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TRADUÇÃO N? 6 u

Apresentado na C onferencia sobre Recalque de Estruturas da "B ritis h


G eotechnical S o cie ty" em abril de 1974

A u to re s: J . B. B uriand e
G. P. W ro th

Traduzido por:
Eugênio Vertamatti (CTA)
Elio Elias de Araújo (CTA)

• Organizada e impressa pelo Núcleo


Regional de São Paulo.

Junho de 1982

------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------
RECALQUE DE EDIFICAÇÕES E O DANO ASSOCIADO

J.B. Burland
MSc (Eng), PhD, Eng, MICE
C.P. Wroth
University Engineering Dept., Cambridge

RESUMO

0 trabalho trata de recalques diferenciais admissíveis de estruturas e


sua previsão. Considerando que a terminologia empregada para descrever os
movimentos de fundações e frequentemente confusa e até mesmo mal
direcionada, um grupo consistente de definições e apresentado na primeira
parte do trabalho. Um procedimento (aparentemente usado pela primeira vez
por Polshin e Tokar, em 1957) para avaliar recalques diferenciais
admissíveis é esquematizado com base na hipótese de que o início de
fissuramento visível está associado com um valor crítico de deformação de
traçao £ .,. 0 valor f ., nao e uma constante uma vez que depende de
crit ucrit
uma série de fatores tais como a finalidade da edificação e a textura do
acabamento. Contudo, valores que parecem ser aceitáveis para muitas
aplicações se enquadram na faixa de 0 , 0 5 à Ojl% para alvenarias de
tijolos e blocos assentadas com argamassa de cimento e de 0, 03 a 0 ,05%
para concreto armado.

0 procedimento e empregado para analisar os critérios de dano para vigas


simples e mostra que a razao de deflexão admissível (à /L) depende da
razão entre o comprimento e a altura, da rigidez relativa no cisalhamento
e flexão, do grau de restrição a traçao contido na estrutura e do seu
modo de deformação. Usando ura valor de f. - 0,075%? é obtida uma boa
concordância entre os critérios teoricos de dano para vigas simples e um
grande número de observações efetuadas, em vários tipos de edificações.
‘ $ (t.t f

Conclui-se que enquanto o limite admissível de 1/500 para a distorção


angular proposto por Skempton e MacDonald (1956) e satisfatório para
edificações aporticadas, é inseguro para paredes portantes sujeitas a
arqueamento concavo* *, e que o critério proposto por Polshin e Tokar
(1 9 5 7 ) é o mais apropriado. O estudo demonstra que paredes portantes nao
armadas sao particularmente vulneráveis a danos quando sujeitas a
arqueamento convexo*, onde ate mesmo o critério de Polshin e Tokar e
inseguro.

Para a maioria das edificaçoes, as deflexões relativas que ocorrem apos


a a Pi icaçao do acabamento e que causam dano. Logo, a razao entre o
recalque imediato e o total (fu/ft) e importante. Para argilas
sobreadensadas observam-se (^u/Pt) em torno de 0,6 enquanto que para
argilas normalmente adensadas esse valor e geralmente inferior a 0,2.
Estudos teoricos sugerem que estimativas precisas de p t sao muito mais
dependentes da correta medida da compressibi1idade mv do que da
sofisticação das analises. Contudo, a influencia da nao-homogeneidade sob
a forma de aumento da rigidez com a profundidade e importante uma vez que
P , pu/ft, A/L e o perfil do recalque superficial são significativamente
afetada s o

/\
* arqueamento concavo ("sagging")
arqueamento convexo ("hogging")

1
Conclui-se que o procedimento referente ao problema de recalques
admissíveis deveria ser baseado na estimativa da rigidez global da
estrutura (incluindo seu acabamento) e a seguir estimando-se as deflexões
relativas que resultarão da sua interaçao com o terreno. As prováveis
deflexões relativas podem então ser comparadas com os critérios de dano
apresentados no trabalho. Se as deflexões relativas forem suficientemente
grandes para induzir que ocorrera dano, ou os detalhes e projeto da
superestrutura e acabamentos ou das fundações podem ser modificados ou
então providencias podem ser feitas para que medidas reparadoras sejam
tomadas.

1. INTRODUÇÃO

Bjerrum (1 9 6 3 ) assinalou que o engenheiro tem basicamente dois problemas


na concepção de projetos em relaçao a recalques. Em primeiro lugar ele
tem que avaliar os recalques diferenciais admissíveis que ele supoe que a
edificação possa suportar e em segundo lugar, ele tem que prever que
valores de recalques diferencial e total podem ser esperados. Este
trabalho trata de ambas as questões.

Comparada
ív
com a literatura existente
/
sobret previsão
A #
de recalques, a
questão de recalques admissiveis e a sua influencia no desempenho e
funcionalidade das estruturas tem recebido pouca atençao. Tal fato e
surpreendente ao se considerar que grandes somas de dinheiro sao gastas
ern investigações de solo dirigidas a estimativa de recalques prováveis e
que as fundações de muitas estruturas de grande porte sao projetadas
especificamente para limitar os recalques totais e diferenciais.

Esta situaçao parece ocorrer da mesma maneira no projeto da estrutura


propriamente dita. 0 prodedimento referente a projeto estrutural sugerido
pelo novo código Unificado, é projetar os vários componentes estruturais
de modo a satisfazer certos fatores de carga, muitas vezes arbitrários.
Pouca atenção tem sido dispendida a •importante questão de funcionalidade
exceto em se tratando da aplicação de regras praticas pouco fundamentadas,
as quais não são usualmente relacionadas com o processo real de
construção das edificações. É raro engenheiros de fundações ou de
estruturas terem uma visão global do desempenho de uma edificação
incluindo suas fundações, seus componentes estruturais e seu processo
construtivo e, no entanto, é a estrutura global que o cliente deve pagar
e utilizar. Um exemplo marcante de cooperação entre o engenheiro de
fundações, o engenheiro de estruturas e o arquiteto e o sistema CLASP
("Consortium of Local Authorities Special Programme"), desenvolvido para
tratar de subsidencia ocasionada por escavações subterrâneas.

O problema de recalques admissíveis e interaçao solo-estrutura constitui-


se num dos aspectos que compoem o problema global de funcionalidade e
interaçao estrutural. Existem várias razoes óbvias que explicam o pequeno
progresso conseguido nesse campo. Algumas delas sao:

1. A funcionalidade e muito subjetiva e depende tanto da finalidade do


edifício como da reaçao dos usuários.

2. As edificações variam muito de uma para outra, tanto em conceito geral


como em detalhes, o que torna muito difícil a elaboraçao de diretrizes
com respeito a movimentos admissíveis.

3 . Edificações, incluindo fundaçao, raramente comportam-se conforme


projetadas porque os materiais de construção apresentam propriedades
diferentes daquelas adotadas em projeto. Além disso, uma análise

.2
"global" incluindo o terreno e a alvenaria seria extremamente complexa
e ainda conteria um certo numero de hipóteses questionáveis.

4. Além de depender do carregamento e do recalque, os movimentos em


edificações podem ser atribuídos a vários fatores tais como deformação
lenta, retraçao e temperatura. No entanto, ate hoje pouco se conhece
quantitativamente sobre esses fatores e ha uma falta de medições
cuidadosas sobre o desempenho de edificações existentes.

Existe uma tendencia entre os engenheiros de fundações de acreditar que


os movimentos de fundaçao sao a maior causa de perigo em edificações e
que quando controladas, garante-se o desempenho satisfatório da
edificação. Uma recente conferencia sobre Movimentos em Edificações*
claramente demonstra que isto esta muito longe de ser verdade. Até mesmo
uma rapida verificação nos anais desta conferencia indica que os
engenheiros ainda nao estão em melhores condiçoes de calcular movimentos
relativos de componentes estruturais sob condiçoes de trabalho do que
estão para cálculos de recalque. Sao citados muitos casos de danos em
acabamentos resultantes de movimentos dos componentes estruturais ao
1invés dos de fundaçao. Alem disso, o problema de movimentos em
, m <
*■
* r ✓*
edificações esta se tornando muito importante por causa da tendencia
moderna de emprego de maiores vaos, maiores tensões admissíveis, maior
fragilidade dos materiais de alvenaria e revestimento e maiores unidades
nao estruturais.

Um outro aspecto do problema que pode passar despercebido aos engenheiros


e que uma certa quantidade de fissuramento e inevitável se a edificação
for projetada e executada economicamente (Peck, Deere e Capacete, 1956).
Diz-se que é impossível construir-se uma estrutura que nao fissure devido
a retrações, deformação lenta, etc. Little (1 9 6 9 ) estimou que no caso de
um tipo particular de edificação, o custo para se prevenir qualquer
fissuramento poderia exceder a 10% do custo total da edificação.
r a t B t
Fato interessante e que na conferencia mencionada acima, sao citados
numerosos exemplos de projetos simples e métodos construtivos que
permitem a acomodação de movimentos sem dano, e parece que a maioria
deles são relativamente baratos. Poderia ser argumentado que deveriam ser
dirigidos esforços no desenvolvimento e aplicaçao de melhores projetos e
detalhes construtivos, ao invés da tentativa de se controlar a
funcionalidade usando métodos tradicionais. Poderia ser o caso; porem, se
a pratica construtiva deve ser melhorada e necessário fomentar-se uma
compreensão mais clara da relaçao entre movimentos e danos em vários
tipos de estruturas e os métodos da estimativa de tais movimentos.

A primeira parte deste trabalho trata de distorções admissíveis e e


sugerido um novo procedimento com base na ideia de que o início de
fissuras visíveis está associado com uma deformação crítica de traçao.
--- .----- / t A
segunda parte deste trabalho trata do problema de recalques e os vários
fatores que os influenciam tais como as propriedades do solo e a
interaçao solo-estrutura.

PARTE I - DANOS DEVIDOS A MOVIMENTOS DE FUNDAÇÕES

2. TRABALHOS EXISTENTES SOBRE RECALQUES ADMISSÍVEIS DE EDIFICAÇÕES

Talvez os dois estudos mais conhecidos que propoem recomendações sobre


recalques admissíveis de estruturas sao os de Skempton e MacDonald
(1956) e Polshin e Tokar (1957).

* Design for Movement in Buildings Concrete Society, 1969


3
Skempton e MacDonald sumarizam observações sobre recalques e danos em 9^
edificações, 40 das quais mostraram sinais de dano. O estudo limitou-se
as tradicionais edificações aporticadas em concreto armado e aço e as
estruturas com paredes portantes. Skempton e MacDonald usaram como
critério de dano a razao entre o recalque diferencial é e a distancia 5
. r , , , A t ~
entre dois pontos apos eliminar-se a influencia da inclinação da
edificação. A razao ó/{? foi def inida comoMdistorçao angular". Concluiu-se
que o valor limite de S / i para causar fissuramento em paredes e
divisórias é 1 / 3 0 0 e que valores de á/ü'maiores que l/l50 causarao dano
estrutural. Skempton e MacDonald recomendaram que "distorções angulares"
maiores que 1 / 5 00 deveriam ser evitadas e, caso fosse particularmente
desejável se evitar qualquer dano de recalques, este valor poderia ser
reduzido a 1/1000^ Posteriormente Bjerrum (1 9 6 3 ) complementou estas
recomendações relacionando a magnitude de 0/ l aos vários tipos de dano.
Concordamos com Skempton na premissa de que a maioria dos danos ocorre
na alvenaria e nao na estrutura.

Skempton e MacDonald também procuraram estabelecer correlações entre a


maior "distorção angular" e os recalques máximo e diferencial máximo.
Este aspecto do trabalho induziu algumas críticas (Terzaghi, 1935) com
base no fato de que a relaçao entre as quantidades acima e extremamente
dependente da uniformidade do terreno e da distribuição de cargas sobre
a área ocupada pela estrutura. Os proprios Skempton e MacDonald
A

enfatizaram a necessidade de bom senso e experiencia nos casos particula^


res.

Polshin e Tokar (1957) discutiram a questão de deformações e recalques


admissíveis e definiram tres critérios:

1. "Declividade", medida como a diferença de recalque entre dois suportes


adjacentes relativa a distancia entre eles (e analoga a distorção
angular usada por Skempton e MacDonald). &/ • > „

"Deflexão relativa", consistindo na razao entre a deflexão e o


comprimento da parte defletida.

3 . Recalque medio sob a edificação.

Os valores limites adotados pelo Código de Edificações da URSS de 1955?


A /v t
para as très medidas acima, foram então tabelados. De particular interesse
e o fato de que estruturas aporticadas foram tratadas separadamente de
estruturas portantes contínuas. As maximas "declividades" recomendadas
variam de 1 / 5 0 0 para estruturas aporticadas de concreto e aço
preenchidas, a 1 / 2 00 onde nao ha preenchimentos ou perigo de dano a
alvenaria. Estes valores claramente concordam com as recomendações de
Skempton e MacDonald. Contudo, foram estabelecidos critérios bem mais
rigorosos para edificações de ti joios portantes. Para razoes entre
comprimento (L, entre painéis) e altura (H) menores do que 3i as maximas
"deflexões relativas" para tais edificações fundadas em areia e argila
mole sao respectivaraente 0,3 x 10“3 e 0,4 x 10“3 (1 /3 3 OO e I/2 5 OO). Para
razões L/H maiores do que 5 as "deflexões relativas" correspondentes são
0 , 5 x 1 0 " 3 e 0 , 7 x 1 0 - 3 respectivamente.

Fato interessante é que Meyerhof (1956 ) também tratou de painéis


aporticados e paredes de ti joiosportantes, separadamente. Ele recomendou
limites para "distorções angulares" de 1 / 2 5 0 para porticos abertos,
1 / 5 00 para pórticos preenchidos e l/lOOO para paredes portantes ou
alvenarias de ti joios continuas. Deveria ser notado que uma "distorção
angular" de l/lOOO corresponde a uma "deflexão relativa" de aproximadamen
te 1 /2 5 0 0 . Portanto, as recomendações de Meyerhoff estão de acordo com as
de Polshin e Tokar.
.4.
No seu trabalho, Polshin e Tokar empregaram dois conceitos que sao de
importância fundamental. O primeiro e a razao entre o comprimento e
a altura da edificação e o segundo e o de uma deformação de tração limite
antes do fissuramento. Usando um valor limite de deformação de tração de
0. 05., apresentoú-se uma relação teórica limite entre a "deflexão
relativa" e L/H, a qual descreveu o limite de fissuramento de paredes de
ti jolos e mostrou estar em boa concordância com um certo numero de
edificações fissuradas e nao fissuradas.

3. DESCRIÇÃO DOS MOVIMENTOS DO TERRENO E FUNDAÇÕES

Terzaghi (1935) salientou que a descrição completa dos recalques de uma


estrutura requer um grande numero de pontos de observação, de modo que
contornos detalhados e perfis dos movimentos da fundaçao possam ser
plotados. Uma apresentaçao grafica detalhada das observações torna-se
trabalhosa quando correlaciona um certo numero de estudos, mas é
necessário para caracterizar os vários tipos de movimentos que podem
ocorrer.

Um estudo da literatura sobre recalques admissíveis tem revelado uma


extensa variedade de símbolos e terminologias descrevendo os movimentos
de fundações, muitos dos quais confusos. Por exemplo, o termo "distorção
angular" tem sido empregado para descrever pelo menos quatro diferentes
modos de deformação.

Com o objetivo de tentar resolver satisfatoriamente o problema de


recalques admissíveis e critérios de dano, é necessário ter-se um grupo
claro e consistente de definições descrevendo os tipos de movimentos e
deformações sofridas pelas fundações. É muito importante que os termos,
de nenhum modo, prejudiquem os conceitos sobre o comportamento da
superestrutura associada, uma vez que esta dependera de um grande numero
de outros fatores tais como tamanho, detalhes construtivos, materiais,
tempo, etc. A lista de definições e símbolos a seguir e fornecida como
uma base para discussões. Ao apresenta-la, assume-se que o recalque de
um certo número de pontos, discretos e conhecido (vide Figura la).
Contudo, os detalhes da fundaçao e da estrutura nao sao especificados
(deiiberadamente) e a forma precisa da deformação entre os pontos
observados, nao e necessariamente conhecida.

Definições e símbolos sugeridos para a deformação de fundações:

1. Uma variaçao de comprimento igual a Sh sobre um comprimento L origina


uma deformação média Ó = S l /L. Um encurtamento de - ÚL sobre o
comprimento L origina uma deformaçáo de compressão £= - S l /L,

2. Recalque (vide Figura la) é representado pelo símbolo J3 e implica que


o deslocamento é para baixo. Se o deslocamento e para cima denomina-se
levantamento e representa-se por fh .

3. Recalque (ou levantamento) diferencial ou relativo é representado por


ó (ou cSh). Na Figura la o recalque de C relativo a D é representado
por <ScD e é considerado positivo. (O recalque de D relativo a C é
representado por ^DC que equivale a - c$CD). O recdlque diferencial
máximo é representado por címax.

4. Rotação é representada por O (vide Figura la) e é usada para descrever


a mudança em gradiente da reta unindo dois pontos referenciais situados
na fundaçao ou superfície do terreno.

5 • Inclinação e representada por w e normalmente descreve a rotaçao de


corpo rígido de toda a superestrutura ou parte bem definida dela.

5.
Normalmente não é possível determinar a inclinação a menos que os
detalhes da superestrutura e o seu comportamento sejam conhecidos.
Ainda assim, isto poderá ser difícil quando a própria estrutura
flexiona. A Figura lb mostra esquematicamente a inclinação ^ d e um
edifício sobrejacente aos pontos ABC. Skempton e MacDonald (1956,
A v / , , Ai
Apendice I; fornecem exemplos do calculo de inclinações.

6 . Rotaçao relativa e representada


o ys
por '(3 e descreve
x
a rotaçao
~ .
da reta
unindo dois pontos de referencia relativos a inclinação (vide
Figura lb). Note que a Mdistorçao angular" definida por Skempton e
idêntica a rotaçao relativa B .

7* Deformação angular e representada por . Pode-se visualizar da


Figura lc que a deformação angular no ponto B e dada por:
, <$BA ôbc

B = ÍAB + ÍBC
A deformação angular e positiva se ela produz arqueamento concavo ou
concavidade para cima como no ponto B da Figura lc, e negativa se
produz arqueamento convexo ou concavidade para baixo como no ponto E.
A deformação angular é útil para prever a abertura de fissuras em edi_
ficaçoes onde ocorrem movimentos que ocasionam fissuras ou linhas de
fraqueza. Note que se o perfil deformado entre os tres pontos refereii
ciais ABC for suave, a curvatura media sera dada por 2°^/L^c .

8 . Deflexão relativa (arqueamento relativo concavo ou convexo) é


representada por A (vide Figura ld) e e o máximo deslocamento relativo
à reta unindo dois pontos de referencia separados pela distancia L.
0 arqueamento relativo concavo produz concavidade para cima (como no
ponto B) para a qual A e positivo. 0 arqueamento relativo convexo
produz concavidade para baixo (como no ponto E) para a qual A e
negativo.

9 . Razao de Deflexão (razao de arqueamento concavo ou convexo ) é


representada por A /L (vide Figura ld). A convenção de sinal e a mesma
do item 8 . A razao de deflexão e idêntica a "deflexão relativa" citada
por Polshin e Tokar. Note que quando í = £ ou o perfil deformado é
AB BD
aproximadamente circular, = 4A/L .
AU

Sem dúvida outras definições poderiam ser adicionadas a lista anterior.


Por exemplo, nenhuma tentativa tem sido feita para definir um
comportamento tridimensional tal como um empenamento. Contudo, supoe-se
que as definições deveriam ser adequadas para descrever a maioria dos
tipos de deformação "no plano".

A lista de símbolos e definições anterior relaciona-se a movimentos do


terreno e fundação. Não se vem tentando descrever o comportamento da
superestrutura, uma vez que a terminologia padrao e as convenções de
sinal na engenharia de estruturas sao largamente utilizadas e
compreendidas.

4. O CONCEITO DE DEFORMAÇÃO CRÍTICA DE TRAÇÃO

Alguns trabalhos anteriores tinham como objetivo o estabelecimento de


critérios de funcionalidade relacionando deformações observadas a danos.
Por exemplo, os trabalhosi de Skempton e MacDonald, de Pólshin e Tokar e
de Bjerrum resultaram em critérios limites para deformações admissíveis
de fundaçao. O mesmo procedimento e adotado na engenharia de estruturas.
Mayer (1 9 6 6 ) realizou ura extenso exame de rupturas em paredes divisórias

.6 .
P e r fil orig in o l
/Vimox

F igura la Definições de recalque , recalque


di ferencial * e e rotaçao 0

Q f -1 □
s v ► 0
------- (
- nh >[J ;
C
-

Figura lb - Definições de inclinação vertical uJ


e de rotaçao relativa y3 (distorção
angular)

Figura ld - Definição da deflexão relativa A e


razao de deflexão A / L - (arqueamento
concavo ou convexo)

•7.
e relacionou-as com deflexão e razao deflexao/vao. Deeby e Miles (1 9 6 9 )
apresentaram sugestões para o controle de de-flexoes de componentes
estruturai s.

Os critérios de deflexão baseados em observações empíricas, embora de


valor inquestionável para o engenheiro envolvido em projetos no dia a
dia, nao trouxeram maiores esclarecimentos para as causas fundamentais
de dano. Alem disso, eles podem ter o efeito de desacelerar o progresso
no desenvolvimento de métodos efetivos de projeto e construção voltados
para a minimizaçao de danos causados por movimentos.

Ha necessidade de um estudo profundo sobre o problema de danos devidos a


movimentos. Nesta seçao, um procedimento particularmente simples e
esboçado na esperança de que venha a estimular ideias e novos trabalhos.

Tomamos como ponto inicial o fato do que o dano devido a movimentos é


quase sempre confinado a alvenaria e acabamentos do que aos componentes
estruturais. A menos de algumas exceções notáveis, as edificações
geralmente se tornarao inúteis antes de ocorrer perigo de colapso da
estrutura.

A maioria dos danos manifestam-se como fissuramentos resultantes de


deformações de traçao. Seguindo o trabalho de Polshin e Tokar (1957)i
assume-se que o início do fissuramento visível num certo material pode
ser associado com uma deformação de traçao ’'crítica11 ou limite £ ...
crit
Deve ser enfatizado que nao estamos interessados aqui com colapso e sim
com dano visível. Esta deformação critica de traçao nao está de modo
algum relacionada a deformação com a qual ocorre perda de resistência
a traçao. É interessante notar que algumas Normas Britânicas estabelecem
limites admissíveis sobre retraçao e expansao de tijolos e peças de
concreto. Materiais que nao obedecem a esses limites frequentemente
originam fissuramento visível.

Ha alguns anos o "Building Research Station" vem estudando a rigidez ea


. A /■
resistência de alvenarias de tijolose porticos preenchidos. Os trabalhos
mais recentes sobre ruína de porticos preenchidos foram publicados por'
Mainstone (1971) e Mainstone e Weeks (1970)? que descrevem alguns testes
em escala natural sobre porticos preenchidos com tijolos. Observou-se que
o fissuramento visível ocorreu inicialmente com deformações diagonais de
tração medias variando entre 0 ,08 l% e 0 ,1 3 7 %i com um valor médio de
0,115%. Estes resultados estão em boa concordância com trabalhos recentes
onde mostrou-se que as distorções de cisalhamento no início de
fissuramento para preenchimentos com elementos cerâmicos vazados e blocos
de cimento, assim como para alvenarias de tijolo, variaram de 0,22 a
0,33%* que correspondem a deformações principais medias de traçao de
aproximadamente 0,11 a 0,l6% respectivamente (supondo nao haver alteraçao
de volume).

As figuras anteriores sao baseadas na medição dos deslocamentos de


contorno. 0 comportamento detalhado do portico e do preenchimento e
complexo e não se ajusta a cisalhamento uniforme simples. Observações
detalhadas de um dos pórticos indicam que as deformações críticas de
traçao locais sao ligeiramente menores do que as deformações medias e
variam provavelmente de 0 ,05% a 0,10%.
✓ ( r # ,
Alem do trabalho sobre r u m a de porticos preenchidos, o comportamento de
paredes de tijolos tem sido estudado pelo "Building Research Station" por
muitos anos. Burhouse (1 9 6 9 ) publicou os resultados de alguns desses
estudos. 0 objetivo do trabalho foi o de estudar a açao conjunta entre
paredes de tijolos e vigas de suporte. Diversas paredes de vao e altura

.8..

—- m — 1—
variáveis foram testadas e, na maioria dos casos, a alvenaria de tijolos
fissurou no centro do vao antes do colapso. A Figura 2 é uma fotografia
de uma das paredes após a ruptura, o fissuramento vertical no centro é
claramente visível. A razao entre o vao e a altura das paredes variou
de 1,2 a 3 50 , e em todos os testes uma junta construtiva de papel foi
colocada entre a alvenaria de tijolos e a viga de suporte. A deformação
de traçao no início do fissuramento visível variou de 0 ,038% a cerca de
0,06%. Estes resultados concordam com a sugestão de Polshin e Tokar
(l957) de que o fissuramento visivel em paredes de tijolos ocorre para
uma deformação de traçao de 0,05%. Embora as condições de tensão na
borda inferior de uma parede de tijolos na flexão devem diferir
significativamente daquelas estabelecidas em um painel sujeito a ruína,
e evidente que as deformações criticas de traçao no início do
fissuramento visível nao diferem significativamente para os dois modos de
deformação. (Para os porticos preenchidos e paredes referidas nesta
seçao, Mainstone (197^) realizou uma análise mais detalhada das trajetó­
rias de deformação interna ate o fissuramento inicial. Ele confirma que
os valores de deformação interna de traçao no fissuramento inicial
parecem ser independentes do modo de deformação, mas salienta que os
valores locais que variam entre 0,01% a 0 ,03% são inferiores aos valores
médios citados acima. Estes valores locais sao provavelmente muito
pequenos para originar um fissuramento visivel na maioria das situações
praticas, e podem estar proximos aos valores de deformação de tração para
os quais ocorre perda de resistência a traçao).

Figura 2 - Fissuramento de uma alvenaria de tijolos devido a


deformações de flexão e deformações diagonais

É de interesse notar que o início de fissuramento nas vigas de suporte


de concreto armado,para os testes acima,ocorrem para um valor de
deformação de traçao de cerca de 0,035%. Base et al (1 966) estudaram era
maiores detalhes o fissuramento de vigas de concreto armado usando uma
ampla variedade de resistências do concreto e tipos de armação. Uma

•9.
analise cuidadosa dos seus resultados mostra que, para uma serie
completa de testes, ha urna relaçao bem definida entre a abertura media w
da fissura e a deformação de traçao media & ao longo de um comprimento de
1,1 m. A razao w/£ situa-se entre 65 mm e 115 mm com uma media de
aproximadamente 90 mm.

Foi também mostrado que a abertura maxima da fissura é aproximadamente


igual a 2w . Nenhuma informação e fornecida sobre a defòrmaçao no
início de fissuramento mas a determinação precisei e, em qualquer caso,
um tanto subjetiva. Se adotarmos um valor de 2 w = 0,1 mm como sendo a
abertura da primeira fissura provável de ser distinguida por um
observador casual, deduzimos que a deformação de traçao media no inicio
de fissuramento visivel é 0,05%« Embora aproximado, este valor esta de
acordo com o valor de 0 ,03 5 % deduzido dos resultados de Durhouse.

Deve novamente ser enfatizado aqui que temos somente tratado com
deformações prováveis de causar fissuramento visivel em paredes e painéis,
cuja estabilidade nao depende da resistência a traçao do seu material
/ A
componente. Ha uma grande evidencia para sugerir que ’'ruptura" de
«v t / A 4 \ ~
traçao, isto e, perda de resistência a traçao, ocorre para valores de
deformação de traçao muito menores do que aqueles que causam fissuramento
visível.

É interessante notar que as deformações crítica s de traçao,associadas com


o fissuramento visível de paredes e painéis sob carregamento, sao da mesma
ordem de grandeza que os valores admissíveis de deformações de retraçao
/ , A ^ .
estipulados em varias Normas Britânicas (0,03 a 0,09%).

Finalrnente, deveria ser enfatizado que o início de fissuras visíveis nao


representa necessariamente um limite de funcionalidade. Contanto que o
fissuramento seja controlado, como numa viga de concreto armado, pode ser
inteiramente aceitável permitir que as deformações continuem alem do
início de fissuramento. Contudo, um critério baseado no início de
. • < • A , / ,
fissuramento visivel pode servir como um ponto de referencia util.

APLICAÇÃO DA DEF0RMAÇA0 CRITICA DE TRAÇAO A0 FISSURAMENTO INICIAL DE


VIGAS SIMPLES

As consequências da adoçao de um enfoque fundamental para fissuramento


podem ser melhor ilustrados pela aplicaçao do conceito de deformação
crítica de traçao para uma estrutura simples tal como uma viga elastica
uniforme, sem peso proprio e de comprimento L, altura H e espessura
unitária. A viga pode ser considerada como representativa de uma
edificação (vide Figura 3a )» Reconhece-se que as estruturas reais sao
normalmente muito mais complexas, porem o estudo de uma viga simples
ajuda a ilustrar um certo numero de características importantes.

Assumiremos que a forma defletida da face inferior da viga e conhecida.


O problema constitui-se em calcular as deformações de tração na viga e,
a seguir, definir o critério para fissuramento inicial. É evidente que
pouco pode ser dito sobre o desempenho da viga, a nao ser que saibamos
seu modo de deformação. Dois modos extremos possíveis de deformação sao
flexão pura (vide Figura 3b) ou cisalhamento puro (vide Figura 3c). E
claro que no caso de flexão, o fissuramento inicial ocorrera como
resultado da deformação de traçao direta na fibra extrema ao passo que para
cisalhamento, o fissuramento resultara da deformação de traçao diagonal.
De fato, ambos os modos de deformação sao prováveis de ocorrer ao mesmo
tempo mas, de início consideraremos os dois separadamente.

.lü
»

L Figura 3a

H I 1 I 1 1 I
........... I
. I I I ' 1 I
.1_ ! [ I y i__ I __ l
v i g o - ideolizccõo sim plista do ed ific o c o o

'F o rm a d e fle tid a do fo ce i n t e r i o r da viç a

Figura 3b
D e f o r m a ç ã o na f l e x õ o com fi s s u r o m e n to
d e v id o o d e fo rm a ç ã o de tro ç ã o d ire ,
fa .

Figura 3c

D e fo r m o ç õ o no c i s o Ih o m e n to com fi s s u .
ro m e n ío d e v id o a d e f o r m o ç õ o de
tro çã o d ia g o n a l.

\\
e


11
Flexão Pura

Se a forma defletida da face inferior e circular, então o raio de


curvatura e R = L^/8A , Se a flexão pura esta ocorrendo, então a
deformação de flexão e 6 = y/R onde y e a distancia em relaçao a linha
D
neutra. Quando a linha neutra esta no meio da viga, a maxima deformação
de flexão £, , , ocorre para y = H/2. Portanto
b(maxj

A L c
L 4H b(max) (1 )

A expressão equivalente para uma viga uniformemente carregada é:

A______ L__ r
( 2)
L 4.ÔH b (max)

e para uma carga central concentrada e

A L &
L 6H b (max ) (3)

Para oualquer valor critico de deformação de traçao d .,, as equações


crit
de (l) a (3 ) definem relações limites entreA/L e L/H para os très tipos
de carregamento considerados. Estas relações estão mostradas na Figura 4
em termos de A / L d . versus L/H. Duas conclusões importantes podem ser
cri t
oxtraidas desses resultados:

1. A relaçao limite entre A /L e L/H nao e muito sensível a forma de


distribuição de carga.

2. Para deformações envolvendo flexão pura o valor limite de A/L e


diretamente proporcional a L/H.

Figura 4 - Relações entre A /L£ e L/H para vigas


cr it
retangulares defletindo devido a
flexão pura

12.
Cisalhamento Puro

Se a forma defletida da face inferior da viga é circular, a maxima


deformação de cisalhamento V ocorre nas extremidades e e dada por:
max

,A
tfmax 4
L

Uma vez que em qualquer seçao da viga a deformação de flexão e zero, a


deformação principal (denominada de deformação diagonal <5d ) está a 4p°
da linha neutra e e igual a Y/2. Portanto

A_ _ £d(max)
(4)
L 2
~ / i A
A expressão e idêntica para uma viga uniformemente carregada, mas para
uma viga com uma carga central concentrada e:

A
(max ) (5)
L
»

Em contraste ao caso de flexão pura, o valor limite de A / L e


independente de L/H e ligeiramente dependente da di stribuiçao de carga.
A

Na pratica, contudo, o fissuramento diagonal ocorre a uma certa distancia


las extremidades da viga e se a deformação diagonal nos pontos de quartos
* de vao for considerada, a relaçao limite entre A /L e òd(max) e dada
pela equaçao (f3) para os tres casos.

ü exemplo assim discutido é o de uma estrutura muito simples. É evidente,


< contudo, que até mesmo para uma viga simples o critério para fissuramento
inicial em termos de A /L pode variar entre extensos limites, dependendo
do modo de deformação. A Figura 5 mostra os critérios para cisalhamento
e flexão puros para uma viga com carga central concentrada. Pode-se
observar que para L/H < 6 a flexão é muito mais critica do que o
i ci salhamento.

< Figura 5 Comparação entre o critério de fissuramento para vigas


retangulares defletindo devido a flexão pura c cisalhamento

13
Flexão e C isalhamento C ombinados

Para fins ilustrativos, somente o caso de uma viga com carga central concen
trada sera considerado. Outros casos de carregamento apresentam
resultados similares. Timoshenko (1957) fornece a expressão para a
deflexão central total de uma viga de espessura unitaria cora carregamen­
to centrado fletindo no cisalhamento e flexão como

A PL3 í i8l E
(6 )
48EI í + l 2h G

Para um material elástico e isotropico E/ü = 2(l + 0 ) onde 0 e o


coeficiente de Poisson; por exemplo, para O = 0,3) E/C = 2,6. Quando a
linha neutra esta no meio da seçao, a equaçao (6) pode ser escrita era
termos da maxima deformação da fibra extrema 6b(max) como

A i L
T" ‘P ' 167 ií +
0,6p ~j ^ b(max) (7)

Analogamente, para a máxima deformação diagonal 6d(max) a equaçao (6)


torna - se

0,25 lí ^d(max) (8 )
L
H'
As equações (7J e (8) foram plotadas na Figura 6 como linhas cheias. As
linhas tracejadas são de expressões equivalentes para uma viga carregada
uniformemente (considerando a deformação diagonal nos pontos de quarto de
vao). Como visto anteriormente, e obvio que para um dado valor de
deformação crítica de tração £ .x , os critérios para fissuramento
r Y cnt
inicial nao sao sensíveis ao tipo de carregamento.

Figura 6 - Relações entre A/L £ . e L/H para


cnt
vigas retangulares defletindo devido
a flexão e cisalhamento combinados -
linha neutra no meio

.14.
l.ma conclusão muito importante e extraida da Figura 6. É evidente que o
valor limite min imo de A / L 6 . para a deformação diagonal e 1,0 e
cr 1 1
cresce sensivelmente quando L/H aumenta. Contudo, o valor limite de
A/L £ . para a deformação direta na flexão diminui quando L/H aumenta
cr 1 1
a partir de zero, atingindo um minimo de 0,66 para L/H = 2,0 e
aumentando gradualmente depois disso. A Figura 6 demonstra que, para o
caso de uma viga simples uniforme isotropica fletindo por flexão e
cisalhamento combinados, a deformação direta na flexão e muito mais
(
critica do que a deformação diagonal para valores de L/H > 0,6. Por
exemplo, para um valor de L/II = 2,0 o valor limite de A / l 6 para
cnt
deformação direta na flexão e um terço daquele para deformação diagonal.

Na pratica, as fundações de muitos edificios apresentam uma significativa


restrição as suas deformações, como seria o caso com um radier de concreto
' A
armado. Nessas circunstancias, leva r a linha neutra a fibra extrema
inferior da viga simples pode ser m ais realista. As equações para A /L
( limite devido a deformação de flexa o e deformação diagonal tornam-se
respectivamente

A
0, 083 jj- 1,3 íb (max) (9)
T

0,064 ——O £d( max) (1 0 )


H
A equaçao 9 somente aplica-se para arqueamento convexo uma vez que a
deformação de traçao direta seria z ero para arqueamento concavo . As
equações acima estão plotadas na Fi gura 7 e pode-se observar que a
unica diferença essencial entre as curvas das Figuras 6 e 7 G que para
um certo valor de A/L £ .,, o vai or de L/íI na Figura 7 e o dobro
cnt
< daquele da Figura 6.

Figura 7 - Relações entre A / L £ ., e L/H para


cr xt
í vigas retangulares defletindo devido
a flexão e cisalhamento combinados -
linha neutra em uma borda

15
Influenciei da Razao E/G

Ate o momento tem-se assumido que a razao E/G e dada pela teoria da
elasticidade isotropica simples ( = 2 (l +0 )). 0 valor de E pode ser
considerado como uma medida da rigidez longitudinal da viga e G a
rigidez da viga no cisalhamento. Na pratica, a ‘estrutura’ pode ser
construida de modo que a razao E/G equivalente na viga modelo nao obedeça
a relaçao elastica isotropica simples. Por exemplo, pode ser projetada de
modo a ter uma rigidez no cisalhamento relativamente pequena devido,
talvez, a um certo numero de aberturas no seu interior. Alternativamente,
a estrutura pode ser muito rígida no cisalhamento com uma pequena rigidez
longitudinal como. por exemplo, o caso de uma parede feita de unidades de
concreto pre-moldadas unidas com pinos de encaixe.

Na Figura 8 estão plotadas as relações limites entre A/L6 ., e L/H para


crit
valores de E/G iguais a 0,5; 2,6 (isotropico) e 12,5 com a linha neutra
a H/2. Pod e-se observar que a estrutura mais conveniente do ponto de
vista de mínima deformação de traçao para um dado valor de A/L e aquela
que e relativamente flexivel no cisalhamento, isto e, um grande valor de
E/G. Quando a estrutura e rígida ao cisalhamento em relaçao a sua rigidez
horizontal, as deformações diretas devido a flexão predominam e a relaçao
limite aproxima-se daquela fornecida pela equaçao (3)» A curva denominada
4 na Figura 8 corresponde a E/G = 0 , 5 para uma viga com a linha neutra na
borda inferior. Analogamente a equaçao (lO), a curva 4 somente e valida
para arqueamento convexo.

G> E /(3 ! 0 ' 5 m u ito r íg iá a no c is o lh o m e n to

E/G « 2-6

® — E / G ' 12-5 m u ito f i a t i v e i ro c isclhom ento

@ ------------- e/G * 0 - 5 lin h o n e u tr o no bordo in fe rio r

l/H

Figura 8 - Influência de E/G na relaçao entre A / L 6 L/H


cri t
para vigas retangulares

Critérios para Fissuramento de Vigas Simples

Este item trata do fissuramento inicial de vigas simples. É evidente que


mesmo para este tipo simples de estrutura, composta de material com um
valor conhecido de deformação critica de traçao, o valor de A /]_, que
causa fissuramento visível pode variar através de extensos limites
dependendo principalmente do modo de deformação, da rigidez relativa
cisalhamento-tração e da geometria. 0 comportamento de estruturas reais
sera evidentemente muito mais complicado. Apesar disso, os resultados das
análises podem ter certo valor na avaliaçao do desempenho de edificações
reais e podem ser resumidas como segue:

16
1. Antes mesmo de poder se efetuar uma estimativa aproximada da deflexão
relativa limite, e necessário conhecer-se o seguinte: as deformações
críticas de traçao dos materiais de construção e acabamentos, a razao
comprimento-altura da estrutura (L/H), a razao aproximada entre a
rigidez longitudinal equivalente (E/G), e o grau de restrição a traçao
oferecido por outras partes da estrutura e/ou das fundações.

2. Quando a estrutura tem uma rigidez no cisalhamento relativamente baixa


ou um grau significativo de restrição a traçao (por exemplo,
edificações aporticadas e paredes auto-portantes armadas) o fissuramera
to devido a deformação diagonal de traçao sera o fator limite. Para
uma viga simples, a equaçao (10) fornece uma relaçao limite
conservadora para essas condiçoes e esta plotada na Figura 9a (curva
1) .

3. Quando a estrutura possui pequena ou nenhuma resistência a traçao (por


exemplo, edificações de tijolo tradicional ou alvenaria) e provável
que o fissuramento devido as deformações de traçao na flexão seja o
fator limite, particularmente quando L/H e maior do que 2 0 A curva 2
na Figura 9a representa um limite conservador para viga simples com
linha neutra no centro.

4. Quando a estrutura é de tijolo tradicional ou alvenaria sem restrição


% »v» r * *
a traçao e esta sujeita a arqueamento convexo , e provável que o
fissuramento devido a deformação direta na flexão ocorra para valores
muito baixos de A/L. Isto e ilustrado, para o caso de uma viga
simples, pela curva 3 na Figura 9a derivada de um valor baixo de E/G
(baixa rigidez de traçao) e a linha neutra na borda inferior.

Deve ser enfatizado que o caso de uma viga simples uniforme foi escolhido
para ilustrar um possível método de avaliaçao quando o dano pode ocorrer.
Sem duvida, as analises poderiam ser mais realistas se a teoria de
placas fosse usada para calcular as deformações maximas de traçao.
Estruturas mais complexas envolvendo aberturas e variações de seçao
poderiam ser estudadas usando métodos numéricos, tal como o método dos
elementos finitos. Sem empreender tais cálculos sofisticados, a validade
do enfoque básico pode ser aferido comparando-se os critérios decorrentes
da analise da viga simples com os critérios de dano existentes.

Comparação Com Outros Critérios de Dano

Na seçao 4 concluiu-se que a deformação critica de traçao media para


alvenarias de tijolos e outros materiais parece situar-se no intervalo
de 0 , 0 3 a 0,10%. O valor de 0 ,0 7 3 % será adotado para os presentes
objetivos e as curvas 1, 2 e 3 da Figura 9a foram retraçadas na Figura 9b
com eixos de A / L versus L/H com 6 cr 1.1, = 0,073%»

Polshin e Tokar (1937) sugeriram uma relação limite entre A / l e L/H para
paredes de tijolos planas, a qual, afirmam eles, é baseada numa
deformação de tração limite de 0,03%. A relação e mostrada na Figura 9b
como uma linha pontilhada e pode-se observar que ficou ligeiramente
abaixo da linha 2, como seria de se esperar. Provavelmente Polshin e Tokar
basearam sua relação numa émalise similar a esquematizada nesta seçao, mas
eles não a estenderam para tratar com deformação diagonal ou arqueamento
convexo.

Skempton e MacDonald (193&) sugeriram que a distorção angular P deveria


ser usada como o critério de dano e recomendaram = 0,002 como um
valor limite adequado. Bjerrum (1 9 6 3 ) posteriormente endossou esse^valor
como sendo um limite seguro para edificações onde o fissuramento nao e

17»
* . . . . .
permitido. Este critério parece ter sido utilizado micialmente para
estruturas aporticadas preenchidas onde o cisalhamento predomina, mas
tem sido largamente aplicado a outros tipos de estrutura.

Figura 9a ~ Critérios para o início de


fissuramento visível de vigas
retangulares

"— ■“ © Oeformaçc© dioçonol critico


— (D Arq cònc- linho neutro no maio, deformgçõo critica ro flexão

“ © Arq. c«nw.~ jirtho noutro no borde interior, deformação crítica


no fiasãs

Figura 9b - Coraparaçao entre os critérios


da Figura 9a i com £ ., = 0,075%i
cr 1 1
e outros critérios de dano

Aplicando o critério ao presente caso de


.
viga simples, a rotação máxima
/
se da nos apoios» Para o caso de uma viga elastica deformando tanto no
cisalhamento como na fl exao e a linha neutra no meio da seçao, pode ser
mostrado que a maxima d istorçao angular relaciona-se a A / L pela
expressão:

18
f v
A ft 1 + 3 , 9 ( h/ l ) 2

L 3 1 + 2 , 6 ( II/L ) 2

A expressão equivalente para a linha neutra na face inferior nao difere


significativamente.

A equação (11) esta plotada como uma linha tracejada na Figura 9b com
ft = 0, 002 correspondente ao valor limite de ò /{ = 1 / 5 00 recomendado
por Skempton e MacDonald (1 9 5 6 ). Pode-se observar que para valores de
L/H menores do que 2,5? a equação (lO) com = ^,075% (linha l)
concorda razoavelmente com a equaçao (1 1 ), que e baseada no critério de
Skempton e MacDonald. Contudo, para valores de L/lí maiores do que 2,5?
a equaçao (ll) fornece valores limites de A / l significativamente
inferiores aos da equação (lO). Deve ser notado que L/H menor do que 4
(linha 2 ), baseado em deformações limites de flexão, fornece valores
limites de A /]_, bem inferiores aqueles obtidos usando o critério de
distorção angular maxima, como sugerido por Skempton e MacDonald.

É interessante notar que Meyerhof (1956) ao aceitar o valor de ft - 0,002


para edificações aporticadas, recomenda um valor limite para A / l de
aproximadamente 0,4 x 10“3 para alvenaria de tijolos contínuas e paredes
portantes. Este valor concorda razoavelmente com a teoria de viga simples
com arqueamento concavo (linha 2) e com as relações de Polshin e Tokar
para L/H < 3? 5» Lm aspecto marcante na Figura 9b e que a linha 3>
aplicavel ao arqueamento convexo de paredes portantes, preve que o
fissuramento ocorre para valores de A /L significativarnente menores do
que os previstos pela equaçao (ll) ou pela relaçao de Polshin e Tokar.

Em resumo, parece que os critérios simples para fissuramento inicial


/ de
vigas sumarizados na Figura 9a 1 concordam razoavelmente com vários
critérios existentes para alvenaria de tijolos; e alem disso que eles
proporcionam uma cobertura mais compreensível dos materiais, métodos
de construção e modo de deformação do que qualquer outrò critério simples.
0 proximo passo e comparar os vários critérios com alguns casos
observados mas, antes disso, o comportamento subsequente ao inicio do
fissuramento sera discutido suscintamente.

6. COMPORTAMENTO SUBSEQUENTE AO FISSURAMENTO INICIAL

Ate aqui, somente as deformações que originam fissuramento inicial foram


consideradas. Nesta seçao, o comportamento subsequente ao inicio do
fissuramento
* sera considerado suscintamente.
~ % Assegurado
n r que f o _fissuramen-
to e contido por alguma forma de restrição a traçao? e possível que
deformações significativamente maiores aquelas que dao origem ao
fissuramento inicial possam ser toleradas. Vigas de concreto armado e
lajes sao bons exemplos onde este tipo de comportamento ocorre e regras
sao
r estabelecidas
rs» para a raaxima abertura de fissura aceitavel para
varias aplicações.

Idéias similares podem provavelmente ser desenvolvidas para o fissuramen­


to de divisórias, alvenaria, etc. Sera necessário desenvolver critérios
de funcionalidade baseados em fatores tais como a maxima abertura da
, A f 4
fissura, frequência de fissuras, textura da superfície e taxa de
deformação.

Ate mesmo o comportamento de estruturas simples subsequente ao fissuramen


to inicial e muito complexo o nao sera facil estabelecer-se regras gerais.

19
Uma questão basica parece ser: Pode uma fissura propagar-se, sem
restrição, a medida que a deformação continua, e o movimento concentrar-
se ao redor da fissura uma vez que tenha sido formada? Estruturas
aporticadas com paredes tipo painel e estruturas portantes armadas são
exemplos onde a propagaçao de fissuras iniciais pode ser razoavelmente
bem controlada. Estruturas portantes contínuas não armadas apoiadas em
sapatas corridas armadas ou radiers podem também se enquadrar nesta
categoria. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados com relação a
possíveis planos de fragilidade. Ward (1956) chamou atenção para o caso
clássico de uma edificação de tijolos apoiada em sapatas corridas
< . . A
continuas que tinham sofrido recalques originando arqueamento concavo.
Um escorregamento tinha ocorrido ao longo da camada impermeabilizante
resultando num extenso fissuramento devido a flexão na alvenaria de
tijolos sobrejacente. Nenhuma quantidade de armadura de tração na
sapata teria evitado ou controlado tal fissuramento. E interessante notar
que nenhum fissuramento ocorreu na alvenaria de tijolo subjacente, a
qual tinha um valor de L/lí muito maior.

Um importante modo de deformação que nao parece ter recebido a atençao


merecida e o caso do arqueamento convexo de estruturas tradicionais de
tijolos ou alvenaria» Uma vez que uma fissura se forma no topo da
edificação, nao ha como evitar que ela se propague para baixo em direção
as fundações. Depois disso a estrutura se comporta como duas ou mais
unidades separadas e fissuras muito largas podem se desenvolver. A
diferença essencial entre arqueamento convexo e concavo pode ser
ilustrada de maneira bastante simples pelo exemplo seguinte.

As Figuras 10a e 10c mostram os danos em modelos de parede de tijolos


submetidos a deformações angulares originando arqueamento concavo . As
fundações oferecem considerável restrição e a deformação ocorre
aproximadamente como uma distorção de cisalhamento uniforme sem fissuras
contínuas evidentes. Entretanto, se as paredes estão sujeitas a mesma
quantidade de deformação angular mas originando arqueamento convexo
(vide Figuras 10b e 10d), e evidente que o dano e muito mais severo.
Fissuras contínuas se propagam por toda a altura da parede causando
serias rupturas e as duas extremidades da parede tendem a se comportar
como unidades independentes. Pryke (1974) também fornece uma notável
ilustração da propagaçao de fissuras através de uma edificação devido a
perda de suporte em um lado do terreno.

Consequentemente, para casos em que o fissuramento nao e restringido, as


deformações que causam fissuramento inicial podem perfeitamente coincidir
com os limites desejáveis de funcionalidade. Também
~ deveria
> ser
lembrado que quando um material fissura na traçao, sera normalmente
acompanhado por uma liberação de energia de deformação devido ao nao
carregamento do material adjacente. Por isso, as fissuras iniciais podem
se formar muito rapidamente e serem consideravelmente grandes»

7. ALGUNS CASOS DE DANOS DE RECALQUE

O propósito deste artigo ó estimular ideias e trabalhos adicionais sobre


o problema de danos devido a recalques, ao inves de tentar formular
regras empíricas para recalques admissíveis. Na seçao 4 sugere-se como
procedimento para o problema de danos relacionar o inicio do fissuramento
visível á uma deformação crítica de traçao. Consequentemente, uma vez que
o modo de deformação da estrutura é conhecido, é possível calcular as
deflexões limites. Na seçao 5? o procedimento e ilustrado para o caso de
uma viga simples uniforme elastica, usando um valor de deformação critica
(0 ,075%) obtido de testes de laboratorio em paredes de tijolos e estru­
turas preenchidas com tijolos. Foi mostrado (Figura 9b) que os critérios

.20.
[O

Figura 10 - Fissuramento de modelos de paredes de tijolos


A
durante arqueamento concavo e convexo
* A
resultantes para o íissuramcnto inicia 1 estão em razoavel concordância
com os critérios existentes de dano»

Nesta seçao, os vários critérios de da no serão comparados com um certo


numero de casos registrados (muitos de les apresentados a conferencia).
A ^ g , \ w
As observações serão consideradas sob tres topicos: Cl) edificações
aporticadas, (2) paredes portantes e (3 ) paredes portantes submetidas a
arqueamento convexo * Os valores da de flexão relativa A relacionam-se
# >
com os deslocamentos totais e nao com os que ocorrem posteriormente a
conclusão da obra.

Edificações Aporticadas

Este tip>o de edificação em geral tendera a se deformar mais por


cisalhamento do que por flexão e por isso o inicio de fissuramento sera
relacionado as deformações diagonais de traçao. A linha cheia na Figura
11a representa as relações limites teóricas entre A / l e L/H para uma
viga simples em que a deformação diagonal e crítica (linha 1 na Figura
9b)« A linha tracejada representa o critério de Skempton e MacDonald
quando aplicado a uma viga simples. Na Figura 11a também são mostrados
alguns resultados obtidos de observações em edificações existentes.
(Posteriormente a publicação do trabalho original nos Anais, dados
adicionais sobre o desempenho observado de um certo numero de edificações,
principalmente do tipo aporticado, tornaram-se disponíveis (Grant,
Christian e Vanmarcke, 1974). Os pontos nao enumerados na Figura 11
V ^ m ~
relacionam-se a estes dados), Tres categorias de díinos sao identificadas:
nulo (pontos vazios), leve (pontos pretos) e substancial (pontos pretos
com cruz). Estas categorias nao estão definidas precisamente, porem sao
baseadas em avaliações subjetivas. Pode ser visto que todas as
observações relacionadas ao dano substancial fornecem valores de A /L
que se situam bem acima das duas relações limites, ao passo que as quatro
observações para danos leves estão muito próximas a elas.

Os resultados para L/H < 1 sao de particular interesse, uma vez que todos
relacionam-se a edificios altos, construidos com concreto armado moldado
"in loco" e possuindo vários tipos de alvenaria. Vargas e Silva (1973)
analisaram os resultados de observações de recalques em 26 edificios
altos, alguns deles extremamente danificados, e concluiram que o dano
geralmente esta de acordo com o critério proposto por Skempton e
MacDonald. Breth e Amann. (1974) registraram os valores de deflexão
relativa A observados em oito edificios altos apoiados na Argila de
Frankfurt - todos eles sem danos. 0 máximo valor de A / L é 0 , 5 6 3 x 10“^.

Os resultados na Figura 11a referem-se a L/H < 3 para os quais os dois


critérios sao, em termos práticos, idênticos. Para valores de L/H maiores,
o critério baseado na deformação crítica de traçao diagonal fornece
valores admissíveis de A /L muito maiores do que aqueles baseados na
máxima distorção angular. Observações em edificações aporticadas com
L/H > 3 são necessárias para se determinar qual dos dois critérios e o
melhor.

Skempton e MacDonald (1 9 5 6 ) concluiram que as fundações de estruturas


aporticadas não preenchidas podem suportar uma distorção angular de ate
l/l50 sem sofrer dano. Webb (1974) descreve o desempenho de uma
edifinaçao aporticada nao preenchida,de concreto armado, com dois
pavimentos, que foi essencialmente projetada para suportar grandes
recalques diferenciais. O recalque relativo entre dois dos pilares deu
origem a uma rotaçao relativa (ou distorção angular) de 1 / 1 7 7 » causando
leve fissuramento na viga que une os dois pilares. Em outro ponto da
edificação, uma rotaçao relativa de l/l72 ocorreu sem dano. Estes
resultados estão em boa concordância com as conclusões de Skempton e
I MacDonald. A razao entre o vao e a altura da viga fissurada era de 24,4
fornecendo uma deformação maxima de traçao teórica de cerca de 0 ,035%i a
qual esta em excelente concordância com os valores de £ ^ (0, 03 a
0,05%) para concreto, sugeridos na Seçao 4.

Paredes Portantes

Na Seçao 5 concluiu-se, de acordo com Polshin e Tokar (1957), que o


fissuramento de paredes portantes nao armadas geralmente resultara
diretamente de deformações de traçao na flexão. A linha traço-ponto
denominada 2 na Figura 11b representa a relaçao limite apropriada entre
A/L e L/H para uma viga simples com a linha neutra no meio da seçao e
<£crit = 0,075% (linha 2 na Figura 9b).-A relaçao proposta por Polshin e
Tokar esta representada pela linha pontilhada. O critério de Skempton e
MacDonald e frequentemente implicado a paredes portantes, e nossa
aplicaçao referente a tal critério esta também mostrada na Figura 11b
como equaçao (ll).

Os resultados de observações em algumas edificações com paredes portantes


e painéis de concreto pre-moldados estão plotados na Figura 11b. Os
pontos marcados em L sao para testes de laboratorio em paredes de
tijolos. Pode ser visto que as duas relações que definem o inicio de
fissuramento coincidem muito bem com a divisão entre a região de pontos
«I de paredes danificadas e nao danificadas. Os dois pontos que se situam
abaixo dos critérios teoricos sao referentes a testes de laboratorio onde
o carregamento geralmente e mais rápido do que no campo e as paredes
podem ser mais frágeis.

a Os pontos numerados por 8 sao referentes a duas edificações de painéis


de concreto pre-moldados, possuindo muitos pavimentos (’’Cambridge Road"
"Hurley Road") descritas por Morton e Au (1974). O ponto 3 refere-se a
blocos de apartamento de 4 andares, também em painéis de concreto pr*e-
< moldados e descritos por Thorburn e McVicar (197^)* Embora o
/\
arqueamento relativo concâvo seja razoavelmente grande para duas dessas
edificações, nao ha registro de qualquer dano. Os resultados sugerem que
edificações de painéis de concreto pre-moldados podem nao ser mais
sensíveis a recalques diferenciais do que as tradicionais estruturas de
paredes portantes, embora seja necessária uma quantidade muito maior de
observações antes de esquematizar-se conclusões concretas.
í rv f .W r 4
\ Uma observação importante e que a versão ampliada do critério de
Skempton e MacDonald superestima o valor de & /L para o qual ocorrem os
primeiros fissuramentos. Nao ha muitas informações a respeito do inicio
de dano "substancial". O ponto 9 corresponde a uma edificação no
campus do MIT, relatada por Horn e Lambe (1964) como tendo uma considera
vel quantidade de fissuramentos no seu interior e exterior. Eles
( também observaram que o arqueamento relativo concavo de l/l600 e
. % . .. ■■
----r
consideravelmente inferior aquele normalmente fornecido ccmo o máximo
admissível.

Edificações Sujeitas a Arqueamento Convexo

Como foi mencionado na Seçao 6, o arqueamento convexo e um importante


modo de comportamento que parece ter recebido relativamente pouca
atençao no passado. Entretanto, ha agora quatro trabalhos relativos a
esse assunto que fornecem uma grande quantidade de informações
t
extremamente valiosas (Breth e Chambosse, 1974," Cheney e Burford, 197^ j
Littlejohn, 1974; Samuéis e Cheney, 1974).

23
its ) PAREDES POSTANTES
2.0
4 P o ls h in e Tofear
(19 57)
IX 5.1 X10' 5 W o od ( 1 9 5 2 )
6 O u r tn o u c s í 195 3 )
15' 7 B r e th o
to «ri
u O Cí^amboB» (©7«!
C W orte n e Au
.c g .(II) (19 74)
LO
X« (D 9 H ern o Lom b 4
-4.-*--- .Ar. (1964 )
10 T c c h « f c c f a r i o f f
, ^ X—’•TTf". (1958)
0.5-
.£»*5?-A;«-n‘4 OA o10
L.5
0« 07 Polshin o Tofcgr
o4
1
D i 2 3 4 5 6 L /H
2.0
(c) aroueamento convexo oe
paredes portantes 11 Cheney e S u r í o r < J ( i 9 7 4)
12 Sam uels e Chersay (1974 )
1.5- Xl2 13 R ig b y e
D eS cm a li 952 )
14 Li t t l e j e h n ( © 7 4 )
w r>
O
9 14
1.0- Xl2
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* 14
1JX *'2
0. 5-
©

"V IÏO "


* 1 1 1 ‘ ----- f ‘ V '
:> 1 2 5 4 5 12 13 L /H

Figura 11 - Relações entre A /L e L/H de edificações apresentando danos


de vários graus. As curvas numeradas referem-se aos critérios
teóricos mostrados na Figura 9b; , = 0,075%» Os pontos
cr 1 1
sem número referem-se a dados fornecidos por Grant, Christian
Vanraarcke (1972)

Na Seção 5 foi mostrado que quando uma estrutura tradicional de tijolos


nao armada ou alvenaria esta submetida a arqueamento convexo, o
fissuramento, devido diretamente a deformação de trciçao na flexão,
provavelmente ocorrera para valores muito baixos de A/L. Alem disso,
foi demonstrado na Seçao 6 que provavelmente as fissuras se propagarao
rapidamente durante o arqueamento convexo, resultando em dano substancial
para valores de A /L que originam pouco ou nenhum dano durante arqueamento
concavo. A linha traço-ponto denominada 3 na Figura 11c e a relaçao
limite teórica para o fissuramento inicial de uma viga simples.

A Figura 11c também mostra os resultados das observações apresentadas nos

24
quatro trabalhos referidos anteriorrnente junto com alguns outros, üs
pontos numerados 1 1 referem-se a edificação de tijolos de 3 andares,
descrita por Cheney e Burford (1974), e foram obtidos da sua Figura 1 .
Para um valor de A /L = 0,154 x 10"8 apareceram fissuras capilares e
para A /L = 0,21 x 10"3 as fissuras eram por volta de 2,5 mm. Quando
A /L tinha alcançado um valor de 0 , 5 8 x 1 0 ~3 5 as reclamações dos
locatários eram tais que o dano deve ser classificado como "substancial".

Littlejohn (1974) descreve alguns importantes ensaios sobre o


A
desempenho de paredes de tijolos sujeitas a subsidencia ocasionada por
escavações subterrâneas. As paredes tinham valores de L/H excepcionalmen
te altos e situados entre 12,5 e 17» As observações mostraram que as
paredes de tijolos suportaram um significativo arqueamento convexo, que
permaneceu apos a passagem da onda de subsidencia. As fundações eram de
concreto nao armado e exibiram fissuras capilares para deformações de
traçao muito pequenas (0 ,0 1 %), podendo ter sido iniciadas por retraçao.
Como o arqueamento convexo A
na parede numero 1 se desenvolveu durante a
passagem da onda de subsidencia, as fissuras se estenderam rapidamente
através da alvenaria de tijolos devido ao aumento de curvatura e, para
uma razão de arqueamento convexo de l/l390 (= 0 , 7 2 x 1 0 ~3 ) a aitura
total da parede estava fissurada. Para- uma razao de arqueamento convexo
de 1 / 920 (= 1 , 0 8 x 1 0 ”8 ) G dano foi classificado como "èevero". 0
comportamento descrito por Littlejohn e complicado pela presença de
deformações diretas no terreno, bem como pelos recalques diferenciais.
Apesar disto, as observações, juntamente com as outras plotadas na
Figura 11c, parecem estar amplamente de acordo com as previsões de
fissuramento de viga simples submetidas a arqueamento convexo.

Na Seçao 6 foi demonstrado por meio de um modelo de parede de tijolos


submetido a arqueamento convexo que, uma vez ocorrido o fissuramento, ha
uma tendencia da estrutura separar-se em unidades distintas com o
movimento concentrando-se através das fissuras. Littlejohn observou este
comportamento em suas experiencias, e Breth apresenta alguns excelentes
registros deste tipo de comportamento proveniente de afundamento
superficial ocasionado por escavações subterrâneas. Nestas circunstancias,
um conhecimento da deformação angular a que foram submetidas as
fundações permite uma razoavel avaliaçao da provável abertura das
fissuras. Por exemplo, a èdificaçao III descrita por Breth e Chambosse
(1974) suportou uma incliíiaçao entre 1/210 e I/1 3 O relativa a uma
èdificaçao adjacente, gerando uma deformação angular entre -0 48 e
-0,77%. A altura total da'èdificaçao H, do nível de fundação até o teto
da cobertura era de 13 m. Assumindo que os movimentos somente ocorrem nas
I fissuras, os cálculos mostram que a abertura total das fissuras no topo
da edificação é de 60 a 100 mm (H.^), concordando bem com o valor medido
de 60 a 80 mm o

8 . DISCUSSÃO E CONCLUSÕES,DA PARTE I

0 limite seguro para distorção angular (rotaçao relativa - vide Seçao 3 )


de I/5OO proposto por Skerhpton e MacDonald (1956) mostrou ser satisfat(3
rio para edificações aporticadas tanto de construção moderna como
i tradicional. Entretanto, parece que este critério nao e satisfatório para
edificações com paredes portantes onde danos foram registrados para
distorções angulares muito menores. Para este tipo de èdificaçao incluin­
do aquelas construções de painéis de concreto armado pre-moldados, o
critério proposto por Polshin e Tokar (1957) que limita os valores de
A / L em relaçao a L/H parece ser muito mais satisfatório. Entretanto, ate
mesmo este critério nao e adequado para edificações com paredes portantes
submetidas a arqueamento convexo. As observações mostram que em tais

.25.
casos ocorre fi ssuramento para valores de A / L metade daqueles fornecidos
por Polshin e Tokar.

Na Seçao 4 sugeriu-se que e necessária uma compreensão fundamental das


causas de dano e que uma maneira de se abordar a questão e relacionar o
inicio de fissuramento a uma deformação crítica de traçao. A aplicaçao
deste procedimento foi ilustrada para o caso muito simples de uma viga
retangular uniforme. Pode ser discutido que este caso e muito simples
para ser representativo de edificações reais. Entretanto, seu uso tem
sido instrutivo e surpreendentemente bem sucedido na previsão do
fissuramento de vários tipos de edificações. 0 procedimento leva ern conta
nao so a diferença nos movimentos admissíveis para edificações aportica-
das e de paredes portantes mas também a maior susceptibilidade a dano de
edificações sujeitas a arqueamento convexo.

A grande vantagem do conceito de deformação crítica de traçao e que ele


pode ser aplicado a estruturas complexas empregando-se técnicas analíticas
A ~
bem estabelecidas, com mais enfase a deslocamentos e deformações do que a
tensões.
r
Pode-se
r
considerar Aque para edificações
f f
importantes ou nao usuais,
alem das analises de resistência e estabilidade da estrutura os
deslocamentos e as deformações devem ser analisados empregando-se uma
idealizaçao simples de toda a edificação levando em conta as fundações,
paredes divisórias e acabamentos. Este procedimento sera discutido com
mais detalhes na Parte II do trabalho. Tal procedimento deixá claro o
fato de que o dano pode ser controlado nao somente limitando os recalques
ou enrijecendo a estrutura mas também por um cuidadoso projeto das
fixações das alvenarias e divisórias.
/ N A ,
Vários trabalhos apresentados a Conferencia referiram-se a edi ficaçoe s
que tinham suportado arqueamento convexo. Este modo de deform açao pode
resultar de causas como:

1. Expansao ou contraçao do subsolo.


A A. A
2. Subsidencia devido a escavações subterrâneas.

3» Subsidencia devido a escavações de túneis.

4. Perda de suporte durante reforço de fundações.

5. Afundamento ocasionado por edificações adjacentes.

6. Rebaixamento do lençol freatico.

7. Movimentos ao redor de escavações.

É evidente que o desempenho de edificações submetidas a arqueamento


convexo e de importância. Em vista das considerações teóricas e
observações em edificações existentes indicarem que a magnitude dos
movimentos necessária para causar dano e muito pequena, particularmente
na ausência de qualquer restrição a traçao, o problema torna-se ainda mais
importante. Considerando que é possível projetar edificações que absorvam
recalques devido ao seu peso próprio, o arqueamento convexo frequentemente
A (V / t
ocorre em edificações existentes como decorrência de construções próximas.
Os resultados apresentados neste trabalho sugerem que as deformações que
originam arqueamento convexo em estruturas de parede portante devem ser
cuidadosamente controladas caso se deseje evitar danos. Os efeitos de
escavações sao particularmente significativos, uma vez que eles nao
somente originam arqueamento convexo do terreno circunvizinho, mas também
deformação de traçao direta.

26.
PARTE II INTERAÇAO ENTRE ESTRUTURA E TERRENO SUBJACENTE

9. PRINCIPAIS FATORES QUE AFETAM A INTERAÇÃO

Esta parte do trabalho esta relacionada com o problema da interação entre


a estrutura e o terreno subjacente no qual a estrutura se apoia, tanto
durante a construção como posteriormente durante seu uso. A interação é
um problema muito complexo porque e a combinação de vários efeitos
diferentes (alguns dos quais sao dependentes do tempo). Nenhum destes
efeitos e seguramente linear, de tal forma que nao e possível considerar
, A
qualquer um separadamente dos demais e a seguir superpo-los sem
introduzir erros e aproximações. Estes fatores incluem:

i) Os recalques imediatos causados por cada incrementos de carga a


medida que a estrutura e construida.

ii) Os recalques por adensamento a longo prazo (tanto primário quanto


secundário) que sobrepoem-se aos recalques imediatos, e dos quais a
maior proporção pode ocorrer durante o periodo construtivo.

iii) As mudanças na rigidez da estrutura, a medida que a construção


progride.

iv) A redistribuiçao de cargas e tensões no interior da estrutura devido


a recalques diferenciais.

Com a intenção de se obter uma certa compreensão destes problemas e


identificar suas características principais, e necessário isolar os
fatores acima e considerá-los separadamente de uma maneira tao simples
quanto possível, contanto que se tenha em mente as aproximações
introduzidas.

A questão da proporção entre os recalques imediatos e os de longo prazo


é considerada detalhadamente em primeiro lugar, devido a sua importante
influencia na quantidade de recalque diferencial que ocorre. A questão da
estimativa de recalques e recalques diferenciais esta ilustrada na seção
seguinte através do exemplo de um radier circular rígido sobre argila
rija; os detalhes do radier e do terreno foram escolhidos especificamente
de modo a se ter maior similaridade possível a um dos casos históricos
apresentados por Morton e Au (l97(t)« A seção final contem uma breve
discussão da variação da rigidez de uma edificação durante a construção,
e da redistribuição de cargas no seu interior devido a recalques
diferenciais.

10. PROPORÇÃO ENTRE RECALQUE IMEDIATO E A LONGO PRAZO

No trabalho de Skempton e MacDonald (1 9 5 6 ), foi feita uma importante


distinção entre a maior deformação e o dano na estruturá principal da
edificação e a deformação e o dano nos acabamentos, isto e, alvenaria,
painéis de fechamento e reboco. Foi mostrado que o dano na estrutura
principal era raro e que a maioria dos danos jjoderiam ser classificados
como arquitetónicos, podendo ou não prejudicar a funcionalidade da
edificação. 0 dano estrutural é ocasionado por deformações resultantes de
ambos os recalques, imediato e a longo prazo do terreno, ao passo que os
danos em acabamentos sensíveis sao predominanternente causados por
recalques a longo prazo que ocorrem apos a conclusão da obra. (Pode ocorrei*
uma pequena quantidade de recalque imediato que provoca danos nos
acabamentos, se estes forem executados ante s que toda a carga permanente
esteja aplicada a fundaçaoj.

27
A.-sim sendo, e importante estabelecer, se possível, a proporaçao de
recalque total que ocorrerei antes \ue os acabamentos sejam incorporados
a edificação e. se o projeto assim o permitir, planejar para que esta
proporção seja tao grande quanto possível.

Esta proporção depende das propriedades do terreno e somente sera de


interesse uando o solo e de granuloraetria fina com um baixo coeficiente
' de permeabi1 idade. Isto significa que o problema de recalque diferencial
e consequentemente de dano arquitetônico e improvável de ocorrer em
| edificações sobre areia. a menos que hajam circunstancias especiais ccmo
colapso da areia devido a umedecimento ou vibraçao. Uma distinção clara
j deve ser feita entre:

a.) Argilas sobreadensadas que para alterações de tensão razoavelmente


pequenas se comportam essencialmente como material elástico (mesmo que
<is propriedades elasticas possam ser nao homogêneas e anisotropicas),e

b .) argilas normalmente adensadas que nao se comportam do mesmo modo.

lm procedimento simples para avaliar a proporção de recalques nestes dois


tipos de argila e esquematizado nas seções seguintes.

Carregamento Circular Uniforme em Argilas Sobreadensadas

Comecemos considerando o caso mais simples possível de um carregamento


circular uniforme (de raio a e intensidade q^ por unidade de area) aplicado
verticalmente sobre uma superfície horizontal do terreno como mostrado na
Figura 12. 0 terreno é assumido como sendo de extensão infinita e a
argila sobreadensada que se comporta como um material elástico perfeito.

aJLLL
V/ a 7 í■x ô
'S/s^y/K > V?-.f

\ I p

?z

Figura 12 - Carregamento circular uniforme


sobre um semi-espaço elástico

Precisamos distinguir as reações da argila entre as duas condiçoes


extremas:

i) O caso imediato nao drenado, relacionado a mudanças de tensões totais


e associado com valores apropriados de modulo de Young E e
coeficiente de Poisson ü (=l/2), e
u
ii) o caso final totalmente drenado, relacionado a mudanças de tensões
efetivas com adequadas constantes elasticas E ’ e iP' .

A constante elastica mais fundamental, o modulo de cisalhamento G, e


definido em termos de diferenças de tensões e deve por isto ser

.2 8 .
independente da pressão neutra; para um material elástico ela deve ser
a mesma para os casos nao drenado e totalmente drenado, de maneira que;

- = 2G = 2G* (12)
u
1 +D 1 + L?'

0 recalque j> do ponto central 0 na superfície do terreno e dado por:

j? = 2(1 - ^ ) q a = (1 - O ) ga
(13)

veja, por exemplo, Timoshenko e Goodier (1951)* Deve-se notar que o


recalque para um valor fixado de pressão q é diretamente proporcional ao
tamanho da area carregada; isto sera tratado posteriormonte em maiores
detalhes.

Diretamente da equaçao (l3) temos o recalque imediato:

(1 - Û “ )qa (l - Û )qa
_____ u ____ u
(14)
/ E

e o recalque total (longo prazo):

2(1 - 2)q a (1 - Ù ')qa


/ E« G*
( 1 5 )

Então a proporção entre os recalques imediato e total e:

K 1 - Û
(1 6 )
Ü ' (1 - Û
Ft
desde que Û - l/2.

É significativo que esta razao e:

i) Dependente somente do valor de ', e

ii) não muito sensível ao valor real de tJ' dentro da variaçao restrita
de 0,10 a 0,33 1 apropriada a argilas sobreadensadas, como indicado
na Figura 1 3 .

At e 0 presente, as 1 .tadas comnrovacoes experimentais sucierem oue 0 '


e constante para uma
to , Wroth (1972a) ; e
ve 1 relaçao entre iJ
de Wroth (1972b).

Acredita-se que os valores prováveis de 1 situam-se na faixa de 0,10 a


0,33 de tal forma que a equaçao (l6) sugere uma variaçao de 0,35 a Oi75
para a razao * A lem disso, e pouco provável que os valores desta
razao sejam muito diferentes de outros sob condiçoes mais reais de
carregamento. Desse modo, esta analise simples sugere (assumindo que

.29.
Figura 13 - Variaçao dos fatores ------- e
/ 2(1 -Ú')
l-2^!
------— com lJ'
{l-L? )"
neuhum adensamento ocorra durante o período de construção) que o
recalque imediato de uma fundaçao sobre argila rija sera da ordem de
55 a 75po do recalque total. Na Seçao 11, e realizado um cálculo similar
com base no fato de que a argila rija e um material elástico nao homog_e
neo com modulos que crescem linearmente com a profundidade. Os
resultados indicam que os prováveis valores de f u/f- sao menores e em
particular, para radiers sobre a Argila de Londres, a variaçao sugerida
e de 0.35 a 0,55« Lma avaliaçao da influencia da rigidez de um radier
também e feita na Seçao 11.

Simons e Som (1970) analisaram doze casos registrados de recalques de


grandes estruturas em argila sobreadensada e encontraram uma variaçao de
valores para j?uA>^ de 0,315 a 0,735 com uma media de 0,575* Morton e Au
(1974) estudaram oito casos registrados de edificações sobre a Argila
de Londres (cinco radiers e tres fundações por estaca) e encontraram
uma variaçao de 0,4 a 0 , 8 2 com uma media de 0,63* Os recalques destas
edificações recentes ainda nao se completaram de tal forma que os valores
de p u/j> ^ sao levemente superestimados. Ambas as series de registros
confirmam as conclusões da analise elastica simples.

Lm procedimento alternativo para estinmr o recalque total é integrar a


compressão para todos os elementos ao longo da linha central abaixo de 0
na Figura 12, assumindo que eles nao sofram deformação lateral e que o
adensamento seja unidimensional. Este e o recalque obtido da interpreta
cao classica do ensaio edometrico e e denotado por P
J od
Fara a condição de adensamento unidimensional de um material
perfeitamente elástico, o coeficiente de compressibi1idade volumétrica e

(1 - 2^ ')(1 + O ' ) _ (1 - 2i V )
m (17)
cv
E '(1 - J') 2G '(1 - O' )

.30.
U sando este resul tado , pode ser m

p (1 - 2 0 *
qa (1 8 )
J od
G 1(1 - 0'

e além disso, da equaç ão (1 5 ):

Po d (1 - 2i)
(19)
(1 -L)')
f *
A última relaçao está plotada na ] L> ' <0,24, ela e maior
do que 0,9, isto e , o recalque P
J Oi
simples unidimens iona 1 diverge no
(assumindo, certamente, que um valor apropriado de m tenha sido adotado)
cv
A medida precisa de m e muito importante, e isto e comentado posterior
cv —
mente. É provável que para outras condiçoes limites mais realistas tais
como uma camada de argila de profundidade infinita, o procedimento simples
conduziria a previsões aceitáveis, e poderia ser corrigido usando a
equaçao (1 9 ) para dar uma melhor indicaçao de .

A surpreendente precisão dos cálculos "unidimensionais" pode ser


atribuida ao fato de que os elementos fortemente tensionados logo abaixo
da area carregada sao os que contribuem para a maior parte do recalque. A
compressão acumulada de 0 a P esta plotada como uma proporção do recalque
total p versus a profundidade, como mostra a curva (a) na Figura 14.
J od
Observamos que 60% do recalque e devido aos elementos acima da
profundidade z = 1,5a o 80% devido aos elementos acima da profundidade
z = 4a. Em uma situaçao real onde m nao e constante más decresce com a
cv
profundidade, este efeito sera mais acentuado. Na Figura 14 tarnbem esta
incluído o exemplo discutido posteriormente de um radier circular sobre a
Argila de Londres, para a qual se admite um incremento íinear do modulo
de Young com a profundidade. Neste caso,80% do recalque é devido ao solo
acima da profundidade z = 1 ,2 5 a -

As estimativas simples de recalques discutidas acima e baseadas na


elasticidade perfeita, obviamente devem ser aplicadas com cautela, porque
certos elementos fortemente tensionados próximos a carga aplicada podem
ter escoado e sofrido deformações plasticas, e por isso terem invalidado
a hipótese de uma distribuição de tensão elastica. É essencial, portanto,
considerar as trajetórias de tensões reais que se aplicam a tais elementos.
Isto é feito na seçao seguinte:

Carregamento Circular Uniforme em Argilas Normalmente Adensadas

0 caso de um carregamento circular uniforme atuando sobre a superficie de


I
uma argila normalmente adensada ou levemente sobreadensada e um problema
mais difícil de se tratar analiticamente. Grande parte da argila abaixo
do carregamento terá escoado, deformado plasticamente e sofrido
adensamento virgem adicional.
I
Para facilidade de argumento consideremos um elemento na linha central que
sofreu um incremento imediato de tensão efetiva T ’U* na Figura 15, onde o
ponto U 1 está sobre a envoltoria em consideração. Nesse instante o

31
P op
fod

Figura 1h - Compressão acumulada abaixo da linha central como proporção


do recalque total para (a) um carregamento circular uniforme
sobre um semi-espaço homogeneo, e (b) um radier circular
sobre um semi-espaço nao homogeneo

o 1 emento esta submetido a uma pressão neutra substancialmente excessiva,


e durante o adensamento subsequente a trajetória de tensões efetivas sera
na forma de IMV*. (O ponto final de equilibrio V* dependera da distribui-
cao final das tensões totais no terreno).

Figura 15 - Trejetórias de tensão para elementos sob o centro do }


carregamento uniforme

.32.
Ü comportamento desse elemento e comparado com o de um elemento similar
✓ A
numa argila sobreadensada, o qual e admitido sofrer idênticos incrementos
de tensão efetiva PiQ1 QHt'. Se os dois elementos possuem as mesmas
propriedades elasticas, então as respostas imediatas de ambos os elementos
serão idênticas, com os mesmos recalques imediatos. Contudo, as variações
volumétricas e, consequentemente, os recalques durante o adensamento dos
dois elementos, serão muito diferentes. A variaçao volumétrica do elemento
deformado plasticamente a medida em que segue a trajetória IPV , e
controlada pelo índice de compressão C associado com o adensamento normal.
c
Em contrapartida, o elemento nao deformado plasticamente sofre uma
variaçao volumétrica muito menor associada com Q'R' e controlada pelo
indice de expansao C
e
Para a maioria das argilas a razao C /C situa-se na faixa de 2 a 5 •
c e
Adotando, por exemplo, um valor de 4 para uma argila tipica, o recalque
por adensamento para o elemento que escoa plasticamente sera 4 vezes o do
elemento elástico.

Portanto, para o elemento deformado plasticamente:

fu f u ____________f u _______

f t fu + f U'V» fu + 4 / >Q í R ‘

Mas da equaçao (l6 )

J jí_ 0 , 6 5 por exemplo


/ Q*R'

então

Jji 0,65 = 0,14 (20)


0,65+ 4
/t

Esta analise mostra que ha uma grande redução na razao entre os recalques
imediato e total para um elemento que escoa. Para qualquer sapata isolada,
somente uma determinada região do solo escoara, de maneira que a razao para
a sapata nao se reduzirá tanto como 0,l4, mas sera o resultado integrado
daqueles elementos que escoam (e que produzem a maior contribuição ao
recalque) e daqueles que não. 0 escoamento poderá ocorrer também durante a
resposta do solo para o caso nao drenado, e uma vez que esta possibilidade
complica o resultado, nao se justificam tentativas mais precisas.

Contudo, a revisão de nove casos históricos de edificações sobre argilas


normalmente adensadas feita por Simons e Som (19?0) fornece valores para
P^ / v a r i a n d o de 0,077 a 0 , 2 1 2 com uma media de 0 ,1 5 6 . Estes valores estão
proximos á previsão simples acima, e estão em marcante contraste com
aqueles encontrados para as argilas sobreadensadas citados na seçao anterior
Eles claramente mostram que os problemas de recalque diferencial serão muito
mais severos para edificações apoiadas em argilas normalmente adensadas.
Como bem reconhecido por projetistas, o problema e duplamente desvantajoso -
maior recalque total e maior proporção de recalque ocorrendo depois do
final da construção.

33
Podemos concluir desse estudo que:

i) Ha uma proporção mu ito menor entre os recalq ues imediato e total para
estruturas apoiadas em argilas normalmente a densadas ou levemente
sobreadensadas do que daquelas apoiadas em argilas sobreadensadas, e
que os problemas de recalque diferencial sao provavelmente muito mais
severos.

ii) A proporção entre o s recalques imedi ato e to tal para estruturas


apoiadas em argilas sobreadensadas p ode ser estimada de uma maneira
razoavelmente prec.i sa pela teoria el asti ca simples, utilizando-se
A
valores apropriados dos parâmetros e lást icos

11. EFEITO DAS PROPRIEDADES DO SOLO NAS PREVISÕES DE RECALQUE

Na ultima seçao foram discutidas a importância e provável magnitude das


propriedades do recalque que ocorrera apos o final da construção. Um
exemplo foi tomado sob a forma mais simples possivel do problema - um
carregamento circular uniforme em um semi-espaço elástico - mas as
conclusões gerais deveriam ser igualmente validas para estruturas
complicadas com várias combinações de fundações.

Nesta seçao a questão das propriedades do solo sera naturalmente


considerada era relação a previsão de recalques

de uma dada fundaçao. Ate
o advento dos computadores, quase todos os cálculos de recalques eram
baseados assumindo-se (i) uma distribuição de tensões de Boussinesq e (ii)
que a distribuição das tensões verticais totais nao mudaria durante o
adensamento.

Os cálculos com elementos finitos permitem que modelos do comportamento do


solo e condiçoes de contorno mais realistas sejam adotadas para qualquer
problema particular. O principal avanço tem sido a possibilidade de
representar as argilas sobreadensadas ou as areias compactas como materiais
elásticos com nao homogeneidade e/ou anisotropia. A forma da nao
homogeneidade tem consistido geralmente de um aumento linear dos modulos de
elasticidade com a profundidade, e o tipo de anisotropia tem sido aquele
de simetria em relaçao ao eixo vertical, isto e, anisotropia transversal ou
ortotropica.

Influencia da Nao-Homogcneidade do Modulo Elástico

Um trabalho recente tanto de campo como de laboratorio confirmou (i) a


dependência do módulo de elasticidade do nível de tensão efetiva e (ii) que
os valores do m ó d u l o , ainda que medidos cuidadosamente no laboratorio, sao
substancialmente menores do que os correspondentes valores medidos direta
ou indiretamente "in situ" (vide por exemplo Marsland (1972), Atkinson
(1974)).

Algumas variações típicas dos valores do modulo de Young nao drenado com a
profundidade para uma certa variedade de argilas são fornecidas na Figura
l6 . Deve-se enfatizar que todos foram tomados ou diretamente de ensaios
"in-situ" ou de retro-análises de medidas de campo; nenhum foi obtido de
ensaios de laboratorio. Os resultados para a Argila de Londres sao de
provas de placa era Chelsea realizadas por Marsland (197^) e de uma reta
selecionada por Hooper (1973) de um levantamento de vários resultados;
aqueles para a Argila Azul de Boston e para 03 quatro perfis distintos da
Ilha de Canvey são de ensaios pressiometricos especiais feitos por Hughes
(1974). (Para os dois/ grupos de /resultados em argilas
t moles, as/ quais
4 nao
tem comportamento elástico, o modulo tangente foi tomado no inicio das
curvas tensao-deformaçao).

.34.
Eu : MN/m2
20 20 so so 70 60 90 ICO MO 120 120

!»)

v-

\
©

12

i6-

20

24 J
I (D Perfil odotctío por Hcoper (1973)
©
{
(4) P ro v a s do
( 19 7 2 )
pla c a c m C h e l s o o , W c r s lo n d

Figura 16 - Variaçao do modulo nao drenado com a profundidade


para argilas segundo ensaios "in-situM

Valores dos modulos para rochas moles sao citados por Hobbs (1974). Ele
realçou as dificuldades de se medir o modulo com precisão. Resultados de
ensaios pressiométricos em areias sao relatados por Winter (1974).

Trabalhos importantes sobre os efeitos dessa forma de nao homogeneidade


^ ~ A
nas distribuições de tensões e recalques tem sido publicados recentemente.
Contribuições teóricas incluem Gibson (1 9 6 7 )? Gibson, Brown e Andrews
(1971), Gibson e Sills (1972), Brown e Gibson (1972), Awojobi e Gibson
(1973) e Gibson (1974), e cálculos com elementos finitos tem sido realiza
dos por Smith (1970) e Carrier e Christian (1973)*

O último trabalho citado é particularmente valioso. Nesse estudo parametri_


co foi relatada a variaçao das propriedades do solo no recalque e na dis­
tribuição de tensões causadas por uma placa circular rigida e lisa. 0 pro­
blema esta indicado na Figura 17 e, para facilidade de referencia, os sím­
bolos escolhidos por Carrier e Christian foram adotados aqui (exceto que
foram adicionados apostrofes ao simbolo E para enfatizar que ele deve^ser
o módulo de Young apropriado em termos de tensões efetivas). A placa e de
diâmetro D e sujeita a uma carga vertical com tensão media de contato q; o
solo e considerado como sendo um semi-espaço elástico nao homogeneo com:

E* = E' + K ü ’ = constante (21)


o z

Embora este grupo particular de resultados nao forneça informações sobre


recalque diferencial, ele dá uma clara indicaçao do efeito da nao
homogeneidade do terreno no recalque total.

Os principais resultados dos cálculos com elementos finitos sao


apresentados na Figura l8 na forma adimensional. 0 fator de influencia
I definido por:

f
= I (2 2 )

o

35
Figura 17 - Problema de placa rigida lisa sobre
um semi-espaço nao homogeneo considerado
por Carrier e Christian (1973)

e plotado versus E'/kD. Deve ser notado que:


o
/ A /
a) O ultimo parametro e uma medida que indica a rapidez com que E* cresce
com a profundidade.

b) Para um dado solo o parametro mudara com o tamanho da placa.

c) Os parâmetros estão plotados em uma escala logaritmica.

d) 0 caso homogeneo e dado por E ’/kD gd .

Ei/KD

Figura 18 - Fatores de influencia para o recalque de


uma placa circular rigida lisa num semi-
espaço elástico nao homogeneo (Carrier e
Christian, 1973)

As principais implicações desses resultados podem ser melhor apreciadas


considerando-se um caso especifico de um radier circular rigido apoiado
diretamente sobre a Argila de Londres, admitindo possuir as
propriedades indicada s na Figura 16. Adotando os valores usados por
Hooper (1973) (vide Figura 16) nos seus bem sucedidos cálculos com
elementos finitos para confrontar com as medidas de desempenho de uma
fundaçao em radier estaqueado• tem-se:

.36
0 = 0,1 E' = 0 ,7 5 E = 0,75 (10 + 5,2z)MN/ra/

onde z e medido em metros. Escolhendo um radier imaginário de 21 m de


diâmetro com q = 210 KN/m2, tem-se a mesma area e carregamento do radier
que suporta os apartamentos "Hurley Road Block II", relatado por Morton
e Au (1974). (A diferença de comportamento entre um radier esssencialmen-
te quadrado e um circular de area equivalente e considerada desprezivel :
o carregamento e a pressão total aplicada sobre o radier, bem como
qualquer levantamento devido a escavaçao nao foi incluído nas observações
do recalque). Os desempenhos de recalque desses dois radiers serão
comparados com certo detalhe. Tem-se:

E' 7,5
o
0,09
kD 0 , 7 5 x 5 , 2 x 21

de modo que da Figura 18, I = 0,15* Mas este valor tem que ser corrigido
por um fator de 1,14 para levar em conta o efeito da profundidade finita
do solo adotada nos cálculos com elementos finitos. Portanto, o reclque
total calculado para o radier imaginário e:

, nl IqD 1,14 x 0,15 x 210 x 21 ,^


/ 1 , 14 = ----------------- 2— ---------------------------------- m = 100 mm { 23)
E' 7,5 x 103
o

o qual praticamente igualou-se ao recalque total observado no radier real


da Figura 5 do trabalho de Morton e Au (1974).
A
Contudo, se a argila foi assumida como homogenea, o recalque total seria
previsto pela fórmula:

q M D (1 - Ú »^ )
(24)
f t =
4E»

A seleção de um valor medio conveniente para o modulo de Young e


necessária; se considerarmos o caso clássico de adensamento unidimensio­
nal, o diagrama da Figura 14 mostra que metade do recalque central seria
devido ao solo acima da profundidade z = 1 ,2 a, e a outra metade devido ao
solo abaixo dessa profundidade. Poderiamos proceder, portanto, selecionan
do :

E* = 7,5 + (3,9 x 1,2 x 10,5) = 5 6 , 6 MN/m‘ (25)

Substituindo na equação (24) tem-se f ^ = 60 mm que e subestimado por um


fator de 2. Isto sugere que uma previsão de recalques baseada num modelo
homogeneo do solo poderia ser enganosa, dependendo da escolha do valor
equivalente do modulo de Young para uso na equaçao (24).
~ A A /
Para o caso nao homogeneo, se o diâmetro do radier e aumentado, digamos,
por um fator 2 , o parametro E V k D e dividido por 2 mas o fator de
influencia e reduzido somente por cerca de l/6 . 0 recalque previsto será
relativamente insensível a I, mas sera quase diretamente proporcional ao

.37.
diâmetro selecionado para uma dada intensidade de carregamento.

A proporção entre os recalques imediato e total pode ser também deduzida


dos resultados tabelados de Carrier e Christian (1973)* bma vez que os
modulos drenado e nao drenado estão em proporção constante a menos da
profundidade, o parametro E'/kD e o mesmo para ambos os casos (para ura
o
dado valor de D), mas levara a diferentes fatores influentes I ? e Iu
conforme ú - ú 1 e ú - l/2 respectivamente. Portanto:

I DqE' 1 +O ' I I
u o u u
( 26)
I «DqE 1 + l) I’ •1,5 I'
u u
o
/ A
Para um dado valor de E ?/kl), os fatores de influencia correspondentes fo-
o
ram tirados da tabela de Carrier e Christian e substituidos na equaçao
(26) para elaboraçao das curvas plotadas na Figura 1 9 . A curva
correspondente a uma carga circular uniforme em um semi-espaço homogeneo
tomada da Figura 13 está incluída e, como era de se esperar, e
indistinguível do caso de uma placa rigida em um semi-espaço homogeneo
dado por E'/kD = <=o .

Figura 19 - Razao entre os recalques imediato e


total para uma placa circular rígida
lisa sobre um semi-espaço elástico
para diferentes graus de nao
h om ogeneidade

.3 8 .
Contudo, ha urna significativa redução na razao entre os recalques
imediato e total a medida que o valor de E^/kD decresce. Por exemplo,
para o radier imaginário de 21 m de diâmetro sobre a Argila de Londres,
E^/kD = 0,09 e 0 1 = 0 , 1 de modo que ~ 0,34. Se a argila tivesse
sido considerada homogênea, a razao teria sido 0,55* 0 valor citado por
Morton e Au para o radier real e 0 ,6 3 . Contudo, esta comparaçao direta
nao e valida quando os primeiros 5 m do terreno forem pedregulho, pois
estes nao contribuirão para o recalque a longo prazo; a razao observada
seria menor se o radier real tivesse sido apoiado diretamente na Argila
de Londres. Alem disso, parte do recalque por adensamento tora ocorrido
durante o período construtivo, de modo que observado e maior do que
o valor comparável deduzido da teoria elastica.

Carrier e Christian realizaram cálculos similares àqueles di scutidos aqui


para uma placa rígida rugosa em oposição a uma lisa e conclu iram, para
fins práticos, que a'rugosidade de uma placa ou radier tem efeito
desprezível e pode nao ser considerada.
A
Influencia da Anisotropia

A influencia da anisotropia transversal na distribuição de tensões e


deslocamentos em um semi-espaço elástico causadas por algum carregamento
superficial, parece nao ter sido extensivamente estudada. King e
Chandrasekaran (1974) estudaram o caso de uma estrutura contínua de
dois vaos, sustentada por um unico radier apoiado na Argila de Londres,
a qual era representada como um material elástico nao homogeneo. Por meio
✓ A
de cálculos com elementos finitos eles consideraram a influencia da
anisotropia e mostraram para aquele caso particular, que a anisotropia
reduz os recalques computados do radier.

Soluçoes na forma fechada para vários carregamentos em semi-espaços


anisotrópicos foram obtidas por Gerrard e Wardle (1973a ? 1973b).

As evidencias, embora limitadas, sugerem que a unica influencia


significativa da anisotropia transversal e na distribuição de tensões
horizontais. Isto provavelmente,nao e importante nas prtevisoes de
recalques causados por carregamento vertical ; mas sera importante no
projeto de muros de arrimo e em escavações onde as tensões horizontais e
deslocamentos sao de maior interesse.

Recalques de Edificações em Argilas Normalmente Adensadas

Até aqui, esta seção concentrou-se exclusivamente na avaliaçao do efeito


das propriedades de argilas sobreadensadas na previsão de recalques. Como
foi discutido na ultima seçao, e e evidenciado pelo trabalho de Simons
(1 9 7 4 ), a estimativa de recalques em solos normalmente adensados e um
problema muito mais complexo. Ja foi fornecida uma indicaçao das
consequências de alguns elementos de solo escoando e sofrendo adensamento
virgem.

Contudo, a maioria das argilas denominadas "normalmente adensadas" sao de


fato levemente sobreadensadas (Parry, 1 9 6 8 ), de modo què para incrementos
de carga relativamente pelquenos, somente uma região muito pequena do solo
escoa, se escoar, e por isso o recalque primário pode sèr adequadamente
/ / t / / ,
previsto com base num calculo elástico. Porem, o adensamento secundário
pode apresentar problemas.

Mas para cargas elevadas em argilas moles, tais como aquelas resultantes
de aterros de auto estrada ou grandes tanques de armazenamento de

39
líquidos, uma análise elástica sera inadequada. Diversas tentativas foram
feitas para obter soluçoes completas da resposta carga-recalque de
estruturas com fundações isoladas em argila normalmente adensada, por
meio de cálculos com elementos finitos usando complicados modelos elasto-
plasticos do comportamento do solo. Cargas circulares foram estudadas por
Hoeg, Andersland e Rolfsen (1 9 6 9 )} e cargas lineares por Hoeg, Christian
e Whitman (1 9 6 8 ), por D 'Appolonia, Lambe e Poulos (l97l)i por Naylor e
Zienkiewicz (1972)1 por Burland (1972) e por Wroth e Simpson (1972).

É encorajador o fato de que o método clássico de cálculos de recalques,


baseado na hipótese de adensamento unidimensional com o valor apropriado
A
de m ou C , pode ser surpreendentemente preciso. Boa concordância foi
v c
obtida por Burland (1 9 6 9 ) através de observações sobre uma sapata corrida
em modelo, e por Naylor e Zienkiewicz (1972) através de cálculos por
elementos finitos usando um modelo de estado crítico baseado nos mesmos
A
parâmetros simples do solo,

12. ESTIMATIVA DE RECALQUE DIFERENCIAL

Parece ser muito limitada a literatura que trata especificamente com


recalques diferenciais, isto e, deslocamentos relativas de uma fundaçao
isolada. Foram feitas estimativas da rigidez relativa de um radier
comparada com a do solo subjacente, mas o trabalho publicado concentra-se
na distribuição de tensões decorrente da pressão de contato sobre o
radier. Naturalmente, esta informação e importante do ponto de vista de
projeto do proprio radier, mas nao fornece nenhuma indicaçao direta ou
ideia dos deslocamentos relativos que ele sofrera. Consequentemente, nao
e possível em casos usuais estimar-se imediatamente o valor de A / L e
verificar a probabilidade de dano através dos critérios da Figura 11.

Está implícita em tais publicações a hipot ese de que nao ha variaçao


lateral nas propriedades das camadas do so lo subjacente,de modo que A

nenhuma inclinação da estrutura e esperada . Isto significa, em essencia,


que nenhuma distinção e feita entre o reca lque diferencial ó p e a
deflexão relativa A de uma estrutura (vid e as definições na Seçao 3 )*
Mas e esta ultima a responsável por causar dano a estrutura.

Esta hipótese é também adotada nas observações seguintes, e é importante


que em qualquer caso específico sua validade seja questionada.

Brown (1969a e b) publicou soluçoes para um radier circular uniformemente


A r #
carregado apoiado sobre uma camada homogenea elastica do diferentes
espessuras. Podemos empregar suas tabelas para estimar a deflexão relativa
do nosso radier imaginário se aceitarmos que a Argila de Londres se
A /
comporta como um material homogeneo elástico.

Tem-se primeiramente que estimar a rigidez relativa do radier, definida


por Brown como:
E (1 -út)
r f (_Í_)3
K = (27)
: E„ a
f

onde t e a espessura do radier, a seu raio e os índic


ao radier e fundaçao respectivamente.

Tomando t = 0 , 9 1 ra, a = 1 0 , 5 m tal como para 0 s apart


Road" e E = 25 x 10-3 MN/m^ para 0 concreto, as propr
r

40
estão bem definidas. Contudo, a escolha dos parâmetros apropriados para o
solo e mais difícil. Ja vimos que a seleção de um valor medio unico do
modulo de Young para a argila, equaçao (2 5 ), esta aberta a discussão.

Com as observações anteriores, podemos adotar valores de E e E v que


u
forneçam os máximos recalques observados do radier real, digamos 68 mm e
120 mm, isto é, E^ = 55 MN/m2 e E ‘ = 28,4 MN/m2 . Substituindo-os na
equaçao (27), com os respectivos valores do coeficiente de Poisson de 0,5
e 0.1, chega-se a K = 0,222 e K' = 0,566. A tabela de Brown (1969a) forne
ce as maximas deflexões relativas de A - 1 5 mm e A ^ = 23 mm,
u t
comparadas com os valores observados de 6,3 e 10 mm. As proporçoes entre
a deflexão relativa e o recalque máximo sao:

15 At 23
= 0,22 e 0,19
68 120
ft

Estes cálculos dao ideia de valores prováveis mas somente aplicam-se a


A ,
solos homogêneos. Ate agora, nao parece ter havido qualquer registro de
cálculos de recalques diferenciais (ou deflexões relativas) de radiers de
rigidez variavel em solos nao homogêneos. É clara a necessidade de um
estudo paramétrico segundo as linhas conduzidas por Carrier e Christian,
mas para vários valores de rigidez do radier.

Com o objetivo de avaliar a influencia da nao homogeneidade sobre recalques


diferenciais, foram realizados cálculos por elementos finitos no
"Building Research Station" para o radier imaginário representado na
A
Figura 20. Tres casos foram considerados:

i) Um radier de rigidez zero.

ii ) Um radier com a mesma rigidez que os dos apartamentos de "Hurley


Road11.

i i i ) Um radier com rigidez 5 vezes a do caso (ii).

d :2 lm

q* 2 IO KN/m 2

(o )

Figura 20 - Detalhes do radier escolhido para cálculos

4l
Este ultimo caso foi incluido para estimar o efeito de um aumento da
rigidez do radier devido a sua interaçao com a superestrutura. A
contribuição a rigidez adicional devido a superestrutura nao sera
proporcional a (t’/a)3 onde t ’ e a altura "equivalente" do radier e
superestrutura, e e impossível estimar sua magnitude. A rigidez ao
cisalhamento equivalente como discutida na Seçao 5i sera mais apropriada
por causa do pequeno valor de L/H. Portanto, o fator de 5 selecionado
acima e arbitrário.

Os perfis computados para os recalques imediato e total da superfície do


terreno estão plotados na Figura 21, e os valores chave tabelados abaixo.

!---------------------------------
I m e d ia to L o n g o - p ra z o

CL Borda CL Borda
A A /p ú t A t /P \
p P u u u P P

Caso ( i ) 4 4 .2 21.2 2 3 .0 0 .5 2 103.9 5 3.4 5 0 .5 0 .4 9


j
! Ca so ( i i ) 4 3 .4 27.0 16.4 0 .3 8 102.0 79.8 22.2 0 .2 2

...
Caso ( u i ) 3 6.0 30.0 6.0 0.17 S0.75 64.4 6.4 0 .07

0 bservado 6 8.3 6 2.0 6.3 0 09 108.9 9 8.9 10.0 0 .C 9


___________
dim ensões em m ilím e tro

Tabela 1 - Recalques calculados e observados do radier sobre a


Argila de Londres

Figura 21 - Perfis do recalque superficial para tres diferentes


rigidez do radier circular sobre a Argila de Londres

.42.
f f ~
Uma característica muito importante extraída dos cálculos e que a nao
homogeneidade possue duas vantagens principais e complementares. O
primeiro é que a "bacia de recalque" e muito mais localizada, e o
segundo e que a distribuição de tensões no contato entre o radier e o
solo e suavizada.

A "bacia de recalque" é faci lmente localizada pelas "dobras" dos perfis


nas bordas dos radiers da Fi gura 21. No caso extremo de um solo com
modulo zero na superfície (i sto e, E^ = 0), Gibson (1 9 6 7 ) mostrou que o
recalque imediato superficia 1 e zero em qualquer lugar fora da área
carregada.

Uma maneira alternativa de considerar tal fato e integrar a compressão


abaixo da linha central. Isto foi feito para o recalque a longo prazo do
caso (ii) e plotado como curva (b) na Figura 14, onde pode ser visto que
sao as camadas mais próximas a superficie que contribuem para o recalque
e de uma maneira bem mais acentuada do que o caso da curva (a), A
representativo de uma carga circular uniforme sobre um solo homogeneo.
A ( t*j f
A principal consequência dessa conclusão e que medidas precisas das
propriedades do solo, e particularmente de m , devem ser concentradas
cv
proximo a superfície do terreno.
rw A
A redução no tamanho da zona de influencia de uma sapata isolada devido
X /v A k
a nao homogeneidade do solo tem a importante consequência de que
reduzira acentuadamente o efeito que uma sapata tem sobre o comportamento
de uma sapata vizinha ou edificação próxima. Contudo, imediatamente
adjacente a uma sapata, o perfil do recalque superficial apresenta uma
~ A
curvatura maior do que para urn solo nao homogeneo; e este efeito cresce
com a rigidez do radier. De uma maneira qualitativa, quanto maior a
rigidez do radier e a nao homogeneidade do solo, mais as deformações do
solo assemelham-se a uma ruptura do tipo punção simples. A probabilidade
de causar dano em estruturas existentes aumenta quanto mais se aproximam
r A
do radier, mas e substancialmente decrescente com a distancia.

Nesta seçao nos concentramos no topico de recalque diferencial de fun­


dações isoladas em argilas rígidas. Na ultima seçao foi mostrado que e
difícil resolver completamente o problema de valor limite de uma sapata
apoiada em argila normalmente adensada, e calcular todas as tensões e
deslocamentos limites. Esta dificuldade aplicar-se-á igualmente na
previsão de recalques diferenciais. Esta e uma area da engenharia de
fundações que necessita urgente atençao - através de registros de alta
qualidade de casos teoricos e experimentais.
A ~
Podemos concluir para argilas sobreadensadas que a influencia da nao
homogeneidade das propriedades do solo (especialmente o modulo de Young)
4 importante, uma vez que J5 , e ° P e * * f i l do recalque
superficial sao diretamente afetados. Dispoe-se agora de uma técnica
numérica com a qual pode-se tratar a nao homogeneidade. Embora um primeiro
passo tenha sido dado na compilação de gráficos para auxiliar o projetista,
muitos outros trabalhos poderiam ser feitos de modo util, seguindo essas
linha s.
A ~ ~
Existem evidencias para sugerir que a razao entre a deflexão relativa e o
recalque máximo não se altera significativamente durante o adensamento,
como indicado por Morton e Au. Embora esta conclusão naó fosse util
durante a fase de projeto,no entanto poderia se-lo como uma verificação do
futuro comportamento provável da estrutura principal no final da
construção, numa fase em que medidas corretivas ainda poderiam ser
tomadas.

13. EDIFICAÇÕES COM FUNDAÇÕES COMPLEXAS

Até aqui temos nos preocupado somente com o comportamento de uma estrutu-
ra apoiada em fundaçao tipo rcidier isolado. Ate mesmo para este âmbito
restrito de casos, tem sido mostrado que a previsão de recalques
diferenciais, tanto em relaçao aos de curta como de longa duraçao, é
muito difícil.

Na realidade, a estrutura nao se comportara monoliticamente como uma viga


simples (como foi assumido na primeira parte deste trabalho), mas mesmo
que um modelo satisfatório de seu comportamento pudesse ser encontrado,
este modelo teria que levar em consideração a mudança da rigidez da
estrutura a medida que a construção avança e enquanto o recalque imediato
esta ocorrendo. O efeito da. mudança da rigidez durante a construção foi
considerado por De Jong (1971) e De Jong e Harris (1971) j que estudaram
em detalhes os recalques de quatro estruturas de muitos pavimentos em
Edmonton, Alberta. A necessidade de incluir este efeito em qualquer
solução adequada de interaçao solo-estrutura foi enfatizada, mas isto
requer um grande trabalho computacional envolvendo elementos finitos.

Em muitos casos, a fundaçao nao consiste de um radier isolado , mas pode


ser constituída de estacas, radier estaqueado ou uma série de fundações
isoladas que interagem com uma superestrutura contínua. Tais casos podem
agora ser tratados em bases racionais, por cálculos adequados com elemen-
N
tos finitos, semelhantes aqu eles registrados por Naylor e Hoo per (1 9 7 4 ).

0 caso de uma estrutura construída sobre sapatas isoladas cria complica­


ções adicionais. Se e razoavel admitir-se que o terreno tenha propriedades
uniformes lateralmente, então o comportamento caracteristico de cada sapa_
ta isolada, quando considerada individualmente, deveria ser o mesmo.
Assumindo que este comportamento possa ser tratado como quase elástico,
então o recalque J-5 de qualquer sapata sera diretamente proporcional tanto
a intensidade de carregamento q como a uma dimensão representativa, tal
como o diâmetro d, (compare equações (l8), (22) e (24)), isto e:

P = K qd (2 8 )

onde é uma constante (para todas as sapatas em um local especifico).


Para cada sapata o valor de q sera proporcional a P/d^ onde P e a carga
apli cada, de tal forma que podemos escrever:

V f
f
(29)
d

onde K sera constante, se as sapatas forem todas do mesmo formato.

A equação (29) refere-se a sapatas isoladas individuais e nao leva em


consideração a interaçao entre sapatas adjacentes. A interaçao pode ser
significativa quando o terreno e homogeneo ou quando ha uma camada
compressivel a uma certa profundidade abaixo da cota de apoio. Entretanto,
quando a rigidez do terreno aumenta com a profundidade, o perfil do
recalque superficial concentra-se ao redor de cada sapata reduzindo
consideravelmente, desse modo, a interaçao (vide Seçao 12).

De maneira a nao induzir travamentos e tensões indesejáveis na

44.
superestrutura contínua, seria prudente projetar cada sapata para
recalcar do mesmo valor. Segue da equaçao (2 9 ) que o tamanho da sapata,
deve ser proporcional a carga vertical para a qual e projetada e nao a
tensão media aplicada. Esta recomendação foi feita por Levy e Morton
(1974). Tem-se como consequência, que para se obter recalques iguais as
fundações internas que suportam maiores cargas e por isso com maior
tamanho e menores pressões, podem estar projetadas mais conservativamente
do que as fundações externas.

Cálculos com elementos finitos para uma estrutura aporticada construída


sobre fundações isoladas foram publicados por Larnach e Wood (1972),e
Larnach (1972) também salientou que diferentes taxas de adensamento do
• ' , A . .
terreno, sob sapatas isoladas, ate mesmo com idêntica compressibilidade,
conduzirão a recalques diferenciais permanentes e consequentemente a
travamentos e tensões na superestrutura.

Entretanto, acreditamos que tais cálculos complexos serão raramente


justificáveis por causa das principais incertezas na:

i) Rigidez equivalente da superestrutura.

ii) Variaçao da rigidez durante a construção (modelo que pode mudar


radicalmente durante o desenvolvimento do programa real de trabalho
do empreiteiro).

iii) Propriedades do terreno.

Parece ser a melhor prática, na maioria dos casos, adotar uma simples
filosofia de projeto e, a seguir, acompanhar cuidadosament e o
comportamento real da estrutura durante o período em que o s recalques
A
ocorrem, tomando providencias para medidas reparadoras cas o mostrem-se
necessárias.

14. SUMÁRIO E OBSERVAÇÕES FINAIS

Danos devidos a recalques de edificações sao geralmente confinados a


alvenaria e acabamentos. E e por isto que as deflexões relativas e
rotaçoes que ocorrem subsequentemente a aplicaçao dos acabamentos sao
as importantes (vide Figura 20(b)). Como primeira aproximaçao, o recalque
que pode originar dano e igual a ^ ^ e portanto a razao entre os
recalques imediato e total (|*^/^ ) é um valor importante . Para argilas
fortemente sobreadensadas a razao é normalmente maior do que 0,4 e
os valores observados estão em média por volta de 0,6. Por outro lado,
para argilas normalmente e levemente sobreadensadas j3^ / g e r a l m e n t e sera
menor que 0,2. Os baixos valores de associados com grandes recalques
totais tornam os problemas de projetos em argilas normaímente adensadas
inuito mais sérios do que para argilas sobreadensadas.
/ / / , .
Estudos teoricos sugerem que o método clássico de estimativa do recalque
total baseado na hipótese de compressão unidimensional è surpreendentemente
preciso tanto para argilas normalmente adensadas como para as fortemente
sobreadensadas. Por conseguinte, estimativas precisas dè recalques sao
A
muito mais dependentes de medidas corretas de parâmetros simples tais como
m e C do que de cálculos sofisticados usando leis tensao-deformaçao
v c
complexas.

No passado foi dedicado muito esforço a cálculos de distribuição de

45
lensões cm radiers o cm estruturas devido a interação com o solo. Tais
estudos podem ser importantes para o projeto dos componentes estruturais
mas não são muito úteis para estimar danos arquitetônicos (Skempton e
MacDonald, 1956; Fjeld, 1 9 6 3 )* Muito mais enfase precisa ser dirigida a
estimativa de deslocamentos relativos, com a rigidez da edificação sendo
considerada em termos globais simples. O procedimento e ilustrado na
Seçao 12 usando o exemplo simples de um radier circular (vide Figura 21).
Naylor e Hooper (197Ú) usaram um procedimento similar nos seus trabalhos
para prever o comportamento de um radier estaqueado.

A nao-homogeneidade no modo de aumento da rigidez com a profundidade e


importante uma vez que j3 , j5 , A /L e o perfil do recalque superficial
sao significativamente afetados. Ha a necessidade de compilação de
gráficos que levem em conta a nao homogeneidade do terreno e a rigidez da
edificação, de modo a auxiliar o projetista na estimativa das quantidades
acima.

Um novo procedimento para avaliar prováveis danos devidos a recalques foi


esboçado, o qual baseia-se na hipótese de que o inicio do fissuramento
visível esta associado com uma deformação crítica de traçao £ .^ . Para
crit
alvenarias de tijolos e de blocos, assentadas com argamassas de cimento,
os valores médios de £ . variam de 0 , 0 5 a 0 ,1 %, e para concreto armado
crit -- —
C ., parece situar-se entre 0, 03 e 0 ,05%.
cnt

0 conceito de deformação crítica de traçao pode ser usado para estimar cis
deflexões relativas para as quais uma dada estrutura apresentara
fissuramento visível. Na Seçao 5i a aplicaçao deste conceito foi ilustra-
da para o caso simples de urna viga retangular uniforme. Este estudo
indica que, para um dado valor de £ ., , a magnitude de A/L e
crit
significativamente dependente da:

i) Razao entre comprimento e altura.

ii) Rigidez relativa no cisalhamento e na flexão.

iii) Grau de restrição à tração contido na estrutura e suas fundações.

iv) Modo de deformação.

Os resultados de um grande número de casos registrados, 1 muitos deles


apresentados à Conferencia, foram mostrados na Figura 11. Os resultados
indicam que o limite admissível de distorção angular de 1 / 5 0 0 , proposto
por Skempton e MacDonald (1956), é satisfatório para edificações
aporticadas, tanto de construção tradicional quanto moderna, mas pode ser
conservativo para valores de L/H > 3 . Entretanto, o critério acima e
inseguro para paredes portantes com L/H <. 4 e o critério proposto por
Polshin e Tokar (1957), 0 qual limita os valores de A /L em relaçao a L/H,
parece ser mais apropriado. Até mesmo este critério nao e adequado para
paredes portantes submetidas a arqueamento convexo , uma vez que observou-
se ocorrer fissuramento para valores de A /L iguais a metade daqueles
recomendados por Polshin e Tokar. E de interesse notar que os critérios
para o fissuramento de vigas simples baseado em um valor de £ ., = 0 ,0 7 5 %
cnt
estão em boa concordância com as observações plotadas na Figura 11»

As observações sobre o fissuramento de paredes portantes submetidas a


arqueamento convexo sao de particular importância, visto que os movimentos
sao bem pequenos. Tais estruturas, as quais incluem muiias edificações
antigas, sao particularmente vulneráveis a danos provenientes de

46
construções próximas que originam arqueumento convexo da superfície do
terreno circunvizinho, assim como escavações, túneis ou edificações
pesadas.

Na introdução foi enfatizado que o dano devido a recalque era somente um


aspecto do problema maior de funcionalidade. 0 problema de recalque
diferencial, assim como deformação lenta, retraçao e deflexões estruturais,
pode ser melhor resolvido projetando a edificação para acomodar-se a estes
movimentos ao inves de resistí-los. Isto somente pode ser conseguido se o
problema for reconhecido num estagio inicial do projeto e se houver
cooperação entre os engenheiros de fundaçao e estruturas e o arquiteto. Os
\ A
trabalhos apresentados a Conferencia continham alguns exemplos
interessantes de edificações projetadas para acomodar-se aos movimentos.
Cowley, Haggar e Larnach (1974) descreveram compartimentos para armazena­
gem de frios, projetados para absorverem grandes recalques diferenciais.
0 sucesso de tal esquema pode ser julgado pelo fato de que distorções
angulares de até 1/25 ocorreram sem danos. Webb (1974) descreveu o
desempenho de uma estrutura de concreto armado de 2 andares projetada para
absorver grandes recalques. A estrutura foi pre-carregada pelo
armazenamento de materiais de construção antes da colocaçao da alvenaria
e acabamentos. Apesar dos,grandes recalques diferenciais iniciais, o
recalque posterior foi uniforme. Um aspecto de particular interesse e
aquele em que duas colunas que tinham reccilcado excessivamente foram
levantadas periodicamente por macaco hidráulico depois de cortadas com
lança térmica. 0 uso de macaco hidráulico pode ser economico em certos
casos. Os dois casos acima sao exemplos de edificações muito flexíveis. Em
contraste, Sanglerat, Girousse e Gielly (1974) deram detalhes de uma
edificação que suportou recalques totais entre 200 mm e l800 mm sem danos.
Isto foi conseguido pelo uso de um radier celular rígido e por um certo
numero de juntas de separaçao, uma das quais abriu cerca de 100 mm.
Thorburn e McVicar (1974) usaram juntas em uma longa edificação de pequena
altura, na qual conseguiu-se rigidez considerável usando-se painéis de
concreto pre-moldados.

O objetivo do tema deste trabalho foi mostrar que a previsão de recalques


diferenciais e da susceptibilidade de edificações a danos e um problema
muito complexo. Em termos gerais consideramos que neste estagio do
desenvolvimento da engenharia de fundações, a filosofia de projeto deveria
ser concentrada em um procedimento simples; que este procedimento deveria
ser baseado estimando-se a rigidez global de uma estrutura e seus
acabamentos e então estimar as deflexões relativas que resultarão da sua
interaçao com o terreno. As prováveis deflexões relativas podem então
ser comparadas com os critérios da Figura 11 e, se forem suficientemente
grandes de modo a sugerirem a ocorrência de danos, o projeto da estrutura
ou das fundações podem ser modificados ou medidas corretivas poderão ser
tomadas se e quando necessárias.

É evidente que existe a urgente necessidade de relatos de casos que


incluam observações detalhadas do desempenho da estrutura e seus acabamcn_
tos, assim como dos movimentos de fundaçao. Estudos regionais do tipo
conduzido por Morton e Au (1974), Thorburn e McVicar (1974) e Breth e Amann
(1974) são de notável importância no projeto de futuras edificações em um
dado local ou sobre uma dada formaçao.

RECONHECIMENTOS

Os autores tiveram valiosas discussões com muitos dos seus colegas e sao
particularmente gratos ao Sr. G.Mitchell, Sr. G.Weeks e Sr. M.A.Pyle, todos
do BRS, e ao D r . G .S .Littlejohn e D r . I.A.MacLeod. Desejamos agradecer ao
Sr. K.Tarr do BRS que realizou os cálculos com elementos finitos descritos
na Seçao 12.

.47
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