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- Em 1898 o termo “hipertrofia” foi utilizado por Reinhart Franck em artigo publicado,
observando que o uso das penas e tipificações de condutas eram abusivas, e que por este
motivo perdeu o direito penal parte de seu crédito, deste modo, perdendo sua forma
intimidadora, pois o corpo social deixava de reagir do mesmo modo que o organismo
humano não reage a um remédio ministrado de forma abusiva pelo paciente.
- Já o que vimos citado em 1898 vem acontecendo com muito afinco ainda hoje, pois a
primeira iniciativa pelo nosso legislador é aumentar/endurecer as penas quando algum
fato criminoso de grande repercussão é cometido, ou dar nova “roupagem” as leis já
editadas.
- Tomamos como exemplo a Lei de Crimes Hediondos que por motivos do assassinato
de grande repercussão da atriz Daniela Perez, filha da escritora Gloria Perez morta pelo
ator Guilherme de Pádua a golpes de tesoura, passou a considerar os crimes de
homicídio qualificado e os de homicídio praticado por grupos de extermínio como
crimes hediondos.
- Também é de conhecimento a Lei Maria da Penha que foi criada com base na vítima
de maus tratos domésticos, a Senhora Maria da Penha Maia Fernandes que foi
brutalmente violentada pelo marido durante seis anos e que foi punido somente depois
de 19 anos cumprindo apenas 2 anos de prisão.
- Nestes casos, os princípios em discussão são respeitados, pois não há insignificância
em nenhum deles, pois atingem toda a coletividade e são de grande repercussão, não há
somente um particular envolvido, bem como respeita o princípio da intervenção mínima
visto que, cumpre exatamente ao direito penal tutelar a vida e integridade física das
pessoas.
- E como bem vimos, quando a sociedade está altamente envolvida nestes crimes e pede
por clamor público que seja feito algo por nossos legisladores, estes então aumenta a lei.
- Agora, o que pensar das Contravenções Penais, tema de discussão do presente artigo,
que prevêem condutas vistas aos olhos do direito penal como insignificantes.
- São infrações penais que o próprio poder judiciário não dá valor, muito menos a
população em geral, como é caso da contravenção de vadiagem prevista no artigo 59 da
LCP.
- Ora, não será a vadiagem uma escolha de vida, pois não há causa criminal presente
nesta infração nos dias de hoje, tanto o é assim que a infração de mendicância foi
abolida do referido diploma legal.
- Pune-se tantas condutas insignificantes nas Contravenções Penais que suas penas
tornam-se abusivas, fazendo com que o corpo social deixe de reagir como o direito
penal gostaria que fosse, um direito intimidatório levando-se assim a hipertrofia
criminal, ou seja, a perda de crédito do direito penal.
- Inicialmente aplicado no âmbito civil, está presente no art. 478 CC, a cláusula Rebus
Sic Stantibus (locução latina que pode ser traduzida como "estando assim às coisas")
Divergência:
- Decisão que arquiva o IP com base excludente de ilicitude faz coisa julgada formal e
material, corrente MAJORITÁRIA (posição do STJ e doutrina), NÃO PODE
DESARQUIVAR O IP.
Julgado, STJ, 6ª Turma, REsp 791471/RJ, 25/11/2014.
- Art. 14, II, CP tem que ocorrer a complementação com o crime principal.
- É conhecida com norma de extensão temporal, ou seja, a lei pune a consumação, mas
ela puxa para que se aplique na forma tentada, de forma menos gravosa que se
consumado, mas punindo a tentativa do agente.
JURISPRUDÊNCIAS x ECA
- Quando o ECA fala de reiteração no artigo 122, II, qual o volume dessa
reiteração?
O posicionamento do STJ é entendendo que não há que se fixar número de atos. Assim
sendo, 2 atos já pode ser considerado a reiteração.
Julgado STJ, 5ª Turma, HC 280.478 SP, 18 de fevereiro de 2014.
- O Direito penal sempre passa por transformações doutrinárias ao longo do tempo, uma
delas atine às chamadas “velocidades do Direito Penal”.
- Para compreensão do tema, a primeira informação a ser definida consiste em que, para
essa teoria, o Direito Penal contém duas espécies de ilícitos penais. Dessarte, um tipo de
ilícito penal tem cominada a pena privativa de liberdade, por sua vez, outro tipo de
ilícito penal tem como sanção penas alternativas às privativas de liberdade.
Assim sendo, esses dois tipos de ilícitos penais pediriam duas formas distintas de
processo. Com efeito, àquele que comina prisão deve ter o processo imbuído dos
princípios garantistas, haja vista que a privação da liberdade é medida bem grave ao ser
humano. Por outro lado, àquele que impõe penas alternativas, poderia existir uma maior
flexibilização das garantias processuais penais.
Portanto, existiriam dois Direitos Penais, ou um Direito Penal com várias dimensões,
neste caso graduado de acordo com sua maior ou menor rigidez. Um bem formal, outro,
menos formal. O Direito Penal formalista seria de primeira velocidade, já o não
formalista, o de segunda velocidade, nos dizeres de Jesus-Maria Silva Sánchez.
Segundo ainda esse autor, há um Direito Penal de “terceira velocidade”, o Direito Penal
do Inimigo, no qual as penas seriam privativas de liberdade mais rigorosas, porém,
contraditoriamente, com maior desformalização do processo penal, pois o inimigo não é
considerado cidadão.
- Assim, essas são as chamadas “velocidades do Direito Penal”, que poderiam ser
chamadas velocidades do processo penal, lembrando que nosso sistema penal e
processual penal é o garantista, não se concebendo, por isso, os outros dois aqui
apresentados (segunda e terceira "velocidades").
CARACTERISTICAS IMPORTANTES DO IP
- Prisão para averiguação é aquela que mantém uma pessoa cerceada na delegacia por
mais de 24 horas.
- Já a detenção momentânea é apresentar uma pessoa na delegacia para prestar um
esclarecimento por exemplo. Confunde-se com a condução coercitiva. A pessoa fica
cerceada por pouco tempo.
Exemplo: Provas indiciárias contra investigado. Encontrado, ocorre à detenção
momentânea enquanto a autoridade policial irá representar pela prisão temporária ao
judiciário é legal? O STF se posicionou que se de imediato a autoridade policial se
dirige a autoridade judiciaria representando pela prisão temporária, não ocorre
constrangimento ilegal.
DOLO COLORIDO
- O termo dolo colorido nada mais é que uma outra nomenclatura aplicável ao Dolo
NULIDADE DE ALGIBEIRA
- Em questão onde ocorrer no contexto fático diferente quanto a tipo penal, deverá
responder pelos dois. Exemplo: Tício anda armado desde dezembro, mas ao encontrar
em fevereiro seu desafeto Mévio, ele dispara. Responderá por porte ilegal de arma
(permitida ou restrita a depender do armamento), e também por homicídio. Caso haja a
excludente de ilicitude por legitima defesa, responderá por porte de arma somente.
- A Teoria da Cegueira Deliberada é uma doutrina criada pela Suprema Corte dos
Estados Unidos e também é conhecida no meio jurídico com muitos nomes, tais como
“Willful Blindness Doctrine” (Doutrina da cegueira intencional), “Ostrich Instructions”
(instruções de avestruz), “Conscious Avoidance Doctrine” (doutrina do ato de
ignorância consciente), “Teoria das Instruções da Avestruz”, entre outros. Essa doutrina
foi criada para as situações em que um agente finge não enxergar a ilicitude da
procedência de bens, direitos e valores com o intuito de auferir vantagens. Dessa forma,
o agente comporta-se como uma avestruz, que enterra sua cabeça na terra para não
tomar conhecimento da natureza ou extensão do seu ilícito praticado. Sendo assim, para
a aplicação da Teoria da Cegueira Deliberada, é necessário que o agente tenha
conhecimento da elevada possibilidade de que os bens, direitos ou valores sejam
provenientes de crimes e que o agente tenha agido de modo indiferente a esse
conhecimento. Em síntese, pode-se afirmar que a Teoria da Cegueira Deliberada busca
punir o agente que se coloca, intencionalmente, em estado de desconhecimento ou
ignorância, para não conhecer detalhadamente as circunstâncias fáticas de uma situação
suspeita.
ABRAMOWITZ & BOHRER apontam que a doutrina da conscious avoidance, também
conhecida como willful blindness ou ignorância deliberada (deliberate ignorance)
permite que haja uma condenação criminal nos casos em que o Estado falha na
produção de provas acerca do real conhecimento do réu sobre uma situação fática
suspeita. Tal doutrina afirma que apesar do acusado não ter conhecimento dos fatos,
essa falta de conhecimento deve-se a prática de atos afirmativos de sua parte para evitar
- Politica criminal (conceito de Zaffaroni), em seu sentido lato, pode ser entendida como
a ciência ou a arte de governar. Por seu turno, política criminal compreende a política
relacionada ao fenômeno criminal, sendo considerada a arte ou a ciência de governo,
com respeito ao fenômeno criminal.
- A politica criminal é elaborada no legislativo.
- Direito penal máximo é o baseado em populismo penal, que é feito para criminalizar
toda e qualquer situação, ou seja, afastada da politica criminal, sem estudo, sem base
necessária.
- Essa demanda de atender a vontade popular quanto à politica criminal acaba criando o
direito penal simbólico, que tudo criminaliza, mas na prática não surte efeito pretendido.
Dessa forma surge a síndrome de Alice, em que o Estado acredita que vai resolver todos
os conflitos com o direito penal.
- Década de 90, nos EUA, nasce a Lei e Ordem (direito penal máximo) para resolver os
problemas sociais da época.
- Em contraponto ao direito penal máximo, NASCE O DIREITO PENAL MÍNIMO. O
Direito penal mínimo é uma homenagem a fragmentariedade do direito penal, em que
defende um estado que intervenha de forma apenas necessária e não tipificando todas as
condutas como crime.
- Um bom exemplo é a lei 9.099/95, que homenageia outras possibilidades (como
transação penal), em detrimento a aplicação de restrição de liberdade.
- Existe teoria que defende que deveria ocorrer a exclusão do direito penal, tendo em
vista que segundo o criador desta tese o direito penal não é o suficiente para resolver os
problemas sociais. Ferrajoli, embora defenda o direito penal mínimo, entende que ainda
sim não deveria acabar o direito penal.
- A teoria ABOLICIONISTA PENAL nasceu com um jurista HOLANDES e não é
aceita no Brasil.
- Essa teoria que defende o abolicionismo penal é chamada também de POLITICA
CRIMINAL VERDE.
DICAS RÁPIDAS
123 – Lei penal em branco INVERTIDA é aquela em que o preceito secundário nos
remete à outra lei.
125 – MP 703/2015 revogou o artigo 17, § 1 da lei 8.429/92, sendo possível celebrar
ACORDO DE LENIÊNCIA nas hipóteses de improbidade administrativa.
128 – O genocídio é o ÚNICO crime hediondo que não está previsto no CP.
148 – Na visão dos tribunais superiores (STJ e STF), o crime de violação de direito
autoral não está sujeito à incidência do principio da adequação social, tendo em
vista os sérios prejuízos causados à indústria fonográfica, aos comerciantes e ao
FISCO. Nesse sentido, a súmula 502 do STJ reza que: “presentes a materialidade e
a autoria, afigura-se típica em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, CP, a
conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas”.
153 – Não é vedado propor emenda constitucional que verse sobre cláusula pétrea.
O que não deve é a proposta ter tendência ABOLICIONISTA.
159 – A lei maria da penha não impede que sejam reconhecidas as ESCUSAS
ABSOLUTÓRIAS do artigo 181, CP.
160 – A participação de membro do MP na fase investigatória criminal não
acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
Súmula STJ, 234.
164 – O exame de corpo de delito e outras pericias são realizadas por PERITO
OFICIAL, leia-se, um (1) perito oficial. TODAVIA, na falta deste o exame poderá
ser realizado por duas pessoas portadoras de diploma de curso superior. Art. 159,
caput, e § 1º do CPP.
165 – CONTRAVENÇÃO tentada pode existir no mundo dos fatos, mas não é
punível no mundo jurídico.
166 – O PGR pode ser destituído do cargo antes de findos os dois anos, mediante
requerimento do PRESIDENTE DA REPÚBLICA e aprovação da maioria
absoluta do senado.
170 – Em processo que apure a suposta prática de crime sexual contra adolescente
ABSOLUTAMENTE INCAPAZ, é ADMISSÍVEL a utilização de prova extraída
de gravação telefônica efetivada a pedido da genitora da vítima, em seu terminal
telefônico, mesmo que solicitado auxilio técnico de detetive particular para a
captação das conversas.
Julgado STJ, 6ª Turma, REsp 1.026.605/ES, 13/05/2014, Informativo 543
175 – O fato de haver menor participando de uma associação para fins de trafico
pode ser usado para formação de número mínimo e também para aumentar a
pena.
JULGADOS DIVERSOS