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09/04/2019 O Século XIX: Um século de lutas, revoluções e liberalismo

Lição 04

O Século XIX: Um século de lutas,


revoluções e liberalismo
Questões Contemporâneas: Indivíduo e Sociedade, Igualdade e Diversidade

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1. Introdução
O mundo ocidental estava passando por crises, mudanças e desenvolvimento desconhecidos. Uma
Europa que se afirma, definitivamente, como o centro dominador do mundo, que submete,
progressivamente, todo o planeta ao seu domínio econômico, político, cultural e social: é o começo
do processo denominado de neocolonialismo ou imperialismo. Dentro da Europa, e pelo
mundo, a Inglaterra – ou Grã-Bretanha ou Reino Unido – ganha a preponderância, tornando-se
cada vez mais forte, cada vez mais expansionista. Neste século surgirão como Estados nacionais a
Alemanha e a Itália, isso altera o jogo político na Europa. Os Estados Unidos da América, em que
pese as dificuldades ocasionadas pela Guerra da Secessão, mas também por causa dela, se
tornarão, definitivamente, uma grande potência.

Império Britânico, o império onde o sol nunca se punha, sua formação final se dá exatamente ao longo do século XIX.

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A Europa, e o mundo que, no entanto, também têm seus questionamentos e buscam novos
caminhos, novas formas de olhar o futuro. Desse questionamento participarão liberais, democratas,
nacionalistas e socialistas, cada um a seu tempo, todos contra a ordem estabelecida. Os
trabalhadores aparecerão na arena pública em busca de seus direitos: associações de auxílio
mútuo, sindicatos e, depois, partidos. Os negros, escravizados, especialmente no continente
americano, continuam sua luta por liberdade e pela igualdade. Também as mulheres entrarão na
luta pelos seus direitos, as sufragistas são as mais conhecidas. A América Latina se tornará,
praticamente, toda independente, ao menos do ponto de vista político formal, outros povos
entrarão em novos modelos de desenvolvimento: a Rússia e o Japão, por exemplo, começarão a
experimentar algumas mudanças, com incipientes processos de industrialização, em ambos, e o fim
do shogunato, no Japão.

A ciência ganha novo ritmo de desenvolvimento em várias áreas, e se aproxima da produção. Novos
setores industriais surgem, especialmente o químico e o elétrico. Novos métodos de produção e
gestão. O capitalismo se acelera, logo se financeiriza. Especialmente no período entre 1848 e 1872
teremos um, até então, desconhecido crescimento econômico. O capitalismo, no entanto, terá a sua
primeira crise internacional no período entre 1873 e 1895. Meios de transporte e comunicação
ganharão nova velocidade, os contatos entre os povos e os Estados se intensificam, surgem as
primeiras organizações internacionais modernas: governamentais e não-governamentais.

O século XIX poderia, portanto, ter muitos nomes: o século das revoluções, da contestação, das
lutas incompletas, do capitalismo, do liberalismo, do crescimento, da Inglaterra, entre outros.

Enfim, diferente do que muitos podem pensar, o século XIX foi um século vibrante, com muitas
disputas, muitas ideias, muitos projetos, muitas novidades. É sobre ele que falaremos nessa
unidade, e um pouco mais na unidade seguinte. Um século em que a liberdade e a igualdade
avançam, mais como ideias e demandas sociais, do que como práticas políticas ou instituições, mas
avançam.

Uma observação sobre o período do século XIX do qual estamos falando. O período de um século é
correspondente a cem anos. Normalmente, quando utilizamos a periodização de séculos na história,
falamos de um período que começa no ano XX01 e termina no ano XX00. Oficialmente falando,
quando dizemos século XIX, estamos falando de 1801 a 1900. Não no nosso caso aqui. Aqui,
quando falamos do século XIX, estamos falando de um período que começa em 1815, com o
Congresso de Viena, após a segunda, e definitiva, derrota de Napoleão Bonaparte, e termina em
1914, quando se inicia a Primeira Guerra Mundial.

Esse será o nosso recorte histórico!

2. Século XIX: Um século das revoluções


Quando olhamos a Europa em 1815, após a derrota definitiva de Napoleão Bonaparte, e seu exílio
na Ilha de Santa Helena, e a realização do Congresso de Viena, com a afirmação do Princípio da
Legitimidade, que garantia o retorno ao poder das famílias reais europeias que haviam sido

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destronadas ao longo do período revolucionário francês (1789 – 1799) e napoleônico (1799 – 1815),
e da Política de Equilíbrio, somos tentados a pensar que o Absolutismo vencera, novamente, e a
Europa voltava a sua situação pré-1789.

No entanto, essa é uma visão equivocada. (MAGNOLI, 2008)

A Política de Equilíbrio que, visando impedir a ressurgência de um fenômeno de dominação


continental por um país, como os europeus tinham vivido com Napoleão, estabelecia que
nenhum Estado poderia acumular forças superiores aos seus adversários coligados,
visava um equilíbrio entre as monarquias e a manutenção desse poder.

Por certo, a República, como ideia e prática perdeu. A Europa só terá espaço para ela novamente
em fins do século XIX, mas a Restauração das monarquias operada em 1815 não foi integral.
Isso não era mais possível, porque as experiências revolucionárias deram aos povos europeus a
possibilidade de participação política (HOBSBAWM, 1997; MAGNOLI, 2008).

Mesmo os Bourbons, com o retorno ao poder na França com Luís XVIII, terão de ceder algo. A
Restauração é apenas parcial. E, mesmo assim, será progressivamente contestada.

É parcial até no sentido físico, geográfico, do termo. O mapa europeu, que tanto havia mudado no
período Napoleônico, não será restaurado. Inúmeros Estados deixam de existir definitivamente, e,
com eles, suas dinastias governantes. Como exemplo podemos citar o caso do Sacro Império
Romano Germânico, que, em 1789, tinha 360 unidades políticas independentes e passa a ter
somente 39, como resultado do Congresso de Viena.

Nesse quesito, fortalecem-se alguns Estados: Rússia, Prússia, Império Habsburgo (Áustria).
Também a Inglaterra, não por conquistas territoriais, mas políticas e econômicas, e a França,
mesmo após tanta instabilidade, mantém o seu poder e influência na Europa (HOBSBAWM, 1997;
HOBSBAWM, 2000; RÉMOND, 2004; MAGNOLI, 2008).

A Restauração também não é completa no aspecto institucional. Inúmeros monarcas, inclusive Luís
XVIII, terão de aceitar a ideia de ter uma Constituição, documento que, em muitos lugares, já
prevê a existência de corpos eletivos (mesmo com pequeno percentual de eleitores em relação ao
total da população), garante várias liberdades (de opinião, de culto e de imprensa), estabelece a
igualdade civil (todos somos iguais perante a lei, para o pagamento de impostos e para acesso aos
cargos públicos), removendo, definitiva e progressivamente os privilégios de nascimento,
extinguindo a servidão (a Rússia será o último país da Europa a fazer isso, em 1861) e vantagens
que a Igreja ainda possuía, como a chamada mão-morta, quando, pela morte do servo, seus
descentes tinham de pagar uma taxa para continuar no feudo, entre outras mudanças
(HOBSBAWM, 1997; HOBSBAWM, 2000; RÉMOND, 2004; MAGNOLI, 2008).

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Fique sabendo!

Para refletir um pouco!

Muitas vezes pensamos que liberalismo e democracia são sinônimos. Na verdade, não são. Até por
isso, em certas ocasiões adjetivamos a democracia, e a dizemos democracia liberal. Quais seriam
pontos de contato e de diferença entre liberalismo e democracia?

No entanto, desde a segunda metade do século XVIII, fervilhavam ideias que propunham o
conhecimento da realidade para a sua transformação, para que as forças do conhecer se colocassem
a serviço dos homens, do progresso, da felicidade. Essas ideias de busca do conhecimento
perpassavam a natureza e a matéria, a física, a química e a biologia, mas, também, no campo das
ciências humanas e sociais, novas questões estão em discussão, tudo está aberto ao conhecimento,
ou assim se pensava.

A questão das liberdades, da democracia, da vontade geral ou da representação, da igualdade e


da propriedade, da produção e da distribuição da riqueza. Como analisa o historiador Michel Beaud
(2004, p. 98)

Assim, no fervilhamento de ideias [...], constitui-se um arsenal ideológico de uma extrema


diversidade: armas para contestar a monarquia (contrato social, vontade geral, democracia),
para questionar os privilégios da nobreza (liberdade, igualdade), para unir os camponeses e os
artesãos das cidades (liberdade, igualdade, propriedade), para atender às aspirações dos
fabricantes e dos negociantes (liberdade, ainda, mas de produzir e comerciar).

Por certo, essas mudanças não aconteceram em todos os Estados europeus, nem de imediato, foi
um processo, que foi amplificado pela onda de revoluções que varreu aquele continente, chegando
até mesmo aos EUA, no período entre 1820 e 1848. Como destaca o historiador Eric Hobsbawm
(2000, p. 127)

Poucas vezes a incapacidade dos governos em conter o curso da história foi demonstrada de
forma mais decisiva do que na geração pós -1815. Evitar uma segunda Revolução Francesa, ou
ainda a catástrofe pior de uma revolução europeia generalizada, tendo como modelo a
francesa, foi o objetivo supremo de todas as potências [...]. E ainda assim, nunca na história da
Europa e poucas vezes em qualquer outro lugar, o revolucionarismo foi tão endêmico, tão
geral, tão capaz de se espalhar por propaganda deliberada como por contágio espontâneo.
Houve três ondas revolucionárias principais no mundo ocidental entre 1815 e 1848.

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A primeira onda revolucionária aconteceu entre 1820 e 1825 e atingiu a Espanha (1820),
contribuindo para acelerar o processo de independência das colônias espanholas no continente
americano; em Portugal (1820), disparando a independência do Brasil; no Reino das Duas
Sicílias (1820), no Reino de Piemonte Sardenha (1821), na Grécia (1821) e na Rússia (1825). A
segunda onda, foi mais ampla e decisiva, aconteceu em toda a Europa e nos EUA, entre 1829 e
1834. Afetando principalmente: Suíça, Polônia, Irlanda, Portugal, Espanha, Alemanha, Itália,
França e Bélgica (1830 – 1831). E a terceira e última acontece em 1848 e se dará em vários países
europeus, destacadamente na França, Itália, Alemanha, Dinamarca, Áustria, Suíça, Espanha,
Romênia, Irlanda, Grécia, Grã-Bretanha (HOBSBAWM, 2000; RÉMOND, 2004).

Os movimentos ou grupos que participaram e/ou organizaram essas revoluções, ou


tentativas, eram, via de regra, pequenos grupos de conspiradores, tentando derrubar
um governo e mudar a ordem política do país (HOBSBAWM, 2000)

Essas ondas revolucionárias são fundamentalmente de caráter liberal. São elas que, em muitos
lugares, realizarão o liberalismo político na prática política e social cotidiana. Como afirma o
historiador René Rémond (2004, p. 35)

O liberalismo transformou a Europa tal qual era em 1815, ora graças às reformas – fazendo
uso da evolução progressiva, sem violência –, ora lançando mão da evolução por meio da
mudança revolucionária. [...]. Talvez somente na Inglaterra, nos Países Baixos e nos países
escandinavos é que o liberalismo transformou pouco a pouco o regime e a sociedade por meio
de reformas. Em todos os outros lugares, acossado pela resistência obstinada dos defensores
da ordem estabelecida, que recusava qualquer concessão, o liberalismo recorreu ao método
revolucionário.

Assim, essas revoluções, de caráter principalmente liberal, promovem a adoção das políticas que
interessam à burguesia: liberdades civis, garantia da propriedade, limite às ações dos governantes,
com a adoção dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e de Constituições, igualdade
jurídica de todos, fim dos privilégios de nascimento. Não obstante, liberalismo não é sinônimo de
democracia. “[...] em nenhum lugar o liberalismo adota o sufrágio universal e quando este é
introduzido, é sinal de que o liberalismo cedeu lugar à democracia” (RÉMOND, 2004, p. 41).

Como destaca a filósofa Simone Goyard-Fabre (2003, p. 197)

Na verdade, a antiga palavra “democracia”, tantas vezes empregada no correr dos séculos
pelos filósofos para designar teoricamente um modelo de regime político, só se impôs durante
o século XIX na linguagem sociopolítica, adquirindo, então, não tanto uma conotação nova,
como se costuma dizer, mas pelo menos um status semântico até então praticamente inédito: a
democracia não mais designa apenas um esquema institucional pertencente ao quadro jurídico
da política, mas também o fato social que caracteriza a potência ativa do povo no espaço
público.

Desse modo, inúmeros outros movimentos revolucionários, para além daqueles que defendiam os
padrões liberais de organização política, econômica e social, se formaram na Europa nesse período.
Movimentos de caráter democrático, nacionalista e socialista.

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Esses movimentos tinham, em parte, como referência a Revolução Francesa. De um lado, os liberais
correspondiam ao período que chamamos de Girondino da Revolução, com sua Declaração de
Direitos do Homem e do Cidadão, a ideia de constitucionalização e de garantia das liberdades e da
propriedade.

Os democratas se identificavam com o período Jacobino e a radicalização da Revolução com a


garantia de igualdade de voto para os homens, e algumas medidas sociais, tais como garantia de
trabalho e educação. Por último, nessa identificação com os franceses tínhamos os socialistas, que
se inspiravam na chamada Conspiração dos Iguais (1796), liderada por François Noël Babeuf,
também conhecido como Graco Babeuf, com seu slogan de comunidade dos bens e do trabalho,
de igualdade em todos os aspectos da vida (WILSON, 1986; HOBSBAWM, 2000; RÉMOND, 2004).

Graco Babeuf, o líder da Conspiração dos Iguais.

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Além disso, um novo tipo de movimento se formará ao longo desse processo revolucionário: os
nacionalismos. Eles se espalham pela Europa a partir de 1830: Itália, Polônia, Suíça. Alemanha,
França, Irlanda, entre outros, todos conhecerão essas organizações. O que eles tinham de diferente
em relação aos outros movimentos? O que possuíam de semelhança com eles?

Na verdade, do ponto de vista das proposições políticas, suas ideias eram bastante similares aos
outros movimentos europeus, fossem reivindicações de direitos civis e/ou políticos; portanto, um
pouco mais liberais ou um pouco mais democráticas, esses movimentos faziam parte do movimento
revolucionário geral, o que os diferenciava era o fato de que apresentavam essa demanda
especificamente para as suas nações. No que, por sinal, não viam contradição com os outros
movimentos, era, tão somente, pensavam os nacionalistas, numa escolha de prioridades para o
avanço das liberdades, civis e/ou políticas: o Estado-nação (HOBSBAWM, 2000; RÉMOND, 2004).

O nacionalismo beneficiou-se e teve dificuldades, para o seu desenvolvimento enquanto movimento


político específico, por um mesmo elemento. De um lado a Europa, a partir do Congresso de Viena,
verá a utilização da justificativa política do nacionalismo para a criação ou fortalecimento daqueles
Estados-nações que haviam sido estabelecidos em 1815. Assim, por um lado, o argumento
nacionalista era crescentemente exposto para o público para justificar a existência da França, da
Rússia ou de quem quer que fosse, mas, por outro lado, se era assim que as coisas já estavam se
desenrolando, qual seria a necessidade de um movimento político específico? Apesar disso, eles
avançaram e conquistaram apoio ao longo do século XIX. Como aponta Eric Hobsbawm (1997, p.
134)

No entanto, fosse qual fosse sua natureza ou programa, os movimentos que representavam a
“ideia nacional” cresceram e multiplicaram-se. Eles não representavam frequentemente – ou
normalmente – aquilo que o século XX viria a entender como a versão-padrão (e extrema) de
um programa nacional, ou seja, a necessidade para cada povo de um Estado totalmente
independente, homogêneo territorial e linguisticamente, laico, provavelmente
republicano/parlamentar. Entretanto todos implicavam algumas modificações políticas mais
ou menos ambiciosas, o que os fazia “nacionalistas”.

Acreditava-se, na época, que o nacionalismo e o liberalismo fossem compatíveis, e, por certo,


durante o século XIX o foram. Ao longo desse período, mais e mais, na medida em que as forças dos
liberais ganhavam espaço e os Estados-nações se fortaleciam, essa mescla se apresentava como algo
certo. No entanto,

“[...] o futuro [século XX] viria a mostrar que a relação entre os dois não era assim tão
simples”

(HOBSBAWM, 1997, p. 145).

Assim, ao longo do século XIX, em que pese as lutas de democratas e socialistas, os movimentos
que conseguem ver suas pautas prosperarem são, principalmente, os liberais, mas também, em
certo sentido, os nacionalistas. No que tange aos processos de democratização, poucos foram os
países que adotaram políticas de ampliação da participação dos cidadãos nos processos eleitorais.

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Até o final do período de nosso recorte histórico, somente alguns países europeus terão um
eleitorado superior a 25% dos homens adultos. Aqui poderíamos destacar: Finlândia, Bélgica,
Noruega, Suécia, França e Alemanha. Fora da Europa tínhamos a Nova Zelândia, Austrália, Estados
Unidos e a Argentina, mas, mesmo nesses, o sistema político permaneceu fortemente hierarquizado
e dominado por grupos oligárquicos. Como destaca o cientista político Robert Dahl (2012, p. 370)

“Embora algumas instituições da poliarquia tenham surgido numa série de países de língua
inglesa e de países europeus no século XIX, o demos não se tornou inclusivo em país algum
até o século XX”.

3. Século XIX: Um século de luta dos


trabalhadores
A partir de fins do século XVIII, em algum momento que podemos situar entre 1780 e 1800,
começou a se desenvolver na Inglaterra aquilo que posteriormente foi denominado de Revolução
Industrial, um processo que iria ampliar, exponencialmente, a capacidade de produção de bens,
de oferecimento de serviços e de reprodução dos seres humanos. Esse processo, no entanto, só se
espalhou pelo mundo, e, principalmente, pela Europa continental e pelos Estados Unidos, a partir
de das décadas de 1830 e 1840, e no Japão a partir de 1868, com a Revolução Meiji (DOBB, 1977;
HOBSBAWM, 2000; BEAUD, 2004; LANDES, 2005).

Revolução Meiji modernizou o Japão, inclusive sua economia, inserindo-o na economia capitalista mundial.

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No que aqui nos importa, mesmo que talvez seja óbvio apontar, vale destacar que um dos aspectos
fundamentais da Revolução Industrial foi a concentração de muitos trabalhadores em um local de
trabalho, a fábrica, e em algumas regiões urbanas, bairros operários. Isso irá, ao mesmo tempo,
potencializar as capacidades produtivas, e permitir uma maior proximidade dos trabalhadores para
discutir suas dificuldades de vida e de trabalho, para se organizar, mobilizar e protestar. (DOBB,
1977; BEAUD, 2004)

As consequências da Revolução Industrial foram muitas e, em certo sentido, continuam presentes


até os dias de hoje (a questão do aquecimento global, por exemplo); elas diferem – em maior ou
menor grau – de acordo com a perspectiva de tempo que se analisa e das sociedades que são
estudadas. Considerando, no entanto, os seus impactos mais imediatos e mais gerais, para além do
aumento da produção, da produtividade e do lucro (durante algum tempo) e o barateamento do
preço de produtos, podemos destacar inúmeros aspectos negativos.

Aqui, falamos de péssimas condições de trabalho e de vida, desestruturação de famílias e


comunidades, perda de status social por parte de artesãos, insalubridade no trabalho e nas
residências, alimentação precária, baixos salários, longas jornadas, trabalho infantil, castigos
físicos no trabalho, doenças e acidentes (DOBB, 1977; HOBSBAWM, 2000; BEAUD, 2004;
LANDES, 2005).

Como destaca Hobsbawm (2000, p. 55)

“Suas mais sérias consequências foram sociais: a transição da nova economia criou a miséria e
o descontentamento, os ingredientes da revolução social”.

Esse descontentamento era bastante disseminado pela sociedade inglesa, por exemplo. Para além
dos trabalhadores industriais, pobres das cidades, pequenos comerciantes, pequenos proprietários
de terras e artesãos, entre outros, se rebelaram contra a revolução em curso.

Desde o início desse processo, os trabalhadores perceberam, diante das evidências do dia a dia, que
o mesmo seria difícil. Para enfrentar as adversidades, para conseguir algum medicamento ou
atendimento médico em caso de doença, pagar pelos enterros, ajudar algum companheiro que
estivesse ausente do trabalho, e, portanto, sem receber pagamento, eles precisavam se unir. Foram
criadas as chamadas caixas de auxílio mútuo ou de montepio. Isso, no entanto, se mostrou
insuficiente e/ou insatisfatório para muitos, as contribuições que os trabalhadores podiam fazer
não chegavam perto de cobrir as necessidades que tinham, os salários não permitiam pagamentos
substanciais a esses fundos. Revoltas irão eclodir em inúmeros lugares. Algumas de caráter mais
violento outras de caráter mais político (DOBB, 1977; HOBSBAWM, 2000; BEAUD, 2004;
LANDES, 2005).

Um dos primeiros movimentos de rebelião aberta foi o Ludismo. Entre 1811 e 1816, o movimento
ocorreu em inúmeras regiões da Inglaterra, como York, Leicester e Manchester, era liderado por
um mítico General do Exército de Reformadores Ned Ludd, eles protestavam contra as péssimas
condições de vida, o desemprego crescente, o emprego de máquinas para produção de tecidos de
pior qualidade, o emprego de pessoas sem qualificação, contra a desestruturação de comunidades e
famílias inteiras, separadas em busca de empregos em diferentes partes do país, e contra as
máquinas, identificando-as como o centro nevrálgico desse processo, destruindo-as.

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Depois da reação dos proprietários, com a ação de pistoleiros, o governo entrou em cena,
prendendo, reprimindo, julgando e condenando – inclusive à morte ou à deportação para a
Austrália, inúmeros dos seus participantes (SALE, 1999).

Ludismo, movimento de destruição das máquinas no início do século XIX na Inglaterra.

A partir dessas e diversas outras lutas, com

“[...] o incansável esforço de organização, de comunidade de solidariedade: esforço para


manter ou reanimar as antigas estruturas das profissões, associações de companheiros,
sociedades secretas; reuniões de grupos nas tavernas, formação de equipes [...]”

(BEAUD, 2004, p. 169)

irá se estruturar o movimento sindical. Em 1833, por exemplo, a National Consolidated Trade
Unions, da Grã-Bretanha, já tinha cerca de quinhentos mil membros. Esses operários estarão
envolvidos por cerca de uma década com o movimento cartista (1838-1848) buscando ampliar
os direitos políticos dos cidadãos comuns. Para tal a Carta defende

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1. “sufrágio [universal] masculino,


2. votação secreta,
3. distritos eleitorais iguais,
4. pagamento dos membros do Parlamento,
5. Parlamentos anuais,
6. abolição da condição de proprietário para os candidatos”

(HOBSBAWM, 2000, p. 132).

Em 1848, a Carta já tem o apoio de cinco a seis milhões de pessoas.

O ano de 1848, no entanto, foi um ano “especial”, o ano da terceira onda revolucionária do século
XIX, marcando, também, um breve ocaso do movimento revolucionário e rebelde europeu, que só
retornaria com alguma força a partir da década de 1870. Mas, como destaca Hobsbawm (1997, p.
48)

[...] 1848 não foi meramente um breve episódio histórico sem consequências. Se as mudanças
que 1848 realizou não foram nem as que os revolucionários pretenderam, nem mesmo
facilmente definíveis em termos de regimes políticos, leis e instituições, elas foram mesmo
assim profundas. O ano de 1848 marcou o fim, pelo menos na Europa ocidental, da política da
tradição, das monarquias que acreditavam que seus povos [...] aceitavam e até acolhiam a
regra do direito divino que apontava dinastias para presidir sobre sociedades
hierarquicamente estratificadas, tudo sancionado pela tradição religiosa, na crença dos
direitos e deveres patriarcais dos que eram superiores social e economicamente. [...]. Os
defensores da ordem social precisaram aprender a política do povo. Essa foi a maior inovação
trazida pelas revoluções de 1848.

Praticamente ninguém, no entanto, poderia prever naquele momento, que 1848 marcaria uma
outra virada: desta feita econômica. Desde meados da década de 1840 a Europa passava por uma
severa crise econômica que provocou, entre outras coisas, fome e morte. Safras ruins,
desabastecimento, subida dos preços provocaram grande inflação e aumento da pobreza e da
miséria. Contribuindo, inclusive, para as revoluções de 1848. Isso, destaque-se depois de um
período de recuperação para curar as “feridas” da destruição e desorganização dos quase 25 anos de
guerra entre 1792 e 1815. A partir de 1848 tudo mudou. O mundo vivenciaria, então, um quarto de
século de desenvolvimento desconhecido (HOBSBAWM, 1997; BEAUD, 2004; LANDES, 2005).

Essa recuperação econômica em conjunto com a adoção de reformas políticas liberais, serviu para
acalmar os ânimos revolucionários europeus, estabilizando a situação política do continente.

Entre 1848 e 1872

“[...] o mundo se tornou capitalista e uma minoria significativa de países “desenvolvidos”


transformou-se em economias industriais”.

(HOBSBAWM, 1997, p. 54)

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Para além da Inglaterra, destaque-se, os EUA e a Alemanha foram os países que mais cresceram
nesse período.

A economia entrou num extraordinário ciclo de crescimento: exportações, empregos, produção,


renda, lucro. Isso foi possibilitado pelo capital barato, aumento nos preços, disponibilidade em
grande escala de meios de transportes mais rápidos e eficientes (ferrovias e navegação à vapor),
comunicação também mais expediente (telégrafo), liberalização do comércio internacional,
aumento do crédito, redução das taxas de juros e multiplicação dos meios de pagamento. Ocorreu,
também, nesse período, uma maior ligação da ciência com o setor industrial, aumentando a
produtividade do trabalho, mas que demandará que o sistema educacional se torne mais amplo e de
melhor qualidade para a formação de mão de obra. Três setores industriais novos terão impacto
especial nesse crescimento do capitalismo: o setor de bens de capital, e o aparecimento das
indústrias química e elétrica (DOBB, 1977; HOBSBAWM, 2000; BEAUD, 2004; LANDES,
2005).

Consulte para saber mais!

Se você se interessou pelo tema da dominação do mundo pela Europa, sugiro, especialmente, a
leitura de duas obras clássicas que você, por sinal, encontra na Biblioteca da UVV. São eles:

VARGAS LLOSA, Mario. O sonho do celta. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva, 2011.

CONRAD, Joseph. O coração das trevas. Porto Alegre, RS: L&PM, 2003.

Esse crescimento, que permitiu a ampliação do controle da economia mundial pela Europa,
possibilitando a crescente integração das economias de todo o mundo ao padrão e aos interesses
por eles estabelecidos, não garantia, no entanto, grandes benefícios às populações das áreas
dominadas. Como destaca Hobsbawm (1997, p. 193)

Em resumo, a maior parte dos povos do Terceiro Mundo não parecia beneficiar-se de forma
significativa do progresso extraordinário e sem precedentes do Ocidente. [...]. O progresso não
pertencia ao mundo que conheciam, e a maioria duvidava se o desejava. Mas os que resistiram
em nome da tradição foram derrotados. O dia dos que resistiriam com as próprias armas do
progresso ainda não havia chegado.

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09/04/2019 O Século XIX: Um século de lutas, revoluções e liberalismo

Os filmes com o personagem Tarzan são sempre uma representação estilizada por meio de uma
linguagem que sempre destrói a diversidade e complexidade das sociedades africanas. No entanto,
se olharmos com espírito crítico e curioso, servem para nos inspirar uma visão crítica.

Veja o trailer do filme Tarzan, a evolução da lenda (2013), que apresenta inúmeras dessas
imprecisões. Se possível, dê uma olhada no filme completo, já no começo tem um erro geográfico
(descubra qual é) e reflita um pouco sobre as representações que temos daquele continente.

Tarzan - Trailer

Mas, então, veio a derrocada. Uma crise, tal qual a expansão anterior, desconhecida. Aquela que,
podemos dizer, foi a primeira crise internacional do capitalismo. Essa, no entanto, será uma crise
com características um pouco diferenciadas das crises anteriores, não só pelo seu aspecto
internacional. Conforme aponta Beaud (2004, p. 199) nas crises anteriores do capitalismo ocorriam

[...] queda dos preços e redução das produções, [...]; desemprego e redução dos salários reais.
Nas crises da “Grande Depressão” [1872 – 1895], observamos igualmente uma baixa dos
preços acompanhando a compressão e a redução das produções. [...]. Observamos também o
crescimento do desemprego.

No entanto, no que se refere aos salários, exceto nos Estados Unidos, onde ocorre uma redução nos
setores afetados pela crise, na Grande Depressão os salários dos trabalhadores não sofrerão
queda, pelo contrário, em alguns países, terá aumento real. Casos, por exemplo, da França e da
Inglaterra. Isso foi possível graças, principalmente, a dois fatores: novas formas de organização do
trabalho que estão sendo utilizadas, como o taylorismo, aumentando a produtividade do trabalho, e
a resistência dos sindicatos operários às tentativas de redução. (DOBB, 1977; HOBSBAWM, 1997;
BEAUD, 2004; LANDES, 2005)

A Inglaterra, de modo específico, mas a Europa, de modo geral, havia passado por um processo de
mudanças legais no período entre 1867 e 1871, que permitiu a emergência das organizações
sindicais e partidárias dos trabalhadores. Isso propiciará que, com o advento da crise, as
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organizações dos trabalhadores tenham condições de fazer frente a isso de forma mais articulada.
Como afirma o historiador Geoff Eley (2005, p. 89)

“[...]. Esse constitucionalismo socialista resultou das dramáticas liberalizações de 1867-71, que
permitiram a muitos movimentos trabalhistas sua primeira agitação legal em escala maior
que a local [...]”.

No mesmo caminho, Hobsbawm (1997, p. 166-167) afirma que

“Em toda a Europa, na década de 1860, a lei foi modificada para permitir uma certa e limitada
organização trabalhista e greves; ou, para ser mais exato, para abrir espaço, na teoria do
mercado livre, para a barganha livre e coletiva de trabalhadores”.

Michel Beaud (2004), numa análise mais ampla, aponta para o fato de que ao longo da segunda
metade do século XIX vários elementos estão ligados ao processo de fortalecimento do movimento
dos trabalhadores. Especialmente, ele destaca a ampliação do assalariamento dos trabalhadores
nos países capitalistas, o crescimento populacional absoluto e relativo das cidades, o aumento do
número de trabalhadores e, dentre esses, daqueles que são sindicalizados e que votam nos partidos
trabalhistas, socialistas ou sociais democratas.

Não por outra razão, pouco a pouco, os trabalhadores conseguirão a aprovação de leis que atendam
às suas demandas. Aqui, para exemplificar, podemos citar leis que tratam de seguro doença, seguro
de acidentes, seguro velhice, duração do trabalho, legalização dos sindicatos, direito de greve e de
piquete, descanso semanal, higiene e segurança no trabalho, entre outras, aprovadas em diversos
países da Europa e nos Estados Unidos (HOBSBAWM, 1997; BEAUD, 2004; ELEY, 2005).

Essas serão, ainda, mudanças tímidas, especialmente quando olhamos adiante para o século
seguinte. Mas, colocadas no contexto de regimes políticos liberais, mas com severas restrições de
direitos aos grupos não dominantes das sociedades, tais como os trabalhadores, representam um
primeiro passo, mas, mais do que isso, a demonstração de que organizados e mobilizados,
conseguiriam fazer valer a sua condição de seres humanos, de cidadãos, e, portanto, também
portadores de direitos, não somente de deveres ou obrigações.

4. Século XIX: Um século de ideias socialistas


Mesmo antes da existência de um movimento organizado dos trabalhadores, já havia a circulação
de ideias socialistas pela Europa. Já em 1796, como apontamos anteriormente, Graco Babeuf e sua
Sociedade dos Iguais, lançavam um Manifesto dos Iguais e, na sequência, uma Conspiração
dos Iguais, visando implantar a igualdade que, segundo eles, seria o desejo não realizado da
Revolução Francesa. Poderíamos marcar aqui o momento do nascimento do moderno socialismo.
No texto já pontificava a demanda por uma igualdade para além da jurídica, mais completa,
também política, econômica, social e cultural. Como destaca o Manifesto (1796, p. 1-3)
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A igualdade! - Primeira promessa da natureza, primeira necessidade do homem e elemento


essencial de toda a legítima associação! [...]. Declaramos que, posteriormente, não poderemos
permitir que a imensa maioria dos homens trabalhe e esteja ao serviço e ao mando de uma
pequena minoria. [...]. Quais os sinais que nos permitem reconhecer as qualidades de uma
Constituição? Aquela que se apoia integralmente sobre a igualdade é, na realidade, a única que
te convém, a única que satisfaz as tuas aspirações.

Depois de Babeuf e seus iguais, temos uma leva daqueles que muitas vezes são denominados de
socialistas utópicos ou românticos, como Claude-Henri de Louvroy, mais conhecido como Saint-
Simon (1760 - 1825), Robert Owen (1771 – 1858) e François Marie Charles Fourier (1772 –
1837), os anarquistas, Pierre-Joseph Proudhon (1809 – 1865) e Mikhail Aleksandrovitch
Bakunin (1814 – 1876), e os denominados socialistas científicos Karl Marx (1818 – 1883) e
Friedrich Engels (1820 – 1895). São esses os pensadores centrais do socialismo, em suas
diversas vertentes, no século XIX e que influenciarão as ideias e práticas políticas até os dias de
hoje, demandando igualdade, num sentido mais amplo do que o liberalismo, ou mesmo o
pensamento democrático, propugnavam (WILSON, 1986; HOBSBAWM, 2000; BEAUD, 2004;
ELEY, 2005).

Robert Owen, Charles Fourier e Saint-Simon, importantes socialistas utópicos.

Saint-Simon foi um pensador influenciado por ideias religiosas e pelo liberalismo econômico,
defendendo que o governo só deveria interferir para garantir a produtividade do trabalho e impedir
a preguiça ou o ócio. Seu socialismo, portanto, ainda bastante incipiente, está ligado a defesa do
trabalho, contra o parasitismo, e ao reconhecimento dos mais pobres terem condições dignas de
vida. Sua estrutura social e política previa a existência de uma classe dos savants, sábios que
exerceriam o poder no Conselho Supremo, responsáveis pela criação de obras para melhorar as
condições de vida da humanidade e manter a sociedade em equilíbrio, o governo da sociedade seria
exercido pelas pessoas que tinham posses e os que não tinham trabalhariam, sendo que

“[...] o objetivo de todas as instituições sociais era melhorar, intelectual, moral e fisicamente,
as condições de vida da “classe mais pobre e mais numerosa””

(WILSON, 1986, p. 91)

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Robert Owen, por sua vez, era um forte crítico da propriedade privada, da religião e do
casamento, para ele as pessoas eram fruto do seu ambiente social e de fatores hereditários; para
que a humanidade conseguisse atingir a felicidade era fundamental um amplo processo de
educação. Propôs a criação de comunidades baseadas na igualdade absoluta. A única diferença
aceita nessa comunidade era que os adultos, ainda não idosos, exerceriam o seu governo (WILSON,
1986; HOBSBAWM, 2000).

Já Charles Fourier destaca a necessidade da criação de comunidades, tal como Owen, onde
todos, independentemente de suas riquezas, recebessem a mesma educação, mas aí parava o seu
igualitarismo. Ele propunha que os trabalhos realizados nas comunidades fossem remunerados de
forma diferenciada, recebendo, no entanto, maior pagamento aqueles que fossem considerados
desagradáveis e necessários, e menos aqueles que atendessem apenas ao luxo. O seu objetivo
fundamental era organizar as pessoas para que suas paixões fossem úteis a todos (WILSON, 1986;
HOBSBAWM, 2000).

Mikhail Bakunin e Pierre Proudhon, dois grandes pensadores e ativistas anarquistas do século XIX.

Proudhon faz a crítica radical do Estado e do capitalismo. Foi o primeiro a referir-se a si mesmo
como anarquista. Sua crítica ao capitalismo e à propriedade, de modo geral, está em sua obra “O
que é a propriedade?”, e a resposta, para ele, é: Propriedade é roubo.

“E essa frase, que identifica o capitalismo e o Estado como sendo os dois principais inimigos da
liberdade, tornou-se um dos principais slogans [anarquistas] do século”

(WOODCOCK, 1981, p. 15).

Bakunin também era um anarquista, partidário da ação direta, numa aliança entre
trabalhadores urbanos e camponeses, e da extinção do Estado e do capitalismo, para ele os grandes
males que afligiam a humanidade, as suas possibilidades de liberdade e igualdade (WOODCOCK,
1981; WILSON, 1986).

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Como destaca o escritor e jornalista George Woodcock (1981, p. 13)

A origem da palavra anarquismo envolve uma dupla raiz grega: a palavra archon, que
significa governante, e o prefixo an, que indica sem. Portanto, anarquia significa estar ou
viver sem governo. Por consequência, anarquismo é a doutrina que prega que o Estado é a
fonte da maior parte de nossos problemas sociais, e que existem formas alternativas viáveis de
organização voluntária. E, por definição, o anarquista é o indivíduo que se propõe a criar uma
sociedade sem Estado.

Por fim, Marx e Engels apontam que somente com a tomada de poder pela classe operária,
aqueles que nada têm a perder com a revolução a não ser os seus grilhões, como afirmam ao final
do Manifesto do Partido Comunista. Assim, com o poder do Estado, como classe dominante,
poderia o proletariado atacar aquele que é o seu grande inimigo: a propriedade privada dos
meios de produção (WILSON, 1986; HOBSBAWM, 2000).

Karl Marx e Friedrich Engels, amigos e teóricos do socialismo.

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Aprendendo mais uma!

Friedrich Engels (1820 - 1895), o grande amigo e parceiro intelectual de Karl Marx, é muitas vezes
lembrado apenas pelas obras que produziu em parceria com este, mas foi autor único de inúmeras
obras. Entre estas podemos citar: A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (1845), Do
socialismo utópico ao socialismo científico (1880) e A origem da família, da propriedade privada e
do Estado (1884).

Assim, com esses e outros pensadores, vai ganhando forma uma visão sobre uma alternativa ao
capitalismo, como define o historiador Edgar de Decca (2000, p. 169)

“um outro sonho da modernidade: o socialismo”,

que contemple, para a vida das pessoas, os direitos civis, políticos e sociais de forma mais ampla do
que até então acontecera. São entendimentos, por certo, que também têm suas diferenças, algumas
apostam no altruísmo, outras na mobilização das pessoas, na sua ação direta, sem algum tipo de
controle organizacional e uma terceira num processo revolucionário que, a partir da tomada do
poder, realize as possibilidades que o próprio desenvolvimento do capitalismo apresentava para a
humanidade, mas se negava a concretizar.

Ao longo do século XX essas ideias ganharão mais corpo teórico, com diferentes matizes e
experiência prática, nem sempre de acordo com os postulados a que se propunham, mas essa é uma
história para as unidades seguintes.

5. Século XIX: as mulheres na cena pública


Inspiradas, direta ou indiretamente, por Olympe de Gouges (1748 - 1793), Mary Woolstonecraft
(1759 – 1797) ou Abigail Adams (1744 – 1818), as mulheres do século XIX irão apresentar suas
demandas de igualdade de direitos civis e políticos. As obras de Olympe de Gouges, A declaração
dos direitos da mulher e da cidadã (1791); de Mary Woolstonecraft. Uma reinvindicação pelos
direitos da mulher (1792) e as conhecidas cartas e ações de Abigail Adams em prol da liberdade e

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igualdade para negros e mulheres, inclusive quando era primeira dama dos Estados Unidos, foram
importantes para inspirar ações em defesa dos direitos da mulher. Como destaca a historiadora
Christine Stansell (2001, p. 347)

Mas outras transformações democráticas [no século XIX] conduziram outras mulheres a
reflexões semelhantes sobre a contradição entre suas reivindicações universalistas e suas
limitações específicas. Nos Estados Unidos da América, a cruzada iniciada nos anos 1830 pelo
fim da escravidão incitou as mulheres abolicionistas a estabelecer uma analogia entre as
correntes da escravidão e as da condição feminina, entre a autoridade injustificada do senhor
do escravo e a do marido/pai. As mulheres antiescravagistas organizaram o primeiro comício
do mundo, exclusivamente dedicado aos direitos da mulher. A convenção teve lugar na
pequena cidade de Seneca Falls, [...], em julho de 1848.

Abigail Adams, defensora dos direitos da mulher e dos negros.

Neste evento, foi aprovada uma Declaração que, para além de criticar a tirania dos homens sobre as
mulheres e a diferenciação entre homens e mulheres nas escolas e no código moral, apresentava
inúmeras propostas, tais como: direito de propriedade independente, direito de tutela dos filhos e
direito de voto, esta última numa reivindicação que ecoava a demanda de francesas defendidas
alguns meses antes durante o processo revolucionário que se desenrolava na França naquele
momento. As mulheres anunciavam, assim, suas demandas por independência – liberdade – e
igualdade de direitos civis e políticos. (HOBSBAWM, 1998, STANSELL, 2001)

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As sufragistas, a luta por direitos políticos e outros direitos para as mulheres se intensificou em fins do século XIX.

O movimento de maior destaque em torno da questão dos direitos das mulheres, no século XIX,
bem já no seu final, foi o das sufragistas. A primeira organização surgiu em 1897 na Inglaterra, a
União Nacional das Mulheres Sufragistas (NUWSS, na sigla em inglês), e somente em 1904 uma
associação internacional, a Aliança Internacional das Mulheres Sufragistas (IWSA, na sigla em
inglês), foi criada (HOBSBAWM, 1998, STANSELL, 2001).

Reunião em defesa do voto feminino em fins do século XIX, Inglaterra.

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Já antes disso, no entanto, mais exatamente no dia 8 de março de 1857, trabalhadoras têxteis da
cidade de Nova York protestavam por melhores condições de trabalho e, como resultado, foram
severamente reprimidas pela polícia. A partir daí, e de forma crescente, movimentos de mulheres
em luta por direitos civis, políticos e trabalhistas, cresceram numa constante. Em que pese, no
entanto, todas essas mobilizações, mais uma vez será somente no século seguinte que esses e outros
direitos serão garantidos (HOBSBAWM, 1998, STANSELL, 2001).

Você gosta de assistir filmes para compreender melhor a história? A luta das mulheres contra a
opressão e pela conquista dos direitos é uma das marcas mais belas do século XIX. Esse filme capta
um pouco dessa luta. Suas idas e vindas. No link abaixo você assiste ao filme As sufragistas (2015),
dublado. Vale a pena assistir.

As Sufragistas (Legendado) - Trailer

No século XIX, destaque-se, somente a Nova Zelândia, em 1893, garantiu o direito de voto às
mulheres, após virá a Finlândia, mas já no século XX, em 1906 (HOBSBAWM, 1998, STANSELL,
2001).

6. Conclusão
O século XIX constituiu-se, assim, como momento de expectativas e concretizações, de sonhos e
decepções, de avanços e recuos, no que tange àquilo que mais nos interessa: as questões de
liberdade e igualdade.

Essas, entretanto, como a discussão dessa e das unidades anteriores deixam entrever, são sempre
fugidias. A cada estágio que se avança, novas demandas e questões surgem. Como gostamos de
dizer em história, é sempre um processo.

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Assim, por um lado podemos destacar alguns avanços nos direitos civis, como liberdade de
expressão e de imprensa, o fim dos regimes absolutistas em inúmeros países, o fim dos privilégios
de nascimento e a igualdade jurídica, de pagamento de impostos e de acesso aos cargos públicos, de
ampliação do acesso à educação. Podemos, ainda, lembrar a liberdade conquistada pelas colônias
europeias no continente americano.

Por outro lado, não podemos deixar de apontar que os avanços políticos – mesmo para os homens
brancos – são ainda pequenos neste século. Poucos países, uma minoria, garantia sufrágio
universal masculino. Para as mulheres, então, neste campo, temos apenas um caso de voto
feminino: a Nova Zelândia. Ao longo do século a escravidão com bases raciais foi finalmente
extinta, mas os negros, em diversos países, e aqui podemos lembrar os Estados Unidos e o Brasil,
continuaram com um estatuto civil, político e social que pouco favor faziam ao discurso de
liberdade e igualdade.

Também os trabalhadores, ao longo do século XIX, apresentaram suas demandas por direitos e
igualdade civil, política e social. As lutas foram intensas e se ampliaram ao longo do século. Dos
luditas do início do século aos revolucionários do seu fim, as conquistas, no entanto, foram poucas
e em alguns poucos países.

De todo modo, se não foi um século repleto de conquistas para a liberdade e a igualdade, com
certeza, podemos afirmar que ao longo do século XIX a pauta em torno desses grandes temas
ganhou novas dimensões e ampliaram as lutas neste período final do século XIX e no início do
século XX. As disputas se ampliam, as movimentações também. O avanço do imperialismo, o
grande crescimento econômico, o otimismo da Belle Époque e a Primeira Guerra Mundial
colocarão novas questões em cena no período. Esses serão os temas de discussão do próximo
tópico.

7. Referências
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<http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/a_pdf/babeuf_manifesto_dos_iguais.pdf>. Acesso em:
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DECCA, Edgar de. O colonialismo como a glória do império. In: REIS FILHO, Daniel Aarão;
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DOBB, Maurice. A evolução do capitalismo. 6. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977.

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ELEY, Geoff. Forjando a democracia: a história da esquerda na Europa, 1850 – 2000. São
Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2005.

GOYARD-FABRE, Simone. O que é democracia? a genealogia filosófica de uma grande aventura


humana. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

HOBSBAWM, Eric J. A era do capital: 1848-1875. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

______. A era dos impérios: 1875-1914. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

______. A era das revoluções: Europa 1789-1848. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

LANDES, David S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento


industrial na Europa ocidental, de 1750 até os dias de hoje. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

MAGNOLI, Demétrio. Congresso de Viena (1814-1815). In: MAGNOLI, Demétrio. História da


paz: os tratados que desenharam o planeta. São Paulo: Contexto, 2008. p. 93-121.

RÉMOND, René. O século XIX, 1815 – 1914. São Paulo: Cultrix, 2004.

SALE, Kirkpatrick. Inimigos do futuro: a guerra dos luditas contra a revolução industrial e o
desemprego. Rio de Janeiro: Record, 1999.

STANSELL, Christine. O poder e as mulheres. In: DARNTON, Robert; DUHAMEL, Olivier.


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WILSON, Edmund. Rumo à Estação Finlândia: escritores e atores da história. São Paulo:
Companhia das Letras, 1986.

YouTube. (2017, Janeiro, 29). Portal Tudo Tv. Tarzan A Evolução Da Lenda. 1h34min11seg.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=m_zESMKQlkE&t=619s>. Acesso em: 2 jun.
2018.

YouTube. (2017, Outubro, 3). Renata Teixeira. As Sufragistas (completo) - Dublado.


1h46min33seg. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=CNp7pmTpEOc>. Acesso em:
2 jun. 2018.

YouTube. (2017, Dezembro, 5). figura2000. “”O Jovem Karl Marx“” (Filme COMPLETO -
Português-BR - HD). 1h57min34seg. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=2M5vo2n6G7Y>. Acesso em: 2 jun. 2018.

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