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NATAL/RN
2017
ANA KARLA PONTES DE SOUZA
NATAL/RN
2017
RESUMO
As ações do movimento estudantil (ME) podem ser tomadas como férteis objetos de análise
para o debate em torno da luta contra a privatização da educação pública. Assim, na
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral-CE, a luta estudantil traz
peculiaridades históricas e características políticas importantes para a compreensão das ações
de enfrentamento contra as privatizações da universidade. Dessa forma, esta pesquisa pretende
investigar as ações do ME da UVA, no período de 2000 a 2007. Para acessar a complexidade
do quadro empírico a ser analisado, utilizaremos a triangulação dos seguintes procedimentos
metodológicos: 1) revisão da literatura especializada sobre movimento estudantil e privatização
da educação. 2) entrevistas semiestruturadas com os estudantes que integraram o ME da UVA,
dentro do recorte temporal determinado; e 3) análise documental a partir de cartas, notas e
ofícios do ME, da Administração Superior da Universidade, do Ministério Público Federal
(MPF), matérias e notas em revistas, jornais, blogs, websites e de processos extrajudiciais
abertos contra a UVA.
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................ 02
3 – PROBLEMATIZAÇÃO TEORICA.................................................................. 06
4 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................... 08
5 – CRONOGRAMA............................................................................................... 09
6 - REFERÊNCIAS...................................................................................................10
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1 - INTRODUÇÃO
Durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a relação da UNE com
o governo passa da oposição para o diálogo e apoio as suas políticas, como observa Paiva
(2013). Essas novas relações com o governo geram embates entre setores do Movimento:
1
United States Agency for International Development (USAID) foi uma agência criada pelo Congresso
estadunidense, em 1961, durante a Guerra Fria, responsável por programas econômicos e de assistência
para o desenvolvimento social. Esta agência surgiu também com a tentativa de barrar o avanço do
comunismo nas Américas, devido à revolução cubana(RIBEIRO, 2009). No Brasil, foram fechados vinte
acordos entre o MEC e a USAID que representavam, basicamente, a infiltração dos Estados Unidos na
forma de pensar a educação brasileira, “desnacionalizando” o ensino.
2
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Brasília, 20 de dezembro de 1996. Disponível em: . Acesso: 28 jul. 2016.
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3
A sigla oficial da Universidade é UVA, mas, desde o início de 2002, o Movimento Estudantil Luta e
Resistência – MELUR, passou a utilizar a sigla UEVA para enfatizar o caráter público e a
responsabilidade do Estado para com Universidade.
4
Eleições ocorridas em 2007, para eleger a gestão da entidade, de 2007 a 2008. Nesse ano, a chapa eleita
era ligada ao PC do B.
6
Durante o governo de Ciro Gomes (na época do PSDB), a UVA tem seu caráter
jurídico modificado através da Lei nº 12.077-A, de 1º de março de 1993, e torna-se
fundação pública de direito privado, das três Universidades estaduais do Ceará, somente
a UVA tem caráter jurídico de direito privado. A referida lei permite que a fundação
receba doações de materiais, de equipamentos e financeiras, mais que doações, a lei que
cria a (F)UVA permite que ela possa cobrar pelos serviços educacionais prestados. Essa
mudança abriu portas para a cobrança de diversas taxas aos estudantes, a saber: matrícula,
declarações, transferências, admissão de graduados, rematrícula, inscrição de vestibulares
dentre outras. Nos anos 2000, a UVA abriu cursos pagos descentralizados através de
institutos de “pesquisa” (sociedades civis de direito privado, a exemplo do IVA), dentro
e fora do estado do Ceará, e até mesmo, fora do país, em Cabo Verde e em Portugal.
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Com essa liberalização para a iniciativa privada, a partir dos institutos e das
cobranças de taxas, o ME da UVA, centralizou a pauta contra o processo de privatização5
na universidade, e passou a utilizar de diferentes formas de enfrentamento contra as
políticas da reitoria e do governo do estado, mobilizando ações da luta política estudantil,
tais como as manifestações de rua e as ações de politização e debate dentro e fora da
própria universidade, publicização midiática, audiências públicas na Câmara de
Vereadores de Sobral, cidade sede da UVA, e na Assembleia Legislativa do Ceará, o
contato com mandatos de deputados estaduais em busca de apoio à luta, e, principalmente,
a judicialização do enfrentamento político através de processos judiciais na Justiça
Estadual e de Ações Civis Públicas ajuizadas pelo Ministério Público Federal, que passou
a agir contra a cobrança de taxas, na UVA, após a provocação do ME.
2 - OBJETIVO GERAL
5
Importante enfatizarmos que esse deslocamento da esfera pública para a privada, existente na UVA, é
considerado pelo ME local como um processo claro de privatização da educação pública.
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3 - PROBLEMATIZAÇÃO TEÓRICA
Paiva (2013) ao fazer uma breve análise sobre o que são movimentos estudantis,
apresenta o que considera cinco de suas características gerais, aos quais será utilizadas
para contribuir na visão sobre o ME na nossa pesquisa. A primeira, identifica que os ME
podem ser definidos como movimentos sociais; a segunda, diz respeito as lutas, a maioria
tem um objetivo específico de curto prazo, pois trata-se de uma força social conjuntural6;
a terceira, a sua organização é pendular e variável7; a quarta, identifica a maioria de seus
membros como pertencentes a classe média brasileira; e a quinta e última, seus membros
possuem uma “identidade secundária”, ou seja, são militantes em outros movimentos
sociais.8
Como dito, a UNE tem sua fundação em 1937, e já na década de 1940 ganha
destaque diante de campanhas que giraram em torno da crítica ao Estado Novo e as
relações do estado brasileiro com os países do Eixo. No fim da década houve a campanha
o petróleo é nosso! Contribuindo na criação da Petrobrás (POERNER, 2004).
6
BRINGEL, 2009, p.102 apud PAIVA, 2013, p. 22.
7
BRINGEL, 2009, p.102 apud PAIVA, 2013, p. 23.
8
BRINGEL, 2009, p.103 apud PAIVA, 2013, p. 24.
9
a passeata dos cem mil e a prisão de estudantes no Congresso de Ibiúna, que finda com
promulgação do Ato Institucional número 5 (AI-5), conhecido pela metáfora “ o golpe
dentro do golpe”.
4 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
5 – CRONOGRAMA
ATIVIDADES PERÍODO
Revisão de literatura Out/Nov - 2017
Aprofundamento do referencial teórico
Coleta e análise de fontes documentais Mar/Abr/Mai/Jun/Jul – 2018
Coleta de dados e realização de entrevistas Jun/Jul/Ago - 2018
Sistematização e análise dos dados construídos Set/Out/Nov – 2018
Qualificação do projeto de dissertação Mar – 2018
Redação da dissertação Dez/Jan/Fev – 2018/2019
Defesa da dissertação Mar/2019
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6 - REFERÊNCIAS
ARCARY, Valério. A UNE, 25 anos depois de Salvador: Duas ou três coisas que eu
sei sobre ela. 2005.
CAROS AMIGOS. A universidade no espelho. São Paulo, Editora Casa Amarela, n.9,
nov. 2001. Edição Especial.
PAIVA, Gabriel. A UNE sob o governo Lula: a história de uma decadência. São
15
PELEGRINI, Sandra de Cássia Araújo. A UNE nos Anos 60: Utopias e Práticas
Políticas no Brasil. Londrina: UEL, 1998.
SANTOS, Laura Karine Maia dos. A União Nacional dos Estudantes e a “Reforma
Universitária” do Governo Lula: a educação pública em debate. 124 f. Dissertação de
Mestrado em Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.
SOUSA, Janice Tirelli Ponte de. Reinvenções da utopia: a militância política de jovens
nos anos 90. São Paulo: HackerEditores / FAPESP, 1999.
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