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A Linfadenite Caseosa (LC) é uma doença infecto - contagiosa causada pela bactéria
Corynebacterium psedotubercolosis. Acomete caprinos e ovinos e caracteriza-se pela
formação de abcessos nos linfonodos superficiais ou internos e nos órgãos, contendo pus de
cor amarelo -esverdeado e consistência tipo queijo coalho (ALVES; PINHEIRO, 1997).
Transmissão da Doença
Sinais Clínicos:
É comum a Linfadenite disseminar por vários órgãos. Na forma visceral, é uma das
causas da síndrome da ovelha magra, levando a prejuízos pela diminuição da produção
(MARTINS; ALVES; PINHEIRO, 2014).
Essa doença está relacionada principalmente a pessoas que têm contato com animais
infectados, trabalhadores de frigoríficos e também pessoas que tem contato ou ingestão de
produtos lácteos contaminados.
O quadro clínico nesses casos é caracterizado pela presença de fadiga, dor muscular,
fígado aumentado e macio e linfadenopatia localizada. Como métodos preventivos é de suma
importância uma boa higiene, quando se manuseia animais doentes e materiais
contaminados com exsudatos, ações simples como essas são capazes de impedir a
propagação da doença (PEEL et al., 1997).
Diagnóstico
Segundo MARTINS, ALVES, & PINHEIRO (2014), os testes são classificados em dois
grupos, os testes diretos e indiretos. O teste direto permite a identificação do agente
etiológico da enfermidade, C. pseudotuberculosis, ou de seus componentes celulares e
secretados (material genético, toxinas). Já o teste indireto permite a detecção dos anticorpos
produzidos pelo animal frente à infecção pelo micro-organismo, indicando indiretamente a
presença do patógeno.
Os testes diretos:
Os testes indiretos:
1. Os primeiros testes indiretos a serem utilizados foram os testes alérgicos ou de
hipersensibilidade, realizados individualmente para determinação de animais infectados,
porém com especificidade ainda limitada.
2. Teste Elisa: apresenta sensibilidade e especificidade adequadas, mas variantes
de acordo com o tipo de antígeno e combinação de conjugados. Requer aparelhos
laboratoriais sofisticados.
De acordo com PINHEIRO, ALVES, & ANDRIOLI (2003), os principais testes para o
diagnóstico de linfadenite são: o teste de Inibição da Hemólise Sinérgica (IHS), aglutinação
direta e indireta, imunodifusão, o ELISA e o DotBlot.
Além disso, atualmente, estão sendo pesquisados outros testes diagnósticos de fácil
aplicação, tais como os testes cutâneos. Utilizando um teste cutâneo em caprino vacinado e
não vacinado (controle) e desafiado com C. pseudotuberculosis, observaram que antes do
desafio nenhum animal desenvolveu reação dérmica ao teste. No entanto, após o desafio,
todos os animais apresentaram reação ao teste.
Tratamento
O ideal é isolar os animais infectados e efetuar a drenagem dos caroços. Para isso, é
preciso lavar a área do abscesso com água e sabão, depilar os pelos da região do caroço e
desinfectar com álcool iodado, fazer abertura para retirada do pus, desinfectar o ferimento e
manter o animal isolado até a cicatrização.
Este procedimento de drenagem deve ser feito com luvas e, ao final, todo o pus deve
ser queimado e enterrado, assim como desinfectados os instrumentos para o corte e
drenagem. Caso haja reaparecimento de caroços no mesmo animal, ele deve ser eliminado
do rebanho, pois ele já pode ter a doença não só localizada, mas disseminada pelo organismo,
aumentando o risco de infectar os demais (ALVES; PINHEIRO; PIRES, 1997).
Há o tratamento por meio de cirurgias com a retirada dos abscessos ou a retirada total
dos linfonodos infectados, porém segundo Davis (1990), esse tratamento deve ser realizado
somente para animais com alto valor zootécnico uma vez que muitas vezes há ruptura
durante o procedimento, ou o tamanho e aderência do abscesso dificultam a retirada, além
da necessidade de anestesiar o animal (NOZAKI et al., 2000).
Controle e Prevenção
O melhor método para o controle desta doença é a identificação dos animais com
sinais clínicos evidentes da doença, tais como, abscessos nos linfonodos superficiais e
emagrecimento, separando-se esses animais dos que não apresentam lesões aparentes. Nos
animais sem sinais clínicos evidentes, recomenda-se a realização de testes sorológicos ou
testes alérgicos (EMBRAPA, 2014).
Em relação à tosquia, os grupos mais jovens devem ser tosquiados em primeiro lugar,
e qualquer ovino com lesões palpáveis deve ser tosquiado posteriormente. O pus derramado
no recinto deve ser limpo e a área desinfetada. O contato íntimo dos animais após a tosquia
deve ser evitado. O banho após a tosquia não é recomendado em rebanhos gravemente
acometidos. É digna de consideração a adição de agente bactericida eficiente no líquido de
banho (RADOSTITS et al., 2002). Segundo observado por PANTON et al. (2003), os rebanhos
que não realizavam esse controle tiveram uma prevalência bem menor de LC. Sugere-se que
esse resultado esteja relacionado ao maior contato durante o banho dos animais recém
tosquiados. Como a tosquia é uma das maiores causas de rompimento de abscessos, o banho
na sequência a ela favorece a transmissão da bactéria dos animais infectados para os sadios
Equipamentos de tosquia e acessórios devem ser rotineiramente limpos e desinfetados antes
do uso, particularmente se foi usado anteriormente em rebanho com LC. Os acessórios
incluem roupas, bolsas para a lã, sapatos, entre outros itens utilizados pelo tosquiador. É
aconselhável que o rebanho tenha seu próprio material de tosquia, e adotadas todas as
medidas com o objetivo de reduzir as fontes ambientais de contaminação (WINDSOR, 2011).
A vacinação também pode ser usada como medida de prevenção, apesar de não
possuir 100% de eficácia contra a formação de abscessos, é possível reduzir o número de
ferimentos nos animais. Nos ovinos a vacinação oferece melhor resposta que nos caprinos.
Segundo Adilson Nóbrega da Embrapa, recomenda-se a vacinação dos animais a partir dos
três meses de idade e um reforço após 30 dias, reforço anualmente, fêmeas prenhes
vacinadas três semanas antes do parto para garantir imunidade colostral e cordeiros
vacinados a partir de 90 dias de idade. (MILKPOINT, 2006); a correta higienização das
instalações (apriscos, currais, entre outras) e a inspeção periódica (a recomendação é de ser
feita a cada 15 dias) dos animais para verificar se possuem abscessos. O corte e desinfecção
do umbigo dos recém-nascidos também é medida importante, assim como o tratamento de
qualquer ferimento, pois ele pode ser uma porta de acesso à contaminação pela bactéria.
Em países onde a vacinação não está disponível como, por exemplo, no Reino Unido,
o controle da doença é baseado na identificação dos animais infectados, visando prevenir o
contato deles com os animais sadios. Isso normalmente é realizado pelo teste sorológico
seguido do sacrifício dos animais positivos (WINDSOR, 2011).
No Rio Grande do Sul, apesar de a prevalência de LC nas carcaças ser de apenas 0,037%
e a condenação total ser de 0,009% no período de 2004 a 2009, o prejuízo calculado no
período foi de aproximadamente R$ 12.975,27 (MACHADO et al., 2011).