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O Turismo e a

Economia no Brasil
Rio de Janeiro, 2010
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

Brasília
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Conselho de Turismo – CNC

Projeto Gráfico:
Assessoria de Comunicação/Programação Visual

Ilustrações:
Marcelo Vital (Ascom/PV)

Sistematizadora:
Mônica Sinelli

Fotos:
Banco de Imagens SXC.hu
iStock Images
Cristina Bocayuva (págs. 37 a 40)

Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

O turismo e a economia no Brasil / Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. – Rio de Janeiro:
CNC, 2010.

48 p.

1 - Turismo. 2 - Economia. 3 - Brasil. I. Título
Sumário

1. Mensagem do Presidente – O Turismo fortalecendo a Economia do Brasil ..................................................................................5

2. Apresentação
Bloco de Palestras sobre o Turismo e Economia ........................................................................................................................................... 6
O Turismo e a Economia do Brasil ......................................................................................................................................................................... 7

3. O turismo como vocação...............................................................................................................................................................................................8

4. O valor econômico do turismo................................................................................................................................................................................ 12

5. Os impactos da economia turística na população anfitriã......................................................................................................................... 16

6. A importância do turismo receptivo na economia do País...................................................................................................................... 18

7. Competitividade e impacto na economia.......................................................................................................................................................... 20

8. O turismo como fator de exportação.................................................................................................................................................................. 22

9. A contribuição do microempreendedorismo na economia do turismo.......................................................................................... 25

10. O turismo nos estados e suas respectivas economias............................................................................................................................. 30

11. Palavra do Ministro do Turismo


Oportunidade histórica e responsabilidade republicana......................................................................................................................... 33

12. Conclusões.........................................................................................................................................................................................................................36

13. Perfil dos Palestrantes..................................................................................................................................................................................................37

14. Anexo – Proposições Legislativas sobre Turismo e Economia........................................................................................................... 41

15. Conselheiros.....................................................................................................................................................................................................................44
Confederação Nacional do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo

Presidente
Antonio Oliveira Santos

Vice-Presidentes
1° – Abram Abe Szajman, 2° – Renato Rossi, 3° – Orlando
Santos Diniz; Adelmir Araujo Santana, Carlos Fernando Ama-
ral, José Arteiro da Silva, José Evaristo dos Santos, José Marconi
M. de Souza, José Roberto Tadros, Josias Silva de Alburquer-
que, Lelio Vieira Carneiro

Vice-Presidente Administrativo
Antonio Airton Oliveira Dias

Vice-Presidente Financeiro
Luiz Gil Siuffo Pereira

Diretores
Antônio Osório; Bruno Breithaup; Canuto Medeiros de Cas-
tro; Carlos Marx Tonini; Darci Piana; Euclides Carli; Francisco
Teixeira Linhares; Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante; Jer-
fferson Simões; Joseli Angelo Agnolin; Ladislao Pedroso Mon-
te; Laércio José de Oliveira; Leandro Domingos Teixeira Pin-
to; Luiz Gastão Bittencourt da Silva; Marcantoni Gadelha de
Souza; Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues; Moacyr Schukster;
Norton Luiz Lenhart; Pedro Coêlho Neto; Pedro Jamil Nadaf
e Walker Martins Carvalho.

Conselho Fiscal
Hiram dos Reis Corrêa, Arnaldo Soter Braga Cardoso;
Antonio Vicente da Silva.

Conselho de Turismo
Presidente
Oswaldo Trigueiros Jr.

Vice-Presidente
Eraldo Alves da Cruz

Assessora
Maria Joseneide Amorim Fernandes

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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1. Mensagem do Presidente
O Turismo fortalecendo a Economia do Brasil

N
o final de 2009, foram escolhidos os macrotemas empreendedorismo. As discussões alcançaram sua magnitude
para serem desenvolvidos pelo Conselho de Turismo com a contribuição da Presidente do Fornatur, Nilde Brun,
da CNC em sua escala de prioridades. Foi dado início tendo seu fechamento com o eminente Ministro do Turismo,
com o importante trabalho da Política de Concessão de Vistos Luiz Barretto, que não mede esforços para promover um cres-
para os Grandes Países Emissores, seguido do que abordou cimento sustentável com foco na realização de dois grandes
O futuro da Aviação Comercial Brasileira, e, assim, o ano de eventos em futuro próximo: a Copa de 2014 e as Olimpíadas
2009 terminaria com a conclusão do macrotema O Turismo e de 2016.
a Economia do Brasil. O ministro resume as ações de forma prática e objetiva
Estrategicamente discutido no segundo semestre de 2009, e vem enfatizando que "o setor turístico experimentou os
para se ter a exata noção dos impactos que a crise econômica benefícios de uma economia interna aquecida no momento
mundial provocara nos países desenvolvidos em geral e, em em que nossos principais mercados emissores internacio-
particular, na América Latina, o trabalho atingiu seus objetivos, nais se retraíam". Mais uma vez, o Brasil dá exemplo de uma
tendo contado com a participação de especialistas renoma- economia cada vez mais independente de efeitos externos
dos, com destaque especial para Caio Luiz de Carvalho, ex- e o Turismo brasileiro vai sempre se beneficiar deste fenô-
Ministro do Esporte e Turismo, Silvio Barros II atual prefeito da meno positivo.
importante cidade de Maringá, no Paraná, e Aspásia Camargo, Este trabalho, a exemplo dos demais, termina com proposi-
vereadora do Rio de Janeiro, ambientalista e ex-Presidente do ções importantes, com o objetivo de subsidiar as autoridades
Ipea, que com suas importantes colocações abriram novos e parlamentares nas ações que precisam ser realizadas a fim de
horizontes para o aprimoramento desta importante área da assegurar o desenvolvimento do Turismo, fazendo com que o
nossa economia. Brasil passe a figurar entre os que também lideram nessa área.
As discussões se deram no âmbito da vocação do Turismo, A confederação exerce, desta forma, seu papel e cumpre seu
do valor econômico, dos impactos na economia turística, da objetivo maior, que é representar bem o setor de comércio
importância do receptivo, da competitividade, passando pelo de bens, serviços e turismo, provendo-o dos meios necessá-
fator exportação e pela importante contribuição do micro- rios para o seu desenvolvimento empresarial.

Antonio Oliveira Santos


Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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2. Apresentação
Bloco de Palestras sobre o Turismo e Economia

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entro da perspectiva de promover a leitura do cleo de Turismo da Fundação Getúlio Vargas (FGV); Alexan-
Turismo à luz do contexto global econômico, organi- dre Sampaio de Abreu, Presidente do Sindicato de Hotéis
zamos um novo bloco de palestras que ora temos a Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Rio de Janeiro;
grata satisfação de trazer a público. Com mais esta iniciativa da Silvio de Magalhães Barros II, Prefeito de Maringá (PR); e Nilde
CNC, coordenada pelo Conselho de Turismo, estamos con- Clara de Souza Benites Brun, Presidente da Fundação de Tu-
victos de trilhar o único caminho que nos levará ao desenvol- rismo do Estado do Mato Grosso do Sul.
vimento maior de nossa atividade: a do trabalho sério, árduo Destacamos, ainda, a ilustre participação do Ministro do Tu-
e persistente. rismo, Luiz Barretto, que nos honrou com a valiosa contribui-
Foi imbuído deste ânimo que um time de renomados re- ção "Oportunidade histórica e responsabilidade republicana".
presentantes do setor abrilhantou, com seu notório conheci- Temos, a seguir, um conjunto de informações extremamente
mento e sentido de luta pela causa que nos move, os debates qualificadas que podem – e devem – orientar os gestores na
em torno do tema "O Turismo e a Economia do Brasil". As formulação de políticas públicas para o nosso setor.
apresentações foram realizadas pela Vereadora Aspásia Ca- Agradecemos de forma especial o empenho e colaboração
margo; Caio Luiz de Carvalho, Presidente da São Paulo Tu- de Roberto Velloso, assessor junto ao Poder Legislativo da
rismo S/A; Bayard do Coutto Boiteux, presidente do Instituto CNC; de Humberto Figueiredo, assessor de Turismo da Câma-
de Pesquisas e Estudos do Turismo da UniverCidade; Gérard ra Empresarial de Turismo (CET) da CNC; de Orlando Spinetti,
R. Jean Bourgeaiseau, Diretor de Relações Institucionais – advogado da Divisão Jurídica da CNC e de Leonardo Fonseca,
Windsor Hotéis; Luis Gustavo Barbosa, coordenador do Nú- da Assessoria de Turismo e Hospitalidade (Astur) da CNC.

Oswaldo Trigueiros Jr.


Presidente do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo

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O Turismo e a Economia do Brasil

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minente fator de desenvolvimento econômico, o O caso brasileiro não poderia ser diferente. Para provocar
Turismo, até pouco tempo atrás, ainda carecia de um novas formas de apreciação do tema, reformular antigas con-
tratamento diferenciado para poder apresentar toda a siderações e propor políticas de gestão distintas das usuais, a
sua exuberância de ferramenta de incremento da atividade Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Tu-
econômica, promovendo a eliminação da pobreza nos desti- rismo promoveu, por meio do seu Conselho de Turismo, uma
nos turísticos e atenuando a desigualdade social existente. série de debates com o intuito de colaborar na concepção
Preconizado como um instrumento de fundamental impor- de um conceito atualizado sobre o efetivo papel da atividade
tância dentro dos designados Objetivos do Milênio das Nações turística na economia de nosso País.
Unidas, o Turismo vem obtendo, dia a dia, uma diferenciada Muitas foram as contribuições e maiores ainda foram as
consideração por meio de ações globais, sob a competente proposições apresentadas. Ao mesmo tempo em que apre-
coordenação da Organização Mundial do Turismo, que, atu- sentamos um resumo de toda essa análise conjunta realizada,
almente, postula a parceria entre a iniciativa privada e o setor esse trabalho da CNC retrata, de forma clara e inequívoca, a
público como sua mais fundamental linha de ação. Também dedicação, o desprendimento e a vontade política dos princi-
observamos ações regionais e pontuais que elevam o Turismo pais atores da cadeia produtiva do Turismo nacional em frente
à sua condição de elemento econômico estratégico para se aos desafios que nos são apontados pelo cenário econômico,
combater boa parte dos impactos causados por crises econô- com o intuito único de potencializar o desenvolvimento eco-
micas, sejam estas de nível mundial ou regional. nômico turístico do Brasil.

Norton Luiz Lenhart


Coordenador da Câmara Empresarial de Turismo da Confederação Nacional do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo

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3. O turismo como vocação
Como construir essa cultura no País

N
a abertura do bloco de palestras sobre O Turismo e
a Economia do Brasil, o vice-presidente do Conse-
lho de Turismo da CNC, Eraldo Alves da Cruz, cha-
mou a atenção para a relevância de se debater o macrotema.
"Precisamos entender como se posicionará o setor diante do
quadro econômico nacional. Falamos que o Turismo é impor-
tantíssimo, gera bilhões em receita, constitui o quinto item na
pauta de exportações, mas o tratamento prioritário, efetivo,
em termos de economia, ele não recebe. Estamos sempre dis-
cutindo como chegar a transformá-lo em algo extremamente
significante e importante, mas faltam dados, estatísticas para
tanto. Para ficarmos no viés da exportação, o segmento turísti-
co quer ser enquadrado nos mesmos benefícios que contem-
plam os demais, como o de soja, por exemplo. No entanto,
não conseguimos comprovar, de forma objetiva, o que isso re-
presentará em números para a economia do País. Isso se aplica
a todas as áreas do trade. A hotelaria às vezes pretende fazer
um pleito e acaba se perdendo, pela falta de demonstração
concreta das questões envolvidas. O mesmo acontece com
as agências de viagem. Com isso, o Turismo segue priorizado
apenas e tão somente no papel e não nas ações. Precisamos
nos municiar de informações consistentes para encaminhar
nossas reivindicações ao poder público", enfatizou.
Sob esta perspectiva, a Vereadora Aspásia propõe como
premissa a revisão do conceito de Turismo. "Sempre ouço
em eventos que 'o setor não está contente, o setor precisa
disso e daquilo'. Isso significa que o Turismo é visto pelos
seus protagonistas como um setor. Acho que não se trata
de um setor, mas de uma dimensão, assim como a susten-
tabilidade é uma dimensão pela via ambientalista ampliada
– não exclusiva –, mas pela ótica do desenvolvimento com
preservação. É a economia verde, a utilização dos recursos
naturais de forma sustentável. O Turismo é uma dimensão,
não um setor. E isso pode ser muito importante frente ao
Plano Diretor das cidades e à qualquer formulação de políti-
cas públicas que possamos ter. Ao concebermos o Turismo
como uma dimensão, estamos estabelecendo que em todas
as áreas de planejamento do município ele precisa entrar de

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alguma maneira em consonância com a visão específica da- Finanças e de Desenvolvimento Econômico pensando o Tu-
queles setores. Vamos, com isso criar o que a ex-Ministra Ma- rismo como um todo, e não somente um apêndice, perten-
rina da Silva inteligentemente chamou de transversalidade. O cente a uma Secretaria sem recursos e sem importância po-
que seria ver o Turismo por esse viés? A ideia de que ele hoje lítica. "Como uma Secretaria de Meio Ambiente desconhece
no mundo é uma fonte preciosa na economia mundial e que as prioridades do Turismo na cidade ou no País? Como a de
deveria sê-lo também na brasileira. Isso não acontece porque Cultura pode ignorar que ela é parte integrante desta eco-
temos um vício muito grande, desenvolvimentista, dos anos nomia do Turismo, pois afinal os que vêm para o Brasil estão
60, do qual não conseguimos nos libertar. Logicamente, o ávidos para explorar a cultura brasileira? Mas nós não damos
País precisa considerar o seu potencial industrial. Mas, tam- a esses dois parceiros inseparáveis valor algum. Tanto que as
bém, que a sociedade de serviços é uma outra dimensão da verbas que as respectivas secretarias recebem quase chegam
economia moderna, com suas características próprias, não a zero. Na hora de faturar politicamente, o prefeito ou o go-
exatamente aquelas que a sociedade industrial elege como vernador falam de Turismo, Cultura, Meio Ambiente. Mas no
prioritárias para funcionar adequadamente." Na sua interpre- orçamento os recursos não existem. Se partirmos da ideia de
tação, a sociedade do futuro é holística, interativa e não acei- que Turismo é uma dimensão de sustentabilidade, que pode
ta, justamente, a fragmentação e a especialização. "Por isso trazer recursos, teremos de construir uma outra dinâmica. E,
os governos são tão lentos e ineficientes: porque tratam os inclusive, introduzir nos cidadãos a noção de que são por-
problemas como se fossem isolados. E a resposta nunca é tadores ou receptáculos desta economia. Não é difícil. Mas
segmentada, mas sempre de integração. O Turismo, quando devemos fazer esforço, porque se isso não estiver introjetado
se posiciona para reivindicar, fraciona seus pleitos, ao que- na população nada vai funcionar. O México, por exemplo, é
rer uma coisa pontual aqui, outra ali. Jamais conseguimos ver um país pobre, não oferecendo o mesmo padrão encontrado
uma dimensão integrada dos circuitos dessa cadeia produtiva, em nações superdesenvolvidas. Lá, porém, todas as pessoas
que é complexa, envolvendo muitos segmentos. A Moda, por têm internalizada a convicção de ser agentes de Turismo. Bali
exemplo, é parte da cadeia, mas não tem noção disso, não é uma província paupérrima, mas o povo como um todo está
se comporta como tal. Talvez o grande trabalho seja reunir integrado a alguma atividade turística. Será que em uma cida-
esses diferentes interesses e atividades e dar a eles a consci- de como o Rio e um País como o Brasil é tão difícil envolver
ência de que compõem o mesmo todo. Se mudamos essa aqueles que vivem em uma unidade de conservação, como
filosofia, poderemos melhorar as coisas. Antes de pedir aos um parque estadual ou nacional, no sentido de que vão rece-
governos que adquiram essa compreensão, é preciso que nós ber os que vêm de fora e que estes serão a linha auxiliar para
mesmos a tenhamos. Pois, se como agentes do processo, nos que a localidade em questão seja mais conhecida? Será tão
comportamos tão fragmentadamente, como os outros vão difícil preparar de modo realmente profissionalizante todos os
atuar? Há uma dificuldade de diálogo, ainda, que precisa ser motoristas de táxi para a função de receber turista, para que
vencida e nós temos de entrar com nossa parte também. É saibam falar inglês e espanhol e tenham informações mais de-
uma questão de mudança de padrão mesmo, de pensarmos talhadas sobre os lugares de visitação? Essa cultura é também
em propostas que incluam diferentes segmentos do próprio transversal, pois vai exigir das pessoas um conhecimento geral
governo, obrigando-o a criar grupos de trabalho, com uma de que podem atrair quem vem de fora", analisou. "Falta uma
pauta de mudanças ou de ações para cada ministério." visão de negócios, tendo em vista a capacidade de criar em-
Para esse entendimento ser assimilado em todas as esfe- pregos, aumentar a renda, qualificar mais essa mão de obra,
ras de poder, teríamos, por exemplo, de ter o secretário de que é muito especial. Por que a Ásia está sendo tão mais bem-

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sucedida nesse processo do que nós? Sempre alegamos que Há, ainda, uma outra ponta a ser observada para a com-
o Turismo aqui é reduzido em função da distância. Mas a Ásia preensão exata da dimensão dos serviços. "Muitas pessoas
também fica longe e está conseguindo. Lá, os estados têm a viajam não propriamente a Turismo, mas a trabalho. Mesmo
noção bem clara de que isso é economia. Nossos governantes assim, o turismo está embutido no que elas fazem aqui e que
ainda não entenderam isso. Tem-se uma espécie de dissonân- tem a ver com os estímulos que recebem para conhecer cer-
cia, estamos andando na contramão do mundo. Há uma difi- tos lugares, com as oportunidades que identificam para preen-
culdade burocrática, de origens remotas, de compreender as cher os horários de folga. Isso é fundamental, porque nos tira
estruturas, enfim, a dinâmica do desenvolvimento econômico um pouco daquela ideia de oferecer produtos de baixa quali-
de um modo geral. E a percepção dessa economia de serviço dade para atrair essas pessoas. Não há livros sobre as belezas
é ainda mais difícil." naturais do Brasil, do tipo que encontramos em outros países.
Esse raciocínio deve ser estendido também para o trânsi- Assim, não sabemos aonde ir, a não ser as referências mais
to domiciliar. Como ilustração, a Vereadora Aspásia citou um óbvias – um levantamento dos pontos turísticos no Estado
fato ocorrido em uma palestra sua sobre o Rio de Janeiro do Rio de Janeiro chegou a mais de 1.200, como o Maciço da
para jovens de comunidade, que estão sendo capacitados pela Pedra Branca e a Serra do Barata, aos quais não damos impor-
Fundação Getúlio Vargas. "Quando discuti com eles os pon- tância. O Plano Diretor poderia ter um grande ganho com o
tos fortes e fracos da cidade e, entre os primeiros, coloquei mapeamento dos potenciais sítios turísticos do município. Em
o Turismo e as belezas naturais, houve reação. O argumento nível nacional, há o Delta do Paranaíba, o segundo maior delta
baseava-se em não ser razoável que se crie um gueto com do mundo, simplesmente deslumbrante. É como se fossem
quatro ou cinco lugares para o turista visitar, deixando de lado curtos-circuitos de um sistema que não consegue valorizar o
o viajante interno, que precisa enfrentar, por exemplo, termi- que apresenta de original e atrativo. E faltasse, realmente, uma
nais rodoviários completamente desqualificados. No fundo, os identidade para oferecer aquilo que possui de melhor. Isso
grandes excluídos são as próprias pessoas que vivem na cidade; é típico de uma sociedade que desconhece essa dimensão
provavelmente 70% delas nunca foram ao Corcovado ou ao dos serviços. Precisamos disponibilizar informação de primeira
Pão de Açúcar. Então, temos também que envolvê-las no pro- classe, informatizada. As cidades não têm planejamento, placas
cesso e as escolas, por exemplo, podem patrocinar esse tipo de sinalização – nós mesmos nos perdemos aqui –, transporte
de iniciativa. O Turismo é indivisível; ou se é turístico ou não. de massa, rede de metrô suficiente, estacionamentos adequa-
Não é possível dizer que se vá fazer só turismo internacional dos. Não dispomos de um mobiliário urbano que incorpore a
ou interestadual. Pois estamos falando também de alguém que visão do Turismo. É necessário, ainda, elaborar um calendário
vem do interior do próprio estado para o município carioca. de eventos que vá além do réveillon e do carnaval para povoar
O importante é que todos os pontos de comunicação estejam a nossa atividade anual."
devidamente cuidados, a fim de que a circulação aconteça de No que diz respeito à enorme influência exercida pelas
maneira ampla e indiscriminada." ações de Marketing, Aspásia lembra o exemplo dos austra-

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lianos. "Eles sabem fazer isso muito bem, tomaram conta do
cinema internacional. Hoje, nos filmes norte-americanos, os
grandes atores são da Austrália, há produções deles por todo
lado. É um fenômeno relativamente recente, não mais do que
20 anos. Dominar o cinema, que é uma grande indústria da
comunicação, torna tudo o que vem por essa via mais atraen-
te. Daí a ideia de um Centro de Audiovisual no Rio de Janeiro.
O cinema brasileiro é ainda incipiente. Precisamos promover
o seu desenvolvimento. Por que durante a guerra Roosevelt
investiu tanto em Hollywood como o divulgador dos Estados
Unidos? Nós vimos milhares de filmes, nos encantamos por
aquelas atrizes e atores e pelo modo de vida norte-americano,
pois o audiovisual tem esse poder. Estamos com um instru-
mento tão simples, como o film commission, em discussão no
Itamaraty há pelo menos 15 anos. Trata-se de uma facilidade
que o governo da cidade ou do estado oferece para quem vem
filmar em suas localidades, no intuito de divulgá-las em âmbito
internacional a custo zero. No entanto, o film commission não
sai. Quando a China identifica um nicho de negócios positivo,
o tempo que leva entre descobrir, planejar e executar é o
mais curto possível. Aqui, demoramos muito para identificar a
oportunidade e mais ainda para planejar, se é que chegamos a
fazê-lo um dia, além de um período infinito na concretização.
Há uma espécie de torpor na gestão do País; o setor privado é
muito controlado, depende demais do governo, não consegue
andar com as próprias pernas. Sob este aspecto, a questão da
formulação e da execução de um plano estratégico, que apro-
veite o que temos de verdadeiramente competitivo, é o maior
desafio do Turismo brasileiro. Se tivéssemos as Secretarias de
Educação, Cultura, Saúde, Meio Ambiente, Esporte e Lazer,
enfim, todas as demais, olhando para o Turismo como uma
vocação, certamente as cidades poderiam dar um grande salto
em direção a essa economia, que é o seu destino."

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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4. O valor econômico do turismo
A importância de agregar valor e inovar

A
pauta O Valor Econômico do Turismo foi abordada
por Caio Luiz de Carvalho, presidente da São Paulo
Turismo S/A, órgão de promoção turística e de even-
tos do município de São Paulo, e representante da cidade no
Grupo de Trabalho para a Copa do Mundo de Futebol de
2014. O ex-presidente da Embratur e ministro do Esporte e
Turismo, nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique
Cardoso, presidiu, também, o Conselho Executivo da Organi-
zação Mundial do Turismo (OMT) e é hoje professor da Fun-
dação Getúlio Vargas na disciplina Gestão Pública do Negócio
de Turismo.
Em relação à grandiosa realização esportiva da Fifa no Bra-
sil, ele frisou que os obstáculos são muito maiores do que se
pode supor. "Sem dúvida, é o grande evento que qualquer país
sonha organizar. Ao mesmo tempo, não sei até que ponto
estamos conscientes do que isso vai significar. Tenho me de-
bruçado, praticamente, 24 horas em cima disso. Sei o que está
constituindo não só para São Paulo, como para muitas outras
cidades, esse desafio. Entre tantos problemas, a exemplo do
setor aeroportuário, abre-se a questão do que é legado de
fato ou não. Temos, também, algo em que poucos pensam:
um calendário eleitoral com três eleições pela frente. Sabe-
mos o que é a inércia administrativa especialmente quando as
eleições acontecem. E estamos falando de economia, porque
a Copa implica, sim, um retorno econômico para o País. Pre-
cisamos ir além do que está colocado na mesa, nos jornais,
na cabeça dos apaixonados por futebol, para entender o que
representa essa Copa, os encargos que traz, assim como os
benefícios. A cada ano a Fifa vai exigir mais. Cabe ao País e à
cidade ter uma postura. É o que chamo de matriz de respon-
sabilidade. Mobilidade, transporte, capacitação, conhecimento,
esse é o legado que importa. Corremos o risco de deixar para
o governo federal uma conta que, segundo profissionais de
uma grande empresa multinacional de consultoria, pode ser
calculada em 30 vezes o déficit do Pan, da ordem de R$ 30
milhões", advertiu.
Caio destacou a importância de se agregar valor e inovar no
que concerne ao tema Turismo. "O Turismo não pode mais

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ser jogado como uma palavra que, para aqueles que não são Ele lembrou que, em 2008, tivemos algo em torno de
do setor, o desqualifique, como coisa de rico. Isso é histórico. US$30 milhões em investimentos estrangeiros no Brasil. Até
Hoje, assistimos a uma decadência profunda, com as faculda- junho deste ano, já haviam ingressado aqui US$35 milhões, ou
des de Turismo, que acabaram se proliferando de uma manei- mais que o valor total registrado no ano anterior. "Isto é extre-
ra errônea, diante da perda do interesse de jovens pelo Turis- mamente animador para quem quer trabalhar, se posicionar
mo, fechando suas portas. Em particular, em um País como o em termos de mercado e investir. Quando o empreendedor
nosso, a atividade turística deve processar os recursos naturais, estrangeiro analisa o País, hoje, constata que oferecemos uma
culturais e humanos de forma planejada e articulada. Seu ob- baixa vulnerabilidade externa, estabilidade política e monetária
jetivo é fazer com que o empresário ganhe dinheiro e que o e responsabilidade fiscal. O ambiente, portanto, é favorável ao
turista realize seus sonhos. Mas, sobretudo aqui, frente a tantas investimento, com queda nas taxas de juros e do risco-país e
carências sociais e diversidades regionais, deve configurar um crescimento do mercado de consumo. Cerca de oito milhões
instrumento para o desenvolvimento sustentável." de pessoas saíram da pobreza. Toda essa questão passa, ne-
O ex-ministro ressaltou que, ao falarmos de indústria, es- cessariamente, pela nossa inteligência estratégica. Precisamos
tamos nos reportando à cadeia produtiva direta. "Mas temos customizar produtos para esse novo consumidor."
muito mais a trabalhar na questão da economia do Turismo, Caio Carvalho salientou, também, que é preciso enten-
que é toda a cadeia indireta, onde, segundo a matriz insumo/ der os fluxos de deslocamentos. "Se não assimilarmos que
produto do IBGE, 52 itens acabam impactando essa atividade. a França é o primeiro destino do mundo, com 77 milhões
São Paulo me ensinou a trabalhar o Turismo dentro de um de turistas, mas que, destes, 93% são europeus, não vamos
grande negócio – o entretenimento –, em que viagem, lazer, evoluir nesse ponto. O momento é de priorizar o Turismo
natureza e cultura acabam se inserindo, de uma maneira que interno. Investimos bastante em promoções de 2002 para cá,
possam ser potencializados como fato econômico. Entra, aí, o porém, temos menos turistas do que em 2000. Deverá haver
aspecto do cluster. Aqueles que não trabalham na nossa ati- um acréscimo agora, mas não vamos chegar a 40 milhões
vidade, e que mais faturam conosco, geralmente, são os que de turistas. Primeiro, porque estamos distantes dos grandes
menos nos apoiam, como bancos, cartões de crédito e em- centros emissores. Segundo, quando assinalamos, em 2000,
presas de petróleo. Pedir patrocínio a um desses segmentos o maior número – 5,3 milhões – foi devido ao ingresso de
para algum projeto nobre do setor – campanha do Brasil no 1,6 milhão de argentinos. Sob a perspectiva do PIB direto,
exterior – é muito difícil." são 2,8% de participação, o equivalente a uma receita de

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US$39 bilhões. Neste total, entra a força do Turismo domés- números que realmente nos animam. A demanda cresceu
tico, que chega a 85%, com quase 100 milhões de viagens, em razão de políticas públicas que saíram do armário e foram
número que era menos da metade em 1996. Na crise, quem implementadas. Tivemos, com a crise, menos 6% em termos
sustenta o Turismo, são os nossos empresários e os empre- de taxa de ocupação. Mas, ainda assim, devemos encerrar
gos é o Turismo doméstico, nunca o internacional." o ano muito bem, na casa de 62%, com um crescimento de
O preconceito em relação ao mercado sul-americano é 13% na diária média e de 2% na receita por apartamento. Os
outro desafio a ser vencido. Hoje, 19 milhões dessa popula- destinos de sol e praia são os grandes afetados com as crises.
ção viajam até duas vezes por ano para fora de seus países, Cerca de 75% dos voos internacionais chegam por São Pau-
sendo que o Brasil não recebe mais do que 2,5 milhões. lo, onde os empresários precisavam vir, por ser o mercado
Aproximadamente 1,5 milhão de peruanos, por exemplo, econômico – 40% do PIB está lá. Pelo perfil do negócio, São
vão para o exterior, e só 96 mil se dirigem para cá. E o Peru Paulo, não sofreu tanto. Mas quem visava lazer, certamente,
está a quatro horas de voo de São Paulo ou do Rio de Janei- adiou a viagem", afirmou.
ro. A Europa é o principal emissor de turistas para o Brasil, A estimativa é de que o município paulistano feche o atual
em função dos voos da TAP, quase desmontando o conceito exercício com 6% a 7% a mais na arrecadação de ISS pro-
de longa distância, embora a maioria deles chegue ao Nor- veniente da hotelaria. "Para se ter uma ideia, em 2004, a
deste com sete horas de voo. arrecadação foi de R$ 75 milhões. Chegamos a 2008 com
Segundo ele, depois de petróleo, soja, grãos, minério de R$ 124 milhões. E, agora, alcançaremos entre R$ 135 milhões e
ferro e frango, o Turismo vem sendo destacado no ranking R$ 140 milhões. Se calcularmos por taxas de alíquotas, atingi-
da balança comercial do Ministério do Desenvolvimento, já remos o faturamento somente com essa atividade. Estudos da
ocupando o primeiro lugar pelo viés dos serviços, acima do OMT indicam que o número de viagens vai triplicar até 2020,
faturamento de profissionais liberais, escritórios, aluguéis e e 76% serão de curta distância. Portanto, o turista precisa estar
transportes. "É algo a se pensar. Ainda existe uma miopia próximo. E isso vem se comprovando todos os anos, quando
por parte dos economistas. São Paulo exemplifica um caso observamos países como China, Austrália ou África do Sul,
muito interessante. Sem praia, sem essa beleza cenográfica cujo turismo interno movimenta 70% do total. Sol e praia são
do Rio de Janeiro, é o primeiro destino turístico da América commodities. O importante é agregar diferenciais, como cultu-
do Sul. Os números são impressionantes: 11 milhões de tu- ra, ecoturismo, o evento inteligente e inovador."
ristas, dos quais 9,3 milhões domésticos que, muitas vezes, A concorrência ligada à globalização, provocando uma ex-
gastam mais do que o estrangeiro na praia no Nordeste. plosão de ofertas ao consumidor, foi outro ponto tocado
Por conta da área de cultura, verificamos um incremento na pelo ex-presidente da Embratur. Hoje, o Brasil disputa mer-
taxa de permanência, atingindo uma receita de R$ 8,3 bi- cado com 149 países, entre mais de 230 destinos fortes. E
lhões, avalizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econô- citou o case de Nova York, que se tornou um dos principais
micas (Fipe). Estabelecemos uma parceria com o Fórum de destinos do mundo a partir das campanhas I Love New York
Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB). Elaboramos uma e Big Apple, na década de 1970, seguidas de diversas outras.
pesquisa mensal com cem hotéis e o FOHB faz, igualmen- "Eles adotaram uma postura de agressividade econômica
te, a dele. Juntamos os dois resultados e chegamos a uma para expandir a indústria do Turismo na cidade, lançando
taxa comum. O fato é que conseguimos elevá-la na cidade This is New York City em 2007. Foi criada a NYC & Com-
de São Paulo no ano passado, graças a uma agenda cultural pany, organização oficial extremamente competente em sua
inovadora, que começou a acontecer depois de 2005. São estrutura organizacional. A intenção era chegar a 50 milhões

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de visitantes até 2015, com investimentos iniciais de US$15 considerar o quanto vale a São Paulo Fashion Week para a
milhões, nada que possa surpreender. No ano passado, já economia e o turismo locais. O evento chama a São Paulo 1,5
eram 47 milhões de turistas, numa arrecadação total de mil jornalistas do mundo inteiro. É impagável o que sai no jor-
US$ 30 bilhões – mais da metade dos gastos relacionados a nal em termos de matéria positiva. Como podemos mensurar
estrangeiros –, contra apenas US$60 milhões de despesas da todos esses talentos que estão na música, na comunicação, no
prefeitura em mídia. E é um destino que também não tem teatro, na dança? De que forma os economistas vão encontrar
praia, estava falido em 1972, com problemas de segurança, uma régua para medir o intangível? Essa é uma questão que
mas se ergueu, através dos arranjos produtivos necessários crescerá, mundialmente, até por conta da internet. Hoje, de-
à cidade. Mais recentemente, veio a campanha Just ask the fendo a presença de eventos, feiras e exposições, em que pese
locals, cuja ideia era dar boas-vindas aos turistas. Grandes o fator de sazonalidade, como meio de resolver problemas de
talentos, como Robert De Niro e Kevin Bacon participaram, destino. O Grande Prêmio de Fórmula I, por exemplo, even-
declarando: 'Falem comigo se quiserem vir aqui'. Isso não tem to que mais gera receita em São Paulo, deixa para a cidade
preço. Trata-se de um benchmark internacional. De qualquer R$ 230 milhões líquidos limpos, em um período de três dias.
forma, é bom mirarmos o topo para ver se pelo menos dele Já foi feita a reserva de todo o pavilhão do Anhembi – ao qual
nos aproximamos. O case da Nova Zelândia – o 100% Pure estamos planejando a duplicação dos atuais 75 mil m² – para
New Zealand – também é muito interessante. Começou em a realização de duas edições, em 2010 e 2012, do evento in-
1999 dentro da universidade, mas não ficou na academia, titulado O Mundo é da Bola. Captamos, também, o Congresso
saiu para a rua, para o consumo." Mundial do Rotary, em 2015, que atrairá 40 mil pessoas a São
O mercado, longe de ser massivo, é cada vez mais segmen- Paulo, que vão querer ir ao Rio também. A projeção é de que
tado, o que obriga a busca de novos produtos como resposta no ano anterior a entrada de turistas esteja no patamar de
do setor à pluralidade da demanda. "O que podemos fazer 15 milhões. Temos 22 eventos que lotam os hotéis. Fizemos
para seduzir o imaginário do turista moderno? Com quem es- a campanha Tanque Cheio, um acordo com a Visa pelo qual
tamos competindo? Quais são os nossos diferenciais? Temos quem abastecesse o carro em posto de gasolina em um raio de
que analisar a mudança populacional – cada vez mais mulhe- 100 km de São Paulo, em uma sexta-feira, apresentando um
res na sociedade, ocupando cargos, decidindo, com poder comprovante de pagamento com o cartão, recebia desconto
financeiro –, o entretenimento digitalizado, a urbanização, o especial em cerca de 80 hotéis da cidade. Nos primeiros dois
consumo de mais renda. De que forma vamos trabalhar o meses, esse recurso gerou 2,5 mil pernoites. Entendo que te-
mercado jovem? Haverá mais idosos na ativa, na faixa de 800 mos que trabalhar o turismo combinado. Rio e São Paulo são
mil tornando-se sexagenários a cada ano. Do universo de 17 produtos que se complementam, não que competem entre
milhões de pessoas acima de 60 anos no Brasil, no mínimo si. Estamos capacitando três mil guardas metropolitanos em
3,2 milhões têm alto poder aquisitivo. Por incrível que pareça, inglês e espanhol. O mesmo número de taxistas que, em um
aquele total coincide com o número de pessoas portadoras universo de 32 mil, teoricamente, teriam um contato mais di-
de necessidades especiais, sendo que 2 milhões querem con- reto com turistas, já receberam esse treinamento. Precisamos
sumir o turismo de luxo. E não existe customização de pro- fazer o arranjo produtivo, envolvendo governo, empresariado,
duto para atender a esses mercados", alertou. terceiro setor e universidade. Com esses quatro trabalhando
Ao contrário dos grandes ícones brasileiros – Rio de Janeiro, em conjunto é possível construir alguma coisa nova para São
Amazônia e Foz do Iguaçu –, São Paulo precisa construir uma Paulo. A questão é encontrarmos caminhos que ainda não
identidade, como capital das economias criativas. "Podemos descobrimos", pontuou.

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5. Os impactos da economia turística na população anfitriã
Dificuldades na percepção do setor

P
ara tecer considerações em torno da forma com que
a população anfitriã percebe os impactos do Turismo
na realidade econômica, o Coordenador Geral dos
Cursos de Turismo e Hotelaria da UniverCidade e Presiden-
te do site Consultoria em Turismo, Bayard do Coutto Boi-
teux, dividiu sua apresentação em três itens.
No primeiro momento, ele enfocou a noção de "dinheiro
novo", a que, comumente, se recorre para demonstrar a im-
portância da atividade turística. "Diz-se que todo viajante traz
dinheiro novo para a economia local, em que será reinvesti-
do. E que, graças a isso, teremos uma população anfitriã com
melhor qualidade de vida, incrementando seus aspectos de
sustentabilidade. Mas a população não entende o conceito de
dinheiro novo, de que modo ele vai ingressar na economia,
através dos impostos, que reverterão em benefícios para a
sociedade. Isso acontece porque o senso comum nos avalia
como se fôssemos vendedores de pacotes turísticos. É uma
visão elaborada a partir dos cadernos de Turismo dos jornais.
O problema está também em nós mesmos, que deveríamos
figurar nas editorias de Economia. À medida que lá estiver-
mos, nossa atividade será melhor entendida. Precisamos sair
da concepção de que somos glamour e festa e ingressar nos
Cadernos de Economia. Isso é muito importante."
Bayard Boiteux explicou que a população ainda olha para o
turismo como a algo de que não consegue aproximar-se. "A
maior parte das pessoas tem medo de entrar em um hotel, de
ir ao Corcovado, ao Pão de Açúcar, sobretudo as mais humil-
des. A Planet Work deu consultoria à prefeitura de Caxambu.
Fomos até lá para saber qual era o grande problema com
a atividade turística. Descobrimos que o povo detestava os
hoteleiros, pela percepção de que ganhavam muito dinheiro
e nem sequer abriam as portas para que a população anfitriã
pudesse entrar e verificar o que acontecia em seu interior.

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O Copacabana Palace, nesse sentido, faz um trabalho muito que têm curso superior e ouvem essa terminologia o tempo
interessante, como fazia o Méridien. Volta e meia, abrem as inteiro nos jornais. Os impostos foram lembrados por 30%,
portas para os filhos e parentes dos colaboradores tomarem ao passo que 45% declararam que o Turismo em nada in-
contato com o que acontece ali. Assim, eles não têm essa ideia fluenciava seu dia a dia. Além disso, 40% o responsabilizam
errônea da atividade turística." pelo encarecimento dos preços de produtos e serviços e
Como exemplo de percepção positiva, ele citou a atuação 30% pelo aumento da prostituição. O comportamento dos
da operadora Be a Local, do Rio de Janeiro, que leva grupos de turistas, normalmente, para a população anfitriã é visto como
turistas estrangeiros para visitar a favela da Rocinha. "Eles não muito inapropriado, sobretudo diante da imagem que o Bra-
entram lá em jipes, como se fossem fazer um safári. É lamentá- sil, em que pesem os esforços do governo federal, projeta no
vel pensar que a Rocinha é um lugar onde se vá fazer safári, em exterior, como a de um grande prostíbulo", analisou.
jipes verdes, os guias vestidos a caráter. O conceito é outro. Entre os consultados, 30% assinalaram que o Turismo gera
As pessoas chegam lá embaixo e pegam um mototáxi, re- empregos; 50%, que só gera para quem tem curso específi-
munerado para fazer executar o primeiro deslocamento. Esse co e sabe falar algum idioma; e 20%, que não cria emprego
prestador de serviço indireto entende que, naquele momento, nenhum. "Ou seja, de 400, 80 acham que a atividade não
os turistas estão ajudando a economia local. Posteriormente, abre postos de trabalho. E a percepção que eles têm, há de
eles são levados para a laje de uma casa, onde tomam um se convir, é correta. Não adianta querermos estruturar des-
café. Essa família que os recebe também é gratificada por isso, tinos turísticos se não qualificarmos a mão de obra local para
assimilando, portanto, a importância econômica da atividade receber o turista. É o que consta nos objetivos da Política
turística para aquela comunidade. Em seguida, são conduzidos Nacional do Turismo. Do montante total, 38% disseram ser
a um local em que podem comprar artesanato. O próprio o Turismo uma atividade para pessoas de alto poder aquisi-
artesão, morador da Rocinha, está lá com as peças específicas tivo. Isso o afasta de sua essência, que é a verdadeira intera-
que criou para esses turistas. Cada vez que ele vende alguma ção da população anfitriã com o viajante. Mais uma vez, está
coisa, se dá conta da relevância do Turismo. Mas com esse caracterizado o medo dessa aproximação. Das 400 pessoas
discurso do dinheiro novo não conseguimos fazer com que entrevistadas, 40% nunca viajaram. Como é que a população
as pessoas a compreendam. Elas entendem as Secretarias de da maior cidade turística do País não usufrui, efetivamente,
Saúde, de Educação, de Obras. A de Turismo, não, por não dessa atividade? Não há programas eficazes para que essa
apresentarmos de forma aberta a nossa atividade." população possa usufruir. É muito difícil avaliar alguma coisa
O Instituto de Pesquisas e Estudos de Turismo da Uni- que não se vivencia", argumentou.
verCidade efetuou uma pesquisa, entre um universo de 400 Sob esta perspectiva, Bayard propôs a criação de uma
habitantes do Rio de Janeiro, em 14 bairros diferentes, para cartilha a ser distribuída em todas as lojas do Estado do Rio
sondar como eles interpretavam o Turismo na economia da de Janeiro, mostrando como o Turismo pode mudar a quali-
cidade. Daquele contingente, a maior parte analisada foi a dade de vida da população anfitriã, através de seus impactos
residente em áreas de potencial turístico: 80% nas Zonas econômicos. Outra sugestão foi o desenvolvimento de uma
Sul e Oeste. Em termos educacionais, 50% tinham nível mé- série de palestras sobre a importância econômica do setor
dio; 35%, superior; e 15%, elementar. Como resultado, 35% em associações de moradores, repartições públicas e clubes.
avaliaram o Turismo de forma positiva, 45% não dispunham "E, o mais importante: sistematizar todas essas informações
de elementos para apreciar e 15% consideraram o Turismo econômicas sobre a atividade em um só lugar. Como as
negativo para a economia do município. "É preocupante que metodologias utilizadas nessas aferições são diferenciadas,
a maior cidade turística do País concentre 45% de entrevista- seus resultados, às vezes, tornam-se conflitantes. No portal
dos que não conseguem perceber o impacto econômico do do Ministério do Turismo já há uma série de informações
Turismo na localidade onde moram. Perguntamos como a sistematizadas, mas ainda falta muito. Precisamos de uma
atividade impactava na sua melhoria de vida. Por intermédio instância específica na qual possamos encontrar essas infor-
de dinheiro novo, responderam 25%, provavelmente aqueles mações", defendeu ele.

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6. A importância do turismo receptivo na economia do País
Envolvimento da sociedade é essencial para atuação conjunta

A
palestra do ex-presidente da Riotur e do Rio
Convention Bureau, Gérard R. Jean Bourgeaiseau,
teve início pelo reconhecimento consensual de que é
necessário criar a cultura do Turismo, por meio de diagnósti-
cos, pesquisas, planejamento, comunicação e produtos inova-
dores, capazes de atrair, reter e fidelizar o viajante.
As informações consolidadas podem propiciar credibilida-
de ao setor, comprovando o ambiente econômico favorável,
o que se traduz em maior segurança para os investidores e,
em decorrência, mais investimentos para a cidade, com uma di-
mensão real dos empregos demandados direta e indiretamente.
"Atualmente, nos baseamos somente nos dados da Organiza-
ção Mundial do Turismo (OMT). Ter um cálculo efetivo dos
impostos gerados seria um fator importante na nossa negocia-
ção com o governo. Nos últimos 10 anos, o número de turistas
internacionais parou em cinco milhões. Em consequência dis-
so, hoje, só se fala em receita cambial. A carga tributária pesa

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enormemente no Custo Brasil. É mais barato passar férias nos titucional e a iniciativa privada, do aspecto comercial. Com
Estados Unidos do que viajar dentro do Brasil. Precisamos es- esse conjunto de atuação, podemos passar por um momen-
tabelecer de quem é a responsabilidade de fazer esse levanta- to de crise forte, com um mercado receptivo internacional
mento econômico. Do Ministério do Turismo? Da Fundação fraquíssimo. E vamos demorar a voltar aos números do ano
Getúlio Vargas ou outros organismos? Das Secretarias de De- passado – aproximadamente, dois anos. Está havendo uma
senvolvimento Econômico municipais e estaduais? Dos órgãos retomada, sim. Porém, muito devagar. Então, temos de ser
de turismo ou da iniciativa privada? Sem a definição clara de menos institucionais nessas promoções, mas com um lado
uma responsabilidade, não há pesquisa. A falta de planejamento forte no negócio. Por isso, precisamos dar uma guinada nesse
ocasiona ações isoladas e, com elas, não criamos sinergia e uma momento tão difícil que atravessamos."
visão de conjunto na direção de iniciativas coordenadas, que Na opinião do hoteleiro, é importante revitalizar a metodo-
tragam resultados. Isso provoca, obviamente, perda de investi- logia empregada com sucesso pelo Plano Maravilha, auspiciosa
mento por parte dos empreendedores." devido à participação coletiva. "Envolvemos a sociedade ca-
Bourgeaiseau defendeu o apoio e o estímulo governamen- rioca, o setor de turismo, os organismos de governo. Os três
tal a eventos até que se autossustentem, por faltar, no Brasil, juntos fizeram o sucesso. O Comitê Olímpico Internacional,
a cultura da continuidade. "Por que Nova York é sempre inclusive, recomenda não inventar projetos para a realização
muito sucesso? Porque coloca a continuidade e a renovação dos jogos, mas utilizar os que já estejam nas estantes, prontos a
como questões-chave, nunca parando de se promover. O ser acionados. O Plano Diretor de Turismo até 2012 apresen-
Rio tem a mesma capacidade de Nova York ou de qualquer ta itens muito importantes, mas que precisam ser amarrados
um para produzir eventos. Há criatividade, grandes empre- para que haja sinergia em todas as propostas e consistência
sas. Basta existir verba. A Embratur tem feito um grande tra- nas ações. O turismo tem baixa visibilidade e pouca influência
balho através do Plano Aquarela, mas os recursos acabam política, pela ausência dessa atuação conjunta. E é a metodolo-
contingenciados. O governo deve cuidar da promoção ins- gia do Plano Maravilha que vai ajudar nesse sentido," apontou.

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7. Competitividade e impacto na economia
A capacidade de gerar negócios nas atividades afins

A
questão da competitividade vem sendo trabalhada veículos. Há as agências de comunicação que reproduzem no-
em âmbito nacional pela Fundação Getúlio Vargas tícias no País todo. Então, não se está disputando, na verdade,
(FGV). Em sua apresentação sobre o tema, o coor- com a mídia regional, mas com a nacional. Sob este ângulo,
denador do Núcleo de Turismo da instituição Luis Gustavo não é fácil tentar mudar essa dinâmica, mesmo que o turismo
Barbosa, enfatizou a dificuldade do setor em, efetivamente, se de determinado município tenha uma importância maior."
posicionar como uma atividade econômica de relevância. No tocante ao aspecto da organização de eventos como
"O primeiro ponto é que o Turismo constitui uma indústria oportunidade, Barbosa ressalvou que é preciso atentar para
pequena, correspondente a 2,5% do PIB. Isso faz com que a as demandas que existem, atualmente, de construção exacer-
luta pela pauta nos jornais, no Caderno de Economia, seja des- bada de centro de convenções. "Hoje, no Programa Nacional
leal para nós, se comparada à do petróleo, ou automobilística. de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), algumas cidades
Em algumas cidades representa mais, porém, no caso do Rio pedem centros de convenções – e muito maiores que a capa-
de Janeiro, pesa pouco. Embora configure uma das vocações cidade hoteleira instalada. "Temos ajudado alguns estados na
do município, com uma potencialidade brutal, até hoje ainda elaboração de propostas para o Programa. É necessário pro-
não conseguiu deslanchar como atividade", sublinhou. duzir pesquisas para obter esse verdadeiro dimensionamento.
Ele lembrou o trabalho que a FGV desenvolveu, há cerca O Banco Interamericano, que é o agente financiador, está exi-
de três anos, em 20 cidades brasileiras, como forma de treinar gindo estudos pesados que justifiquem a execução de centros
os jornalistas locais acerca da área do Turismo. "Chegávamos de convenções, que são importantíssimos."
lá e sugeríamos perguntas que eles deveriam formular quando Ele ressaltou que existem muitas pesquisas, hoje, no Brasil
entrevistassem um representante do setor, com fundo econô- no setor de Turismo, desenvolvidas por instituições como FGV,
mico, para que se pudessem extrair coisas interessantes. E não Universidade de São Paulo (USP) e IBGE, tendo aumentado
falar sobre o lado festivo de sempre. Foi muito difícil. Um fator bastante os recursos disponíveis para realizá-las. "Pesquisa, de-
influente é que a mídia, em geral, é pautada por alguns poucos finitivamente, não é um trabalho trivial. Para se fazer algo que

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tenha representatividade, exige-se muito dinheiro. Em 2002, o parte de atrativos e produtos turísticos, entraram elementos
levantamento feito pela Embratur para verificar o número de naturais e culturais, eventos programados e realizações técni-
turistas que chegam ao Brasil envolveu, inicialmente, quatro mil cas, científicas ou artísticas. Investigou-se, também, a existência
entrevistados. Mas não se consegue uma expansão com esta de plano de marketing, a participação do destino em feiras, sua
base quantitativa. Passou-se, então, para um universo de 40 mil agenda de promoção e a respectiva página na internet.
consultados. O custo de um trabalho como esse gira em torno No que concerne a políticas públicas, esquadrinharam-se a
de R$ 3 milhões. Mesmo assim, em alguns dados, não é pos- estrutura municipal para apoio ao Turismo, o grau de coope-
sível proceder a uma série de análises importantes, a exemplo ração com os governos estadual e federal – bem como o do
de calcular o gasto médio por nacionalidade. Seria preciso um relacionamento junto à iniciativa privada –, e o planejamento
montante da ordem de 100 mil entrevistas para tanto." para a cidade e para a atividade turística, em particular. No
Quanto ao tema em si da competitividade, Luis Gustavo monitoramento, consideraram-se a existência de pesquisas de
Barbosa ponderou que diversos aspectos encontram-se sob demanda e oferta, o sistema de estatísticas do Turismo e a me-
esse guarda-chuva, além do econômico. "Educação, saúde, dição dos impactos da atividade no local. Em aspectos sociais,
ciência e tecnologia, administração, gestão pública, tudo isso faz foram computados o acesso à educação e à cidadania, os em-
parte. A Fundação está fazendo o trabalho A Competitividade pregos gerados pelo segmento, a política de enfrentamento e
dos Destinos, junto a 65 cidades brasileiras. Foi pensado um prevenção à exploração sexual infanto-juvenil e a participação
conceito simples: a capacidade crescente de gerar negócios da população na atividade turística. Sobre os aspectos ambien-
nas atividades relacionadas ao Turismo, de forma sustentável, tais, levaram-se em conta a estrutura e a legislação municipal
proporcionando ao viajante uma experiência positiva. Ou seja, para o setor, as atividades em curso potencialmente poluido-
estamos falando de abarcar, em um conceito econômico, ques- ras, a rede pública de distribuição de água, coleta e tratamento
tões não econômicas. Capacidade crescente significa tempo. de esgotos, coleta e destinação pública de resíduos e unidades
Não adianta efetuar uma pesquisa em um período do ano, por de conservação. Já em aspectos culturais, foram apreciadas a
exemplo, no carnaval, e não acompanhá-la por mais 10 carna- produção associada ao Turismo, o patrimônio histórico e a
vais, para se observar a evolução. E se alguma política, pública ou estrutura para apoio à área.
privada, para influenciar o evento está tendo efeito." Dos 65 destinos prioritários do Brasil, dentro do índice
Ele contou que foi montada uma metodologia em cima de criado de 0 a 100, o País obteve uma média de 52 pontos –
13 dimensões, 61 variáveis e 560 perguntas, com um pesqui- 59 nas capitais e 46 entre as demais. "Na FGV, onde a nota
sador visitando cada cidade por cinco dias e entrevistando em mínima para passar é 70, o País estaria reprovado. Há um
média 25 pessoas, o que gerou um índice de competitivida- trabalho grande a ser empreendido. A nota de cada cidade
de. Estabeleceram-se pontuações diferenciadas para os itens foi entregue a sua prefeitura, acompanhada de um relatório
avaliados. "Assim, não se dá o mesmo peso entre uma cidade propondo a concepção de políticas para as questões avalia-
que tem um aeroporto e outra, que apresenta um plano de das. Este ano, os pesquisadores verificaram que, em algumas
marketing. O aeroporto, para a competitividade no setor, é delas, o nível de competitividade das cidades já começa a
muito mais importante do que o marketing." aumentar. Não existe setor econômico que cresça sem ta-
A dimensão da infraestrutura foi analisada sob o ponto de vis- lento. Se o Turismo não brigar por talento e remunerar bem
ta da capacidade de atendimento médico e serviços de prote- os seus profissionais, estaremos fadados a permanecer no
ção ao turista, do fornecimento de energia e das instalações ur- mesmo lugar. O ponto é com que intensidade e velocidade
banas. As condições de acesso – aéreo, rodoviário, aquaviário, vamos brigar e crescer. O desafio à nossa frente é atingir um
sistema de transporte no destino e sua proximidade de grandes movimento um pouco mais veloz ao dos outros segmentos.
centros emissores – compuseram outra dimensão. Em serviços É o que está por trás de um levantamento como esse: in-
e equipamentos turísticos, estudaram-se fatores como sinaliza- vestir em infraestrutura, para que o Brasil não perca mais as
ção, centro de atendimento ao turista, espaços para eventos, oportunidades desperdiçadas por falta de cobertura a essa
hospedagens, restaurantes e qualificação de atendimento. Na área primordial ao desenvolvimento", recomendou.

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8. O turismo como fator de exportação
Empenho pela desoneração tributária

É
extremamente complexo o entendimento que as
autoridades tributárias brasileiras têm a respeito do
Turismo. Com esse enfoque, o vice-presidente da Fe-
deração Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares,
Alexandre Sampaio de Abreu, iniciou sua palestra sobre o seg-
mento como fator de exportação.
"Não existe a percepção de como geramos divisas para a
balança de pagamentos. Aliás, o setor de serviços já deveria
ser melhor compreendido no Brasil. As economias avançadas
veem o setor exportador na condição de o mais importante
de todos, quais sejam, engenharia, software, TI e Turismo. A
burocracia tributária do Brasil não compreende absolutamen-
te nada de exportação de serviços. Esse é um problema cru-
cial, haja vista que o Ministério de Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (MDIC) só agora conseguiu montar uma
plataforma web para registro dos contratos de câmbio de ser-
viços, o que já é uma premissa cabal em todo o mundo. Está
em período de testes e será disponibilizada a partir do segun-
do semestre do próximo ano."
Ele lembrou que, em audiência pública da Comissão de
Desportos e Turismo da Câmara dos Deputados, a che-
fe de Tributação da Receita Federal sobre Atividades de
Comércio Exterior, Liziane Angelotti Meira, levantou que o
problema estava em quantificar o alcance do benefício fiscal
para uma desoneração da atividade receptiva internacional,
sobretudo na hotelaria. "Esse alcance é um processo a ser
dimensionado, porém, não deve ser impeditivo de buscar-
mos, basicamente, competitividade. Precisamos, nessa quan-
tificação, nos vender, mas, também, ser comprados, a partir
de infraestrutura adequada, qualidade de serviços, preços
competitivos. Hoje, não podemos oferecer preços compe-
titivos, porque a política monetária não o permite, em face
da relação custo-benefício de produtos de mercado inter-
nacional, com nossos principais concorrentes. Os benefícios
objetivos seriam esses: buscar competitividade, enquanto
ainda não apresentamos um padrão de excelência, que nos
permita ser comprados", esclareceu.

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Segundo ele, o argumento da Receita Federal era de que bens há desoneração de impostos, existe a preocupação de
o Turismo não poderia ser contemplado com desoneração que iríamos beneficiar os turistas estrangeiros, que não paga-
por servir-se maciçamente da infraestrutura nacional. "A riam taxas tanto em seu país de origem quanto no destino."
França tem nesse setor a primeira ou segunda pauta de ex- Abreu destacou o caso bem resolvido do Chile, em que,
portação, usando intensivamente a sua infraestrutura. Esse hoje, as faturas de hotel estampam o carimbo que identifica
é o cerne do turismo receptivo: utilizar a infraestrutura na- o hóspede estrangeiro. "Esse processo é facilmente rastreado
cional – aeroportos, estradas, hotéis, serviços. Na medida e controlado. Lá, como no Brasil, também existe uma ficha
em que trouxermos mais turistas, maiores serão os impostos nacional de hóspedes. É possível que aqui o sistema seja alte-
recolhidos na atividade interna pelo aumento das demandas. rado, com sua completa informatização. O Ministério do Tu-
Vamos criar uma retroalimentação desse processo. Então, rismo está trabalhando firmemente nisso e já propôs alguma
isso não me parece um impeditivo." modificação na operação junto à ABIH e à Federação Nacio-
Alexandre Sampaio de Abreu informou que a linha de ra- nal de Hotéis. Podemos vincular a ficha nacional de registro de
ciocínio da Receita Federal para justificar a não isenção segue hóspede e determinar sua origem. Em grandes praças, como o
pelo viés de que o turista estrangeiro tem um alto poder con- Rio de Janeiro, quase metade da clientela da rede hoteleira é
tributivo. "Por ser justamente serviço, não estamos isentan- calcada em receptivo internacional."
do o turista, mas tentando dar competitividade ao prestador Outro ponto focalizado foi a questão de ter de se estabe-
de serviço desse turista. É um processo inverso. Tivemos a lecer preços em dólares ou euros com um prazo de um ano
isenção de IPI temporária para a indústria automobilística, que de antecedência. Mesmo com uma projeção de cálculo de
visava a um processo isonômico, porque a venda maior de defasagem cambial, ou o recurso dos derivativos para proteger
carros traria benefício para a economia como um todo. Penso a posição futura de liquidação de faturas à taxa do dia, ocor-
que esse é um processo perfeitamente aplicável também na re uma perda significativa de rentabilidade. "Por mais que se
atividade turística. Com preços competitivos, conseguiremos impute um valor de correção cambial, trata-se de um fator de
atrair mais turistas e elevar a geração de tributos, em prol de difícil controle, o que acaba resultando em uma expectativa de
toda a sociedade. A Receita não sabe o que é Turismo recep- orçamento muito aquém do projetado. Ou damos os preços
tivo e alega uma grande dificuldade em definir esses parâme- em reais – o que nos coloca fora de competitividade, pelo
tros. Temos que ajudá-la nisso." aumento de preços – ou projetamos um valor embutido no-
Para ele, é fundamental caracterizar o que configura expor- minalmente muito acima do que o processo exige no sentido
tação nesse segmento. "A exportação de serviços é um pro- da competição'. E ficamos fora do mercado. A solução é que
cesso em que não se desloca bens. Nossa economia apresenta possamos ter uma desoneração nesse turista internacional. Ao
ainda um grande impacto da atividade primária. E o processo cotarmos o orçamento funcional para o exercício seguinte,
de vendas externas, tanto da indústria quanto da agricultura, projetamos um faturamento médio em termos de turista na-
embute o conceito do transporte de um bem de um país a cional e turista estrangeiro. A intenção é não necessariamente
outro. Isso persegue toda a burocracia de tributação em ter- fazer o que hoje está acontecendo: os hotéis em busca de um
mos de produto, embarque, seguro etc. Quando exportamos, preço maior na atividade doméstica. Se vamos desonerar a ca-
por exemplo, tecnologia de informação ou um projeto de en- deia produtiva do receptivo, teremos uma paridade de preço
genharia, estes seguem on-line para o exterior. É claro que se entre os segmentos nacional e internacional."
trata de um conceito que precisa ser estudado, para enten- O empresário sustenta a organização de eventos como
dermos de que forma se tributa isso. Como na exportação de meio de convencer a burocracia federal, sobretudo a tribu-

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tária, da necessidade de rever sistemas. "Podemos nos ater, siva na área de serviços. O ICMS sobre energia elétrica, água
em um primeiro momento, somente ao PIS e Cofins. Já exis- e telefonia – de alto consumo nos hotéis – é pesadíssimo. Se
te, hoje, para lucro real, em alguns hotéis, um processo de não conseguirmos uma isenção de PIS e Cofins não vamos
desoneração, quando se tem a capacidade clara de observar ter preços competitivos para oferecer lá fora. O governo já
se o hóspede efetuou a compra lá fora, veio pela internet nos isenta desses dois impostos na aquisição de máquinas e
ou através de um depósito antecipado para garantia da diária. equipamentos. Hoje, na cadeia hoteleira, em quase todo o
O que reivindicamos é que isso seja viável também a partir parque de fornecimento já contamos com similares nacionais.
de operadoras intermediárias do Brasil. O CNT tem todas as Não precisamos, necessariamente, importá-los. Neste sentido,
condições de organizar um grande evento em Brasília, convi- nossa proposta é, justamente, a organização de um evento em
dar técnicos do Ministério do Turismo do Chile e da Espanha, que se possa começar a fazer juízo de valor nesse processo.
que tragam expertise, vivência de custo-benefício, porque a Não há perda para a Receita Federal na questão da isenção es-
Receita mede o que está desonerando e seus respectivos re- pecífica. É muito pontual e pequena em um primeiro momen-
sultados. A prática internacional demonstra que não se devem to. Mas terá um grande valor na competitividade do turismo e
exportar tributos. E, hoje, é o que fazemos de maneira inten- do produto Brasil", assegurou.
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9. A contribuição do microempreendedorismo
na economia do turismo
E o desafio da sustentabilidade do setor

A
experiência à frente da administração de Maringá,
terceira maior cidade do Paraná, foi apresentada por
seu prefeito, Silvio de Magalhães Barros II, na palestra
Contribuição do microempreendedorismo na economia do
Turismo, área em que atuou ao longo de 25 anos. Especiali-
zado em Engenharia Ambiental, ele foi secretário de Turismo
de seu estado e, também, do Amazonas, tendo ocupado o
cargo de diretor para a América Latina do World Travel and
Tourism Council (WTTC).
"Trabalhei na área de planejamento estratégico para o Tu-
rismo no Sebrae em todos os estados brasileiros, exceto o
Piauí. Naquele período, um dos problemas mais críticos do
setor estava na falta de vontade política. Sou convicto da im-
portância que a atividade representa para o desenvolvimento
social e econômico e a conservação do patrimônio ambiental
e cultural de qualquer nação. Há cinco anos, passei para o
outro lado da mesa, como gestor, e até hoje não criei a Secre-
taria de Turismo. Essa era uma das primeiras iniciativas que as
pessoas pensavam que eu teria. Fui duramente cobrado por
isso. Mas precisamos discutir essa questão com mais profun-
didade. Perto de 40% da população nacional concentram-se
em 13 regiões metropolitanas. Faço parte dos outros 60%,
das pequenas cidades, que não necessariamente têm potencial
turístico. Por entender que o Turismo é uma ferramenta de
transformação da sociedade, dizemos que tudo converge para
um processo de relação custo-benefício", argumentou.
O prefeito lembrou que a crise mundial, alcançando tam-
bém o Brasil, provocou uma perda de arrecadação do governo
federal e, em consequência, dos governos estaduais. E, mais
ainda, atingiu os municípios, que já têm pouca alternativa de
receita. "Boa parte dos recursos das cidades menores vem da
distribuição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e
do ICMS que os estados recolhem. Isso significa que para inves-
tirmos na prioridade, no que vai promover a transformação da
sociedade, precisamos tomar decisões. É necessário escolher o
que se vai deixar de fora. Visto na perspectiva da importância
imediata dos problemas do posto de saúde ou do trânsito, que
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afetam toda a população, o Turismo não vai conseguir cami- Segundo Silvio Barros, Maringá – que se apoia economica-
nhar na direção de uma das prioridades, independentemente mente no setor de serviços – atravessa uma conjuntura favo-
do gestor acreditar ou não no seu papel. Estamos falando de rável. A receita este ano aumentou em relação ao exercício
uma atividade que, diferentemente das questões de saúde, ha- anterior. "A área de serviços recolhe imposto ao caixa do
bitação, transporte e educação, é relevante em alguns lugares município. Infelizmente, vemos situações como a de Natal,
do País, não em todos. Existem municípios que, por não apre- um dos principais destinos turísticos brasileiros. Entretanto,
sentarem vocação turística, não têm como viabilizar retorno a cidade arrecada menos IPTU e ISS do que Maringá, que
para os investimentos através desse segmento. No entanto, tem 1/3 de sua população (300 mil habitantes). Lá, a receita
100% dos municípios são obrigados a investir naqueles setores vinculada diretamente à atividade turística é pífia. Isso signifi-
básicos. É natural que a força política de pressão destes que ca que, se a prefeitura – provedora dos serviços públicos de
estão presentes em 100% das cidades tenha mais capacidade que o turismo mais carece – não recebe do setor uma con-
do que a mobilização que se possa gerar no turismo." trapartida, como vai responder às suas necessidades? Assim,
Ele destacou que, a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal, a relação custo-benefício fica tremendamente prejudicada.
o orçamento deixa de configurar uma peça de ficção e, como A população vai continuar demandando uma série de ser-
o plano plurianual, deve ser cumprido, sob pena de o Tribunal viços, que precisam ser atendidos sem a contrapartida da
de Contas não aprovar as contas da prefeitura. E, neste caso, o receita. É preciso que o entendimento dessa questão passe,
município não recebe as transferências voluntárias dos gover- também, pelo setor privado e que este corresponda através
nos federal e estadual. "A sociedade está forçando os políticos do pagamento de impostos. Não faremos investimentos que
a trabalhar dentro da regra. Essa gestão responsável é o que não vão produzir retorno. A começar pela Lei de Responsa-
o País precisa alcançar. Nesse sentido, entra a relação custo- bilidade Fiscal, estou impedido de exercer a vontade política,
-benefício da atividade turística. Em Maringá, não fomos bene- ainda que a tenha. Se as aplicações não se converterem em
ficiados com nenhum atrativo natural – rios, floresta, monta- equilíbrio orçamentário, seremos alvo de ações por parte
nhas, praias. Somos uma região agrícola, não temos diferencial do Ministério Público. E quem pode mudar essa realidade?
nenhum. Precisamos construí-lo, o que não é problema, por- O que é mais difícil: os políticos abrirem mão de seu poder
que a meca do Turismo no mundo ainda é Orlando, que era de tomar decisões sobre como e onde aplicar os recursos
só pântano e laranjeiras. Tudo foi construído. Vamos enfrentar ou a população participar de maneira efetiva do processo de
o desafio, criar alternativas." gestão pública?", questionou.

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Na observação do prefeito, a segunda opção é a predomi- participem mais da economia do município, por intermédio de
nante. "Cobramos do gestor, mas não fazemos a nossa parte. incentivos fiscais. Com isso, foram criados 20 mil empregos,
Todo mundo tem de se envolver, pois, quando isso acontece, um resultado bastante expressivo para uma cidade como a
cria-se um mecanismo que começa a moldar um resultado nossa. Por outro lado, poderíamos ter repassado o aeroporto
interessante. Maringá tem por natureza uma sociedade alta- municipal, que gera grandes prejuízos, a Infraero. Mas esta não
mente organizada, extremamente participativa. A associação o colocaria em sua lista de prioridades. Para nós, o aeroporto
comercial engloba nada menos que 300 diretores, voluntários, é uma ferramenta de desenvolvimento, não um terminal de
que se reúnem semanalmente, para colaborar com o interesse embarque e desembarque. Hoje, temos a torre de controle,
coletivo. E criamos uma dinâmica para ouvir a população. Vou um sistema totalmente montado. E resolvemos homologá-lo
aos bairros, coloco cadeiras no meio da rua e escuto o que para carga internacional. Recebemos voos diretos de Miami.
tem a dizer. Todos os municípios investem mais do que os Começamos com um voo semanal e, hoje, três companhias
15% constitucionais em saúde, e este é o item que reúne as estão em operação, produzindo ICMS para o estado, devolvi-
maiores reclamações. Atividade física é fundamental para evi- do para a prefeitura, que detém o controle sobre esta infraes-
tar doenças. Implementamos 45 academias da terceira idade, trutura pública."
ao ar livre, copiadas da China – 700 municípios já adotaram Para a comemoração dos 100 Anos da Imigração Japone-
unidades como essas. Em dois meses, registramos 30% de re- sa – comunidade expressiva em Maringá –, surgiu a ideia de
dução nas consultas médicas e 27% no consumo de medica- construir um jardim japonês como meio de homenageá-la.
mentos pela população acima de 60 anos, a que mais custa "Procuramos um terreno apropriado e encontramos um, per-
caro ao sistema de saúde. Trata-se de um investimento de R$ to da rodovia que liga Maringá a Foz do Iguaçu, que, devido
29 mil, viabilizados via parcerias privadas, que faz uma diferen- às suas características, teria pouco aproveitamento imobiliá-
ça extraordinária na qualidade de vida. Do total de academias, rio. Falamos para o proprietário que pretendíamos fazer um
pagamos apenas cinco – o restante foi doado por empresas." centro cultural japonês, que viraria um atrativo turístico, com
De acordo com Silvio Barros, em quatro anos de gestão, a proximidade da Foz. Ele achou ótimo e quis negociar a de-
Maringá tornou-se a segunda cidade a gerar mais empregos sapropriação. Mas pedi a doação. Mostramos o projeto e, em
no Paraná, atrás somente da capital, que tem 2 milhões de ha- seis meses, o dono foi ao cartório ceder a área, de 100 mil m²
bitantes. Isso foi possível através do apoio a micro e pequenas e que valia alguns milhões, ao município, sem cobrar nada. E
empresas. "Buscamos estimular a parceria com elas, para que ficou com uma parte do terreno – que, com a construção do

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complexo, valorizou consideravelmente –, onde ergueu um caucionaram os loteamentos para a construção do Memorial,
condomínio fechado, cercado pelo parque. O projeto, desen- que tem início com recursos privados e não públicos, sob a
volvido no Japão, reproduz um jardim imperial legítimo, in- forma de um museu interativo sobre os 10 países atravessados
cluindo um centro cultural com teatro de 1.300 lugares e casa pelo Trópico. No que concerne a nossa Vila Olímpica, além
de chá. Além disso, há o ginásio de esportes, centro de exce- do estádio existente, concluímos o velódromo e estamos im-
lência em judô e taekwondo na região Sul, inaugurado com o plantando a pista de atletismo. Com as Olimpíadas 2016 no
Desafio Internacional de Judô, transmitido para todo o Brasil. Rio, provavelmente, seremos um centro de treinamento privi-
A administração do complexo cabe a uma Organização Ci- legiado no Brasil para a preparação dos atletas. Todos os equi-
vil de Interesse Público (Ocip), constituída por descendentes pamentos dessa Vila estão homologados para competições in-
de japoneses. Não passa um centavo pelos cofres municipais. ternacionais. A Confederação Brasileira de Atletismo agendou
Tudo foi construído com recursos dos Ministérios e doações o Grand Prix e o Troféu Brasil de Atletismo para Maringá no
de empresas. A gestão é da comunidade, não do prefeito. próximo ano, o que atrairá muitos turistas. No Natal, temos
Isto porque posso perder a próxima eleição, e o novo ocu- 3.800 árvores iluminadas pela associação comercial, só paga-
pante do cargo, julgando que o projeto marcaria meu nome, mos a conta de luz. Há festas nos shoppings e nas universida-
abandoná-lo. E a cidade perderia o empreendimento." des, coordenadas em um calendário único pela prefeitura para
Outra iniciativa diz respeito a execução do Memorial do que não haja conflitos, mas agregação de valor. Isso é parceria."
Trópico de Capricórnio, que passa por Maringá, em terreno Silvio Barros citou uma entidade que já funcionava antes de
da prefeitura, com três grandes loteamentos em volta. "Como sua posse no município – a Sociedade Eticamente Responsá-
não havia dinheiro, propus colocar no estande de vendas deles vel (SER), que funciona dentro da associação comercial, criada
uma explicação sobre o parque. Os proprietários calcularam e mantida pelos empresários, com o objetivo de desenvolver
que a construção valorizaria os lotes em pelo menos 20%. Su- a consciência da importância dos impostos para o desenvolvi-
geri que, destes, metade ficasse com eles e a outra se destinas- mento econômico. "O propósito do SER é a educação fiscal,
se a começar a obra. Os donos reconheceram a valorização e porque eles não concordam com a carga tributária do Brasil,

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que é absurda, exagerada e tira a competitividade das empre- mento da população na gestão pública. E isso pode acontecer
sas. Se todos pagarem impostos, teoricamente, pagarão me- em qualquer município brasileiro, seja turístico ou não, rico ou
nos. O segundo passo seria usar a carga tributária corretamen- pobre, grande ou pequeno."
te. E instalaram, dentro da instituição, o Observatório Social Ao voltar ao ponto de discussão em torno da conveniência
de Maringá, um mecanismo para melhoria da qualidade dos da criação de uma Secretaria de Turismo, o prefeito assina-
gastos públicos. Uma equipe de 36 voluntários se qualificou lou o ônus de sua manutenção para o erário público. "Que
junto à Corregedoria Geral da União e ao Tribunal de Con- bônus poderia trazer para compensar esse investimento? O
tas do Estado para fiscalizar as contas municipais. Topamos a que podemos obter para a cidade com a Secretaria de Turis-
parceria para que, com a sociedade dentro da prefeitura, tivés- mo que não seja viável sem ela, gerenciando a atividade den-
semos melhores condições de identificar problemas, utilizar o tro da Secretaria de Desenvolvimento Econômico? Estamos
dinheiro para mais realizações e, eventualmente, até caminhar construindo a nossa infraestrutura turística. Os eventos são
na direção de uma redução de custos. Criei uma auditoria – a hoje o grande motivador de negócios para o setor. Ninguém
Secretaria de Controle Interno – e convidei a SER para indicar faz melhor esse trabalho de captação do que o Convention
o dirigente. O auditor, que fiscaliza a mim e a todos os secre- Bureau – com 180 associados –, do qual sou diretor até hoje.
tários, é um representante da sociedade, que não faz parte do Para que trazer para a prefeitura um custo se sei que, em par-
meu grupo político, não participou da minha campanha. Nun- ceria com a sociedade, consigo produzir um resultado muito
ca o tinha visto, apenas exigimos que comprovasse experiên- maior? Pode ser que, quando estivermos com o Parque do
cia em auditoria, fosse advogado ou contador. Ele presta mais Japão pronto e nossa estrutura estiver completa, possamos
conta à comunidade do que a mim. A sociedade tem o direito subir um degrau na atividade turística. Mas, é preciso que ela
de fiscalizar, eu sou só o gestor. O Observatório está entre chegue a esse ponto sozinha. Não farei por uma decisão polí-
os cinco projetos selecionados como finalistas pela Comissão tica de cima para baixo só porque tenho vínculos com o setor.
Econômica para a América Latina (Cepal), órgão da ONU, Entendo que este deverá conquistar seu espaço", advertiu.
entre os melhores de todo o continente devido ao envolvi-

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10. O turismo nos estados e suas respectivas economias
A necessidade da interface entre os órgãos

P
residente da Fundação de Turismo do Estado do Mato
Grosso do Sul, a economista Nilde Clara de Souza
Benites Brun, explorou o tema O Turismo nos Estados
e suas Respectivas Economias. No ordenamento do Turismo na
gestão pública desde 1993, teve participação efetiva em planos
e programas estruturantes, com proposições que possibilitam
até hoje ao Estado referências em âmbito nacional. Em 2008,
empossada como coordenadora-geral da Comissão de Turismo
Integrado da Região Sul do País, foi conduzida por unanimidade,
em março deste ano, ao cargo de presidente do Fórum Nacional
dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur).
Ela lembrou que o órgão foi criado, em 2000, pela neces-
sidade de uma interligação maior com a Embratur, composto
por um colegiado de secretários de estado, presidentes de en-
tidades e gestores que representam, oficialmente, suas federa-
ções no setor. Recentemente, instalou-se, também, o Inforum,
braço operacional do Fornatur, que atua, ao lado do CNT,
como órgão de assessoramento ao Ministério do Turismo na
elaboração e implantação do Plano Nacional do Turismo e na
discussão dos principais projetos do setor no Brasil. "O Fórum
incorpora as demandas regionais, traduzindo o pensamento e
a ação do executivo estadual na gestão do turismo e consti-
tuindo um bloco de expressão técnica e política. Grande par-
te dos estados não tem recursos para investir em promoção
comercial. Negociamos, tanto com o Ministério do Turismo
quanto com a Embratur, que designassem uma parte do orça-
mento para ser distribuída entre eles, mas de maneira bastan-
te coerente. Isto é, considerando certas particularidades para
evitar tratamentos desproporcionais, como, por exemplo, São
Paulo recebendo o mesmo que o Pará, ou o Rio de Janeiro
no patamar de Mato Grosso do Sul. Por isso, alguns critérios
foram definidos para nortear o repasse de verbas", esclareceu.
Nilde Brun adiantou que, no momento, está sendo trabalha-
da fortemente a questão da aviação regional – considerada um
grande problema nacional – com a Associação Brasileira das
Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar), o Ministé-
rio do Turismo e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
"Trata-se, portanto, de um grupo de representatividade e le-

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gitimidade da gestão turística dos estados, em comunicação Outra iniciativa conjunta do Fornatur com o Ministério
direta com os governadores e demais autoridades. Estabe- diz respeito ao fortalecimento das Agências Regionais de
lecemos uma interface muito direta com as Comissões de Desenvolvimento Turístico Integrado das Regiões Nacionais
Turismo do Senado e a da Câmara. O Fornatur tem sido o (Adetur). "Temos enfrentado muita dificuldade nesse proces-
berço para as regiões de assuntos que precisam ser encami- so porque, acredito, não encontramos o modelo ideal para
nhados para o debate em nível nacional. E o inverso também elas. Participei do início de sua formação e percebi que que-
acontece. As deliberações dentro da ríamos tudo de uma vez: definir a política da região, fazer
entidade são replicadas regional- capacitação, integrar todas as ações e, infelizmente,
mente. Temos trabalhado muito não conseguimos nada. Acho que foi um
estreitamente com o Ministério erro de modelo de gestão. Talvez
do Turismo, cujas proposições se começarmos na promoção –
passam, primeiramente, por nós, avaliando os resultados –, passan-
secretários, que conhecemos do para outras etapas, gradativa-
a realidade de nossos estados. mente, possamos construir algo.
Assim, ajudamos a entender Este é um grande desafio para os
melhor as diversidades entre gestores públicos."
eles. E conquistamos o respeito Ao ingressar no tema propos-
do Ministério, pelo modo firme to, ela informou que, de 1996 até
de nos posicionar. Tratamos de agosto de 2009, os investimen-
assuntos mais estratégicos. Mas, tos do Ministério do Turismo em
o estamos apoiando nos fóruns todo o País ficaram na casa de
regionais, a exemplo da Comissão R$ 6 bilhões. "Este ano, foi o orça-
de Turismo Integrada Nordeste. mento que mais sofreu com os cortes do go-
Em vez de cada um fazer o seu, os verno federal. Na comparação com outros setores, essa cifra
estados juntaram-se em um mesmo pacote para promover é nada. Se dividíssemos esse valor ao longo de 14 anos pelos
a região, em uma cota individual de cerca de R$ 700 mil. estados, chegaríamos a cerca de R$ 15 milhões por cada um.
Com isso, chegou-se a uma verba da ordem de R$ 6 mi- Mas é uma conta que não pode ser feita, em razão das dis-
lhões, volume muito mais expressivo para investimentos. Os paridades. Enquanto o Distrito Federal desfruta de R$ 700
órgãos estaduais de Turismo necessitam, obrigatoriamente, milhões, Acre e Amapá recebem uma quantia irrisória. E isso
estabelecer interface com os demais, para garantir projetos vai muito também da iniciativa do gestor no sentido de mo-
que beneficiem a atividade, seja junto à Secretaria de Obras bilizar sua bancada. Se eu não mostrar quais são os projetos
– que viabilizará estradas –, seja com a de Educação, que tra- importantes para o meu estado, não haverá emendas para
rá novos conhecimentos sobre a importância do nosso setor. que os recursos apareçam. É essa orientação que o Ministério
Temos um Plano Nacional do Turismo com metas claras e nos dá: pedir emendas para deputados e senadores. Precisa-
objetivas, possibilitando ações convergentes com os estados mos investir mais para elevarmos nossa participação além do
para que, no desenvolvimento de políticas, eles caminhem na quinto lugar atual na pauta das exportações. A atividade do-
mesma linha do Ministério e dos municípios. Se as direções méstica deverá ultrapassar a movimentação de desembarque
forem opostas, não chegaremos a lugar nenhum." este ano em relação a 2008, graças a uma política de estímulo

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da demanda interna, com campanhas como Viaje pelo Brasil e A capacidade do Turismo de gerar redes entre atividades e
Conheça o Brasil, até para que a balança comercial não fique produtos é o que lhe possibilita provocar um impacto maior e
tão defasada." Sob esta perspectiva, o Fornatur está lutando sustentável na economia, podendo-se verificar em uma escala
para captar parte da arrecadação proveniente da taxa aero- internacional, nacional, regional ou local. É exatamente a capa-
portuária da Infraero – 50% do total vão para fundo perdido, cidade de gerar redes que diferencia o desenvolvimento do
na conta do governo federal. No primeiro quadrimestre deste Turismo em cada destino. Não é preciso ter praias, cachoeiras.
ano, isso significaria R$ 140 milhões para aplicação pela Em- Mas deve haver investimento em infraestrutura, com pessoas
bratur, movimentando outros milhões em divisas para o País. capacitadas, e isso exige entendimento político. Infelizmente,
Segundo Nilde Brun, os estados vêm construindo estraté- essa percepção ainda não é unanimidade nos estados."
gias de curto, médio e longo prazos, a fim de consolidar o A presidente do Fornatur salientou a falta de uma meto-
setor dentro de uma vertente econômica, social e ambiental. dologia capaz de mensurar o impacto da atividade nas eco-
"Quase todos os meses os secretários têm recebido planeja- nomias locais. "Temos uma proposta da Organização Mundial
mentos, em geral para sete/dez anos, já com a visão de futuro. do Turismo (OMT) – a conta satélite –, sobre a qual o IBGE
A grande diferença da cadeia do Turismo é que, enquanto nas está trabalhando, mas que ainda não chega nos estados. Sem
demais temos claramente definida a ocorrência de cada pro- dimensionar, cientificamente, a participação do setor nos PIBs
cesso – produção, distribuição, comercialização –, nela muitas estaduais, a geração de emprego e renda, não se consegue
vezes esses momentos coincidem, dificultando uma atuação provar aos governadores que Turismo é importante. Qual o
isolada. Quando se trabalha com Turismo, é preciso pensar impacto nos postos de gasolina ou nos supermercados? Te-
em todas as fases ao mesmo tempo. A atividade interage na mos os números que indicam a movimentação direta, mas não
economia em três níveis. Existem os efeitos diretos, gerados os reflexos que o setor provoca na economia geral. Claro que
a partir das despesas locais iniciais, através dos turistas. Os já obtivemos crescimentos fabulosos. Mas sabemos o quanto
indiretos, referentes à cadeia de compras em bens e serviços há a empreender. E não adianta apontar, separadamente, o
que realizam as empresas receptoras dos gastos turísticos, di- governo federal, o estado, as entidades, os empresários ou
recionados aos seus próprios supridores. E, ainda, os efeitos a imprensa. É o somatório de tudo isso que determinará a
induzidos, representados pela série de gastos originados das diferença. O Fornatur vem atuando de forma bastante incisiva.
remunerações dos empregados, seja na área turística ou outra Os estados entenderam o papel que os secretários desempe-
do segmento comercial. Além disso, claro, há o retorno dos nham nessa política, importante para todos nós. Nossa grande
empresários, movimentando sua empresa e a economia local. preocupação é atender às suas necessidades, classificando-as
Toda uma rede de serviços é acionada a partir do momento por segmento, e resolvendo, se necessário, politicamente, cada
em que alguém toma a decisão de ir a determinado local. assunto em sua respectiva esfera de competência", finalizou.

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11. Palavra do Ministro do Turismo
Oportunidade histórica e responsabilidade republicana

A
indústria do Turismo no Brasil está diante do maior
desafio e da maior oportunidade de sua história. Na
condição de anfitrião da Copa do Mundo de 2014
e das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016, o País estará à
mostra em uma vitrine global. Para tirarmos o melhor proveito
de tamanha visibilidade temos de envidar esforços para reunir
os nossos talentos e competências.
Nesse sentido, o Conselho de Turismo da Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo dá grande
contribuição ao congregar importantes técnicos, empreende-
dores e agentes políticos da indústria do turismo para discuti-la
e traçar os caminhos e metas que devemos perseguir.
Precisamos ter foco na chance de projetarmos o Brasil
para além dos estereótipos que, década após década, sedi-
mentaram no exterior uma imagem que nos reduz ao fol-
clórico e ao exótico. O Brasil é muito mais, cada vez mais
complexo e plural.
Há muito não somos apenas o País das belezas naturais, do
samba e do futebol. Somos um País com cidades modernas,
ampla gama de serviços e também talento para produzir tec-
nologia e conhecimento. A prova do avanço do Brasil é que
há décadas deixamos de abastecer o mundo apenas de café
para nos tornarmos o maior produtor de alimentos do plane-
ta, com uma produtividade igualmente recorde, apoiada por
pesquisas científicas.

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Desenvolvemos tecnologia economicamente viável para a co surpreendeu o Brasil, a exemplo dos demais segmentos
geração de energia limpa e sabemos como extrair petróleo das da economia nacional. Em razão da rápida ação do governo
camadas mais profundas dos oceanos. Nosso País também pos- para aumentar os investimentos públicos, expandir o crédito,
sui a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo e reduzir impostos e garantir a manutenção dos empregos – e
nossas empresas vêm se internacionalizando rapidamente. com a economia irrigada pela renda de 20 milhões de brasi-
As competições que vamos sediar na próxima década, além leiros que passaram a consumir nos últimos cinco anos –, vi-
da oportunidade de formar uma geração de jovens atletas e vemos um ano impensável quando fazíamos os prognósticos
despertar o gosto por tantas outras modalidades esportivas, 12 meses atrás.
nos darão a chance de mostrar ao mundo esse Brasil moder- A indústria do Turismo manteve os 6,5 milhões de empre-
no, competente e que não abriu mão de suas tradições. gos que totaliza (aqui incluídos os trabalhadores dos bares e
O Turismo pode e deve ser um grande propagador e um restaurantes), graças à força do mercado doméstico, respon-
grande beneficiário desse Brasil do século XXI. Tratada como sável por 85% do PIB gerado pelo Turismo, algo em torno de
política pública de estado, desde 2003, quando o Presidente R$ 80 bilhões.
Luiz Inácio Lula da Silva criou o Ministério do Turismo, essa A resposta do mercado doméstico dependeu de vários fa-
indústria se consolida como importante ator da economia na- tores, entre eles o acerto da política anticíclica adotada pelo
cional, por meio da geração de emprego e renda e promoção governo federal no auge da crise. Mas deveu-se também a
da inclusão social. Já faz diferença na pauta de exportação do uma ação do Ministério do Turismo desenvolvida a partir
País, sendo a quinta colocada no ranking dos produtos e ser- do que previa o Plano Nacional de Turismo 2007/2010 –
viços que mais geram divisas estrangeiras para o Brasil. Em Uma Viagem de Inclusão. O documento – que será revisado
2008, foram US$5,78 bilhões, o dobro da receita gerada pelos no ano que vem para projetar as ações da indústria entre
turistas estrangeiros que nos visitaram em 2003. 2011 e 2014 – propôs três anos atrás uma "nova era" para
Em 2009, ano de forte crise financeira na Europa e nos o mercado interno. O Turismo construído para todos os
Estados Unidos (os principais mercados emissores interna- brasileiros. Para tanto, o governo federal, como indutor do
cionais de turistas), era de se esperar a estagnação ou mes- desenvolvimento, tem adotado políticas públicas de fomento
mo algum recuo do setor. Foi quando o Turismo domésti- ao mercado doméstico e promoção da inclusão.

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
34
A importância do mercado doméstico não nos faz perder a abriríamos mão dele? A inclusão social, grande proposta do
perspectiva de ampliar nossa promoção no exterior, para que Plano, vai sendo alcançada graças às políticas de continuidade
mais turistas estrangeiros venham ao Brasil, fiquem mais tem- e parcerias traçadas ao longo do caminho. Nos últimos dois
po no País e tragam mais divisas. Nossas dimensões continen- anos, a população das classes C e D que passou a viajar au-
tais, riqueza e diversidade exigem que trabalhemos também mentou 59%. O desafio, agora, é fidelizar esse novo consumi-
para que o Brasil se constitua em um destino turístico para dor, com produtos diferenciados e acessíveis. Nesse processo,
ser visitado várias vezes, como acontece com os países líderes a iniciativa privada é fundamental.
no mercado mundial. Assim é que a Embratur está lançando O cenário é de otimismo, mas ainda há um grande caminho
o Plano Aquarela 2020, com novas metas que incorporam as a ser percorrido. O dinamismo da atividade e, como disse antes,
oportunidades que a Copa e a Olimpíada nos oferecem. a responsabilidade de sermos sede da Copa e das Olimpíadas
A iniciativa privada, principal ator da atividade econômica e Paraolimpíadas, traduz-se em mais responsabilidade. Respon-
do Turismo, tem sido importante parceira nesse processo, em sabilidade de assegurar aos investimentos públicos e privados
que todos saem ganhando. O público da melhor idade, por sustentabilidade econômica, social e ambiental. Responsabilida-
exemplo, tem condições diferenciadas para conhecer o País de de estruturar o País e qualificar os trabalhadores para bem
durante a baixa ocupação. Os estudantes desbravam horizon- receber uma demanda crescente de turistas. E fazer tudo isso
tes fora das salas de aula. O empresariado mantém seus negó- com a eficiência, a lisura e a transparência que a sociedade exige.
cios aquecidos. Dois indicadores são capazes de traduzir essa Nós, brasileiros, reconhecidos pelos visitantes estrangeiros
movimentação: 1) O recorde de desembarques domésticos. como o que o País tem de melhor, vamos também reafir-
Serão 55 milhões em 2009, 10% a mais do que o recorde an- mar a nossa competência. Por meio de uma gestão pública
terior, registrado em 2007; 2) O número de brasileiros que fez descentralizada e participativa, que estimula o diálogo e o
pelo menos uma viagem pelo País aumentou 83% entre 2007 trabalho conjunto de diferentes níveis de governo, iniciativa
e 2009, como revelou pesquisa feita em 11 capitais brasileiras. privada e sociedade civil – a exemplo do que faz a Confede-
Em 2010 o PNT será atualizado, mas devemos manter a ração Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo –,
aposta no mercado interno. Quantos países no mundo têm haveremos de mostrar ao mundo este maravilhoso destino
um mercado consumidor estimado em 100 milhões? Por que turístico que é o Brasil.

Luiz Barretto
Ministro do Turismo

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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12. Conclusões
Proposições sobre o tema de Turismo e a economia do País

1. Priorizar o Turismo dentro da economia nacional, pelo seu melhoria dos equipamentos urbanos a eles disponibilizados
diferencial, como um grande gerador de emprego e renda. ou na qualidade dos serviços que lhe são prestados.

2. Fomentar a realização de pesquisas estatísticas, através da 6. Envolver a sociedade e torná-la participativa junto a ques-
iniciativa privada, para que produzam informações consis- tões concernentes ao interesse coletivo em suas cidades,
tentes, junto ao poder público que produz as políticas pú- com mecanismos de organização, monitoramento e gestão
blicas do setor. transparentes.

3. Agregar valor à atividade turística, se utilizando da diversi- 7. Elaborar, consolidar e divulgar um calendário de eventos nas
dade cultural, do ecoturismo, do fomento ao Turismo sus- cidades, com o governo tratando da promoção institucio-
tentável através de diagnósticos, pesquisas, planejamento,
nal destes eventos e a iniciativa privada primando por seu
comunicação e ações inovadoras, de modo a atrair, reter e
aspecto comercial.
fidelizar o viajante.

4. Buscar novos produtos como resposta à pluralidade da 8. Estabelecer novas frentes de debate que levem à desonera-
demanda (cada vez mais segmentada), customizando-os, ção tributária da atividade turística, como forma de aumen-
com vistas ao consumidor (classe C) que está chegando tar a competitividade das empresas, em face da redução
ao mercado. da relação custo-benefício de produtos e serviços turísti-
cos, atingindo os patamares que são praticados em nível de
mercado internacional, estabelecendo condições tributárias
5. Promover a percepção (através de cartilha, por exemplo)
similares a dos nossos principais concorrentes.
na população anfitriã acerca dos benefícios diretos causa-
dos pelo fluxo turístico local. Conscientizar a população dos
impactos econômicos positivos do Turismo na localidade 9. Fortalecimento das Agências Regionais de Desenvolvimen-
onde moram – seja na geração de emprego e renda, na to Turístico Integrado das Regiões Nacionais (ADETUR).

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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13. Perfil dos Palestrantes

"O Turismo como vocação: Como construir a cultura do "Valor Econômico do Turismo" | 19.09.09
Turismo no Brasil" | 26.08.09 Caio Luiz de Carvalho
Aspásia Camargo
Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo, com especia-
Socióloga, professora e historiadora carioca. Formada em Ciências lização em Ciências Políticas e em Direito Administrativo. Consi-
Sociais pela UFRJ, com doutorado na Universidade de Paris. Em derado um dos maiores especialistas da atividade turística no Bra-
1974, ingressou na Fundação Getúlio Vargas onde criou o Cen- sil, com livros publicados sobre o tema. Desde 2005 é Presidente
tro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do da São Paulo Turismo S/A, órgão de promoção turística e even-
Brasil (CPDOC) e o Centro Internacional de Desenvolvimento tos da cidade de São Paulo e representante da cidade no Grupo
Sustentável (CIDS). É professora da Universidade do Estado do de Trabalho para a Copa FIFA 2014. Atuou no Turismo da capital
Rio de Janeiro (UERJ) e, nos últimos 15 anos, tem organizado e paulista, do Estado e comandou durante 10 anos, de 1992 a 2002,
participado de inúmeros fóruns e discussões sobre um novo ciclo a estratégia do setor no País, tendo sido Secretário Nacional de
de desenvolvimento sustentável e de reformas políticas e sociais. Turismo e Serviços, Presidente da Embratur e Ministro do Esporte
Em 1989 assumiu a Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Ja- e Turismo, nos governos dos Presidentes Itamar Franco e Fernan-
neiro e, em 1993, a Presidência do Instituto de Pesquisas Econômi- do Henrique Cardoso. É professor da Fundação Getúlio Vargas na
cas Aplicadas (IPEA). Dois anos depois tornou-se vice-ministra do disciplina Gestão Pública do Negócio de Turismo e membro do
Meio Ambiente, quando organizou a Rio + 5 e criou a Agenda 21 Comitê Consultivo da Universidade Anhembi Morumbi. Carvalho
brasileira, tornando-se mais tarde, assessora especial da Presidên- presidiu também o Conselho Executivo da Organização Mundial
cia da República. Entrou para o Partido Verde em 2001 e, em 2004, do Turismo (OMT), ligada à ONU.
foi eleita vereadora do Rio de Janeiro, sendo reeleita em 2008.
Cargo atual:
Cargo atual: Presidente da São Paulo Turismo S/A, professor da Fundação
Professora da Uerj e Vereadora do Rio de Janeiro (PV) Getúlio Vargas na disciplina Gestão Pública do Negócio de Turis-
mo e membro do Comitê Consultivo da Universidade Anhembi
Morumbi.

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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"Os Impactos da Economia Turística na População Anfi- "A Importância do Turismo Receptivo na Economia do
triã" | 30.09.09 País" | 30.09.09
Bayard do Coutto Boiteux Gérard Raoul Jean Bourgeaiseau

Doutor Honoris Causa em Ciências Turísticas pela Universidade Executivo de larga experiência no meio turístico, é secretário Es-
de Nápoles, doutorando em Direito da Cidade, mestre em Edu- pecial de Turismo da Prefeitura do Rio de Janeiro, onde ocupa,
cação, com ênfase em Turismo, especialista em docência superior, também, a Presidência da RioTur, do Riocentro e do Conselho Es-
com inúmeros cursos no exterior nas áreas de marketing turístico, tadual de Segurança Turística. Gérard foi agente de viagens, traba-
legislação turística e planejamento turístico. É autor de inúmeros lhou na área comercial da Pan American e durante 28 anos exer-
artigos publicados em jornais especializados e de grande porte ceu diversas funções nos setores de vendas, promoções e eventos
no Brasil e no exterior. Já coordenou inúmeros eventos e criou da Varig. Um dos fundadores do Rio Convention Bureau, foi seu
projetos hoje considerados fundamentais para o desenvolvimento primeiro diretor-executivo e vice-presidente de 1987 a 1996, sen-
turístico, como o Programa Especial de Estruturação Turística dos do, atualmente, Presidente do seu Conselho Curador.
Municípios, Programa de Conscientização Turística do Estado do
Rio de Janeiro e Programa de Capacitação para as Forças de Segu-
rança. É consultor nacional e internacional na área de capacitação Cargo atual:
e técnico de turismo da RioTur, onde desenvolve projetos espe- Diretor de Relações Institucionais da Rede de Hotéis Windsor, Ex-
ciais. Pertence à Tourism and Travel Research Association (TTRA). Presidente da Riotur e Ex-Presidente do Rio Convention Visitors
Tem desenvolvido desde 2002 uma série de pesquisas no âmbito Bureau.
do Turismo carioca, através do Instituto de Pesquisas e Estudos do
Turismo (Ipetur) da UniverCidade, que preside.

Cargo atual:
Coordenador Geral dos Cursos de Turismo e Hotelaria da Uni-
vercidade e Presidente do site Consultoria em Turismo.

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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"Competitividade x Impacto na Economia" | 30.09.09 "O Turismo como Fator de Exportação" | 30.09.09
Luiz Gustavo Medeiros Barbosa Alexandre Sampaio de Abreu

Mestre em Gestão Empresarial (Ebape-FGV) e em Planejamento Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares
e Projetos Turísticos pela Bournemouth University (Reino Unido). do Município do Rio de Janeiro; 1º Vice-presidente da Federação
Economista formado pela UFF. Coordenador do Núcleo de Estu- Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares;Vice-presiden-
dos Avançados em Turismo e Hotelaria da Ebape-FGV; Coordena- te da ABIH-RJ; Diretor da ABIH Nacional; Vice-presidente do Sin-
dor e Professor do MBA em Turismo, Hotelaria e Entretenimento dicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Niterói, Re-
da Ebape-FGV. Professor da Disciplina Economia para o Setor de gião dos Lagos e Macaé; membro do Conselho Administrativo da
Turismo; Experiência nas áreas de ensino, pesquisa e consultoria TurisRio; membro do Conselho de Segurança Turística; ex-diretor
na área de Turismo. de Operações da TurisRio; membro suplente do Conselho Na-
cional de Turismo; proprietário do Copacabana Sul Hotel, no Rio
Cargo atual: de Janeiro, e do Lagos Copa Hotel em Macaé; delegado suplente
Coordenador e Professor do MBA em Turismo , Hotelaria e En- da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares
tretenimento e professor da Disciplina Economia para o Setor de junto à CNC.
Turismo da Ebape-FGV.
Cargo atual:
Empresário da hotelaria; Presidente do Sindicato de Hotéis, Res-
taurantes, Bares e Similares do Município do Rio de Janeiro; Vice-
Presidente da FNHBRS, da ABIH-RJ e Diretor financeiro da ABIH
Nacional.

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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"A Contribuição do Microempreendedorismo na Econo- "O Turismo nos Estados e suas Respectivas Economias" |
mia do Turismo" | 14.10.09 28.10.09
Silvio Magalhães de Barros II Nilde Clara B. Brun

Engenheiro civil, com especialização em engenharia ambiental. Economista com especialização em Administração em Turismo e
Foi o coordenador logístico da expedição de Jacques Cousteau à Hotelaria, iniciou sua carreira no Turismo em 1993, no Serviço
Amazônia em 1983. Trabalhou na atividade turística por 25 anos, de Apoio à Micro e Pequena Empresa de Mato Grosso do Sul
tendo sido Secretário de Turismo nos Estados do Amazonas e (Sebrae-MS), atuando na área de consultoria em planejamento,
também do Paraná. Foi Secretário Nacional Adjunto de Turismo organização e realização de cursos e seminários. Em 1999 é de-
em Brasília no então Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, signada Diretora de Turismo na extinta Companhia de Desenvol-
em 1993 e 1994. Durante cinco anos foi membro do Conselho vimento Econômico de Mato Gosso do Sul (Codems) e, em 2001,
Diretor da Sociedade Mundial de Ecoturismo. Como consultor, Superintendente de Turismo na Secretaria de Estado da Produção
foi responsável pela implantação dos Convention e Visitors Bu- e Desenvolvimento Sustentável. Com a criação da Fundação de
reaux de alguns dos principais destinos turísticos do Brasil: Foz Turismo do Estado, foi a primeira Diretora-presidente do órgão,
do Iguaçu, Curitiba, Recife, Manaus e Florianópolis. Foi Diretor onde ficou até o final de 2002, retornando à função entre 2004 e
para a América Latina do WTTC – Conselho Mundial de Viagens 2006 e assumindo novamente o cargo em janeiro de 2007, ocu-
e Turismo – entre 1999 e 2003. É palestrante e conferencista em pando-o até a presente data. Em 2008, tomou posse como Coor-
eventos de Turismo e meio ambiente em diversas partes do Brasil denadora-geral da Comissão de Turismo Integrado da Região Sul
e também no exterior. Atual Prefeito de Maringá, a terceira cidade (CTI – Sul) e foi conduzida, por unanimidade, ao cargo de Presi-
mais importante do Estado do Paraná, reeleito para período de dente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais
2009 a 2012. de Turismo (Fornatur), na 49ª reunião da entidade.

Cargo atual: Cargo atual:


Prefeito de Maringá – PR. Presidente da Fundação de Turismo do Estado do Mato Grosso
do Sul - Fornatur.

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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14. Anexo | Proposições Legislativas sobre Turismo e Economia
Análise: Orlando Spinetti, advogado da Divisão Jurídica da CNC

PLSC 00120/2006

Ementa: Exclui os espetáculos circenses da incidência do Im-


posto Sobre Serviços de Qualquer Natureza.
Data: 19.04.2007
Comissão: Comissão de Assuntos Econômicos.
Descrição da tramitação: Aguarda designação de Relator.

O Projeto de Lei Complementar nº 120/2006, de autoria


do Senador Álvaro Dias, que exclui os espetáculos circenses
da incidência do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natu-
reza, conhecido pela sigla ISSQN, tem o apoio da CNC ten-
do em vista que, sob o prisma jurídico quanto a arrecadação
tributária na qualidade de receitas para os Municípios, este
imposto sobre os espetáculos circenses significa muito pou-
co, entretanto, este imposto representa um fator extrema-
mente oneroso para o empreendimento de um circo, ainda
mais se considerarmos o conjunto de tributos já suportados
pela atividade.
Frise-se que anteriormente, pelo Decreto-Lei nº 406, de
31 de dezembro de 1968, legislação do ISSQN que vigia
até a promulgação da Lei Complementar nº 116, de 2003,
não havia a incidência desse imposto sobre o circo, o que
demonstra nossa afirmação sobre a desnecessidade de tribu-
tação sobre a atividade circense que, pela sua relevância cul-
tural, como atividade de entretenimento de inclusão social,
merece esse incentivo tributário.

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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PLS 00488/2003

Ementa: Dispõe sobre a dedução do lucro tributável, para fins do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas, do dobro das
despesas realizadas em Programas de Hospedagem para Lazer do Trabalhador, institui o vale-hospedagem e dá outras provi-
dências.
Data: 21.08.2008
Comissão: Plenário do Senado Federal.
Descrição da tramitação: Aguardando deliberação em Plenário. | 01.09.08 – Apresentado o Recurso nº 4 submetendo ao Ple-
nário o PLS 488/2003, que ficará perante a Mesa durante cinco dias úteis, a fim de receber emendas | Prazo para recebimento
de emendas perante a Mesa: 03.09.08 a 09.09.08 |10.09.08 – Encerrado o prazo sem apresentação de emendas.
O Projeto de Lei do Senado nº 488, de 2003, pretende dispor Por força do art. 1º do projeto pode-se deduzir, do Im-
sobre a dedução do lucro tributável, para fins do Imposto sobre posto de Renda (IR) devido, valor equivalente à aplicação da
a Renda das Pessoas Jurídicas, o dobro das despesas realizadas alíquota do IR sobre a soma das despesas de custo relativas
em Programas de Hospedagem para o Lazer do Trabalhador e aos Programas de Hospedagem para o Lazer dos Trabalha-
institui o vale-hospedagem. dores. A dedução fica, contudo, limitada, isoladamente, a 4%
Por mais sui generis que possa parecer, o PL é inovador e cria- do lucro tributável, e a 6%, quando computados também os
tivo para resolver o problema da falta de ocupação dos hotéis e incentivos do Programa de Alimentação do Trabalhador, do
incremento dessa importantíssima atividade econômica. O Go- Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial e do
verno já criou o PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador Programa de Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário
– instituindo o Vale-Refeição. Agora pretende criar o Vale-Férias (PDTI e PDTA). Note-se que o limite dos dois programas
ou Vale-Hospedagem pois não se pode apenas alimentar o cor- vigentes é de 4%, tanto isolada quanto cumulativamente.
po, com o vale-alimentação, é preciso cuidar da alma, da saúde Não se pode olvidar, ainda a criação do importante ins-
mental do trabalhador, com o vale-hospedagem. Por que, não? trumento de incentivo ao Turismo: o Vale-Hospedagem,
Nos últimos anos diversos hotéis foram fechados, porque não que o empregador poderá fornecer ao trabalhador para uti-
tiveram como competir com os novos produtos e se recompor lização em despesas de hospedagem e alimentação, quando
diante das dificuldades promovendo inovações, o que deixa evi- incluída no valor da hospedagem. Ademais, pode-se prever
dente que o setor hoteleiro carece de uma política nacional de a concessão de vantagem nos períodos de baixa estação, de
incentivos ao turismo, principalmente no sentido de incrementar forma a estimular que o trabalhador opte por usufruir o be-
a demanda turística e o consequente aumento das taxas de ocu- nefício em períodos de maior capacidade ociosa da rede ho-
pação hoteleira. teleira. A utilização dos equipamentos e serviços turísticos
Para tanto, o projeto de lei pode contribuir para resolver o existentes e ociosos viabilizará o melhor aproveitamento e
problema da ociosidade da rede hoteleira e a consequente bai- o crescimento da estrutura turística brasileira.
xa rentabilidade do setor, ao mesmo tempo em que estimula o O incentivo ao turismo aumenta significativamente o
aumento da demanda do turismo interno, facilitando o acesso movimento nos hotéis, operadoras, agências de viagens,
dos trabalhadores aos serviços de turismo. Além de possibilitar transportadoras aéreas, rodoviárias e marítimas etc., to-
o incremento de viagens nos períodos de baixa temporada, com talizando 52 segmentos da economia beneficiados pela
preços menores e mais competitivos. medida, o que desencadeará uma espiral de desenvolvi-
Isso não é novo no Mundo. A França, desde 1992, criou o mento econômico, com reflexos diretos para empresas,
"Cheque Vacance" cheque-férias com esse mesmo objetivo. empregados e governo.
Por outro lado, o incentivo não é ilimitado em seu valor e não Pelo exposto, somos favoráveis ao PL 488/2003 no sen-
representa renúncia fiscal ao erário mas investimento na saúde tido que devemos envidar esforços para que o projeto, em
mental do trabalhador. breve, se converta em lei ordinária.

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PL 01375/2007 PLS 00359/2008
Ementa: Classifica como atividade econômica exportadora, o Ementa: Acrescenta dispositivos ao art. 1º da Lei nº 8.989, de
setor de turismo receptivo. 24 de fevereiro de 1995, para estender a isenção do Imposto
Data: 10.07.2008 sobre Produtos Industrializados à aquisição de veículos desti-
Comissão: Comissão de Finanças e Tributação. nados ao turismo.
Descrição da tramitação: Aguarda Parecer do Relator. | Pra- Data: 08.10.2008
zo para Emendas ao Projeto (5 sessões ordinárias a partir de Comissão: Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo.
14/07/2008). | 14/08/2008 – Encerrado o prazo para emendas Descrição da tramitação: Aguardando deliberação na Comissão.
ao projeto. Não foram apresentadas emendas.
Trata-se do Projeto de Lei do Senado nº 359/2008 que
O Projeto de Lei nº 1.375/2007, de autoria dos nobres pretende estender o benefício fiscal que é dado aos taxistas
Deputados Otávio Leite, Carlos Zarattini e Lídice da Mata, na compra de veículos no que se refere à isenção de IPI para
classifica como atividade econômica exportadora o setor de a aquisição de veículos que transportam turistas, em geral
turismo receptivo. Seu art. 1º especifica que tal classificação, são automóveis do tipo vans.
nos termos do art. 150, II, da Constituição, se dará através das A rigor, o mesmo fundamento jurídico e técnico que justifica
iniciativas propostas por seus agentes econômicos, tais como a isenção do IPI para os taxistas que transportam os passagei-
meios de hospedagem, operadoras de turismo, agências de ros, em geral, embasa, por uma questão de isonomia, prevista
viagens receptivos, bem como organizadores e administrado- no art. 150, II da Constituição Federal, a isenção prevista neste
res de feiras, eventos, congressos e similares, que objetivam PL para os veículos que vierem a transportar turistas.
a captação de turistas estrangeiros de lazer e de negócios Com certeza, como previsto no texto do PL, somente os
para o Brasil. Já o art. 2º preconiza que referida classificação veículos autorizados e cadastrados pelo Ministério do Turis-
implica o direito à fruição, por qualquer agente econômico mo serão contemplados com esta medida.
do setor de turismo receptivo, de todos os benefícios fiscais, Em vista do exposto, é louvável a iniciativa parlamentar e
linhas de crédito e financiamentos oficiais instituídos em ór- merece todo o apoio da CNC.
gãos, bancos e agências públicas para fomentar a exportação
de produtos e serviços brasileiros.
Sob o prisma econômico, hoje é público e notório a
importância do turismo na qualidade de atividade econômica
para o Estado, gerando emprego, renda e divisas para o País.
Sob o prisma técnico-jurídico é de fundamental importância
a CNC apoiar o PL pois, na prática, trata-se de trazer para a
lei o reconhecimento da equivalência econômica do setor às
exportações convencionais de bens e serviços, que já são con-
templados com incentivos fiscais, principalmente para dotar
os empresários que atuam no segmento de turismo receptivo
de melhores condições de competitividade em frente a um
mercado global caracterizado por acirrada concorrência.

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15. Conselheiros

AIMONE CAMARDELLA AROLDO ARAÚJO


Diretor da Câmara de Consultores Associados, Diretor-Presidente da Aroldo Araújo Propaganda
Professor e Escritor
ARTHUR BOSISIO JUNIOR
ALEX CANZIANI Assessor de Relações Institucionais do Senac Nacional
Deputado Federal pelo Estado do Paraná e Presidente da Frente
Parlamentar de Turismo da Câmara de Deputados ASPÁSIA CAMARGO
Vereadora da Câmara Municipal da Cidade do Rio de Janeiro
ALEXANDRE SAMPAIO DE ABREU Ex-Secretária Executiva do Ministério do Meio ambiente,
Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Ex-Presidente do IPEA e Ex-Assessora Especial
Bares e Similares do Município do Rio de Janeiro, da Presidência da República
Vice-Presidente da Federação Nacional de Hotéis,
Restaurantes, Bares e Similares e BAYARD DO COUTTO BOITEUX
Diretor Financeiro da ABIH NACIONAL Coordenador Geral dos cursos de Turismo
e Hotelaria da UniverCidade.
ALFREDO LAUFER Presidente do Site Consultoria em Turismo-Bayard Boiteux
Consultor Empresarial de Turismo e Professor da FGV
BEATRIZ HELENA BIANCARDINI SCVIRER
ALLEMANDER J. PEREIRA FILHO Pesquisadora e Redatora do Arquivo Nacional
Diretor e Assessor da Aviação Civil
Ex-Diretor da Anac, Ex-Diretor-Presidente da Sata CAIO LUIZ DE CARVALHO
Presidente da São Paulo Turismo S/A
ANTONIO HENRIQUE BORGES DE PAULA Ex-Presidente da Embratur e Ex-Ministro de Estado
Gerente de Projetos Estratégicos do SENAC/DN dos Esportes e Turismo
Ex-Secretário de Estado de Turismo de Minas Gerais
CARLOS ALBERTO AMORIM FERREIRA
ANTONIO PEDRO VIEGAS FIGUEIRA DE MELLO Presidente da Associação Brasileira das Agências
Presidente Secretário da RioTur de Viagens – Abav Nacional
ANTONIO PAULO SOLMUCCI JÚNIOR CARLOS ALBERTO RAGGIO DAVIES
Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Diretor de Turismo e Hotelaria do Instituto Internacional
(ABRASEL) de Desenvolvimento Gerencial
AQUILÉA CORREA HOMEM DE CARVALHO CARMEN FRIDMAN SIROTSKY
Presidente do Conselho Fiscal da ABEOC Nacional Conselheira do Clube de Engenharia
Ex-Presidente da ABEOC
CLAUDIO MAGNAVITA CASTRO
ARNALDO BALLESTÉ FILHO Presidente da Abrajet Nacional
Diretor-Vice-Presidente do Touring Club do Brasil Presidente do Jornal de Turismo – AVER Editora

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
44
CLEBER BRISIS DE OLIVEIRA GILSON GOMES NOVO
Gerente Geral do Royal Rio Palace Hotel Diretor do Grupo Águia e Coordenador no Grupo
para a Copa do Mundo de 2014
CONSTANÇA FERREIRA DE CARVALHO Ex-Presidente do Amadeus
Diretora da C&M – Congresses and Meetings
Ex-Presidente da ABEOC GLÓRIA DE BRITTO PEREIRA
Diretora de Marketing da RioTur
DALTRO ASSUNÇÃO NOGUEIRA
Presidente da Câmara Empresarial de Turismo da Federação GLÓRIA KONRATH NABUCO
do Comércio do Estado de Minas Gerais – Fecomércio Minas Presidente da Abrajet – RJ
Tradicional Agente de Viagem de Belo Horizonte
GUILHERME PAULUS
DIRCEU EZEQUIEL DE AZEVEDO Presidente do Conselho de Administração do grupo CVC
Jornalista representante do Brasilturis Jornal no Rio de Janeiro e Membro representante da Presidência da República
do Conselho Nacional de Turismo
EDUARDO JENNER FARAH DE ARAUJO
Diretor-Presidente do Grupo IETUR – Instituto de Estudos HARVEY JOSÉ SILVELLO
Turísticos do RJ Consultor, Representante do Lions Internacional

GENARO CESÁRIO HÉLIO ALONSO


Consultor de Turismo – Representante da Federação Presidente da Organização Hélio Alonso – Educação e Cultura
do Comércio do Estado do Amazonas
HORÁCIO NEVES
GEORGE IRMES Diretor e Editor do Brasilturis Jornal
Presidente do SINDETUR/RJ (Sindicato das Empresas
de Turismo do RJ, Professor de Turismo da UniverCidade ISAAC HAIM
e da Universidade Estácio) Presidente Honorário – SKAL Internacional/Brasil

GÉRARD RAOUL JEAN BOURGEAISEAU ITAMAR DA SILVA FERREIRA FILHO


Diretor de Relações Institucionais da Rede de Hotéis Windsor, Diretor-Presidente da Ponto Forte Segurança Turística
Ex-Presidente da RioTur e Ex-Presidente do Rio Convention
Visitors Bureau JOANDRE ANTONIO FERRAZ
Advogado e Consultor de Empresas e Entidades
GILSON CAMPOS de Turismo, Professor da FGV/EAESP
Editor da Revista do Turismo Sindicato das Empresas de Turismo no Estado
de São Paulo – Sindetur
GILBERTO F. RAMOS Ex-Diretor de Operações da Embratur
Presidente da Câmara Brasil-Rússia de Comércio,
Indústria & Turismo JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA
Presidente da Federação das Câmaras de Comércio Exterior

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
45
JOSÉ ANTÔNIO DE OLIVEIRA MALÚ SANTA RITA
Ex-Superintendente da Varig Diretora do Hotel da Cachoeira – Penedo/RJ

JOÃO FLÁVIO PEDROSA MARCO AURÉLIO GOMES MAIA


Presidente da Sociedade Náutica Brasileira Ex-secretário Executivo de Turismo do Município de Macaé
Presidente do Movimento Asas da Paz Proprietário do Hotel Glória Garden Suítes

JOMAR PEREIRA DA SILVA ROSCOE MARIA CONSTANÇA MADUREIRA HOMEM DE CARVALHO


Jornalista, Publicitário e Presidente da Associação Advogada – Especialista em Direito Ambiental
Latino-Americana de Agências de Publicidade (ALAP) Ex-Diretora do Blue Tree Park Hotel

JOSÉ GUILLERMO CONDOMÍ ALCORTA MARIA ELIZA DE MATTOS


Presidente da Panrotas Editora Ltda. Diretora Winners Travel
Ex-Presidente do SKAL – Brasil
JOSÉ HILÁRIO DE OLIVEIRA E SILVA JÚNIOR
Advogado, Diretor da AL-Viagens e Turismo Ltda. MARIA ERCÍLIA BAKER BOTELHO LEITE DE CASTRO
Diretora Geral da Cia. Caminho Aéreo Pão de Açúcar
JONATHAN VAN SPEIER
Professor – FGV – University of Southern Califórnia MARIA LUIZA DE MENDONÇA
Procuradora da Fazenda Nacional
JORGE SALDANHA DE ARAÚJO
Membro Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) MÁRIO BRAGA
Jornalista credenciado na Presidência da República, Diretor – M. BRAGA Representações e Consultoria Ltda.
Ministério das Relações Exteriores, Ministério Consultor Empresarial de Turismo e Hotelaria
da Justiça e Senado Federal, Brasília-DF.
MÁRIO REYNALDO TADROS
LEILA SERRA MENEZES FARAH DE ARAÚJO Presidente do Sindicato das Empresas de Turismo
Diretora do Grupo IETUR – Instituto de Estudos Turísticos do RJ no Estado do Amazonas
Membro do Conselho da ABAV – Nacional
LEONARDO DE CASTRO FRANÇA
Presidente do Touring Club do Brasil MAUREEN FLORES
Pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas do Núcleo de Estudos
LUIZ STRAUSS DE CAMPOS Avançados de Turismo e Hotelaria
Presidente da Associação Brasileira de Agências
de Viagens – Abav/RJ MAURÍCIO DE MALDONADO WERNER FILHO
Coordenador do Curso de Turismo da UniverCidade
LUIZ BRITO FILHO Diretor-Presidente da Planet Work-Empreendimentos
Assessor de Relações Institucionais – TURISRIO
e especialista em Portos e Aeroportos MAURO JOSÉ MIRANDA GANDRA
Presidente Executivo da Associação Nacional
LUIZ CARLOS BARBOZA de Concessionária de Aeroportos Brasileiros
Sócio principal da LBC – Consultoria Organizacional Brigadeiro do AR – reformado e Ex-Ministro da Aeronáutica

LUIZ GUSTAVO MEDEIROS BARBOSA MAURO PEREIRA DE LIMA E CÂMARA


Coordenador do Núcleo de Turismo da Fundação Getúlio Vargas Vice-Presidente da Liga de Defesa Nacional

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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MURILLO COUTO ROBERTA GUIMARÃES WERNER
Consultor de Aviação e Turismo Diretora do Setor de Curso e Treinamento Empresarial da Planet
Work Consultoria em Turismo e Gerente de Eventos
NELY WYSE ABAURRE
Assessora Técnica de Turismo do Senac/DN ROBERTO DE ALMEIDA DULTRA
Presidente da Brazilian Incoming Travel Organization (BITO)
NILO SERGIO FÉLIX Diretor da GB Internacional Operadora de turismo receptivo
Presidente da Turisrio
Ex-Subsecretário de Estado do Turismo do Rio de Janeiro ROQUE VICENTE FERRER
Subprocurador geral da Justiça do Trabalho – Ministério Público
NORTON LUIZ LENHART
Presidente da Federação Nacional de Hotéis, ROSELE BRUM FERNANDES PIMENTEL
Restaurantes, Bares e Similares, Vice Presidente dos membros Diretora da Abav – RJ
Afiliados da Organização Mundial de Turismo (OMT),
Coordenador da Câmara Empresarial de Turismo da CNC RUBENS MOREIRA MENDES FILHO
Membro do Conselho Nacional de Turismo e Diretor da CNC Deputado Federal – Estado Rondônia
Presidente do Sindetur – Sindicato das Empresas de Turismo de
ORLANDO KREMER MACHADO Rondônia
Clube Mutua – Recreação e Lazer Ex-Senador da República
Executivo de Turismo
SÁVIO NEVES FILHO
ORLANDO MACHADO SOBRINHO Diretor do Trem do Corcovado, Presidente da Associação
Presidente do Muperj – Movimento da União para o Progresso Brasileira de Trens Turísticos Urbanos, Presidente do Conselho de
do Estado do Rio de Janeiro Turismo da Associação Comercial do Rio de Janeiro,
Jornalista e Executivo de Turismo Vice-Presidente do Sindepat Sindicato Nacional de Parques
Temáticos e Membro do Conselho Nacional de Turismo
PAULO ROBERTO WIEDMANN
Consultor Jurídico da Abav Nacional e Abav – RJ SÉRGIO PAMPLONA PINTO
Titular da Wiedmann Advogados Associados Advogado e Ex-Diretor/Assessor da Presidência – RioTur

PEDRO FORTES SONIA CHAMI


Superintendente de Operações da Rede Tropical Hotels & Diretora do Sol Ipanema e Diretoria Jurídica – ABIH Nacional
Resorts Brasil
Assessor Especial do Secretário de Estado de Turismo, TÂNIA GUIMARÃES OMENA
Esporte e Lazer do Rio de Janeiro Presidente da ABBTUR/RJ – Associação Brasileira de Bacharéis
Ex-Diretor da ABIH Nacional e tradicional hoteleiro em Turismo
no Rio de Janeiro
VENÂNCIO GROSSI
PERCY LOURENÇO RODRIGUES Presidente-Diretor VG – Assessoria & Consultoria –
Ex-Presidente da Rio Sul e Nordeste – Cias Aéreas Aeronáutica Ltda.
Brigadeiro da Aeronáutica, Ex-Diretor Geral do DAC
RESPÍCIO A. DO ESPIRITO SANTO Jr.
Professor adjunto da Escola Politécnica da UFRJ
Presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos
e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo

RICARDO CRAVO ALBIN


Presidente do Instituto Cultural Cravo Alvin

O Tu r i s m o e a E c o n o m i a n o B r a s i l – C N C
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www.portaldocomercio.org.br

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