Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE
ABSTRACT: The article intends to work from the book Sustainable Development: the
challenge of the century, José Eli da Veiga, the issue of development and sustainability. Far
from exhausting the subject, the text seeks only to awaken the reader to the issue of the
difficulty of establishing a junction of the two institutes, which a cursory check, are excluded.
At first reports some conceptions of what is to be development and how it can be earned.
Shortly thereafter are drawn from the ideas or formulations that would be sustainable and how
it witnessed this. Given these two assumptions is a brief joint between two terms, ie an
attempt to report what would be sustainable development. After this task are some
environmental laws, and foreign homelands, which reflect the problem of balanced
environment. Important to report that in addition to the above book are theoretical
contributions of other authors and references to some laws in the desire to enrich the subject
reported.
1 INTRODUÇÃO
1
Alexandre Luiz Alves de Oliveira é advogado, especialista em Temas Filosóficos pela UFMG e mestrando em
Direito Ambiental e Sustentabilidade pela ESDHC.
Questão que vem chamando a atenção de todos, principalmente nas últimas décadas é
o problema ambiental. Se no início do século passado a preocupação com o meio ambiente
era algo praticamente circunscrito a uns poucos intelectuais, hoje, até mesmo nas classes
menos abastadas, o tema surge de forma recorrente.
A encruzilhada do tempo presente se encontra no choque de duas aspirações humanas
atuais: crescimento/desenvolvimento e preservação ambiental. É possível a consecução destes
dois fins? Um exclui o outro? São compatíveis? Em qual medida? Como promover o tão
decantado desenvolvimento sustentável que, em tese, seria a fusão dos dois?
Desta maneira, este artigo procura conceituar e trabalhar o desenvolvimento
sustentável tendo como ponto de referência a obra Desenvolvimento Sustentável: o desafio do
século XXI de José Eli da Veiga. Apesar de ter como diretriz o livro supracitado serão,
também, incluídas contribuições de outros autores para procurar explicitar e acrescentar a
discussão sobre tema.
Destarte procura-se primeiramente conceituar o que vem a ser desenvolvimento e suas
formas de medição. Em um momento posterior, verifica-se o que pode ser entendido como
sustentabilidade e, também suas formas de aferição. Por fim, é necessário reunir os dois
conceitos e apresentar, mesmo que de forma inconclusa, uma ideia ou uma noção do que
poderia ser entendido como desenvolvimento sustentável.
Em outro momento serão feitas algumas breves considerações sobre como é
disciplinada a questão ambiental, tanto na ordem externa como na interna, ou seja, como o
ordenamento jurídico “encara” a questão de um meio ambiente sustentável ou equilibrado.
2 DESENVOLVIMENTO
Pode-se observar que existem três perspectivas para a conceituação do que seria
desenvolvimento. A primeira identifica desenvolvimento com crescimento econômico.
Desenvolvimento e crescimento econômico seriam termos que representariam o mesmo
fenômeno e poderiam ser mensurados, simplesmente, por indicadores como o Produto Interno
Bruto per capita. A segunda linha de pensamento visualiza o desenvolvimento como mera
quimera, ilusão. Seria artifício utilizado como meio de justificação para uma exploração,
Impossível de ser atingido por todas as nações. Por fim, superando esta dicotomia
simplória, a terceira corrente procura demonstrar que o desenvolvimento não pode ser
reduzido ao simples crescimento da economia e, também, não é algo impossível. Esse
3 DESENVOLVIMENTO/CRESCIMENTO ECONÔMICO/ILUSÃO
não só por uma pobreza econômica, mas, principalmente, por uma pobreza científico-
tecnológica. E quando se fundem a miséria tecnológico-científica com a explosão
demográfica surge o subdesenvolvimento insuperável. Para este diplomata peruano é
necessário superar o mito do desenvolvimento e realizar um verdadeiro “Pacto de
Sobrevivência”. Este pacto consistiria num controle populacional, investimento maciço em
tecnologia e, principalmente, preservação de recursos hídricos, energéticos e alimentares. Esta
deveria ser a verdadeira e imediata preocupação dos países pobres e, não um padrão de vida
semelhante aos países do “norte”.
4 DESENVOLVIMENTO/NOVAS PERSPECTIVAS
perspectivas. Cite-se o exemplo dos negros americanos de Nova Iorque, que apesar de terem
rendas maiores, tem uma expectativa de vida menor dos que os homens da China e do Kerala,
que são bem mais pobres. O pensador indiano percebe que existem dois “modos” de
promoção do desenvolvimento: um realizado com o crescimento das riquezas e outro
conduzido por políticas públicas. Estes dois processos possibilitam o desenvolvimento dos
países, mas o que Amartya Sen procura destacar é que não é necessário esperar que um país
seja rico para que medidas redutoras do subdesenvolvimento sejam implantadas. Países, como
acima citado, podem ter índices melhores mesmo não tendo uma alta quantidade de riqueza.
Para isso, o segundo processo, ou seja, o custeio público exerce papel fundamental.
Pensadora que também deve ser citada é Jane Jacobs. Em suas constatações
percebemos o distanciamento da ideia de desenvolvimento do aspecto mecanicista para uma
perspectiva mais ligada aos processos evolucionistas. O desenvolvimento econômico, assim
como todos os outros, surge de um processo natural: Diferenciações que surgem de
generalidades. Com o tempo estas diferenciações se tornam generalidades e, assim, temos a
continuidade do processo. Deve-se, ainda, fazer uma observação que não é um caminho linear
existindo o que se pode chamar de um co-desenvolvimento. Tal constatação é importante,
pois destaca que o desenvolvimento é um processo e não um simples acúmulo de riquezas. O
que deve ser promovido são as liberdades, as faculdades de criação, as iniciativas e as
diligências. Servem de exemplo os países dotados de imensas riquezas materiais e, entretanto,
“pobres”. A falta dessa visão faz crer que o simples aumento do PNB produz o
desenvolvimento do país.
Jane Jacobs trouxe, também, uma analogia interessante. Compara o crescimento e
desenvolvimento de uma sociedade com o uso ou não uso da energia por um ecossistema.
Relata que em ecossistemas simples, como um deserto, a energia do sol recebida, apesar de
abundante é pouco aproveitada. A energia recebida é liberada sem deixar vestígios. Em
ecossistemas complexos, como as florestas, o fluxo da energia é utilizado por uma infinidade
de agentes, sendo transformada e recombinada antes de ser liberado. A energia percorre todo
sistema deixando diversas “contribuições”. Com as comunidades humanas o fenômeno se
repetiria. Para o desenvolvimento e a expansão de uma localidade, necessário é um melhor
aproveitamento da “energia” recebida. É através do trabalho humano, da diversidade de
atividades, do aprimoramento técnico, ou seja, na transformação em uma comunidade
complexa que a “energia” recebida é melhor aproveitada. Como nos desertos, as
comunidades simples, mesmo sendo grandes, tendem a ser pobres pelo pouco aproveitamento
5 A MEDIÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
O problema do IDH é que este índice pode desvirtuar ou não apresentar se uma
comunidade é ou não desenvolvida. José Eli da Veiga apresenta um exemplo muito
elucidativo: Um município muito rico e que apresenta péssimas condições de vida e
escolaridade pode apresentar um IDH maior que outro, que apesar de não gerar tanta riqueza,
apresenta melhores indicadores de longevidade e escolaridade. O IDH como derivado dessa
média aritmética pode apresentar estas distorções. Outro exemplo possível seria o de um país
que detivesse enormes reservas de petróleo, ou seja, um PIB alto e péssimas condições sociais
derivadas da concentração de renda. Este país poderia atingir um IDH mais alto do que outro
mais pobre, todavia com bons índices de sociais.
Desejando solucionar esta disparidade do IDH, o Estado de São Paulo procurou
aperfeiçoar seus indicadores de desenvolvimento. Seria um índice de terceira geração
denominado Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS). Apesar de tal nome trata-se
mais de uma tipologia dos municípios paulistas. Em vez do ranqueamento promovido pelo
IDH, observando as médias aritméticas, os municípios são classificados em grupos de acordo
com suas características de renda, longevidade e escolaridade. O primeiro grupo são o dos
municípios desenvolvidos. Estes possuem bons índices nas três dimensões. Os que têm muita
de riqueza e sofríveis indicadores nas outras duas dimensões formariam o segundo grupo:
atrasados apesar de ricos e, assim injustos. O terceiro grupo é constituído pela perspectiva
oposta, ou seja, possuem bons indicadores sociais apesar de não serem ricos. São os
municípios saudáveis. E, por fim, os municípios que não possuem bons indicadores seriam os
de relativo subdesenvolvimento. Essa classificação em grupos procura solucionar as
distorções da simples média promovida pelo IDH e, de tal maneira, promover uma melhor
classificação e percepção do grau de desenvolvimento.
Na busca de uma melhor clarificação da medição do desenvolvimento surgem os
índices de quarta geração. Da Veiga menciona dois que merecem atenção: o DNA-Brasil e o
IDS (Índice de Desenvolvimento Social). O DNA-Brasil não é propriamente um índice. É
uma compilação de 24 indicadores referente a sete dimensões. Estas seriam: bem-estar
econômico, competitividade econômica, condições socioambientais, educação, saúde,
proteção social básica e coesão social. Reunidos estes dados, eles configurariam os ângulos de
uma estrela numa comparação com os dados espanhóis. A comparação com a Espanha não foi
aleatória. Este país apresenta grande disponibilidade de informações que permitem um
cotejamento e, ademais, atingiu um alto nível de desenvolvimento em pequeno tempo. Desta
forma, quanto mais próximos dos índices espanhóis, mais próximo à figura geométrica
6 SUSTENTABILIDADE
De tal forma, Georgescu relata que não é uma questão de se impor uma inexistência de
crescimento ou do seu decrescimento. O que ele destaca é que dentro dessas perspectivas e
conclusões, a espécie humana não apresenta compromisso com as gerações vindouras. Será
uma vida excitante, porém breve. Diante dessa constatação, Georgescu propõe em seu
programa bioeconômico mínimo oito pontos para uma tentativa de sustentabilidade:
Primeiro, proibir totalmente não somente a própria guerra, mas a produção de todos
os instrumentos de guerra. Segundo, ajudar os países subdesenvolvidos a ascender,
com a maior rapidez possível, a uma existência digna de ser vivida, mas em nada
luxuosa. Terceiro, diminuir progressivamente a população até um nível no qual uma
agricultura orgânica bastasse à sua conveniente nutrição. Quarto, evitar todo e
qualquer desperdício de energia – enquanto se espera que se viabilize a utilização
direta da energia solar, ou que se consiga controlar a fusão termonuclear. Quinto,
curar a sede mórbida por gadgets extravagantes para que os fabricantes parem de
produzir esse tipo de bens. Sexto, acabar também com essa doença do espírito
humano que é a moda, para que os produtores se concentrem na durabilidade.
Sétimo, as mercadorias mais duráveis devem passar a ser concebidas para que sejam
conservadas. Oitavo, reduzir o tempo de trabalho e redescobrir a importância do
lazer para uma existência digna. (VEIGA, 2010, p.162)
E complementa:
a) Nas contabilidades nacionais, o capital natural não renovável não mais seria
considerado renda. Pertenceria ao ativo destes países e sua utilização seria um
verdadeiro saque. Assim, supostos balanços superavitários deixariam de existir;
b) Afastar a base dos impostos da renda e do trabalho e elevar os tributos dos recursos
naturais. Além de retirar os subsídios explícitos da utilização da água, energia,
agricultura, pecuária, mineração, etc. aumentar o custo das mercadorias
desestimulando o consumo exacerbado;
c) Maximizar a produtividade dos capitais naturais e investir no aumento de sua oferta no
futuro;
d) Promover uma economia voltada ao consumo interno evitando o comércio exterior. A
globalização provoca imensas competições entre os países o que, afinal, abaixa o
preço dos produtos e dos salários.
Cristiane Derani, em seu livro Direito Ambiental Econômico, faz a mesma ressalva de
Daly. Relata que este paradigma da economia capitalista, que apregoa a necessidade sempre
presente do crescimento quantitativo, não se coaduna com uma ideia de preservação
ambiental. A lógica capitalista insiste num aumento constante dos lucros para consecução de
mais lucros futuros. Nos dizeres da autora:
7 MEDIÇÃO DA SUSTENTABILIDADE
De uma forma simplória e redundante, o Direito Ambiental seria o ramo do direito que
procuraria traçar as normas de cunho ambiental visando à proteção do meio ambiente. Assim,
para a apreensão dessa tarefa, fundamental se faz conhecer o que se pode entender por
ambiente. A melhor indicação, a priori, seria a legal. Relata o art.3°, I, da Lei 6938/81:
Sobre o ideal da sustentabilidade, o autor ainda traça um norte que deve ser seguido
observando a legislação pátria. De acordo com o constitucionalista, o intérprete na exegese da
lei deve procurar conciliar o desenvolvimento econômico-social com a preservação do meio
ambiente. O desenvolvimento sustentável somente será possível com uma utilização
equilibrada da natureza visando o atendimento das necessidades atuais da população sem
descuidar da conservação para a utilização para as futuras gerações. É a tradução do caput do
art.225 da Constituição Federal que está, assim, redigido:
Traçadas estas primeiras considerações deve-se relatar que a proteção ambiental é uma
questão que remota há tempos mais pretéritos. Levando-se em consideração apenas do século
XX para os dias atuais inúmeros instrumentos legais vieram tratar da questão. Legislações
internacionais e nacionais dos mais diversos matizes procuraram de uma forma ou de outra
regular a problemática ambiental. Longe de querer ser exaustivo serão mencionados alguns.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, apesar de não ser um
instrumento diretamente direcionado a proteção ambiental, traz valorosos direitos que são
plenamente aplicáveis à questão. Na proteção dos direitos mínimos dos homens, está o direito
a um meio ambiente equilibrado e sadio. Necessário é estender aquelas determinações
abrangendo a proteção ambiental. Nesse sentido destacam-se alguns de seus artigos como:
Artigo 3°
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 22
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode
legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais
indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de
harmonia com a organização e os recursos de cada país.
Artigo 25
1. Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua
família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao
alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e
tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na
velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias
independentes da sua vontade.
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as
crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social.
Artigo 27
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios
que deste resultam.
2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer
produção científica, literária ou artística da sua autoria.
Artigo 28
Toda pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma
ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades enunciadas na
presente Declaração.2
Foi a constatação de Eduardo Gomes e Bettina Bulzico que relatam que “inegável é a
constatação do direito humano ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, tutelado não
apenas por normas de Direito Internacional Ambiental, como por normas de direitos
humanos.” (GOMES; BULZICO, 2010, p.52)
Para muitos estudiosos do direito ambiental, o marco inicial para a disciplina seria a
Convenção de Estocolmo de 1972. Foram realizadas quatros sessões para a discussão da
temática ambiental tratando de assuntos como a poluição dos mares, a preservação do solo, a
chuva ácida proveniente da poluição do ar, etc. Interessante destacar dentro dessas discussões,
o relatório/teoria chamado “Os limites do crescimento” que, conforme se observa, trouxe a
seguinte perspectiva: “A teoria defendia o crescimento zero ou a paralisação do crescimento
econômico, resultando em taxas de desenvolvimento menos agressivas para com a natureza e,
consequentemente, reduzindo a degradação ambiental.” (GOMES; BULZICO, 2010, p.54).
Diante dessa proposição de limitação do crescimento verifica-se a dicotomia dos países em
dois grupos: o dos países desenvolvidos que desejavam a conservação dos recursos naturais e
2
Disponivel em: < http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm> .Acesso em: 10
jun./ 2012
o dos países pobres que apregoavam a necessidade de utilização dos mesmos para a promoção
do desenvolvimento.
O importante, contudo, foi a percepção da necessária discussão sobre o tema e a
apresentação de um plano de ação contendo 109 recomendações. Ainda lembra GOMES e
BULZICO mencionando José Afonso da Silva:
Observação idêntica faz Solange Teles da Silva que constada que o direito ao meio
ambiente equilibrado é um direito fundamental. Nos dizeres da autora: “Não há possibilidade
de concretização dos demais direitos fundamentais sem o direito ao meio ambiente, que se
traduz em última análise como o próprio direito a vida.” (TELES, 2007, p. 230)
Transcorridos vinte anos da Convenção de Estocolmo foi realizada outra importante
discussão de nível mundial sobre a problemática ambiental. A Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como ECO 92, veio ratificar os ideais
preservacionistas da Declaração de Estocolmo, entretanto, teve como enfoque principal a
discussão do desenvolvimento sustentável. Procura conciliar dois direitos humanos
fundamentais, ou seja, o direito ao desenvolvimento e a uma vida e um meio ambiente
saudável. Na busca desse objetivo enumera vinte e seis princípios, destacando-se:
Princípio primeiro
Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas como
desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em
harmonia com a natureza.
Princípio terceiro
O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que responda
equitativamente às necessidades de desenvolvimento e preservação ambiental das
gerações presentes e futuras.
Princípio quarto
A fim de alcançar o estágio do desenvolvimento sustentável, a proteção do meio
ambiente deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não
poderá ser considerada de forma isolada.
Princípio oitavo
Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma melhor qualidade de vida para
todas as pessoas, os Estados devem reduzir e eliminar os sistemas de produção e
consumo não sustentados e fomentar políticas demográficas apropriadas.
3
Disponível em: <http://www.acpo.org.br/conv_estocolmo.htm>. Acesso em: 10 jun 2012.
instrumento processual hábil para consecução de seus fins. O meio ambiente como um
todo poderia ser tutelado e não apenas casos particulares como no caso de ações ordinárias em
conflitos de vizinhança. O Brasil passa a ter a vanguarda em direito ambiental tendo uma lei
“material” e outra “processual” altamente efetivas.
Não pode deixar de ser dito também que a Constituição da República de 1998 veio
abraçar todos estes ideais e busca promover uma efetiva proteção ambiental. Como já
mencionado anteriormente o direito a um meio ambiente sustentável ganha status de direito
fundamental estando presente em diversas disposições constitucionais. Todo o capítulo VI, da
ordem social, da Constituição Brasileira vem tratar do meio ambiente.
Longe de querer ser exaustivo, citem-se, apenas com fins de informação, algumas leis
ambientais que merecem destaque: Lei 11.105/05 (Lei da Biotecnologia), Lei 10.257/01
(Estatuto da Cidade), Lei 11.445/07 (Lei de diretrizes do saneamento básico), Lei 6766/79
(Lei de parcelamento do solo urbano), Lei 12.305/10 (Lei sobre os resíduos sólidos), lei
12587/12 (Lei da mobilidade urbana), Lei 12.187/09 (Lei que institui a Política Nacional de
Mudanças Climáticas), Lei 11.428/06 (Lei sobre o uso e a proteção do Bioma da Mata
Atlântica), Lei 9.985/00 (Lei sobre as unidades de conservação), etc.
9 CONCLUSÃO
Constatação óbvia é que o meio ambiente vem atravessando por transformações, que
neste momento, são de inconclusas previsões. O aumento da população, a poluição dos rios e
mares, a liberação de gases poluentes, o consumo desenfreado de matérias-primas, etc. já vêm
demonstrando a incapacidade do planeta de manter este paradigma de civilização. Se num
passado não muito distante não havia contradições entre um crescimento econômico e a
sustentabilidade ambiental, hoje dúvidas não restam do tamanho do problema de conciliar
estas duas aspirações. De um lado os países do “norte” que pregam a conservação dos
recursos naturais e de outro os emergentes que desejam utilizar os mesmos para promover o
desenvolvimento.
Destarte, desde a Convenção de Estocolmo, o problema ambiental se encontra
presente nas discussões mais responsáveis referentes ao desenvolvimento. Independentemente
da ideia de desenvolvimento apresentada sempre será necessário à utilização da natureza, até
porque o homem é um de seus elementos. A questão é como possibilitar aos países mais
pobres sua elevação econômica e social sem a consequente degradação da natureza.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Código civil e constituição federal. 61. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de. A propriedade no direito ambiental. 4. ed. rev.,
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 10. ed. rev., atual. e ampl.
São Paulo: Malheiros, 2002.
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco. 7. ed. rev., atual. e reform.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
PÁDUA, José Augusto (ORG). Desenvolvimento, justiça e meio ambiente. Belo Horizonte:
UFMG, 2009. P.151-169.
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Malheiros, 2002.
SILVA, Reinaldo Pereira e. A teoria dos direitos fundamentais e o ambiente natural como
prerrogativa humana individual. Revista de direito ambiental, São Paulo: Revista dos
Tribunais, v.12, n.46 (abr./jun. 2007), p. 164-190.
VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro:
Garamond, 2010.