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INTRODUÇÃO GLOBAL AO NOVO TESTAMENTO

1. CONTEXTO POLÍTICO INTERTESTAMENTÁRIO E DO NOVO


TESTAMENTO
Assim são chamados os aproximadamente 400 anos de silêncio profético entre o
profeta Malaquias e o nascimento de Cristo. Os últimos livros do Antigo
Testamento foram escritos por volta do ano 430 (a. C.). Jesus Cristo nasceu por
volta do ano 04 (a. C.). No início desse período, os judeus continuavam no “tempo
dos gentios, sob o domínio decadente do Império Persa.

1.1 OS IMPÉRIOS DOMINANTES


Na sucessão dos grandes Impérios devemos lembrar o seguinte:
Do ano 539 a 331 (a. C.) dominava o Império Medo- Persa
Do ano 331 a 63 (a. C.) dominava o Império Grego
Do ano 63 (a. C.) em diante, começou o Domínio Romano, que em sua
parte Ocidental durou até 476 (d. C.) e Oriental até 1453 (d. C.).

1.2 O DOMÍNIO GREGO E O HELENISMO


O helenismo, a cultura e a língua grega dominou o Oriente Médio na maior parte
desse período. A língua grega passou a ser a língua mais falada no mundo.
Alexandre o Grande, com seu exército irresistível, ampliava cada vez mais as suas
conquistas. Ele fundou setenta cidades, fazendo seus soldados casarem com
mulheres orientais, misturando a cultura grega com a oriental. A cultura grega
rompeu as barreiras nacionais, raciais e sociais, que resultou num espírito
cosmopolita, sincretismo religioso e humanista. Mas, aos 33 anos de idade,
Alexandre contraiu uma grave doença e veio a falecer. Como não tinha sucessor
para assumir o reino, o Império foi dividido em quatro partes, governada por quatro
generais, sendo que duas delas tornaram-se importantes no contexto histórico do
Novo Testamento: a porção dos Ptolomeus, ou o Egito, (governado por Ptolomeu)
e a dos Selêucidas, ou a Síria (governada por Selêuco). Como ocorreram guerras
entre os dois reinos, os Israelitas ficavam no meio desse campo de batalha. Havia
muita insegurança, instabilidade política, guerras e perseguição religiosa. Os

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Israelitas eram muito conservadores em sua religião e cultura. Antíoco Epifânio
(175 -163 a. C.), rei da Síria, tentou implantar o Helenismo em Israel, com práticas
de esporte olímpico, teatro, vestuário grego e mudança de nomes hebreus para
gregos. Os que se opuseram a tais práticas, eram chamados de “hassidim”
(“piedosos”, ou “puritanos”). A cidade de Jerusalém foi saqueada e queimada. No
ano 168 (a. C.) ele tentou implantar o paganismo à força. A circuncisão, a guarda
do sábado, a observância das festas judaicas e possuir cópias do Antigo
Testamento, tornou-se pena capital.
Muitos manuscritos do Antigo Testamento foram destruídos. Os sacrifícios pagãos
foram gradativamente implantados. Um altar a Zeus (principal deus grego) e
possivelmente uma estátua do mesmo, foram erigidos no Templo e sacrifícios de
animais impuros eram realizados, seguidos de prostituição cultual.

1.3 O PERÍODO MACABEU


Diante da imposição da cultura e religião grega, houve uma forte resistência por
parte dos judeus, a princípio, apenas passiva. Mas à medida que a repressão e
perseguição aumentava por parte dos gregos, no ano 167 (a. C.), a resistência
passou a ser ativa, e foi denominada a “Revolta dos Macabeus”. Judas Macabeu
liderou uma campanha de guerrilhas contra os Sírios, cujo movimento cresceu, ao
ponto de organizar um exército capaz de enfrentar os inimigos em campo aberto.
Era também uma guerra civil entre os judeus a favor e contra o helenismo. No ano
142 (a. C.), os judeus conquistaram novamente a sua independência, que durou
até 63 (a. C.), porém com contendas internas por causa da ambição pelo poder.
Finalmente, em 63 (a. C.), o general romano Pompeu conquistou Israel e a
Palestina, ficando sujeito a eles durante séculos.

1.4 O PERÍODO ROMANO


O Imperador Augusto instituiu o sistema de governo provincial, liderada por um
Procônsul ou Procurador Romano, que cuidavam das mesmas. Os Romanos
permitiam a existência de governos nativos, vassalos de Roma na Palestina.
Essas províncias, como também Israel, tinham a sua liberdade religiosa, falavam

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seu próprio idioma e praticavam seus costumes, mas pagava impostos para
Roma. Na época do Novo Testamento, podemos destacar alguns dos seus
Imperadores:
1.4.1 AUGUSTO (27 A. c. – 14 D. C.)
Em sua época houve o Censo Civil, nasceu Jesus Cristo, o massacre das crianças
e os início do culto ao Imperador Romano.
1.4.2 TIBÉRIO (14 – 37 D. C.)
Em sua época Jesus realizou seu Ministério Público e foi crucificado.
1.4.3 CALÍGULA (37 – 41 D. C.)
Exigiu que todos lhe prestassem culto e mandou colocar sua estátua no Templo de
Jerusalém, porém veio a falecer antes do serviço ser feito.
1.4.4 CLAUDIO (41 - 54 D. C.)
Por motivos de distúrbios civis, em 49 (d. C.) expulsou todos os judeus de Roma,
incluindo Áquila e Priscila.
1.4.5 NERO (54 – 68 D. C.)
Perseguiu os cristãos (de 64 a 68) e mandou executar Paulo e Pedro.
1.4.6 VESPASIANO (69 – 79 D. C.)
Quando ainda era general começou a esmagar uma revolta dos judeus, voltou a
Roma para ser Imperador e deixou a tarefa com seu filho Tito, que culminou com a
destruição do Templo e de Jerusalém, no ano 70, e a eliminação da nação
Israelita, que resultou na Diáspora (dispersão). Os Judeus ficaram sem a sua
pátria, até 1948.
1.4.7 DOMICIANO (81 – 96 D. C.)
Moveu uma grande perseguição aos cristãos, visando o extermínio da fé cristã,
em cujo contexto surgiu a Revelação do Apocalipse.

2. O AMBIENTE SECULAR DO NOVO TESTAMENTO


2.1 POPULAÇÃO
2.1.1 POPULAÇÃO JUDAICA

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Calcula-se que cerca que o povo judeu era composto de aproximadamente quatro
milhões de pessoas, ou cerca de 7% da população do Império Romano.

2.1.2 MAIORES CIDADES DO IMPÉRIO ROMANO


As maiores cidades do Império eram:
2.1.2.1 Roma, com cerca de um milhão de pessoas, dos quais quatrocentos
mil eram escravos;
2.1.2.2 Alexandria, com aproximadamente quinhentos mil habitantes;
2.1.2.3 Antioquia com cerca de trezentos mil habitantes.

2.2 IDIOMAS MAIS FALADOS


2.2.1 Grego (a língua universal);
2.2.2 Latim (a língua oficial dos Romanos);
2.2.3 Aramaico [siro-caldaico] (a língua falada no Oriente Médio).

2.3 TRANSPORTE, COMÉRCIO E COMUNICAÇÃO


O Império era até mesmo bem servido neste sentido, mas a Palestina era muito
fraca em sua infraestrutura.

2.3.1 ESTRADAS DA PALESTINA


Não havia estradas pavimentadas na Palestina, mas havia diversas estradas:
2.3.1.1 De Jerusalém a Belém e Gaza (da terra dos Filisteus);
2.3.1.2 De Jerusalém (nordeste) a Betânia e Damasco (conversão de
Paulo);
2.3.1.3 De Jerusalém (norte) através da Samaria até Cafarnaum;
2.3.1.4 De Gaza a Tiro (na costa do Mediterrâneo);
2.3.1.5 A Via Maris, de Damasco a Cafarnaum, na direção de Nazaré,
prosseguindo até a costa do Mediterrâneo.

2.3.2 ESTRADAS ROMANAS

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No Império Romano também tinha boas estradas, feitas em linha reta e com
pavimentação que durava séculos. Os primeiros Missionários cristãos, as legiões
de soldados, os correios do Império e o comércio foram muito beneficiados por
elas.
2.3.3 MEIOS DE LOCOMOÇÃO
As pessoas andavam a pé, em lombo de burro, cavalos ou mulas, carruagens e
liteiras.

2.3.4 HOSPEDARIAS (POUSADAS OU HOTÉIS)


Havia bem poucas e muito mal cuidadas. Basicamente, as pessoas dependiam da
hospitalidade de amigos.

2.3.5 NAVEGAÇÃO
As embarcações eram movidas a vela ou a remo, onde havia escravos de galé, de
duas até 10 fileiras de remadores. Havia barcos de diversos tamanhos, chegando
a ter até 60 metros de comprimento, que eram usados para carga e transporte de
pessoas. O navio que levava Paulo a Roma, transportava trigo e mais 276
pessoas. Também havia navios de guerra, que eram mais leves e velozes. As
barcaças cruzavam os rios e canais.

2.3.6 MATERIAL DE ESCRITA


O material de escrita usado para cartas e documentos era feito de papiro,
cerâmica e tabletes recobertos de cera. Os documentos mais importantes eram
escritos em couro e pergaminho.

2.4 SERVIÇOS PÚBLICOS


Em Alexandria havia um bom sistema de educação. A biblioteca da cidade
continha cerca de um milhão de volumes. A arqueologia descobriu que havia 2,5
quilômetros de colunas para iluminação pública, e a rua pavimentada com
mármore. As principais cidades já tinham redes subterrâneas de esgoto. Havia
banhos públicos para todos, onde a princípio uma vez por dia as pessoas se

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banhavam, e depois, de quatro a sete vezes. Os chuveiros foram inventados pelos
gregos.

2.5 MORADIAS
2.5.1 MORADIAS ROMANAS
Os romanos mis ricos construíam casas de tijolos e até mesmo de concreto, com
portas duplas e trancas de ferro. Os pobres moravam em casas de madeira ou
cabanas com telhados de palha. Na cozinha havia uma fornalha e um forno feito
de pedras. As lâmpadas para iluminação eram movidas a azeite. Havia
encanamento de água a aquecimento, bombeando o ar quente por meio de foles.
Na cidade de Pompéia, um famoso centro de férias dos romanos, em suas casas
já tinham as paredes decoradas e até dois banheiros.

2.5.2 MORADIAS NA PALESTINA


Na Palestina as moradias eram muito mais simples. As casas eram feitas com
tijolos de barro amassado com palha e assados ao sol. Os telhados eram planos,
feito com galhos de árvores, palha e barro. Por isso eram cheios de goteiras e
após cada chuva precisavam de manutenção. Geralmente eram feitas em dois
níveis: na parte inferior ficavam os animais e as pessoas moravam no andar
superior. Uma escada do lado externo conduzia ao eirado, onde as pessoas
dormiam nas noites quentes, secavam os grãos e as frutas, e também oravam. O
piso geralmente era apenas chão batido. Só nas melhores casas havia uma
pavimentação feita de pedras. Os móveis eram leitos, baús para roupas e demais
utensílios. Os leitos eram um colchão ou apenas uma colcha estendida no chão.
As pessoas não usavam pijamas, mas dormiam com as roupas que usavam
durante o dia.

2.6 ALIMENTAÇÃO

2.6.1 ALIMENTAÇÃO DOS ROMANOS

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Os romanos costumavam fazer quatro refeições ao dia. Seus alimentos eram os
seguintes: pão, mingau de aveia, sopa de lentilhas, leite de cabra, queijo,
verduras, frutas, azeitonas, toicinho defumado, linguiça, peixe, e vinho diluído em
água.

2.6.2 ALIMENTAÇÃO DOS JUDEUS


Os judeus faziam duas refeições diárias: uma ao meio dia e outra à noite. Comiam
principalmente frutas e legumes. Também comiam pão e peixes. Como adoçantes
usavam uvas passas, figos, tâmaras e mel. A carne assada ou cozida era
reservada para os dias de festa. Nas refeições formais costumavam reclinar-se em
divãs acolchoados. Nas refeições normais se assentavam.

2.7 VESTUÁRIO E MODA


2.7.1 Os homens vestiam uma túnica, semelhante a uma camisola, até à altura
dos joelhos, um cinto, um turbante ou chapéu e sandálias. Nos meses mais frios
usavam uma manta por cima da túnica. A cor branca é a preferida dos homens.
Cortavam o cabelo com navalhas, mas não cortavam a barba. Os cabelos dos
homens na Palestina eram um pouco mais longos do que em outras regiões. Os
homens também tingiam os cabelos.
2.7.2 As mulheres usavam uma túnica curta como roupa de baixo e uma túnica
longa e colorida por cima, que descia até aos pés. As mais ricas usavam
cosméticos (inclusive batom), pintura nas sobrancelhas, sombras para os olhos,
brincos e pendentes no nariz. Cobriam a cabeça com um véu (mas não o rosto).
Tingiam os cabelos, faziam penteados armados e usavam perucas.

2.8 CLASSES SOCIAIS


2.8.1 No mundo romano não havia uma classe média forte, mas apenas os
senhores e os escravos. Entre eles havia muitas pessoas letradas: Médicos,
contadores, professores e filósofos, mais competentes do que seus patrões. Havia
também os gladiadores, que divertiam o povo nas arenas. Numa determinada
época, o império chegou a ter mais escravos do que homens livres.

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2.8.2 Entre o povo judeu, os sacerdotes e os rabinos formavam a
aristocracia; os fazendeiros, negociantes e artesãos eram a maioria da população;
os escravos (eram os endividados e prisioneiros de guerra); e os publicanos, que
arrecadavam impostos para os romanos, cobravam acima do normal e recebiam
propina dos ricos em troca de cobrança de valores inferiores.

2.9 FAMÍLIA
A família greco-romana estava em baixa. Havia um baixo índice de natalidade e a
prática do infanticídio. Uma criança indesejada podia ser simplesmente
abandonada ou morta.
Na Palestina as famílias eram numerosas. Havia alegria no nascimento de um
menino e tristeza no nascimento de uma menina.
As pessoas não tinham sobrenome, mas simplesmente se complementava com o
nome do pai (ex. filho de Alfeu), ou pela profissão (Ex. Simão o curtidor). Quando
alguém falecia, contratavam as carpideiras, que faziam lamentações em nome da
família.

2.10 MORALIDADE
Devemos ressaltar que naquela época ainda havia pessoas que prezavam por
pureza e santidade de vida. Mas havia muita imoralidade sexual, que incluía a
prostituição cultual do paganismo. Tanto os homens, como as mulheres se
prostituíam. Meninas escravas ou resgatadas do infanticídio eram vendidas como
prostitutas. Alguns homens lançavam a esposa e as filhas na prostituição, a fim de
ganhar dinheiro. Nas escavações de Pompéia, vêm-se as gravuras de pornografia
nas paredes das casas. O divórcio era simples de ser arranjado para os homens,
mas a mulher não tinha o direito de solicitar o mesmo.
2.11 ENTRETENIMENTOS
No Império Romano havia as arenas onde os gladiadores e as feras promoviam
espetáculos de violência e crueldade como diversão para o povo. Em apenas um
desses eventos, morreram 10.000 pessoas; 5.000 animais ferozes; 4.000 animais
mansos e 300 leões foram sacrificados. Foi derramado tanto sangue, que a areia

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teve de ser trocada três vezes. Além disso havia as corridas de bigas (com
apostas), o teatro, as olimpíadas, música e literatura.

2.12 NEGÓCIOS E TRABALHO


Naquele tempo já surgiram os primeiros sindicatos para defender o interesse de
certas classes. Havia também assistência social, prestado aos órfãos e às viúvas.
A indústria limitava-se a pequenas oficinas locais. O transporte de mercadorias a
longas distâncias era muito perigoso, devido ao ataque de salteadores. A
navegação marítima só era possível nos calmos meses de verão. A agricultura
(familiar) ia bem: selecionavam sementes, usavam fertilizantes e inseticidas, e
praticavam o plantio rotativo. Usavam da prática de empréstimos e agiotagem.

2.13 CIÊNCIAS E MEDICINA


Naquele tempo a ciência também já se destacava em algumas áreas. No século III
(a. C.) Eratóstenes, bibliotecário de Alexandria, ensinava que a terra era esférica e
calculou a sua circunferência em 24.000 milhas, e ele só errou por 800 milhas.
Calculou a distância entre a terra e o sol em 92.000.000 de milhas e a ciência
moderna calcula a mesma em 93.000.000 de milhas.
Na medicina, também já se faziam cirurgias no crânio, traqueostomias e
amputações. As qualidades de um bom cirurgião deviam ser as seguintes: mãos
firmes (sem tremer), e caráter firme, sem muita compaixão. Devemos lembrar que
ainda não tinham anestésicos. Também já tinham vários tipos de instrumentos
cirúrgicos: fórceps, catéteres e espátulas. No campo da odontologia preenchiam
as cavidades dos dentes com ouro. As dentaduras provinham da boca de pessoas
falecidas e de animais. Também já usavam produtos para polir e branquear os
dentes

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3. O AMBIENTE RELIGIOSO DO NOVO TESTAMENTO
3.1 INTRODUÇÃO
De modo geral, Roma tolerava a religião dos povos conquistados. Dentre elas,
Judaísmo era considerado uma religião legal e o Cristianismo era considerado
uma seita do Judaísmo. Portanto, apesar de causar preocupações para Roma, os
cristãos estavam sob a sombra do Judaísmo. Mesmo assim, o Imperador Nero,
perseguiu e torturou os cristãos, de 64 – 68 (d. C.), quando mandou incendiar a
cidade de Roma, e a notícia de seu crime vazou, simplesmente culpou e puniu os
cristãos.
No ano 66 (d. C.) os judeus se rebelaram contra Roma, e esta revolta, no ano 70
(d. C.) resultou na destruição do Templo e da cidade de Jerusalém e ainda na
extinção de Israel como nação, até o ano de 1948. Dessa forma o judaísmo e o
cristianismo já não eram mais uma religião legal aos olhares de Roma.
No ano 91 a 96 (d. C.) o Imperador Domiciano moveu uma terrível perseguição
aos cristãos, e sua intenção era exterminar o Cristianismo.
Até o início do IV século, a Igreja cristã estava sob o risco da perseguição. Os
motivos eram diversos, mas principalmente porque os cristãos se recusavam a ir
para a guerra, adorar os ídolos e cultuar os imperadores romanos. Quando
alguém fazia uma denúncia contra os cristãos eles eram aprisionados e
torturados. Muitos cristãos foram mortos por causa de sua fé, mas a igreja crescia
e os cristãos levavam a sua vida com Deus muito a sério.
No ano 311 (d. C.), o imperador Galério promoveu o Cristianismo de seita
clandestina (ou superstição) para Religião legal.
No ano 313 (d. C.), o Imperador Constantino promulgou o “Edito de Tolerância”,
dando liberdade a toda as religiões.
No ano 380 (d. C.), o Cristianismo já passou a ser a religião oficial do Império
Romano. Essa rápida promoção do Cristianismo foi um desastre, pois todos
queriam fazer parte da Igreja, e os interesses pessoais tornaram-se mais

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importantes do que a conversão e a vida em santidade. A igreja cresceu muito em
números e decaiu demais no seu nível espiritual.

3.2 O PAGANISMO

3.2.1 A MITOLOGIA GREGA


Na mitologia Grega havia muitos deuses, mas o deus supremo era Zeus.
Poseidon governava os mares, o hades (o lugar dos mortos) e o mundo inferior.
Os gregos criam que os deuses tinham acesso à sua capital (Atenas) através do
monte Olimpo. De lá surgiram os esportes olímpicos, que até hoje estão cercados
de certo misticismo, como o fogo simbólico da pira olímpica. De modo geral, os
deuses do panteão grego estavam entrelaçados com todos os aspectos de sua
vida diária.

3.2.2 A MITOLOGIA ROMANA


Os romanos adotaram grande parte da mitologia grega. Alguns deuses só
mudavam de nome: Zeus era chamado de Júpiter; Afrodite passou a ser Vênus.
Um deus muito popular era Apolo, filho de Zeus, inspirador de poetas, videntes e
profetas, além de muitas outras funções. O Imperador passou a ser o Sumo
Pontífice e era cultuado e adorado pelo povo. O Imperador Augusto chegou a ser
deificado após a sua morte, e alguns outros bons imperadores também receberam
a deificação. Também havia várias religiões misteriosas, que prometiam
purificação e imortalidade: Eleusis, Mitra, Ísis, Dionísio, Cibele e muitos outros
cultos locais. Esse tipo de culto envolvia ritos secretos de iniciação, lavagens
cerimoniais, refeições sacramentais, frenesi emocional, intoxicação alcoólica,
rituais de fertilidade (orgias sexuais), entre outros.

3.2.3 SUPERSTIÇÃO E SINCRETISMO


Em geral, o povo do Império Romano era muito supersticioso. Usavam fórmulas
mágicas, consultavam horóscopos e oráculos (consulta às divindades sobre o
futuro), observando o voo, dos pássaros, o movimento do azeite sobre a água e os

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desenhos do fígado de animais. Também praticavam o exorcismo profissional
(expulsão de demônios) e praticavam muitas outras coisas supersticiosas em sua
vida diária. Dentre esses profissionais, havia também muitos judeus, que segundo
eles acreditavam, a prática da pronúncia correta do nome Yahweh (em hebraico
“Senhor”), lhes dava um poder especial. Nesse contexto de sincretismo de
crenças religiosas e superstição, em muitas casas havia uma coleção de ídolos e
imagens de aves, cães, crocodilos, besouros e outros objetos místicos.

3.2.4 A FILOSOFIA
A filosofia surgiu na Grécia e ensinava que a salvação do homem vem através do
conhecimento. Alguns dos mais eminentes filósofos foram Aristóteles, Sócrates e
Platão. Este último, com suas ideias dualistas, afirmava que havia dois mundos: o
mundo material (que é apenas uma cópia do mundo ideal) e o mundo das ideias
(que é o mundo ideal). Dessa forma de pensar surgiram duas reações diferentes:
o ascetismo ou a libertinagem (a sensualidade).
3.2.4.1 O ASCETISMO. O ascetismo, que visava suprimir os desejos da carne
e renunciar às coisas materiais, pois para eles, “a matéria era má”. Por isso as
pessoas se isolavam da sociedade e viravam monges ou freiras.
3.2.4.2 A LIBERTINAGEM. A libertinagem (a sensualidade), que se tornou
indulgente com os prazeres da carne, pois a carne é matéria e a matéria é má.
Portanto, alguns diaziam: “O que eu faço com o meu corpo não afeta a minha
alma”. Em ambos os casos, nos dois extremos os orientais corromperam as ideias
originais de Platão.
3.4.2.3 ALGUMAS OUTRAS FILOSOFIAS DE VIDA SURGIRAM
3.4.2.3.1 O EPICURISMO. Os adeptos dessa filosofia buscavam
simplesmente o prazer (hedonismo), pensando que este dava sentido à vida.
3.4.2.3.2 O ESTOICISMO. Os estoicos ensinavam que devemos nos
conformar com a própria sorte, com nosso destino, determinado por um poder
superior.
3.4.2.3.3 O CETICISMO. Os céticos afirmavam que tudo era relativo, e se
conformavam com os costumes e práticas da sociedade em geral.

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Essas filosofias influenciavam a vida de uma boa parte das pessoas, não tanto
quanto as superstições e o sincretismo religioso. Mas ambos deixavam um vazio
interior na vida das pessoas, que estavam abertas a algo que lhes daria sentido
para a vida.
(GNOSTICISMO) ...............
3.2.5 O JUDAÍSMO
Em nosso estudo, o judaísmo é mais importante do que o ambiente pagão
religioso e filosófico, pois do mesmo se originou o Cristianismo. O judaísmo que
existia no primeiro século da era cristã, originou-se no exílio assírio e babilônico,
perto do final da elaboração do Antigo Testamento. Os profetas pregaram sobre a
necessidade do arrependimento e a iminente tragédia, mas não foram ouvidos.
Primeiro, em 722 (a. C.) veio a tragédia sobre Israel (as dez tribos), e depois, em
586 (a. C.) sobre Judá (as tribos restantes). Cerca de 70 anos depois, o
remanescente voltou do exílio, e a nação foi novamente reunificada. O exílio curou
Israel de dois males: a idolatria e a poligamia. Durante o exílio, como o seu Templo
fora destruído, originaram-se as primeiras Sinagogas (casas de oração ou centros
de adoração). A primeira sinagoga, provavelmente foi a casa do Profeta Ezequiel.
Para edificar uma Sinagoga, precisaria ter pelo menos dez judeus homens.
Uma vez de volta à sua terra, sob a liderança de Zorobabel e Esdras,
reconstruíram o seu templo em seu tamanho original e recomeçaram o seu
sistema de ritos e cultos. Este templo foi saqueado e profanado por Antíoco
Epifânio em 168 (a. C.). Cerca de três anos depois, Judas Macabeu liderou a
reparação e a consagração do mesmo. Por volta do ano 19 (a. C.), Herodes
iniciou uma reforma com ampliação e embelezamento do mesmo templo, mas
essa obra só foi concluída pelo Procurador Albino (62 – 64 d. C.), chegando a ter o
dobro do tamanho original (Flávio Josefo, Antig. 15.11, 5, 6; 20.9, 7; cp. Jo 2.20).
Esse templo em pleno funcionamento era muito importante para os judeus, no
início da era cristã, até à sua destruição, no ano 70 (d. C.). Ali se faziam as
ofertas, os sacrifícios, as celebrações dos cultos e as orações pela nação israelita,
conforme a Lei prescrevia.

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Mas desde a destruição do Templo de Salomão a Arca do Concerto desapareceu
e o Santo dos Santos estava vazio. Quando Jesus morreu na cruz, o véu que
separava o Santo dos Santos se rasgou de cima até embaixo, simbolizando que
agora todos têm livre acesso a Deus (Mc 15.37,38; Hb 10.19,20). Quando o
templo foi destruído (70 d. C.), cessaram os ritos e as cerimônias do Antigo
Testamento, pois estes apenas podiam ser feitos no templo principal.
Os judeus da dispersão edificaram Sinagogas ao redor do mundo, e ali suas
reuniões públicas, cultuavam a Deus e ensinavam a Lei do Antigo Testamento.
Além disso, eles elaboraram o Talmude um importante comentário da Lei e da
tradição oral do Antigo Testamento.
O Judaísmo contribuiu muito com a chegada do Reino de Deus, com as Escrituras
do Antigo Testamento (hebraido e grego), dando muita ênfase no monoteísmo,
num elevado padrão de vida moral e na vinda do Messias.

3.2.5.1 SEITAS E GRUPOS DO JUDAÍSMO


3.2.5.1.1 OS FARISEUS
Os fariseus (separados no sentido ritual) eram a maior seita religiosa do judaísmo.
Eles surgiram logo após a revolta dos macabeus, com os “hassidim”, aqueles que
faziam oposição à implantação da cultura grega entre os judeus, no período
intertestamentário. Alguns afirmam que o início deles foi com a descendência dos
Macabeus. Eram extremamente zelosos da Lei e achavam-se os mais santos.
Jesus criticou muito a sua maneira de agir (Mt 23.1-36).Paulo era fariseu (At 23.6).
3.2.5.1.2 OS SADUCEUS
Os saduceus eram os aristocratas (da alta sociedade) herdeiros dos
Hasmoneanos do período intertestamentário. Eles também eram uma seita
religiosa, porém em menor número do que os fariseus, mas controlavam o
sacerdócio. Eles tinham algumas crenças diferentes em relação aos fariseus: não
criam na pré-ordenação divina, na existência de anjos, na existência de espíritos,
na ressurreição do corpo e na imortalidade da alma. Com a destruição do Templo
e do poder sacerdotal, a sua seita se desintegrou.
3.2.5.1.3 OS ESSÊNIOS

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Os Essênios, uma seita religiosa, também surgiram dos Hassidim do período
intertestamentário, porque não aceitavam a implantação da cultura grega, e
também não gostavam da política dos Hasmoneanos. Alguns deles viviam em
comunidades monásticas, como aquelas cavernas de Qumran, onde foram
descobertos muitas cópias ou manuscritos antigos da Bíblia. Abdicavam da posse
de seus bens materiais, praticavam o celibato e eram mais legalistas do que os
fariseus. Eles não ofereciam sacrifícios no Templo, por acharem que o mesmo
estava poluído por um sacerdócio corrupto. Eles pensavam que eram os eleitos de
Deus dos últimos dias. Usavam vestes brancas, para simbolizar a sua pureza.
Eles esperavam o aparecimento de um messias político-militar e um messias
sacerdotal, e estavam prontos para participar de uma guerra de 40 anos que
acabaria no Reinado Messiânico.
3.2.5.1.4 OS HERODIANOS
Os herodianos não eram uma seita religiosa, porém um partido político. Eles
compunham uma minoria de judeus influentes, que também pertenciam à
aristocracia sacerdotal dos saduceus. Eles apoiaram o governo político da dinastia
dos Herodes.
3.2.5.1.5 OS ZELOTES
Os zelotes também eram um partido político revolucionário que queria derrubar o
domínio do Império Romano. Recusavam-se a pagar impostos para Roma,
consideravam a lealdade ao Imperador um pecado e iniciaram diversas revoltas
contra Roma, inclusive a de 66 (d. C.) que culminou na destruição de Jerusalém
em 70 (d. C.). Os eruditos, geralmente os identificam com os “sicários”
(assassinos), que costumavam levar adagas escondidas. Mas provavelmente
eram apenas uma ala extremista dentre eles. Simão, um dos doze discípulos de
Jesus foi zelote (Lc 6.15; At 1.13).
3.2.5.1.6 OS ESCRIBAS
Os escribas, não eram uma seita religiosa e nem um partido político. Eles eram os
mestres (os doutores ou os profissionais) da Lei. Os rabinos faziam parte desse
grupo. A palavra “rabino” significa: “meu grande”, “meu mestre” ou “professor”.
Este grupo dos escribas originou-se a partir de Esdras, e sua tarefa era ensinar no

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Templo e nas Sinagogas. Ocasionalmente faziam debates na frente de seus
discípulos. No tempo do ministério de Jesus Cristo, a maioria dos escribas
pertencia à seita dos fariseus e se sustentava por conta própria. Paulo, que
recebeu tal treinamento, era fabricante de tendas (At 18.3).
3.2.5.1.7 O POVO DA TERRA
A maioria do povo judeu da Palestina era denominado como “o povo da terra”.
Este era o povo simples, que não se importava com as seitas e os partidos
políticos. Tinha apenas pouca formação escolar e por ter pouco conhecimento da
Lei do Antigo Testamento, mostrava-se um tanto indiferente com a mesma. Os
fariseus menosprezavam esse povo simples e acusavam Jesus de misturar-se
com o povão.
3.2.5.1.8 O SINÉDRIO
O Sinédrio era o superior tribunal dos judeus. Este se reunia em todos os dias
úteis e comandava uma verdadeira força policial. O Sumo Sacerdote presidia 70
juízes, membros do tribunal, oriundos da seita dos fariseus e dos saduceus. O
Novo Testamento usa alguns nomes para o mesmo: concílio, principais
sacerdotes, anciãos e escribas. Todas as decisões mais importantes passavam
pelo crivo do mesmo.
3.2.5.1.9 A DIÁSPORA (dispersão)
Com a destruição de Jerusalém no ano 70 (d. C.) os judeus se dispersaram por
todo o mundo. Estes dispersos podem ser classificados em dois grupos: os
hebraístas e os helenistas.
3.2.5.1.9.1 Os judeus hebraístas (também chamados de hebreus) eram muito
conservadores. Eles zelaram muito pela conservação da língua, da fé, das
tradições e dos costumes hebraicos. Por esse motivo foram odiados pelos gentios.
3.2.5.1.9.2 Os judeus helenistas (também chamados de judeus gregos) eram
menos conservadores do que os hebraístas. Eles preservaram a fé (em diferentes
níveis), mas adotaram a língua, os costumes e a maneira de se vestir dos gregos.
Um exemplo de destaque foi Filo, um filósofo judeu do primeiro século cristão que
morava em Alexandria. Ele combinava o judaísmo e a filosofia grega, usando
alegorias do Antigo Testamento.

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3.2.5.1.10 A EDUCAÇÃO JUDAICA
A educação judaica era muito rigorosa. O ensino das crianças judias iniciava na
casa de seus pais e incluía: história dos hebreus, religião dos hebreus e
habilidades práticas como aprender a ler e escrever. Quando não aprendiam
direito, eram disciplinadas, conforme a orientação da Lei e do livro de Provérbios.
Os meninos entravam na escola aos seis anos de idade, onde sua cartilha era a
Lei do Antigo Testamento e também aprendiam as operações básicas da
Matemática. Aos treze anos, os melhores alunos eram selecionados para estudar
com um Rabino (Mestre), como ocorreu com Saulo (Paulo). Os alunos comuns
aprendiam uma profissão, como carpinteiro, agricultor, pastor de rebanhos,
pescador, fabricante de tendas, entre outras.
3.2.5.1.11 A EDUCAÇÃO ROMANA
Ao contrário da educação judaica, a educação romana era bastante liberal.
Escravos supervisionavam os meninos greco-romanos nos seus primeiros anos,
ensinando-lhes as primeiras lições, e depois os acompanhavam no caminho da
escola, na ida e na volta, até alcançarem a adolescência. Quando se tornavam
adolescentes, podiam frequentar uma Universidade em Atenas, Rodes, Tarso,
Alexandria, ou em outra localidade. Nas Universidades estudavam filosofia,
retórica (oratória), leis, matemática, astronomia, medicina, geografia e botânica.
Também podiam acompanhar as preleções de um filósofo peripatético (andarilho).
Estes transmitiam seus conhecimentos, enquanto caminhavam com seus alunos.
Havia um alto índice de alfabetização entre os homens do povo romano.

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INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS

1. QUAL É A IMPORTÂNCIA DOS EVANGELHOS?


O estudioso Alfred Wikenhauser, escreveu na sua obra “Introdução ao Novo
Testamento”: Os Evangelhos são os livros mais importantes do Novo Testamento.
A eles devemos quase que exclusivamente tudo o que sabemos de Jesus Cristo,
sua vida, seu ministério, seu sofrimento e morte. O que está escrito nos outros
livros sobre a vida e o ministério de Jesus é muito escasso. Na literatura profana
há indicações sobre a vida de Jesus em Tácto, Josefo e outros. Mas as
informações básicas estão nos Evangelhos Bíblicos”.
2. O QUE É UM EVANGELHO?
Podemos definir o termo “evangelho” ou “evangelion” que no seu contexto original
significa “pagamento pela transmissão de uma boa notícia”. Disso desenvolveu o
termo “boa notícia” ou “notícia de vitória”.
“Evangelho” significa também “recompensa por boas novas”.
“Evangelho” é em última análise quando “uma pessoa faminta conta à outra
pessoa faminta onde pode encontrar pão”!
Isso pode ser muito bem ilustrado com o texto de 2Reis 7.3-9.

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