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*1
'i
TRADUÇÃO N? 6 u
A u to re s: J . B. B uriand e
G. P. W ro th
Traduzido por:
Eugênio Vertamatti (CTA)
Elio Elias de Araújo (CTA)
Junho de 1982
------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------
RECALQUE DE EDIFICAÇÕES E O DANO ASSOCIADO
J.B. Burland
MSc (Eng), PhD, Eng, MICE
C.P. Wroth
University Engineering Dept., Cambridge
RESUMO
/\
* arqueamento concavo ("sagging")
arqueamento convexo ("hogging")
1
Conclui-se que o procedimento referente ao problema de recalques
admissíveis deveria ser baseado na estimativa da rigidez global da
estrutura (incluindo seu acabamento) e a seguir estimando-se as deflexões
relativas que resultarão da sua interaçao com o terreno. As prováveis
deflexões relativas podem então ser comparadas com os critérios de dano
apresentados no trabalho. Se as deflexões relativas forem suficientemente
grandes para induzir que ocorrera dano, ou os detalhes e projeto da
superestrutura e acabamentos ou das fundações podem ser modificados ou
então providencias podem ser feitas para que medidas reparadoras sejam
tomadas.
1. INTRODUÇÃO
Comparada
ív
com a literatura existente
/
sobret previsão
A #
de recalques, a
questão de recalques admissiveis e a sua influencia no desempenho e
funcionalidade das estruturas tem recebido pouca atençao. Tal fato e
surpreendente ao se considerar que grandes somas de dinheiro sao gastas
ern investigações de solo dirigidas a estimativa de recalques prováveis e
que as fundações de muitas estruturas de grande porte sao projetadas
especificamente para limitar os recalques totais e diferenciais.
.2
"global" incluindo o terreno e a alvenaria seria extremamente complexa
e ainda conteria um certo numero de hipóteses questionáveis.
5.
Normalmente não é possível determinar a inclinação a menos que os
detalhes da superestrutura e o seu comportamento sejam conhecidos.
Ainda assim, isto poderá ser difícil quando a própria estrutura
flexiona. A Figura lb mostra esquematicamente a inclinação ^ d e um
edifício sobrejacente aos pontos ABC. Skempton e MacDonald (1956,
A v / , , Ai
Apendice I; fornecem exemplos do calculo de inclinações.
B = ÍAB + ÍBC
A deformação angular e positiva se ela produz arqueamento concavo ou
concavidade para cima como no ponto B da Figura lc, e negativa se
produz arqueamento convexo ou concavidade para baixo como no ponto E.
A deformação angular é útil para prever a abertura de fissuras em edi_
ficaçoes onde ocorrem movimentos que ocasionam fissuras ou linhas de
fraqueza. Note que se o perfil deformado entre os tres pontos refereii
ciais ABC for suave, a curvatura media sera dada por 2°^/L^c .
.6 .
P e r fil orig in o l
/Vimox
Q f -1 □
s v ► 0
------- (
- nh >[J ;
C
-
•7.
e relacionou-as com deflexão e razao deflexao/vao. Deeby e Miles (1 9 6 9 )
apresentaram sugestões para o controle de de-flexoes de componentes
estruturai s.
.8..
—- m — 1—
variáveis foram testadas e, na maioria dos casos, a alvenaria de tijolos
fissurou no centro do vao antes do colapso. A Figura 2 é uma fotografia
de uma das paredes após a ruptura, o fissuramento vertical no centro é
claramente visível. A razao entre o vao e a altura das paredes variou
de 1,2 a 3 50 , e em todos os testes uma junta construtiva de papel foi
colocada entre a alvenaria de tijolos e a viga de suporte. A deformação
de traçao no início do fissuramento visível variou de 0 ,038% a cerca de
0,06%. Estes resultados concordam com a sugestão de Polshin e Tokar
(l957) de que o fissuramento visivel em paredes de tijolos ocorre para
uma deformação de traçao de 0,05%. Embora as condições de tensão na
borda inferior de uma parede de tijolos na flexão devem diferir
significativamente daquelas estabelecidas em um painel sujeito a ruína,
e evidente que as deformações criticas de traçao no início do
fissuramento visível nao diferem significativamente para os dois modos de
deformação. (Para os porticos preenchidos e paredes referidas nesta
seçao, Mainstone (197^) realizou uma análise mais detalhada das trajetó
rias de deformação interna ate o fissuramento inicial. Ele confirma que
os valores de deformação interna de traçao no fissuramento inicial
parecem ser independentes do modo de deformação, mas salienta que os
valores locais que variam entre 0,01% a 0 ,03% são inferiores aos valores
médios citados acima. Estes valores locais sao provavelmente muito
pequenos para originar um fissuramento visivel na maioria das situações
praticas, e podem estar proximos aos valores de deformação de tração para
os quais ocorre perda de resistência a traçao).
•9.
analise cuidadosa dos seus resultados mostra que, para uma serie
completa de testes, ha urna relaçao bem definida entre a abertura media w
da fissura e a deformação de traçao media & ao longo de um comprimento de
1,1 m. A razao w/£ situa-se entre 65 mm e 115 mm com uma media de
aproximadamente 90 mm.
Deve novamente ser enfatizado aqui que temos somente tratado com
deformações prováveis de causar fissuramento visivel em paredes e painéis,
cuja estabilidade nao depende da resistência a traçao do seu material
/ A
componente. Ha uma grande evidencia para sugerir que ’'ruptura" de
«v t / A 4 \ ~
traçao, isto e, perda de resistência a traçao, ocorre para valores de
deformação de traçao muito menores do que aqueles que causam fissuramento
visível.
.lü
»
L Figura 3a
H I 1 I 1 1 I
........... I
. I I I ' 1 I
.1_ ! [ I y i__ I __ l
v i g o - ideolizccõo sim plista do ed ific o c o o
Figura 3b
D e f o r m a ç ã o na f l e x õ o com fi s s u r o m e n to
d e v id o o d e fo rm a ç ã o de tro ç ã o d ire ,
fa .
Figura 3c
D e fo r m o ç õ o no c i s o Ih o m e n to com fi s s u .
ro m e n ío d e v id o a d e f o r m o ç õ o de
tro çã o d ia g o n a l.
\\
e
♦
11
Flexão Pura
A L c
L 4H b(max) (1 )
A______ L__ r
( 2)
L 4.ÔH b (max)
A L &
L 6H b (max ) (3)
12.
Cisalhamento Puro
,A
tfmax 4
L
A_ _ £d(max)
(4)
L 2
~ / i A
A expressão e idêntica para uma viga uniformemente carregada, mas para
uma viga com uma carga central concentrada e:
A
(max ) (5)
L
»
13
Flexão e C isalhamento C ombinados
Para fins ilustrativos, somente o caso de uma viga com carga central concen
trada sera considerado. Outros casos de carregamento apresentam
resultados similares. Timoshenko (1957) fornece a expressão para a
deflexão central total de uma viga de espessura unitaria cora carregamen
to centrado fletindo no cisalhamento e flexão como
A PL3 í i8l E
(6 )
48EI í + l 2h G
A i L
T" ‘P ' 167 ií +
0,6p ~j ^ b(max) (7)
0,25 lí ^d(max) (8 )
L
H'
As equações (7J e (8) foram plotadas na Figura 6 como linhas cheias. As
linhas tracejadas são de expressões equivalentes para uma viga carregada
uniformemente (considerando a deformação diagonal nos pontos de quarto de
vao). Como visto anteriormente, e obvio que para um dado valor de
deformação crítica de tração £ .x , os critérios para fissuramento
r Y cnt
inicial nao sao sensíveis ao tipo de carregamento.
.14.
l.ma conclusão muito importante e extraida da Figura 6. É evidente que o
valor limite min imo de A / L 6 . para a deformação diagonal e 1,0 e
cr 1 1
cresce sensivelmente quando L/H aumenta. Contudo, o valor limite de
A/L £ . para a deformação direta na flexão diminui quando L/H aumenta
cr 1 1
a partir de zero, atingindo um minimo de 0,66 para L/H = 2,0 e
aumentando gradualmente depois disso. A Figura 6 demonstra que, para o
caso de uma viga simples uniforme isotropica fletindo por flexão e
cisalhamento combinados, a deformação direta na flexão e muito mais
(
critica do que a deformação diagonal para valores de L/H > 0,6. Por
exemplo, para um valor de L/II = 2,0 o valor limite de A / l 6 para
cnt
deformação direta na flexão e um terço daquele para deformação diagonal.
A
0, 083 jj- 1,3 íb (max) (9)
T
15
Influenciei da Razao E/G
Ate o momento tem-se assumido que a razao E/G e dada pela teoria da
elasticidade isotropica simples ( = 2 (l +0 )). 0 valor de E pode ser
considerado como uma medida da rigidez longitudinal da viga e G a
rigidez da viga no cisalhamento. Na pratica, a ‘estrutura’ pode ser
construida de modo que a razao E/G equivalente na viga modelo nao obedeça
a relaçao elastica isotropica simples. Por exemplo, pode ser projetada de
modo a ter uma rigidez no cisalhamento relativamente pequena devido,
talvez, a um certo numero de aberturas no seu interior. Alternativamente,
a estrutura pode ser muito rígida no cisalhamento com uma pequena rigidez
longitudinal como. por exemplo, o caso de uma parede feita de unidades de
concreto pre-moldadas unidas com pinos de encaixe.
E/G « 2-6
l/H
16
1. Antes mesmo de poder se efetuar uma estimativa aproximada da deflexão
relativa limite, e necessário conhecer-se o seguinte: as deformações
críticas de traçao dos materiais de construção e acabamentos, a razao
comprimento-altura da estrutura (L/H), a razao aproximada entre a
rigidez longitudinal equivalente (E/G), e o grau de restrição a traçao
oferecido por outras partes da estrutura e/ou das fundações.
Deve ser enfatizado que o caso de uma viga simples uniforme foi escolhido
para ilustrar um possível método de avaliaçao quando o dano pode ocorrer.
Sem duvida, as analises poderiam ser mais realistas se a teoria de
placas fosse usada para calcular as deformações maximas de traçao.
Estruturas mais complexas envolvendo aberturas e variações de seçao
poderiam ser estudadas usando métodos numéricos, tal como o método dos
elementos finitos. Sem empreender tais cálculos sofisticados, a validade
do enfoque básico pode ser aferido comparando-se os critérios decorrentes
da analise da viga simples com os critérios de dano existentes.
Polshin e Tokar (1937) sugeriram uma relação limite entre A / l e L/H para
paredes de tijolos planas, a qual, afirmam eles, é baseada numa
deformação de tração limite de 0,03%. A relação e mostrada na Figura 9b
como uma linha pontilhada e pode-se observar que ficou ligeiramente
abaixo da linha 2, como seria de se esperar. Provavelmente Polshin e Tokar
basearam sua relação numa émalise similar a esquematizada nesta seçao, mas
eles não a estenderam para tratar com deformação diagonal ou arqueamento
convexo.
17»
* . . . . .
permitido. Este critério parece ter sido utilizado micialmente para
estruturas aporticadas preenchidas onde o cisalhamento predomina, mas
tem sido largamente aplicado a outros tipos de estrutura.
18
f v
A ft 1 + 3 , 9 ( h/ l ) 2
L 3 1 + 2 , 6 ( II/L ) 2
A equação (11) esta plotada como uma linha tracejada na Figura 9b com
ft = 0, 002 correspondente ao valor limite de ò /{ = 1 / 5 00 recomendado
por Skempton e MacDonald (1 9 5 6 ). Pode-se observar que para valores de
L/H menores do que 2,5? a equação (lO) com = ^,075% (linha l)
concorda razoavelmente com a equaçao (1 1 ), que e baseada no critério de
Skempton e MacDonald. Contudo, para valores de L/lí maiores do que 2,5?
a equaçao (ll) fornece valores limites de A / l significativamente
inferiores aos da equação (lO). Deve ser notado que L/H menor do que 4
(linha 2 ), baseado em deformações limites de flexão, fornece valores
limites de A /]_, bem inferiores aqueles obtidos usando o critério de
distorção angular maxima, como sugerido por Skempton e MacDonald.
19
Uma questão basica parece ser: Pode uma fissura propagar-se, sem
restrição, a medida que a deformação continua, e o movimento concentrar-
se ao redor da fissura uma vez que tenha sido formada? Estruturas
aporticadas com paredes tipo painel e estruturas portantes armadas são
exemplos onde a propagaçao de fissuras iniciais pode ser razoavelmente
bem controlada. Estruturas portantes contínuas não armadas apoiadas em
sapatas corridas armadas ou radiers podem também se enquadrar nesta
categoria. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados com relação a
possíveis planos de fragilidade. Ward (1956) chamou atenção para o caso
clássico de uma edificação de tijolos apoiada em sapatas corridas
< . . A
continuas que tinham sofrido recalques originando arqueamento concavo.
Um escorregamento tinha ocorrido ao longo da camada impermeabilizante
resultando num extenso fissuramento devido a flexão na alvenaria de
tijolos sobrejacente. Nenhuma quantidade de armadura de tração na
sapata teria evitado ou controlado tal fissuramento. E interessante notar
que nenhum fissuramento ocorreu na alvenaria de tijolo subjacente, a
qual tinha um valor de L/lí muito maior.
.20.
[O
Edificações Aporticadas
Os resultados para L/H < 1 sao de particular interesse, uma vez que todos
relacionam-se a edificios altos, construidos com concreto armado moldado
"in loco" e possuindo vários tipos de alvenaria. Vargas e Silva (1973)
analisaram os resultados de observações de recalques em 26 edificios
altos, alguns deles extremamente danificados, e concluiram que o dano
geralmente esta de acordo com o critério proposto por Skempton e
MacDonald. Breth e Amann. (1974) registraram os valores de deflexão
relativa A observados em oito edificios altos apoiados na Argila de
Frankfurt - todos eles sem danos. 0 máximo valor de A / L é 0 , 5 6 3 x 10“^.
Paredes Portantes
23
its ) PAREDES POSTANTES
2.0
4 P o ls h in e Tofear
(19 57)
IX 5.1 X10' 5 W o od ( 1 9 5 2 )
6 O u r tn o u c s í 195 3 )
15' 7 B r e th o
to «ri
u O Cí^amboB» (©7«!
C W orte n e Au
.c g .(II) (19 74)
LO
X« (D 9 H ern o Lom b 4
-4.-*--- .Ar. (1964 )
10 T c c h « f c c f a r i o f f
, ^ X—’•TTf". (1958)
0.5-
.£»*5?-A;«-n‘4 OA o10
L.5
0« 07 Polshin o Tofcgr
o4
1
D i 2 3 4 5 6 L /H
2.0
(c) aroueamento convexo oe
paredes portantes 11 Cheney e S u r í o r < J ( i 9 7 4)
12 Sam uels e Chersay (1974 )
1.5- Xl2 13 R ig b y e
D eS cm a li 952 )
14 Li t t l e j e h n ( © 7 4 )
w r>
O
9 14
1.0- Xl2
----------T — -<3>
* 14
1JX *'2
0. 5-
©
24
quatro trabalhos referidos anteriorrnente junto com alguns outros, üs
pontos numerados 1 1 referem-se a edificação de tijolos de 3 andares,
descrita por Cheney e Burford (1974), e foram obtidos da sua Figura 1 .
Para um valor de A /L = 0,154 x 10"8 apareceram fissuras capilares e
para A /L = 0,21 x 10"3 as fissuras eram por volta de 2,5 mm. Quando
A /L tinha alcançado um valor de 0 , 5 8 x 1 0 ~3 5 as reclamações dos
locatários eram tais que o dano deve ser classificado como "substancial".
.25.
casos ocorre fi ssuramento para valores de A / L metade daqueles fornecidos
por Polshin e Tokar.
26.
PARTE II INTERAÇAO ENTRE ESTRUTURA E TERRENO SUBJACENTE
27
A.-sim sendo, e importante estabelecer, se possível, a proporaçao de
recalque total que ocorrerei antes \ue os acabamentos sejam incorporados
a edificação e. se o projeto assim o permitir, planejar para que esta
proporção seja tao grande quanto possível.
aJLLL
V/ a 7 í■x ô
'S/s^y/K > V?-.f
\ I p
?z
.2 8 .
independente da pressão neutra; para um material elástico ela deve ser
a mesma para os casos nao drenado e totalmente drenado, de maneira que;
- = 2G = 2G* (12)
u
1 +D 1 + L?'
j? = 2(1 - ^ ) q a = (1 - O ) ga
(13)
(1 - Û “ )qa (l - Û )qa
_____ u ____ u
(14)
/ E
K 1 - Û
(1 6 )
Ü ' (1 - Û
Ft
desde que Û - l/2.
ii) não muito sensível ao valor real de tJ' dentro da variaçao restrita
de 0,10 a 0,33 1 apropriada a argilas sobreadensadas, como indicado
na Figura 1 3 .
.29.
Figura 13 - Variaçao dos fatores ------- e
/ 2(1 -Ú')
l-2^!
------— com lJ'
{l-L? )"
neuhum adensamento ocorra durante o período de construção) que o
recalque imediato de uma fundaçao sobre argila rija sera da ordem de
55 a 75po do recalque total. Na Seçao 11, e realizado um cálculo similar
com base no fato de que a argila rija e um material elástico nao homog_e
neo com modulos que crescem linearmente com a profundidade. Os
resultados indicam que os prováveis valores de f u/f- sao menores e em
particular, para radiers sobre a Argila de Londres, a variaçao sugerida
e de 0.35 a 0,55« Lma avaliaçao da influencia da rigidez de um radier
também e feita na Seçao 11.
(1 - 2^ ')(1 + O ' ) _ (1 - 2i V )
m (17)
cv
E '(1 - J') 2G '(1 - O' )
.30.
U sando este resul tado , pode ser m
p (1 - 2 0 *
qa (1 8 )
J od
G 1(1 - 0'
Po d (1 - 2i)
(19)
(1 -L)')
f *
A última relaçao está plotada na ] L> ' <0,24, ela e maior
do que 0,9, isto e , o recalque P
J Oi
simples unidimens iona 1 diverge no
(assumindo, certamente, que um valor apropriado de m tenha sido adotado)
cv
A medida precisa de m e muito importante, e isto e comentado posterior
cv —
mente. É provável que para outras condiçoes limites mais realistas tais
como uma camada de argila de profundidade infinita, o procedimento simples
conduziria a previsões aceitáveis, e poderia ser corrigido usando a
equaçao (1 9 ) para dar uma melhor indicaçao de .
31
P op
fod
.32.
Ü comportamento desse elemento e comparado com o de um elemento similar
✓ A
numa argila sobreadensada, o qual e admitido sofrer idênticos incrementos
de tensão efetiva PiQ1 QHt'. Se os dois elementos possuem as mesmas
propriedades elasticas, então as respostas imediatas de ambos os elementos
serão idênticas, com os mesmos recalques imediatos. Contudo, as variações
volumétricas e, consequentemente, os recalques durante o adensamento dos
dois elementos, serão muito diferentes. A variaçao volumétrica do elemento
deformado plasticamente a medida em que segue a trajetória IPV , e
controlada pelo índice de compressão C associado com o adensamento normal.
c
Em contrapartida, o elemento nao deformado plasticamente sofre uma
variaçao volumétrica muito menor associada com Q'R' e controlada pelo
indice de expansao C
e
Para a maioria das argilas a razao C /C situa-se na faixa de 2 a 5 •
c e
Adotando, por exemplo, um valor de 4 para uma argila tipica, o recalque
por adensamento para o elemento que escoa plasticamente sera 4 vezes o do
elemento elástico.
fu f u ____________f u _______
f t fu + f U'V» fu + 4 / >Q í R ‘
então
Esta analise mostra que ha uma grande redução na razao entre os recalques
imediato e total para um elemento que escoa. Para qualquer sapata isolada,
somente uma determinada região do solo escoara, de maneira que a razao para
a sapata nao se reduzirá tanto como 0,l4, mas sera o resultado integrado
daqueles elementos que escoam (e que produzem a maior contribuição ao
recalque) e daqueles que não. 0 escoamento poderá ocorrer também durante a
resposta do solo para o caso nao drenado, e uma vez que esta possibilidade
complica o resultado, nao se justificam tentativas mais precisas.
33
Podemos concluir desse estudo que:
i) Ha uma proporção mu ito menor entre os recalq ues imediato e total para
estruturas apoiadas em argilas normalmente a densadas ou levemente
sobreadensadas do que daquelas apoiadas em argilas sobreadensadas, e
que os problemas de recalque diferencial sao provavelmente muito mais
severos.
Algumas variações típicas dos valores do modulo de Young nao drenado com a
profundidade para uma certa variedade de argilas são fornecidas na Figura
l6 . Deve-se enfatizar que todos foram tomados ou diretamente de ensaios
"in-situ" ou de retro-análises de medidas de campo; nenhum foi obtido de
ensaios de laboratorio. Os resultados para a Argila de Londres sao de
provas de placa era Chelsea realizadas por Marsland (197^) e de uma reta
selecionada por Hooper (1973) de um levantamento de vários resultados;
aqueles para a Argila Azul de Boston e para 03 quatro perfis distintos da
Ilha de Canvey são de ensaios pressiometricos especiais feitos por Hughes
(1974). (Para os dois/ grupos de /resultados em argilas
t moles, as/ quais
4 nao
tem comportamento elástico, o modulo tangente foi tomado no inicio das
curvas tensao-deformaçao).
.34.
Eu : MN/m2
20 20 so so 70 60 90 ICO MO 120 120
!»)
•
v-
\
©
12
i6-
'©
20
24 J
I (D Perfil odotctío por Hcoper (1973)
©
{
(4) P ro v a s do
( 19 7 2 )
pla c a c m C h e l s o o , W c r s lo n d
Valores dos modulos para rochas moles sao citados por Hobbs (1974). Ele
realçou as dificuldades de se medir o modulo com precisão. Resultados de
ensaios pressiométricos em areias sao relatados por Winter (1974).
f
= I (2 2 )
E»
o
35
Figura 17 - Problema de placa rigida lisa sobre
um semi-espaço nao homogeneo considerado
por Carrier e Christian (1973)
Ei/KD
.36
0 = 0,1 E' = 0 ,7 5 E = 0,75 (10 + 5,2z)MN/ra/
E' 7,5
o
0,09
kD 0 , 7 5 x 5 , 2 x 21
de modo que da Figura 18, I = 0,15* Mas este valor tem que ser corrigido
por um fator de 1,14 para levar em conta o efeito da profundidade finita
do solo adotada nos cálculos com elementos finitos. Portanto, o reclque
total calculado para o radier imaginário e:
q M D (1 - Ú »^ )
(24)
f t =
4E»
.37.
diâmetro selecionado para uma dada intensidade de carregamento.
I DqE' 1 +O ' I I
u o u u
( 26)
I «DqE 1 + l) I’ •1,5 I'
u u
o
/ A
Para um dado valor de E ?/kl), os fatores de influencia correspondentes fo-
o
ram tirados da tabela de Carrier e Christian e substituidos na equaçao
(26) para elaboraçao das curvas plotadas na Figura 1 9 . A curva
correspondente a uma carga circular uniforme em um semi-espaço homogeneo
tomada da Figura 13 está incluída e, como era de se esperar, e
indistinguível do caso de uma placa rigida em um semi-espaço homogeneo
dado por E'/kD = <=o .
.3 8 .
Contudo, ha urna significativa redução na razao entre os recalques
imediato e total a medida que o valor de E^/kD decresce. Por exemplo,
para o radier imaginário de 21 m de diâmetro sobre a Argila de Londres,
E^/kD = 0,09 e 0 1 = 0 , 1 de modo que ~ 0,34. Se a argila tivesse
sido considerada homogênea, a razao teria sido 0,55* 0 valor citado por
Morton e Au para o radier real e 0 ,6 3 . Contudo, esta comparaçao direta
nao e valida quando os primeiros 5 m do terreno forem pedregulho, pois
estes nao contribuirão para o recalque a longo prazo; a razao observada
seria menor se o radier real tivesse sido apoiado diretamente na Argila
de Londres. Alem disso, parte do recalque por adensamento tora ocorrido
durante o período construtivo, de modo que observado e maior do que
o valor comparável deduzido da teoria elastica.
Mas para cargas elevadas em argilas moles, tais como aquelas resultantes
de aterros de auto estrada ou grandes tanques de armazenamento de
39
líquidos, uma análise elástica sera inadequada. Diversas tentativas foram
feitas para obter soluçoes completas da resposta carga-recalque de
estruturas com fundações isoladas em argila normalmente adensada, por
meio de cálculos com elementos finitos usando complicados modelos elasto-
plasticos do comportamento do solo. Cargas circulares foram estudadas por
Hoeg, Andersland e Rolfsen (1 9 6 9 )} e cargas lineares por Hoeg, Christian
e Whitman (1 9 6 8 ), por D 'Appolonia, Lambe e Poulos (l97l)i por Naylor e
Zienkiewicz (1972)1 por Burland (1972) e por Wroth e Simpson (1972).
40
estão bem definidas. Contudo, a escolha dos parâmetros apropriados para o
solo e mais difícil. Ja vimos que a seleção de um valor medio unico do
modulo de Young para a argila, equaçao (2 5 ), esta aberta a discussão.
15 At 23
= 0,22 e 0,19
68 120
ft
d :2 lm
q* 2 IO KN/m 2
(o )
4l
Este ultimo caso foi incluido para estimar o efeito de um aumento da
rigidez do radier devido a sua interaçao com a superestrutura. A
contribuição a rigidez adicional devido a superestrutura nao sera
proporcional a (t’/a)3 onde t ’ e a altura "equivalente" do radier e
superestrutura, e e impossível estimar sua magnitude. A rigidez ao
cisalhamento equivalente como discutida na Seçao 5i sera mais apropriada
por causa do pequeno valor de L/H. Portanto, o fator de 5 selecionado
acima e arbitrário.
!---------------------------------
I m e d ia to L o n g o - p ra z o
CL Borda CL Borda
A A /p ú t A t /P \
p P u u u P P
...
Caso ( u i ) 3 6.0 30.0 6.0 0.17 S0.75 64.4 6.4 0 .07
.42.
f f ~
Uma característica muito importante extraída dos cálculos e que a nao
homogeneidade possue duas vantagens principais e complementares. O
primeiro é que a "bacia de recalque" e muito mais localizada, e o
segundo e que a distribuição de tensões no contato entre o radier e o
solo e suavizada.
Até aqui temos nos preocupado somente com o comportamento de uma estrutu-
ra apoiada em fundaçao tipo rcidier isolado. Ate mesmo para este âmbito
restrito de casos, tem sido mostrado que a previsão de recalques
diferenciais, tanto em relaçao aos de curta como de longa duraçao, é
muito difícil.
P = K qd (2 8 )
V f
f
(29)
d
44.
superestrutura contínua, seria prudente projetar cada sapata para
recalcar do mesmo valor. Segue da equaçao (2 9 ) que o tamanho da sapata,
deve ser proporcional a carga vertical para a qual e projetada e nao a
tensão media aplicada. Esta recomendação foi feita por Levy e Morton
(1974). Tem-se como consequência, que para se obter recalques iguais as
fundações internas que suportam maiores cargas e por isso com maior
tamanho e menores pressões, podem estar projetadas mais conservativamente
do que as fundações externas.
Parece ser a melhor prática, na maioria dos casos, adotar uma simples
filosofia de projeto e, a seguir, acompanhar cuidadosament e o
comportamento real da estrutura durante o período em que o s recalques
A
ocorrem, tomando providencias para medidas reparadoras cas o mostrem-se
necessárias.
45
lensões cm radiers o cm estruturas devido a interação com o solo. Tais
estudos podem ser importantes para o projeto dos componentes estruturais
mas não são muito úteis para estimar danos arquitetônicos (Skempton e
MacDonald, 1956; Fjeld, 1 9 6 3 )* Muito mais enfase precisa ser dirigida a
estimativa de deslocamentos relativos, com a rigidez da edificação sendo
considerada em termos globais simples. O procedimento e ilustrado na
Seçao 12 usando o exemplo simples de um radier circular (vide Figura 21).
Naylor e Hooper (197Ú) usaram um procedimento similar nos seus trabalhos
para prever o comportamento de um radier estaqueado.
0 conceito de deformação crítica de traçao pode ser usado para estimar cis
deflexões relativas para as quais uma dada estrutura apresentara
fissuramento visível. Na Seçao 5i a aplicaçao deste conceito foi ilustra-
da para o caso simples de urna viga retangular uniforme. Este estudo
indica que, para um dado valor de £ ., , a magnitude de A/L e
crit
significativamente dependente da:
46
construções próximas que originam arqueumento convexo da superfície do
terreno circunvizinho, assim como escavações, túneis ou edificações
pesadas.
RECONHECIMENTOS
Os autores tiveram valiosas discussões com muitos dos seus colegas e sao
particularmente gratos ao Sr. G.Mitchell, Sr. G.Weeks e Sr. M.A.Pyle, todos
do BRS, e ao D r . G .S .Littlejohn e D r . I.A.MacLeod. Desejamos agradecer ao
Sr. K.Tarr do BRS que realizou os cálculos com elementos finitos descritos
na Seçao 12.
.47
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