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Em seu último livro, "Pornland" (Pornolândia), lançado recentemente nos EUA, Gail afirma
que a multiplicação de imagens pornográficas na internet aumentou o poder dessa
indústria:
- A indústria pornô tem capacidade de fazer lobby com políticos, de travar batalhas legais e
de usar relações públicas para influenciar o debate. (...) Sua sofisticada e bem financiada
máquina de marketing busca moldar a imagem dessa indústria como algo positivo.
- Os garotos vêem pornografia pela primeira vez aos 11 anos, eles são introduzidos a esse
mundo de brutalidade sexual e crueldade antes que sua sexualidade esteja plenamente
desenvolvida.
Leia a entrevista:
Terra Magazine - Pornografia era tabu e até mesmo proibida até pouco tempo. Como
isso mudou? Hoje a pornografia é aceita socialmente?
Por que você acredita que a pornografia estimula a violência contra as mulheres?
A pornografia cria um mundo onde a brutalidade sexual é legitimada e até celebrada.
Nesse mundo, não importa quão cruelmente você trata uma mulher, ela ama e implora por
mais. Em nenhum momento diz não. Ela está sempre disponível para qualquer homem e
fará o que ele quiser. As mulheres existem para serem usadas e abusadas e depois
jogadas fora porque há muito mais de onde elas vieram. É um mundo sem empatia,
compaixão, conexão ou intimidade. Ao invés de fazer amor, homens fazem ódio com os
corpos das mulheres - enquanto ele a penetra brutalmente, a chama de nomes vis e
demonstra nada além de ódio, desprezo e nojo.
Como alguém que estuda mídia, eu sei o poder das imagens. Todos nós construímos
nossas identidades a partir das normas e valores da cultura onde vivemos e as imagens
pornográficas formam uma grande parte da cultura de hoje. É impossível ver essas
imagens sem ser mudado, especialmente imagens com as quais você se masturba. Isso
não significa que homens que assistem filmes pornôs irão violentar uma mulher, mas
significa que, em algum nível e de alguma maneira, essas imagens afetarão a maneira
como eles pensam sobre sexo, sexualidade e relacionamentos.
Os homens que eu entrevistei acreditavam que sexo pornô era o que as mulheres queriam
e ficavam angustiados e nervosos quando sua parceira se recusava a se parecer ou a se
comportar como sua estrela pornô favorita. As mulheres comumente recusam-se a praticar
atos que os homens rotineiramente gostam de assistir e, perto dos orgasmos
escandalosos e ginásticas sexuais do sexo pornô, sexo com mulheres reais começa a
parecer tedioso e insosso. Esses homens se acostumaram tanto com a pornografia que
começam a se desapontar com suas próprias performances. Quando eles se comparam
com os atores pornôs, que mantém ereções fortificadas com Viagra por longos períodos
de tempo, eles começam a se sentir perdedores em sua vida sexual e se perguntam se há
algo errado com eles.
A liberação sexual e social feminina não contribuiu para mudar essa situação?
O grupo responsável pela cultura pornográfica de hoje são os pornógrafos. Eles são os
que trouxeram isso e eles cooptaram os movimentos das mulheres por liberação sexual.
As mulheres dos movimentos dos anos 60 e 70 lutaram para erradicar a ideia sexista de
que boas garotas não gostavam de sexo e não faziam sexo fora do casamento. O que nós
queríamos era aproveitar o sexo nos nossos termos e o que nós tivemos foi uma
sexualidade pornográfica, plastificada e genérica que foi criada por uma indústria
predatória cujo objetivo é maximizar lucros, não nos liberar sexualmente.
É um erro pensar que as feministas de 60 e 70 são responsáveis. O problema é que as
feministas de hoje capitularam ao invés de resistir à cultura pornô.
Nós precisamos construir um movimento feminista robusto que veja a pornografia pelo que
é realmente: propaganda odiosa às mulheres que legitima e celebra sua posição
subordinada. Nosso objetivo deveria ser erradicar essa indústria, enquanto houver
pornografia nós nunca teremos completa igualdade de gênero.
Fonte: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4614275-EI6594,00-
Pornografia+celebra+violencia+contra+mulher+diz+sociologa.html