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A cidade dos homens e a cidade de Deus - Hebreus 11.

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Introdução

Ouve um período na história, em que Roma começou a sofrer o seu declínio. O


cristianismo crescia, mas Roma diminuía. Neste cenário de enfraquecimento politico, social e
econômico, alguns críticos saudosistas diziam o seguinte: “quando cultuávamos os deuses
pagãos Roma era muito melhor”, acusando assim, o cristianismo pelo declínio do império romano.

É neste contexto que santo Agostinho se levanta e escreve o seu maior tratado teológico
“As duas cidades” uma era a cidade dos homens e a outra a cidade de Deus. Com este tratado
ele refutava a todos que criticavam culpando o cristianismo, pela situação em que se
encontravam.

O livro possui uma frase muito interessante: “Dois amores erigiram duas cidades, Babilônia
e Jerusalém: aquela é o amor de si até ao desprezo de Deus; esta, o amor de Deus até ao
desprezo de si”. Qual a diferença das cidades? A cidade dos homens é todo lugar onde
Deus é menosprezado e o homem é exaltado, a cidade de Deus é todo lugar onde o homem
é negado e Deus é exaltado. Apesar do termo cidade, o sentido é muito mais amplo, trata-se da
situação humana, em todo o mundo e não apenas em um lugar específico.

Mais que uma defesa ao cristianismo, Agostinho aborda uma questão antropológica, só
que a partir do império romano. Ou seja, a cidade dos homens, em todo e qualquer lugar é
composta por sucesso e por fracasso, por vitorias e por derrotas, por paz e por guerra, por justiça
e por injustiça e por causa disso e de tantas outras coisas, por ascensão e por declínio. Para
Agostinho, por mais que os homens se esforcem a sua cidade sempre será imperfeita...

Mas em meio a cidade dos homens, a cidade de Deus é uma utopia possível. Nesta cidade
sim! Todo proposito será bem sucedido. Tudo que se almeja na cidade dos homens pode ser
alcançado na cidade de Deus. Neste sentido, nós cristãos que vivemos em meio a cidade dos
homens devemos lutar para que a cidade de Deus (o reino de Deus) possa ser percebida “aqui e
agora”.

A cidade de Deus aponta para o fim da história, mas por meio de Cristo as duas cidades se
encontram e neste encontro a cidade de Deus deve influenciar positivamente a cidade dos
homens, deve trazer nova luz para a cidade dos homens. E neste ponto ressalto a nossa
responsabilidade cristã.

A respeito do cristão, Karl Barth, dá um exemplo em um de seus livros, ele diz: se alguém
perguntar “Vigia, o que há na noite?”, a única resposta que carrega alguma promessa é, “O
cristão”. Mas ele logo trata de explicar o enunciado, nada é o cristão se Cristo não estiver agindo
nele e por meio dele. Jesus! Para que possamos vislumbrar a cidade de Deus é preciso que em
meio a cidade dos homens, possamos olhar para Jesus, possamos confiar em Jesus, possamos
vivenciar Jesus em nossas vidas e por isso chegando ao ponto que queria, é preciso ter fé.

Os hebreus, em meio a cidade dos homens precisavam de fé para demonstrar e adentrar


na cidade preparada por Deus, a cidade de Deus. O livro de hebreus é considerado pelos
estudiosos um belo sermão, que tem como proposito explicar a fé e exortar para fé. Assim, o
autor responde a três possíveis perguntas que poderiam advir dos crentes confusos e
influenciados pela cidade dos homens: o que é fé? Como ter fé? E para que ter fé?
Não há como nos esquivarmos. Vivemos ainda hoje cheios de anseios pela cidade de
Deus, mas fazemos parte e vivemos fortemente influenciados pela cidade dos homens e por isso
meditarmos nestas três perguntas, ainda que rapidamente, é muito importante para nós.

O que é fé?

O texto inicia com uma bela definição de fé. Esta definição muito bem articulada, surge da
necessidade, de negar outras definições, muito mais claras, para os judeus convertidos ao
cristianismo, definições relacionadas à lei.

Fé aponta para a esperança, para a confiança e para a convicção. Só que não é


esperança, confiança e convicção em nós mesmos, mas em Jesus. Não é nossa capacidade, não
são as nossas qualidades morais, que possibilitarão alcançarmos o que esperamos, mas a fé em
Jesus.

Logo, Jesus deve ser o autor e consumador, da nossa fé. Quando as forças humanas se
acabam, e olhamos para todas as direções e não encontramos soluções concretas para os
problemas próprios da vida, a palavra fé e a sua definição, faz todo sentido.

Os cristãos estavam sendo fortemente perseguidos pelo império, eles eram maltratados
publicamente, sofriam por causa de Cristo, muitos perderam suas propriedades, muitos nem
mesmo conseguiam comprar nada, pois foram excluídos do convívio social e muitos foram
presos. Neste cenário de desafios, a apostasia estava se tornando comum.

Muitos se apostataram, abandonaram a fé, a pressão era muito grande! E muitos


seguidores se viam entre a cruz e a espada. Neste cenário, marcado pela provação, compreender
a fé era fundamental para que não acontecesse mais apostasia (1).

Para nós, o convite deste texto é para que olhemos além do horizonte. O convite é para
que não deixemos que os nossos olhares sejam desmotivados pela realidade da cidade dos
homens a ponto de não vislumbrarmos a cidade de Deus.

Na cidade dos homens a definição de fé não existe. A fé não existe! O que existe é a
confiança de que alcançarão tudo quanto puderem conquistar com suas mãos, com seus próprios
esforços, e tudo isso, independentemente de Deus.

Mas para todos nós que vivemos na cidade dos homens, esperando pela cidade de Deus a
definição de fé deve estar constantemente gravada nas mentes e corações.

Como obter a fé?

Após a definição, o autor passa para a exemplificação e ele traz à memoria dos leitores a
figura de Abraão e seus descendentes. E olhando para o nosso texto duas coisas são
fundamentais para que possamos responder a esta pergunta.

Em primeiro lugar para obter fé, é preciso ouvir a voz de Deus. Ninguém terá fé no sentido
bíblico da palavra, sem ouvir o que Deus tem a nos dizer. Em Rm 10.17, Paulo nos ensina que a
fé vem pelo ouvir a palavra de Deus, e especialmente a respeito de Cristo.

Abraão recebeu o chamado de Deus e o chamado só foi atendido porque ele ouviu a sua
voz. Quando ouvimos somos levados a reflexão e nesta reflexão intima e pessoal o Espirito Santo
nos orienta. Ouvir a voz de Deus na cidade dos homens é um desafio. As pessoas estão
tomadas, seduzidas pela razão e neste sentido preferem ouvir a voz do próprio conhecimento, da
própria sabedoria que a voz de Deus.

Talvez, olhando para este texto ou para gênesis 12, na visão de muitos psicólogos, Abraão
não passasse de um lunático. Alguém que diz ter ouvido a voz de Deus e que deixa a sua terra, e
parte para um lugar estranho, só pode ser lunático.

Mas mesmo antes da existência de uma definição para fé, Abraão define fé com a prática
de vida, porque ele ouviu a voz de Deus. Na cidade dos homens não há tempo para ouvir a voz
de Deus, todos estão muito ocupados com os seus afazeres palpáveis, tangíveis e as exigências
destes afazeres são tudo que conseguem ouvir, pois ouvir a Deus em pleno século XXI é ser um
lunático.

Na Europa, continente predominantemente protestante, muitos já falam em uma nova


evangelização, pois os próprios cristãos já não creem, porque não ouvem a voz de Deus. Os
templos estão vazios, os cultos são irrelevantes, e não pensem que quero advogar que o único
lugar onde possamos ouvir a voz de Deus seja na igreja, mas na igreja é possível ouvi-la com
exclusividade. E digo mais, na igreja séria pode-se ouvir a voz de Deus com fidelidade, sem
segundos interesses por parte de quem as proclama.

Na igreja pode-se ouvir a voz de Deus, na caminhada conjunta dos irmãos que marcham
para a cidade de Deus e enquanto marcham, trocam experiências e fortalecem uns aos outros.

É preciso ouvir a voz de Deus, mas isso não é o suficiente. Muitos até ouvem a voz de
Deus e não se posicionam diante daquilo que ouviram. Abraão poderia muito bem ouvir Deus
falar e não dar importância. Por isso, em segundo lugar para ter fé é preciso se relacionar com
Deus.

É preciso ouvir a voz de Deus, mas é preciso se relacionar com este Deus. E esta relação
implica obrigatoriamente em movimento. Implica em deixar a cidade dos homens e caminhar
rumo a cidade de Deus, implica em negarmos a nós mesmos para glorificarmos a Deus com as
nossas vidas.

Para ter fé, é preciso ouvir a voz de Deus e se relacionar com Deus. E na caminhada deste
relacionamento a fé vai sendo alimentada, pois vamos percebendo o quanto Deus é fiel para com
a suas promessas. Olhem para Abraão! De um homem praticamente morto, Deus fez nascer,
muitos descendentes.

Para que ter fé?

Vivemos num mundo com as seguintes concepções: um grande presente com um pequeno
futuro. Muitos estão demasiadamente preocupados com o presente, com o que pode ser
conquistado já, imediatamente.

Muitos fizeram um recorte nas palavras do apostolo Paulo, “comamos e bebamos que
amanhã morreremos”. Na cidade dos homens, não tem sentido ter fé, pois a fé aponta para o
futuro, sendo que o que de fato importa é o presente e o que se espera do presente é a glória e a
ascensão. É a realização, concretização de todos os desejos.

Olhando para o nosso texto, muitos cristãos abandonaram a fé, pois o presente os
entusiasmava muito mais que as promessas do futuro. Alguns privilégios lhe seriam assegurados
se optassem pela cidade dos homens e não pela cidade de Deus.
Mas o que o texto nos ensina é que apesar do grande presente em que muitos vivem. O
presente é ainda muito curto, quando comparado ao futuro na cidade de Deus. Abraão e seus
descendentes poderiam ter voltados para traz, como diz o texto, mas preferiram caminhar rumo a
cidade de Deus, rumo a pátria celestial.

Para que ter fé? A fé é importante para nos ensinar e nos ajudar a crer no futuro, muito
mais que no presente. A crer em Deus e não em nós mesmos.

A fé é importante para que este futuro, faça parte do nosso presente e resignifique o nosso
presente tão centrado em nós mesmos, para centralizarmos Deus em nossa vida. O que quero
dizer com isso? Quanto mais o ser humano se voltar para Deus, e abandonar a maldade do seu
coração, o seu presente será transformado em um presente com muitas perspectivas para o
futuro.

A medida que caminhavam para o futuro, Abraão e seus descendentes, já o vivenciava no


presente, pois a cidade de Deus está, onde Deus possa ser sentido, possa ser percebido, possa
ser respeitado e possa ser acima de tudo adorado, por isso a fé é importante.

Conclusão

Vivemos na cidade dos homens, cidade marcada pelo imediatismo, pela busca do sucesso
e pela deturpação da fé. As pessoas querem confiar em si mesmas ignorando completamente o
ser de Deus.

Não vivemos as mesmas ameaças que provocaram dúvidas aos crentes hebreus, mas
outras ameaças, temos hoje diante de nós, e a maior delas é o próprio ser humano. Ser humano
que confia em si mesmo e que, por isso, não tem condições de definir fé, como confiança em
Deus.

Ser humano que confia em si mesmo e que por isso, não quer ouvir e não quer se
relacionar com Deus. A pergunta, “como ter fé?” não faz sentido, Ouvir Deus em pleno século XXI
é ser um lunático.

Ser humano que confia em si mesmo e que, por isso, não entende a necessidade da fé,
pois a única certeza que possui do futuro é morte, portanto, o presente deve ser vivido de forma
regalada e irresponsável. Preferem a cidade dos homens e menosprezam a cidade de Deus.

Não seja assim conosco, irmãos e irmãs, que possamos priorizar Deus, de forma que
caminhemos entusiasmados rumo a cidade que ele preparou, se caminharmos assim, a sua
cidade já terá chegado até nós, e terá chegado a tantos quantos se aproximarem de nós. As
pessoas verão Jesus em nós.

E por verem Jesus, em nosso olhar, em nosso falar e em nosso proceder, muitos na cidade
dos homens serão contagiados pela cidade de Deus, porque entenderão a fé, desejarão a fé e
valorizarão a fé.

Encerro citando mais uma frase de Agostinho: “ore como se tudo dependesse de Deus, e
trabalhe como se tudo dependesse de você”.

Façamos a nossa parte, na construção da cidade de Deus, trabalhemos como se tudo


dependesse de nós. Creiamos na vinda e em nossa caminhada rumo a cidade de Deus irmãos
como se tudo dependesse de Deus. Que Deus nos ajude e nos abençoe!

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