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CONTRADIÇÕES
CHAVES, Ozinei dos Santos(1); ALENCAR, Mary Sônia Dutra de(2)
(1)Universidade Estácio do Amazonas, ozinei.chaves@gmail.com; (2) Universidade Estácio do Amazonas,
maryprofa13@yahoo.com.br.
RESUMO
O presente artigo tem como finalidade analisar e discutir as teorias do currículo mostrando
concepções, contradições e verdades existentes que cada teoria revela em suas premissas. Para o
desenvolvimento da pesquisa foram feitas leituras analíticas de textos, de livros e artigos de diversos
teóricos autores, caracterizando com isso, um estudo bastante aprofundado e totalmente bibliográfico,
de cunho e fundamento teórico. Os resultados obtidos revelam que o currículo atual carrega marcas
tradicionais que ao longo dos tempos foram plantadas e enraizadas na prática curricular das
instituições de ensino. Logo, faz necessário um embasamento das teorias críticas e pós-críticas para
que haja a concretização de um currículo que engendra nossa identidade, que desenvolva nossa
subjetividade e que represente quem somos.
Palavras-chaves: Teorias do Currículo; Concepções; Verdades e Contradições.
INTRODUÇÃO
Afinal, qual a etimologia da palavra currículo? O que realmente é um currículo? Em
que contexto apareceu o currículo? O que é uma teoria do currículo? Quais as principais
teorias do currículo? O que diferencia uma das outras?
A verdade é fazer com que essas perguntas sejam respondidas de maneira clara e
objetiva, até porque o grande desafio deste artigo é proporcionar um referencial de
informações úteis e necessárias quanto a estes questionamentos. Com isso, esta obra oferece
um fundamento teórico que permitirá os esclarecimentos de várias questões relacionadas ao
currículo.
A fundamentação que norteou este estudo baseia-se nas ideias e concepções de vários
teóricos, sendo: Silva (2010); Amorim (2010); Lopes (2006); Moreira (1990); Sacristán
(2000). A obra caracteriza-se por ser bibliográfica porque busca por meio destes teóricos a
base de sustentação e fundamentação teórica.
Quando falamos de teorias do currículo, não paramos para analisar o quanto essas
teorias revelam verdades e contradições. Dessa forma, currículo pode ser visto compreendido
e interpretado de várias maneiras, sejam elas de um ponto de vista tradicional, crítico e pós-
crítico.
Da tradicional ao pós-crítico, as teorias do currículo partilham a mesma preocupação,
ou seja, as questões de poder. Dessa maneira, vão ser as ligações entre significados,
identidade e poder que passam a ser evidenciadas. O currículo sempre é visto com um olhar
de inocência porque não há a preocupação de questionar suas origens e suas motivações
ocultas.
Até porque, quando se questiona a fundo todas as conexões que envolvem o currículo
em si, abre-se uma brecha de confirmação de que as categorias curriculares e pedagógicas são
de fato, dadas como naturais. E que a partir daí, o currículo é olhado de forma crítica e pós-
crítica.
TEORIAS DO CURRÍCULO: Concepções, verdades e contradições
Etimologicamente a palavra currículo vem do grego Curriculum que quer dizer “pista
de corrida”. E isso nos leva a entender que o significado do currículo é uma trajetória, um
caminho, uma trilha percorrida pelo homem no sentido de compreender o mundo, a
sociedade. Só que esse currículo é uma questão de identidade e poder segundo Silva (2010).
Para gerar uma discussão compreensiva faz-se necessário destacar alguns conceitos de
currículo para que haja um entendimento das teorias que norteiam o trabalho de muitas
escolas e de muitos educadores. De acordo com Lopes (2006):
[...] o currículo se tece em cada escola com a carga de seus participantes, que trazem
para cada ação pedagógica de sua cultura e de sua memória de outras escolas e de
outros cotidianos nos quais vive. É nessa grande rede cotidiana, formada de
múltiplas redes de subjetividade, que cada um de nós traçamos nossas histórias de
aluno/aluna e de professor/professora. O grande tapete que é o currículo de cada
escola, também sabemos todos, nos enreda com os outros formando tramas
diferentes e mais belas ou menos belas, de acordo com as relações culturais que
mantemos e do tipo de memória que nós temos de escola [...].
Essa visão de currículo existe uma consonância com as ideias da Silva (2005, p.15):
“O currículo é sempre resultado de uma seleção: de um universo mais amplo de
conhecimentos e saberes seleciona-se aquela parte que vai constituir precisamente o
currículo”. Nesse mesmo raciocínio o mesmo autor diz que “a seleção que constitui o
currículo é o resultado de um processo que reflete os interesses particulares das classes e
grupos dominantes”. Segundo Sacristán (2000):
O currículo deve ser entendido como processo que envolve uma multiplicidade de
relações, abertas ou tácitas, em diversos âmbitos, que vão dá prescrição à ação, das
decisões administrativas às práticas pedagógicas, na escola como instituição e nas
unidades escolares especificamente. Para compreendê-lo e, principalmente, para
elaborá-lo e implementá-lo de modo a transformar o ensino, é preciso refletir sobre
grandes questões.
Em essência, o currículo deveria contribuir para a total e plena construção da
identidade dos alunos e, além disso, deveria também estimular as capacidades, as
competências, o discernimento e a análise crítica dos alunos. Essa é uma concepção mais
construtiva do currículo e não representa aquilo que de fato o currículo está inserido. E que de
acordo com Amorim, (2010):
Assim, partindo de uma concepção de currículo que o compreende como aquilo que
ocorre nas escolas e salas de aulas como resultado da interação entre os sujeitos do
ato educativo e o objeto de conhecimento, entende-se que este artefato está em
complexas relações de poder. (AMORIM, 2010, p.456)
Essa sim é uma das concepções que revela a fundo o que de fato o currículo atual
representa. Quando se refere à questão da relação de poder com o currículo, está implícito que
este artefato é um produto ou uma peça de reprodução e alienação de um pequeno grupo
social que detém em particular a seleção daquilo que será ensinado para o aluno no decorrer
de sua trajetória educacional.
Muito se pergunta como o currículo atual se baseia. E muitas são as dúvidas em torno
desta questão. Más, Silva (2010, p.35) diz que “o currículo da escola está baseado na cultura
dominante: ele se expressa na linguagem dominante, ele é transmitido através do código
cultural dominante”. E o mesmo autor continua dizendo na página 46 que “o currículo está
estreitamente relacionado às estruturas econômicas e sociais mais amplas”. Por outro lado:
Assim, o currículo é concebido como uma produção social, como um artefato que
expressa à construção coletiva daquela instituição e que organiza o conjunto das
experiências de conhecimentos a serem proporcionados aos educandos. Essa
produção social, portanto, só pode ser pensada e organizada de forma coletiva, por
toda a comunidade escolar. (AMORIM, 2010, p. 457)
Analisando essa concepção entende-se que o currículo deveria ser organizado
coletivamente pelos membros da comunidade escolar. Ao falar dessa comunidade refiro-me a
todos, sejam os gestores, professores, os alunos, os pais dos alunos e a todos que fazem parte
direta e indiretamente do processo educacional.
Ao analisar o contexto histórico do currículo percebe-se que ele surgiu pela primeira
vez nos Estados Unidos, anos vinte como tema particular, ou seja, como um objeto de estudo
e pesquisa. Segundo Silva (2010) o currículo surgiu:
Em conexão com o processo de industrialização e os movimentos migratórios, que
intensificavam a massificação da escolarização, houve um impulso, por parte de
pessoas ligadas, sobretudo à administração da educação, para racionalizar o processo
de construção, desenvolvimento e testagem de currículo. (SILVA, 2010, p.120)
Teorias Tradicionais
Teorias Críticas
Teorias pós-críticas
Nesse tipo de teoria, o currículo é entendido com algo que gera uma referência de
gêneros. Caracterizam-se por criticar a fundo todo tipo de depreciação de progresso cultural e
histórico de grupos étnicos. Colocam-se a favor do reconhecimento das formas culturais dos
mais diversos grupos sociais.
As teorias pós-críticas posicionam-se na busca por um currículo multicultural
(identidade, alteridade e diferença), currículo este que implica na capacidade de entender,
respeitar e apreciar a outra cultura mesmo esta sendo a cultura diferente. São teorias baseadas
nas ideias de aceitação, de prestígio e familiaridade amigável entre e com as diversas culturas
existentes.
Essas teorias são ainda mais problematizadoras que as críticas, como se fosse estender
cada vez mais nossa compreensão com relação aos processos de dominação, a síntese da
atividade de poder desenvolvidas nas semelhanças de gênero, etnia, raça e sexualidade. Dessa
maneira, Silva (2010, p.149-150) nos ensina que “as teorias pós-críticas olham com
desconfiança para conceitos como alienação, emancipação, libertação, autonomia, que
supõem, todos, uma essência subjetiva que foi alterada e precisa ser restaurada”.
Outra verdade é que essas teorias não só ampliam como também modificam ainda
mais aquilo que as teorias críticas problematizaram e questionaram no curso de ações. Elas
esclarecem que o poder não pode de forma alguma ser centralizado. Nas teorias pós-críticas,
entretanto, o poder torna-se descentralizado. O poder não tem mais um único centro, como o
Estado, por exemplo. “O poder está espalhado por toda a rede social”. ( Silva, 2010, p.148).
As teorias pós-críticas olham para a subjetividade e afirmam que ela é sempre social.
São contra todo tipo de conhecimento congruente, centralizado e singular, como também, a
função do modelo que o currículo exerce nas escolas e nas instituições de ensino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das discussões geradas no decorrer deste artigo pode-se considerar que o
currículo pode ser visto e concebido de um ponto de tradicional, crítico e pós-crítico através e
por meio de teorias. Logo, essas teorias têm de funções de: naturalizar, desnaturalizar e
transformar o currículo em si. Outra função dessas teorias é de buscar justificativas de seleção
dos conhecimentos.
Más quando se concebe o currículo numa visão tradicional a tendência é naturalizar, é
mecanizar o currículo. É também, encarar esse currículo como acabado, neutro e
desinteressado. A preocupação do currículo nessa concepção é de organização. Dessa forma,
quando se encara o currículo numa concepção crítica, a inclinação se dá a partir do
questionamento, da crítica e da problematização desse currículo formativo atual.
Outra consideração que se tira de todo esse estudo é saber que o currículo visto e
entendido anteriormente com dado, natural, técnico. Más quando esse currículo passa a ser
concebido com uma visão pós-crítica, ele passa a ser encarado e visto não apenas com um
olhar inocente e sim, com um olhar mais crítico, questionador, problematizado e até mesmo
com relação às teorias críticas.
Quando assumimos uma postura pós-crítica do currículo, automaticamente, ampliamos
e modificamos nossa visão e concepção de currículo. Dessa maneira, as teorias do currículo
embasadas no modelo pós-crítico contribuem para a construção das identidades, para o
desenvolvimento das potencialidades, da criatividade e da subjetividade.
São por causa dessas discordâncias entre teorias que as instituições de ensino devem
procurar analisar e discutir qual o currículo que seja aceitável a sua proposta pedagógica e
para que alcance a finalidade desejada. Portanto, torna-se um grande desafio construir de fato
um currículo que forja a nossa identidade, que respeite a nossa subjetividade e que represente
de verdade quem de fato nós somos.
REFERÊNCIAS