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Teoria Geral do Direito Privado II

Turma 186-11
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

Versão 2.0: novembro/2013

ATENÇÃO: o presente documento não constitui material oficial do curso

1. Defeitos do Negócio Jurídico


Independente da teoria utilizada para a análise do negócio jurídico (Teoria da
Vontade ou Teoria da Declaração), uma vontade declarada pelo agente do
negócio está presente em ambas. Caracterizam-se como vícios dos
negócios jurídicos aqueles casos no qual a pessoa manifestou a
vontade, mas se ela tivesse conhecimento da realidade, não teria
manifestado ou teria manifestado uma diferente.

O intérprete, portanto, precisa realizar uma boa interpretação do contrato,


tendo em vista a liberdade negocial. Deve-se apenas interferir se houver uma
clara discrepância entre vontade real e declaração.

Pode-se dividir as diferentes modalidades de vícios em: psíquicos (erro, dolo e


coação), que caracterizam-se por interferências exteriores sobre a declaração do
agente; e sociais (simulação e fraude contra terceiros), que caracterizam-se por
insubordinação à exigências legais.

2. Vícios Psíquicos (Artigos 138 e seguintes do Código Civil)


2.1. Erro
Conceito: falsa representação da realidade que faz com que a pessoa aja de um
modo que não representa a sua vontade caso tivesse pleno conhecimento da
situação.

Para o erro invalidar o ato ele precisar ser escusável (naquela situação, é
aceitável um homem comum cometer o erro) e essencial, ou seja, ser causa
determinante da realização do contrato e tratar de elementos essenciais, não
acessórios, do negócio.
Considera-se erro substancial (ou erro de fato) aquele que diz respeito a
esses elementos essenciais: à natureza do ato (se faz doação supondo-se estar
vendendo); ao objeto principal da declaração (compra de quadro de um
qualquer acreditando que é de um famoso pintor); a qualidades essenciais
(compra de anel de cobre supondo ser de ouro); a pessoa envolvida (apenas
quando for fundamental para o negócio, por exemplo, quando empresta-se
dinheiro para um sujeito conhecido por ser mal devedor acreditando que estava
emprestando para outro, confiável). O erro acidental, portanto, é aquele que
recai sobre elementos acessórios do negócio jurídico, ou seja, sobre qualidade,
quantidade, motivos ou erro de cálculo.

Erro de direito é aquele que ocorre pois um falso pressuposto jurídico conduz o
agente à declaração errônea de vontade. É, portanto, o mal conhecimento
quanto à norma jurídica aplicável àquela situação.

É importante ressaltar, ainda, que considera-se erro obstativo (ou impróprio)


aquele que é tão grave que a existência do consentimento é desconsiderada, e
assim, afeta o negócio no plano da existência. Todos os outros, ou seja, erros
próprios, fulminam o negócio no plano da validade (o negócio é anulável).

2.2 Dolo
Conceito: provocação intencional, por meio de ações maliciosas, de um erro,
com o objetivo de gerar um benefício pessoal para quem praticou.

Considera-se dolus malus as ocasiões no qual essa provocação é perversa,


intencional e, portanto, ilícita. Em contrapartida, o dolus bonus é aquela
dissimulação natural de uma série de negócios jurídicos e, portanto, inocente
(vendedor que tenta fazer um consumidor em potencial escolher seu produto).
Apenas o primeiro é considerado vício de consentimento.

 Dolo principal: aquele que incide sobre elementos essenciais do negócio


jurídico e, desse modo, é razão para invalidade do negócio.
 Dolo acidental: aquele que incide sobre elementos acidentais do negócio,
não pode ser considerado vício de consentimento, então não inavalida o
negócio. No entanto, ainda é ilícito e, se gerar efeitos negativos, quem o
cometeu terá que ressarcir os danos, que podem ser emergentes
(patrimoniais, e quem causou precisa reparar materialmente); ou moral
(sofrimento injusto causado e tem indenização com critérios de
gravidade).

2.3. Coação
Conceito: ameaça capaz de imputir temor de modo injusto, que faz um sujeito
realizar determinado ato. Vale ressaltar que apenas a coação moral (violência
psíquica) é um vício de consentimento, pois a coação física exclui a vontade, o
que acarreta a inexistência do negócio.

Requisitos:
 Ameaça deve ser causa determinante para a declaração de vontade;
 Ameaça deve causar fundado temor de gravidade e haver iminência do
dano;
 Ameaça deve ser injusta;
 Deve haver nexo de causalidade entre a ameaça e a declaração de vontade

3. Vícios Sociais
3.1. Simulação (arts. 166, III, VI, VII; 177; 178 do Código Civil)
Conceito: divergência entre a vontade real e vontade declarada é realizada
conscientemente com fim específico de enganar terceiros. Os requisitos,
portanto, são o acordo simulatório entre as partes e essa finalidade de enganar
terceiros.

Simulação diferencia-se de dissimulação uma vez que aquela significa “criar


algo que não existe” e esta, “ocultar algo que existe”.

Classificações:

 Simulação Absoluta: declara-se a vontade, mas não se quer que efeitos


sejam produzidos (ato é, portanto, nulo)
 Simulação Relativa: há um negócio jurídico e quer-se seus efeitos, mas
ele está sob a forma de outro.

 Simulação inocente: problemas em relação a terceiros é praticamente


inexistente, ou seja, o objetivo não era enganar alguém.
 Simulação maliciosa: com objetivo de enganar terceiros

Diferenciações (Simulação X Vícios Sociais)

 Simulação x Erro: a questão é a ciência da veracidade; na simulação,


ambas as partes sabem que realidade será distorcida, no erro, quem o
comete não sabe.
 Simulação x Dolo: a questão é o envolvimento das partes; enquanto o
dolo é realizado por uma para enganar a outra, a simulação é realizada
com ciência de ambas, para enganar terceiros
 Simulação x Coação: diferença evidente pelo fato de na coação uma parte
forçar a outra à realização.
3.2. Fraude Contra Credores
Conceito: Pessoa tem débitos (ainda não cobrados), está insolvente e, então,
aliena bens para esses não serem alcançados pelos credores (no geral, a
alienação é realizada por doações para familiares). A fraude contra credores é
uma espécie particular de simulação.

Requisitos:

 Acordo entre aquele que recebeu e o que alienou


 Vontade de prejudicar credores

4. Negócio Indireto, Negócio Fiduciário e Lesão


4.1. Negócio Indireto
Conceito: criação de um determinado caminho, diferente do usual para
alcançar um certo fim, mas sem lesar terceiros ou fraudar a lei.

Portanto, desde que cumpra os requisitos de não lesar ninguém, nem fraudar
leis, pode-se realizar um negócio para a obtenção de um fim distinto daquele
que sua causa típica prevê.

4.2 Negócio Fiduciário


Conceito: Negócio no qual o fiduciante transfere um bem ao fiduciário, que se
obriga a conservá-lo e a administrá-lo, para, então, restituí-lo ao próprio
fiduciante. A propriedade do fiduciário tem prazo e, no geral, depende de uma
condição (evento futuro incerto).

No geral, o conceito é utilizado em ocasiões em que há um exagero entre de


providências para alcançar o fim específico. Os casos mais comuns são os de
financiamentos de carros ou imóveis, que utilizam-se dos negócios fiduciários
para tomar de volta a propriedade caso não sejam cumpridos os requisitos (no
geral, exagerados)

4.3 Lesão
Conceito: prejuízo injusto que uma das partes sofre na realização de um ato
jurídico, devido à desproporção entre prestação e contraprestação.

Modalidades:

 Uma das partes se aproveita da ingenuidade ou inexperiência da outra e


realiza um negócio com extrema desproporção entre prestação e
contraprestação.
 Uma das partes está em necessidades e a outra se aproveita disso para
contrair a obrigação desproporcional.
Para ser considerado lesão, basta que uma das partes se aproveite
conscientemente da situação da outra e que lucre mais de 50% do valor justo da
coisa. A lesão não é um vício de consentimento, pois a vontade é declarada nos
conformes, mas a situação indica um defeito, e muitos a consideram como um
vício excepcional.

A lesão fulmina o negócio no plano da validade, e gera sua anulabilidade.

Bibliografia Complementar:
AZEVEDO, Antonio Junqueira de. Negócio Jurídico: existência, validade e
eficácia. São Paulo, Ed. Saraiva, 4ª. Edição, atualizada de acordo com o novo
Código Civil, 2002

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, vol. I, Rio de


Janeiro, Ed. Forense, 20ª. Edição, revista e atualizada de acordo com o novo
Código Civil, 2002

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