Vous êtes sur la page 1sur 38

ENEM 2016

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS PARA AS


EQUIPES DE SUPERVISORES E DE
AVALIADORES

Equipe Pedagógica
Cebraspe – novembro de 2015

1
ENEM 2016
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

SUMÁRIO

PROPOSTA DE REDAÇÃO 2015............................................................................................................. 3

EXPECTATIVA DE RESPOSTA PARA A PROPOSTA DE REDAÇÃO DO ENEM 2015.......................................4

O R I E N T A Ç Õ E S P A R A A A V A L I A Ç Ã O D A S R E D A Ç Õ E S ................................................5

AS SITUAÇÕES NA PLANILHA DE AVALIAÇÃO..........................................................................................5


TEXTOS COM PARTES DESCONECTADAS DO TEMA/ASSUNTO..............................................................8
FUGA AO TEMA...................................................................................................................................10
COMPETÊNCIAS DA MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA REDAÇÃO..............................................................10
COMPETÊNCIA I..................................................................................................................................10
COMPETÊNCIA II.................................................................................................................................13
COMPETÊNCIA III................................................................................................................................16
COMPETÊNCIA IV................................................................................................................................23
COMPETÊNCIA V.................................................................................................................................28
PROPOSTAS POSSÍVEIS PARA O TEMA DO ENEM 2015......................................................................31
DESRESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS.............................................................................................32
RESUMINHO DAS COMPETÊNCIAS..........................................................................................................33

1
PROPOSTA DE REDAÇÃO 2015

1
EXPECTATIVA DE RESPOSTA PARA A PROPOSTA DE
REDAÇÃO DO ENEM 2015

TEMA PROPOSTO:
A PERSISTÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA
SOCIEDADE BRASILEIRA
O tema proposto para o ENEM 2015 é pautado por uma questão social
bastante relevante. O tema é de amplo acesso, bastante presente na mídia e
todos, de alguma forma, estão envolvidos nesse contexto, pois, ou já foram
expostos à discussão do problema, ou de alguma forma o presenciaram ou
vivenciaram.
A abordagem proposta diz respeito à discussão sobre a persistência
da violência contra a mulher na sociedade brasileira. A partir dessas
palavras-chave destacadas, o participante precisa considerar as várias
dimensões do problema contidas nos textos motivadores por meio,
sobretudo, de dados sobre a violência contra a mulher para decidir sobre o
seu direcionamento. Nesse contexto, espera-se que as redações abordem o
cenário em que se localiza o problema (a sociedade brasileira) e não o
tratem como assunto novo, mas considerem as políticas, ações e leis já em
curso relacionadas a esse problema.
O Texto I apresenta um trecho do relatório Mapa da Violência 2012, o
qual sintetiza o número de homicídios de mulheres no Brasil entre os anos
de 1980 e 2010.
O Texto II traz subsídios para ampliar a reflexão sobre a violência
contra a mulher ao apresentar um gráfico com um balanço sobre os tipos de
violência relatados pelas mulheres na Central de Atendimento à Mulher ao
longo do ano de 2014.
O Texto III é um cartaz que aborda a questão do feminicídio (Lei nº
13.104, de 09/03/2015), por meio de um pedido de combate à violência
contra a mulher.
O Texto IV é um infográfico com informações em números referentes
ao impacto da Lei Maria da Penha.
A partir desse rol de informações, espera-se que os textos produzidos
possam se direcionar para os contextos a seguir.
a) Contexto legal: discutir os pontos de fragilidade e/ou aspectos
positivos existentes na execução da legislação atual (Feminicídio,
Lei Maria da Penha) concernente à violência contra a mulher.

1
b) Contexto de proteção às mulheres por meio de políticas
públicas: enfatizar a necessidade de proteção às mulheres como
uma realidade brasileira urgente e inegável, problematizando a
discussão de políticas públicas e sua efetividade.
c) Contexto de ação da sociedade civil e/ou entidades não
governamentais: discutir políticas pela igualdade de gênero e
empoderamento das mulheres, sob um viés mais sociológico,
problematizando a herança de cultura patriarcal da sociedade
brasileira e as lutas feministas.
d) Contexto de mudança cultural: transformar valores culturais com
relação à equidade de gênero.
e) Contexto da ação individual: demonstrar que qualquer mudança
de atitude e de comportamento tem origem no indivíduo como
membro de uma coletividade.

O R I E N TA Ç Õ E S PA R A A AVA L I A Ç Ã O D A S R E D A Ç Õ E S
CNAS SITUAÇÕES NA PLANILHA DE AVALIAÇÃO

No ambiente de avaliação das redações do ENEM 2015, as Situações que


levam à atribuição de nota zero devem ser consideradas conforme
apresentado a seguir, para que não ocorram discrepâncias por Situação.
1ª TELA – PARTE DESCONECTADA DO TEMA
Nessa tela o avaliador deve responder à pergunta “Existe na redação algum
fragmento de texto deliberadamente desconectado do tema/assunto?”
Nesse momento, o avaliador deve apenas verificar, primeiramente, se a
redação trata do tema e, depois, se há ou não há partes desconectadas. Se
tratar do tema e não houver, a resposta será sempre Não, mesmo que haja
outras Situações que levem à nota zero.
É preciso preencher, nesta tela, o número de linhas efetivamente escritas
(não importa se mais ou menos de 7 linhas) para que o programa prossiga.
Parte desconectada X Imagem ausente ou com defeito
Se houver problema de escaneamento que impeça a leitura, marcar a opção
Não, marcar o número de linhas para que a avaliação da Imagem ausente
ou com defeito seja feita na segunda tela.
Parte desconectada X Texto Insuficiente
Se, nessa primeira tela, aparecer uma redação com 7 linhas escritas ou
menos, nem é preciso ler (nem verificar se está tratando do tema ou se há
partes desconectadas). Marcar a resposta Não e prosseguir para a segunda
tela. Essas redações não são, em geral, colocadas no ambiente de avaliação,

1
mas elas podem aparecer devido a linhas em branco no interior do texto,
por exemplo. Na segunda tela, marcar Texto insuficiente e salvar a
correção.
Parte desconectada X Fuga ao tema
Ao ler a redação, antes de observar se há partes desconectadas do tema, é
preciso verificar se a redação tratou do tema. Se não tratou, marcar o
número de linhas e clicar Não como resposta. Na segunda tela, marcar o
campo Fuga ao tema e salvar. Se tratou, aí sim o avaliador deve procurar
por partes desconectadas, que podem ser frases esparsas no texto. Fuga ao
tema, portanto, prevalece sobre Parte desconectada do tema.
Se não houver na redação nenhuma parte desconectada do tema/assunto,
deve-se iniciar a avaliação, preenchendo-se sempre o campo que pede o
número de linhas efetivamente escritas no texto.
Parte desconectada X Letra ilegível/língua estrangeira/desenhos
Se a imagem da redação estiver perfeita, mas a letra for totalmente ilegível
(uma ou outra palavra legível não salvam a redação), se a redação estiver
totalmente escrita em língua estrangeira ou se houver nela apenas desenhos
ou riscos sobre o texto, não será possível responder à pergunta; então, deve-
se marcar o número de linhas ocupadas e clicar Não como resposta. Na
segunda tela, marcar Outras formas de Anulação e salvar a correção.
ATENÇÃO! Pequenos trechos escritos em outra língua, em redação que
trate do tema em língua portuguesa, não devem ser causa de apenação com
nota zero. Se ocorrerem na redação, deve-se marcar Não à pergunta da
primeira tela e prosseguir avaliando normalmente a redação, que deverá ser
apenada na Competência I, caso esses trechos (ou mesmo palavras) não
estejam destacados de alguma forma (aspas, por exemplo). Se ocorrerem
textos maiores, no entanto, como um parágrafo inteiro, clicar SIM como
resposta. Trata-se de Parte desconectada do tema.
Parte desconectada X impropérios (ofensas, insultos, desacato)
Nesta primeira tela, se o avaliador notar que a redação contém ofensas,
insultos ou palavras de desacato, ele deve marcar a resposta Não, avaliar
esse tipo de Situação na segunda tela (em Outras formas de anulação) e
depois salvar a correção.
2ª TELA – HIERARQUIA DAS SITUAÇÕES
E AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS
Nessa tela, o primeiro botão à esquerda é o default: Não há problema.
Mantendo-o marcado, o avaliador terá acesso à planilha completa das
Competências. Esse botão será desativado caso a redação seja encaixada
em qualquer uma das Situações que levam à nota zero.

1
Para que não haja incompatibilidades entre as avaliações, ao se deparar
com uma redação em que ocorra mais de uma das Situações que levam à
nota zero, o avaliador deverá obedecer à ordem de prioridades a seguir.
Imagem ausente ou com defeito
Se houver problema de escaneamento que impeça a leitura, marcar a opção
Imagem ausente ou com defeito e depois clicar em Salvar Correção.
Texto insuficiente
Com 7 (sete) linhas escritas ou menos, deve-se marcar Texto insuficiente e
salvar, porque essa redação nem deveria estar no ambiente de avaliação.
Ela nada tem a ver com partes desconectadas do tema ou linhas escritas em
língua estrangeira. Para avaliá-la, basta olhar a página escrita e contar as
linhas. Atenção! Linhas em branco devem ser descontadas nessa contagem.
1. Fuga ao tema
Se a redação com mais de 7 linhas escritas não tratar do tema/assunto
proposto, marcar a situação Fuga ao tema e salvar. Fazer isso, mesmo
quando perceber que há outros motivos para atribuir nota zero à redação
além da fuga ao tema, isto é, a Fuga ao tema prevalece sobre as demais
Situações que levam à nota zero nos textos com mais de 7 linhas.
2. Cópia literal de texto motivador
Se a redação tiver mais de 7 linhas escritas e abordar o tema/assunto, mas
contiver trechos de cópia literal de texto motivador, deve-se descontar as
linhas com tais trechos e avaliar o restante do texto.
Se restarem apenas 7 linhas ou menos de autoria do participante, deve-se
marcar Cópia de texto motivador e salvar a avaliação. Se ficarem mais de
7 linhas, deve-se avaliar normalmente o texto restante e salvar a avaliação.
ATENÇÃO! A ocorrência de paráfrases dos textos motivadores não
configura Situação que leva à nota zero, mas leva à perda de nota na
Competência III proporcionalmente à limitação aos textos motivadores.
3. Não atendimento ao tipo textual
Se a redação tiver mais de 7 linhas autorais e tratar do tema, mas não
atender ao tipo textual dissertativo-argumentativo, deve-se marcar Não
atendimento ao tipo textual e salvar. Se não atende ao tipo e, ainda, foge
ao tema, marcar Fuga ao tema e depois salvar.
4. Desrespeito aos direitos humanos
Se a redação tratar do tema, em mais de 7 linhas autorais, e atender ao tipo
textual, mas ferir os direitos humanos, deve-se marcar Desrespeito aos
direitos humanos e salvar a avaliação. Se a redação fere os direitos
humanos e, ainda, não trata do tema, marcar Fuga ao tema e salvar; se fere
os direitos humanos e trata do tema, mas não atende ao tipo, marcar Não

1
atendimento ao tipo e depois salvar. Isso significa que as Situações de
Fuga ao tema e de Não atendimento ao tipo prevalecem sobre a Situação
de Desrespeito aos direitos humanos.
5. Outras formas de anulação
Letra ilegível/língua estrangeira/desenhos/impropérios (ofensas, insultos,
desacato)
Se, em um texto de mais de 7 linhas autorais que aborde o tema, que atenda
ao tipo textual e que respeite os direitos humanos, ocorrerem impropérios,
ofensas, insultos, desacatos, desenhos ou linhas riscadas que expressem a
intenção do participante de anular sua redação, deve-se marcar Outras
formas de anulação e salvar.
ATENÇÃO! A ocorrência de uma ou outra palavra de baixo calão não
configura Situação que leva à nota zero, mas leva à perda de nota nas
Competências I e II.
Marcar também como Outras formas de anulação redação totalmente
escrita em língua estrangeira, ou escrita com letra totalmente ilegível (uma
ou outra palavra legível não salva a redação).
ATENÇÃO! Assinatura do participante, por si só, não configura motivo
para atribuição de nota zero à redação.
SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS
Diante de redações com linguagem atípica, os avaliadores devem
encaminhar o número da máscara desses textos ao seu supervisor. A equipe
administrativa se encarregará de verificar se, no ato da inscrição, os autores
dos textos se declararam como surdos ou disléxicos. As redações desses
dois tipos de participante devem ser avaliadas por bancas especiais.
Se, ao avaliar a redação, o avaliador se sentir inseguro diante da Situação a
ser marcada, sempre terá o recurso de consultar seu supervisor. Para isso,
deve clicar em Auxílio do Supervisor, formular sua pergunta e salvá-la
para que sua mensagem seja enviada ao supervisor. Para enviar seus
comentários em resposta ao avaliador, o supervisor deverá redigir a
resposta e salvá-la. A redação voltará ao mesmo avaliador, no campo
AVALIADAS.

TEXTOS COM PARTES DESCONECTADAS DO TEMA/ASSUNTO

Uma das preocupações do MEC/INEP são as redações que,


propositalmente ou não, apresentam partes desconectadas do tema/assunto.
Para orientar a avaliação desses textos, seguem algumas Situações e
a forma como elas devem ser vistas pelas equipes.

1
Há partes desconectadas de dois tipos: (1) as que não levam, por esse
motivo, à atribuição de nota zero e (2) as que levam, por esse motivo, à
atribuição de nota zero.
(1) Partes desconectadas que NÃO LEVAM à atribuição de nota
zero
- Inserções de agradecimento, como Graças a Deus!, Obrigado, Senhor!
- Alguns emoticons e palavras e expressões que fecham textos, como Fim!,
The end.
- Pequenas frases, provérbios e ditados populares ou de fundo religioso:
Cada um por si, Deus por todos!
- Identificação do participante por meio de assinatura ou nome.
Nesses casos, avaliar normalmente a redação, com perda de nota, se for o
caso, nas Competências II (se prejudicar a tipologia exigida na prova) ou
III (se prejudicar a argumentação).
(2) Partes desconectadas que LEVAM à atribuição de nota zero
 recados para a banca avaliadora, por exemplo, pedindo nota,
congratulando-se ou agradecendo ou mesmo hostilizando o
avaliador;
 reflexões pessoais sobre o próprio desempenho na prova;
 trechos de outros textos, que têm a função de desqualificar ou
zombar do Exame (letras de música, receitas, hinos etc.).
 trechos em língua estrangeira
Se a redação estiver escrita em língua portuguesa e houver
pequenos trechos ou expressões escritos em outras línguas, sem
aspas, apenar na Competência I. Trechos maiores que simples
expressões, como linhas inteiras e parágrafos, marcar como Parte
desconectada do tema.

1
FUGA AO TEMA

Será configurado como fuga ao tema qualquer encaminhamento que não


trate do tema ou, pelo menos, de assunto a ele relacionado; que trate, por
exemplo, exclusivamente,
 de violência, sem mencionar o recorte de gênero “contra a mulher”;
 da violência contra a mulher em diferentes países sem mencionar o
Brasil (Obs.: exceto quando nada é dito sobre o lugar, o que permite
inferir que se escreve sobre o Brasil);
 da violência feminina, praticada pelas mulheres contra os homens;
 de feminismo, abordando apenas o movimento;
 do papel da mulher na sociedade/família, sem abordar a questão da
violência contra a mulher na sociedade brasileira.

A defesa de um ponto de vista que conteste a persistência da violência


contra a mulher não deve ser entendida como fuga ao tema. Embora possa
ser um encaminhamento inusitado, reconhece-se que pode haver a
discussão do tema.

COMPETÊNCIAS DA MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA REDAÇÃO

COMPETÊNCIA I
Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
A Competência I deve ser analisada com base nas estruturas sintáticas
empregadas no texto. Problemas de pontuação específicos — vírgula em
lugar de ponto, ausência de vírgula para separar termos adverbiais, entre
outros — devem ser avaliados na Competência I.
Caso os problemas de pontuação e de emprego de conectores não
comprometam a coesão textual, o participante deverá ter nota subtraída
apenas na Competência I. Caso comprometam a coesão, mas não muito, o
avaliador deverá analisar e escolher em qual das duas Competências o
participante será penalizado — sem desconsiderar, é claro, os demais erros
presentes no texto. Caso os problemas gramaticais comprometam
severamente a coesão textual, então o aluno receberá nota mais baixa em
ambas as Competências (I e IV).

1
Nos níveis 0 e 1, o participante revela pouco domínio da modalidade
escrita formal da língua portuguesa. Apresenta tantos erros de sintaxe e de
convenção da escrita que a compreensão das ideias fica comprometida.
Podemos dizer que nesses níveis o redator apresenta domínio da língua
correspondente aos primeiros anos do ensino fundamental, e, muitas vezes,
revela que não completou satisfatoriamente o processo de alfabetização.
O nível 2 é o primeiro abaixo do que consideramos como minimamente
aceitável para o aluno concluinte de Ensino Médio. Parece óbvio falar
assim, mas, se pensarmos no que esperamos desse aluno em termos de
construção de estrutura sintática e de clareza de ideias, fica mais fácil
identificar o texto que se enquadra no nível 2.
O texto de nível 2 apresenta uma organização sintática que permite a
compreensão "global" das ideias do texto, ainda que haja um ou outro
trecho de compreensão mais dificultada. No nível 1, a compreensão global
é prejudicada mormente pelo fato de a organização sintática apresentar
falhas tão graves que impedem ou dificultam bastante a comunicação das
ideias.
Enquanto no nível 3 os períodos do texto, de maneira geral, são bem
estruturados e as ideias são transmitidas com clareza, no nível 2 essa
estrutura já não é tão boa e a compreensão do texto já não ocorre da mesma
maneira. No nível 2, falamos que há alguma "organização" sintática, já que
as estruturas sintáticas propriamente ditas apresentam problemas mais
profundos e difíceis de resolver, o que afeta diretamente a clareza das ideias
do texto.
Não fica complicado diferenciar nível 3 e nível 4 se lembrarmos que, no
nível 3, o participante demonstra o que se espera minimamente do aluno
concluinte de Ensino Médio, em termos de construção de estruturas
sintáticas e clareza de ideias. No nível 3, as sentenças do texto, de maneira
geral, são bem estruturadas e as ideias são transmitidas com clareza, mas
ainda ocorrem alguns problemas na construção dos períodos (como uma ou
outra oração incompleta).
No nível 4, o participante demonstra estar acima desse padrão mínimo. Na
redação desse nível, as estruturas sintáticas são mais elaboradas, e o texto
costuma apresentar períodos mais extensos, formados por orações
completas.
Só é capaz de construir períodos compostos extensos e bem estruturados o
falante que domina bem as regras da língua escrita. Quem não tem esse
domínio pode até produzir períodos longos, mas, em geral, perde a linha de
raciocínio ou faz estruturas truncadas, além de apresentar desvios de
pontuação ou de conectores.

1
Nível 5
De acordo com a Matriz de Referência para Redação do ENEM 2015, a
redação que se enquadra no nível 5 da Competência I é a que demonstra
“excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de
escolha de registro”. Neste nível, desvios gramaticais ou de convenção da
escrita “serão aceitos somente como excepcionalidade e quando não
caracterizem reincidência”.
Para que um texto seja avaliado como excelente, deve-se partir,
inicialmente, da análise de sua estrutura sintática — se é completa (sem
truncamentos), se reproduz as ideias do autor com clareza, se promove
leitura fluida, se representa um excelente domínio da modalidade escrita
formal da língua portuguesa para este nível de ensino —, e não apenas da
quantificação de erros.
Desvios de convenção da escrita são aqueles que envolvem o uso
inadequado de letras, acentos gráficos e hífen. Não se exige do participante
do ENEM 2015 a escolha entre o emprego das regras de um ou de outro
acordo ortográfico, mesmo que haja grafias de ambos os acordos no texto.
Quanto ao emprego de hífen, a orientação a ser seguida é a seguinte:
- os hifens que ligam verbo e pronome ou que indicam translineação são
obrigatórios; assim, se houver erro, o avaliador deve considerá-lo;
- se se tratar de prefixação (e similares), situação que é muito confusa para
todos, não se deve penalizar.
Afora os casos citados de desvios de convenção da escrita (uso inadequado
de letras, acentos gráficos e hífen), todos os demais (problemas de
construção do período, de pontuação, de concordância, de regência, entre
outros) se enquadram no que se denomina desvio gramatical.
Como avaliar os desvios de convenção da escrita?
Suponha-se que apareça no texto a palavra “econômia”. Nesse caso, há erro
de convenção da escrita. Ainda que a palavra esteja grafada de forma errada
mais de uma vez ao longo da redação, considera-se que ali ocorreu apenas
um erro. Caso haja apenas esse erro em toda a redação, ele não é bastante
para subtrair nota do participante na Competência I: esse erro representa
uma excepcionalidade no texto e, se ocorreu uma única vez, não houve
reincidência. Suponha-se que apareçam “econômia” e “excessão” no
mesmo texto. Nesse caso, há dois desvios de convenção da escrita, portanto
considera-se que houve reincidência de erro. Tal fato constitui motivo
suficiente para que não receba a nota máxima na Competência I.
Como avaliar os desvios gramaticais?

1
Caso haja apenas uma ocorrência de erro em toda a redação, ela não é
bastante para subtrair nota do participante na Competência I: uma única
ocorrência de erro de pontuação ou de qualquer outro quesito gramatical
representa uma excepcionalidade no texto e, se ocorreu uma única vez, não
há reincidência. Se houver mais de um erro (mesmo que ambos de
pontuação, por exemplo), a redação não deverá receber nota 5, visto que a
ocorrência de mais de um desvio gramatical não constitui uma
excepcionalidade.
Como se caracterizam os desvios aceitáveis no nível 5 da Competência I?
A redação deve ser avaliada como de nível 5 se nela houver: (1) apenas um
erro de convenção da escrita, ou (2) apenas um desvio gramatical, ou (3)
um erro de convenção da escrita e um desvio gramatical. A ocorrência
simultânea dessas duas formas de impropriedade, desde que limitadas a
uma única ocorrência de cada, não constitui razão bastante para que se
subtraia nota na Competência I.
Se uma redação apresenta como desvios somente o não emprego de acento
gráfico em uma palavra como "refúgio" (desvio de convenção da escrita) e
o emprego de vírgula entre sujeito e predicado (desvio gramatical), por
exemplo, ela deve ser avaliada no nível 5. No entanto, se não apresentar
nenhum desvio de convenção da escrita, mas empregar vírgula em lugar
indevido e o vocábulo “onde” sem referência locativa, por exemplo, a
redação não deve ser avaliada no nível 5 na Competência I, pois considera-
se que a ocorrência de mais de um desvio gramatical não constitui uma
excepcionalidade.
É importante destacar que um erro gramatical deve ser considerado como
tal apenas quando houver respaldo na literatura para tanto. Situações não
pacificadas entre os estudiosos, tais como a regência de certos verbos, não
deverão ser apenadas. Não é possível listar todos os casos que se
enquadram nessa situação, visto que as possibilidades da língua são
infinitas.
Em síntese, deve ser avaliado como de nível 5 na Competência I o texto
que apresentar, no máximo, um desvio de convenção da escrita e um
desvio gramatical.

COMPETÊNCIA II
Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas
de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais
do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Note-se que esta Competência não tem nível 0, uma vez que corresponde
às Situações Fuga ao tema e Não atendimento ao tipo textual.

1
NÍVEL 1
Encontra-se no nível 1 a redação que apresenta o assunto tangenciando o
tema ou demonstra domínio precário do texto dissertativo-argumentativo,
com traços constantes de outros tipos textuais.
 Tangenciar o tema – Para fins de avaliação das redações do Enem,
equivale a desenvolver o texto apenas nos limites dos assuntos mais
amplos, sem abordar o recorte temático solicitado no Enem 2015: A
persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira.
Assim, será configurado como tangenciamento ao tema o
encaminhamento que trate apenas da discussão de leis ou outros
instrumentos legais, a exemplo das leis Maria da Penha e do
Feminicídio, sem relacioná-los ao cenário da persistência da
violência contra as mulheres.
 Apresentar traços constantes de outros tipos textuais – A temática
proposta em 2015 pode estimular alguns participantes a produzirem
textos, por exemplo, com marcas constantes de injunção ou narração,
tendo em vista o desejo de relatarem experiências ou de
conclamarem o leitor a aderir a suas ideias (participação em
campanhas, manifestações, efetivação de denúncias etc.). Em casos
assim, se houver trechos ou sequências de caráter dissertativo e
argumentativo, a redação deve ser avaliada no nível 1. ATENÇÃO!
Se, em todo o texto, não for possível constatar sequências tipológicas
de dissertação e de argumentação, a redação será classificada na
Situação “não atendimento ao tipo textual”.
NÍVEL 2: Desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos
motivadores ou apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo-
argumentativo, não atendendo à estrutura com proposição, argumentação
e conclusão.
• "Copiar", na descrição do nível 2 da Competência II da Matriz,
equivale a desenvolver o tema de modo muito próximo aos aspectos,
aos fatos ou às opiniões presentes nos textos motivadores. No caso
de cópias fiéis (reproduções fidedignas) dos textos motivadores —
ou de parte deles —, os avaliadores devem descontar o número de
linhas fielmente transcritas.
• O domínio insuficiente do texto dissertativo-argumentativo
caracteriza-se pela falta de proposição, de argumentação ou de
conclusão de ideias. É preciso observar que um texto pode ser
avaliado no nível 2 sem, necessariamente, atender a todas essas três
condições. Por exemplo: se um texto apresenta ideias, mas não as

1
conclui e não as defende de forma suficiente, deve ser avaliado no
nível 2 da Competência II.
NÍVEL 3: Desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e
apresenta domínio mediano do texto dissertativo-argumentativo, com
proposição, argumentação e conclusão.
• Argumentação previsível diz respeito ao desenvolvimento temático
de aspectos redundantes ou diz respeito à fixação de ideias
estereotipadas.
• O domínio mediano do texto dissertativo-argumentativo caracteriza-
se pela presença de proposição, de argumentação e de conclusão
de ideias. No nível 3, contudo, admite-se, ainda, um texto com
tratamento exíguo a uma das três condições. Por exemplo: se um
texto tem proposição e argumentação, mas apresenta uma escassa
conclusão das ideias, deve ser avaliado no nível 3.
Observação: Se uma redação apresentar boa (e não mediana) estruturação
dissertativo-argumentativa, mas tiver um desenvolvimento temático
previsível, ficará no nível 3 na Competência II.
NÍVEL 4: Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente e
apresenta bom domínio do texto dissertativo-argumentativo, com
proposição, argumentação e conclusão.
• Texto com argumentação consistente é aquele em que se identifica,
claramente, a defesa de ideias. Desse modo, diferentemente de uma
redação de nível 3, o texto avaliado no nível 4 deve conter um ponto
de vista claramente defendido.
• O bom domínio do texto dissertativo-argumentativo caracteriza-se
pela presença de proposição, de argumentação e de conclusão de
ideias. O texto avaliado, a partir do nível 4, já não pode mais
prescindir de argumentação e de conclusão de um ponto de vista
(apresentadas de forma consistente).
NÍVEL 5: Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a
partir de um repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente
domínio do texto dissertativo-argumentativo.
• Texto com argumentação consistente é aquele em que se identifica,
claramente, a defesa de ideias. Nesse aspecto, o que diferencia o
nível 4 do nível 5, na Competência II, é presença (na redação de
nível 5) de um repertório sociocultural produtivo (explicitado por um
nível de informatividade com base, por exemplo, na mobilização de
conceitos e/ou na apresentação de dados históricos, estatísticos e/ou

1
bibliográficos, bem como na mobilização de conhecimentos de
diversas áreas em prol do projeto argumentativo).
• O excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo
caracteriza-se pela presença de proposição, de argumentação (com
base em um repertório sociocultural produtivo) e de conclusão de
ideias. De modo semelhante ao nível 4, uma redação de nível 5 não
pode prescindir de proposição, argumentação e conclusão de um
ponto de vista (apresentadas de forma consistente).
Observação:
As redações avaliadas nos níveis 4 e 5 devem, necessariamente, abordar a
questão da persistência da violência contra a mulher na sociedade
brasileira.
Atenção: É importante destacar que, no primeiro dia de provas, o Caderno
de Questões de Ciências Humanas apresentou uma questão com citação de
trecho escrito por Simone de Beauvoir. Tal trecho tem relação com o tema
de redação proposto e, portanto, poderá ser citado literalmente sem prejuízo
para o cálculo do número de linhas, uma vez que não há previsão em edital
para apenar o participante.

COMPETÊNCIA III
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos,
opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
O primeiro aspecto que deve ser observado na avaliação desta Competência
é o último a ser citado na descrição: a defesa de um ponto de vista.
Defesa do ponto de vista
Entende-se que o ponto de vista defendido deve evidentemente estar
relacionado ao tema proposto. Redações que contenham apenas pontos de
vista que não tenham relação com o tema/assunto, portanto, equivalem,
neste aspecto, àquelas que não apresentam nenhum ponto de vista.
Observar inicialmente esse aspecto é importante, pois a existência do ponto
de vista já situa a nota relativa a esta Competência em uma escala:

1
A presença do ponto de vista deve ser avaliada também porque dela
depende a própria argumentação. Somente se constroem argumentos com o
objetivo de se defender uma ideia. Se não há uma ideia defendida, não se
pode verificar o delineamento dos argumentos. Nesse caso, o texto
constitui-se de informações soltas.
As quatro habilidades da Competência III
Agora, devemos nos concentrar nas habilidades indicadas como
fundamentais para a elaboração dos argumentos.
O primeiro verbo citado na matriz é selecionar. É um verbo que diz
respeito à diversidade de informações. Por diversidade, entendemos não só
se essas informações são numerosas, mas também se elas são selecionadas
a partir de diferentes áreas do conhecimento. Avalia-se, assim, se o
participante é dotado de um repertório variado de informações. É a
habilidade de selecionar que nos permite observar se os argumentos da
redação já foram apresentados nos textos motivadores ou se fazem parte de
um repertório autoral do participante. As redações cuja seleção de
argumentos relacionados ao tema extrapole os textos motivadores —
revelando marcas de autoria — serão avaliadas nos níveis 4 ou 5, se
estiverem bem organizadas. O que diferencia esses dois níveis é justamente
o quanto esse repertório autoral é consistente. Para tanto, é preciso observar
os outros verbos avaliados nessa Competência. Por outro lado, textos que
reproduzam as informações e os argumentos já apresentados nos textos
motivadores situam-se entre os níveis 2 e 3. O que diferencia os dois níveis
é o grau de organização e a relação estabelecida entre as informações,
aspectos avaliados a partir de outros verbos em questão nesta Competência.
Acompanhando o provável raciocínio do avaliador, o segundo verbo a ser
observado é o último citado na descrição da matriz: interpretar. Com
relação a essa habilidade, o que deve ser considerado é, portanto, o
contexto das informações selecionadas, pois não basta que sejam variadas,
elas devem, também, ser interpretadas, isto é, devem ser devidamente
contextualizadas em relação ao tema e ao ponto de vista defendido pelo

1
participante, sob o risco de se revelarem aleatórias caso não haja
contextualização. Nesse caso, elas podem até, eventualmente, ser
numerosas e vir de diferentes áreas do conhecimento, mas, se não forem
adequadamente interpretadas, resultarão em um texto, no mínimo,
desorganizado, avaliado entre os níveis 2 e 3. Do texto de nível 3, portanto,
ainda se espera que possa haver algum tipo de problema de interpretação
das informações, porém sem contradições, o que levaria o texto para o
nível 2. O nível mais precário de interpretação é aquele que caracteriza o
texto de nível 1, em contraste com o de nível 0, pois nele as informações,
apesar de terem sido lançadas no texto sem que fossem analisadas, não
estão desconectadas do tema proposto, o que revela um nível mínimo de
interpretação por parte do participante. Por outro lado, se bem
interpretadas, as informações revelam a consistência da argumentação, o
que leva a avaliação do texto para os níveis 4 e 5.
O terceiro verbo para o qual chamamos a atenção aqui é organizar. Nesse
caso, observa-se de que modo o participante estabelece uma hierarquia
entre as informações selecionadas para a construção de cada um dos
argumentos e também de que modo organiza os argumentos entre si. Para a
defesa de uma ideia, há argumentos e informações mais importantes e
aqueles que são periféricos (ou secundários). É importante observar se o
participante é capaz de construir uma hierarquia no texto que subordine os
argumentos menos importantes àqueles que constituem o núcleo do eixo da
argumentação. Os argumentos podem ser mais frágeis porque estão mais
distantes do eixo central da argumentação ou porque são “escada” para
pontos mais impactantes, isto é, mais persuasivos. A organização do texto
depende, portanto, de uma hierarquização adequada. Somente os textos que
não contenham problemas nessa hierarquização poderão ser avaliados nos
níveis 3, 4 e 5. Além disso, não se deve confundir os argumentos e
informações menos importantes com aqueles que podem ser irrelevantes
pelo fato de não terem sido devidamente interpretados, e, por isso, não
estarem devidamente relacionados à discussão.
Isso nos leva ao último verbo: relacionar. Intimamente relacionado com a
hierarquização e com a interpretação das informações, o estabelecimento
de nexo entre os argumentos e as informações é o último aspecto que será
abordado aqui. Permite-se ao participante toda a liberdade para que ele
selecione as informações que julgar pertinentes para a defesa de seu ponto
de vista. Essas informações, entretanto, só se constituirão em argumentos
se, como já vimos, (a) estiverem devidamente interpretadas; (b) estiverem
hierarquizadas; e (c) estiverem conectadas entre si. É importante frisar que
essa conexão, avaliada na Competência III, se dá no plano semântico, não
no que tange ao emprego de mecanismos estruturais de coesão. É
fundamental lembrar também que as operações de interpretação,

1
organização e estabelecimento de relação entre os argumentos e
informações se dão conjuntamente — motivo pelo qual são avaliadas em
uma mesma Competência. Um bom desempenho nessas três habilidades
determina a consistência da argumentação — aspecto que é central na
avaliação dos níveis desta Competência —, partindo da precariedade, no
nível 1, até a excelência, no nível 5.

1
RESUMO
SEM defesa de ponto de vista relacionada ao tema:
0 - apresenta informações não relacionadas ao tema/assunto
1 - apresenta informações relacionadas ao tema/assunto
COM defesa de ponto de vista relacionada ao tema:
2 - não extrapola os textos motivadores e não organiza as informações e
os argumentos
3 - não extrapola os textos motivadores, organiza parcialmente e não
relaciona, de modo claro, as informações e os argumentos
4 - extrapola parcialmente os textos motivadores e relaciona, de modo
claro, as informações e os argumentos
5 - extrapola os textos motivadores e relaciona, de modo claro e
consistente, as informações e os argumentos com a discussão do texto
Nível 0
O nível 0 é reservado para textos cujas informações selecionadas não têm
relação com o tema/assunto proposto. Para esses textos, ainda não se fala
em argumentos, pois neste nível não se prevê a presença de ponto de vista
relacionado ao tema/assunto. O que se espera de uma redação avaliada com
o nível 0, portanto, é uma organização precária, em um texto que tangencia
o tema, porém sem apresentar informações cuja intepretação nos permita
relacioná-las diretamente ao tema proposto.
Eventualmente ocorre de o avaliador decidir que o texto não deve ser
anulado por Fuga ao tema, em função de um enunciado que, precariamente,
situa o texto no universo do tema proposto. Esse enunciado, porém, pode
vir em meio a outras informações que não têm nenhuma relação com o
tema (ou mesmo nenhuma outra informação, no caso de um texto mais
curto), pois não foram interpretadas para que se construísse o nexo. Assim,
teríamos um texto com uma informação tangencial ao tema, em meio a
outras informações, sem que elas estejam minimamente organizadas. Nesse
caso, as próprias informações selecionadas são também tangenciais e, como
do texto de nota 0 não se espera a interpretação das informações, elas serão
consideradas como desconectadas do tema proposto.
É importante lembrar que não há uma vinculação automática de notas, pois
o texto avaliado com nota 1 na Competência II pode ser avaliado não
apenas com zero, mas também com nota superior a zero na Competência
III. No caso de tangenciamento (nota 1 na Competência II), a nota na

1
Competência III deverá ser, no máximo, 2 sob risco de haver incoerência
na avaliação.

Notas sobre o uso dos Textos Motivadores

 O participante pode fazer uso dos textos motivadores na elaboração


de seu texto: eles estão na proposta de redação e podem ser usados.
No entanto, a mera paráfrase das ideias apresentadas nos textos não
permite que constatemos a consolidação da autoria do participante
no texto. Ele pode, sim, utilizar aqueles argumentos, mas deve ir
além.

 É importante observar, mais especificamente em relação ao nível 4


da Competência III, que os indícios de autoria podem ser percebidos
pela demonstração de domínio de habilidades retóricas na
argumentação, ou seja, mesmo que a redação se construa em torno
dos textos motivadores, caso as informações selecionadas sejam
organizadas com excelência, relacionadas entre si e interpretadas
adequadamente, levando o autor a chegar a conclusões sobre o tema,
ainda que pouco originais, em defesa de um ponto de vista
claramente exposto, deve-se avaliar o texto no nível 4, e não no nível
3. Trata-se, nesse caso, de textos muito bem escritos, com boas
estratégias de persuasão, mas que não acessam repertório próprio de
informações.

 Hoje, na Matriz de Referência para Redação e nos manuais, a


interpretação em torno da configuração de autoria é de que não basta
usar os textos motivadores criativamente (isso seria característico do
nível 4), mas é preciso que o participante mobilize informações de
seu próprio repertório. Elas podem vir ou não em combinação com
os textos motivadores para que se configure o nível 5. Ou seja, a
utilização de textos motivadores não diminui a nota do participante.
Restringir-se a eles é que pode ser problemático.

1
QUADRO DE PERGUNTAS

1 Presença de um ponto de vista

1.1 Interpretação das informações


1.1.1 Distinção entre os níveis 0 e 1

2 Hierarquia das informações selecionadas


2.1 Distinção entre os níveis 2 e 3

*Por “Parcialmente” entende-se que o texto pode


apresentar problemas pontuais na hierarquização das
informações, como estender-se em um exemplo que
não seja tão relevante ou explorar o desdobramento
de informações que afastam o texto da discussão
empreendida para a defesa do ponto de vista ou
mesmo do tema. No entanto, as informações, no nível
3, não podem parecer soltas, sem subordinação evidente entre si.

3 Nexo entre as informações selecionadas


3.1 Distinção entre os níveis 3 e 4

1
4 Seleção das informações e argumentos
4.1 Distinção entre os níveis 3 e 4 e 4 e 5

*Por “Parcialmente” entende-se que, no nível 4, esperam-se textos que se limitem a acrescentar
informações àquelas apresentadas nos textos motivadores, porém circunscrevendo-se aos seus limites
temáticos. Em relação à seleção, sublinha-se que, no nível 4, espera-se que haja indícios de autoria, o que
pode ser entendido como a presença de informações do repertório do autor que compõem argumentos
ainda previsíveis, ou que não tenham sido extensivamente interpretadas. Do texto de nível 5 espera-se que
as informações de repertório próprio estejam interpretadas de modo mais aprofundado, configurando, ao
mesmo tempo, autoria e consistência da argumentação.

5 Contextualização das informações selecionadas


5.1 Distinção entre os níveis 4 e 5

COMPETÊNCIA IV

1
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para
a construção da argumentação.

NÍVEIS CARACTERÍSTICAS
Apresenta muitas inadequações a ponto de não haver articulação entre
Nível 0 as informações. As ideias apresentam-se desconexas por total falta de
conhecimento dos recursos coesivos.
Apresenta muitas inadequações, mas o texto já articula as ideias
Nível 1 mesmo que de forma precária. Configura-se como um texto
embrionário.
Trata-se de texto articulado com certa progressão textual e conhecimento
maior dos recursos da coesão remissiva, mas ainda de forma insuficiente,
Nível 2
com muitas inadequações e pouco domínio/repertório limitado dos recursos
coesivos.

Trata-se de texto em que as informações são articuladas de forma


mediana e com algumas inadequações. O repertório dos recursos
Nível 3 coesivos é utilizado com certo domínio, mas é pouco diversificado,
sem inovações no repertório, embora sem muitas inadequações que venham
a prejudicar o entendimento do texto como um todo significativo .

Trata-se de texto em que as informações apresentadas estão bem


Nível 4 articuladas e com poucas inadequações. O repertório dos recursos
coesivos é diversificado e utilizado com propriedade.
Trata-se de texto com excelente articulação das ideias apresentadas,
sem inadequações ou com raras inadequações na utilização dos
Nível 5
recursos coesivos. Apresenta um repertório diversificado de recursos
coesivos, utilizado com ótimo domínio.

Informações gerais e diferenças entre os níveis


A coesão se caracteriza pela articulação das ideias de um texto em
um todo significativo. Por coesão se entendem a ligação, a relação, os
nexos que se estabelecem entre os elementos que constituem a tessitura
textual. A coesão é tanto sintática e gramatical, como também semântica,
pois, em muitas situações, os mecanismos coesivos se baseiam em uma
relação entre os significados de elementos do texto.
A coesão estabelece conexões, articulações, ligações, concatenando
as ideias, e permite a progressão do texto em direção à comprovação da
proposição que se visa defender. Isso significa dizer que a estrutura
lexicogramatical das frases trata de criar coesão entre os constituintes de

1
um texto.
Para a avaliação da Competência IV, nas redações do ENEM,
destacamos três grandes modalidades de coesão: a coesão remissiva ou
referencial (remissão ou referenciação), a coesão sequencial (ou
sequenciação) e ainda a coesão interfrásica.
1. Coesão remissiva ou referencial
A coesão remissiva ou referencial é aquela que se estabelece entre
dois ou mais componentes da superfície textual que remetem a (ou
permitem recuperar) um mesmo referente (que pode, evidentemente, ser
acrescido de outros traços que se lhe vão agregando textualmente). Ela é
obtida por meio de dois mecanismos básicos: substituição e reiteração.
1.1 Coesão referencial por substituição
A coesão por substituição ocorre quando um componente da
superfície textual é retomado (anáfora) ou precedido (catáfora) por um
pronome, verbo, advérbio ou quantificadores que substituem outros
elementos do texto. Em outras palavras, esse tipo de coesão é feito pela
citação de elementos que já apareceram, ou vão aparecer, no próprio texto.
Pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos são utilizados para a
efetivação dessas citações.
Exemplo1 de coesão referencial por substituição:
Entretanto, é de grande importância abrir a mente da criança de
que esse ato consumista não faz bem para ela e com isso se tornará uma
pessoa de sucesso por não obter aquilo que quer, e sim aquilo que é
indispensável.

Existe também a coesão em que a substituição é feita por ausência


de um elemento referencial (Ø), a elipse. A coesão por elipse é uma
estratégia que permite a omissão de elementos facilmente identificáveis ou
que já tenham sido citados anteriormente. Algumas vezes, essa omissão é
marcada por uma vírgula. Pronomes, verbos, nomes e frases inteiras
podem estar omissos.

Exemplo de coesão referencial por elipse:


A mídia sempre foi um instrumento usado para o convencimento das
1
Os exemplos foram retirados de redações dos participantes do ENEM 2014.

1
pessoas. Por Ø ser a transmissora de ideologias, Ø pode influenciar de
várias formas o consumo, como por meio de propagandas televisivas,
dessa forma Ø tem sido utilizada para alcançar o maior número de
pessoas possível e mostrar a ela o que está a venda, tornando-se
influenciadora, principalmente, das crianças, sendo que elas não têm o
total discernimento do que lhes é exposto.

1.2 Coesão referencial por reiteração


A coesão por reiteração é feita por meio do léxico: hiperônimos,
nomes genéricos, expressões nominais definidas, repetição do mesmo item
lexical e nominalizações. Também a manutenção da unidade temática do
texto, que exige certa carga de redundância, é reforçada pela coesão
lexical por reiteração. Por isso, pode-se estabelecer uma corrente de
significados retomando-se as mesmas ideias e partes de ideias por meio
de diferentes termos e expressões. Essa corrente é formada pela
reutilização intencional de palavras, pelo uso de sinônimos, ou, ainda, pelo
emprego de expressões equivalentes para substituir termos já usados, ou
para identificar ou nomear elementos que já apareceram no texto.
Exemplo de coesão referencial por reiteração:
(...) já que não podemos proteger nossos pequenos do incentivo ao
consumo, devemos educar nossas crianças sobre a aquisição de bens e
serviços, mostrando que há diferenças entre o que se quer, entre o que
você acha que quer e o que você precisa. Conscientizando os futuros
cidadãos sobre suas responsabilidades e deveres teremos um mundo
melhor e menos materialista.

2. Coesão sequencial
A coesão sequencial se faz por mecanismos como recorrência de
termos, de estruturas (o chamado paralelismo), de conteúdos semânticos
(paráfrase, com expressões como “isto é”, “ou seja”, “quer dizer”, “ou
melhor”, “em outras palavras”, “em síntese”, “em resumo”), de recursos
fonológicos segmentais e suprassegmentais (ritmo, rima, aliteração, eco,
etc.), de aspecto e tempos verbais.
Exemplo de coesão sequencial por recorrência:

(...)
Em suma, os pais têm um importante papel na construção de uma
cultura menos consumista.
(...)

1
A sociedade contemporânea sofre com o consumismo, ou seja, com o
consumo em excesso.

3. Coesão interfrásica
Há também a coesão interfrásica, que designa mecanismos de
sequencialização que marcam diversos tipos de interdependência
entre os enunciados que compõem o texto. Basicamente, a conexão
interfrásica é assegurada por conectores: conjunções, advérbios,
locuções conjuncionais, locuções adverbiais, preposições, locuções
prepositivas, expressões adjetivas ou orações completas.
Exemplo de coesão interfrásica:
Por um bem viver
“O ornamento da vida está na forma como um país trata suas
crianças.” A frase do sociólogo Gilberto Freyre deixa nítida a relação de
cuidado que uma nação deve ter com as questões referentes à infância.
Dessa forma, é válido analisar a maneira como o excesso de publicidade
infantil pode contribuir negativamente para o desenvolvimento dos
pequenos e do Brasil.
É importante pontuar, de início, que a abusiva publicidade na
infância muda o foco das crianças do que realmente é necessário para sua
faixa etária. Tal situação torna essas crianças pequenos consumidores
compulsivos de bens materiais, muitas vezes desapropriados para
determinada idade, e acabam por desvalorizar a cultura imaterial, passada
através das gerações, com as brincadeiras de rua e as cantigas. Prova
disso são dados da UNESCO afirmarem que cerca de 85% das crianças
preferem se divertir com os objetos divulgados nas propagandas, tornando
notório que a relação entre ser humano e consumo está “nascendo” desde
a infância.
É fundamental pontuar, ainda, que o crescimento do Brasil está
atrelado ao tipo de infância que está sendo construída na atualidade. Essa
relação existe porque um país precisa de futuros adultos conscientes, tanto
no que se refere ao consumo, como às questões políticas e sociais, pois a
atenção excessiva dada à publicidade infantil vai gerar adultos alienados e
somente preocupados em comprar. Assim, a ideia do líder Gandhi de que o
futuro dependerá daquilo que fazemos no presente parece fazer alusão ao
fato de que não é prudente deixar que a publicidade infantil se torne
abusiva, pois as crianças devem lidar da melhor forma com o consumismo.
Dessa forma, é possível perceber que a publicidade infantil
excessiva influencia de maneira negativa tanto a infância em si como

1
também o Brasil. É preciso que o governo atue iminentemente nesse
problema através da aplicação de multas nas empresas de publicidade que
ultrapassarem os limites das faixas etárias estabelecidos anteriormente
pelo Ministério da Infância e da Juventude. Além disso, é preciso que essas
crianças sejam estimuladas pelos pais e pelas escolas a terem um maior
hábito de ler, através de concessões fiscais às famílias mais carentes, em
livrarias e papelarias, distando um pouco do padrão consumista atual, a
fim de que o Brasil garanta um futuro com adultos mais conscientes.
Afinal, como afirmou Platão: “O importante não é viver, mas viver bem”

Redação de participante do ENEM 2014 (com adaptações).

OS NÍVEIS DA COMPETÊNCIA IV
A redação classificada como de nível 0 possui problemas de
sequenciação tão graves a ponto de não se perceber articulação entre as
informações dadas, inviabilizando a progressão textual. A redação
apresenta somente algumas poucas palavras desconexas pertencentes ao
mesmo campo semântico relacionado ao tema solicitado.
Quanto ao nível 1, percebe-se que há ainda muitos erros de
sequenciação, mas já é possível visualizar, em pontos isolados do texto,
alguma organização textual, que não chega a transformar todo o texto em
uma unidade, mas sinaliza para um processo embrionário de texto.
O nível 2 não apresenta erros que inviabilizam o texto como um
todo significativo, mas a organização textual relacionada à progressão
textual já avança bastante e percebe-se, também, um conhecimento maior
em relação aos recursos da coesão remissiva.
Níveis 3, 4 e 5
Os níveis de 3 a 5 já não apresentam esses problemas com
frequência.
No nível 3, as informações do texto são articuladas de forma
mediana e ainda com algumas inadequações. Neste nível, percebe-se que
há certo domínio na utilização dos recursos coesivos, mas ocorrem algumas
inconsistências e também o repertório dos recursos coesivos é limitado,
com pouca diversidade.
No nível 4, o texto apresenta as informações bem articuladas e com
poucas inadequações. Configura-se como um texto acima do mediano,
pois, além de haver uma boa articulação entre suas partes, o repertório dos
instrumentos coesivos é diversificado e é utilizado com certo domínio,
embora ainda possa haver algumas inconsistências nessa utilização.

1
No nível 5, o texto apresenta-se com uma excelente organização,
pois as ideias apresentadas estão bem articuladas, sem inadequações ou
com raras inadequações em relação ao uso dos recursos coesivos. Mesmo
que o texto ainda apresente alguma inadequação, essa inadequação não
interfere no texto como um todo. O repertório dos instrumentos coesivos é
diversificado e é utilizado com propriedade. Percebe-se que se trata de um
texto em que há um excelente domínio na utilização das estratégias
coesivas.
O que diferencia o nível 4 do nível 5 é um domínio mais consistente
na utilização dos recursos coesivos, que ocorre no nível 5 em relação
ao nível 4.

COMPETÊNCIA V
Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando
os direitos humanos.
A Competência V solicita explicitamente que o participante elabore
uma proposta de intervenção que tenha como objetivo apresentar soluções
para o problema focalizado, com respeito aos direitos humanos. Para
atender a essa solicitação, é necessário que o participante proponha ação
prática em diversos níveis. Dessa forma, na Competência V, a redação deve
ser avaliada sob dois focos: a elaboração de proposta de intervenção social
e o respeito aos direitos humanos.
A nota será concedida de acordo com a objetividade, a clareza, a
abrangência, a fundamentação, a argumentação e a plausibilidade das ações
sugeridas. Assim, propostas vagas, superficiais, pouco abrangentes,
confusas, pouco plausíveis e pouco relacionadas ao tema ou ao assunto vão
perdendo pontos de acordo com uma escala de qualidades que vai da
inexistência de proposta e da proposta vaga, precária ou relacionada apenas
ao assunto até uma proposta detalhada, muito bem fundamentada,
relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto pelo
participante.
Em relação ao que se espera de uma proposta passível de ser avaliada
no nível 5, ou seja, que esteja relacionada ao tema, articulada com a
discussão desenvolvida, muito bem elaborada e, também, detalhada,
ressalte-se que o nível de detalhamento da proposta deve considerar a
confluência dos atores envolvidos, com apresentação de respostas para as
seguintes questões: “Como isso pode ser feito?” (formas de intervenção);
“Quem poderia fazê-lo?” (atores envolvidos nos vários níveis de ação:
individual, familiar, comunitária, social, política, governamental, mundial);
“Que finalidades estariam implicadas na proposta?” (para quê?).

1
Acredita-se, assim, que as respostas a esses questionamentos devam
estar presentes na avaliação dos níveis da Competência V, principalmente
quando se tem a intenção de diferenciá-los, sobretudo em relação aos níveis
superiores, especialmente o nível 5, que exige detalhamento da proposta.
Cada um desses elementos permitirá discernir entre uma e outra variável da
referida Competência.
Os níveis da Competência V, em síntese, são os seguintes.
Nível 0 – O texto não apresenta proposta de intervenção ou apresenta
proposta não relacionada ao tema ou ao assunto.
Nível 1 – A proposta está relacionada apenas ao assunto, ou é vaga e
precária.
Nível 2 – A proposta está relacionada ao tema, mas é elaborada de forma
insuficiente ou não está articulada à discussão desenvolvida.
Nível 3 – A proposta está relacionada ao tema, articulada à discussão
desenvolvida e é elaborada de forma mediana.
Nível 4 – A proposta está relacionada ao tema, é bem elaborada e
articulada à discussão desenvolvida.
Nível 5 – A proposta está relacionada ao tema e, além de estar articulada
com a discussão desenvolvida, ainda é muito bem elaborada e também
detalhada.
QUADRO DE PERGUNTAS

O participante apresenta proposta de intervenção? Não – Nível 0


Essa proposta fere os direitos humanos? Sim – Nota zero por estar na
Situação Desrespeito aos direitos humanos
A proposta de intervenção apresentada está relacionada ao tema ou ao
assunto? Não – Nível 0
A proposta de intervenção apresentada é vaga e precária ou está
relacionada apenas ao assunto? Sim – Nível 1
A proposta de intervenção foi elaborada de forma insuficiente, mas está
articulada à discussão desenvolvida no texto? Sim – Nível 2
A proposta é elaborada de forma mediana? É satisfatória? Sim – Nível 3
A proposta é bem elaborada e decorre da discussão desenvolvida? Sim –
Nível 4
A proposta decorre da discussão desenvolvida, é muito bem elaborada e
está detalhada? Sim – Nível 5
Será considerada como de nível 0 a não apresentação da proposta
ou a proposta que não esteja relacionada ao tema ou ao assunto.

1
No nível 1, serão avaliadas propostas de conscientização e/ou
orientação que NÃO explicitem os agentes nem como isso pode ser feito ou
que se restrinjam a sugestões de denúncia.
Será considerada como de nível 3 a proposta de intervenção que
considere agentes (governo; mídia; escola; família; iniciativa privada;
ONGs, igrejas, associações de bairro; indivíduos) e que aponte, de forma
concreta, como deve ser realizada (por meio de debates, de diálogos, da
regulamentação das leis, da criação de novas regras, da fiscalização, da
proibição, da realização de campanhas educativas etc.).
Se faltar um desses componentes (quem ou como) ou se a maneira
de realizar a ação for apresentada de forma insuficiente, a proposta deverá
ser considerada de nível 2.
Deve-se considerar que, a partir do nível 3, a proposta de
intervenção deve estar articulada à discussão desenvolvida no texto.
Será considerada como de nível 4 a proposta de intervenção bem
elaborada e que apresente, sem o detalhamento necessário, agente(s),
ação(ões), meio(s) de realização ou finalidade(s). A proposta que envolver
esses componentes só será avaliada no nível 4 em função de sua boa
elaboração. Do contrário, será avaliada no nível 3.
Deve ser considerada de nível 5 a proposta de intervenção muito
bem elaborada, detalhada, articulada à discussão desenvolvida no texto e
que apresenta: (i) agentes – os pais, a família, a escola, o governo, a mídia,
a sociedade em geral etc.; (ii) ações que esses agentes devem colocar em
prática – orientar, educar, promover palestras e debates, criar e
regulamentar leis, ampliar o escopo de leis já criadas, fiscalizar, proibir
etc.; (iii) meios de realizar as ações (com detalhamento) – mediante o
diálogo, mediante a promoção de palestras acerca do tema proposto, por
meio do envolvimento da sociedade etc. A finalidade das ações propostas
para solucionar o problema focalizado no texto é um aspecto de
detalhamento que também poderá ser considerado.
Se houver falhas no detalhamento das ações sugeridas, a proposta de
intervenção deverá ser avaliada no nível 4.

Diferenças entre a proposta de Nível 3 e a de Nível 4


A proposta de intervenção de nível 3 e a de nível 4 se diferenciam
pela qualidade, ou seja, uma é “mediana”, ao passo que a outra é “bem
elaborada”.
Então, como podemos distinguir essas duas propostas?

1
Considerando que o nível 3, em qualquer Competência, é o nível
mediano por excelência, ou seja, é o mínimo que se espera do participante
do Ensino Médio, então podemos considerar que o nível 3 é atribuído à
proposta mediana embasada no eixo argumentativo do texto, mas sem uma
contribuição abrangente.

Diferenças entre a proposta de Nível 4 e a de Nível 5


A diferença do nível 4 para o nível 5 é que, no primeiro, a proposta é
relacionada ao tema, bem elaborada e articulada à discussão desenvolvida,
ao passo que, no segundo, a proposta é relacionada ao tema, muito bem
elaborada, detalhada e articulada à discussão desenvolvida. No nível 4, as
respostas às questões – “Como isso pode ser feito?”, “Quem poderia fazê-
lo?” e “Que finalidades estariam implicadas na proposta?” – devem estar
contempladas na proposta de intervenção elaborada, o que indicaria seu
caráter de “bem elaborada”, de forma que a proposta de intervenção seja
abrangente, ainda que não detalhada, como se espera no nível 5, que deve
apresentar detalhamento das ações propostas e dos agentes envolvidos.
É importante lembrar que a proposta de nível 5 deve ter uma
contribuição abrangente, mas o que a difere da de nível 4 é,
principalmente, o detalhamento.

PROPOSTAS POSSÍVEIS PARA O TEMA DO ENEM


2015
O tema do Enem 2015 trata de uma problemática conhecida e
discutida em diversos âmbitos, por isso, espera-se a formulação de
propostas tanto em planos institucionais quanto em planos relacionados aos
indivíduos.
Assim, nas possíveis propostas, podem ser escolhidos agentes, tais
como:
 Governo: proposição de alternativas legais; fiscalização na
execução das leis já existentes; celeridade no julgamento dos
casos relacionados à violência contra a mulher; reforço de
medidas protetivas às mulheres em termos de segurança pública;
melhor preparo dos agentes governamentais que lidam
diretamente com as vítimas de violência; fomento de educação
sobre igualdade de gênero; aumento dos pontos de apoio às
mulheres vítimas de violência; manifestações públicas de repúdio
à violência contra a mulher; implementação de marcos
regulatórios na publicidade.

1
 Mídia: ações (campanhas, autorregulação etc.) contrárias à
exploração de imagens estereotipadas das mulheres.
 Escola: projetos pedagógicos que contemplem a igualdade de
gênero.
 Família: empoderamento da mulher no círculo familiar;
incentivo à educação igualitária no seio familiar.
 Iniciativa privada: combate ao assédio moral e sexual contra
mulheres; incentivo à igualdade de oportunidades em postos de
trabalhos e em carreiras; divulgação de leis e ações de proteção e
amparo à mulher.
 ONG, igreja, associação de bairro: campanhas de
conscientização; empoderamento da mulher no círculo
comunitário; formação de grupos de apoio; estímulo à denúncia
dos vários tipos de violência; ativismo político pela igualdade de
gênero.
 Indivíduo: denúncia de casos de violência doméstica;
participação como voluntário em grupos de apoio a mulheres
vítimas de violência; criação e/ou adesão a campanhas por meio
de ativismo digital ou presencial.

DESRESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS


Serão configuradas como propostas que ferem os direitos humanos
as que incitem qualquer tipo de violência contra a mulher. Além disso,
também será considerada como desrespeito aos direitos humanos a
formulação de uma proposta de intervenção que apregoe a supremacia de
gênero e que atente contra quaisquer aspectos da dignidade da pessoa
humana, tendo por base a condição feminina.

Ademais, propor ações discriminatórias ou que atentem contra a


integridade física ou moral de mulheres ou dos que defendem seus direitos
também serão consideradas como desrespeito aos direitos humanos, tais
como: cerceamento de livre arbítrio, desigualdade de remuneração ou de
tratamento, imposição de escolhas religiosas, políticas ou afetivas, além de
qualquer conotação de violência como castigo para comportamentos
femininos.

Outra possibilidade que pode ferir os direitos humanos é a de uma


proposta que incite a violência contra os infratores das leis de proteção à
mulher, tais como: linchamento público, tortura, execução sumária ou
privação de liberdade por agentes não legitimados para isso.

1
RESUMINHO DAS COMPETÊNCIAS2
COMPETÊNCIA I
NÍVEL 0 – Desconhecimento da MEF (modalidade escrita formal da
língua portuguesa)
NÍVEL 1 – Domínio precário da MEF (organização sintática tão
precária que prejudica a compreensão das ideias; frequentes e
diversificados desvios)
NÍVEL 2 – Domínio insuficiente da MEF (certa organização sintática
que permite a compreensão “global”; muitos desvios; primeiro nível
abaixo do mínimo esperado). Há alguma "organização" sintática, já que
as estruturas sintáticas propriamente ditas apresentam problemas mais
profundos e difíceis de resolver, o que afeta diretamente a clareza das
ideias do texto.
NÍVEL 3 – Domínio mediano da MEF (períodos bem estruturados,
clareza de ideias; mínimo esperado para o aluno concluinte do EM;
alguns desvios). Os períodos do texto, de maneira geral, são bem
estruturados e as ideias são transmitidas com clareza.
NÍVEL 4 – Bom domínio da MEF (acima do padrão mínimo; com
poucos desvios). As estruturas sintáticas são mais elaboradas, e o texto
costuma apresentar períodos mais extensos, formados por orações
completas.
NÍVEL 5 – Excelente domínio da MEF (apenas 1 desvio de convenção da
escrita e/ou 1 desvio gramatical)

COMPETÊNCIA II

Situações:
 Fuga ao tema – Não tratou do tema ou do assunto expresso na
proposta
 Não atendimento ao tipo textual – Texto inteiramente escrito em
outra tipologia
Nota: Tangenciamento ao tema enquadra-se no nível 1.

2
Colaboração de Alzira Neves Sandoval.

1
NÍVEL 1
 Tangencia o tema (apresenta só o assunto), ou demonstra domínio
precário do texto dissertativo-argumentativo, com traços
constantes de outros tipos textuais. Tangenciar o tema, para fins
de avaliação das redações do Enem, equivale a desenvolver o texto
apenas nos limites dos assuntos mais amplos, sem abordar o
recorte temático solicitado no Enem 2015: A persistência da
violência contra a mulher na sociedade brasileira. A discussão
de leis ou outros instrumentos legais, a exemplo das leis Maria da
Penha e do Feminicídio, sem relacioná-los ao cenário da
persistência da violência contra as mulheres.
 Contém traços constantes de outras tipologias (trechos injuntivos
ou ainda trechos narrativos, como depoimentos, relatos, relatórios).

NÍVEL 2 – Desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos


motivadores (já descontadas as linhas de cópia, ainda restam 8 linhas ou
mais) ou apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo-
argumentativo (estrutura sem proposição ou sem argumentação ou sem
conclusão).
NÍVEL 3 – Desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e
apresenta domínio mediano do texto dissertativo-argumentativo
(estrutura com proposição, argumentação e conclusão).
NÍVEL 4 – Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente
e apresenta bom domínio do texto dissertativo-argumentativo, com
proposição, argumentação e conclusão (o texto avaliado no nível 4 deve
conter um ponto de vista claramente defendido e já não pode mais
prescindir de argumentação e de conclusão apresentadas de forma
consistente).
NÍVEL 5 – Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a
partir de um repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente
domínio do texto dissertativo-argumentativo.

COMPETÊNCIA III
SEM ponto de vista relacionado ao tema:
NÍVEL 0 – apresenta informações não relacionadas ao tema
NÍVEL 1 – apresenta informações pouco relacionadas ao tema

1
COM ponto de vista relacionado ao tema:
NÍVEL 2 – Com informações relacionadas apenas ao assunto, mas bem
organizadas OU com informações relacionadas ao tema, mas
desorganizadas ou contraditórias, e limitadas aos argumentos dos textos
motivadores.
NÍVEL 3 – Com informações relacionadas ao tema, mas pouco
organizadas e limitadas aos argumentos dos textos motivadores. Não
extrapola os textos motivadores, organiza parcialmente e não relaciona,
de modo claro, as informações e os argumentos.
Se o texto foi considerado como tangenciamento (nível 1 na Competência
II), não deverá receber esta nota.
NÍVEL 4 – Com informações relacionadas ao tema de forma organizada e
com indícios de autoria. Extrapola parcialmente os textos motivadores e
relaciona, de modo claro, as informações e os argumentos.
Se o texto foi considerado como tangenciamento (nível 1 na Competência
II), não deverá receber esta nota.
NÍVEL 5 – Com informações relacionadas ao tema de forma consistente
configurando autoria. Extrapola os textos motivadores e relaciona, de
modo claro, as informações e os argumentos com a discussão do texto. Se
o texto foi considerado como tangenciamento (nível 1 na Competência
II), não deverá receber esta nota.

Observação sobre as relações entre as Competências II e III


A temática deste ano pode estimular a produção de textos com constantes
trechos narrativos ou injuntivos, o que faz com que o texto seja avaliado
no nível 1 da Competência II. Nesse caso, como a avaliação nessa
Competência é prejudicada em decorrência da tipologia empregada e não
da abordagem do tema, deve-se avaliar o texto normalmente na
Competência III, observando-se, primeiramente, se há defesa de ponto de
vista relacionado ao tema. Ou seja, haverá casos, por exemplo, em que o
texto pode ser avaliado no nível 1 da Competência II (devido a problemas
na tipologia empregada) e no nível 3 da Competência III (devido à defesa
de ponto de vista relacionado ao tema com argumentos pouco
organizados) sem que haja incoerência na avaliação.

1
COMPETÊNCIA IV
NÍVEL 0 – Apresenta muitas inadequações, a ponto de não haver
articulação entre as informações. As ideias apresentam-se desconexas por
total falta de conhecimento dos recursos coesivos. Possui problemas de
sequenciação muito graves, o que inviabiliza a progressão textual. A
redação apresenta somente algumas poucas palavras desconexas
pertencentes ao mesmo campo semântico relacionado ao tema solicitado.
NÍVEL 1 – Apresenta muitas inadequações, mas o texto já articula as
ideias mesmo que de forma precária. Configura-se como um texto
embrionário. Percebe-se que há ainda muitos erros de sequenciação, mas
já é possível visualizar, em pontos isolados do texto, alguma organização
textual, que não chega a transformar todo o texto em uma unidade.
NÍVEL 2 – Configura-se como um texto articulado com certa
organização, mas que ainda apresenta muitas inadequações, ou seja, texto
em que se verifica pouco domínio em relação ao uso dos recursos
coesivos. Não apresenta erros que inviabilizam o texto como um todo
significativo; a organização textual relacionada à progressão textual já
avança bastante e percebe-se, também, um conhecimento maior em
relação aos recursos da coesão referencial.
NÍVEL 3 – Trata-se de texto em que as informações são articuladas de
forma mediana e com algumas inadequações. O repertório dos recursos
coesivos é utilizado com certo domínio, mas é limitado e pouco
diversificado, e ocorrem algumas inconsistências.
NÍVEL 4 – Trata-se de texto em que as informações apresentadas estão
bem articuladas e com poucas inadequações. Configura-se como um
texto acima do mediano, pois, além de haver uma boa articulação entre
suas partes, o repertório dos instrumentos coesivos é diversificado e é
utilizado com certo domínio, embora ainda possa haver alguma
inconsistência nessa utilização.
NÍVEL 5 – Trata-se de texto com excelente articulação das ideias
apresentadas, sem inadequações ou com raras inadequações na utilização
dos recursos coesivos. O repertório dos instrumentos coesivos é
diversificado e é utilizado com propriedade. Percebe-se que se trata de
texto em que há excelente domínio na utilização das estratégias coesivas.

1
COMPETÊNCIA V
Proposta NÃO RELACIONADA ao tema:
NÍVEL 0 – Sem proposta ou proposta não relacionada ao tema ou ao
assunto.
NÍVEL 1 – Proposta vaga e precária (NÃO explicita os agentes nem
como a proposta pode ser realizada) ou relacionada apenas ao assunto.

Proposta RELACIONADA ao tema:


NÍVEL 2 – Elaborada de forma insuficiente ou não articulada à
discussão (proposta que considere apenas o agente ou a forma concreta de
realizá-la ou que apresente, de forma insuficiente, a forma de colocar a
ação em prática).
NÍVEL 3 – Elaborada de forma mediana e articulada à discussão
(proposta que considere o agente e a forma concreta de realizá-la).
Se o texto foi considerado como tangenciamento (nível 1 na Competência
II), não deverá receber esta nota.
NÍVEL 4 – Bem elaborada e articulada à discussão – Proposta que
apresente, sem detalhamento, agente(s), ação(ões), meio(s) de realização
e/ou finalidade(s).
Se o texto foi considerado como tangenciamento (nível 1 na Competência
II), não deverá receber esta nota.
NÍVEL 5 – Muito bem elaborada, detalhada e articulada à discussão
(proposta abrangente que considere, de maneira detalhada, i) agente(s), ii)
ações que o(s) agente(s) deve(m) colocar em prática, iii) meio(s) de
realização das ações propostas e/ou iv) finalidade das ações propostas).
Se o texto foi considerado como tangenciamento (nível 1 na Competência
II), não deverá receber esta nota.

Vous aimerez peut-être aussi