Vous êtes sur la page 1sur 21

Licenciado sob uma Licença Creative Commons

FRIGUETTO, R.

Da teoria à prática política: o exercício do poder na Antiguidade


Tardia

From theory to practice policy: the exercise of power in Late Antiquity

Renan Frighetto

Doutor em História Antiga pela Universidad de Salamanca, professor permanente do programa de Pós-
Graduação em História da Universidade Federal do Paraná e membro do NEMED, Curitiba, PR - Brasil.
E-mail: rfrighetto@hotmail.com .

Resumo

Ao estudarmos períodos tão recuados como a Antiguidade Tardia (séculos II – VIII) deparamo-
nos com personagens portadores de grande prestígio e autoridade, como os imperadores romanos
e os reis romano-bárbaros. Contudo, devemos recordar que tais indivíduos dificilmente
governariam sozinhos, contado com apoio de outros aliados, os grupos aristocráticos e
nobiliárquicos, com os quais partilhariam sua autoridade. Esse estudo pretende avaliar como o
poder dos imperadores e reis tardo antigos era de facto exercido e quais seriam os mecanismos
políticos por eles utilizados para alcançá-lo. Para tanto, utilizaremos exemplos limitados
cronologicamente entre o reinado de Trajano (98-117) e o regnum gothorum da Aquitania (418-
507).

Palavras-chave: Antiguidade Tardia. Exercício do poder. Visigodos.

Abstract

The study periods as indented as Late Antiquity (II centuries - VIII) we find characters bearers of
great prestige and authority as the Roman emperors and Roman-barbarian kings. However, we
must remember that such individuals hardly govern alone, counted with the support of other
allies, the aristocratic nobility, groups with whom they would share their authority. This study
aims to assess how the power of emperors and kings late antique was de facto exercised and what
are the policy mechanisms used by them to reach it. To this end, we use examples chronologically
limited to the reign of Trajan (98-117) and gothorum regnum of Aquitaine (418-507).

Keywords: Late Antiquity. Exercise of power. Visigoths.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


História, Memória, Poder e Política.
Rerum omnium thesaurus memoria est.
(Isid.,Sent.,I,13,7)

A epígrafe presente no começo deste estudo revela-nos a importância da memória


como mantenedora de um passado vívido. Com efeito, a citação feita por Isidoro de
Sevilha de que a memória é o verdadeiro receptáculo de todo o conhecimento baseava-se
numa tradição manuscrita anterior, proveniente de Cícero1, recuperada por Plínio, o
Jovem2 e transmitida ao bispo hispalense, provavelmente, pela leitura que este realizou
das Confissões de Agostinho de Hipona3. Ou seja, verificamos que a argumentação
proposta pelo hispalense encontrava-se amparada nos manuscritos legados pelos autores
que eram considerados nos primórdios do século VII como as autoridades do passado4 e
que chegaram ao seu conhecimento de forma manuscrita, revelando no próprio Isidoro de
Sevilha “uma reverencia pelos textos escritos”5. Portanto os manuscritos materializavam
as tradições preservadas pela memória6 e também a narrativa dos acontecimentos do
passado7 que seriam mantidos e legados às gerações futuras. Por isso a elaboração e a
escrita da História e de outros estilos narrativos, como as epistolas, as biografias ou os
panegíricos, envolviam o amplo domínio de conhecimentos como o da Gramática e o da
Retórica8, fundamentais para o desenvolvimento e à difusão dos conhecimentos do
passado nos ambientes sociopolíticos mais destacados na Antiguidade e no Medievo9.
Escritos que nos legaram uma variegada quantidade de informações e que nos propiciam
a análise de temas que envolvem a relação entre o exercício do poder e a assunção de
indivíduos à condição de domini em um determinado espaço político, profundamente
marcada pela elaboração teórica que caracterizaria o modelo ideal de indivíduo daqueles
detentores do poder e a sua participação no conjunto da comunidade cívica.
Para exemplificarmos as relações entre o poder enquanto prática individual ou
coletiva e a política como espaço de teorização da vida em comunidade cívica
utilizaremos uma passagem dos escritos isidorianos que podemos considerar como

1
Cic.,De Orat.,I,5,18
2
Plin.,Ep.,I,22,2
3
Especialmente Aug.,Conf.,X,8,15
4
Com grande destaque para Agostinho de Hipona, Isid.,Etym.,VI,7,3: Horum tamen omnium studia
Augustinus ingenio vel scientia sui vicit...
5
CAVALLO, G., 1995, p.151.
6
Isid.,Etym.,I,3,2.
7
Isid.,Etym.,I,41,1
8
Aug.,De Ordine,II,12; Isid.,Etym.,I,41,2 .
9
Um estudo recente e de grande qualidade sobre a importância dos breviários como difusores do
conhecimento histórico na Antiguidade Tardia é o de SANCHEZ VENDRAMINI, D., 2012, p.275-325.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


característica do pensamento político tardo-antigo. Ao definir o que seria o poder de
mando militar possuído pelo imperador,

Entre os romanos, o nome de imperadores se aplicou a princípio


exclusivamente aqueles que possuíam o poder supremo no exército e
por isso o título de imperatores deriva de imperar sobre o exército.
Depois de terem desfrutado por muito tempo os chefes militares deste
título de imperatores, o
senado acreditou oportuno que este nome devia pertencer unicamente a
César Augusto e que este título o distinguisse dos reis dos demais
povos. Os césares sucessivos seguiram detendo esta denominação 10,

Isidoro de Sevilha revela-nos a vinculação desse poder com uma ação prática,
efetiva, de alguém que imperava sobre o exército, exercia sobre as legiões um poder
supremo que seria concedido por uma instituição cívica, o senado. Ora, partindo dessa
definição podemos dizer que o bispo hispalense referia-se, primeiramente, a autoridade
possuída por alguém, o imperador, que exercia um poder efetivo sobre um conjunto de
indivíduos que formavam parte do segmento militar no mundo romano colocando-o,
dessa forma, como detentor de um poder extraordinário e com características
personalistas. De outra parte, ao apontar que tal poder imperial e militar passava pela
concessão e pelo reconhecimento de um coletivo institucional, o do senado romano,
Isidoro de Sevilha recuperava um topos da tradição política republicana que estabelecia
que “...esta autoridade (império) era destinada aos homens mais sábios e justos...”11 ou
aqueles que eram os mais aptos para exercerem o poder e que integravam os segmentos
políticos mais destacados da sociedade romana.
Ou seja, de acordo com o descrito pelo hispalense, podemos estabelecer conexões
muito bem definidas entre o poder que era fruto de uma ação prática característica de uma
vida ativa e que estava pautada pela liderança militar e, por outro lado, a política que
estava amparada na convivência no interior da comunidade cívica baseada em uma série
de princípios teóricos e em virtudes ético-morais que revelavam a busca idealizada pelo
consenso e concórdia universais. Assim, o imperador descrito pelo hispalense, detentor
de um poder militar efetivo que o transformava em um símbolo junto aos seus
comandados, teria como autêntico paralelo no mundo da política à figura do príncipe,
pois “o termo princeps significa tanto uma dignidade como uma gradação (...). O

10
Isid.,Etym.,IX,3,14
11
Cic.,De Leg.,III,2,4

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


significado de princeps deriva de capere porque é ‘o primeiro que colhe’, do mesmo
modo que ‘munícipe’ é o que ocupa cargos”12, surgindo como modelo exemplar para o
conjunto da cidadania romana13.

Os mecanismos para a ascensão ao poder político no mundo romano

Este seria o caso de Marco Ulpio Trajano (98-117), princeps e imperator romano
na virada do século I para o século II. Denominado pelo famoso panegírico de seu amigo
e aliado Plinio, o Jovem, como o Optimus princeps14, Trajano aparece delineado nesse
escrito laudatório como portador de uma imagem positiva na qual o princeps surgia como
a representação terrena de Zeus/Júpiter, o mais importante de todos os deuses do panteão
greco-romano15. Epiteto que certamente foi conservado pela historiografia senatorial
romana e que chegou até os nossos dias, nomenclatura que antagonizava Trajano ao seu
antecessor o princeps malus Domiciano, associado ao grupo dos Flavios e que foi
demonizado pelo ambiente senatorial ao ponto de receber a pena da Damnatio
Memoriae16. Deixaremos a abordagem da legitimidade ou do exagero de tal juízo
senatorial sobre Domiciano para outro momento, centrando-nos sobre a forma e os
mecanismos de ascensão que elevaram Trajano à condição imperial e que tem relação
direta com os elementos conjunturais característicos do principado romano em finais do
século I e princípios do século II. Sabemos que Trajano integrava o ambiente senatorial
romano17 e que gozava de grande prestígio desde o governo de Domiciano – fora cônsul18

12
Isid.,Etym.,IX,3,22
13
De acordo com LENDON, J. E., 1997, p.129-30, “...Observers perceived the emperor’s subjects as
inclined to imitate hum and defer to him; they noted the power (and danger) inherent in the fact that nearly
all relations with him had immense honour consequences (…). In the first place, their own outlook
encouraged aristocrats to imitate the emperor as the most honorable man in the world (...). Emperors’
appearance, diet, and hair-style were enthusiastically copied the great men of Rome and the provinces…”
14
Plin.,Paneg.,LXXXVIII,5-10
15
Para HIDALGO, M. J., 1995, p.105-6, “…La exaltación incondicional y hasta cierto punto hiperbólica
que Plinio realiza sobre Trajano en su panegírico, no sólo responde a una exigencia retórica según la
enseñanza escolástica quintilianea, en la que la relación entre laus y uituperatio (…) es un componente
fundamental, sino además a una necesidad de oportunismo político con respecto a su análisis estructural
sobre la contraposición entre el pessimus y el optimus princeps (…). En este sentido se puede considerar el
panegírico como un manifiesto de propaganda senatorial en el que se delinea la figura del soberano
ideal…”, especialmente na p.115, “…Sabemos que el gobierno de Trajano es considerado como un munus
de Zeus (…). Además, al comparar la acción de Trajano y la de Júpiter constata que a Iupiter Optimus
Maximus en el cielo corresponde Traianus Optimus princeps en la tierra…”; ver também STADLER, Th.,
2013, p.67-82.
16
Plin.,Paneg.,LII,4; Suet.,Vit.Dom.,23
17
Plin.,Paneg.,IX,2.
18
Aur.Vic.,De Caes.,13

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


e também legado militar na Síria, na Hispania e na Germania19 além de ser nomeado
governador da Germania Superior por Nerva20 – reunindo em sua pessoa as experiências
senatorial e militar21. Certamente que tais atributos foram fundamentais à hora de sua
escolha, por meio da adoção, como herdeiro e sucessor de Nerva (96-98), princeps
escolhido no ambiente senatorial logo após a eliminação de Domiciano22.
Eis que aqui encontramos um primeiro sinal de questionamento daquela
conjuntura política característica de finais do século I23, na medida em que a ascensão de
Trajano por via da adoção pode ser interpretada como uma resposta a uma prática política
implantada pelos Flavios e que se pautava no consorcio, na forma de sucessão
hereditária24, equiparando-os, em termos teóricos e ideológicos, com os princípios
monárquicos e autocráticos comuns das monarquias helenísticas25 e contra os quais a
tradição senatorial romana conservava o seu discurso. Assim, a escolha de Trajano como
sucessor de Nerva deve ser interpretada como uma reação natural àquela conjuntura que

19
Plin.,Paneg.,XIV,1-5.
20
Plin.,Paneg.,IX,2.
21
Como indica HIDALGO, M.J., 1995, p.113, “…En este sentido el aspecto militar domina na la figura de
Trajano, no hay que olvidar al respecto que, ante los problemas con el ejército que surgieron con Nerva, la
alternativa de un soberano prestigioso desde el punto de vista militar, pero capaz a su vez de llevar a cabo
un consenso con el Senado, se mostraba más que conveniente…”;
22
Plin.,Paneg.,VIII, 5; segundo HIDALGO, M. J., 2012, p.100, “...Tan solo Nerva, con quien se implanta
el modelo de la adoptio, muestra una cierta originalidad y novedad desde el momento que opta para la
sucesión por adoptar a un miembro de una familia ajena a la suya…”.
23
Interessante observação feita por BRAVO, G., 2013, p.26, “...Hay crisis conyunturales. Pero diferentes
por épocas o ámbitos y sobre todo de desigual incidencia en términos regionales o locales. Estas crisis
deberían haber afectado a elementos esenciales del sistema imperial hasta provocar su desaparición, pero
no fue así porque el Estado pudo arbitrar reformas periódicas encaminadas a aminorar sus efectos negativos.
No obstante, son los historiadores quienes establecen mediante el análisis la mayor o menor relevancia de
unos ámbitos u otros: para unos es la economía, la fiscalidad e incluso la moneda; para otros, en cambio,
es el ideológico y, en particular, el religioso, el que caracteriza de forma indiscutible a este periodo…”;
bem como PLÁCIDO, D., 2008, p.138, “…Así, la epoca inaugurada por Trajano sería precisamente
interesante por el desarrollo de un mundo imaginario capaz de enmascarar con éxito las tensiones propias
del inicio de una época en plena trasformación…”.
24
Como indicado por PEACHIN, M., 2006, p.129, “…it has long been tempting to suppose that Nerva was
chosen not so much for his political distinctions, virtue, or abilities, but instead, because he was aged, in
rather poor health, and without male descendants. He may have seemed the perfect candidate precisely
because he not found a dynasty (…). It has even been suspected that in certain sectors of the elite an
agreement was reached that princes would henceforth be carefully selected for their personal qualities and
talents…”
25
De acordo com SORDI, M., 2011, p.210, “...in profondo contrasto con la concezione teocratica
orientalizzante che, importata nel mondo romano da Antonio, ebbe la sua affermazione nelle esperienze
aberranti di Caligola e di Nerone e nella autocrazia di Domiziano dominus et deus...”; a relação entre as
monarquias helenísticas e o principado romano é destacada por MILLAR, F., 2001, p.3, “...for, just as the
memory of Alexander exercised na enduring influence on the military role of the emperor, so there persisted
long-established conceptions of what a ‘king’ should be which did indeed help to transform a Roman
princeps into a descendant of the Hellenistic kings…”.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


o antecedeu e na qual ele próprio encontrava-se inserido e da qual usufruiu plenamente26.
Contradição curiosa, mas totalmente amparada nas práticas políticas comuns de seu
tempo e que integravam Trajano ao ambiente de renovação política do poder imperial
apresentando-o, juntamente com todo o seu grupo de apoio político, como restaurador das
práticas políticas tradicionais do tempo de Augusto27. Contudo, devemos recordar que
estamos nos referindo a determinadas práticas que precediam a definitiva chegada do
indivíduo à condição imperial, pois tanto a adoção como o consorcio surgiam como
formas de escolha dos futuros candidatos imperiais28. Seriam outros mecanismos
políticos que dariam respaldo e reconhecimento institucionais ao indivíduo anteriormente
escolhido, a aclamação popular e legionária que reforçava a condição de imperator do
novo governante29 ao lado da eleição no ambiente senatorial que solidificava o status do
soberano como princeps senatus30. Logo, tanto a aclamação como a eleição eram, de
facto, as ações práticas que possibilitavam a validação da ascensão ao poder imperial
daquele que foi anteriormente indicado e escolhido31, deixando a condição de provável
sucessor e passando à de imperator/princeps responsável pela unidade sociopolítica, pelo
consenso universal e pela concórdia das ordens.

Os mecanismos para a ascensão ao poder político entre as gentes


bárbaras

É interessante notarmos que tanto a aclamação como a eleição de Trajano


enquanto imperator e princeps dos romanos encontrava um interessante paralelo entre as
tribos bárbaras da Germania. Assim podemos deduzir a partir das informações oferecidas
pela Germania de Tácito, contemporâneo e provavelmente integrante do grupo político

26
Segundo PLÁCIDO, D., 2008, p.144, “…Nerva adopta así a Trajano, que, de otra parte, resultaba
aceptable por los sectores militares, más inclinados a la sucesión dinástica, donde veían la trasmisión de los
poderes carismáticos que llevan a la victoria…”.
27
Flor., Epit., Praef., 9; segundo HIDALGO, M.J., 1995, p.117, “…La imagen de Trajano se hace
republicana y retoma los valores y las ceremonias propias de esa época. Este proceso que recuerda a otro
similar con Augusto, al que Trajano quiere emular…”; ideia também apontada por WOOLF, G., 2002,
p.184, “…and Florus, in the preface to the first book of his Epitome of Livy, complained of the laziness of
emperor apart from Trajan, in comparison to Republican conquerors…”.
28
Para PLÁCIDO, D., 2008, p.142, “…la adoptio hace que el poder se libere de la cognatio, pues las
condiciones para su ejercicio no pueden depender de la gratia uxoris. Se elabora así una teoría de la
transmisión contrapuesta al matrilinealismo predominante en la dinastía Julio-Claudia…”.
29
Plin.,Paneg.,2,6; Ael.Spar., Vit.Hadr.,6,1-3; Ael.Spar.,Sev.,5, 2-3.
30
Plin.,Paneg.,88,4; Ael.Spart.,Vit.Hadr.,8,1-4
31
Plin.,Paneg.,7,5; 88,7; Ael.Spart.,Sev.,7,5-6

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


do Optimus princeps e de Plínio32, que acentuavam a relevância da aclamação, seguida
da eleição, realizada entre os integrantes dos grupos aristocráticos bárbaros no processo
de escolha daquele que reunia as melhores condições de exercer o mando militar, o rex
que lideraria os seus guerreiros durante determinada campanha ou ação bélica 33.
Amparada na perspectiva da feritas imputada aos bárbaros e assente na fortaleza militar34,
o exercício da autoridade e do poder efetivo do rex barbarorum estava limitado
temporalmente à duração da ação para a qual ele havia sido aclamado e eleito35,
aproximando estes mecanismos políticos de ascensão ao poder temporário do rex bárbaro
com aqueles detidos pelo cônsul que recebia a delegação do imperium no período da
República romana36. Certamente que podemos aqui perceber uma evidente idealização
política de Tácito que tentava aproximar as formas do poder político e seus mecanismos
desenvolvidos entre os bárbaros às tradições políticas republicanas romanas, exaltadas e
acentuadas no principado do Optimus princeps37. Ou seja, seguindo a ótica de Tácito, a
pax, a concordia e a libertas levadas por Trajano aos bárbaros difundiam o universalismo
político romano que extrapolava os limites do orbis romanorum atingindo e integrando
outros âmbitos da oikumene demonstrando que aquela barbárie era passível de integrar-
se à romana ciuilitas38.

32
Esse é o ponto de vista apontado por MATTHEWS, J., 2007, p.290-2, “...the struggle for liberty against
autocracy. This is the central issue in Tacitus, especially in his last work, the Annals, in which he traced the
decline of senatorial liberty under the growing tyranny of the Julio-Claudian dynasty (…). Like his
contemporaries the younger Pliny and the satirist Juvenal, Tacitus wrote of the dark times of tyranny after
they had passed, with an awareness of moral complicity vividly expressed in the final chapters of the
Agricola; Tacitus hold how he and other senators stood by while their colleagues were dragged off the
execution…”; idea presente em Tac.,Agr.,3.
33
Tac.,Germ.,7; 11;14
34
Treb.Poll.,Tyr.Trig.,III,1; V,1-2; Eutr.,Brev.,6,20; 8,2; 9,26; Aur.Vic., De Caes.,19,4; 33,8,20,32; 39,45;
Or.,Hist.Adv.Pag.,VII,28,29; Iord.,Get.,29,146; visão que vinculava-se ao passado republicano, WOOLF,
G., 2002, p.178, “…Latin authors conceived of barbarians as distinguished from Romans by the feritas and
their lack of humanitas. Part way between men and beasts, the barbarian characterized inter alia by his
warlike nature...”
35
Tac.,Germ.,7:...Nec regibus infinita aut libera potestas, et duces exemplo potius quam imperio, si
prompti, si conspicui, si ante aciem agant, admiratione praesunt...
36
Cic.,De Leg.,III,8.
37
Segundo PLÁCIDO, D., 2008, p.139, “…Para Tácito, de todos modos, lo que le permite encarar el futuro
con expectativas de progreso es la figura de Trajano, presente en todo el pensamiento político de la
Germania…”,
38
Uma interessante análise foi oferecida por BENARIO, H.W., 1968, p.50, “…It is Trajan and his new
principate that color Tacitus’ thought in the political parts of the Germania. The recapitulation of the long
frustration in Rome’s contact with the Germans (…) is a piece of past history. Tacitus looks to the future
with the expectation of great events, not with foreboding of disaster, imminent or distant. At the beginning
of his career of historian, Tacitus shares with the populus Romanus the confidence engendered by the
beatissimum saeculum.”

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


Portanto, parece-nos certo dizer que o poder político detido por aqueles que
exerciam alguma autoridade delegada pelos integrantes dos grupos aristocráticos e que
era propugnado pela tradição helenística greco-romana pode ter influenciado as práticas
e os mecanismos políticos existentes entre os bárbaros. Por sua vez, devemos levar em
consideração a possibilidade de que os bárbaros possam ter igualmente contribuído
decisivamente para o surgimento de novas percepções políticas adotadas pelos romanos
através dos múltiplos contatos estabelecidos nas áreas limítrofes por meio das trocas
comerciais ou pelas confrontações militares39.
Esta interação político-cultural intensificou-se na romanidade tardia (séculos III –
IV) período marcado pela transformação, atualização e readequação das práticas políticas
e institucionais do passado helenístico, a começar pela mudança da concepção à volta do
poder político de um único princeps – imperator sobre todo o orbis romanorum, sempre
representado pelas imagens perfeitas de um Augusto ou de um Trajano. A partir do
governo de Septimio Severo (193-211)40, as fontes historiográficas romanas revelam-nos
uma constante partilha do poder político entre vários Augustos e Césares41, legítimos ou
ilegítimos, demonstrando-nos uma efetiva lógica de que era melhor “dividir para
administrar”, sem esquecermos a força que as províncias imperiais já demonstravam
desde então e que acentuavam a importância dos poderes de caráter regional, bem como
dos grupos aristocráticos nelas fixados42. Tais indícios podem ser considerados como
fatores das múltiplas ações usurpatórias observadas ao longo da terceira e da quarta

39
De acordo com GASPARRI, S. & LA ROCCA, C., 2013, p.75, “...La moderna ricerca há radicalmente
cambiato questo quadro e há sottolineato invece sempre di più i punti di contatto fra le genti barbariche e
l’impero. Il barbaricum, il territorio al di là dei confini territorial dell’impero (il limes), non era un mondo
alieno, ma piuttosto la periferia povera dell’impero, a esso strettamente legata da mille fili, economici,
culturali, militari...”; a mesma perspectiva é apresentada por MATHISEN, R., 1993, p.2, “…Roman culture
influenced the impressionable barbarians in many ways…”; e também por GEARY, P., 2005, p.96-7, “...Ao
longo dos séculos I e II, os grupos que viviam perto dos romanos começaram a abrir mão de seus reis sacros
tradicionais em favor de líderes guerreiros que pertenciam a antigas famílias reais ou a classes de
combatentes bem sucedidos. Essa mudança favoreceu o Império, já que Roma podia influenciar mais
facilmente os novos líderes (...). Por volta do século III, o Império havia transformado até mesmo
populações que viviam além de suas fronteiras (...). Os efeitos da proximidade romana, não apenas entre os
bárbaros que viviam ao longo do limes como também entre os que viviam bem além, foram
consideráveis...”.
40
Sobre o período dos Severos, um excelente e recente estudo é o de GONÇALVES, Ana Teresa Marques,
2013, pp.24-34.
41
Ael.Spart.,Sev.,X,3; XIV,3-4; XVI,3-4; XVIII,8-10; XIX, 2-4; Iul.Cap.,Max.Duo,XIV,2-5; XXII,6;
Treb.Poll.,Val.Duo,II,2
42
Para MACMULLEN, R., 1990, p.198, “…Nevertheless revolts as distinct from palace assassinations
occasionally were attempted, and we might expect to hear a lot about them. They generally originated
among the best-known people, aristocrats …”.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


centúrias quando um chefe militar romano, apoiado pelas aristocracias regionais43 e em
alguns casos por lideranças bárbaras44 fixadas com seus grupos nas áreas limítrofes do
mundo romano na condição de dediticii45, alçava a condição imperial através das
tradicionais formas de aclamação legionária e da eleição que davam legitimidade e
reconhecimento do pretendente ao poder político entre os segmentos aristocráticos
regionais.
Assim, observamos o desenvolvimento de uma importante mudança estrutural que
readequou a concepção unitária com perfil helenístico dos tempos do principado,
assentada sobre o princípio ideológico que valorizava a unidade política à volta de um
único detentor do poder em todas as suas dimensões, passando a situá-la sobre um
conjunto maior de governantes/ soberanos que reuniriam em torno de si mesmos a ideia
e a prática da defesa da unidade romana nas áreas sob sua dominação e hegemonia46.
Efetivamente verificamos, a partir de então, um incremento dos escritos teóricos que
passavam a associar os governantes romanos como representantes terrestres escolhidos
pela vontade das divindades, tanto os de procedência neoplatônica como aqueles
elaborados pelo pensamento cristão47. Uma associação que reforçava ideologicamente a
força política e autocrática dos soberanos, colocados naqueles escritos como receptores
de uma delegação divina48, diante de suas respectivas sociedades políticas formadas pelos
grupos aristocráticos e nobiliárquicos que detinham um grande prestígio graças ao
destaque imputado aos seus antepassados, aos cargos e funções por eles desempenhados
junto à administração regional romana e as forças sociopolíticas e militares por eles

43
Ael.Spart.,Sev.,XII,1-2; Treb.Poll.,Tyr.Trig.,III,3-4;6; Sulp.Sev.,Dial.,III,6,2; Or.,Hist.,VII,34
44
Mam.,Paneg.Max.,a.289,XI,4; Or.,Hist.,VII,35
45
Sobre os Dediticii WIRTH, G., 1997, p.13-55; as diferenças existentes entre os dediticii e os foederati
são descritas por HEATHER, P., 1997, p.61-4.
46
Por exemplo, Mam., Paneg.Max., a.289, I, 5; III,1; XIII,1-2; Mam.,Paneg.Max.,a.291,III,3-6;
Paneg.Cons.,a.297,III,2; IV,1; XXI,1; Eum.,Orat.,a.298,XXI,1-2; Paneg.Max.et Const.,a.307,I,1; XIII,3;
Eutr.,Brev.,VIII,18-19; IX,2,1-2; 3; 4; 5; 7; 18,1; 19,3; 22,1; X,1,1-2; 2,1-2; Aur.Vic.,De Caes.,32,1-3;
38,1-2; 39,17,24-25,30; 40,1; 41,6.
47
Na opinião de TEJA, R., 1999, p.43, “…Resulta indudable que el cambio ideológico-político más
importante que se produce en el periodo tetrárquico es la afirmación del carácter divino del poder
imperial…”; também FRIGHETTO, R., 2007, p. 302; SORDI, M., 2011, pp.211-6; a fusão entre os
pensamentos neoplatonico e cristão aparecem nos escritos de Firmicus Maternus, muito bem analisados por
LENSKI, N., 2012, pp.472-5.
48
Na opinião de LENSKI, N., 2012, p.477, “…Not only does it show up throughout the works of
Constantine’s advisor Lactantius, but it is also Constantine’s most common designation for his favored
divinity in his extant Latin letters. The same designation also recurs in documents written by Constantine
ad preserved in Greek by Eusebius…”

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


lideradas49. Grupos políticos que também escolhiam e delegavam aos governantes tanto
a potestas quanto a auctoritas necessárias para o desempenho efetivo de suas funções
políticas e administrativas em um determinado âmbito territorial50.
Em nossa opinião esta dinâmica política acabou por influenciar, de forma direta,
às populações bárbaras que encontravam-se em contato mais intenso com o orbis
romanorum. Fixadas no interior dos territórios imperiais nas áreas próximas aos limites
da Germania, aquelas tribos eram lideradas por reges que negociavam acordos e pactos
em nome de seus respectivos grupos políticos com as autoridades romanas51. Como
exemplo, temos o caso apresentado por Ammiano Marcelino das tribos godas fixadas nas
regiões da Trácia no ano de 37652 no qual se destacava o papel de liderança continua entre
os Thervingios53 exercido pelo aristocrata bárbaro Fritigerno, denominado como dux e
como rex que conduziu os seus sócios em diversas campanhas militares54, reforçando a
sua posição de destaque entre os optimates bárbaros55 que o levaram à condição de rex de
forma mais estável dentre os seus liderados56. Foi graças a este estado permanente de
conflito que Fritigerno manteve a sua condição de liderança perante os seus grupos
aristocráticos godos, aspecto igualmente apontado pelas Historias de Paulo Orósio ao
referir-se a Alarico57, exemplos que explicaria essa mudança de perspectiva que acabou
por promover um princípio de institucionalização da realeza entre os bárbaros e que foi
consolidado ao longo do século V58.
Ora, a partir destes exemplos observamos uma importante readequação, desde o
ponto de vista político e institucional, das antigas e tradicionais estruturas políticas

49
Paneg.Const.,a.313,II,4-5:…Quisnam te deus, quae tam praesens hortata est maiestas, ut, omnibus fere
tuis comitibus et ducibus non solum tacite mussantibus, sed etiam aperte timentibus (...). Habes profecto
aliquod cum illa mente diuina, Constantine, secretum, quae delegate nostri diis minoribus cura uni se tibi
dignatur ostendere…
50
Por exemplo Sulp.Sev.Chron.II,49; Sulp.Sev.Uit.Mart.IV,1-2.
51
Este foi o caso do rei Vadomarius e dos seus Alamani no tempo em que Juliano transformou-se em
Augusto na Galia, Amm., R. G., XXI,3,4; 4,1.
52
Amm. R. G. XXXI,4,7
53
Os Tervingi aparecem mencionados em Mam.,Paneg.Max.,a.291,XVII,1
54
Amm., R. G., XXXI,5,7; Socr.Esc.,HE,IV,33
55
Amm., R. G., XXXI,6,1-5; Socr.Esc.,HE,IV,33.
56
Amm.,R.G., XXXI,12,8,14; a batalha de Andrinopla e seu significado para a autoridade imperial romana
oriental são muito bem analisadas no estudo de LENSKI, N., 1997, p.129-68.
57
Or.,HAP,VII,33,9
58
Com respeito ao caso dos Godos, VALVERDE CASTRO, M.R., 2000, p.41, “…Termina para los
visigodos el período de las migraciones, una etapa en la que hemos constatado la consolidación de la realeza
frente de la sociedad. La institución monárquica, beneficiándose tanto de sus éxitos militares como de la
relación constante con el mundo romano, se ha convertido, políticamente, en el órgano central y permanente
de gobierno, ha diversificado sus poderes y ha ampliado el ámbito de aplicación de los mismos a las
poblaciones romanas…”.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


existentes desde o principado romano que foram paulatinamente atualizadas e renovadas
para responderem as novas realidades do período caracterizado pela configuração dos
regna romano-bárbaros a partir dos primórdios do século V, quando a mútua influência
política e institucional entre romanos e bárbaros tornou-se mais evidente. Certamente que
um sinal favorável dessa interação política e institucional romano-bárbara relacionava-se
com a modificação do conceito de regnum que começou a ganhar uma conotação positiva
a partir de então59. Regnum que passava a ter um paralelo com o imperium60, este último
próprio dos romanos, onde tanto a auctoritas como a potestas possuídas pelo rex e
exercidas sobre uma área geográfica determinada tinham direta vinculação com a sua
aclamação por parte dos combatentes das hostes e da eleição dentre os optimates e
maiores que lideravam os grupos clânicos bárbaros e, com o passar do tempo, as grandes
famílias aristocráticas de origem autóctone e romana estabelecidas naquelas regiões sob
a dominação dos regna romano-bárbaros61.

Os mecanismos para a ascensão ao poder político no regnum


visigothorum Tolosanum

Assim, queremos dizer que ao longo do século V as populações bárbaras fixadas


nos territórios romanos ocidentais puderam, de forma paulatina, estabelecer e organizar
os seus respectivos espaços geopolíticos em vários regna. Para tanto a participação dos
grupos aristocráticos e nobiliárquicos de âmbito regional, de origem romana ou bárbara,

59
Para SORDI, M., 2011, p.210, “...Fondato sulla communione dei diritti e dei doveri, il regnum è anch’esso
una res publica e non è incompatibile con la libertas: le leggi che l’imperatore impone agli altri (...) le
impone anche a se stesso; egli è il primo custode delle leggi che emana e la sua potestas trova il suo limite
nella potestas de Dio, a cui egli stesso è subditus e a cui deve il suo impero...”.
60
Ambr.,Ep.XXIV ad Valentiniano,3; 4
61
As relações sociopolíticas entre os godos com os segmentos da aristocracia regional romana, no caso da
Galia, é apresentado por HEATHER, P., 1998, p.183; segundo VALVERDE CASTRO, M.R., 2000, p.70,
“…La nobleza militar visigoda, al adquirir propiedades fundiarias, refuerza su poder político y su posición
social y paulatinamente tiende a asimilarse a sus congéneres romanos. Parte de éstos, ante la creciente
debilidad del poder imperial y el aumento paralelo de la autoridad del rey visigodo, empiezan a aceptar la
nueva situación política y tratan de insertarse en ella salvaguardando sus propios intereses. Como
consecuencia de estas realidades, los intereses de ambas clases dirigentes tienden a armonizarse, y ahora
tanto la nobleza goda como la galorromana necesitan disponer de una maquinaria política y jurídica que
asegure su privilegiada posición al frente de la sociedad, con lo que se potencia la formación del reino
visigodo…”; e MATHISEN, R., 1993, p.29, “…Bit by bit, more and more of Gaul came under barbarian
jurisdiction during the fifth century. Regardless of whether this or that area was occupied violently or
peacefully, Roman aristocrats found that the barbarian presence affected their lives in a number of ways.
On several levels it became difficult, or impossible, to carry on as before. Even Gauls who did not have
regular, personal contact with individual barbarians could not ignore some troublesome effects of the
barbarian settlement…”; com respeito aos suevos na Gallaecia, ver DIAZ MARTINEZ, P., 2011, pp.55-
68.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


foi essencial ao fortalecimento dos reges bárbaros enquanto personagens politicamente
destacados favorecendo, dessa forma, o alvorecer de uma instituição régia que em muitos
casos emulava a própria instituição imperial romana62.
Podemos utilizar, como exemplo, a ascensão de Valia, rex gothorum ao qual está
vinculado o estabelecimento dos godos na Aquitania a partir de 41863. Vale dizer que
desse momento em diante encontraremos, pari e passu, uma realeza goda vinculada a um
determinado espaço territorial inicialmente concedido pelos romanos, onde a auctoritas
do rex gothorum fazia-se efetiva e, em certa medida, autônoma com relação ao poder
político imperial romano ocidental. De fato, naquele espaço territorial da Aquitania
encontraríamos alguns alicerces institucionais que corroborariam a existência de um
regnum por parte dos godos, como o aparato administrativo preservado da romanidade
tardia e readequado conforme a nova realidade política trazida pelas tradições
aristocráticas bárbaras que incorporou alguns cargos e funções inexistentes entre os
romanos64 ou a fixação de um centro de poder político e administrativo em Tolosa onde
o rex residia e na qual se instalou uma corte que possuía os signos visíveis que
demonstravam o poder detido pelo soberano e que apareciam como verdadeira mimesis
em relação à autoridade imperial romana ocidental65. Logo, verificamos que o rex
gothorum surgia como o representante mais destacado do aparato administrativo do seu
regnum acumulando importantes atividades como a de receber os legados enviados tanto
pela autoridade imperial como por outros grupos bárbaros com os quais eram selados ou
renovados pactos e alianças66, além de ser o responsável pela promulgação e divulgação
das normas legais válidas para os integrantes das gentes bárbaras67 e também para os
súditos romanos sob sua tutela e proteção, atribuições anteriormente específicas da
autoridade imperial romana68. Por certo que o foedus entre os godos estabelecidos na

62
Segundo CHRYSOS, E., 2003, p.16, “…Following this demand several forms of imitatio imperii were
placed on the agenda. The court, the language, public ceremonies involving the king, court rituals, his titles
and dress, forms of distinct munificence to the people and many other expressions of power were imitating
of Roman forms that were thought to safeguard and support the position of the rex as dominus over his gens
and the Roman population in his regnum…”
63
Or.,HAP,VII,43,10; Hydt.,Chron.,a.419; Prosp.,Chron.,1271,a.419; Iord.,Get.,33,173.
64
Sid.Ap., Pan.Av.,450 – 4; Codex Euricianus,311
65
Sid.Ap.,Ep.,2;Sid.,Pan.Av.,214-21; 430 – 6; Isid.,HG, 31;32;33; 34;35; como indica DÍAZ, P.C., 1998,
p.181, “…La elección de una ciudad como sede regia abría el paso hacia la conformación de una corte y
una administración central donde se aunaban los servicios domésticos de origen germánico y una burocracia
cancilleresca de origen romano…”.
66
Hydt.,Chron.,a.456; a.458; a.463; a.465; a.466; a.467; a.468; a.469; Isid.,HG,33;34
67
Isid.,HG,35
68
Um estudo recente e interessante sobre o Breviário de Alarico II – Lex Romana Visigothorum é o de
CAÑIZAR PALACIOS, J.L., 2003-2005, p.47-56; e segundo HILLGARTH, J.N., 2009, p.9, “...More

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


Aquitania e os romanos, que foi mantido e renovado ao longo de aproximadamente meio
século – de Valia a Eurico, favoreceu a consolidação de tais ações e permitiu que a
instituição régia dos godos ampliasse a sua área de hegemonia e de dominação sobre
vastas regiões da Galia e da Hispania. Atividades militares que eram nominalmente feitas
e realizadas para que os godos defendessem os interesses romanos naquelas antigas
Dioceses imperiais, mas que de facto levaram ao aumento da força política detida pelos
godos minando ao mesmo tempo e de maneira significativa o já debilitado poder imperial
sobre os territórios romanos ocidentais que, de forma gradual, foi degradando-se até a sua
definitiva desaparição no último quarto do século V.
Foi o rex gothorum de Tolosa, especialmente nos reinados de Eurico (468-484) e
de seu sucessor Alarico II (484-507), a entidade institucional que ocupou uma
significativa parcela do vazio político deixado pela figura do romanorum imperator nos
territórios do ocidente tardo-antigo. Todavia, esta ampliação da hegemonia goda trouxe
diversos problemas relacionados à resistência oferecida pelos segmentos aristocráticos
senatoriais de regiões da Galia e da Hispania acostumados, pelo menos desde meados do
século V, com certa autonomia e independência em relação à autoridade imperial de
Ravena. Com efeito, durante o reinado de Eurico e de Alarico II, a imposição da tutela
goda por meio da força militar de várias ciuitates localizadas na Narbonense e na
Tarraconense69 acirrou os ânimos daqueles grupos políticos locais e regionais contra a
autoridade do rex gothorum gerando tentativas de usurpação que contavam, inclusive,
com a participação de integrantes das gentes godas70. Evidente que a aproximação entre
os elementos aristocráticos e nobiliárquicos autóctones, vinculados aos tradicionais
grupos senatoriais de origem romana, com aqueles que integravam o universo
aristocrático das gentes godas deve ser entendido como natural visto que tais grupos
faziam parte do mesmo ambiente sociopolítico, econômico e cultural, reunindo interesses
comuns. Ora, estas atitudes de resistência apontadas pelas fontes podem ser entendidas
como indícios de problemas políticos existentes entre o poder régio godo e as aristocracias
autóctones de procedência romana que foram derrotadas pelos godos, mas também
apontam para sérias dificuldades de relacionamento político entre o rex e alguns grupos

important is the evidence that in 506, under Euric’s son and successor, Alaric II, the roman administrative
structures were still in existence. Alaric II’s administration was capable of issuing a compilation of Roman
law – the Breuiarium Alarici or Lex Romana Visigothorum – which governed the roman population, and
was to exercise much influence over later generations…”.
69
Chron.Caes.,a.473; a.494; a.504; a.506; Isid.,HG,34
70
Chron.Caes.a.496; a.497

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


aristocráticos das gentes godas. Nesse sentido o crescimento progressivo do poder do rex
e, principalmente, do grupo político dos Baltos71 a ele vinculado pode ter gerado uma
paulatina insatisfação dos demais sócios políticos, os grupos que configuravam a
sociedade política dos godos que aclamavam e elegiam o rex gothorum provocando uma
latente confrontação entre os vários grupos aristocráticos godos. Este seria um elemento
a mais que poderíamos inserir no conjunto de hipóteses que explicariam a degradação das
relações entre o rei godo de Tolosa e as aristocracias goda e de origem romana sob a sua
auctoritas e que culminou com a derrota e a morte de Alarico II diante das forças franco-
burgúndias em Uogladum no ano de 50772.

Conclusões parciais

Portanto a configuração do regnum gothorum da Aquitania, entidade político-


institucional constituída entre os anos de 418 e 507, fazia parte de um processo estrutural
mais extenso que nós, historiadores do século XXI, podemos denominar como a
Antiguidade Tardia. Observamos que a partir do século II a partilha da autoridade e do
poder político entre vários agentes sociopolíticos foi constante e progressiva, revelando
uma alteração efetiva na forma como o poder político era exercido e desenvolvido,
aspecto esse que deve ser entendido de forma positiva como mantenedor de uma
instituição política imperial romana renovada. Certamente que a força das regiões mais
afastadas do centro do poder político, este último representado por Roma e pelas
províncias itálicas, teve um papel destacado nessa nova postura que revelou a necessidade
de novos Augustos e Césares que passaram a conviver simultaneamente e que tinham um
objetivo central, o de defenderem e manterem a unidade do orbis romanorum. Porém essa
necessidade de defesa e preservação do mundo romano revela-nos uma latente
conflitualidade que era gerada tanto por elementos externos, aqueles que geralmente
nominamos como bárbaros, mas também, principalmente, pelos próprios segmentos
políticos e militares romanos. Foi este estado permanente de conflito que propiciou, entre
os séculos III e IV, uma reformulação, ou uma readequação, dos mecanismos de poder
no mundo romano que favoreceram a constante atomização do poder imperial, em

71
Para tanto, vide GARCIA MORENO, L.A., 2008, pp.142-3.
72
Chron.Caes.,a.507; Isid.,HG,36

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


particular nos territórios romanos da Pars Occidentalis, culminada com a desaparição da
autoridade do romanorum imperator ao longo do século V.
Indubitavelmente que os elementos externos ao mundo romano, os bárbaros,
tiveram o seu papel naquele processo de fratura da autoridade imperial romana nos
territórios ocidentais. Contudo, passando ao largo de quaisquer elaborações maniqueístas,
observamos que ao constituírem entidades político-institucionais baseadas na tradição
imperial romana, os regna romano-bárbaros, as populações bárbaras buscavam a sua
integração ao âmbito da romana ciuilitas. Inclusive aquele estado permanente de conflito
por nós verificado no ambiente imperial romano dos séculos III e IV também encontrava-
se vívido entre os bárbaros, favorecendo a concentração e a perenidade do poder político
nas mãos de grupos aristocráticos específicos dos quais era eleito o próprio líder, o rex.
Logo, a institucionalização da realeza entre os bárbaros pode ser entendida como um
processo desejado pelos grupos aristocráticos, na medida em que o rei representaria a
vontade dos seus sócios políticos nos momentos de confrontação ou de negociações com
os romanos e outros grupos bárbaros. Contudo, a efetiva existência de um regnum
envolveria outros elementos que somente foram perceptíveis a partir de primórdios do
século V, quando os godos obtiveram por reconhecimento da autoridade imperial romana
ocidental a permissão de estabelecerem-se na Aquitania. Ou seja, a partir do momento
em que existe uma área territorial definida sobre a qual um rex barbarorum exerce a sua
autoridade extensiva a todo o conjunto populacional nela fixado é que nos deparamos
com a existência efetiva de um regnum. Naturalmente que o regnum gothorum da
Aquitania foi sendo constituído ao longo da quinta centúria, principalmente a partir do
momento em que as aristocracias bárbara e romana passaram a interagir comumente e o
rex gothorum, com a sua liderança guerreira e administrativa, ampliou o espaço
hegemônico de atuação daquelas aristocracias que o apoiavam.
Mas, pelo que pudemos observar do relato das fontes principalmente nos reinados
de Eurico e de seu filho Alarico II, a ampliação das áreas hegemônicas dos godos da
Aquitania para uma grande parcela dos territórios da Galia e da Hispania trouxe, também,
o choque contra os interesses dos grupos aristocráticos de origem romana a gerações
estabelecidos naquelas regiões. Por outro lado, a força de reis enérgicos e reativos, como
Eurico, colocaram a própria realeza e os grupos mais próximos a ela acima dos demais
parceiros aristocráticos gerando uma latente confrontação que se materializou em
algumas ações usurpatórias contra o poder régio. A derrocada de Alarico II diante dos

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


efetivos aristocráticos franco-burgúndios teve como pano de fundo os problemas gerados
pela ação hegemônica da realeza goda em finais do século V, mas absolutamente
simbolizou o fim da configuração de diversos regna romano-bárbaros nos antigos
territórios romanos ocidentais. Novas reformulações e novas readequações, amparadas na
tradição política imperial romana e nas experiências régias vividas, como a dos godos da
Aquitania, pautadas na partilha da autoridade e do poder político, possibilitaram a
configuração de novos regna romano-bárbaros que ainda foram frutos dessa estrutura
histórica que foi a Antiguidade Tardia.

Fontes primárias

Ael.Spar.,Vit.Hadr. = AELII SPARTIANI, De Vita Hadriani, ed. MAGIE, D. Scriptores


Historiae Augustae I. London-Cambridge: Loeb Classical Library 139, 1991.

Ael.Spart.,Sev.= AELII SPARTIANI, Severus, ed. MAGIE, D. Scriptores Historiae


Augustae I. London-Cambridge: Loeb Classical Library 139, 1991.

Ambr.,Ep. = AMBROSIUS MEDIOLANENSIS, Epistulae, ed. MIGNE, J.-P.


Ambrosius. Paris: Patrologia Latina XVI, 1852.

Amm., R. G. = AMMIANUS MARCELLINUS, Rerum Gestarum, ed. ROLFE, J.C.


Ammianus Marcellinus. History. Books 27-31. London-Cambridge: Loeb Classical
Library 331, 2001.

Aug.,Conf. = AUGUSTINUS HIPPONENSIS, Confessionum libri XIII, ed.


VERHEIJEN, L. Corpus Christianorum. Series Latina 27. Turnhout: Brepols, 1981.

Aug.,De Ordine = AUGUSTINUS HIPPONENSIS, De Ordine, ed. GREEN, W. &


DAUR, K. Corpus Christianorum. Series Latina, 29. Turnhout: Brepols, 1970.

Aur.Vic.,De Caes. = AURELIUS VICTOR, De Caesaribus, ed. DUFRAIGNE, P. Paris:


Les Belles Lettres, 1975.

Chron. Caes. = ANONIMUS, Chronicorum Caesaraugustanorum, ed. MOMMSEN, Th.


Monumenta Germaniae Historica. Auctorum Antiquissimorum Tomus XI – vol.II.
Berlim: Weidmannos, 1894.

Cic., De Orat. = MARCUS TULIUS CICERUS, De Oratore. Edição, tradução ao


castelhano e notas Iso, José Javier. Sobre el Orador. Biblioteca Clásica Gredos 300.
Madrid: Editorial Gredos, 2002.

Cic.,De Leg. = MARCUS TULIUS CICERUS, De Legibus, ed. DE PLINVAL, G.


Cicéron. Traité des Lois. Paris: Les Belles Lettres, 1959.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


Eum.,Orat.,a.298 = EUMENII, Pro instaurandis scholis oratio, ed. GALLETIER, E.
Panégyriques Latins I-II. Paris: Les Belles Lettres, 1949.

Eutr.,Brev. = EUTROPI, Breviarium ab urbe condita, ed. DROYSEN, H. Berlim: MGH


– Aulae Vimariensis Typographica, 1879.

Flor.,Epit. = FLORUS, Epitomae, ed. FORSTER, E. S. Florus. Epitome of Roman


History. London-Cambridge: Loeb Classical Library 231, 2005.

Hydt.,Chron. = HYDATIUS AQUAFLAVIENSIS, Chronica, ed. CAMPOS, J.


Cronicon de Idacio. Obispo de Chaves (s.IV-V). Salamanca: Ediciones Calasancias,
1984.

Iord.,Get. = IORDANES, Getica, ed. MOMMSEN, Th. Monumenta Germaniae


Historica. Auctorum Antiquissimorum Tomi V Pars prior. Iordanis Romana et Getica.
Berlim: Weidmannos, 1882.

Isid.,Etym. = ISIDORUS HISPALENSIS, Etymologiarum Libri XX, ed. DIAZ Y DIAZ,


M., OROZ RETA, J. & MARCOS CASQUERO, M. San Isidoro de Sevilla.
Etimologías. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1982.

Isid.,HG = ISIDORI HISPALENSIS EPISCOPI, De origine gothorum, ed. RODRÍGUEZ


ALONSO, Cr. Las Historias de los Godos, Vandalos y Suevos de Isidoro de Sevilla.
Leon: Colegiata de San Isidoro, 1975.

Iul.Cap.,Max.Duo = IULII CAPITOLINI, Maximini Duo, ed. MAGIE, D. Scriptores


Historiae Augustae II. London-Cambridge: Loeb Classical Library 140, 1993.

Mam., Paneg.Max. a.289 = MAMERTINI, Panegyricus Maximiano Augusto Dictus, ed.


GALLETIER, E. Panégyriques Latins I-II. Paris: Les Belles Lettres, 1949.

Mam., Paneg.Max., a.291 = MAMERTINI, Panegyricus Genethliacus Maximiano


Augusto Dictus, ed. GALLETIER, E. Panégyriques Latins I-II. Paris: Les Belles
Lettres, 1949.

Or.,HAP. = PAULUS OROSIUS, Historiarum Adversum Paganus Libri VII, ed.


SANCHEZ SALOR, E. Orosio. Historias Libros V-VII. Madrid: Editorial Gredos, 1982.

Paneg.Cons., a.297 = INCERTI, Panegyricus Constantio Caesari Dictus, ed.


GALLETIER, E. Panégyriques Latins I-II. Paris: Les Belles Lettres, 1949.

Paneg.Const.,a.313 = INCERTI, Panegyricus Constantino Augusto Dictus, ed.


GALLETIER, E. Panégyriques Latins I-II. Paris: Les Belles Lettres, 1949.

Paneg.Max.et Const.,a.307 = INCERTI, Panegyricus Maximiano et Constantino Dictus,


ed. GALLETIER, E. Panégyriques Latins I-II. Paris: Les Belles Lettres, 1949.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


Plin.,Ep. = PLINIUS, Epistulae, ed. RADICE, B. Pliny. Letters Books 1-7. London-
Cambridge: Loeb Classical Library 55, 1969.

Plin.,Paneg. = PLINIUS, Panegyricus, ed. RADICE, B. Pliny. Letters Books 8-10


Panegiricus. London-Cambridge: Loeb Classical Library 56, 1969.

Prosp.,Chron. = PROSPERI TIRONIS, Epitoma Chronicon, ed. MOMMSEN, Th.


Monumenta Germaniae Historica. Auctorum Antiquissimorum Tomus IX – vol.I.
Berlim: Weidmannos, 1892.

Sid., Ep. = SIDONIUS APOLLINARIUS, Epistularium, ed. LOYEN, A. Sidoine


Apollinaire. Tome II. Correspondance. Livres I – V. Paris: Les Belles Lettres, 2003.

Sid., Pan.Av. = SIDONIUS APOLLINARIUS, Panegyrici Avito Augusto, ed. LOYEN,


A. Sidoine Apollinaire. Tome II. Correspondance. Livres I – V. Paris: Les Belles
Lettres, 2003.
Socr.Esc.,HE = SOCRATES ESCOLASTICUS, Historia Eclesiastica, ed. MIGNE, J.-P.
Socrates et Sozomenus. Paris: Patrologia Graecae LXVII, 1864.

Sulp.Sev.,Chron.= SULPICIUS SEVERUS, Chronica, ed. CODOÑER MERINO, C.


Sulpicio Severo. Obras. Madrid: Tecnos, 1987.

Sulp.Sev.,Dial. = SULPICIUS SEVERUS, Dialogus, ed. CODOÑER MERINO, C.


Sulpicio Severo. Obras. Madrid: Tecnos, 1987.

Sulp.Sev.,Uit.Mart. = SULPICIUS SEVERUS, Uita Martini, ed. CODOÑER MERINO,


C. Sulpicio Severo. Obras. Madrid: Tecnos, 1987.

Tac.,Agr. = CORNELII TACITI, De Vita Iulii Agricolae, ed. HUTTON, M. &


PETERSON, W. Tacitus. Agricola. Germania. Dialogus. London-Cambridge: Loeb
Classical Library 35, 2006.

Tac.,Germ.= CORNELII TACITI, De Origine et situ Germanorum, ed. HUTTON, M.


& PETERSON, W. Tacitus. Agricola. Germania. Dialogus. London-Cambridge: Loeb
Classical Library 35, 2006.

Treb.Poll.,Tyr.Trig. = TREBELII POLLIONIS, Tyranni Triginta, ed. MAGIE,D.


Scriptores Historiae Augustae III. London-Cambridge: Loeb Classical Library 263,
1998.

Referências

BENARIO, H.W. Tacitus and the fall of the Roman Empire, Historia, Berlim, v.17,
p.37-50, 1968.

BRAVO, G. Crisis del Imperio Romano? Desmontando un tópico historiográfico,


Vinculos de Historia, Toledo, v.2, p.13-26, 2013.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


CAÑIZAR PALACIOS, J.L. Algunos apuntes sobre el Breviario de Alarico,
Romanobarbarica, Roma, v.18, p.47-56, 2003-2005 .

CAVALLO, G. Libros, editores y público en el Mundo Antiguo. Guía histórica y


crítica. Madrid: Alianza Editorial, 1995.

CHRYSOS, E. The Empire, the gentes and the regna. In: GOETZ, H. W., POHL, W. &
JARNUT, J. Regna and Gentes. The relationship between Late Antique and Early
Middle peoples and kingdoms in the transformation of the Roman World. Leiden-Boston:
Brill, 2003, p.13-9.

DIAZ MARTINEZ, P. El Reino Suevo (411-585). Madrid: Akal, 2011.

______. Rey y poder en la monarquía visigoda, Iberia, Logroño, v.1, p.175-95, 1998.

FRIGHETTO, R. Algunas consideraciones sobre las construcciones teóricas de la


centralización del poder político en la Antigüedad Tardía: Cristianismo, tradición y poder
imperial. In: CORTI, P., MORENO, R. & WIDOW, J. L. Historia: entre el pesimismo
y la esperanza. Viña del Mar: Ediciones Altazor, 2007, p.298-309.

GARCIA MORENO, L.A. Prosopography, nomenclature, and royal succession in the


Visigothic kingdom of Toledo, Journal of Late Antiquity, Washington, v.1, p.142-56,
2008.

GASPARRI, S. & LA ROCCA, C. Tempi Barbarici. L’Europa occidentale tra antichità


e medioevo (300-900). Roma: Carocci Editore, 2013.

GEARY, P. O Mito das nações. A invenção do nacionalismo. São Paulo: Conrad 2005.

GONÇALVES, Ana Teresa Marques. A noção de propaganda e sua aplicação nos


estudos clássicos. O caso dos imperadores romanos Septimio Severo e Caracala. Jundiaí:
Paco Editorial, 2013.

HEATHER, P. Foedera and Foederati of the fourth century. In: POHL, W., Kingdoms
of the Empire. The integration of barbarians in Late Antiquity. Leiden-New York-Köln:
Brill, 1997, p.57-74.

______. The Goths. Oxford: Blackwell, 1998.


HIDALGO, M.J. El intelectual, la realeza y el poder político en el Imperio Romano.
Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca, 1995.

______. Las Emperatrices Romanas. Sueños de púrpura y poder oculto. Salamanca:


Ediciones Universidad de Salamanca, 2012.

HILLGARTH, J.N. The Visigoths in History and Legend. Toronto: Pontifical Institute
of Medieval Studies, 2009.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


LENDON, J.E. Empire of Honour. The art of government in the Roman world. Oxford:
Clarendon Press, 1997.

LENSKI, N. Early retrospectives on the christian Constantine: Athanasius and Firmicus


Maternus. In: BONAMENTE, G., LENSKI, N. & LIZZI TESTA, R. Costantino primo
e dopo Costantino – Constantine before and after Constantine. Bari: Edipuglia, 2012,
p.465-79.

______. Initium mali Romano imperio: Contemporary reactions to the battle of


Andrinople, Transactions of the American Philological Association, Washington,
v.127, p.129-68, 1997.

MACMULLEN, R. Changes in the Roman Empire. Essays in the ordinary. Princeton:


Princeton University Press, 1990.

MATHISEN, R. Roman aristocrats in barbarian Gaul. Strategies for survival in an age


of transition. Austin: University of Texas Press, 1993.

MATTHEWS, J. The Emperor and his historians. In: MARINCOLA, J., A Companion
Greek and Roman Historiography I. Oxford: Blackwell, 2007, p.291-304.

MILLAR, F. The Emperor in the Roman World. Londres: Duckworth, 2001.


PEACHIN, M. Rome the superpower: 96 – 235 CE. In: POTTER, D., A Companion to
the Roman Empire. Oxford: Blackwell, 2006, p.126-52.

PLÁCIDO, D. Poder y discurso en la Antigüedad Clásica. Madrid: Abada Editores


2008.

SANCHEZ VENDRAMINI, D. Los breviarios históricos y la cultura de la nueva elite del


Bajo Imperio Romano (260-395 d.C.). Temas Medievales, Buenos Aires, v.20, p.275-
325, 2012.

SORDI, M. I Cristiani e l’Impero Romano. Milano: Jaca Book, 2011.

STADLER, Th. O Império Romano em Cartas. Glórias romanas em papel e tinta –


Plínio, o Jovem e Trajano 98/113 d.C. Curitiba: Juruá Editora, 2013.

TEJA, R. El ceremonial en la corte del Imperio Romano Tardío. In: Emperadores,


obispos, monjes y mujeres. Protagonistas del Cristianismo antiguo. Madrid: Trotta,
1999, p.39-71.

VALVERDE CASTRO, M.R. Ideología, simbolismo y ejercicio del poder real en la


monarquía visigoda: un proceso de cambio. Salamanca: Ediciones Universidad de
Salamanca, 2000.

WIRTH, G. Rome and its germanic partners in the fourth century. In: POHL, W.
Kingdoms of the Empire. The integration of barbarians in Late Antiquity. Leiden-New
York-Köln: Brill, 1997, p.13-55.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.


WOOLF, G. Roman Peace. In: RICH, J. & SHIPLEY, G., War and society in the
Roman World. London-New York: Routledge, 2002, p.171-94.

Data de recebimento e aprovação

Recebido: 25/07/2014
Received: 25/07/2014
Aprovado: 16/10/2014
Approved: 16/10/2014

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.2, p.16-36, 2º semestre/2014.

Vous aimerez peut-être aussi