Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, a Rússia tinha a maior população da Europa, com
cerca de 171 milhões de habitantes em 1914. Defrontava-se também com o maior problema
social do continente: a extrema pobreza da população em geral[2]. Enquanto isso, as
ideologias liberais e socialistas penetravam no país, desenvolvendo uma consciência de revolta
contra os nobres. Entre 1860 e 1914, o número anual de estudantes universitários cresceu de
5000 para 69000, e o número de jornais diários cresceu de 13 para 856.
A população do Império Russo era formada por povos de diversas etnias, línguas e tradições
culturais. Cerca de 80% desta população era rural[3] e 90% não sabia ler e escrever, sendo
duramente explorada pelos senhores feudais[4]. Com a industrialização foi-se estabelecendo
progressivamente uma classe operária, igualmente explorada, mas com maior capacidade
reivindicativa e aspirações de ascensão social. A situação de extrema pobreza e exploração em
que vivia a população tornou-se assim um campo fértil para o florescimento de ideias
socialistas[3].
Mesmo sem provocar alterações significativas na estrutura social existente na Rússia, a política
reformista do czar encontrou forte oposição das classes conservadoras da aristocracia,
extremamente sensíveis a quaisquer perdas de privilégios sociais em favor de concessões ao
povo.
Apesar das medidas reformistas, o clima de tensão social continuava aumentando entre os
setores populares. A terra distribuída aos camponeses era insuficiente, estando fortemente
concentrada nas mãos de uma aristocracia latifundiária[3]. A esta faltavam no entanto
recursos técnicos e financeiros para uma modernização da agricultura. Esses problemas se
traduziam na baixa produtividade agrícola, que provocava freqüentes crises de abastecimentos
alimentares, afetando tanto os camponeses como a população urbana.
Em 1881, o czar Alexandre II foi assassinado[3] por um dos grupos de oposição política (os
Pervomartovtsky) que lutavam pelo fim da monarquia vigente, responsabilizada pela situação
de injustiça social existente.
Nicolau II, o sucessor de Alexandre III, procurou facilitar a entrada de capitais estrangeiros para
promover a industrialização do país, principalmente da França, da Alemanha, da Inglaterra e
da Bélgica, esse processo de industrialização ocorreu posteriormente à da maioria dos países
da Europa Ocidental[5]. O desenvolvimento capitalista russo foi ativado por medidas como o
início da exportação do petróleo, a implantação de estradas de ferro e da indústria siderúrgica.
O POSDR foi violentamente combatido pela Okhrana. Embora tenha sido desarticulado dentro
da Rússia em 1898, voltou a organizar-se no exterior, tendo como líderes principais Gueorgui
Plekhanov, Vladimir Ilyich Ulyanov (conhecido como Lênin)[5] e Lev Bronstein (conhecido
como Trotski).
Em 1904, a Rússia, que desejava expandir-se para o oriente, entrou em guerra contra o Japão
devido à posse da Manchúria, mas foi derrotada[8]. A situação socioeconômica do país
agravou-se[2] e o regime político do czar Nicolau II foi abalado por uma série de revoltas, em
1905, envolvendo operários, camponeses, marinheiros (como a revolta no navio couraçado
Potemkin[9]) e soldados do exército. Greves e protestos contra o regime absolutista do czar
explodiram em diversas regiões da Rússia. Em São Petersburgo, foi criado um soviete
(conselho operário) para auxiliar na coordenação das várias greves e servir de palco de debate
político.
Diante do crescente clima de revolta, o czar Nicolau II prometeu realizar, pelo Manifesto de
Outubro, grandes reformas no país[8]: estabeleceria um governo constitucional, dando fim ao
absolutismo, e convocaria eleições gerais para o parlamento (a Duma), que elaboraria uma
constituição para a Rússia[8]. Os partidos de orientação liberal burguesa (como o Partido
Constitucional Democrata ou Partido dos Cadetes) deram-se por satisfeitos com as promessas
do czar, deixando os operários isolados.
Terminada a guerra contra o Japão, o governo russo mobilizou as suas tropas especiais
(cossacos) para reprimir os principais focos de revolta dos trabalhadores. Diversos líderes
revolucionários foram presos, desmantelando-se o Soviete de São Petersburgo. Assumindo o
comando da situação, Nicolau II deixou de lado as promessas liberais que tinha feito no
Manifesto de Outubro. Apenas a Duma continuou funcionando, mas com poderes limitados e
sob intimidação policial das forças do governo.
A Revolução Russa de 1905, mais conhecida como "Domingo Sangrento"[1], tinha sido
derrotada por Nicolau II, mas serviu de lição para que os líderes revolucionários avaliassem
seus erros e suas fraquezas e aprendessem a superá-los. Foi, segundo Lenin, um ensaio geral
para a Revolução Russa de 1917[7].
Mesmo abatida pelos reflexos da derrota militar frente ao Japão, a Rússia envolveu-se em um
outro grande conflito, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em que também sofreu
pesadas derrotas nos combates contra os alemães[7]. A longa duração da guerra provocou
crise de abastecimento alimentar nas cidades, desencadeando uma série de greves e revoltas
populares[5]. Incapaz de conter a onda de insatisfações, o regime czarista mostrava-se
intensamente debilitado.
Temendo uma repetição do Domingo Sangrento, o Grão-Duque Mikhail ordenou que as tropas
leais baseadas no Palácio de Inverno não se opusessem à insurreição e se retirassem. Em 2 de
Março, cercado por amotinados, Nicolau II assinou sua abdicação.
Após a derrubada do czar, instalou-se o Governo Provisório, comandado pelo príncipe Georgy
Lvov[7], um latifundiário, e tendo Aleksandr Kerenski como ministro da guerra. Era um
governo de caráter liberal burguês, intensamente interessado em manter a participação russa
na Primeira Guerra Mundial. Enquanto isso, o Soviete de Petrogrado reivindicava para si a
legitimidade para governar. Já em 1 de Março, o Soviete ordenava ao exército que lhe
obedecesse, em vez de obedecer ao Governo Provisório. O Soviete queria dar terra aos
camponeses, um exército com disciplina voluntária e oficiais eleitos democraticamente, e o fim
da guerra, objectivos muito mais populares do que os almejados pelo Governo Provisório.
Com ajuda alemã, Lenin regressa à Rússia em Abril[10] (C.J.), pregando a formação de uma
república dos sovietes, bem como a nacionalização dos bancos e da propriedade privada. O
seu principal lema era: Todo o poder aos sovietes[11].
A segunda fase, conhecida como revolução de Outubro, teve início em novembro de 1917.
Era consenso entre todos os partidos políticos russos de que seria necessária a criação de uma
assembleia constituinte, e que apenas esta teria autoridade para decidir sobre a forma de
governo que surgiria após o fim do absolutismo. As eleições para essa assembleia ocorreram
em 12 de Novembro de 1917, como planejado pelo Governo Provisório, e à exceção do Partido
Constitucional Democrata, que foi perseguido pelos bolcheviques, todos os outros puderam
participar livremente. Os Socialistas Revolucionários receberam duas vezes mais votos do que
os bolcheviques, e os partidos restantes receberam muito poucos votos. Em 26 de Dezembro,
Lênin publicou suas Teses sobre a assembleia constituinte, onde ele defendia os sovietes como
uma forma de democracia superior à assembleia constituinte. Até mesmo os membros do
partido bolchevique compreenderam que preparava-se o fechamento da assembleia
constituinte, e a maioria deles foram contra isto, mas o Comitê Central do partido ordenou-
lhes que acatassem a decisão de Lênin.
Durante este período, o governo bolchevique tomou uma série de medidas de impacto, como:
Pedido de paz imediata: em março de 1918, foi assinado, com a Alemanha, o Tratado de Brest-
Litovski,[5] onde a Rússia abriu mão do controle sobre a Finlândia, Países bálticos (Estônia,
Letônia e Lituânia), Polônia, Bielorrússia e Ucrânia, bem como de alguns distritos turcos e
georgianos antes sob seu domínio.
Declaração do direito nacional dos povos: o novo governo comprometeu-se a acabar com a
dominação exercida pelo governo russo sobre regiões tais como a Finlândia, a Geórgia ou a
Armênia.
Ao mesmo tempo, Trotsky se ocupou em organizar o novo Exército Vermelho[13]. Com a ajuda
deste, os bolcheviques mostraram-se preparados para resistir aos ataques do também recém
formado Exército polonês, dos Exércitos Brancos de Denikin, Kolchak, Yudenich e Wrangel(que
se dividiam entre as duas primeiras facções citadas no parágrafo anterior), e também para
suprimir o Exército Insurgente de Makhno e a Revolta de Kronstadt, ambos de forte inspiração
anarquista. No início de 1921, encerrava-se a guerra civil, com a vitória do Exército Vermelho.
O Partido Bolchevique, que desde 1918 havia alterado sua denominação para Partido
Comunista, consolidava a sua posição no governo.
Desde 1918, após uma tentativa de assassinato de Lenin no mês de agosto com a participação
de membros do partido Socialista, encarregando-se de combater as facções de oposição no
interior do Partido e de garantir os postos importantes da administração estatal para pessoas
da inteira confiança do regime o que foi por ele utilizado para impor à administração interna a
hegemonia do seu grupo pessoal.
Lênin, o fundador do primeiro Estado socialista, morreu em janeiro de 1924[5]. Teve início,
então, uma grande luta interna pela disputa do poder soviético[14]. Num primeiro momento,
entre os principais envolvidos nesta disputa pelo poder figuravam Trotski e Stalin[7].
Trotski defendia a tese da revolução permanente, segundo a qual o socialismo somente seria
possível se fosse construído à escala internacional[14]. Ou seja, a revolução socialista deveria
ser levada à Europa e ao mundo.
Opondo-se a tese trotskista, Stalin defendia a construção do socialismo num só país[14].
Pregava que os esforços por uma revolução permanente comprometeriam a consolidação
interna do socialismo na União Soviética.
A tese de Stalin tornou-se vitoriosa[14]. Foi aceita e aclamada no XIV Congresso do Partido
Comunista.
Trotski foi destituído das suas funções como comissário de guerra, expulso do Partido e, em
1929, deportado da União Soviética[5]. Tempos depois, em 1940, foi assassinado no México, a
mando de Stalin[5], por um agente de segurança soviético, que desferiu no antigo líder do
Exército Vermelho golpes de picareta na cabeça.
Durante o período stalinista (1924 - 1953) calcula-se que o terror político soviético foi
responsável pela prisão de mais de cinco milhões de cidadãos e pela morte de mais de 500 mil
pessoas.
Com a vitória dos aliados sobre o eixo nazi-fascista que foi formado pelos paises; Alemanha,
Japão e Itália, a União Soviética, o principal oponente da Alemanha na Europa passou a dispor
de enorme prestígio internacional, mas teve enormes perdas humanas e materiais. O governo
de Stalin terminou com sua morte no ano de 1953.[16]