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(The anatomy of the pudendal nerve and its anesthetic blockade in goats)
Maria Auxiliadora Silva MARIZ, Eulâmpio José DA SILVA NETO* & Joacil Germano SOARES
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi descrever o nervo pudendo em caprinos e escolher a área de melhor acesso para
seu bloqueio anestésico. Foram utilizados 25 caprinos, dos quais 10 foram sacrificados, fixados com formalina
a 10% e dissecados, e nos 15 restantes foram testadas as áreas para infiltração do anestésico. O nervo pudendo
origina-se das raízes S2, S3 e S4; e emite durante seu percurso ramos para o músculo coccígeo e os nervos
cutâneo proximal, cutâneo distal, uretral, perineal profundo, perineal superficial e dorsal do pênis. As duas
regiões eleitas para a infiltração do anestésico localizavam-se uma a 5 cm da raiz do pênis e a outra logo caudal
à flexura sigmóide do pênis. Foi injetado, nas duas regiões acima citadas, cloridrato de lidocaína a 2%, em
ambos os lados do corpo do pênis. A segunda região revelou ser a mais adequada por utilizar menor quantidade
de anestésico, possuir maior facilidade de acesso e menor tempo para ocorrer a analgesia, bem como a área
adequada para o bloqueio do nervo pudendo e o consequente relaxamento peniano.
PALAVRAS-CHAVE: caprino, nervo pudendo, anatomia, bloqueio anestésico.
ABSTRACT
The purpose of this paper was to decribe the pudendal nerve in goats and to choose the best access for its
anesthetic blockade. Twenty five goats were studied, 10 were killed, fixed in 10% formaline and dissected. The
remaining 15 animals were used to test different areas to inject the anesthetic. The pudendal nerve arises from
sacral nerves S2, S3, and S4. First it gives rise to a branch for the coccygeal muscle and than to the proximal
cutaneous nerve, to the distal cutaneous nerve, to the urethral nerve, to the deep perineal nerve, to the superficial
perineal nerve, and to the dorsal nerve of the penis. The regions choosen for the anesthetic infiltration were 5 cm
distal the root of the penis and inmediately caudal to its sigmoid flexure. In both areas 2% lidocaine chloridrate
was injected on both sides of the penis. The region caudal fto the sigmoid flexure of the penis was more adequate
to block the pudendal nerve pudendal nerve and relax the penis, since a smaller quantity of anesthetic was
required, with easier access and a shorter time to reach analgesy.
KEY WORDS: goat, pudendal nerve, anatomy, anesthetic blockade.
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Tabela 1. Áreas eleitas para a infiltração de anestésico em caprinos, independentemente da idade e raça, com
suas devidas quantidades e tempo de analgesia
* Quantidade dividida para ambos os lados, sendo a infiltração num sentido oblíquo, cuja direção foi da lateral para medial,
tangenciando o corpo do pênis. ** Tempo de latência para se conseguir a analgesia.
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N. pudendo
N. p/ músculo
L5 L6 S1 S2 S3 coccígeo
N. cutâneo
S4
Co1 proximal
N. cutâneo
Ílio distal
N. perineal
N. ciático profundo
N. uretral
Ramo comunicante
Púbis M. isquicavernoso
Ísquio M. bulboesponjoso
N. perineal superficial
N. dorsal do pênis A
M. retrator do pênis
Glânde B Corpo do pênis
Flexura sigmóide
Epidídimo Ducto deferente
Testículo
Figura 1. Desenho esquemático da inervação peniana em caprinos. O nervo pudendo origina-se das raízes S2,
S3 e S4 e durante seu percurso emite vários ramos. As linhas tracejadas A e B representam as áreas testadas
para o bloqueio anestésico. A linha A representa a área distal à raiz do pênis e a linha B representa a área caudal
à flexura sigmóide, sendo esta última se mostrado como a melhor área para o bloqueio anestésico do nervo
pudendo.
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Nas espécies ovina e caprina foi observado apenas a região, frouxamente sustentado, propiciando uma
emissão de um nervo cutâneo (LARSON & melhor manobra, por meio de uma tração manual. Desta
KITCHELL, 1958; GETTY, 1975). Entretanto no forma possibilita um melhor acesso para a infiltração,
presente trabalho constatou-se que na espécie caprina bem como uma melhor eficiência demonstrado pela
o nervo pudendo emite dois ramos cutâneos. menor quantidade de anestésico utilizado, e um menor
A comunicação do nervo pudendo com o nervo tempo de latência para obter-se a analgesia,
ciático não foi encontrado na literatura, porém há relato propiciando o relaxamento peniano em 100% dos
sobre o ramo comunicante do nervo ciático para o animais.
pudendo (LARSON & KITCHELL, 1958). Em ambas as regiões tratadas foi necessário a
O nervo perineal profundo é descrito em todos tração manual do pênis devido às características do
os ruminantes domésticos, é emitido distalmente a esfìncter do prepúcio que possue dois músculos, um
borda caudal do forame isquiático, inerva os músculos cranial ou protrator e outro caudal ou retrator que
bulboesponjoso, isquiocavernoso, esfíncter anal formam alças entrelaçando-se ao redor da abertura
externo, uretral e parte terminal do reto (LARSON & prepucial (SISSON, 1981), resultando em um potente
KITCHELL, 1958; NEIL, 1974; GHOSHAL & esfincter cutâneo, além da consistência fibrosa do
GETTY, 1975; GODINHO et al., 1987, DYCE et al., pênis. A retração peniana é determinada
1977). O músculo uretral, no entanto foi observado principalmente pelo músculo retrator do pênis,
sendo inervado por um ramo próprio, o nervo uretral. auxiliado pelos músculos prepuciais (ASHDOWN &
O nervo perineal superficial, origina-se após o PEARSON, 1973).
arco isquiático em todos os ruminantes domésticos A técnica para analgesia do nervo pudendo de
(LARSON & KITCHELL, 1958; GHOSHAL, 1981; bovinos com passagem de uma agulha através da
DYCE et al., 1977), e também é chamado de nervo fossa isquiorretal por meio de palpação retal
escrotal e prepucial (GODINHO et al., 1987), sendo (LARSON, 1953; HEINZE & LANGE, 1965), é
um nervo principalmente sensorial do escroto e do impraticável nos caprinos devido ao tamanho da pelve.
prepúcio. Os mesmos autores não obtiveram êxito quando da
A emissão do último ramo, nervo dorsal do pênis, infiltração do anestésico na região da flexura sigmóide
foi testemunhado em todos os animais (LARSON & em bovinos.
KITCHELL, 1958; NEIL, 1974; GHOSHAL, 1981; O relaxamento peniano na espécie bovina foi
GODINHO et al., 1987; DYCE et al., 1977). O nervo obtido após 13 min da administração intramuscular de
dorsal do pênis inerva através de ramos sensoriais, o 0,035 mg/kg de acepromazina a 1%, entretanto
pênis, e através das fibras simpáticas, o músculo retrator observou-se que qualquer estímulo resultava em
do pênis (LARSON & KITCHELL, 1958). retração do pênis pênis (LEITE RIBEIRO et al., 1984).
Portanto, parece que o bloqueio anestésico do nervo
Anestesia do nervo pudendo pudendo é mais eficaz uma vez que mantém o pênis
Através da dissecação do nervo pudendo em relaxado independentemente de estímulo do ambiente.
caprinos e observação do seu comportamento Em bovinos e bubalinos o relaxamento peniano
anatômico foram eleitas duas áreas para infiltração do e seu folheto prepucial foi obtido através de injeções
anestésico: uma 5 cm distal à raiz do penis (músculos de acepromazina na dose de 0,033 mg/kg, por via
isquicavernoso e bulboesponjoso) e outra caudal à intramuscular e cloridrato de acetanilida bilateralmente
flexura sigmóide do pênis. no forame isquiático menor, cuja localização foi feita
Na região distal à raiz do pênis ficou evidente a por palpação retal, tomando como base a artéria
dificuldade de acesso ou infiltração do anestésico, pudenda interna. A quantidade de 20 mL, foi dividida
devido à massa muscular, sendo necessário uma maior em 10 mL na região central e o restante aplicados nas
quantidade de anestésico para obter analgesia em 80% bordas ventral, cranial e caudal do forame. Os animais
dos casos. apresentaram uma certa incoordenação motora dos
A região caudal à flexura sigmóide mostrou ser membros pélvicos (SILVA et al., 1997). Este método
de mais fácil acesso, sendo o corpo do pênis, nesta torna-se inviável para os caprinos, devido ao tamanho
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da pelve nesta espécie. HEINZE, VON W.; LANGE, W. Beitrag zum
artfiziellen Penisprolaps unter besonders Brücksichtigung
CONCLUSÃO der anatomischen Vehältnisse beim Bullen. Monat. Vet.,
v. 20, p. 402-412, 1965.
O estudo do comportamento anatômico do nervo IBGE. Anuário estatístico. Editado pela Diretoria Geral
de Estatística do Ministério da Agricultura, Indústria e
pudendo em caprinos, permitiu descrever suas
Comércio, Rio de Janeiro, p. 63, 1994.
características em relação a sua origem, observando
LARSON, L. L. The internal pudendal (Pudic) nerve
seu trajeto e suas ramificações. Foi possível constatar block for anesthesia of the retractor penis muscle.
que na espécie caprina, o nervo pudendo emite dois JAVMA., p. 18-27, 1953.
ramos cutâneos, proximal e distal, e um ramo próprio LARSON, L. L.; KITCHELL, D. V. M. Neural
para a uretra pélvica. Foram eleitas duas regiões para mechanisms in sexual behaviour II. Gross
o bloqueio anestésico: uma 5 cm distalmente à raiz do neuroanatomical and correlative neurophysiological
pênis e outra caudalmente à flexura sigmóide do pênis. studies of the external genitalia of the bull and the ram.
A segunda região mostrou ser a mais adequada por Am. J. Vet. Res., v. 1, p. 853-865, 1958.
permitir acesso, requerer menor quantidade de LEITE RIBEIRO, A.C.C; ALVES, G. E. S.; SILVEIRA,
anestésico e um menor tempo de latência para alcançar J. M. Uso da acepromazina 1% como meio de auxiliar
na exposição do pênis bovino. Rev. Bras. Reprod. Anim.,
a analgesia. Houve analgesia peniana, entretanto foi
v. 8, p. 9-11, 1984.
necessária a tração manual para a exposição do pênis.
LINZELL, J. L. The innervation of the mammary glands
in the sheep and goat with obervation on the lumbosacral
AGRADECIMENTOS
autonomic nerves. Quart. J. Exp. Physiol., v. 44, p.
Agradecemos ao CNPq pela bolsa de iniciação científica, ao
NUPEÁRIDO/CSTR/UFPB e a EMEPA/Pendência, pelo
853-865, 1959.
fornecimento dos animais. NEIL, D. S. M. Manual de diseccion. 1ª edição. Editorial
Hemisferio Sur, Buenos Aires, p. 195-212, 1974.
SHALLER, O.; CONSTANTINESCU, G. M.; HABEL,
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DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Tratado RODRIGUES, N. M., PAULO, N. M., FIORAVANTR,
de anatomia Veterinária. 2ª ed., Guanabara Koogan, Rio M. C. S., CHAQVES, N. S. T.; DA SILVA, C. A.
de Janeiro, p. 542-566, 1977. Acepromazina associada à anestesia dos nervos e
GHOSHAL, N. G. Nervos espinhais. In: GETTY,R., hemorroidal para exposição de pênis em bovino e
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