Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
FRIGUETTO, R.
Renan Frighetto
Doutor em História Antiga pela Universidad de Salamanca, professor permanente do programa de Pós-
Graduação em História da Universidade Federal do Paraná e membro do NEMED, Curitiba, PR - Brasil.
E-mail: rfrighetto@hotmail.com .
Resumo
Ao estudarmos períodos tão recuados como a Antiguidade Tardia (séculos II – VIII) deparamo-
nos com personagens portadores de grande prestígio e autoridade, como os imperadores romanos
e os reis romano-bárbaros. Contudo, devemos recordar que tais indivíduos dificilmente
governariam sozinhos, contado com apoio de outros aliados, os grupos aristocráticos e
nobiliárquicos, com os quais partilhariam sua autoridade. Esse estudo pretende avaliar como o
poder dos imperadores e reis tardo antigos era de facto exercido e quais seriam os mecanismos
políticos por eles utilizados para alcançá-lo. Para tanto, utilizaremos exemplos limitados
cronologicamente entre o reinado de Trajano (98-117) e o regnum gothorum da Aquitania (418-
507).
Abstract
The study periods as indented as Late Antiquity (II centuries - VIII) we find characters bearers of
great prestige and authority as the Roman emperors and Roman-barbarian kings. However, we
must remember that such individuals hardly govern alone, counted with the support of other
allies, the aristocratic nobility, groups with whom they would share their authority. This study
aims to assess how the power of emperors and kings late antique was de facto exercised and what
are the policy mechanisms used by them to reach it. To this end, we use examples chronologically
limited to the reign of Trajan (98-117) and gothorum regnum of Aquitaine (418-507).
1
Cic.,De Orat.,I,5,18
2
Plin.,Ep.,I,22,2
3
Especialmente Aug.,Conf.,X,8,15
4
Com grande destaque para Agostinho de Hipona, Isid.,Etym.,VI,7,3: Horum tamen omnium studia
Augustinus ingenio vel scientia sui vicit...
5
CAVALLO, G., 1995, p.151.
6
Isid.,Etym.,I,3,2.
7
Isid.,Etym.,I,41,1
8
Aug.,De Ordine,II,12; Isid.,Etym.,I,41,2 .
9
Um estudo recente e de grande qualidade sobre a importância dos breviários como difusores do
conhecimento histórico na Antiguidade Tardia é o de SANCHEZ VENDRAMINI, D., 2012, p.275-325.
Isidoro de Sevilha revela-nos a vinculação desse poder com uma ação prática,
efetiva, de alguém que imperava sobre o exército, exercia sobre as legiões um poder
supremo que seria concedido por uma instituição cívica, o senado. Ora, partindo dessa
definição podemos dizer que o bispo hispalense referia-se, primeiramente, a autoridade
possuída por alguém, o imperador, que exercia um poder efetivo sobre um conjunto de
indivíduos que formavam parte do segmento militar no mundo romano colocando-o,
dessa forma, como detentor de um poder extraordinário e com características
personalistas. De outra parte, ao apontar que tal poder imperial e militar passava pela
concessão e pelo reconhecimento de um coletivo institucional, o do senado romano,
Isidoro de Sevilha recuperava um topos da tradição política republicana que estabelecia
que “...esta autoridade (império) era destinada aos homens mais sábios e justos...”11 ou
aqueles que eram os mais aptos para exercerem o poder e que integravam os segmentos
políticos mais destacados da sociedade romana.
Ou seja, de acordo com o descrito pelo hispalense, podemos estabelecer conexões
muito bem definidas entre o poder que era fruto de uma ação prática característica de uma
vida ativa e que estava pautada pela liderança militar e, por outro lado, a política que
estava amparada na convivência no interior da comunidade cívica baseada em uma série
de princípios teóricos e em virtudes ético-morais que revelavam a busca idealizada pelo
consenso e concórdia universais. Assim, o imperador descrito pelo hispalense, detentor
de um poder militar efetivo que o transformava em um símbolo junto aos seus
comandados, teria como autêntico paralelo no mundo da política à figura do príncipe,
pois “o termo princeps significa tanto uma dignidade como uma gradação (...). O
10
Isid.,Etym.,IX,3,14
11
Cic.,De Leg.,III,2,4
Este seria o caso de Marco Ulpio Trajano (98-117), princeps e imperator romano
na virada do século I para o século II. Denominado pelo famoso panegírico de seu amigo
e aliado Plinio, o Jovem, como o Optimus princeps14, Trajano aparece delineado nesse
escrito laudatório como portador de uma imagem positiva na qual o princeps surgia como
a representação terrena de Zeus/Júpiter, o mais importante de todos os deuses do panteão
greco-romano15. Epiteto que certamente foi conservado pela historiografia senatorial
romana e que chegou até os nossos dias, nomenclatura que antagonizava Trajano ao seu
antecessor o princeps malus Domiciano, associado ao grupo dos Flavios e que foi
demonizado pelo ambiente senatorial ao ponto de receber a pena da Damnatio
Memoriae16. Deixaremos a abordagem da legitimidade ou do exagero de tal juízo
senatorial sobre Domiciano para outro momento, centrando-nos sobre a forma e os
mecanismos de ascensão que elevaram Trajano à condição imperial e que tem relação
direta com os elementos conjunturais característicos do principado romano em finais do
século I e princípios do século II. Sabemos que Trajano integrava o ambiente senatorial
romano17 e que gozava de grande prestígio desde o governo de Domiciano – fora cônsul18
12
Isid.,Etym.,IX,3,22
13
De acordo com LENDON, J. E., 1997, p.129-30, “...Observers perceived the emperor’s subjects as
inclined to imitate hum and defer to him; they noted the power (and danger) inherent in the fact that nearly
all relations with him had immense honour consequences (…). In the first place, their own outlook
encouraged aristocrats to imitate the emperor as the most honorable man in the world (...). Emperors’
appearance, diet, and hair-style were enthusiastically copied the great men of Rome and the provinces…”
14
Plin.,Paneg.,LXXXVIII,5-10
15
Para HIDALGO, M. J., 1995, p.105-6, “…La exaltación incondicional y hasta cierto punto hiperbólica
que Plinio realiza sobre Trajano en su panegírico, no sólo responde a una exigencia retórica según la
enseñanza escolástica quintilianea, en la que la relación entre laus y uituperatio (…) es un componente
fundamental, sino además a una necesidad de oportunismo político con respecto a su análisis estructural
sobre la contraposición entre el pessimus y el optimus princeps (…). En este sentido se puede considerar el
panegírico como un manifiesto de propaganda senatorial en el que se delinea la figura del soberano
ideal…”, especialmente na p.115, “…Sabemos que el gobierno de Trajano es considerado como un munus
de Zeus (…). Además, al comparar la acción de Trajano y la de Júpiter constata que a Iupiter Optimus
Maximus en el cielo corresponde Traianus Optimus princeps en la tierra…”; ver também STADLER, Th.,
2013, p.67-82.
16
Plin.,Paneg.,LII,4; Suet.,Vit.Dom.,23
17
Plin.,Paneg.,IX,2.
18
Aur.Vic.,De Caes.,13
19
Plin.,Paneg.,XIV,1-5.
20
Plin.,Paneg.,IX,2.
21
Como indica HIDALGO, M.J., 1995, p.113, “…En este sentido el aspecto militar domina na la figura de
Trajano, no hay que olvidar al respecto que, ante los problemas con el ejército que surgieron con Nerva, la
alternativa de un soberano prestigioso desde el punto de vista militar, pero capaz a su vez de llevar a cabo
un consenso con el Senado, se mostraba más que conveniente…”;
22
Plin.,Paneg.,VIII, 5; segundo HIDALGO, M. J., 2012, p.100, “...Tan solo Nerva, con quien se implanta
el modelo de la adoptio, muestra una cierta originalidad y novedad desde el momento que opta para la
sucesión por adoptar a un miembro de una familia ajena a la suya…”.
23
Interessante observação feita por BRAVO, G., 2013, p.26, “...Hay crisis conyunturales. Pero diferentes
por épocas o ámbitos y sobre todo de desigual incidencia en términos regionales o locales. Estas crisis
deberían haber afectado a elementos esenciales del sistema imperial hasta provocar su desaparición, pero
no fue así porque el Estado pudo arbitrar reformas periódicas encaminadas a aminorar sus efectos negativos.
No obstante, son los historiadores quienes establecen mediante el análisis la mayor o menor relevancia de
unos ámbitos u otros: para unos es la economía, la fiscalidad e incluso la moneda; para otros, en cambio,
es el ideológico y, en particular, el religioso, el que caracteriza de forma indiscutible a este periodo…”;
bem como PLÁCIDO, D., 2008, p.138, “…Así, la epoca inaugurada por Trajano sería precisamente
interesante por el desarrollo de un mundo imaginario capaz de enmascarar con éxito las tensiones propias
del inicio de una época en plena trasformación…”.
24
Como indicado por PEACHIN, M., 2006, p.129, “…it has long been tempting to suppose that Nerva was
chosen not so much for his political distinctions, virtue, or abilities, but instead, because he was aged, in
rather poor health, and without male descendants. He may have seemed the perfect candidate precisely
because he not found a dynasty (…). It has even been suspected that in certain sectors of the elite an
agreement was reached that princes would henceforth be carefully selected for their personal qualities and
talents…”
25
De acordo com SORDI, M., 2011, p.210, “...in profondo contrasto con la concezione teocratica
orientalizzante che, importata nel mondo romano da Antonio, ebbe la sua affermazione nelle esperienze
aberranti di Caligola e di Nerone e nella autocrazia di Domiziano dominus et deus...”; a relação entre as
monarquias helenísticas e o principado romano é destacada por MILLAR, F., 2001, p.3, “...for, just as the
memory of Alexander exercised na enduring influence on the military role of the emperor, so there persisted
long-established conceptions of what a ‘king’ should be which did indeed help to transform a Roman
princeps into a descendant of the Hellenistic kings…”.
26
Segundo PLÁCIDO, D., 2008, p.144, “…Nerva adopta así a Trajano, que, de otra parte, resultaba
aceptable por los sectores militares, más inclinados a la sucesión dinástica, donde veían la trasmisión de los
poderes carismáticos que llevan a la victoria…”.
27
Flor., Epit., Praef., 9; segundo HIDALGO, M.J., 1995, p.117, “…La imagen de Trajano se hace
republicana y retoma los valores y las ceremonias propias de esa época. Este proceso que recuerda a otro
similar con Augusto, al que Trajano quiere emular…”; ideia também apontada por WOOLF, G., 2002,
p.184, “…and Florus, in the preface to the first book of his Epitome of Livy, complained of the laziness of
emperor apart from Trajan, in comparison to Republican conquerors…”.
28
Para PLÁCIDO, D., 2008, p.142, “…la adoptio hace que el poder se libere de la cognatio, pues las
condiciones para su ejercicio no pueden depender de la gratia uxoris. Se elabora así una teoría de la
transmisión contrapuesta al matrilinealismo predominante en la dinastía Julio-Claudia…”.
29
Plin.,Paneg.,2,6; Ael.Spar., Vit.Hadr.,6,1-3; Ael.Spar.,Sev.,5, 2-3.
30
Plin.,Paneg.,88,4; Ael.Spart.,Vit.Hadr.,8,1-4
31
Plin.,Paneg.,7,5; 88,7; Ael.Spart.,Sev.,7,5-6
32
Esse é o ponto de vista apontado por MATTHEWS, J., 2007, p.290-2, “...the struggle for liberty against
autocracy. This is the central issue in Tacitus, especially in his last work, the Annals, in which he traced the
decline of senatorial liberty under the growing tyranny of the Julio-Claudian dynasty (…). Like his
contemporaries the younger Pliny and the satirist Juvenal, Tacitus wrote of the dark times of tyranny after
they had passed, with an awareness of moral complicity vividly expressed in the final chapters of the
Agricola; Tacitus hold how he and other senators stood by while their colleagues were dragged off the
execution…”; idea presente em Tac.,Agr.,3.
33
Tac.,Germ.,7; 11;14
34
Treb.Poll.,Tyr.Trig.,III,1; V,1-2; Eutr.,Brev.,6,20; 8,2; 9,26; Aur.Vic., De Caes.,19,4; 33,8,20,32; 39,45;
Or.,Hist.Adv.Pag.,VII,28,29; Iord.,Get.,29,146; visão que vinculava-se ao passado republicano, WOOLF,
G., 2002, p.178, “…Latin authors conceived of barbarians as distinguished from Romans by the feritas and
their lack of humanitas. Part way between men and beasts, the barbarian characterized inter alia by his
warlike nature...”
35
Tac.,Germ.,7:...Nec regibus infinita aut libera potestas, et duces exemplo potius quam imperio, si
prompti, si conspicui, si ante aciem agant, admiratione praesunt...
36
Cic.,De Leg.,III,8.
37
Segundo PLÁCIDO, D., 2008, p.139, “…Para Tácito, de todos modos, lo que le permite encarar el futuro
con expectativas de progreso es la figura de Trajano, presente en todo el pensamiento político de la
Germania…”,
38
Uma interessante análise foi oferecida por BENARIO, H.W., 1968, p.50, “…It is Trajan and his new
principate that color Tacitus’ thought in the political parts of the Germania. The recapitulation of the long
frustration in Rome’s contact with the Germans (…) is a piece of past history. Tacitus looks to the future
with the expectation of great events, not with foreboding of disaster, imminent or distant. At the beginning
of his career of historian, Tacitus shares with the populus Romanus the confidence engendered by the
beatissimum saeculum.”
39
De acordo com GASPARRI, S. & LA ROCCA, C., 2013, p.75, “...La moderna ricerca há radicalmente
cambiato questo quadro e há sottolineato invece sempre di più i punti di contatto fra le genti barbariche e
l’impero. Il barbaricum, il territorio al di là dei confini territorial dell’impero (il limes), non era un mondo
alieno, ma piuttosto la periferia povera dell’impero, a esso strettamente legata da mille fili, economici,
culturali, militari...”; a mesma perspectiva é apresentada por MATHISEN, R., 1993, p.2, “…Roman culture
influenced the impressionable barbarians in many ways…”; e também por GEARY, P., 2005, p.96-7, “...Ao
longo dos séculos I e II, os grupos que viviam perto dos romanos começaram a abrir mão de seus reis sacros
tradicionais em favor de líderes guerreiros que pertenciam a antigas famílias reais ou a classes de
combatentes bem sucedidos. Essa mudança favoreceu o Império, já que Roma podia influenciar mais
facilmente os novos líderes (...). Por volta do século III, o Império havia transformado até mesmo
populações que viviam além de suas fronteiras (...). Os efeitos da proximidade romana, não apenas entre os
bárbaros que viviam ao longo do limes como também entre os que viviam bem além, foram
consideráveis...”.
40
Sobre o período dos Severos, um excelente e recente estudo é o de GONÇALVES, Ana Teresa Marques,
2013, pp.24-34.
41
Ael.Spart.,Sev.,X,3; XIV,3-4; XVI,3-4; XVIII,8-10; XIX, 2-4; Iul.Cap.,Max.Duo,XIV,2-5; XXII,6;
Treb.Poll.,Val.Duo,II,2
42
Para MACMULLEN, R., 1990, p.198, “…Nevertheless revolts as distinct from palace assassinations
occasionally were attempted, and we might expect to hear a lot about them. They generally originated
among the best-known people, aristocrats …”.
43
Ael.Spart.,Sev.,XII,1-2; Treb.Poll.,Tyr.Trig.,III,3-4;6; Sulp.Sev.,Dial.,III,6,2; Or.,Hist.,VII,34
44
Mam.,Paneg.Max.,a.289,XI,4; Or.,Hist.,VII,35
45
Sobre os Dediticii WIRTH, G., 1997, p.13-55; as diferenças existentes entre os dediticii e os foederati
são descritas por HEATHER, P., 1997, p.61-4.
46
Por exemplo, Mam., Paneg.Max., a.289, I, 5; III,1; XIII,1-2; Mam.,Paneg.Max.,a.291,III,3-6;
Paneg.Cons.,a.297,III,2; IV,1; XXI,1; Eum.,Orat.,a.298,XXI,1-2; Paneg.Max.et Const.,a.307,I,1; XIII,3;
Eutr.,Brev.,VIII,18-19; IX,2,1-2; 3; 4; 5; 7; 18,1; 19,3; 22,1; X,1,1-2; 2,1-2; Aur.Vic.,De Caes.,32,1-3;
38,1-2; 39,17,24-25,30; 40,1; 41,6.
47
Na opinião de TEJA, R., 1999, p.43, “…Resulta indudable que el cambio ideológico-político más
importante que se produce en el periodo tetrárquico es la afirmación del carácter divino del poder
imperial…”; também FRIGHETTO, R., 2007, p. 302; SORDI, M., 2011, pp.211-6; a fusão entre os
pensamentos neoplatonico e cristão aparecem nos escritos de Firmicus Maternus, muito bem analisados por
LENSKI, N., 2012, pp.472-5.
48
Na opinião de LENSKI, N., 2012, p.477, “…Not only does it show up throughout the works of
Constantine’s advisor Lactantius, but it is also Constantine’s most common designation for his favored
divinity in his extant Latin letters. The same designation also recurs in documents written by Constantine
ad preserved in Greek by Eusebius…”
49
Paneg.Const.,a.313,II,4-5:…Quisnam te deus, quae tam praesens hortata est maiestas, ut, omnibus fere
tuis comitibus et ducibus non solum tacite mussantibus, sed etiam aperte timentibus (...). Habes profecto
aliquod cum illa mente diuina, Constantine, secretum, quae delegate nostri diis minoribus cura uni se tibi
dignatur ostendere…
50
Por exemplo Sulp.Sev.Chron.II,49; Sulp.Sev.Uit.Mart.IV,1-2.
51
Este foi o caso do rei Vadomarius e dos seus Alamani no tempo em que Juliano transformou-se em
Augusto na Galia, Amm., R. G., XXI,3,4; 4,1.
52
Amm. R. G. XXXI,4,7
53
Os Tervingi aparecem mencionados em Mam.,Paneg.Max.,a.291,XVII,1
54
Amm., R. G., XXXI,5,7; Socr.Esc.,HE,IV,33
55
Amm., R. G., XXXI,6,1-5; Socr.Esc.,HE,IV,33.
56
Amm.,R.G., XXXI,12,8,14; a batalha de Andrinopla e seu significado para a autoridade imperial romana
oriental são muito bem analisadas no estudo de LENSKI, N., 1997, p.129-68.
57
Or.,HAP,VII,33,9
58
Com respeito ao caso dos Godos, VALVERDE CASTRO, M.R., 2000, p.41, “…Termina para los
visigodos el período de las migraciones, una etapa en la que hemos constatado la consolidación de la realeza
frente de la sociedad. La institución monárquica, beneficiándose tanto de sus éxitos militares como de la
relación constante con el mundo romano, se ha convertido, políticamente, en el órgano central y permanente
de gobierno, ha diversificado sus poderes y ha ampliado el ámbito de aplicación de los mismos a las
poblaciones romanas…”.
59
Para SORDI, M., 2011, p.210, “...Fondato sulla communione dei diritti e dei doveri, il regnum è anch’esso
una res publica e non è incompatibile con la libertas: le leggi che l’imperatore impone agli altri (...) le
impone anche a se stesso; egli è il primo custode delle leggi che emana e la sua potestas trova il suo limite
nella potestas de Dio, a cui egli stesso è subditus e a cui deve il suo impero...”.
60
Ambr.,Ep.XXIV ad Valentiniano,3; 4
61
As relações sociopolíticas entre os godos com os segmentos da aristocracia regional romana, no caso da
Galia, é apresentado por HEATHER, P., 1998, p.183; segundo VALVERDE CASTRO, M.R., 2000, p.70,
“…La nobleza militar visigoda, al adquirir propiedades fundiarias, refuerza su poder político y su posición
social y paulatinamente tiende a asimilarse a sus congéneres romanos. Parte de éstos, ante la creciente
debilidad del poder imperial y el aumento paralelo de la autoridad del rey visigodo, empiezan a aceptar la
nueva situación política y tratan de insertarse en ella salvaguardando sus propios intereses. Como
consecuencia de estas realidades, los intereses de ambas clases dirigentes tienden a armonizarse, y ahora
tanto la nobleza goda como la galorromana necesitan disponer de una maquinaria política y jurídica que
asegure su privilegiada posición al frente de la sociedad, con lo que se potencia la formación del reino
visigodo…”; e MATHISEN, R., 1993, p.29, “…Bit by bit, more and more of Gaul came under barbarian
jurisdiction during the fifth century. Regardless of whether this or that area was occupied violently or
peacefully, Roman aristocrats found that the barbarian presence affected their lives in a number of ways.
On several levels it became difficult, or impossible, to carry on as before. Even Gauls who did not have
regular, personal contact with individual barbarians could not ignore some troublesome effects of the
barbarian settlement…”; com respeito aos suevos na Gallaecia, ver DIAZ MARTINEZ, P., 2011, pp.55-
68.
62
Segundo CHRYSOS, E., 2003, p.16, “…Following this demand several forms of imitatio imperii were
placed on the agenda. The court, the language, public ceremonies involving the king, court rituals, his titles
and dress, forms of distinct munificence to the people and many other expressions of power were imitating
of Roman forms that were thought to safeguard and support the position of the rex as dominus over his gens
and the Roman population in his regnum…”
63
Or.,HAP,VII,43,10; Hydt.,Chron.,a.419; Prosp.,Chron.,1271,a.419; Iord.,Get.,33,173.
64
Sid.Ap., Pan.Av.,450 – 4; Codex Euricianus,311
65
Sid.Ap.,Ep.,2;Sid.,Pan.Av.,214-21; 430 – 6; Isid.,HG, 31;32;33; 34;35; como indica DÍAZ, P.C., 1998,
p.181, “…La elección de una ciudad como sede regia abría el paso hacia la conformación de una corte y
una administración central donde se aunaban los servicios domésticos de origen germánico y una burocracia
cancilleresca de origen romano…”.
66
Hydt.,Chron.,a.456; a.458; a.463; a.465; a.466; a.467; a.468; a.469; Isid.,HG,33;34
67
Isid.,HG,35
68
Um estudo recente e interessante sobre o Breviário de Alarico II – Lex Romana Visigothorum é o de
CAÑIZAR PALACIOS, J.L., 2003-2005, p.47-56; e segundo HILLGARTH, J.N., 2009, p.9, “...More
important is the evidence that in 506, under Euric’s son and successor, Alaric II, the roman administrative
structures were still in existence. Alaric II’s administration was capable of issuing a compilation of Roman
law – the Breuiarium Alarici or Lex Romana Visigothorum – which governed the roman population, and
was to exercise much influence over later generations…”.
69
Chron.Caes.,a.473; a.494; a.504; a.506; Isid.,HG,34
70
Chron.Caes.a.496; a.497
Conclusões parciais
71
Para tanto, vide GARCIA MORENO, L.A., 2008, pp.142-3.
72
Chron.Caes.,a.507; Isid.,HG,36
Fontes primárias
Referências
BENARIO, H.W. Tacitus and the fall of the Roman Empire, Historia, Berlim, v.17,
p.37-50, 1968.
CHRYSOS, E. The Empire, the gentes and the regna. In: GOETZ, H. W., POHL, W. &
JARNUT, J. Regna and Gentes. The relationship between Late Antique and Early
Middle peoples and kingdoms in the transformation of the Roman World. Leiden-Boston:
Brill, 2003, p.13-9.
______. Rey y poder en la monarquía visigoda, Iberia, Logroño, v.1, p.175-95, 1998.
GEARY, P. O Mito das nações. A invenção do nacionalismo. São Paulo: Conrad 2005.
HEATHER, P. Foedera and Foederati of the fourth century. In: POHL, W., Kingdoms
of the Empire. The integration of barbarians in Late Antiquity. Leiden-New York-Köln:
Brill, 1997, p.57-74.
HILLGARTH, J.N. The Visigoths in History and Legend. Toronto: Pontifical Institute
of Medieval Studies, 2009.
MATTHEWS, J. The Emperor and his historians. In: MARINCOLA, J., A Companion
Greek and Roman Historiography I. Oxford: Blackwell, 2007, p.291-304.
WIRTH, G. Rome and its germanic partners in the fourth century. In: POHL, W.
Kingdoms of the Empire. The integration of barbarians in Late Antiquity. Leiden-New
York-Köln: Brill, 1997, p.13-55.
Recebido: 25/07/2014
Received: 25/07/2014
Aprovado: 16/10/2014
Approved: 16/10/2014