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1. Introdução
Com o advento de novas tecnologias, automação industrial, sistemas just-in-time e
da mecanização das atividades, o termo manutenção passou a ser ponto chave
como indicador de qualidade, confiabilidade, disponibilidade e segurança em setores
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Este trabalho propõe tal priorização, baseada em uma metodologia que faz uso
da análise de indicadores. Segundo Cohen et al. (1995), um bom indicador deve ser
fácil de entender, medir e estar relacionado com o que se pretende medir ou
controlar. O nível de risco é um dos indicadores mais importantes em um processo
de priorização, embora não seja o único indicador válido. Outros fatores também
devem ser incluídos, de forma que ao se analisar a prioridade de cada equipamento
dentro de um programa de MP, sugere-se considerar os seguintes indicadores:
1. Risco;
2. Falhas;
3. Importância do equipamento na missão global da instituição;
4. Facilidade de manutenção (experiência da equipe de manutenção);
5. Facilidade de operação (experiência do operador);
6. Características do equipamento;
7. Custos.
Estes indicadores serão melhor explicados a seguir.
2. Objetivos
O objetivo desse trabalho é propor uma metodologia que priorize quais
equipamentos médico-hospitalares, e em que periodicidade, devem ser incluídos em
um programa de MP, através da análise das características de cada classe de
equipamento.
3. Metodologia
Para a escolha do caminho a ser seguido para cada equipamento dentro do
fluxograma proposto (Figura 2), são analisadas as características de cada classe de
equipamento. Estas características são analisadas através de fatores derivados dos
sete indicadores anteriormente mencionados. São eles:
1. Fator de risco;
2. Fator de falha;
3. Importância do equipamento;
4. Fator de manutenção;
5. Fator de operação;
6. Fator de projeto;
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7. Fator de custos.
Cada fator proposto pode ser composto por um ou mais critérios, e cada critério
por um conjunto de parâmetros. Na Figura 1 pode-se observar essa divisão.
Alta A
Taxa de falhas Média B
Pequena C
Critérios Parâmetros
Neste trabalho será utilizada a taxa de falhas média (λ), onde é analisada a
incidência de falhas em um determinado período com relação ao número total de
equipamentos similares. A Tabela 2 trás a classificação dada a cada equipamento
de acordo com a sua taxa de falhas média. A taxa de falhas deve ser tomada para
uma classe de equipamentos que mais se assemelham com os mesmos opcionais,
recursos e funções. A média da ocorrência de falhas desses equipamentos é
considerada como a taxa de falhas de todo o conjunto.
Taxa de falhas média
Cód. λ (falhas/ano)
A alta + de 3
B média 1<λ≤3
C pequena 0≤λ≤1
avaliam o local onde o equipamento está sendo usado, bem como a sua forma de
armazenamento. De forma sucinta deve-se verificar se o equipamento está
devidamente instalado e operando sob temperatura adequada, níveis de umidade e
pressão satisfatórios, níveis de tensão em conformidade com as normas, etc., e/ou
sendo armazenado de acordo com as especificações do fabricante.
Cód. Condições ambientais
A Inadequadas
B Adequadas
Cód. Manutenabilidade
A boa M(t) > 0,60
B razoável 0,30 < M(t) ≤ 0,60
C baixa 0 < M(t) ≤ 0,30
Tabela 5 – Manutenabilidade.
Outro fator a ser considerado é o requerimento de manutenção, definido pelo
ECRI (1990) como “o intervalo de manutenção ideal para se manter o equipamento
funcionando adequadamente em perfeitas condições de segurança”. Esse intervalo
pode ser fornecido pelo próprio fabricante do equipamento, o ECRI e/ou órgãos
governamentais competentes no assunto. O requerimento de manutenção é
classificado conforme a Tabela 6.
Cód. Requerimento de Manutenção
A mínima (anual)
B média (semestral)
C extensiva (semanal ou mensal)
Equipamento possui baterias e/ou filtros que requerem troca constante? sim A
não B
sim A
Existência de partes móveis sujeitas a desgaste e com necessidade de
lubrificação? não B
sim A
Necessidade de calibração freqüente?
não B
isso que é observado. Programas de manutenção são caros, e mesmo os mais bem
elaborados não irão e nem poderão evitar todas as falhas possíveis. Algumas falhas
têm caráter aleatório, sendo totalmente imprevisíveis [Hyman, 2003].
A análise do custo com manutenção corretiva dá a idéia de quão dispendioso é
para instituição deixar que o equipamento venha a falhar antes que qualquer tipo de
inspeção ou MP seja realizada. Essa análise pode ser baseada no índice do custo
da manutenção corretiva (ICMC), calculado pela Equação 2. Embora essa equação
não utilize o custo real da manutenção corretiva, uma vez que não considera a
receita cessante de parada do equipamento enquanto quebrado, ela fornece uma
boa aproximação. Leva em consideração o valor das horas técnicas e dos materiais
utilizados no conserto do equipamento.
CustoMC
ICM C = ⋅100 (2)
CustoSUB
Onde:
Cód. ICMC
Um ICMC que apresenta código A significa que está dentro dos limites padrão de
gastos com manutenção (3% - 13%), mas códigos B ou C significam gastos
excessivos com MC, sendo então indicado investir em MP com a finalidade de
reverter este quadro.
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4. Um exemplo
Para ilustrar a metodologia será classificada uma classe de equipamentos de acordo
com os fatores propostos. No presente exemplo foram escolhidos os carros de
anestesia do centro cirúrgico (CC) do Hospital de Clínicas (HC) da UNICAMP.
Optou-se por escolher os equipamentos de um único setor do hospital para se poder
uniformizar a análise dos dados. Os dados do histórico dos equipamentos foram
colhidos junto ao Centro de Engenharia Biomédica (CEB) da UNICAMP, unidade
que se ocupa de gerenciar e realizar a manutenção de todo o parque de
equipamentos médicos da Universidade.
5. Discussões e Conclusões
Um bom programa de manutenção necessita de cooperação e suporte de todo o
hospital. Entender a importância de se realizar as rotinas de manutenção preventiva
é essencial [Topham, 1979]. As rotinas de MP devem ser programadas a fim de não
se tornarem inconvenientes e então recebam a colaboração de todo o hospital.
Para implementar de maneira eficiente e segura a metodologia proposta, é
necessário que exista uma base de dados completa, confiável e atualizada do
histórico dos equipamentos. É imprescindível que esta base de dados esteja
informatizada, pois seria inviável fazer a análise manual do grande número de
informações sobre os equipamentos. Todos os procedimentos de manutenção, seja
ela corretiva ou preventiva, devem ser devidamente registradas em fichas de
controle, para que o perfil dos equipamentos que compõem o parque do hospital
possa ser traçado, e assim se possa definir qual melhor forma de administrar esse
patrimônio.
Mesmo os hospitais que terceirizam o serviço de manutenção devem possuir seus
registros sempre atualizados, pois o hospital é responsável perante a lei pelo bom
funcionamento e segurança dos seus equipamentos, recaindo sobre a instituição a
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como um ponto crucial da instituição, pois esses serviços são na grande maioria das
vezes prestados a pessoas que já se encontram bastante fragilizadas devido às
enfermidades que as acometem, não devendo ser expostas a mais riscos além dos
das suas próprias doenças.
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