosso estudo, é interessante rever um conceito anterior aplicado ao
movimento linear, mas dessa vez aplicado ao movimento circular ‒ a diferença entre
velocidade e aceleração:

“A aceleração angular é a taxa de variação da velocidade angular em função do tempo


necessário para realizar o movimento circular”.

A unidade de medida da aceleração angular média é rad / s 2 (radiano por segundo ao


quadrado) e pode ser definida utilizando a seguinte fórmula:


m 
t

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1.3.2. Movimento Circular Uniforme (MCU)
O movimento circular uniforme pode ser definido como: um objeto realizando um
movimento curvilíneo descrito por uma trajetória circular com base em um eixo de
rotação a uma distância R, sendo sua velocidade angular constante, ou seja, a mesma
velocidade em todos os pontos de sua trajetória.
Esse tipo de movimento circular é muito comum no nosso dia a dia, por exemplo, em
um carrossel ou em uma roda gigante em um parque de diversões, nas pás de um
ventilador em movimento até mesmo nos movimentos de uma batedeira de bolo. A
função horária do espaço angular é definida pela fórmula:

  0    t
1.3.3. Movimento Circular Uniformemente Variado (MCUV)
O movimento circular uniformemente variado tem uma definição semelhante ao
movimento circular uniforme, pode ser descrita da seguinte forma: um objeto
realizando um movimento curvilíneo descrito por uma trajetória circular com base em
um eixo de rotação a uma distância R, onde sua velocidade angular sofre mudanças
durante seu movimento. Em decorrência dessas mudanças de velocidade, o objeto
tem aceleração angular   .

As formas angulares das fórmulas do movimento circular são análogas às fórmulas do


MUV. Pode-se verificar esse fato com a análise da tabela a seguir:

MUV MCUV

Grandezas Lineares Grandezas Angulares

v  v0  a  t   0  a  t

s  s0  v0  t  1  a  t 2
2
  0  0  t  1 2    t 2

v 
am  m 
t t

v 2  v02  2  a  s  2  02  2    s

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A aceleração angular é o resultado da soma vetorial da aceleração tangencial e da
aceleração centrípeta. Ela pode ser demonstrada da seguinte forma:

r
at  aceleração tangencial
r
acp  aceleração centrípeta

r
ar  aceleração angular

Onde:
r r r
ar  at  acp
r r 2 r 2
ar  at  acp

  2 R 
r
 R 
2
ar 
2

Exemplo:
Uma pá de ventilador com raio 0,4 m que gira a partir do repouso com aceleração
angular é 2 rad/s2. Com base nessas informações, responda às seguintes questões:
a) Qual a velocidade angular da pá do ventilador após 10 segundos?
b) Qual o ângulo descrito pela pá no mesmo tempo de 10 segundos?
c) Qual o vetor de aceleração resultante?

Resolução:
a)   0  a  t   0  2 10   20rad / s
b) Com base na função horária do deslocamento angular (semelhante à do
movimento linear, conforme a tabela).

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  0  0  t  1 2    t 2
  0  0  1 2 102
  100rad

c) Analisando as relações entre a aceleração tangencial e a aceleração


centrípeta, temos:

r
at    R
r
at  2  0, 4  0,8m / s 2
r
acp   2  R
r
acp   20   0, 4
2

r
acp  400  0, 4  160m / s 2
r
ar   0,8   160 
2 2

r
ar  25.600, 64
r
ar  160, 002m / s 2

1.4. Conceito de Movimento Acelerado e Movimento Retardado

Para entendermos os conceitos de movimento acelerado e movimento retardado,


devemos complementar os conceitos de velocidade no MU e MUV, quando do estudo
dos movimentos lineares não foram explorados os conceitos de direção e sentido do
movimento.
No nosso cotidiano, os termos direção e sentido parecem ser sinônimos, normalmente
entendemos como a mesma coisa. Porém, no estudo do movimento, essas duas
palavras têm significados bem diferentes e ambos os significados são muito relevantes.
A seguir, a definição das duas palavras:

“A direção pode ser explicada utilizando-se a analogia de uma reta. Uma reta pode
estar em duas direções (horizontal e vertical). Quando pensamos dessa forma, a
direção e o sentido podem ser compreendidos de uma forma bem simples. Se a reta
encontra-se na direção horizontal, seu sentido pode variar da esquerda para a direita

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ou ao contrário da direita para a esquerda. Caso a reta esteja na direção vertical, seu
sentido pode ser de baixo para cima ou de cima para baixo”.

Simplificando os termos, podemos afirmar que a direção pode ter dois sentidos
opostos. Na direção vertical, temos dois sentidos (de baixo para cima e vice-versa); na
direção horizontal, da esquerda para a direita e vice-versa. A imagem a seguir ilustra
esse conceito:

Com base nesses conceitos, como podemos diferenciar o movimento acelerado do


movimento retardado?
A resposta é descrita da seguinte forma: quando o objeto tem a velocidade no mesmo
sentido da trajetória, essa velocidade é positiva  v  0  e o movimento é denominado

progressivo. Mas quando o objeto tem a velocidade contrária à trajetória, essa


velocidade é negativa  v  0  e o movimento é denominado retrógrado.

Com base nesse raciocínio, podemos concluir que quando a aceleração é positiva
a  0 , o movimento é acelerado, mas quando a aceleração é negativa a  0 , o
movimento é retardado.
Para identificarmos quando o movimento de um objeto é acelerado ou retardado,
devemos verificar os sinais de velocidade e aceleração desse objeto. A tabela a seguir
ilustra esse raciocínio:

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Sentido do Tipo de
Aceleração Velocidade
Movimento Movimento
a0 v0 Progressivo Acelerado
a0 v0 Retrógrado Acelerado
a0 v0 Retrógrado Retardado
a0 v0 Progressivo Retardado

Exemplo:
Para o entendimento claro sobre os movimentos acelerado e retrógrado, podemos
analisar os efeitos de ambos por meio de demonstração gráfica.
O gráfico a seguir demonstra um MUV. Por meio de uma análise do movimento entre
os instantes: 0  t  2 ; t  2s e 2  t  4 .

Resolução
A análise isolada do primeiro intervalo 0  t  1 demonstra que a velocidade v  0 e
com aceleração a  0 , aplica-se o cálculo a seguir:

v 4   8 4
a    4m / s 2
t 1 0 1

O cálculo demonstra que o movimento é uniformemente variado retardado.


Já no segundo intervalo t  2 (repouso v  0 );
No terceiro intervalo 2  t  4 , a velocidade v  0 e aceleração a  0 demonstram que
o movimento é uniformemente variado acelerado.

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Conclusão do Bloco 1
Neste bloco, foram estudadas por meio de exemplos todas as formas de movimento
dentro do universo da Mecânica na Física. O conhecimento das formas de movimento
é muito importante para aplicação em diversas áreas do conhecimento.
O conhecimento do movimento dos objetos também engloba a rapidez com que os
objetos se movem. Os engenheiros das competições de corrida de carros estudam o
movimento para determinar o desempenho dos carros durante as corridas, os
geólogos utilizam o conhecimento sobre o movimento na Física para estudar as placas
tectônicas e prever a intensidade dos terremotos.
Na Medicina, o conhecimento sobre o movimento é utilizado para mapear o fluxo de
sangue no corpo humano durante o exame das artérias e do coração.

Referências do Bloco 1
CHESMAN, Carlos; ANDRÉ, Carlos; MACÊDO, Augusto. Física moderna experimental e
aplicada. São Paulo: Livraria da Física, 2012.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física: mecânica.
10. ed. São Paulo: LTC, 2016. v. 1. (1 recurso online).
KNIGHT, Randall D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2009. v. 4. (1 recurso online).
TIPLER, Paul Allen; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: mecânica,
oscilações e ondas, termodinâmica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 1. (1 recurso
online).

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BLOCO 2. ENERGIA – CONCEITO HISTÓRICO
A palavra “energia” tem suas origens tanto no latim como no grego antigo. No grego,
sua pronúncia é enérgeia e no latim energia. Ambas têm o mesmo significado
(trabalho). Na Antiguidade, era utilizada para descrever alguns fenômenos naturais
explicados pelos termos vis viva (força viva).
O termo “energia” como conhecemos atualmente foi utilizado pela primeira vez em
1807 pelo médico e físico inglês Thomas Young. Para ele, o termo energia estava
diretamente ligado à capacidade de um corpo de produzir trabalho mecânico.
Antes de Young, alguns dos grandes cientistas conhecidos utilizaram conceitos
semelhantes, porém sem utilizar o termo energia propriamente dito. São eles:

- Galileu por volta do ano 1600 levantou algumas teorias sobre a regularidade dos
processos de transformação envolvendo a força gravitacional.
- Leibniz e Huygens no século XVIII trabalharam com os princípios do desenvolvimento
da ideia da conservação das vis viva na ocorrência de colisões.
- Uma das contribuições mais importantes foi a de Lagrange, estabelecendo as bases
do que entendemos hoje como princípio de conservação da energia mecânica.
- Contribuições importantes na Teoria do Calórico com Joseph Black, Rumford e Carnot
também auxiliaram na elaboração dos princípios gerais do conceito de energia.

2.1. Conceitos sobre Energia Mecânica


Tendo como base os conceitos históricos e as definições sobre energia, podemos
afirmar que “Energia é a capacidade de produzir trabalho”. Já o conceito de Energia
Mecânica é mais amplo. Podemos conceituar Energia Mecânica como:

É composta pela soma da Energia Cinética, relacionada ao movimento de um corpo, à


Energia Potencial, relacionada à energia potencial armazenada em um corpo.
Matematicamente, podemos expressar essa afirmação por meio da fórmula:

Em  Ec  E p
Onde:

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Em - Energia Mecânica

Ec - Energia Cinética
E p - Energia Potencial

Quando tratamos do conceito de energia mecânica, podemos associá-lo ao movimento


que está ocorrendo naquele momento ou a possibilidade de haver movimento em um
momento futuro. Podemos compreender melhor esse conceito por meio dos seguintes
exemplos:
- Um paraquedista ao saltar de um avião, antes de abrir o paraquedas está sofrendo
uma queda livre, ou seja, está caindo em direção ao solo. Podemos descrever sua

energia cinética Ec como consequência da velocidade com que ele está caindo. Essa
energia cinética aumenta a cada instante de tempo. Já a energia potencial

gravitacional E p é decorrente da altura que está relacionada ao referencial adotado.


- Quando esse mesmo paraquedista aciona seu paraquedas, a energia cinética reduz
rapidamente devido à redução da sua velocidade. O mesmo ocorre com a energia
potencial gravitacional.
Utilizando esse exemplo, podemos ampliar o conceito de Energia Mecânica para:

A Energia Mecânica de um Sistema é composta pela soma de duas outras parcelas de

energia, energia cinética  Ec  e energia potencial  E p  , constituindo assim o que

conhecemos em Física Clássica como Energia Mecânica.

O esquema a seguir mostra os desdobramentos da composição da Energia Mecânica.

 m  v2
 Energia  Cinética : Ec  2

Energia  Mecânica  Gravitacional : E p  m  g  h
 Energia  Potencial 
 k  x2
Ep 
  2

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2.2. Conservação da Energia Mecânica
Todo movimento é realizado por meio da transformação de energia em trabalho, por
exemplo, para que um maratonista que percorra os 42,195 quilômetros de uma
maratona há necessidade que durante todo o percurso seu corpo transforme Energia
Química em Energia Cinética. Podemos utilizar a mesma analogia para a conservação
de Energia Mecânica.
Para descrever melhor esse conceito, vamos analisar a seguinte situação:
- Um objeto é abandonado do alto de um prédio. Em um primeiro momento antes de
ser abandonado, esse objeto tem energia cinética nula (não está em movimento) e
energia potencial total acumulada. Quando o objeto chega ao solo, a situação é
inversa, sua energia cinética é máxima e sua energia potencial é nula já que a altura
será zero. Dessa forma, concluímos que a energia potencial se transformou em energia
cinética.
A compreensão detalhada das forças que atuam no conceito de conservação de
energia e a dedução desse conceito deve seguir o seguinte raciocínio. Não ocorrendo a
atuação de forças dissipativas como o atrito e a força de arraste, a energia mecânica é
conservada. Dessa forma, temos:

Em.inicial  Em. final


Ec.inicial  E p.inicial  Ec. final  E p. final

Já no caso da energia potencial gravitacional convertida em energia cinética, temos:

1 2 1
mv inicial  mghinicial  mv 2 final  mgh final
2 2

E para os casos onde a energia potencial elástica é convertida em energia cinética:

1 2 1 1 1
mv inicial  kx 2inicial  mv 2 final  kx 2 final
2 2 2 2

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Para entender melhor esses conceitos, vamos recorrer ao seguinte exemplo:
Uma laranja está presa em um galho da árvore a uma altura de 3 metros. Quando está
madura, a laranja se desprende desse galho. Qual a velocidade com que a laranja irá
chegar ao solo?

2.3. Conceitos sobre Energia Maremotriz


A Energia Maremotriz, ou energia das marés, é um conceito novo dentro do estudo da
Física em relação aos conceitos gerais e universais de energia. Será feita uma breve
descrição com a utilização de um exemplo prático e a exposição de uma figura para
demonstrar o conceito de Energia Maremotriz.
Os oceanos e mares realizam o movimento físico constante de suas águas por meio das
ondas. As ondas marítimas possuem energia cinética devido a seu movimento
constante, e possuem energia potencial devido às alturas que alcançam.
Com essas características, as ondas podem gerar energia elétrica por meio de seus
movimentos oscilatórios. O processo pode ser descrito da seguinte forma:
- Durante a maré alta, a água das ondas é direcionada a um reservatório passando pela
turbina e produzindo energia elétrica por meio da energia cinética da movimentação
das águas.
- Na maré baixa, a água esvazia esses reservatórios passando novamente pelas
turbinas, agora no sentido contrário, produzindo energia elétrica pelo mesmo
princípio. Nota-se que, dessa forma, o aproveitamento ocorre nos dois sentidos.

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A figura a seguir ilustra esse procedimento.

Fonte: Portal da Energia.

A obtenção de energia elétrica com a utilização da energia maremotriz tem um melhor


aproveitamento dos recursos naturais na geração de energia que os métodos
tradicionais conhecidos, porém há vantagens e desvantagens em sua utilização. São
elas:

Vantagens
A energia maremotriz tem um longo prazo de funcionamento na geração de energia
elétrica sem causar o esgotamento de nenhum recurso natural, já que não há
nenhuma mudança da maré.
Em áreas litorâneas onde as usinas maremotrizes são instaladas, há uma grande
variação no comportamento dos ventos, dias nublados e chuvosos que em muitos
casos inviabilizam um bom aproveitamento de fontes de energia solar.
Em países com geologia marítima favorável e áreas litorâneas extensas, a energia das
marés pode ser muito bem aproveitada.

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Desvantagens
Provavelmente, a principal desvantagem é essencialmente econômica, seu custo de
instalação é muito alto, muitas vezes os estudos para instalação de uma “usina” desse
tipo se mostram inviáveis devido a seu retorno financeiro.
Outra desvantagem econômica é o custo com a manutenção. As instalações têm um
desgaste maior devido à salinidade das águas onde estão localizadas tornando sua
manutenção cara.
Um bom exemplo da utilização da energia maremotriz é uma central de energia
elétrica localizada na ilha dos Açores em Portugal. A instalação é do tipo coluna de
água oscilante com uma turbina de eixo horizontal que aciona uma turbina acoplada a
um gerador com potência de 400 kW.

2.4. Energia Térmica, Solar e Eólica


Quando o assunto é energia Térmica, Solar e Eólica, projeta-se o futuro em relação a
novas fontes de energia. A maior parte da energia consumida no planeta tem sua
origem em combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão mineral, e há outras
menos conhecidas, mas amplamente exploradas nos últimos anos, caso do “carvão de
xisto” muito explorado nos Estados Unidos da América. Essas fontes de energia são
altamente poluentes e a longo prazo deixarão de existir no planeta.
O enunciado do princípio da conservação de energia nos diz: “A energia não pode ser
criada ou destruída, apenas transformada de um tipo de energia em outro”. Um
exemplo clássico são as caldeiras a vapor nas antigas locomotivas que queimavam a
madeira com energia potencial acumulada, aquecendo as caldeiras e concentrando
vapor (transformando o calor em energia cinética) acionando os motores das
locomotivas.

2.4.1. Energia Térmica


A energia térmica é um tipo de energia diretamente associado à temperatura interna
de um sistema. Ela é o resultado da soma entre energia cinética e potencial associados
aos elementos microscópios constituintes da matéria.

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Os átomos e moléculas que formam os corpos que compõem o sistema realizam
movimentos aleatórios de translação, rotação e vibração, denominados “agitação
térmica”.
Como exemplo, podemos analisar um fato comum. Quando utilizamos uma bomba
manual para encher bexigas em festas de aniversário, percebemos após algum tempo
de uso da bomba que seu corpo está aquecido, o aumento da energia térmica ocorre
devido à transferência da energia mecânica (trabalho). A transferência de calor causa
aumento da agitação nas moléculas e átomos de um corpo produzindo energia térmica
e consequente aumento da temperatura.
Dois corpos com temperatura diferente quando colocados em contato desencadeiam
transferência de energia entre si e, após determinado intervalo de tempo, ambos
adquirem a mesma temperatura estabelecendo o equilíbrio térmico entre os dois
corpos.
Energia Térmica, Calor e Temperatura, qual a diferença?
No decorrer da vida cotidiana, há uma confusão dos conceitos de Temperatura, Calor e
Energia Térmica. Os três conceitos parecem ser iguais, dizer a mesma coisa, porém
dentro da Física cada um tem um conceito diferente. É importante a definição desses
conceitos para o entendimento do assunto. Vamos defini-los:
- O Calor é definido como:

Energia em trânsito, dessa forma não há sentido em dizer “um objeto está quente”, o
objeto tem energia interna ou energia térmica.

- A Temperatura descreve a quantidade de quanto frio ou quente está um


determinado objeto, é a propriedade que governa a transferência de calor entre dois
corpos.
A energia em forma de calor é transferida unicamente pela diferença de temperatura
entre os corpos, ocorre de forma espontânea do corpo que possui maior temperatura
para o corpo de menor temperatura.

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2.4.2. Energia Solar
A energia solar está intimamente ligada à energia térmica, é aproveitada de forma
prática por meio de sua transformação em energia térmica. Um exemplo simples é a
obtenção de energia térmica gerada por coletores solares que captam a energia vinda
do sol aquecendo a água substituindo chuveiros elétricos.
Outra energia importante obtida pela energia solar é a energia fotovoltaica. Esse tipo
de energia é coletado por meio de lâminas ou painéis fotovoltaicos capazes de reter a
radiação liberada pelo sol gerando energia elétrica. Uma propriedade muito
importante da energia fotovoltaica é sua capacidade de ser utilizada imediatamente
ou ser armazenada em baterias para uso futuro.
A grande vantagem da energia solar está no fato de ser limpa, não causa poluição e
dispensa o uso de turbinas e geradores, porém o custo para sua implantação ainda é
alto tornando-a inviável em alguns casos.

Painéis utilizados para coletar energia solar

Fonte: Educação (2011).

2.4.3. Energia Eólica


A energia eólica consiste na transformação da energia dos ventos em energia
mecânica que aciona aerogeradores para a geração de energia elétrica. Na energia
eólica, são utilizados os mesmos princípios de conservação e transformação de
energia.

24
As principais características da energia eólica são: estar permanentemente disponível,
não produz gases do efeito estufa, é uma opção aos combustíveis fósseis e seu
impacto ambiental origina menos problemas que outras fontes de energia.

Parque eólico instalado em local apropriado para aproveitamento do vento

Fonte: Educação (2011).

2.5. Energia Elétrica, Química e Nuclear

- Energia Elétrica

A energia elétrica é a principal energia utilizada pela sociedade moderna, é


amplamente difundida e utilizada em todo o mundo, a maior parte dos equipamentos
pessoais e industriais utilizados no mundo é movido pela energia elétrica. Sem a
energia elétrica, o mundo simplesmente deixaria de funcionar. Utilizamos a energia
elétrica para mover as indústrias, ligar os computadores, manter o funcionamento dos
sistemas de comunicação, hospitais, escolas, residências etc.
A energia elétrica remonta a antiga Grécia onde o filósofo Tales de Mileto foi um dos
primeiros “cientistas” a ter contato com a energia elétrica ao esfregar uma pedra de
âmbar num pedaço de pele. Tales de Mileto notou que pequenos pedaços de madeira

25
e palha eram atraídos pelo âmbar. Essa ação deu origem ao termo eletricidade devido
ao nome âmbar em grego (élektron).
A energia elétrica é o resultado da transformação de diversos outros tipos de energia
como as energias térmica, solar, eólica etc.

- Energia Química
A energia química é mais comum no dia a dia do que pensamos. Ela é classificada
como energia potencial, pois está armazenada nas ligações químicas entre os átomos
da matéria. A energia química é liberada com a “quebra” das ligações químicas. Em um
exemplo, podemos verificar a energia química na combustão de um palito de fósforo
onde a energia contida nas interligações intramoleculares no elemento fósforo é
liberada após a quebra de suas ligações que contêm energia potencial armazenada.

Fonte: Preach It and Teach It.

- Energia Nuclear
A Energia Nuclear é uma das mais controversas na atualidade. É obtida por meio de
reações nucleares que são os processos de transformação de núcleos atômicos. As
reações nucleares são a forma pela qual os isótopos de um determinado elemento têm
a capacidade de se transformar em outros isótopos emitindo energia durante esse
processo.

26
A história da energia nuclear foi escrita por vários cientistas. Dentre eles, o mais
famoso foi Albert Einstein. O princípio da equivalência entre massa e energia descrito
por Einstein é a base para as reações nucleares.
Outros cientistas também tiveram a participação na descoberta da energia nuclear.
São eles: Ernest Rutheford, com a descoberta do núcleo atômico; Enrico Fermi e Ida
Noddack, que estudaram os nêutrons e o bombardeio do núcleo atômico com
nêutrons pesados; Otto Hahn e Fritz Strabmann, com a descoberta da fissão nuclear e,
por fim, os cientistas do projeto Manhattan que construíram a primeira bomba
atômica nos Estados Unidos da América.
A energia nuclear em si é pouco utilizada. A sua transformação em energia elétrica é a
mais utilizada na Europa e nos Estados Unidos. Para ilustrarmos o processo, devemos
analisar a figura a seguir.

Fonte: Eletronuclear.

27
Conclusão do Bloco 2

Conforme foi nessa etapa, a energia é essencial para a sobrevivência do ser humano
desde as épocas mais antigas. Desde a Pré-História, a energia tem sido utilizada pela
humanidade com a finalidade de facilitar o acesso a meios de sobrevivência. O fogo,
por exemplo, foi uma das primeiras formas de energia amplamente utilizadas pelos
seres humanos.
Durante toda a História, a humanidade aprendeu a aprimorar fontes de energia
existentes e a descobrir e explorar novas fontes energéticas para suprir a necessidade
cada vez maior que as civilizações têm em relação à energia.
Muitas fontes de energia são finitas, aliás, a maior parte delas. Dessa forma, a ciência
deve se voltar para as fontes “infinitas”, como a energia solar, e explorá-las de forma a
substituir as fontes finitas ao longo do tempo e conforme forem ficando mais escassas.

Referências do Bloco 2
CHESMAN, Carlos; ANDRÉ, Carlos; MACÊDO, Augusto. Física moderna experimental e
aplicada. São Paulo: Livraria da Física, 2012.
EDUCAÇÃO. Tipos de energias: hidrelétrica, eólica, nuclear, solar, térmica, etc. 29
nov. 2011. Disponível em: <https://www.educacao.cc/ambiental/tipos-de-energias-
hidreletrica-eolica-nuclear-solar-termica-etc/>. Acesso em: 1 mar. 2019.
ELETRONUCLEAR. Relatório de Impacto Ambiental da Unidade 3 da Central Almirante
Álvaro Alberto. Disponível em: <http://www.eletronuclear.gov.br/Sociedade-e-Meio-
Ambiente/Documents/RIMA/figura06.html>. Acesso em: 1 mar. 2019.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física: mecânica.
10. ed. São Paulo: LTC, 2016. v. 1. (1 recurso online).
KNIGHT, Randall D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2009. v. 4. (1 recurso on line).
PORTAL DA ENERGIA. Energia maremotriz: guia básico. Disponível em:
<http://portaldaenergia.com/energia-maremotriz/>. Acesso em: 1 mar. 2019.
PREACH IT AND TEACH IT. Surfire ways to diffuse volatile relationships. Disponível em:
<https://www.preachitteachit.org/articles/detail/surefire-ways-to-diffuse-volatile-
relationships/>. Acesso em: 1 mar. 2019.

28
TIPLER, Paul Allen; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: mecânica,
oscilações e ondas, termodinâmica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 1. (1 recurso
online).

BLOCO 3. ESTÁTICA – CONCEITO HISTÓRICO


A Estática no contexto da Física é o estudo de sistemas que estão sob a ação de forças
que se equilibram, ou seja, a soma das forças que atuam sobre esse corpo deve ser
nula. A Estática também estuda as condições necessárias para que esse equilíbrio
ocorra. Para o estudo e o entendimento adequado da estática, é necessário o estudo
das grandezas que compõem a base dos seus princípios fundamentais. São elas:

r


 Força F

 
Vetoriais Velocidade  vr 
  r
  Aceleração  a 
Grandezas 
 Tempo  t 
 
 Escalares  Potência  p 
 
  Energia  E 

3.1. Força
Pode ser descrita como a ação que altera o estado de repouso ou de movimento de
um objeto. A palavra força tem origem na palavra fortia do latim. Aristóteles foi o
primeiro a estudar esse conceito na Grécia Antiga. Ele considerava que os objetos
tinham a tendência de estar sempre em repouso e que a força provocava o
movimento. Mais tarde, esse conceito foi modificado por Isaac Newton.
As unidades de medida da força são o newton (N) e o quilograma-força (kgf). Para
medir a intensidade da força, são utilizados aparelhos chamados de Dinamômetros
como o que podemos ver na figura a seguir:

29
Fonte: Brasil Escola.

Como a força é uma grandeza vetorial, suas características são:


 Ponto de Aplicação;
 Direção ou Reta de Ação;
 Sentido;
 Intensidade.
A figura a seguir demonstra a representação das características da força.

3.2. Equilíbrio do Corpo Extenso


A estática é o ramo da Física que investiga as condições sob as quais um corpo
estabelece as condições necessárias para ficar em equilíbrio. O estudo do equilíbrio
dos corpos em estática requer a diferenciação de corpos tratados como pontos
materiais e corpos rígidos. O objetivo desse tópico é o estudo do equilíbrio do corpo
extenso.

30
O equilíbrio do corpo extenso leva em conta o equilíbrio da rotação e da translação.
Um exemplo prático desse equilíbrio são as balanças utilizadas para que as pessoas se
pesem nas farmácias e drogarias.
Mas... o que é um “corpo extenso”? O corpo extenso é descrito informalmente como:
“todo objeto que não pode ser descrito como um ponto material”. Em outras palavras,
o corpo extenso é um objeto tridimensional onde atuam forças como a gravidade e o
peso. O corpo extenso é um “corpo rígido”.
Dessa forma, podemos afirmar que um corpo é considerado rígido quando as posições
das partículas que constituem esse corpo não mudam de posição durante o tempo em
que ele é estudado. Um corpo rígido está sujeito à ação de forças sobre um mesmo
plano. Um corpo rígido está em equilíbrio quando se encontra simultaneamente em
equilíbrio de rotação e translação.

3.2.1. Centro de Massa


Um corpo rígido (extenso) deve ser analisado sob a ótica de um sistema de partículas,
cada uma com sua massa. A soma das massas dessas partículas é a massa total do
corpo. Seja o centro de massa (CM) o ponto que concentra toda a massa do corpo,
esse ponto é denominado Centro de Massa do corpo.

A figura acima demonstra a aplicação do conceito de centro de massa. O peso do


corpo está distribuído de forma simétrica pelas asas e a parte traseira do enfeite.
Dessa forma, o centro de massa se projeta no bico que pode ser equilibrado em um
suporte.

31
Esse exemplo demonstra um corpo simétrico com distribuição uniforme de massa, em
que o centro de massa é o próprio centro geométrico do sistema. Em vários casos,
para se obter o centro de massa, pode-se recorrer ao cálculo do centro de massa feito
através da média aritmética ponderada das distâncias de cada ponto do sistema.

Exemplo:
Observe o plano cartesiano a seguir.

Encontrar o centro de massa por meio do cálculo exige conhecer suas coordenadas em
cada eixo do plano cartesiano, considerando-se a massa de cada partícula:

Após os cálculos, o Centro de Massa do sistema de partículas está localizado no ponto


(1,09 , 0,875), ou seja:

32
O modelo matemático da fórmula do centro de massa é:

3.3. Momento de uma Força ou Torque


Imagine duas pessoas tentando abrir uma porta. O adulto que tenta abri-la pela
extremidade contrária à dobradiça precisará fazer mais força que a criança que tem a
mesma ação do lado contrário às dobradiças, do lado da maçaneta.

Percebemos que é mais fácil abrir ou fechar a porta aplicando a força em sua
extremidade, onde está a maçaneta. Isso acontece, pois existe uma grandeza chamada
r
 
Momento de Força M , que também pode ser chamado Torque.

33
Essa grandeza é proporcional à Força e à distância da aplicação em relação ao ponto
de giro, ou seja:

r r r
M  F d
A unidade de medida do Momento da Força no sistema internacional é o newton-
metro  N  m  . Como esse é um produto vetorial, podemos dizer que o módulo do

Momento da Força é:
M  F  d  sen 

Sendo:
M = Módulo do Momento da Força.
F = Módulo da Força.
d =distância entre a aplicação da força ao ponto de giro; braço de alavanca.
sen  = menor ângulo formado entre os dois vetores.

Para entendermos melhor essa fórmula, há algumas observações a serem


consideradas:
 Quando a aplicação da força for perpendicular à distância “d”, o momento
tem valor máximo. Nesse caso, o sen 90º  1 .
 Nos casos onde a aplicação da força é paralela à distância “d”, o momento
tem valor nulo, pois sen 0º  0 .
 Como as variáveis envolvidas são vetores, a direção e o sentido devem
seguir a “Regra da Mão Direita”.
 O sentido Positivo do Momento da Força de um corpo ocorre quando o giro
for no sentido anti-horário.
 O sentido Negativo do Momento da Força de um corpo ocorre quando o
giro for no sentido horário.

Exemplo:
Qual o valor do momento de força, em Newton por metro, para uma força de 30 N
aplicada perpendicularmente a uma porta 1,35 m das dobradiças?

34
M  F  d  sen
M  30 1,35  sen90º
M  40,5 N  m

3.4. Condições de Equilíbrio


Há duas condições necessárias para que um corpo rígido esteja em equilíbrio: ele deve
estar totalmente imóvel e não pode realizar nenhum giro. Para entendermos melhor
em termos de Física, essas condições podem ser descritas da seguinte forma:

1. As soma das forças aplicadas sobre o centro de massa do corpo rígido deve ser
nula, não provocar movimento sobre ele, ou quando provocar movimento, este
ocorre com velocidade constante.
2. A soma dos Momentos da Força aplicada ao corpo deve ser nula, não
provocando nenhum giro, ou quando provocar algum giro, este tem velocidade
angular constante.

Um exemplo prático no qual as duas condições são satisfeitas é a caneta sendo


equilibrada no dedo, conforme o desenho a seguir.

Exemplo:
Um homem com massa de 65 kg está sobre um trampolim de piscina que mede 1,2 m
de comprimento e possui 10 kg de massa. A distância entre a base do trampolim e o
homem é de 1 metro. Um segundo homem que está auxiliando o primeiro puxa uma

35
corda presa à outra extremidade do trampolim, que está a 10 cm da base. Quanto de
força é necessário para manter o sistema em equilíbrio?

O trampolim é uniforme e seu centro de massa está exatamente no meio, localizado a


uma distância de 0,5 m da base. Então, considerando cada força:

Pela segunda condição de equilíbrio:

3.5. Alavancas
Num estudo da Física, a alavanca é um objeto rígido que é usado com um ponto fixo
apropriado (A) para multiplicar a força mecânica (P) que pode ser aplicada a um outro

36
objeto (R), conforme demonstrado na figura a seguir. O princípio da força de alavanca
pode também ser analisado usando as Leis de Newton. A alavanca é uma das
seis máquinas simples.

A utilização das alavancas é regida por modelos matemáticos representados por


equações. A seguir, uma ilustração prática dessas equações.

Conclusão do Bloco 3
Conforme foi visto nesta etapa, a energia é essencial para a sobrevivência do ser
humana desde as épocas mais antigas. Desde a Pré-História, a energia tem sido
utilizada pela humanidade com a finalidade de facilitar o acesso a meios de
sobrevivência. O fogo, por exemplo, foi uma das primeiras formas de energia
amplamente utilizadas pelos seres humanos.
Durante toda a História, a humanidade aprendeu a aprimorar fontes de energia
existentes e a descobrir e explorar novas fontes energéticas para suprir a necessidade
cada vez maior que as civilizações têm em relação à energia.

37
Muitas fontes de energia são finitas, aliás, a maior parte delas. Dessa forma, a ciência
deve se voltar para as fontes “infinitas” como a energia solar e explorá-las de forma a
substituir as fontes finitas ao longo do tempo e conforme forem ficando mais escassas.

Referências do Bloco 3
CHESMAN, Carlos; ANDRÉ, Carlos; MACÊDO; Augusto. Física moderna experimental e
aplicada. São Paulo: Livraria da Física, 2012.
BRASILESCOLA. Força. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/fisica/forca.htm>. Acesso em: 1 mar. 2019.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física: mecânica.
10. ed. São Paulo: LTC, 2016. v. 1. (1 recurso online).
KNIGHT, Randall D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2009. v. 4. (1 recurso online).
TIPLER, Paul Allen; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: mecânica,
oscilações e ondas, termodinâmica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 1. (1 recurso
online).

BLOCO 4. DINÂMICA – CONCEITO HISTÓRICO


A Dinâmica é o ramo da Física, derivado da Mecânica, que estuda o movimento bem
como as causas que o produzem e o modificam. Isaac Newton foi o primeiro cientista a
publicar uma obra, conhecida como Principia em 1687, referente a essa teoria, na qual
ele explicou de forma completa sobre o movimento dos corpos. A teoria foi baseada
nos estudos realizados por Galileu Galilei e Johannes Kepler.
Foi através da teoria aplicada à dinâmica que Isaac Newton estabeleceu as relações
entre a massa do corpo e o seu movimento, conhecidas como as Três Leis de Newton.
Sua segunda lei é conhecida como o Princípio Fundamental da Dinâmica.

4.1. Massa e Peso


No estudo da Dinâmica, as variáveis de massa e peso são fundamentais. A massa, por
exemplo, é uma das grandezas fundamentais da Física Clássica. Ela mensura a inércia e

38
o movimento de um corpo quando seu movimento é acelerado, além de ser a origem
da força gravitacional atuante sobre todos os corpos do universo.
A Segunda Lei de Newton define a massa inercial de um corpo como uma constante de
proporcionalidade entre a força aplicada e a aceleração adquirida. Essa relação pode
ser modelada matematicamente pela fórmula:

Já o peso é uma grandeza vetorial determinada pela interação da força entre os corpos
próximos um ao outro. Dessa forma, podemos entender que o peso depende da
interação gravitacional das massas dos corpos envolvidos e da distância que os separa.
De forma simplificada, a definição para o peso é “a força com que a terra atrai um
corpo”. Matematicamente, ele pode ser descrito como o produto entre massa e a
aceleração da gravidade:

4.2. Força/Estudo do Plano Inclinado


A noção de plano inclinado pode ser expressa por uma observação simples, em duas
situações exemplificadas na imagem a seguir. Em qual delas o transporte do bloco
pode ser realizado com mais facilidade?

Obviamente que a figura do lado esquerdo demonstra o caminho mais próximo para o
transporte do bloco. Esse exemplo ilustra de forma simples a utilização do plano
inclinado no dia a dia das pessoas. Em diversas situações, a melhor opção de
transporte de objetos é a utilização de um plano inclinado.
O estudo do plano inclinado requer primeiramente a análise das forças que atuam
sobre o objeto.
39
No desenho, podemos ver que um bloco está em repouso sobre um plano inclinado.
r
 
Dessa forma, há duas forças que atuam sobre ele: a “força normal” N e a “força
r
 
peso” P .

É importante verificar que a força Peso e a força Normal, nesse caso, não têm a mesma
direção, pois a força Peso é causada pela aceleração da gravidade, que tem sua origem
no centro da Terra. Baseado nessa afirmação, a força Peso tem sempre direção
vertical. Já a força Normal se comporta como uma força de reação. Sua origem está na
superfície onde o movimento ocorre; logo, tem um ângulo igual ao plano do
movimento.

Resumidamente:
r
P = Força de atração gravitacional – Força Peso;
r
N = Força de reação do atrito por meio do contato do bloco com a superfície – Força
Norma.

Para a realização de cálculos como atrito, velocidade, aceleração e massa, é necessário


estabelecer algumas relações matemáticas importantes.

40
As relações matemáticas necessárias devem ser deduzidas com base nos conceitos de
geometria euclidiana e plano cartesiano.
1º O plano cartesiano deve ter inclinação igual ao plano inclinado, ou seja, o eixo x
forma um ângulo igual ao do plano, e o eixo y, perpendicular ao eixo x.
2º A força Normal é o resultado da decomposição (desdobramento) da força Peso no
eixo y.
3º Já a decomposição da força Peso em relação ao eixo x será a responsável pelo
deslocamento do bloco.
4º O ângulo formado entre a força Peso e a sua decomposição no eixo y será igual ao
ângulo formado entre o plano e a horizontal.
5º Se houver força de atrito, esta será oposta ao movimento, neste caso, apontará
para cima.
Para simplificar os conceitos e realizar as deduções necessárias das fórmulas
matemáticas podemos afirmar:
Devemos decompor as forças que atuam sobre o bloco em duas direções:
 Tangente – Paralela ao plano inclinado, direção (eixo) “x”.
 Normal – Perpendicular ao plano inclinado, direção “y”.

Utilizando essas informações, devemos decompor a resultante das forças em cada


uma das direções, decomposição em “y”.

41
A força normal é igual ao peso de y
N  Py

Já o peso de y é definido por:


Py  P  cos   m  g  cos 

Dessa forma, a força N em newtons é o resultado de:


N  m  g  cos 

Decomposição da resultante das forças em “x”, na horizontal:


Px  m  a

No plano inclinado:
Px  m  g  sen

Igualando as duas forças:


a  g  sen

Exemplo:
Um corpo de massa m = 10 kg está apoiado num plano inclinado de 300 m em relação
à horizontal, sem atrito, e é abandonado no ponto A, distante 20 m do solo. Supondo a
aceleração da gravidade no local de módulo g = 10 m/s2, determinar:

Considerar sen 30º  1 e cos 30º  3


2 2

a) a aceleração com que o bloco desce o plano.


b) a intensidade da reação normal sobre o bloco.

42
m  kg
  30º
h  20m
Va  0

N  m  g  cos 
N  m  g  co30º
a  g  sen N  10 10  3
2
a  10  sen30º
a) b) N  100  3
a  10  1 2
2
N  50  3
a  5m / s 2
N  50 1, 7
N  85 N

4.3. Princípio da Inércia ou 1ª lei de Newton


A Primeira Lei de Newton nomeada como “Lei da Inércia” estabelece que a tendência
dos corpos, quando nenhuma força é exercida sobre eles, é permanecer em seu
estado natural, ou seja, repouso ou movimento retilíneo e uniforme.

43
Se nenhuma força for aplicada sobre um corpo em repouso, ele tende a permanecer
em repouso, e um corpo em movimento tende a permanecer em movimento retilíneo
e uniforme.

Exemplo
Vamos recorrer a um exemplo prático para entender a Lei da Inércia de Newton: uma
família viaja tranquilamente em um carro que se desloca em movimento retilíneo e
uniforme em relação ao seu referencial de inércia (à Terra). De repente, aparece um
animal silvestre na estrada e o motorista freia bruscamente. Todos que estão no carro
são atirados para frente em relação ao carro. Isso ocorre por causa da inércia dos
corpos, isto é, a tendência que todos os corpos têm de manter a velocidade constante
com que o carro vinha trafegando em relação à Terra.

Dessa forma podemos concluir que, na ausência de forças:


 Um corpo ou objeto parado, em razão de sua inércia, tende a permanecer
em repouso.
 Uma vez iniciado o movimento, a tendência do corpo é permanecer em
movimento retilíneo e uniforme.

4.4. Princípio Fundamental da Dinâmica ou 2ª Lei de Newton


Já a Segunda Lei de Newton descreve que a força resultante que age sobre um corpo
deve ser igual ao produto da massa do corpo por sua aceleração. Nesse caso, o modelo
matemático que descreve a segunda lei é baseado em duas variáveis: a massa e a
aceleração do corpo.

44
A Segunda Lei de Newton rege o estado de movimento de um corpo. Segundo ela,
para que haja mudança nesse estado de movimento, é necessário exercer uma força
sobre ele que está diretamente ligada à sua massa.
A aceleração, que é definida como a variação da velocidade pelo tempo, terá o mesmo
sentido da força aplicada, conforme mostra a figura:

F=2N
1 kg a = 2 m/s2

F=2N
2 kg a = 1 m/s2

F=2N
0,5 kg a = 4 m/s2

F=2N
4 kg a = 0,5 m/s2

O modelo matemático que descreve a lei de movimento pode ser descrito como:

F= M x a
Força Massa aceleração

45
Exemplo

Fonte: TEIXEIRA (2018).

4.5. Princípio da Ação e Reação ou 3ª Lei de Newton


A Terceira Lei de Newton rege a interação entre duas forças iguais e contrárias. Seu
enunciado descreve:
Para toda ação (força) exercida sobre um objeto, em resposta à interação com outro
objeto, existirá uma reação (força) de igual intensidade, valor e direção, mas com
sentido oposto.
Há várias maneiras de descrever e entender esse enunciado. De uma forma mais
simples, podemos entender a Terceira Lei de Newton por meio dos exemplos:

Fonte: SILVA JÚNIOR.

46
Fonte: E-Física (2007).

Por fim, temos o modelo matemático que descreve a Terceira Lei de Newton:

Conclusão do Bloco 4
O estudo das causas do movimento na Física traz à pauta o tema sobre a Dinâmica. O
movimento pode ser resumido nas três leis fundamentais de Isaac Newton: a inércia, o
princípio fundamental da dinâmica e a lei da ação e reação.
A Mecânica é a grande área da Física dedicada à compreensão dos movimentos. Ela
tem duas subdivisões que estudam os movimentos descrevendo-os matematicamente:
a Cinemática, que não leva em consideração as causas do movimento, e a Dinâmica,
que se dedica ao estudo das forças que são responsáveis pela origem dos movimentos.

47
Referências do Bloco 4
CHESMAN, Carlos; ANDRÉ, Carlos; MACÊDO; Augusto. Física moderna experimental e
aplicada. São Paulo: Livraria da Física, 2012.
E-FÍSICA. As leis de Newton. 21 jun. 2007. Disponível em:
<http://efisica.if.usp.br/mecanica/universitario/dinamica/leis_Newton/>. Acesso em: 7
mar. 2019.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física: mecânica.
10. ed. São Paulo: LTC, 2016. v. 1. (1 recurso online).
KNIGHT, Randall D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2009. v. 4. (1 recurso online).
TEIXEIRA, Mariane Mendes. Segunda Lei de Newton. Brasil Escola. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/fisica/segunda-lei-newton.htm>. Acesso em: 24 dez.
2018.
TIPLER, Paul Allen; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: mecânica,
oscilações e ondas, termodinâmica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 1. (1 recurso
online).
SILVA JÚNIOR, JOÃO SILAS. Terceira Lei de Newton. Mundo Educação. Disponível em:
<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/terceira-lei-newton.htm>. Acesso em:
7 mar. 2019.

BLOCO 5. ÓPTICA GEOMÉTRICA – CONCEITO HISTÓRICO


A origem da Óptica surgiu com os questionamentos que os filósofos gregos faziam
sobre a propagação da luz, entre os séculos 534 a.C e 9 a.C. Os primeiros indícios sobre
o estudo da Óptica remonta o filósofo Homero. Ele conjecturava que a luz era formada
por corpúsculos e seus raios uma sequência de partículas. Podemos relacionar essas
observações com a teoria corpuscular de Newton.
Por volta de 1672, Isaac Newton demonstrou sua teoria sobre a luz conhecida como
modelo corpuscular da luz. Essa teoria considerava a luz como um feixe de partículas
emitidas por uma fonte de luz que atingia o olho estimulando a visão. Essa teoria
conseguia explicar muito bem alguns fenômenos de propagação da luz como a
reflexão e a refração.

48
Com a evolução da tecnologia, o cientista francês L. Foucault, na primeira metade do
século XIX, mediu a velocidade da luz em diferentes meios (ar/água). Verificou que a
velocidade da luz era maior no ar do que na água, contradizendo a teoria corpuscular
que considerava que a velocidade da luz na água deveria ser maior que no ar (Newton
não tinha condições, na época, de medir a velocidade da luz).
James Clark Maxwell propôs ao final do século XIX sua teoria de ondas
eletromagnéticas. Para Maxwell, a velocidade com que a onda eletromagnética se
propagava no espaço era igual à velocidade da luz. Em seus cálculos, ele chegou a um
valor da velocidade da luz próximo a c  3 108 m / s ou 300.000km / s .

5.1. Princípios Básicos de Óptica Geométrica


A Óptica pode ser definida como o ramo da Física que estuda os fenômenos
relacionados à luz, e suas propriedades. Já a Óptica Geométrica estuda os fenômenos
ópticos relacionados às trajetórias seguidas pela luz. Fundamenta-se na noção de raio
de luz e nas leis que regulamentam seu comportamento.
Para o conhecimento amplo da Óptica, há necessidade do conhecimento de alguns
princípios básicos. Neste tópico, serão abordados alguns desses princípios bem como
exemplos de sua utilização juntamente com a teoria necessária ao seu entendimento e
compreensão.
Todos os princípios básicos adotados serão ilustrados da melhor forma para
demonstrar ao aluno onde e como eles ocorrem. Com base nas ilustrações e
explicações objetivas, a assimilação dos conceitos básicos será mais bem abordada.
Como exemplo, podemos entender as fontes de luz.

49
O quadro apresentado resume três conceitos básicos: fontes de luz, raios de luz e
meios de propagação. Compreender esses termos é fundamental no estudo da Óptica
Geométrica. As fontes primárias de luz podem ser corpos luminosos que emitem luz
própria. A seguir, vamos estudar esses corpos.

- Corpos Luminosos e Corpos Iluminados


Corpos celestes como o Sol e as estrelas ou objetos comuns como uma lâmpada ou
uma vela, acesas, são objetos que emitem luz própria, ou seja, são corpos luminosos.
Porém, muitos dos corpos enviam luz somente depois de a receberem de algum corpo
luminoso. São denominados corpos iluminados. A mesa, o livro ou a poltrona são
corpos iluminados porque refletem a luz emitida por corpos luminosos. A Lua fica
visível ao anoitecer porque reflete a luz do Sol. Conforme a quantidade de luz que
deixam passar e a propagação, os meios classificam-se em: transparentes, translúcidos
e opacos.

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- Meios transparentes: são os que deixam passar a luz em trajetórias regulares e nos
permitem observar perfeitamente os objetos através deles, como a água, o ar ou o
vidro comum.
- Meios translúcidos: são os que deixam passar a luz em trajetórias irregulares que nos
permitem observar somente o contorno dos objetos através de si, como o vidro
esmerilhado ou o papel vegetal.
- Meios opacos: são aqueles que não permitem a passagem da luz. É o caso, entre
outros, da madeira, do chumbo ou do ferro.

A figura a seguir ilustra bem esses conceitos:

Fonte: UniversiaENEM.

- Raios de Luz
Alguns dos principais fenômenos luminosos são estudados sem o conhecimento prévio
da natureza da luz. Basta para tanto a noção de raio de luz. Para a representação
gráfica da luz em propagação, como por exemplo, a emitida pela chama de uma vela,
utilizamos a noção de raio de luz. Raio de luz é a linha orientada que representa,
graficamente, a direção e o sentido da propagação da luz.
Um conjunto de raios de luz somados dá origem a um feixe de luz. Esse feixe pode ser
convergente, divergente ou paralelo, conforme a figura a seguir:
51
Fonte: Costa (2019).

5.2. Estudo de Espelhos Planos


O espelho plano é aquele em que se caracteriza por sua superfície de reflexão ser
totalmente plana. Espelhos planos têm utilidades diversas, desde as domésticas até
como componentes de sofisticados instrumentos ópticos. A seguir, a representação de
um espelho plano:

Fonte: Brasil Escola.

52
As “leis da reflexão”:
1ª - O raio incidente, o raio refletido e a normal ao espelho no ponto de incidência
estão no mesmo plano.
2ª - O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão.

A reflexão da imagem em um espelho plano ocorre quando o espelho gira em um


ponto O, fixo nele mesmo, formando o ângulo em relação à posição inicial do espelho
plano.

O estudo sobre espelhos planos revela que eles são superfícies planas polidas onde a
imagem de um objeto é refletida. Utilizando como base o enunciado da 1ª Lei da
Reflexão, podemos descrever a figura da seguinte forma: o raio incidente, a reta
normal à superfície plana do espelho e o raio refletido pertencem ao mesmo plano e o
ângulo incidente é congruente ao ângulo de reflexão.
Já a 2ª Lei da Reflexão pode ser exemplificada com a mesma figura. Um espelho plano
reflete uma imagem virtual, direita e de mesmo tamanho do objeto, sendo essa
imagem posicionada simetricamente ao objeto em relação ao plano do espelho, ou
seja, a imagem possui a mesma distância do espelho em relação à distância do objeto
ao espelho. Vejamos a figura apresentada: nela temos um raio de luz que incide sobre
a superfície plana do espelho fixo no ponto O. Podemos ver que o raio é refletido
seguindo exatamente a 2ª Lei da Reflexão.
Outra explicação detalhada pode ser obtida da figura a seguir. Essa explicação é mais
completa e aborda as situações omissas na explicação anterior.

53
Fonte: Brasil Escola.

A figura descreve a seguinte condição: na posição 1, temos um raio de luz incidente


(Ri) e que Rr1 é o raio refletido, girando o espelho sobre o ponto fixo O num
determinado ângulo α. Vemos que o mesmo raio incidente Ri individualiza o raio
refletido Rr2, agora com o espelho na posição 2, conforme ilustra a figura.

Exemplo:
1) Uma pessoa acende uma lanterna lançando um raio de luz que incide sobre um
espelho plano. Esse espelho realiza um giro de 30º em torno de um eixo
contido no próprio plano do espelho. Qual será o ângulo de rotação dos raios
de luz refletidos?
a) 30⁰ b) 40⁰ c) 50⁰ d) 60⁰ e) 15⁰

Resolução:
Como o ângulo de rotação do espelho é   30º , temos:
  2 
  2   30º 
  60º
O ângulo de rotação dos raios refletidos no espelho é o dobro do ângulo de rotação do
espelho.
Alternativa: d

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5.3. Estudo de Espelhos Curvos
Os espelhos curvos, ao contrário dos espelhos planos, tem uma superfície curva. Em
alguns casos, sua superfície é totalmente esférica. Esses espelhos têm características
especiais, pois sua utilização requer uma determinada curvatura para melhorar o
ângulo de visão. Alguns exemplos são espelhos pequenos vendidos individualmente
como acessórios e que podem ser acoplados em outros espelhos nos caminhões,
ônibus e vans melhorando o ângulo de visão do motorista, conforme mostra a figura a
seguir.

Os espelhos curvos geralmente são constituídos em uma superfície lisa, polida e


esférica em maior ou menor ângulo. Esses espelhos têm duas faces reflexivas: uma
externa e outra interna. Se a superfície refletiva a ser utilizada for a interna, o espelho
é denominado côncavo. Nos casos onde a face refletiva utilizada é externa, o espelho é
denominado convexo.

Fonte: Só Física (2018-2019).

- Como ocorre a reflexão da luz em espelhos esféricos?

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Da mesma forma que nos espelhos planos, ambas as leis da reflexão também regem a
reflexão de imagens em espelhos esféricos, ou seja, os ângulos de incidência e reflexão
são iguais, e os raios incididos, refletidos e a reta normal ao ponto incidido.

Fonte: Só Física (2018-2019).

É importante conhecer os elementos que compõem os espelhos esféricos. Para tanto,


vamos utilizar a figura a seguir para detalhar quais são esses componentes.

 O ponto central C é o centro da esfera e o ponto de partida das retas.


 O ponto V é o vértice da calota.
 O eixo que passa pelo centro e pelo vértice da calota é chamado eixo
principal.
 As demais retas que cruzam o centro da esfera são chamadas eixos
secundários.

56
 O ângulo  mede a distância angular entre os dois eixos secundários que
cruzam os dois pontos mais externos da calota, denominado abertura do
espelho.
 O raio da esfera R que origina a calota é chamado raios de curvatura do
espelho.

Ambos os espelhos côncavo e convexo possuem um foco específico para onde


converge a luz refletida. Nos espelhos côncavos, podemos verificar que todos os raios
luminosos que incidirem ao longo de uma direção paralela ao eixo secundário passam
por (ou convergem para) um mesmo ponto F ‒ o foco principal do espelho.

Nos espelhos convexos, a continuação do raio refletido é que passa pelo foco. A
reflexão ocorre como se os raios refletidos se originassem do foco.

57
5.4. Estudo das Leis que regem a Óptica Física
Conforme a exposição do conteúdo, foram demonstradas de forma limitada as duas
leis que regem a óptica. Essas leis são fundamentais para a compreensão dos
fenômenos óticos. Neste tópico, essas leis serão detalhadas e exemplificadas para que
não fiquem dúvidas sobre sua utilização.

1ª Lei da Reflexão: O raio incidente e o raio refletido pertencem ao mesmo plano.


Essa lei é de fácil compreensão, em outros termos: se um raio de luz incide em um
plano geométrico, após a sua reflexão, ele deverá obrigatoriamente estar no mesmo
plano geométrico.
2ª Lei da Reflexão: O ângulo de incidência e o ângulo de reflexão são exatamente
iguais.
Essa lei pode ser expressa por meio de uma equação matemática simples que
comprova essa alegação.
ir
Onde: i é o ângulo de incidência e r é o ângulo de reflexão.

5.5. Aplicabilidade dos Conceitos de Óptica no Cotidiano


Durante a exposição dos conteúdos, vários exemplos de aplicação da óptica
geométrica foram demonstrados. Sua utilização desde a Antiguidade é extremamente

58
ampla, tendo em vista que desde a época da Grécia Antiga ela vem sendo estudada
sempre com foco na utilização prática.
Na atualidade, seu uso é amplamente difundido desde os óculos utilizados pelas
pessoas até os espelhos dos telescópios, passando por lentes de filtro de luz,
holofotes, fibras óticas e lâmpadas de iluminação. Alguns exemplos são demonstrados
a seguir nas imagens.

Conclusão do Bloco 5
A óptica geométrica é a divisão da óptica baseada no estudo da luz para descrever os
fenômenos como a reflexão, a refração e a formação de imagens por meio
da geometria, sem se importar com a sua natureza. Uma abordagem detalhada
permite a construção das representações geométricas que demonstram sua
aplicabilidade prática.

Referências do Bloco 5
BRASIL ESCOLA. Rotação de um espelho plano. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/fisica/rotacao-um-espelho-plano.htm>. Acesso em: 7
mar. 2019.

59
CHESMAN, Carlos; ANDRÉ, Carlos; MACÊDO; Augusto. Física moderna experimental e
aplicada. São Paulo: Livraria da Física, 2012.
COSTA, ERIKA CARLA ALVES CANUTO DA. Plano de aula – Feixe de luz. Nova Escola, 25
fev. 2019. Disponível em: <https://novaescola.org.br/plano-de-aula/1928/feixe-de-
luz>. Acesso em: 7 mar. 2019.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física: mecânica.
10. ed. São Paulo: LTC, 2016. v. 1. (1 recurso online).
KNIGHT, Randall D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2009. v. 4. (1 recurso online).
SÓ FÍSICA. Espelhos esféricos. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2019.
Disponível em:
< http://www.sofisica.com.br/conteudos/Otica/Reflexaodaluz/espelhoesferico.php>.
Acesso em: 7 mar. 2019.
SILVA, Domiciano Correa Marques da. Rotação de um espelho plano. Brasil Escola.
Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/fisica/rotacao-um-espelho-
plano.htm>. Acesso em: 25 dez. 2018.
TIPLER, Paul Allen; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: mecânica,
oscilações e ondas, termodinâmica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 1. (1 recurso
online).
UNIVERSIAENEM. Princípios da propagação luminosa. Disponível em:
<http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/texto-
html.xhtml?redirect=56427518257344258167236443287>. Acesso em: 7 mar. 2019.

BLOCO 6. ÓPTICA II
6.1. Interferência Óptica – Experimento de Young
Mesmo em tempos remotos o ser humano criava hipóteses sobre o formato da luz. No
século I a.C, o poeta e filósofo Tito Lucrécio escreveu que a luz solar e seu calor eram
compostos de pequenas partículas. Em meados do século XVII, no entanto, havia
muitos físicos como Christian Huygens que defendiam a teoria ondulatória da luz. A
ideia dessa teoria afirmava que a luz era constituída por ondas. Mesmo com essa ideia

60
sendo descrita, havia a teoria corpuscular de Newton, descrevendo a luz como uma
partícula. Essa teoria era muito bem aceita na comunidade científica.
No início do século XIX, mais precisamente em 1801, o físico e médico inglês Thomas
Young realizou experimentos com sólida fundamentação sobre o fenômeno da
interferência luminosa, cuja consequência foi a aceitação da teoria ondulatória. A
seguir, uma demonstração da experiência de Thomas Young.

Experiência de Young

A experiência realizada por Young utiliza três anteparos: o 1º é composto por um orifício onde ocorre
difração da luz incidida; no 2º, há dois orifícios posicionados lado a lado, provocando novas difrações;
no 3º e último, são projetadas as manchas causadas pela interferência das ondas resultantes da 2ª
difração.
Quando esses orifícios são substituídos por fendas muito estreitas, as manchas tornam-se franjas, o
que facilita a visualização de regiões mais bem iluminadas (máximos) e regiões mal iluminadas
(mínimos).

Antes de encerrarmos esta seção, é interessante relatar algumas das definições mais
conhecidas sobre interferência óptica:

61
Podemos entender “interferência” em óptica como: o fenômeno que ocorre quando
dois feixes luminosos ou dois feixes de ondas, com sua origem em uma mesma fonte,
percorrem caminhos diferentes convergindo para uma mesma região do espaço. Dessa
forma e, em determinadas condições, formam-se regiões onde a intensidade da luz
atinge um máximo, intercaladas por regiões nas quais a intensidade da luz atinge um
mínimo.
O fenômeno da interferência tem como característica a superposição de duas ou mais
ondas num mesmo ponto do espaço. A ocorrência desse fenômeno dá origem a uma
onda resultante dada pelo princípio da superposição onde a onda resultante será a
soma das ondas iniciais.

6.2. Interferência em películas finas


A película fina é uma pequena camada de um determinado tipo de material com a
condição de estar imerso em um meio com índice de refração que seja diferente do
seu. Essa condição da película fina é necessária para que se possa tomar os raios
refletidos e refratados em sua superfície como coerentes.
Para o melhor entendimento do conceito de película fina, devemos observar o
exemplo a seguir.

A Mudança de fase na reflexão:


Podemos teorizar a mudança de fase na reflexão da seguinte forma. Uma onda
eletromagnética viaja no meio 1 (índice de refração 1) e, consequentemente, é
refletida na interface de separação com um meio 2 (índice de refração 2). Temos as
seguintes situações:
• Se 1 < 2, haverá uma mudança de fase de no campo elétrico refletido. Podemos
entender da seguinte forma: a onda incidente e a refletida estão em oposição de fase.
• Se 1 > 2, não haverá mudança de fase no campo elétrico refletido. Em outras
palavras, a onda incidente e a refletida estão em fase.
Obs: não há mudança de fase na refração.
Vejamos as condições de interferência construtiva e destrutiva entre os raios 1 e 2 na
película fina a seguir, com > ar.

62
O raio 1 tem sua origem na reflexão na primeira interface de separação entre a
película e o ar. Seu trajeto vem do ar e segue para a película. Dessa forma ar < ,a
reflexão ocorre com mudança de fase de . O raio 2 tem sua origem de reflexão
na segunda interface de separação. Seu trajeto segue do meio com índice de refração
para a película. Não há mudança de fase na reflexão e, dessa forma, podemos
concluir que os raios 1 e 2 são emitidos inicialmente em oposição de fase, conforme a
primeira observação descrita.

6.3. Difração em fendas simples, orifícios circulares e poder de resolução


Antes de iniciarmos o estudo e a análise sobre difração, vamos entender os conceitos
sobre difração.
Uma definição adequada para a difração é descrita pelo Instituto de Física da
UNICAMP em seu site:
Difração é o nome genérico dado aos fenômenos associados a
desvios da propagação da luz em relação ao previsto pela óptica
geométrica.
O efeito de difração é observado para todos os tipos de ondas. Nas
condições rotineiras, raramente observamos a difração da luz.
Entretanto, a difração das ondas sonoras é difícil de ser evitada. O
som contorna obstáculos de tamanhos razoáveis tais como as
mobílias de uma sala e preenchem todo o ambiente de maneira mais
ou menos uniforme. Essa diferença observada entre a difração das
ondas sonoras e ondas luminosas é devida à diferença entre os
respectivos comprimentos de onda. O comprimento de onda do som
é da ordem de 1 m, enquanto que o da luz visível é da ordem de 5 x
‒7
10 m.

63
Os efeitos de difração são apreciáveis quando os obstáculos ou
aberturas são de dimensões comparáveis ao comprimento de onda.
(INSTITUTO DE FÍSICA DA UNICAMP, 2014)

A difração de fenda simples é analisada utilizando o princípio de Huygens que descreve


o seguinte enunciado:
Cada ponto da frente de onda pode ser tomado como um conjunto de fontes
circulares secundárias, de tal forma que é possível determinar a posição da onda no
instante + Δ a partir do instante apenas traçando a envoltória das frentes de onda
circulares.

Podemos entender melhor esse enunciado analisando a figura a seguir.

Fonte: Instituto de Física da Unicamp (2014).

Observando a figura, vemos que um feixe de luz monocromática passa pela fenda de
largura b, de encontro a um anteparo com uma distância z. As ondas de Huygens cuja
origem está em cada ponto da abertura interferem entre si produzindo o padrão de
difração demonstrado na figura. Observamos um máximo central e pontos onde a
intensidade luminosa é nula.

6.4. Difração em fendas duplas


A difração em fenda dupla pode ser obtida por meio de um arranjo para se observar
esse tipo de difração. O efeito da difração é observado no momento em que a luz

64
passa por cada uma das duas fendas, semelhante ao efeito discutido anteriormente,
mas o resultado final em qualquer direção depende da diferença de caminho entre as
duas contribuições.

Fonte: Instituto de Física da Unicamp (2014).

A figura mostra que a luz difratada pelas duas fendas sofre efeito de interferência.
Dessa forma, ela obtém no anteparo máximos e mínimos de luz. Podemos descrever o
padrão afirmando que o fator de difração modula as variações do fator de
interferência. Assim, sempre que um máximo de interferência coincide espacialmente
com um mínimo de difração, esse máximo de interferência é suprimido.

6.5. Instrumentos ópticos: lupa, microscópio, telescópio e o olho humano


Os instrumentos ópticos são ferramentas que se baseiam nos princípios da óptica com
a finalidade de facilitar a visualização de determinados objetos. Vejamos alguns
exemplos.

65
O microscópio é um instrumento óptico que tem como finalidade a ampliação de objetos.
Fonte: TEIXEIRA (s.d).

Lupa: é o instrumento óptico mais simples. Sua estrutura contém uma lente
convergente que produz uma imagem virtual e ampliada de um objeto. Para que a
imagem formada pela lupa seja nítida, é necessário que o objeto seja colocado entre o
foco F e o centro óptico. Se não for posicionada dessa forma, a imagem forma-se
desfocada.

66
Fonte: TEIXEIRA (s.d).

Olho humano: é formado por três partes:


 cristalino: funciona como uma lente biconvexa. Ele está situado na região
anterior do globo ocular;
 retina: localizada no “fundo” do globo ocular e funciona como um anteparo
sensível à luz;
 nervo óptico: é a parte do olho humano que recebe as sensações luminosas
identificadas pela retina.

Ao olharmos um objeto, a imagem é captada pelo cristalino, formando uma imagem


real e invertida, de “cabeça para baixo”. A imagem invertida é focalizada exatamente
sobre a retina proporcionando nitidez. Essa imagem é “enviada” para o cérebro
através do nervo óptico. Ao receber a imagem, o cérebro processa sua inversão, de
forma que o objeto seja observado em sua posição real.

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Fonte: TEIXEIRA (s.d).

Conclusão do Bloco 6
Analisar a luz, suas interferências, difrações e comportamento proporciona uma
compreensão mais abrangente da luz como fenômeno, o qual ocorre todos os
momentos, mas muitas vezes não se tem a clareza necessária sobre sua constituição e
origem.
Esperamos que tenha aproveitado o conteúdo deste bloco. Bons estudos! Até!

Referências do Bloco 6
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física: mecânica.
10. ed. São Paulo: LTC, 2016. v. 1. (1 recurso online).

TIPLER, Paul Allen; MOSCA, Gene. Física para cientistas e engenheiros: mecânica,
oscilações e ondas, termodinâmica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 1. (1 recurso
online).

CHESMAN, Carlos; ANDRÉ, Carlos; MACÊDO, Augusto. Física moderna experimental e


aplicada. São Paulo: Livraria da Física, 2012.

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KNIGHT, Randall D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2009. v. 4. (1 recurso online).

INSTITUTO DE FÍSICA DA UNICAMP. Roteiros de atividades. Difração da luz por fendas.


15 nov. 2014. Disponível em: <https://sites.ifi.unicamp.br/laboptica/roteiros-do-
laboratorio/3-difracao-de-fendas/>. Acesso em: 19 mar. 2019.

TEIXEIRA, Mariane Mendes. Instrumentos ópticos. Mundo Educação. Disponível em:


<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/os-instrumentos-opticos.htm>. Acesso
em: 19 mar. 2019.

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