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A barriga

Conto de V. (1974)

Quando chegou ao décimo-terceiro mês de gravidez, Gertrudes começou a se


preocupar. Ela não sabia, mas já era tarde.
Dentro de sua barriga, o feto não era mais feto: era um bebê lindo, mais de três
quilos, já abria os olhos azuis e procurava a mãe pelas paredes do útero. Com
seis meses de vida, ele tomou consciência de que seu mundo era ali mesmo e
jamais encontraria sua mãe. Com um ano de idade, já desenvolvera uma
linguagem própria. E falava sua língua com ele mesmo e resolveu dar-se o
nome de Vahal.
Vahal crescia forte, alimentando-se do sangue que circulava pelos canos que
havia em diversas partes de seu mundo. E não ficou muito surpreso quando viu
que um novo ser estava se desenvolvendo ao seu lado. Acompanhou curioso o
desenvolvimento da criatura, viu como ela crescia de um dia para o outro e
notou que ela ia tomando formas parecidas com as dele.
Depois de nove meses e dez dias de crescimento, a criatura começou a chorar
e Vahal entendeu que ela havia nascido. Deu-lhe o nome de Haval, tomou
conta dela durante os primeiros meses, zelou pelo seu crescimento sadio e
ficou muito contente quando notou que Haval entendia perfeitamente sua
linguagem e gostava muito daquele mundo.
Viveram em alegria infantil na barriga de Gertrudes até Vahal completar 15
anos de idade. Foi no dia de seu aniversário que ele declarou seu amor por
Haval e ficou muito feliz ao saber que ela também o amava. Casaram-se e
decidiram ter muitos filhos. E naquela mesma noite, entregaram-se um ao outro
e copularam em paz até o dia raiar.

Quando chegou ao décimo-terceiro mês de gravidez, Haval começou a se


preocupar. Ela não sabia, mas já era tarde...

Esse é um dos dois contos enviados para a redação da Editora Três e


publicados na revista Planeta, sem endereço de remetente e assinados apenas
V.

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