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Humanismo e Renascimento1

Os Termos

O termo “Humanismo” foi usado pela primeira vez pelo filósofo e teólogo alemão
Friedrich Immanuel Niethammer (1766-1848) para designar a área cultural que
corresponde ao contexto espiritual dos estudos clássicos, em contraposição à área cultural
coberta por disciplinas científicas. Contudo, o termo “humanista” surgiu por volta do
século XV para indicar os professores de gramática, retórica, poesia, história e filosofia
moral. Já antes, porém, no século XIV falava-se de studia humanitatis e de studia
humaniora, referindo-se às afirmações de Cícero e Gélio, que entendiam por humanitas
aproximadamente aquilo que os helênicos chamavam de Paideia, ou seja, a educação e
formação do homem. Assim sendo, podemos falar que o humanismo cobre um período
que começa pelos 1300 até seu declínio nos 1600, entrelaçando-se com o período que
conhecemos como Renascimento ou Renascença.

A educação grega considerava que as letras, ou seja, a poesia, a retórica, a história


e a filosofia desempenhavam papel essencial em uma formação. Deste modo, a partir de
1300 temos a tendência de valorizar os estudos das litterae humanae (letras humanas),
considerando como paradigma a antiguidade clássica, isto é, os autores gregos e latinos,
atribuindo-os o valor de verdadeiro mestres da humanidade.

O termo “Renascimento” tem sua origem nos 1800, consolidando-se em grande


parte pela obra A cultura da Renascença na Itália, escrita por Jacob Burckhardt (1818-
1897). Nesta obra a Renascença é apresentada como um fenômeno italiano, caracterizado
pela exaltação do individualismo prático e teórico, pela exaltação da vida mundana, pelo
acentuado sensualismo, pela mundanização da religião, pela tendência paganizante, pela
libertação em relação às autoridades constituídas que haviam dominado a vida espiritual
no passado, pelo forte sentido de história, pelo naturalismo filosófico e pelo
extraordinário gosto artístico.

Uma Outra Visão de Mundo

Compreendemos o Humanismo e o Renascimento a partir de uma tentativa de


“retorno ao princípio”, isto é, uma nova interpretação da realidade feita à luz das

1
Resumo do livro: REALE e ANTISERI. História da filosofia: do humanismo a Descartes. V. 3. Tradução
de Ivo Storniolo. Editora Paulos: São Paulo, 2004.

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interpretações dos clássicos gregos e latinos, de modo diverso do entendimento da Idade
Média. Temos assim o renascimento de uma outra visão de homem, da política e das
artes, fortemente influenciada pelos textos clássicos. Outro aspecto marcante desta época
é a revivescência do componente helenístico-orientalizante, cheio de ressonâncias
mágico-teúrgicas2, difundido em alguns escritos que a tardia antiguidade havia atribuído
a deuses ou profetas antiquíssimos e que, na realidade, eram falsificações, mas que os
renascentistas tomaram como autênticas, tendo consequências de grande importância.
Entre os escritos marcantes deste aspecto temos os atribuídos a Hermes Trimegisto,
Zoroastro e Orfeu.

Hermes Trimegisto e o Corpus Hermeticum – Hermes Trimegisto foi uma figura


mítica identificada como o deus Thoth dos antigos egípcios, considerado o inventor das
letras do alfabeto e da escrita e, portanto, revelador, profeta e intérprete da sabedoria
divina e do logos divino. Os gregos acharam que ele se parecia muito com o seu deus
Hermes, intérprete e mensageiro dos deuses, e passaram a chamá-lo de “Trimegisto”, que
significa “três vezes grande”. O grupo de escritos atribuído a esse personagem, tido como
um dos profetas de grande aceitação no período da Renascença, que unia o paganismo,
platonismo e cristianismo, chamava-se Corpus Hermeticum, que quer dizer, o corpo dos
escritos postos sob o nome de Hermes.

Zoroastro e os Oráculos Caldeus – Zoroastro foi considerado profeta, algumas


vezes apresentado como anterior a Hermes. Jorge Gemisto (aproximadamente 1355-
1450), também conhecido como Pleto, atribuiu a Zoroastro a autoria dos Oráculos
Caldeus, escritos em que predominam o elemento mágico com objetivos religiosos, tal
como a libertação da alma em relação ao corpóreo; também possui forte inspiração
oriental juntamente com a intenção de transmitir uma mensagem “revelada”. Na verdade,
porém, Zoroastro (ou Zaratustra) foi um reformador religioso iraniano do século VII/VI
a. C., que nada tem a ver com os Oráculos Caldeus.

Orfeu e os Hinos Órficos – Orfeu foi um poeta místico da Trácia. Se compararmos


com o Corpus Hermeticum e os Oráculos Caldeus, o orfismo representa uma tradição
muito mais antiga, que influenciou Pitágoras e Platão, sobretudo na doutrina da
metempsicose. Mas muitos dos documentos que chegaram até nós como “órficos” são
falsificações posteriores. Os Hinos Órficos são dedicados a várias divindades, mas

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A “teurgia” é a “sabedoria” e a “arte” da magia utilizada para finalidades místico-religiosas.

2
diferente da doutrina que remonta ao orfismo original, contém doutrinas estoicas e outras
provenientes do meio filosófico-teológico alexandrino.

Os Humanistas

Francisco Petrarca (1304-1374) – Considerado o primeiro humanista. Chegou ao


humanismo a partir da análise da “corrupção” e da “impiedade” de seu tempo. Criticava
sobretudo o seguinte:

a) Propagação do naturalismo (de Averróis) através do pensamento árabe.


b) Predomínio da dialética e lógica.

Afirmava a necessidade de nos voltarmos a nós mesmo e não para o exterior


natural; redescobre então a eloquência (humanae litterae) de Cícero. Assim, temos como
principais características de seu humanismo:

1) Conhece-te a ti mesmo.
2) Artes liberais como método para alcançar a sabedoria.

Há uma passagem famosa sobre sua vida para ilustrar o primeiro ponto. Petrarca
subiu ao monte Ventoso e lá chegando abriu as Confissões de Santo Agostinho, e as
primeiras palavras que encontrou foram: “E os homens admiram os altos montes, as
grandes ondas do mar, os largos leitos dos rios, a imensidade do oceano e o curso das
estrelas; e esquecem-se de si mesmos”. Então ele comenta: “Há muito tempo eu deveria
ter aprendido, inclusive com os filósofos pagãos, que nada é digno de admiração além da
alma, para a qual nada é grande demais”.

No tocante ao segundo ponto temos sua insistência de que a dialética leva à


impiedade e não à sabedoria. Para ele o sentido da vida não se revelava por um monte de
silogismos, mas a partir das artes liberais como instrumento de formação espiritual.
Admite como coincidente o cristianismo e o que fala de Platão em seu livro Fédon, a
saber, a verdadeira filosofia não é mais que o pensamento e a meditação sobre a morte.
Outra frase que caracteriza bem e que ficou marcada no humanismo é o seguinte
pensamento socrático: fala, para que eu possa ver-te, pois não é tanto pela fisionomia que
se vê o homem, mas pelas palavras.

Coluccio Salutati (1331-1406) – Seus principais pontos são:

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1) Reafirma a supremacia das artes liberais contra as ciências naturais e a
medicina.
2) A filosofia deve ser testemunhada e transmitida com a própria vida. A vontade
como exercício de liberdade.
3) Primado da vida ativa contra a vida contemplativa.
4) Promotor da primeira Cátedra de grego em Florença.

Leonardo Bruni (1370-1444) – Discípulo e continuador da obra de Salutati;


tradutor de Platão, Aristóteles, Plutarco, Xenofonte, Demóstenes e Ésquines. Empenhou-
se no humanismo político e civil, sobretudo a partir dos escritos de Aristóteles Ética a
Nicômaco e Política.

Poggio Bracciolini (1380-1459) – Principais pontos de seu humanismo foram:

1) Elogio da vida ativa;


2) Valor da formação humana e civil das litterae;
3) Glória e natureza como fruto da virtude individual;
4) Virtude sobreposta à sorte;
5) Reavaliação das riquezas como o que torna possível a cidade, o templo, a arte,
a beleza, etc.

Leon Battista Alberti (1404-1472) – Além da filosofia se ocupou da matemática e


da arquitetura. Seus principais pontos:

1) Valores morais sobre os teológicos metafísicos.


2) Atividade sobre a contemplação.
3) A arte recria a ordem e a proporção da realidade.
4) A virtude entendida como a areté (excelência) grega e não como a virtú
(fortuna/sorte) latina. Como diz: “O homem nasceu não para murchar jazendo,
mas sim para estar de pé fazendo” e “A fortuna subjuga apenas quem se lhe
submete”.

Lourenço Valla (1407-1457) – Tentativa de retomada do epicurismo contra o


ascetismo monástico e o estoicismo. “Tudo o que a natureza fez não pode ser senão santo
e louvável”. Supera, no entanto, Epicuro, aproximando sua doutrina do cristianismo
chega a superá-lo em favor do prazer intelectual das coisas humanas e não das coisas
superiores.

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Neoplatonismo Renascentista

Com a primeira Cátedra de grego em Florença começavam as traduções dos textos


platônicos, muitos dos quais não eram lidos na Idade Média, e que agora finalmente
ganhavam versos latinas. Liderada por Manuel Crisolora, a escola abrigou muitos doutos
bizantinos após a queda de Constantinopla. Havia, no entanto, uma disputa pela
superioridade entre Platão e Aristóteles.

Nicolau de Cusa (1401-1464) – Influenciado por Eckhart, Ockam, e predomínio


do neoplatonismo de Pseudo Dionísio e Escoto Eriúgena.

Em seu livro Douta Ignorância, temos a seguinte tese sobre o conhecimento: para
alcançarmos o conhecimento colocamos as coisas em comparação, isto é, em certo-
incerto, conhecido-desconhecido. Mas ao falarmos de infinito escapamos de toda
proporção, sobrando assim apenas o desconhecido. Nosso não-saber em relação ao
infinito deve-se a esta não-proporção. Mas buscamos conhecer, ainda assim, o infinito. A
consciência da desproporção entre a mente (finita) e o infinito e a busca dentro dos
parâmetros dessa consciência é o que Nicolau de Cusa chama de douta ignorância.
Buscamos então por aproximação uma verdade que é inalcançável através da
“coincidência dos opostos” que ocorre no infinito (Deus).

Para entendermos o conceito de coincidência dos opostos, pensemos no conceito


de “máximo”, por exemplo, no maximamente grande e no maximamente pequeno. Se
retirarmos a quantidade vemos que os opostos coincidem. “A quantidade absoluta não é
mais máxima do que mínima, já que nela coincidem mínimo e máximo”.

Outro exemplo é o aumento do raio do círculo que coincide com a reta, como no
exemplo geométrico alusivo, que se segue:

O conhecimento suplanta assim o modelo de não-contradição do pensamento.


Baseando-se no modelo platônico, temos:

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a) Percepção sensorial afirmativa.
b) Razão discursiva que trabalha nos moldes de não-contradição (afirma
enquanto nega seu oposto).
c) Intelecto acima da razão que afirma e nega, como ele mesmo diz: “Assim de
modo incompreensível acima de todo discurso racional, vemos que o máximo
absoluto é o infinito, ao qual nada se opõe e com o qual o mínimo coincide”.

A partir daí Nicolau repropõe os principais temas do neoplatonismo cristão:

1) Relação Deus-Mundo.
2) Tudo está em tudo.
3) O homem como microcosmo.

Em relação ao primeiro tema temos a derivação das coisas em sua relação com
Deus, que se apresenta em três conceitos:

(i) Conceito de complicação: Deus contém em si todas as coisas, deste modo


Ele “complica” (inclui) todas as coisas, assim como o ponto é a
complicação de todas as figuras geométricas. A linha, por exemplo, é o
ponto que se explica;
(ii) Conceito de “explicação”: todas as coisas estão em Deus (complicação) e
são Deus em Deus; Deus é todas as coisas que elas são (explicação). “Deus
é como a verdade na sua imagem”.
(iii) Conceito de “contração”: como consequência da explicação temos a
contração como a manifestação em Deus. Ele está contraído assim como a
unidade se manifesta na pluralidade, a simplicidade na composição, a
quietude no movimento, etc.

Em relação ao segundo tema podemos dizer que cada ser resume o universo inteiro
e Deus. “Dizer ‘qualquer coisa está em qualquer coisa’ não é mais que dizer ‘Deus está
em tudo pelo tudo’ ou ‘tudo está em Deus pelo tudo’”.

O terceiro tema segue como consequência do que foi dito, chegando ao conceito
de homem como microcosmo, que pode ser entendido em

a) No plano ontológico geral, porque “contrai” em si todas as coisas (da mesma


forma que todas as coisas são microcosmo).

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b) No plano ontológico especial, uma vez que é dotado de mente e conhecimento,
do ponto de vista cognoscitivo, é “implicação” das imagens de todas as coisas.

Marsílio Ficino (1433-1499) – Tradutor do corpo platônico, pensador e filósofo,


mago e sacerdote. Para ele, exercer o sacerdócio e a filosofia seriam a mesma coisa.
Começou a traduzir também o Corpus Hermeticum em 1462, dando continuidade à
tradução dos Hinos Órficos, as obras de Plotino e de Dionísio de Aeropagita, dos
neoplatônicos e dos neopitagóricos.

Como filósofo temos os seguintes conceitos:

1) Filosofia como revelação: a filosofia nasce como iluminação da mente, tal


como aparece em Hermes Trimegisto. A alma deve se dispor a se transformar
em intelecto para acolher a luz da divina revelação. Filosofia e religião,
portanto, coincidem como inspiração e iniciação aos sagrados mistérios do
Verdadeiro. Sua filosofia se baseava nesta revelação do logos divino, que
acreditava ser partilhado por Hermes Trimegisto, Orfeu, Platão e Pitágoras.
Assim unia o cristianismo a estas doutrinas.
2) A alma como “copula mundi”. A estrutura metafísica da realidade possui um
esquema neoplatônico, com uma sucessão de 5 graus de perfeição: Deus, anjo,
qualidade (forma) e matéria. Sendo a alma o elemento médio (medium), isto
é, o de conjugação entre o mundo material e o mundo imaterial, entre os seres
sensíveis e os seres inteligíveis infinitos.

1 Deus 5
2 Anjo 4

( Conjunção 3 Alma 3 Medium )


4 Qualidade 2
5 Matéria 1

3) O amor platônico em sentido cristão: Eros se conjuga com o amor cristão na


reintegração do homem empírico à sua metaempírica Ideia em Deus.
4) Defesa da magia natural: implica na animação universal das coisas por um
elemento especial, uma substância material sutilíssima: o espírito. Constitui o
meio pelo qual a alma age sobre os corpos e estes sobre ela.

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Pico della Mirandola (1463-1444) – Trouxe a cabala, agregando-a ao hermetismo
e à magia. Não excluiu Aristóteles de seu programa. Defendeu algumas conquistas da
escolástica, sobretudo a gramatologia. Desejou que a reforma não se limitasse ao plano
teórico, mas também se espraiasse pela vida religiosa.

a) Escreveu suas Novecentas Teses inspirada na filosofia, cabala e teologia.


b) Discurso sobre a dignidade do homem apresentada como derivação da
sabedoria do oriente; desenvolve particularmente a sentença “Magnum
miraculum est Home” de Asclépio, obra atribuída a Hermes Trimegisto.

Aristotelismo Renascentista

Em relação a Aristóteles, temos três interpretações básicas de sua obra na


renascença.

1) Interpretação Alexandrina: baseada no comentador Alexandre de Afrodísia,


afirmava que no homem há o intelecto potencial e o intelecto agente, mas que
o agente é a própria Causa suprema (Deus), que ilumina o pontencial,
tornando possível o conhecimento. Assim não haveria lugar para uma alma
imortal, pois ela deveria coincidir com o intelecto agente.
2) Comentários de Averróis no século XI: haveria um Intelecto único e separado
para todos os homens. Somente o Intelecto único poderia ser imortal.
3) Interpretação Tomista (a partir de Santo Tomás de Aquino): conciliação entre
o pensamento aristotélico e a doutrina cristã.

De acordo com a estrutura universitária renascentista os aristotélicos se ocupavam


de questões lógico-gnosiológicas e de problemas da física. Os problemas políticos, éticos
e poéticos ficaram a cargo dos humanistas.

Temos, no que diz respeito a fontes de conhecimento:

a) A autoridade de Aristóteles.
b) Raciocínio aplicado aos fatos.
c) Experiência direta.

Um outro aspecto que devemos destacar é a doutrina da dupla verdade, que pode
ser expressa da seguinte forma: “sobre a base da razão e da doutrina aristotélica uma coisa

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pode se tonar mais provável, mesmo que sobre a base da fé seja aceito o oposto”. Deste
modo temos uma distinção heurística e metodológica, e não a desconsideração e o
abandono da esfera teológica. Este conceito será apresentado por Pomponazzi, que será
o próximo autor a ser abordado.

Pedro Pomponazzi (1462 -1525) – Foi o mais discutido dos Aristotélicos e sua
obra De immortalitate animae causou muita polêmica. Sua tese é a seguinte: a alma
intelectiva é o princípio do entendimento e do querer imanente do homem. Diferente dos
animais, que possuem alma sensitiva, o homem pode conhecer o universal e o
suprassensível. Sua alma, porém, não pode prescindir de um corpo e, deste modo, ela
nasce e morre com o corpo. A polêmica se encontra em que tanto para platônicos quanto
para cristãos a alma e sua imortalidade era considerada algo absolutamente fundamental.
Ele, no entanto, não queria negar a imortalidade da alma, mas apenas demonstrar que não
se pode chegar até ela a partir de uma verdade demonstrada pela razão, e, sendo isto do
campo da fé, deveria ser provado pelos instrumentos da mesma – a revelação e escrituras
canônicas. Assim temos a “dupla verdade” que falamos acima.

Retomando Sócrates, que diz que a felicidade está na própria virtude e a


infelicidade no próprio vício, Pomponazzi sustenta que a virtude salva mais pensada a
partir da mortalidade que da imortalidade, pois visando os princípios fora da virtude
estaremos corrompendo-a.

Retoma também a tese do homem com microcosmos: a alma está em primeiro na


hierarquia dos seres materiais e, como tal, é o meio de acesso aos seres imateriais. É,
portanto, imaterial se comparada com o material, e material se comparada com o
imaterial.

Grande importância também se dá no fato de preferir a experiência em vez de a


autoridade de Aristóteles, quando a experiência mostra e a contraria, como, por exemplo,
a zona tórrida habitável (entre os trópicos de câncer e capricórnio) presente nos
Meterológicos do Estagirita.

Helenismo

Secundariamente temos algumas instâncias no Renascimento do epicurismo e do


estoicismo nos anos de 1400, mas nos de 1500 é que suas influências crescem assim como
o ceticismo. Como exemplo podemos citar Michel de Montaigne na França.

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Michel de Montaigne (1533-1592) – o que intriga é seu ceticismo conviver com
sua crença na fé, pois, segundo ele, o ceticismo ataca a razão, mas não põe em causa a fé.

Religião e Renascença

Erasmo de Rotterdam (1466/69-1536) – pôs o humanismo em favor da Reforma,


mas sem romper, como Lutero, com a Igreja Católica. Contudo, não ficou nem do lado
de Lutero nem de Roma, preferindo uma posição de neutralidade.

Despreza, de certa forma, a filosofia entendida como pensamento dos problemas


metafísicos, físicos e dialéticos; está de acordo com o “conhece-te a ti mesmo” socrático.
Para ele, filosofia é conhecimento da vida e prática da vida cristã.

Para Erasmo era preciso retornar às fontes. A reforma religiosa compreende em


se desfazer das complicações acrescentadas aos textos evangelhos: a doutrina eclesiástica,
as disputas escolásticas.

Seu livro mais famoso é Elogio da loucura. A loucura erasminiana pode ser
entendida como aquilo que arranca os véus, revelando-nos a “verdade”.

Martinho Lutero (1483-1546) – do ponto de vista da Igreja e da fé a Idade Média


termina com Lutero, iniciando-se o mundo moderno. Não acreditava na filosofia, que
supunha ser vã sofisticação, fruto da soberba humana. O único que não condena e parece
influenciá-lo é Ockham. Vejamos as características de seu pensamento.

a) Reforma protestante como o resultado do desejo de renovação religiosa, de


renascimento para uma nova vida e necessidade de regeneração, que
constituem a própria razão da renascença.
b) Leva às últimas consequências o princípio do “retorno às origens”. Volta-se
contra a tradição cristã, acreditando que ela não passava de um peso, de uma
construção artificiosa. Seu retorno ao evangelho significa uma revolução e
eliminação da tradição.
c) Consequentemente volta-se contra todo o humanismo e as bases que sustentam
a interpretação religiosa. Nega qualquer valor verdadeiramente construtivo
que venha da fonte dos humanae litterae e da especulação filosófica.

Seus pontos básicos-doutrinários:

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1) Doutrina da justificação radical do homem unicamente pela fé.
2) Doutrina da infalibilidade da Escritura, considerada como única fonte de
verdade.
3) Doutrina do sacerdócio universal e a doutrina do livre-exame das Escrituras.

A doutrina tradicional da Igreja era a de que o homem se salva pela fé e pelas


obras: a fé só é verdadeira quando se prolonga e se expressa concretamente nas obras. “A
isto Lutero contestou com demasiada força o valor das obras. Para Lutero tudo estava e
deveria ser lido na palavra de Deus na Escritura, sem a interferência da razão e
explicações metafísico-teológicas”.

A salvação, portanto, poderia ser resumida através dos três termos:

Sola Gracia Somente a Graça


Sola Fide Somente a Fé
Sola Scriptura Somente a Escritura

Ulrich Zwínglio (1484-1531) – Iniciador da Reforma em Zurique.

Jean Cauven (Calvino) (1509-1564) – Embora fosse francês, participou sobretudo


da Reforma em Genebra. Acreditava ainda mais que Lutero num determinismo
Providencial. Se Lutero cunha o conceito de Trabalho (Beruf em alemão, significando
Vocação, Chamado), aplicando-o às atividades agrícolas e artesanais, é Calvino que a
aplica a todas as outras atividades de riqueza (produtora de riqueza). Via na produção de
riqueza e no sucesso a ela ligado, quase que um sinal da predeterminação divina e,
portanto, um incentivo ao trabalho pela Providência.

Contra-Reforma

O termo Contra-reforma foi cunhado por Pütter, um jurista de Gotinga, em


1776.

A Contra-reforma possui aspectos doutrinários que se expressam em


oposição ao Protestantismo e propõe a formulação do próprio dogma católico.
Manifesta-se também na militância de Inácio de Loyola e pela Companhia de jesus
por ele fundada. Possui medidas constritivas e restritivas como, por exemplo, a
instituição da Inquisição Romana em 1542 e a compilação do Índex (livros
proibidos pela Igreja).
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