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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA – DCP


MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS

Ensaio do texto “MODELOS DE DEMOCRACIA: Desempenho e padrões de


governo em 36 países” de Arend Lijphart.

Disciplina: Instituições Políticas I

Douglas Henrique da Silva Nascimento

INTRODUÇÃO

No artigo “Modelos de Democracia”, Arend Lijphart fez um estudo acerca de trinta


e seis modelos de democracias e suas diferentes análises e particularidades.
Essencialmente, todas as democracias no mundo baseiam-se pelo quesito da
representatividade da nação, porém, os modos de funcionamento dessas podem ser dos
mais variados, como por exemplo: o presidencialismo e o parlamentarismo, sem contar
as mais diversas instituições governamentais que estas democracias estão expostas.

De acordo com Lijphart (2003),

“Em princípio, existem muitas maneiras pelas quais uma democracia pode
organizar-se e funcionar. Na prática, também, as democracias modernas
apresentam uma grande variedade de instituições governamentais formais, como
legislaturas e tribunais, além de sistemas partidários e grupos de interesse.”
(Lijphart, 2003, p. 17)

Lijphart (2003), ao citar a famosa frase de Abraham Lincoln, de que “democracia


significa governo, não apenas pelo povo, mas também para o povo”, ele acaba
justificando a necessidade de fazer uma análise comparada de duas linhas/dimensões de
democracia: as dimensões de “responsabilidade conjunta” ou modelo majoritário e de
“responsabilidade dividida” ou modelo consensual.

Como as características dos dois modelos podem ser confundidas, onde ambas
determinam que “é melhor o governo da maioria do que da minoria”, o autor pontua uma
questão central que irá elucidar um pouco mais as diferenças entre os dois: “quem
governará, e a quais interesses deverá o governo atender, quando o povo estiver em
desacordo e as suas preferências divergirem?” (Lijphart, 2003, pag. 17).

Como resposta a essa questão, o modelo majoritário traz como essência o


prevalecimento da maioria do povo. Já com relação ao modelo consensual, a essência do
modelo se dá pelo fato de prevalecer a vontade do maior número de pessoas, o que
teoricamente não difere do modelo majoritário, mas considera que essa exigência da
maioria é um aspecto mínimo, e sua busca se dá no âmbito de não se satisfazer com a
mínima minoria, mas sim ampliar a mesma.

De acordo com Lijphart (2003),

O modelo majoritário concentra o poder político nas mãos de uma pequena


maioria, e muitas vezes, mesmo, de uma maioria simples (plurality), em vez de
uma maioria absoluta, ao passo que o modelo consensual tenta compartilhar,
dispersar e limitar o poder de várias maneiras. (Lijphart, 2003, p. 18)

O autor cita dez diferenças relativas às instituições e regras democráticas dos


princípios majoritário e consensual, que agrupam-se em duas dimensões separadas,
denominados de dimensão executivos-partidos, composta pelo Poder Executivo, pelos
sistemas partidários eleitorais e pelos grupos de interesse; e dimensão federal-unitária,
que traz o contraste entre federalismo e governo unitário.

Considerando as siglas (M) para fazer referência ao modelo majoritário e (C), para
o modelo consensual, Lijphart (2003) elenca cinco diferenças na dimensão executivos-
partidos:

1. (M) Concentração de Poder Executivo em gabinetes monopartidários de maioria;


(C) Distribuição do Poder Executivo em amplas coalizões multipartidárias;
2. (M) Relações entre Executivo e Legislativo em que o Executivo é dominante;
(C) Relações equilibradas entre ambos os poderes;
3. (M) Sistemas bipartidários;
(C) Sistemas multipartidários;
4. (M) Sistemas eleitorais majoritários e desproporcionais;
(C) Representação proporcional;
5. (M) Sistemas de grupos de interesses pluralistas, com livre concorrência entre
grupos;
(C) Sistemas coordenados e “corporativistas” visando ao compromisso e à
concertação.

As cinco diferenças na dimensão federal – unitária são:

1. (M) Governo unitário;


(C) Governo federal e descentralizado;
2. (M) Concentração do Poder Legislativo numa legislatura unicameral;
(C) Divisão do Poder Legislativo entre duas casas igualmente fortes, porém
diferentemente constituídas;
3. (M) Constituições flexíveis, que podem receber emendas por simples maioria;
(C) Constituições rígidas, que só podem ser modificadas por maiorias
extraordinárias;
4. (M) Sistemas em que as legislaturas têm a palavra final sobre a constitucionalidade
da legislação;
(C) Sistemas nos quais as leis estão sujeitas à revisão judicial de sua
constitucionalidade, por uma corte suprema ou constitucional;
5. (M) Bancos centrais dependentes do Executivo;
(C) Bancos centrais independentes.

Segundo Lijphart (2003, p. 20), “uma explicação plausível para esse modelo
bidimensional é sugerida pelos teóricos do federalismo”, onde eles sustentam que o
federalismo “constitui uma divisão garantida de poder entre o governo central e os
governos regionais. Porém, para o autor, essa não é uma explicação convincente, e um
dos motivos para tal é que não explica por que a variável da independência do banco
central faz parte da dimensão federal-unitária. Para Lijphart (2003), a explicação mais
convincente é a “distinção entre “ação coletiva” e “responsabilidade compartilhada”, de
um lado, e ações e responsabilidades divididas, do outro”.

Lijphart (2003) exemplifica as dez características dos dois modelos de democracia


através de esboço de casos relativamente puros de democracia majoritária (Reino Unido,
Nova Zelândia e Barbados) e casos relativamente puros de democracia consensual (Suíça,
Bélgica e União Europeia). Porém, ele deixa claro que casos puros de democracias
majoritárias são raros. Isso se dá pelo fato de que essas democracias necessitam da
homogeneidade em uma sociedade, o que é extremamente incomum à grande parte das
nações.

O autor considera que “a democracia consensual pode ser considerada mais


democrática do que a majoritária em muitos aspectos”. (Lijphart, 2003, p. 22). Ele ainda
considera que, por permitir maior divisão de poder, a democracia consensual resulta em
melhores êxitos de qualidade democrática.

O MODELO MAJORITÁRIO (WESTMINSTER) DE DEMOCRACIA

De forma simples, o sistema majoritário, também denominado Westminster, é um


sistema próprio da Grã-Bretanha e de mais alguns países que usam tal modelo. É um
sistema onde nas eleições, a população escolhe o seu líder por meio da construção de
maiorias, ou seja, aquele candidato que recebe a maior parcela dos votos ganha, e os
demais são desconsiderados.

Lijphart (2003) aponta 10 características do modelo Westminster, onde ele as


ilustrou por aspecto das três democracias que mais se aproxima desse modelo, que são o
Reino Unido (utilizado a seguir para explicar as características), a Nova Zelândia e
Barbados.

1. Concentração do Poder Executivo em gabinetes unipartidários e de maioria


mínima: Com origem britânica, no sistema Majoritário, os partidos Trabalhista e
Conservador têm forças praticamente equivalentes, sendo que o partido vencedor
nas eleições, normalmente representa uma pequena maioria, enquanto a minoria é
relativamente grande. Desta forma, o gabinete (Executivo), órgão mais poderoso do
governo, é de um partido único e de maioria mínima e, assim, concentra em si todos
os poderes deixando a minoria o papel de oposição;
2. Gabinete dominante em relação à Legislatura: No Reino Unido, em seu sistema
parlamentarista, o gabinete depende da confiança do parlamento. A princípio, a
Câmara dos Comuns pode “controlar” o gabinete, mas, na verdade, a relação é
invertida. Como o gabinete é composto pelos líderes de um partido majoritário
coeso, normalmente ele é apoiado pela maioria daquela Casa e pode contar com a
sua permanência no poder e com a aprovação das suas propostas legislativas;
3. Sistema bipartidário: A política britânica gira em torno de dois partidos: o
Trabalhista e o Conservador. De acordo com Lijphart (2003, p. 31), os sistemas
bipartidários costumam ser sistemas unidimensionais, ou seja, os programas e
diretrizes dos principais partidos em geral diferem entre si, principalmente em
relação a apenas uma dimensão: a das questões socioeconômicas;
4. Sistema de eleição majoritário e desproporcional: Neste modelo, cada membro do
parlamento é eleito em um único distrito, segundo o método da maioria simples, ou
seja, vence o candidato com mais de 50 por cento dos votos, ou, caso não houver
maioria, com a maior minoria. Desta forma, tende-se, nesse modelo, a resultados
extremamente desproporcionais, gerando, também, “maiorias fabricadas”, ou seja,
maiorias absolutas artificialmente criadas pelo sistema eleitoral a partir de apenas
minorias simples;
5. Pluralismo de grupos de interesse: Estilo competitivo e combativo padrão de
relacionamento entre governo e oposição: uma variedade de grupos de interesse
exercendo pressão sobre o governo deforma não coordenada e competitiva.
De acordo com Lijphart (2003),

“ele contrasta com o sistema corporativista dos grupos de interesse, no qual se


realizam reuniões regulares entre os representantes do governo, sindicatos
trabalhistas e organizações patronais, em busca de acordos relativos a medidas
socioeconômicas.” Lijphart (2003, p. 33-34).

6. Governo unitário e centralizado: No caso do Reino Unido, o governo é unitário e


centralizado. Existem governos locais, mas estes são criados pelo governo central
e seu poder não está garantido pela Constituição, além de serem financeiramente
dependentes do governo central;
7. Concentração do poder legislativo numa legislatura unicameral: Em teoria, a
organização da legislatura no modelo majoritário concentra-se em uma única casa,
ou câmara. Porém, no caso do Reino Unido, há um desvio dessa característica, pois
nesse país, existem duas casas, mesmo tendo a Câmara dos Lordes poderes bem
reduzido. Pode-se considerar um sistema bicameral bastante assimétrico, é quase
um unicameralismo;
8. Flexibilidade constitucional: No caso britânico, a Constituição é “não-escrita”. Na
verdade, o texto constitucional é “amplo”, não está reunida em um só documento,
mas em uma legislação bem dispersa;
Lijphart (2003) argumenta que:

“O fato de que a Constituição não é escrita leva a duas importantes implicações.


A primeira é que isto a torna inteiramente flexível, pois ela pode ser alterada pelo
Parlamento do mesmo modo que as outras leis – por maiorias regulares, e não por
supermaiorias, como as maiorias de dois terços requeridas em muitas democracias,
quando se precisa emendar suas constituições escritas.” (Lijphart, 2003, p. 36)

9. Ausência de revisão judicial: Uma outra implicação importante da constituição não-


escrita é a ausência de revisão judicial, não existindo nenhum documento com um
estatuto superior, contra o qual as cortes possam avaliar a constitucionalidade da
legislação regular. Por isto é a maioria parlamentar, tratando-se de mudanças
constitucionais, soberana e autoridade máxima;
10. Um banco central controlado pelo Poder Executivo: os bancos centrais são
responsáveis pela política monetária e é considerado em geral que os bancos
independentes são mais eficazes no controle da inflação e na estabilidade de preços.
Mas no modelo majoritário a concentração do poder no Gabinete é parte
constituinte do sistema e a independência do banco central aparentemente seria
contraditório com o modelo.

O MODELO CONSENSUAL DE DEMOCRACIA

O modelo consensual mostra-se como uma alternativa ao modelo majoritário, pois


tem como característica a dispersão e o compartilhamento de poder entre os diversos
partidos que disputam o jogo político, ao passo que no modelo majoritário o poder fica
concentrado no partido que obteve a maioria dos votos, onde muitas vezes é uma maioria
que não reflete a maior parte do eleitorado.

De acordo com Lijphart (2003), em sociedade bem divididas e definidas, o modelo


majoritário pode implicar não necessariamente uma democracia, e sim em uma ditadura
da maioria. Essas sociedades necessitam de um regime que incite o acordo à objeção; que
promova a inclusão, em vez da exclusão. São exemplos de modelos consensuais: a Suíça,
Bélgica e a União Europeia.

Lijphart (2003) também separa no modelo consensual de democracia dez dimensões


que se contrapõe ao modelo majoritário:
1. Partilha do Poder Executivo por meio de gabinetes de ampla coalizão: A ideia
básica do modelo consensual é que todos os partidos importantes, ou a maioria,
participem do poder Executivo, através da formação de coalizões;
2. Equilíbrio de poder entre o Executivo e o Legislativo: Há claramente uma
separação entre os poderes, tornando suas relações mais equilibradas por causa da
independência entre os mesmos;
3. Sistema multipartidário: em sociedades plurais, a incidência de um
multipartidarismo é benéfica para a qualidade democrática do país, já que um
grande número de ideologias necessita de representatividade;
4. Representação proporcional: o foco principal é a distribuição de cadeiras no
Parlamento entre os partidos de acordo com os votos que obtiveram;
5. Corporativismo dos grupos de interesse: Nesse quesito, os empresários, os
sindicatos e o próprio governo atuam para conseguir acordos através das
negociações, ou seja, há um corporativismo no modelo consensual;
6. Governo Federal e descentralizado: No modelo consensual há a busca pelo
fortalecimento de governos locais dispersando o poder do governo central para os
governos locais e o federalismo, característico dos modelos consensuais, é
imprescindível para a autonomia de minorias étnicas;
7. Forte Bicameralismo: A legislatura bicameral é um ponto forte no modelo
consensual, na qual o poder é dividido igualmente entre duas câmaras constituídas
de maneira diferente. Segundo Lijphart (2003, p. 58) a principal justificativa do
bicameralismo é conferir representatividade para as minorias por meio da criação
de uma Câmara Alta (Senado), particularmente no tocante aos Estados-membros
menores, nos sistemas federalistas;
8. Rigidez constitucional: no modelo consensual, a Constituição é rígida e protegida
pela revisão judicial;
9. Revisão judicial: Um ponto importante para se analisar é que uma constituição
escrita e rígida não representa uma restrição suficiente às maiorias parlamentares,
a menos que haja um corpo independente que decida se as leis estão em
conformidade com a constituição. Em alguns casos faculta-se a um tribunal
constitucional a autoridade para revisão constitucional;
10. Independência do Banco Central: dar poder independente aos bancos centrais é
também outra forma de dividir o poder e se enquadra no grupo de características da
divisão do poder do modelo consensual de democracia.
CONCLUSÃO

Vimos neste trabalho, duas concepções diferentes de modelos de democracia,


trazidas por Lijphart (2003), que são os modelos de democracia majoritária e consensual.

Vale salientar que Lijphart (2003) argumenta a respeito de modelos absolutos de


democracia, mesmo admitindo que seja raro acontecer de tal forma na realidade. Ou seja,
há democracias predominantemente mais majoritárias e algumas mais consensuais, mas
muito dificilmente em suas formas absolutas.

Fazendo uma análise para o Brasil, depois de feito o estudo, pode-se dizer que ele
está mais inclinado ao modelo consensual, possuindo quase todas as características do
modelo, mas ainda assim carrega alguns atributos do modelo majoritário. Os fatos que
corroboram com essa afirmação são:

1. No Brasil, o regime presidencialista, na figura do presidente, compartilha o gabinete


com os partidos que forma sua coalizão de apoio;
2. Há uma clara separação entre os poderes, sendo independentes entre si, como bem
traz a Constituição em seu Art. 2º;
3. Possui um sistema “multi-super-mega-ultra-partidário” com Ministérios
pluripartidários. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, há atualmente 35 partidos
registrados no Brasil e 73 partidos em processo de formação;
4. O Brasil possui o sistema de eleição proporcional;
5. Há instituições corporativistas;
6. É descentralizado em seus Estados;
7. Há um forte bicameralismo (Estados menores, como Sergipe e Alagoas por
exemplo, possuindo mesma representatividade de um Estado como São Paulo no
Senado);
8. Possui rigidez constitucional, havendo um procedimento complexo de alteração do
texto constitucional, exigindo que seja aprovada por, no mínimo, três quintos dos
membros de ambas as Casas do Congresso Nacional, em sessões separadas, em dois
turnos de votação;
9. Temos o Superior Tribunal Federal, que tem a competência de revisar o texto
constitucional, visando o saneamento de equívocos despercebidos pela Constituinte
e a alteração ou supressão de institutos constitucionais inviáveis;
10. Como ponto destoante do modelo está a forte influência do Executivo sobre o
Congresso e um Banco Central com independência questionável.

REFERÊNCIAS

ASSIS, Emerson Francisco de. Modelos de representação: uma apresentação do


debate atual nas ciências sociais. In: Revista Direito GV 5. São Paulo: V.3, n.1, p. 203-
220, Jan – Jun 2007. Disponível em:
<http://direitosp.fgv.br/sites/direitogv.fgv.br/files/rdgv_05_pp203-220.pdf>. Acesso
em: 10 jun. 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5 de


outubro de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >. Acesso em 15
jun. 2018.

_______. Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em:


<http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registrados-no-tse >. Acesso em: 12
jun. 2018.

_______. Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em:


<http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Janeiro/brasil-tem-73-partidos-em-
processo-de-formacao>. Acesso em: 12 jun. 2018.

LIJPHART, Arend. Introdução; O modelo Westminster de democracia; e O modelo


consensual de democracia. In: Modelos de democracia: desempenho e padrões de
governo em 36 países. Tradução: Roberto Franco. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2003.

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