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Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2007
4
Tese de Mestrado – Curso de Engenharia Aeronáutica e Mecânica – Área de Mecânica dos Sólidos e Estruturas –
Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2007. Orientador: Prof. Sérgio Frascino Müller de Almeida
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CESSÃO DE DIREITOS
_____________________________
Clóvis Augusto Eça Ferreira
Rua Croata, 774, apto. 21
São Paulo (SP)
iii
ITA
iv
À inesquecível Ani
Ao inigualável Iá
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço meu orientador, Prof. Sérgio Frascino – por mostrar-me, com sua erudição e
paciência, um caminho intuitivo para superar cada etapa.
Agradeço, enfim, os Engos. Siqueira e Masao, paradigmas para aqueles que buscam
tornar as aeronaves brasileiras cada vez mais competitivas.
vi
RESUMO
Uma caixa para flexo-torção, equipada com múltiplas longarinas – sem reforçadores
ou nervuras – é um conceito propício à tecnologia de compósitos. A integração de almas e
revestimentos possibilita um único ciclo de cura em processos à base de pré-impregnados, ou
com impregnação dentro do molde. Essa idéia pode ser aproveitada em asas e empenagens,
aplicações que, para o peso ótimo, tipicamente atingem a instabilidade local abaixo da carga-
limite. É aceitável que os longos painéis dessa caixa flambem, desde que não ocorram falhas
no laminado e, acima de tudo, a estrutura mantenha-se rígida o suficiente para a função
pretendida. Na presente investigação, uma caixa com longarinas auxiliares tem sua rigidez
comparada à de outras soluções propostas para uma viga engastada. Para se estimar a relação
entre carga e deslocamento na pós-flambagem, foram desenvolvidos modelos refinados com
um pacote comercial de elementos finitos (MSC/NASTRAN), habilitado à análise não-linear
geométrica (SOL106). Baseado nos modelos, comprovou-se, numericamente, que a
configuração dos reforços determina a rigidez tangente do conjunto. A adição de longarinas
internas mostrou-se tão eficaz quanto um dispendioso arranjo de reforçadores e nervuras,
tomado como referência. Em outra proposta, com reforçadores longos, sem nervuras, ocorreu
o colapso prematuro da caixa, evocando os cilindros de Koiter. O comportamento observado
em caixas retas, prismáticas e pesadas repetiu-se, com poucas ressalvas, para caixas cônicas,
oblíquas e mais leves. A técnica de simulação foi validada através de um ensaio estático: uma
caixa representativa foi submetida a um carregamento de flexo-torção, consideravelmente
superior à carga de flambagem inicial. A partir de deslocamentos medidos durante o ensaio,
traçou-se a curva de carga-rigidez, que foi comparada à curva prevista. Apesar de
consideráveis desvios introduzidos pelas condições de apoio, os resultados experimentais
confirmaram a representatividade dos modelos.
vii
ABSTRACT
The concept of reinforcing a torsion-bending box with multiple spar webs instead of
stiffeners and ribs is appropriate to composite structures technology. The high integration
level allows a single cure cycle, using either pre-impregnated materials or impregnation inside
the mould. Such concept is valuable for wings and empennages – two applications in which
optimum light-weight design typically causes instability below the limit load. Even though the
long box walls are allowed to buckle, laminate failure should not occur in any point. On the
other hand, the assembly is supposed to retain a minimum of stiffness, to meet the design
requirements. In the present work, different design concepts of reinforced cantilever box
beams are compared in terms of tangential stiffness. A finite element model was developed
employing a commercial FEA package (MSC/NASTRAN) featured with numerical tools for
non-linear analysis (SOL106). Refined meshes were used to estimate the load-displacement
behavior in the post-buckling conditions. Based on the numerical results, it was established
that the reinforcement configuration has strong effect on the tangent stiffness. The efficiency
of the multi-spar box measured fairly well against a complex layout of stiffeners and ribs –
taken for reference. In another proposal, based on long stiffeners without internal ribs, the box
showed a premature collapse, resembling Koiter’s cylinders. The conclusions attained in this
work apply, in essence, to boxes of different types: conical × constant section; straight ×
oblique; light laminate × heavy laminate. In order to validate the modeling technique, a static
test was conducted, loading a representative box in torsion-bending, far beyond the initial
buckling. The displacements measured in the test were used to plot the load-stiffness curve for
comparison to the curve obtained with the model. Despite the fact that significant deviations
were introduced by the boundary conditions, the test results confirmed the models.
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 64: Caixa pr/N4R2 – Evolução da linha elástica com a carga pontos nas longarinas ............. 101
FIGURA 65: Caixa PR/ Modelos a QUAD4 de aresta = 25; 10; 8,33 e 5 mm ...................................... 102
FIGURA 66: Convergência – deslocamentos e rigidez.......................................................................... 103
FIGURA 67: Coluna elástica com imperfeições iniciais -25 ≤ q0 ≤ 36 mm....................................... 104
FIGURA 68: Curvas Carga × Deslocamento e Carga × Rigidez ........................................................... 105
FIGURA 69: Carga × Deslocamento e Carga × Rigidez – ampliação da suposta região linear ........... 106
FIGURA 70: Exemplo de curva Carga × Rigidez Tangente para duas caixas....................................... 107
FIGURA 71: Caixa co/ – comparação entre incrementos de carga: 3% e 10% ................................... 109
FIGURA 72: Caixa CO/L2 – comparação NASTRAN × MARC .......................................................... 110
FIGURA 73: Comparação SOL106 × SOL600 (MARC) ...................................................................... 111
FIGURA 74: Comparação SOL106 × SOL600 (MARC) ...................................................................... 111
FIGURA 75: Caixas PR/R2 e PR/L2 – Influência das imperfeições iniciais (1º. e 2º. a.vetores)........... 112
FIGURA 76: Comparação das caixas básicas das 8 famílias ................................................................. 113
FIGURA 77: Caixa PR/L1 – Carga-rigidez para 1 longarina adicional (8 posições) ............................ 116
FIGURA 78: Caixa PR/L2 – Carga-rigidez para 2 longarinas adicionais (8 combinações).................. 117
FIGURA 79: Caixa PR/R2 – Carga-rigidez para 2 longarinas convertidas em reforçadores ............... 119
FIGURA 80: Caixa PR/L2P1 – Carga-rigidez para 2 longarinas e 1 pele............................................... 120
FIGURA 81: Caixa PR/N1 – Carga-rigidez para 1 nervura (9 configurações)....................................... 121
FIGURA 82: Caixa PR/N7 – Carga-rigidez para 7 nervuras (3 configurações) .................................... 122
FIGURA 83: Caixas PR/N7L1 , PR/N7L2 , PR/N7R2 – 7 nervuras com reforços adicionais................... 123
FIGURA 84: Família ‘PR’ – Curvas carga-rigidez ................................................................................ 124
FIGURA 85: Família ‘PR’ – Comparação das propostas de reforço .................................................... 127
FIGURA 86: Família ‘PR’ – Curvas carga-rigidez ................................................................................ 128
FIGURA 87: Família ‘PR’ – Comparação das propostas....................................................................... 129
FIGURA 88: Família ‘PO’ – Curvas carga-rigidez............................................................................... 130
FIGURA 89: Família ‘PO’ – Comparação das propostas de reforço ..................................................... 131
FIGURA 90: Família ‘po’ – Curvas carga-rigidez ................................................................................. 132
FIGURA 91: Família ‘po’ – Comparação das propostas de reforço ...................................................... 133
FIGURA 92: Família ‘CR’ – Curvas carga-rigidez.............................................................................. 134
FIGURA 93: Família ‘CR’ – Comparação das propostas de reforço.................................................... 135
FIGURA 94: Família ‘cr’ – Curvas carga-rigidez................................................................................. 136
FIGURA 95: Família ‘cr’ – Comparação das propostas de reforço ...................................................... 137
FIGURA 96: Família ‘CO’ – Curvas carga-rigidez ............................................................................... 138
xi
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SÍMBOLOS
As principais notações empregadas neste trabalho acham-se aqui reunidas, para facilitar a
leitura. Ocasionalmente, são usados os símbolos originais das referências citadas. Não há,
entretanto, prejuízos à compreensão. O negrito é reservado para vetores e matrizes.
B, BL, BNL – matrizes das derivadas das funções-de-forma (total, linear e não-linear)
D – matriz das propriedades elásticas do material
δ, δ2, δ3, δ4 – 1ª., 2ª., 3ª., 4ª. variações de um funcional
Δl – comprimento de corda (relativo ao método denominado ‘arc-length’ )
E – módulo de elasticidade
εij – componentes do tensor das deformações
F – vetor das forças nodais externas
G – matriz auxiliar, para cálculo de BNL
Xb, Xd, Xe – v.-posição no sistema básico, local deformado, local indeformado (3.2)
x, y, z – coordenadas cartesianas de um ponto do espaço
xv
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO
Essas questões devem ser resolvidas para cada segmento da estrutura, em particular,
asas e empenagens, cujo desenho básico é uma viga em balanço, em forma de caixa
alongada. Considerando-se as tendências da indústria aeroespacial, a viga-caixa tende a ser
concebida em laminados de compósito, aproveitando a diferenciada prestação desse material.
A busca por um peso competitivo pressupõe a flambagem local em baixos níveis de carga.
Custo (%)
alumínio compósito = reduzir peso
Família B (compósito)
Família C otimizada
Projeto
Família D otimizada em alumínio
(referência)
Alumínio
projetos em compósitos,
antes e depois de otimizados
Peso (%)
FIGURA 2: “Trade-off study” de um segmento de fuselagem do Boeing 767-X
Fonte: ILCEWICZ, 1995 [2]
Nos anos 60, auge da era do alumínio, grande atenção foi dedicada à eficiência de
estruturas de chapas e perfis, geralmente dimensionadas por estabilidade. Gerard [4], por
exemplo, fez uma análise paramétrica de duas configurações para a viga-caixa metálica:
multi-longarina e multi-nervura. Em sua análise da viga em flexão pura, esse pesquisador
utilizou dois índices adimensionais:
(a) Índice de solidez – relação entre o peso da estrutura e o peso de uma caixa maciça de
mesmas dimensões externas, seu valor máximo é a unidade;
(b) Índice de carga – relação entre o momento fletor e o produto ‘E.h2.w’, onde ‘h’ é a altura,
‘w’ a largura da seção da caixa, e ‘E’ é o módulo de elasticidade do material.
A figura 3 reporta a solidez mínima obtida por Gerard, para vigas otimizadas
considerando critérios de estabilidade e resistência. As curvas referem-se às duas
configurações: multi-longarina e multi-nervura. São crescentes, uma vez que aumentos do
momento fletor devem acarretar aumentos na espessura dos elementos resistentes. Sob cargas
baixas, o critério de estabilidade é dimensionante, enquanto que sob cargas elevadas, a
resistência do material, caracterizada pelo escoamento em compressão, torna-se mais crítica.
A superposição dos dois critérios explica a inflexão, próximo ao índice de carga 10-3.
Na região dominada pela estabilidade, os aumentos de carga são absorvidos com menores
aumentos de massa, em comparação com a região dominada pela resistência ao escoamento.
Esse comportamento está associado aos expoentes que afetam a espessura nas equações que
definem os critérios.
Cargas altas:
diferenças
desprezíveis
Para esse pesquisador, a caixa multi-nervura seria a solução ideal, tornando-se ainda
mais eficiente, pela adição de reforçadores. Por muito tempo, essa arquitetura predominou no
projeto de aeronaves metálicas de todos os tamanhos.
Alumínio integral
Kevlar (RTM)
Caixão co-curado
em carbono (RTM)
Injeção
e
Polimerização
(a) POSICOSS, Improved Post-Buckling Simulaton for Design of Fiber Composite Stiffened
Fuselage Structures – desenvolver ferramentas velozes de projeto e análise, usando
funções-de-forma (figura 8); e
GDL’s
discretização
atualização
Erro
OD
Não permitido
Ocorrência de
degradação (OD) CF
Carga Final (CF) CL
Região segura
Carga Limite (CL)
Permitido em
condições 1ª. Carga de Flambagem (1.CF) 1.CF
operacionais
de vôo
Encurtamento Encurtamento
Para checar o método de análise, cujas limitações não são inteiramente conhecidas,
este trabalho incluiu uma parte experimental. Uma caixa sem elementos internos de reforço,
comparável à estudada, foi construída e carregada acima da flambagem local do revestimento.
As leituras, tomadas no ensaio de dois espécimes, indicaram que um modelo ajustado
reproduz razoavelmente o comportamento global da estrutura real. Em especial, a carga
crítica e o padrão de deflexão global foram confirmados, após o ajuste de desvios
introduzidos pelas condições de contorno da montagem experimental. Os ensaios foram
realizados no laboratório da EMBRAER S.A., no ano de 2005.
(b) para elevar a eficiência em peso, as soluções em compósitos devem flambar abaixo da
carga limite, e eventualmente, falhar localmente, abaixo da carga máxima;
(c) a perda de rigidez seguinte à flambagem deve ser avaliada, principalmente em áreas
sensíveis a fenômenos aeroelásticos;
(d) na região da pós-flambagem, usa-se a análise não-linear por elementos finitos, cujos
resultados, nos estágios avançados de flambagem, requerem validação experimental;
3 FUNDAMENTOS MATEMÁTICOS
Esta parte do trabalho reúne quatro assuntos relevantes para um estudo de pós-
flambagem por elementos finitos, considerando-se apenas a não-linearidade geométrica.
(3.1.1)
partir de valores nodais q. O equilíbrio equivale à soma nula das forças externas F e internas
P. As forças P são obtidas das tensões σ, estas das deformações ε, que dependem de q.
(3.1.2)
Para resolver a equação de equilíbrio (3.1.2) com métodos iterativos, recorre-se à artificiosa
introdução do vetor-resíduo R. Reescrevendo a igualdade:
(3.1.3)
R avalia o desequilíbrio entre forças aplicadas F e forças internas P, obtidas por sucessivas
aproximações. A análise buscará q que satisfaça ||R|| < Δ , ou algum outro critério de
convergência. Parte-se de uma situação conhecida, de quase-equilíbrio ou equilíbrio, como:
q = 0 e F = P = R = 0. Incrementando a carga externa, o próximo valor de q é calculado:
(3.1.4)
36
Em (3.1.4), Δq1 é o primeiro valor a determinar. Com ele, são calculadas as forças internas
εij (3.1.6)
εL (3.1.7)
ε εL εNL (3.1.8)
Em suma, de (3.1.6) decorre que a matriz B, na teoria não-linear, é soma de duas parcelas:
(3.1.9)
a parcela BL , constante, corresponde à matriz da teoria linear, enquanto a parcela BNL varia
(3.1.10)
As tensões σ são calculadas a partir das leis constitutivas e das relações entre
deformações ε e deslocamentos u. Assumindo deformações pequenas, a linearidade entre σ
e ε é mantida, assim como entre seus incrementos, dσ e dε :
ε ε0 ε (3.1.11)
(3.1.12)
(3.1.13)
(3.1.14)
(3.1.15)
(3.1.16)
lembrando que BL é independente de q (ou seja, dBL = 0), e ainda mais, introduzindo
T T
(3.1.13) em (3.1.16) e simplificando a notação de BNL(q) e B NL(q) para BNL e B NL:
(3.1.17)
(3.1.18)
onde:
(3.1.19)
(3.1.20)
(3.1.21)
(3.1.22)
39
(3.1.23)
(3.1.24)
Com a ajuda da expressão (3.1.24), a matriz KR. Quanto à matriz Kσ , computa-se pela
seguinte expressão:
(3.1.25)
40
(a) G depende da geometria inicial, portanto permanece constante a menos que a geometria
(b) A é usada para formar KR , e depende das rotações – deve ser atualizada continuamente;
(c) M é usada para formar Kσ , e depende das tensões – deve ser atualizada continuamente.
(a) A matriz KR refere-se aos efeitos das grandes rotações, no sistema do elemento;
(b) Na teoria de deformações pequenas, os efeitos das deflexões e rotações associadas aos
movimentos de corpo rígido podem ser tratados, de forma eficaz, pela atualização das
coordenadas dos elementos (ver seção 3.2);
(c) A matriz de rigidez geométrica Kσ refere-se aos efeitos das tensões iniciais. A
importância desses efeito deve-se ao enrijecimento (ou amolecimento) geométrico – essa
matriz é justamente utilizada na análise de instabilidade.
41
FIGURA 11: Elemento de barra, antes e depois do deslocamento relativo ud (ou qd)
Fonte: LEE, 1992 [28]
Na figura 11, usa-se a notação ‘u’ para deslocamentos nodais, conforme a ref.[28].
Nas equações abaixo, é mantida a notação ‘q’. Ainda seguindo [28], adotam-se os índices: ‘e’
– operação no elemento, ‘d’ – sistema de coordenadas deslocado, ‘bg’ – passagem do sistema
global ao sistema básico, e ‘bd’ – do sistema deslocado ao sistema básico. Para o elemento de
barra exibido na figura 11, a força elementar pode ser calculada a partir do deslocamento
relativo, superpondo as configurações deformada e indeformada.
(3.2.1)
(3.2.3)
(3.2.4)
Deformação do
elemento
(3.2.5)
Para o equilíbrio, as forças de todos os elementos devem ser somadas. Antes, porém, a
seguinte transformação deve ser aplicada:
(3.2.6)
(3.2.7)
(3.2.8)
A abordagem descrita nesta seção pode ser considerada uma aproximação do “Método
Lagrangiano Atualizado”, já que o movimento do corpo segue a descrição de Lagrange. As
tensões são calculadas no estado deformado, à semelhança do tensor de Cauchy. Na
abordagem Lagrangiana Atualizada, entretanto, a geometria de referência é mantida constante
durante as iterações, sendo atualizada a cada incremento – nisso, difere do método de
atualização do sistema de coordenadas.
44
Para ultrapassar pontos-limite, criaram-se técnicas de uso restrito (apud [18]), como o
controle alternado de carga-deslocamento (Sabir-Lock), as molas artificiais (Wright-Gaylor)
ou o abandono da equação de equilíbrio (Bergan-Soreide). Estes recursos falham, ao passar
por mudanças drásticas de direção – ditas snap-through (figura 15), cuja forma severa é a
reversão da curva de carga, ou snap-back. Outras técnicas, mais robustas, são discutidas em
parágrafos adiante.
45
Passo No. 1
n+1
incrementar a carga para F
Passo No. 2
n+1
inicializar qi (a solução elástica linear é a 1a. aprox. para q1) :
FASE de CORREÇÃO
Passo No. 3
n+1 n+1
calcular P e –R :
Passo No. 4
n+1
calcular a matriz (KT)1 , usando (3.1.22)
Passo No. 5 corrigir o deslocamento, usando
( ) (3.3.1)
A partir deste ponto, repetem-se os passos 3 a 5, até convergir: ||Ri|| < Δ ou ||δqi+1|| < Δ.
A figura 16 mostra uma iteração do método de Newton-Raphson, para um caso escalar.
46
(3.3.2)
do passo atual, e λ é um número entre 0 e 1. Procura-se os incrementos (δλ, δq), que anulem
(3.3.3)
(3.3.4)
(3.3.5)
Carga (q)
1ª. Iteração
2ª. Iteração
3ª. Iteração
Curva de
equilíbrio
Novo ponto
convergido
Superfície-vínculo
Deslocamento
(3.3.6)
(Na figura 18, e em outras desta seção, os deslocamentos são simbolizados pela letra ‘p’, e a
carga pela letra ‘q’, acompanhando a referência de origem [18]. Nas equações que se referem
a tais figuras, como a equação 3.3.6, conserva-se a notação do restante deste trabalho, isto é:
‘q’ para deslocamentos, e ‘F’ para carga.)
50
Carga
Deslocamento
FIGURA 19: Método da corda – Crisfield Cilíndrico
Fonte: LEE, 1992 [28]
(3.3.7)
Carga (q)
1ª. Iteração
Deslocamento
Carga
(q)
1ª. Iteração
2ª. Iteração
Curva de
equilíbrio
Novo ponto
convergido
Nova secante
Deslocamento
Parâm.
de
Carga,
λ
Normais ao fluxo
Deslocamento
FIGURA 22: Método da corda – Normal ao fluxo de Davidenko
Fonte: RAGON, GÜRDAL & WATSON, 2002 [14]
εk (3.3.8)
Para encontrar o próximo ponto da trajetória, mesmo nas condições extremas do snap-back, o
comprimento da corda define um ponto em uma das superfícies do fluxo, a partir do qual, as
iterações. “pulam” de uma superfície a outra, em direção à curva carga-deslocamento. Como
54
se observa nas figuras 23 e 24, essa estratégia parece adequada aos casos mais difíceis, onde
os outros três métodos falham.
Iterações
Riks/Wempner
Solução tangente a partir de A
Parâm. Iterações de
de Crisfield cilíndrico
Carga,
λ
Iterações de
Crisfield
Deslocamento
FIGURA 23: Ponto crítico suave – reversão apenas de carga
Fonte: RAGON; GÜRDAL; WATSON, 2002 [14]
Iterações Riks/Wempner
Solução tangente a
partir de A Iterações da normal ao fluxo
Parâm.
de
Carga,
λ
Iterações de
Iterações de Crisfield cilíndrico
Crisfield
Deslocamento
FIGURA 24: Ponto crítico severo – reversão de carga e deslocamento
Fonte: RAGON, GÜRDAL; WATSON, 2002 [14]
55
(a) O método de Crisfield [17] envolve a solução de uma equação quadrática no incremento
do fator-de-carga. Duas raízes, λ1 e λ2 , são obtidas. A seleção da raiz correta requer
passos adicionais, para comparar os resíduos – ver figura 25. (Uma vez mais, a notação
mostrada na figuras reflete o documento citado como fonte).
FIGURA 25: Método de Crisfield – escolha da raiz pelo critério do menor resíduo
Fonte: HELLWEG & CRISFIELD, 1995 [17]
(b) Os métodos de Riks e RAMM são chamados “linearizados”, por envolverem uma
equação linear, de raiz única, evitando a equação quadrática do método de Crisfield;
(f) O vínculo adicionado pode ser associado a uma hiper-superfície no espaço λ-q . Os
métodos de Riks e de RAMM servem-se ambos de um hiper-plano normal à direção da
tangente (Riks) ou da secante (RAMM) à curva carga-deslocamento; no método de
Crisfield, essa superfície é uma hiper-esfera, que pode se tornar um hiper-cilindro; no
caso do método da normal ao fluxo de Davidenko, a superfície é definida pela
ortogonalidade a uma família de superfícies off-set, definidas por diferentes perturbações
da equação de equilíbrio;
(g) Todos os métodos acima são eficazes para pontos-limite de não-linearidade moderada;
(i) O método da normal ao fluxo de Davidenko permite manter incrementos grandes, mesmo
em condições extremas. As iterações caminham ao longo de uma linha normal às
superfícies off-set, o que necessariamente conduz à curva de carga-deslocamento;
(j) O método da normal ao fluxo de Davidenko ainda é alvo de discussão. Não está
implementado no MSC/NASTRAN.
(k) Nos métodos da corda, a solução da equação de vínculo leva, eventualmente, a raízes
complexas. Esse fato pode causar a divergência da análise, situação que ainda hoje é
objeto de pesquisa. Uma técnica proposta para garantir raízes reais envolve a aplicação de
um fator de relaxação à força-resíduo R. O processo, aplicado iterativamente, aumenta a
estabilidade da análise, com a contrapartida de um maior custo computacional [18].
57
Schneider & Feldes [43] fabricaram cilindros de plástico de alta precisão, com
dimensões 380 × Ø380 × 1,3 mm. Uma parte dos cilindros foi pós-conformada a vácuo, de
modo a adquirir imperfeições conhecidas. Nessa operação, empregaram mandris colapsáveis,
previamente usinados conforme os modos teóricos de flambagem axi-simétrico e diamante.
Adotaram amplitudes de 0,3t (t = espessura da placa), porque notaram que a redução para essa
perturbação se aproxima do fator recomendado pela NASA [39]. O módulo de elasticidade foi
medido diretamente nos espécimes; espessura e raio foram medidos e incorporados à
simulação. Previram cargas críticas 5% acima dos valores experimentais.
(Dados do modelo: programa – MSC/NASTRAN SOL106; elemento – QUAD4; graus-de-
liberdade GDL – 13 a 24 mil)
Hilburger [44] ensaiou cilindros de carbono-epoxi com dimensões 400 × Ø200 × 1,0
mm, que apresentavam perturbações iniciais de ±1,5 mm no raio, e variações de espessura de
±0,2 mm. Esses defeitos, e outros menos tradicionais, como ply-gaps (vãos que podem
aparecer entre os pedaços de fita, durante a laminação ou cura), foram incluídos em um
modelo sofisticado, que incluía a consideração da aleatoriedade. Previu um fator de
knockdown 10% acima do que encontrou experimentalmente.
(Dados do modelo: programa – STAGS; elemento – 410; GDL – 100 mil; outros – método de
RIKS com pseudo arc-length; co-rotacional; transiente (implícito) + quase-estático.)
60
Um sistema com um único grau de liberdade é uma escolha adequada para ilustrar a
diferença que se estabelece, na pós-flambagem, entre estruturas estáveis e instáveis. O caso a
seguir é uma versão simplificada do problema de Cox – resolvido por Koiter na referência
[31]. O sistema, instável e sensível a imperfeições, sofre uma alteração nessa característica,
mediante a adição de uma mola. Um tratamento formal desse tipo de conversão é proposto na
referência [48].
Considere-se o sistema estrutural da figura 26, composto por uma barra indeformável
AB, de comprimento unitário, uma mola linear AC, de constante κ, e dois nós deslizantes A e
B. Os extremos da mola são presos em pontos separados pelas distâncias β e δ, horizontal e
vertical. O deslocamento vertical χ , do nó A, é adotado como variável independente do
problema. O valor inicial de χ seria zero se a estrutura fosse perfeita, mas existe uma
imperfeição inicial, de valor ε. O deslocamento α, do nó B, tem o mesmo sentido da carga
externa λ.κ.
⎡ β 2 + (δ + ε )2 ⎤ ⎛ δ⎞
λ = ⎢1 − ⎥ ⋅ ⎜⎜1 + ⎟⎟ ⋅ 1 − χ 2 (3.4.1)
⎢⎣ β 2 + (δ + χ )2 ⎥⎦ ⎝ χ ⎠
−1
⎡ 2
⎤
= ⎢1 + ⎛⎜ β ⎞⎟ ⎥
(3.4.2)
λ CR δ⎠ ⎦
⎣ ⎝
2.5
CARGA X DESLOCAMENTO
SISTEMA BÁSICO
λ/λ cr
2
ε = - 0,01
1.5
ε = + 0,01
ε=0
1
ε = + 0,01
0.5
ε = - 0,01
χ
0
-0.15 -0.1 -0.05 0 0.05 0.1 0.15
⎡
λ = ⎢1 −
⎢⎣
β 2 + (δ + ε )2 ⎤ ⎛ δ ⎞
2 2
[
⎥ ⋅ ⎜⎜1 + ⎟⎟ ⋅ 1 − χ 2 + ρ ⋅ 1 − ε 2 − 1 − χ 2
β + (δ + χ ) ⎥⎦ ⎝ χ ⎠
] (3.4.3)
2.5
CARGA X DESLOCAMENTO
λ/λcr
SISTEMA MODIFICADO 2 ε = - 0,01
1.5
ε = + 0,01
ε=0
1
ε = + 0,01
ε = - 0,01 0.5
χ
0
-0.15 -0.1 -0.05 0 0.05 0.1 0.15
FIGURA 30: Sistema com infinitos GDL’s – placa cilíndrica (partic. plana)
Fonte: CHAJES, 1974 [49]
Vêem-se os resultados na figura 31, para a placa plana (R→ ∞), e na figura 32,
aplicável a um caso típico. Cargas e deslocamentos foram adimensionalizados pelas regras:
λ = (N x ⋅ a 2 )/ (E ⋅ t 3 )
k = a 2 / (R ⋅ t )
(3.4.4)
δ = w/t
δ 0 = w0 / t
(3.5.1)
(3.5.2)
tensões agentes, portanto, das cargas aplicadas. Os deslocamentos q podem ser separados em
axiais ou transversais, às cargas aplicadas. Há uma gama de sistemas, que inclui colunas e
placas sob compressão, para os quais a equação (3.5.2) pode ser reescrita como:
(3.5.3)
onde os subscritos ‘A’ e ‘T’ referem-se a axiais e transversais e os termos cruzados, ‘AT’ e
‘TA’, são identicamente nulos. A equação (3.5.3) se desacopla em duas:
(3.5.4)
(3.5.5)
Kσ-AA é nula, pois, para os materiais e nível de carga de interesse para este estudo, não há
enrijecimento por tensão na direção axial. A solução da equação (3.5.4) é o vetor de
deslocamentos qA , com o qual se calculam as tensões axiais, e por fim, a rigidez geométrica
Kσ-TT . Seja FAC a carga crítica da estrutura, definida por um fator de escala λ , multiplicado
à carga aplicada. A matriz geométrica pode ser definida por esse fator:
(3.5.6)
69
(3.5.7)
Sendo nulas as cargas transversais FT, por suposição, uma das soluções para a equação
(3.5.7) é o vetor de deslocamentos transversais qT com valor igual a zero. No entanto, uma
outra solução existe, em que o determinante da matriz dos coeficientes é zero, caso em que
haverá infinitas soluções para (3.5.7). Ou seja, uma das duas seguintes condições vale:
(3.5.8)
(3.5.9)
(3.5.10)
Este capítulo reuniu referências sobre teorias e métodos que embasam a presente
pesquisa. Como sempre, as restrições de espaço determinaram o sacrifício de outros temas –
cuja inclusão teria sido, de qualquer forma, interessante. Cite-se a formação da matriz
constitutiva do laminado, e a formulação da delaminação, e de outros fenômenos.
(a) a análise não-linear geométrica, baseada na teoria dos grandes deslocamentos, oferece as
ferramentas para a definição rigorosa da pós-flambagem;
(c) a análise estática por elementos finitos e técnicas incrementais reproduz a pós-flambagem
com razoável aproximação – fontes de desvio tornam indispensável algum ensaio;
(d) é preciso lembrar que certos fenômenos não podem ser representados pela análise
estática, sendo eventualmente necessário recorrer a modelos dinâmicos;
(e) os erros acumulados na análise incremental podem ser compensados com técnicas de
correção iterativa – as técnicas estão sujeitas a falhar em casos mais complexos;
(f) as imperfeições da estrutura real tem efeito detrimental, que deve ser avaliado – o
emprego de fatores de dimensionamento rápido pode ser exageradamente conservativo;
4 MANUFATURA
(a) Tuskegee University’s Center for Advanced Materials – Tuskegee AL, EUA [3];
(c) TP-ATP.
PREPREG
Para entender as vantagens das novas tecnologias, é preciso examinar o processo que
as antecedeu. Tradicionalmente, os elementos da estrutura primária de aeronaves são
fabricados a partir de fibras pré-impregnadas (PREPREG), armazenadas a temperatura baixa
o suficiente, para retardar substancialmente a polimerização da resina. Consagrado sucessor
da impregnação manual, o PREPREG contribuiu para padronizar a cura individual de painéis
e reforços. A cura em autoclave oferece melhores condições para controlar a quantidade de
resina, porosidade e compactação, variáveis associadas à integridade.
A união dos elementos curados, com adesivo, pode ser definida como uma “colagem
secundária”. A junta fabricada por colagem secundária apresenta baixa resistência mecânica,
tanto em tração, como em cisalhamento. Os melhores resultados são obtidos quando a
colagem é precedida de adequada preparação das superfícies e o processo se realiza sob
condições controladas de temperatura e pressão, geralmente elevadas.
Uma alternativa mais eficiente é a cura prévia apenas dos reforçadores, seguida de sua
aposição ao revestimento laminado, finalizando o processo com a cura do revestimento.
73
AUTOCLAVE
DELAMINAÇÃO
(b) toda a fase de resina deve formar um único corpo, cuja cura se processe em uma mesma
etapa.
VARTM e RTM são técnicas próximas, que se baseiam na injeção de resina, líquida e
catalisada, dentro do molde onde foi previamente colocado o reforço de fibra, usualmente pré-
formado. RFI intercala resina, em forma de filme, com camadas de reforço seco. Em oposição
ao PREPREG, as três técnicas compartilham vantagens, como o controle da quantidade de
resina, custo de estocagem, e possibilidade de cura fora da autoclave.
A sigla VARTM é formada pelas iniciais de “vacuum assisted resin transfer molding”.
A viabilidade dessa técnica está associada ao investimento inicial, excepcionalmente baixo.
Os processos que se enquadram nesta categoria diferem radicalmente do processamento com
PREPREG em um ponto essencial: o reforço de fibra e materiais de núcleo (colmeias) são
aplicados a seco, em um molde aberto, e ensacados com bolsa-de-vácuo. A resina é
introduzida através de canais de alimentação, estrategicamente localizados no molde, e
forçada a penetrar no reforço de fibra. Diferentemente da autoclave, a cura dispensa altas
temperaturas e alta pressão. O ferramental de VARTM, comparativamente mais barato,
permite fabricar peças complexas e de grandes dimensões em uma etapa única.
O RTM, ou “resin transfer molding”, em sua versão usual, requer um molde fechado,
de custo mais alto, geralmente metálico. O reforço é posicionado na metade inferior do
ferramental, em seguida, o molde é fechado e selado, e a resina líquida é bombeada para o
interior do ferramental sob pressão, penetrando por canais de alimentação. O método exige
resinas de viscosidade mais baixa. O catalisador é acrescentado pelo dispensador automático,
75
apenas ao momento da infusão – o que possibilita o uso de sistemas de resina de cura mais
rápida. Tipicamente, os moldes são dotados de circuitos de aquecimento.
O processo RFI, que se explicita por “resin film infusion”, é uma outra opção para
evitar o PREPREG, e eventualmente a autoclave. Neste processo, a resina, já catalisada, se
apresenta na forma de filme flexível. Películas desse material são intercalados com camadas
de reforço seco, cuja trama pode ser criada de forma a facilitar a fabricação de superfícies de
curvatura complexa. O laminado, preparado sobre molde aberto, é fechado em bolsa-de-vácuo
e submetido a aquecimento que funde a resina e promove sua cura. Podem ser empregadas
resinas mais viscosas, visto que o percurso para embeber o reforço se reduz à espessura do
laminado, ou de algumas lâminas apenas. Este processo tem emprego limitado, em vista do
elevado custo do reforço, e da baixa automação. Paredes-de-pressão de aeronaves
pressurizadas, esféricas no formato otimizado, contam-se entre as aplicações bem-sucedidas.
FIGURA 33: Mandris para VARTM: espuma de poliestireno selada com epoxi
Fonte: MAHFUZ et al., 2004 [3]
Filme de distribuição
Teflon perfurado
Revestimento
Fibra pré-conformada
Mandril de Mandril de Mandril de
Teflon perfurado
espuma espuma espuma
Malha de distribuição
sobre mandril envolvido
com teflon sólido
Laminado simétrico
FIGURA 34: Preparação do molde da caixa com duas longarinas para VARTM
Fonte: MAHFUZ et al., 2004 [3]
77
Alguns problemas práticos devem ser resolvidos antes que esta técnica venha a
produzir peças de qualidade homogênea. Por exemplo, a delaminação continuaria um ponto
fraco, não fosse a introdução do stitching, ou costura alinhavada.
De Vries [53] fabricou uma caixa estrutural para demonstrar sua versatilidade – e suas
dificuldades. Como desejava reforços em direções ortogonais, optou por rebitar um dos
revestimentos, separado do restante, durante a cura conjunta, por um filme de teflon
perfurado.
Molde superior
(aquecido)
Seção intermediária composta por:
• Blocos externos
• Anel aquecido
Molde inferior
(aquecido)
Após a cura, realizada fora da autoclave a 180 ºC e 8 bar, a caixa foi pós-curada dentro
de um forno a 230 ºC, sob pressão ambiente. Só então procedeu-se à desmoldagem. Os
componentes desmoldados são fotografados na figura 38, em que se pode apreciar os encaixes
dos reforços.
Ao final de uma série de ensaios mecânicos, não se encontrou delaminação nas junções
entre revestimentos e reforços, em nenhuma das caixas.
81
(c) soldabilidade.
típ.
SEÇÃO A-A (cotas em mm)
Painel ATP
Insertos
Reforçadores
Isolação
Moldes
(aço)
O processo TP-ATP ainda não está disponível para a maior parte das indústrias. A
aplicação do material impregnado a alta temperatura acarreta dificuldades específicas, como a
janela de trabalho. Além disso, as propriedades mecânicas devem ser melhoradas, para evitar
acréscimos ao peso do produto.
85
Neste capítulo, foram apresentados três processos modernos com elevado potencial
para a fabricação da caixa multi-longarina, a custos reduzidos, sem perda de qualidade:
(c) TP-ATP.
5 DESENVOLVIMENTO
Os resultados das simulações são finalmente apresentados na seção 5.9. Nela, estão
reunidas as curvas obtidas para as diversas configurações, principal resultado da análise não-
linear. A seção 5.10 sumariza as observações coletadas.
87
Oito famílias de caixas e dez esquemas de reforço são descritos nesta seção. Três
famílias resultam da variação nas linhas externas de um modelo inicial, correspondente a uma
caixa retangular de medidas 1000 × 250 × 100 mm. Afilamento e enflexamento são
introduzidos nessa forma prismática, tornando-a cônica, oblíqua ou cônica-oblíqua. Mudando-
se o “peso” do laminado, outras quatro famílias são obtida.
5.1.1 FAMÍLIAS
Ao longo do texto, as famílias são identificadas por uma sigla de duas letras. A
distinção entre laminado reforçado e aliviado é suprida pelo uso de maiúsculas e minúsculas:
As medidas principais das caixas são apresentadas na figura 44. Uma perspectiva,
desenhada a partir dos modelos de elementos finitos, é vista na figura 45.
88
Nas caixas leves, a redução de peso ocorre no revestimento – o elemento mais extenso.
O revestimento, uma vez flambado, transfere carga às longarinas. Para balancear o projeto, as
longarinas ou reforçadores recebem camadas adicionais. O laminado das nervuras não se
altera, uma vez que o nível de tensão nesses elementos é relativamente menor.
5.1.2 REFORÇOS
Para cada família, além da caixa básica – sem reforço algum – foram analisadas
diferentes propostas de enrijecimento, combinando-se longarinas (L) ou reforçadores (R),
nervuras (N), e mesmo uma pele (P) adicional. Os elementos genéricos de reforço são
esquematizados na figura 46.
L1 @ 1 longarina
91
L2 2 longarinas figura 49
R2 2 reforçadores figura 50
N1 1 nervura figura 51
N7 7 nervuras figura 52
Uma longarina adicional pode ser desenhada em diferentes posições ‘x’, alterando o
efeito do reforço. Análogo comentário se aplica a nervuras, reforçadores e peles. Durante as
simulações, procurou-se encontrar posições ótimas, através de mudanças discretas das
variáveis de posição, desfrutando-se os nós existentes no modelo.
92
FIGURA 47: Caixa básica (nenhum reforço) com a malha de elementos finitos
5.2 CARREGAMENTO
b/ a = 0,6
Torçor = 6000 N.m (constante)
As caixas oblíquas estão sujeitas a menor torção e maior flexão, medidas nas seções
normais ao eixo elástico. A comparação direta entre caixas retas e oblíquas requer, portanto, a
consideração dessas diferenças. Para a comparação entre esquemas de reforço dentro de cada
família, diferenças de carregamento entre famílias não mudam essencialmente as conclusões.
A conicidade não afeta os esforços de corte. A carga aplicada tem direção constante, sendo
portanto “não-seguidora”. Por isso, deve ocorrer um enrijecimento da estrutura, à medida que
a deflexão reduz os braços a e b.
98
Avaliar a rigidez tangente da caixa pela observação de um único ponto – onde a carga
é aplicada – pode levar a um falso diagnóstico sobre o conjunto da estrutura, ou parte dela. É
preciso verificar a evolução de pontos adicionais, para assegurar-se de que o ponto de
aplicação é, com efeito, um indicador representativo do comportamento global. Como teste,
foi analisada a caixa pr/L2 – com duas longarinas, ocupando as posições x = 100 e x = 170.
Na figura 60, são mostradas as deformações do modelo para três níveis de carga.
Em oito estações (z = 0; 50; 110; 190; 290; 410; 570 e 760), tomaram-se pontos no
centro (y = 50) das longarinas dianteira (x = 0) e traseira (x = 250). Esses pontos, juntamente
com o ponto-de-aplicação da carga, tiveram seus deslocamentos adimensionalizados pelo
valor que assumem a 100% da carga (1000 daN).
99
A figura 61 mostra os deslocamentos lidos sob níveis de carga entre 20% e 100%. À
exceção de uma região de 200 mm, próxima ao engaste, o deslocamento é uniforme ao longo
da envergadura de 1000 mm. A não-linearidade entre deslocamento e carga, pode ser
visualizada pelo crescimento da separação entre as curvas, acima de 60% de carga.
FIGURA 61: Caixa pr/L2 – Linha elástica das longarinas diant. (l. cheia) e tras. (l. tracejada)
Um segundo teste foi conduzido, com a caixa pr/N4R2 , cuja deflexão é ilustrada nas
figuras 62 e 63. Os dois reforçadores desta caixa, apoiados nas extremidades e nas quatro
nervuras internas, estão sujeitos a instabilidade local, como flanges, entre as nervuras.
100
FIGURA 63: Caixa pr/N4R2 – deformação a 150% da carga (instabilidade dos reforçadores)
que 70% da caixa é bem representada pelo ponto-de-aplicação (z = 1000) . Uma porção
restrita a 300 mm a partir do engaste apresenta comportamento diverso.
FIGURA 64: Caixa pr/N4R2 – Evolução da linha elástica com a carga pontos nas longarinas
dianteira (linha cheia) e traseira (linha tracejada)
5.4 DISCRETIZAÇÃO
Os modelos foram construídos com malha de densidade uniforme, criada sobre linhas
de porcentagem. Foi usado o elemento de placa QUAD4 (do NASTRAN), a quatro nós. O
tamanho foi definido com base em um estudo de convergência. Na caixa PR/, foram
comparadas as respostas para as arestas elementares: 25; 10; 8,33 e 5 mm (figura 65) .
FIGURA 65: Caixa PR/ Modelos a QUAD4 de aresta = 25; 10; 8,33 e 5 mm
Outro resultado intuitivo é a rápida convergência das soluções no campo linear. Ali, o
modelo com elementos de 25 mm é suficientemente preciso – poderia ser, inclusive, menos
discretizado. No entanto, a evolução no campo não-linear aumenta a necessidade de
refinamento.
O tempo real gasto pelo NASTRAN foi: 2; 32; 51 e 313 minutos, respectivamente.,
para as malhas 25; 10; 8,33 e 5 mm. Optou-se pela aresta de 10 mm, já que a melhoria dos
refinamentos adicionais era menor que 2% para o deslocamento e menor do que 5% para a
rigidez.
104
derivada da função F(q). Por outro lado, os efeitos da flambagem local sobre o deslocamento
de controle em geral são leves, o que torna as nuances da resposta F(q) menos perceptíveis.
KT = dF/dq pela razão ΔFi/Δqi , tomando-se pontos consecutivos, dois a dois. Um sistema
estrutural simples será usado para exemplificar estas idéias.
primeiro autovalor, correspondente à carga crítica de Euler: λ1 = π2. (EI) / L2, vale 9 daN (4,5%
= 4.λ1, ou seja: 36 daN (17,9%). As duas primeiras instabilidades passam despercebidas nas
curvas F(q), como patenteado na figura 68. A observação descuidada da curva F(q) leva a
associar erroneamente o 3º. autovalor (40,2%) à primeira flambagem. Por outro lado, a
influência da imperfeição inicial na rigidez tangente: reversão de deslocamento, tipo “snap
through”, no ponto A, não fica clara pelas curvas F(q). Em contrapartida, todos os eventos
são prontamente detectados ao exame das curvas F(KT). A ampliação da suposta região linear
(figura 69) torna este aspecto ainda mais evidente.
FIGURA 69: Carga × Deslocamento e Carga × Rigidez – ampliação da suposta região linear
FIGURA 70: Exemplo de curva Carga × Rigidez Tangente para duas caixas
Neste trabalho, a rigidez global das caixas foi sempre estimada com base no
deslocamento vertical do ponto de aplicação da carga, na extremidade do braço aplicador.
Esse procedimento é simples e eficaz. Quando uma instabilidade local se amplia a ponto de
comprometer a rigidez de uma região, o efeito é detectado no ponto escolhido como
referência.
108
Na figura 70, as duas curvas elevam-se do eixo horizontal, inicialmente segundo uma
reta vertical, que assinala os valores de rigidez linear elástica inicial K0. A um certo nível de
carga, ocorre a instabilização local. Na caixa básica, cr/, esse fenômeno é claramente
Carga (kg)
Encurtamento (mm)
FIGURA 74: Comparação SOL106 × SOL600 (MARC)
Fonte: ORIFICI, 2005 [60]
112
FIGURA 75: Caixas PR/R2 e PR/L2 – Influência das imperfeições iniciais (1º. e 2º. a.vetores)
Para as duas caixas, o efeito das imperfeições é pequeno. Com base nos testes,
concluiu-se que as imperfeições iniciais não são necessárias às simulações deste trabalho.
113
Para cada família, a caixa sem reforço foi simulada em primeiro lugar (figura 76 e
tabela 4).
A coincidência das cargas críticas (200 daN para as caixas pesadas, e 100 daN para as
leves) indica que as cargas críticas das caixas básicas são pequenas, relativamente ao
incremento de carga adotado, de 10% – para cargas críticas baixas, o incremento de carga
torna-se a resolução da avaliação da carga crítica. A adoção de incrementos menores
penalizaria o tempo de processamento, sem vantagem significativa, como foi discutido na
seção 5.6 .
A comparação da rigidez inicial K0, mostra que uma proporção fixa se estabeleceu
entre as caixas pesadas e leves, conforme a tabela 5:
CR 10,5
8,1
77,1%
cr
CO 5,2
4,0
76,9%
co
Comparando-se as quatro caixas pesadas entre si, pela rigidez linear inicial, e fazendo
o mesmo com as caixas leves, encontram-se as proporções da tabela 6:
Famílias PR ou pr PO ou po CR ou cr CO ou co
PESADAS 21,1 9,9 10,5 5,2
100% 46,9% 49,8% 24,6%
Duas conclusões de mérito foram tiradas, a partir da observação das caixas básicas:
(a) as famílias escolhidas para o estudo representam um variado leque de valores de rigidez,
em que a relação entre a mais rígida e a mais flexível é de cerca de 5 : 1;
(b) nenhuma das caixas básicas se mostra adequada para sustentar a carga especificada – ou
mesmo, metade dessa carga. É preciso reforçá-las para garantir um mínimo de rigidez
tangente.
Na próxima seção, a família ‘PR’, integrada pelas caixas tipo prisma reta, é alvo de
diferentes propostas de reforço. Essas propostas elevam a rigidez elástica inicial, mas acima
de tudo, trazem um expressivo aumento da carga crítica e moderam a perda de rigidez na pós-
flambagem. Contudo, todas as propostas oneram o peso da estrutura. Não há como compará-
las, sem que primeiro se estabeleça um conceito de eficiência. Ao definir tal propriedade, a
caixa básica mostrar-se-á útil.
116
Uma segunda longarina foi adicionada, para obter a caixa PR/L2 . Novamente, 28
combinações de posição foram testadas, indicando-se oito delas na figura 78.
O favorável efeito das duas longarinas suscita a idéia de otimizar peso, pela retirada de
algum material das almas, próximo ao plano médio. A ação, correspondente a substituir as
longarinas por reforçadores “tipo blade”, foi realizada a partir da configuração No. 12. O
resultado é exibido na figura 79.
As extremidades da caixa básica são fechadas com nervuras. Uma nervura interna foi
acrescentada, dando origem à caixa PR/N1 . Os resultados, para nove configurações (posição
Fica claro que a adição de uma nervura isolada é ineficaz, como reforço, em qualquer
posição. Com um número maior de nervuras, a resposta deve ser diferente. Para um arranjo de
sete nervuras, foram testadas três diferentes configurações, conforme dados e resultados da
figura 82 e tabela 10.
Observa-se que o arranjo de sete nervuras, desde que sua posição seja estudada, tem
um efeito positivo sobre a rigidez tangente, e também sobre a primeira carga crítica. A
configuração No.1 obedece uma distribuição uniforme, com espaçamento constante. Seu
desempenho é inferior ao da configuração No. 2 – com espaçamento de 100 mm na metade
próxima ao engaste, e 150 mm na outra metade. A configuração No. 3 resulta ainda mais
eficiente, com espaçamento próximo a uma progressão geométrica de razão 1,25.
FIGURA 83: Caixas PR/N7L1 , PR/N7L2 , PR/N7R2 – 7 nervuras com reforços adicionais
Os resultados dessas tentativas, e de todas as outras, foram reunidos na figura 84, onde
o desempenho pode ser comparado.
124
1. Para as caixas mais rígidas, a rigidez tangente é medida a 10% (campo linear) e a 100%
da carga (pós-flambagem). Para as caixas cuja rigidez é praticamente nula a 100% da
carga, a rigidez tangente é medida a 10% e 70%.
2. Duas caixas são escolhidas como referência: a “mais leve”, que é a própria caixa básica
PR/; e a “mais rígida”, a PR/N7L2, que possui duas longarinas e sete nervuras.
3. Para cada proposta de reforço, são calculados dois índices: iVOLUME e iRIGIDEZ, a saber:
Nos gráficos iRIGIDEZ = f (iVOLUME), como a figura 85, as propostas são comparadas,
entendendo-se como mais eficiente, a combinação de maior índice de rigidez e um mais baixo
índice de volume.
A diagonal que une os pontos onde os índices são iguais passa pelas duas referências:
leve (PR/) e rígida (PR/N7L2). A região próxima à diagonal é associada a valores médios de
eficiência, para a escala proposta.
É evidente que, sob carga baixa, a diferença de rigidez entre as duas caixas de
referência não é grande, pois depende essencialmente dos revestimentos, e estes são iguais
para todas as configurações de reforço dentro de cada família. Ao passo que, sob carga alta, a
rigidez tangente da caixa básica já deve estar próxima de zero, enquanto a referência rígida
afasta-se menos da rigidez inicial.
127
Segue-se a tabulação das eficiências relativas observadas na seção anterior (tab. 11).
(a) A conclusão geral é que as configurações apenas com longarinas, uma ou duas, são as de
maior eficiência relativa – e essa superioridade se mantém em todas as famílias;
(b) Os reforçadores aumentam a rigidez na região linear, mas nem sempre têm o mesmo bom
efeito na pós-flambagem – a proposta não é competitiva para as caixas de baixa rigidez;
(d) A proposta com uma nervura não tem finalidade prática, pois seu efeito é pequeno em
valores absolutos;
(e) A proposta com duas longarinas e um revestimento não tem potencial para aplicação,
devido ao pequeno benefício em contrapartida de uma maior dificuldade de fabricação.
143
6 ENSAIOS
Um ensaio é sempre requerido, para validar uma nova metodologia de análise. Com
esta finalidade, foi fabricada e testada em laboratório uma caixa reta prismática, sem reforços
internos – semelhante à caixa PR/. Apoio e carregamento seguiram a configuração de estudo:
viga engastada, submetida a carga na extremidade livre, deslocada por um braço, para induzir
flexão e torção. A carga foi aumentada lentamente, ultrapassando a flambagem local, até
provocar a falha global. O objetivo do ensaio foi obter:
Este capítulo foi organizado em quatro seções, que detalham os seguintes aspectos:
(a) Corpo-de-prova;
(d) Resultados.
144
6.1 CORPO-DE-PROVA
Como se observa na figura 100, o corpo-de-prova é uma caixa obtida por junção
mecânica de duas peças: (a) um dos revestimentos, co-curado com as duas longarinas, e (b) o
outro revestimento. Essa configuração foi escolhida para mitigar o risco de falha inadvertida
das junções entre revestimentos e longarinas, que poderia liberar partes do corpo-de-prova, e
causar ferimentos aos operadores e danos ao equipamento.
Um mesmo material foi utilizado nas laminações: tecido de carbono bi-direcional, pré-
impregnado com epoxi. As extremidades da caixa foram fechadas com chapas de aço, presas
mecanicamente. Foram fabricados e ensaiados dois corpos-de-prova, com as mesmas
características.
145
A caixa foi carregada através do braço de aço, preso à extremidade livre. O aparato foi
planejado para que as seções extremas tivessem pouca distorção (warping). A linha de ação
transversais em seis pontos, distribuídos em três seções transversais, conforme figura 102. A
carga foi medida por uma célula intercalada entre o atuador e o braço.
6.4.1 REVESTIMENTOS
A figura 105 mostra os deslocamentos na direção vertical ‘y’, paralela à carga, lidos
pelos LVDT’s 9/10, no centro do painel de revestimento. Nesses pontos, a flambagem
provoca inflexões na curva carga-deslocamento, facilitando a identificação da carga crítica.
Além das leituras experimentais, estão plotados, na mesma figura, os valores previstos pelo
modelo FEM.
70%
Carga
(100% = 1000 daN)
60%
50%
40%
LVDT 9 (FEM)
30%
LVDT 9 (LAB)
LVDT 10 (FEM)
20%
LVDT 10 (LAB)
10%
Deflexão vertical no centro
do revestimento inferior
0% LVDT (mm)
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6
A primeira carga crítica teórica foi confirmada, no valor de 30% (3000 N). Como
previsto, a flambagem iniciou-se no revestimento inferior, próximo ao engaste. Ali ocorre a
maior solicitação, combinando compressão e cisalhamento.
150
Carga
70%
(100% = 1000 daN)
60%
LVDT 9 (FEM)
Rigidez tangente no centro
50%
do revestimento inferior LVDT 9 (LAB)
LVDT 10 (FEM)
30%
20%
10%
0% KT (daN / mm)
-500 0 500 1000 1500 2000 2500
Deve-se enfatizar que a rigidez tangente, tal qual definida por esta análise, é uma
grandeza escalar, identificada com a tangente da inclinação da curva carga-deslocamento.
Portanto, pode assumir valores positivos, negativos ou anular-se. A 30% da carga, ocorreu a
primeira flambagem, como detectou o modelo. Antes disso, na região em que se esperaria por
uma resposta linear, o LVDT 9 indicou variações na rigidez do ponto. Em média, a rigidez se
aproxima da encontrada no modelo FEM.
6.4.2 LONGARINAS
O foco do ensaio é dirigido às regiões mais rígidas: as mesas das longarinas, que
respondem pela funcionalidade da caixa – medida pela capacidade de resistir à carga aplicada.
Os deslocamentos na direção ‘y’, lidos nos LVDT’s 1/3/5/7, estão plotados na figura
107. As leituras, referentes aos ciclos “pré-carga” e “carga-limite”, incluem carga e descarga.
70%
Carga
(100% = 1000 daN)
LD 3 LD 7 LD 1 LD 5
60%
50%
40%
PD 7 PD 1 PD 5
30% PD 3
10%
0% LVDT (mm)
0 5 10 15 20 25
(a) Deflexão residual – semelhante à fluência, varia com o nível de carga máximo; e
(b) Acomodação inicial – associada a folgas e contatos, ocorre entre 0 e 10% da carga.
152
22
LVDT 5 800
Carga
(mm) 2560; 21,27 (daN)
2348; 20,75
750
20
700
18
O T
EN
650
AM
16 600
550
14
A
RG
LVDT 5 500
CA
SÉRIES TEMPORAIS
(300 leituras por minuto)
12
450
FIGURA 108: Aumento de deslocamento sob carga constante, gerando deflexão residual
FIGURA 109: Deslocamentos LVDT’s 1/3/5/7 com e sem correção da deflexão residual
Para maior clareza, as leituras experimentais passaram por uma filtragem. Dessa
forma, a quantidade de pontos se reduziu, de 3700 (carga e descarga) para 30 (apenas carga),
sem prejuízo da representatividade.
60%
50%
40%
30%
LVDT 2
LVDT 4
20%
LVDT 6
10%
Deslocamento horizontal
das longarinas LVDT 8
0% Q (mm)
-2 -1 0 1 2
Na figura 112 aparecem os desvios dos deslocamentos medidos pelos LVDT’s 1/3/5/7,
cuja origem permanece indeterminada. Em comparação aos modelos FEM, a estrutura
ensaiada sempre apresentou deslocamentos maiores. Como mencionado acima, a primeira
carga crítica medida confere com a prevista, o que descartaria diferenças de propriedades de
material. Comparados entre si, os quatro desvios apresentam relações que suscitam algumas
hipóteses explicativas:
(a) em cada longarina: os desvios maiores ocorrem nos pontos mais afastados do engaste,
sugerindo o efeito de rotação – tipo flexão – na seção de engaste;
(b) em cada seção transversal: os desvios maiores ocorrem nos pontos mais afastados da
linha de aplicação da carga, sugerindo o efeito de warping – do engaste.
FIGURA 112: Desvios entre laboratório (LAB) e modelo a elementos finitos (FEM)
Se a causa destes desvios for, de fato, a imperfeição do engastamento, não deve haver
um grave prejuízo para o comportamento da estrutura. Em outras palavras, sua verdadeira
rigidez pouco seria afetada. Dessa premissa depende a próxima – e última – correção.
157
15
LAB (mm)
DESLOCAMENTOS VERTICAIS
Calibração: FEM X LAB
0
FEM (mm)
0 5 10 15 20
Carga
70%
(100% = 1000 daN)
40%
30%
20%
Rigidez tangente
Comparação FEM x LAB
10%
0% KT (daN/mm)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
FIGURA 114: Rigidez dos LVDT’s 1/3/5/7 – previsões FEM e leituras corrigidas LAB
159
Em futuros ensaios, deve-se buscar métodos mais eficazes para garantir a condição de
contorno, sugere-se o uso da simetria, com carregamento por três ou quatro pontos.
161
7.1 CONCLUSÕES
A partir dos resultados encontrados, diversas pesquisas podem ser planejadas, tanto
para aperfeiçoar a metodologia de análise, quiçá estendendo-a a outros componentes, como
para desenvolver técnicas mais econômicas de fabricação. Seguem-se algumas sugestões.
MECÂNICA COMPUTACIONAL
a) Aplicar ferramentas de otimização topológica ao problema.
b) Desenvolver novo método para detecção dos pontos críticos a partir do determinante e
dos autovalores da matriz tangente.
c) Aplicar o método pseudo-transiente (relaxação dinâmica).
d) Implementar o método do fluxo de Davidenko, para a análise não-linear incremental
iterativa. Buscar a representação dos fenômenos mais complexos, como snap-through,
snap-back, e mode-shifting.
e) Incorporar a consideração da falha local, usando modelos de flambagem com degradação.
Desenvolvimento da metodologia simplificada para a análise de pós-flambagem, nos
moldes do programa europeu POSICOSS.
PROJETO
f) Estender o procedimento desenvolvido para a viga-caixão, ao cilindro reforçado – e
outros elementos que favoreçam a construção em compósito, e o processo de co-cura.
ANÁLISE EXPERIMENTAL
g) Repetir os ensaios descritos, buscando eliminar os desvios experimentais – uma idéia,
seria utilizar condições de apoio-e-carga do tipo “flexão por três pontos”.
h) Digitalizar a superfície deformada da caixa, durante a flambagem em laboratório, e
utilizar esse dado para calibrar os modelos.
MANUFATURA
i) Desenvolver o processo de fabricação da caixa por VARTM, em ambiente de laboratório,
gerando dados para orientar futura aplicação industrial.
163
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Uma caixa para flexo-torção, equipada com múltiplas longarinas – sem reforçadores ou nervuras
– é um conceito propício à tecnologia de compósitos. A integração de almas e revestimentos
possibilita um único ciclo de cura em processos à base de pré-impregnados, ou com impregnação
dentro do molde. Essa idéia pode ser aproveitada em asas e empenagens, aplicações que, para o
peso ótimo, tipicamente atingem a instabilidade local abaixo da carga-limite. É aceitável que os
longos painéis dessa caixa flambem, desde que não ocorram falhas no laminado e, acima de tudo,
a estrutura mantenha-se rígida o suficiente para a função pretendida. Na presente investigação,
uma caixa com longarinas auxiliares tem sua rigidez comparada à de outras soluções propostas
para uma viga engastada. Para se estimar a relação entre carga e deslocamento na pós-flambagem,
foram desenvolvidos modelos refinados com um pacote comercial de elementos finitos
(MSC/NASTRAN), habilitado à análise não-linear geométrica (SOL106). Baseado nos modelos,
comprovou-se, numericamente, que a configuração dos reforços determina a rigidez tangente do
conjunto. A adição de longarinas internas mostrou-se tão eficaz quanto um dispendioso arranjo de
reforçadores e nervuras, tomado como referência. Em outra proposta, com reforçadores longos,
sem nervuras, ocorreu o colapso prematuro da caixa, evocando os cilindros de Koiter. O
comportamento observado em caixas retas, prismáticas e pesadas repetiu-se, com poucas
ressalvas, para caixas cônicas, oblíquas e mais leves. A técnica de simulação foi validada através
de um ensaio estático: uma caixa representativa foi submetida a um carregamento de flexo-torção,
consideravelmente superior à carga de flambagem inicial. A partir de deslocamentos medidos
durante o ensaio, traçou-se a curva de carga-rigidez, que foi comparada à curva prevista. Apesar
de consideráveis desvios introduzidos pelas condições de apoio, os resultados experimentais
confirmaram a representatividade dos modelos.
12.
GRAU DE SIGILO: