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TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTAS

Fabiana Lopes da Cunha, Londres. Inglaterra, 2017.

Entrevistada: Maitê de Oliveira, Parte 2;

Tempo: 32: 13.

Fabiana: Eu preciso saber um pouco mais. O Demian está até hoje na direção da bateria?

Maitê: Ele está, mas não está tão ativo. Não é mais o primeiro diretor. Ele faz o que pode,
quando ele vem. O workshop é muito difícil de ele vir por exemplo. Agora entre 2004 até
2010, a gente vinha duas vezes por semana, em Old streets. Tinha época que era de quinta
e quarta, as vezes aos domingos. Durante uns bons cinco anos a gente foi muito dedicado.
Não havia tantos alunos como agora, foi aumentando, e ai a gente foi ajudando a “montar”
professores. Hoje a maioria dos professores são ingleses.

Fabiana: Então, acho isso muito interessante...

Maitê: É então, a gente foi formando esses professores, muito com a ajuda do Esteves
por exemplo que formou muito deles.

Fabiana: A bateria hoje tem quantos diretores?

Maitê: São Quatro diretores.

Fabiana: Como funciona com tantos diretores?

Maitê (Demian): Ano passado foi o filho do Esteves, Paulinho (?). Mas esse ano acho
que ele não virá. Alguns diretores saem (?); (Maitê): É, o David Willet (?) acompanha a
Paraíso desde antes de ela ser formada de fato. Ele vem da London, junto com o Esteves;
(Demian): O Esteves, dois anos atrás, deu um título, como presidente da bateria para o
David.

Fabiana: E quem é o David?

Maitê: Ele saiu esse ano, ele foi embora por causa da família, enfim. Aqui é todo mundo
voluntário, ninguém faz dinheiro, pelo contrário, só gasta. No brasil é diferente, as
pessoas recebem pelas funções nas escolas. Então é difícil, tem que ter uma certa
dedicação. Eu acho que esse foi o motivo da saída dele (David). Eu sinto falta, porque ele
tinha uma energia maravilhosa. A gente, eu e o Demian, nos conhecemos na Paraíso, a
gente se conheceu dançando (risos). Ele só tocava, e depois ele virou diretor, ai eu
comecei a olhar para ele. (risos). Hoje em dia tem vários casais, com vários bebês.

Fabiana: E como ficam os bebês frutos da Paraíso, falam português? Gostam de Samba?

Maitê: A minha filha fala. Gostam de samba, mas não para trazer é difícil, moramos
longe; só da para trazer quando é férias, enfim. A ano passado ela veio, e quis ficar só na
bateria, no chocalho. No festival quis sair dançando. Ai depois ela falou que se fosse para
desfilar em algum carnaval ela queria sair cantando, então vai saber o que ela vai querer
ser. Ela é muito nova também.

Fabiana: Uma pergunta que gostaria de fazer. O Demian disse que lembra dos good...?
da Irlanda. Você tem algum sangue irlandês?

Maitê (Demian): (Aqui os dois falam ao mesmo tempo)* - (Maitê): Ele é irlandês, a
mãe dele se converteu ao catolicismo ates de se casar com o pai dele. Porque na Irlanda
tem essa coisa de divisão de ser ou não católico. (Demian): Quando eu nasci estava no
meio de uma guerra. Um dos motivos do meu pai vir para Inglaterra, foi esse. (Maitê):
Quando eu vou para Irlanda com ele (Demian), eu vejo uma cultura muito distante e muito
parecida com a nossa (brasileira). Eu acho que é a coisa da fé, o povo tem muita fé. Tem
um senso de comunidade; o povo irlandês também fala muito, não igual aqui, esse silêncio
do inglês. (risos). Eu gosto de falar. E lá apesar de fazer um frio a cultura é mais parecida
com nossa, esse calor das pessoas. É muito interessante mesmo.

Fabiana: Agora eu vou perguntar para Maitê e a gente vai rodando. Você está aqui a
quanto tempo Maitê? E o que te deu esse start, o que despertou seu interesse pela dança?

Maitê: Estou aqui desde 1990. Eu nasci em Presidente Prudente, mas eu me mudei para
Campinas ainda criança. Eu sempre fui de dançar, desde muito cedo. Minha mãe me
colocou no Balé. Eu consegui uma bolsa de Balé na Academia Bete Rodrigues em
Campinas. Ai fique lá por cerca de uns dez anos. Eles utilizavam o Royal method, um
método inglês. Então ali já foi um primeiro contato com a Inglaterra, através do Balé.
Chegou uma época eu quis tentar outras coisas e eu não poderia fazer por que eu não
pagava, e era impedida de fazer certos testes. Enfim, era muito triste. Aí eu resolvi sair
do Balé e comecei a fazer teatro, sempre quis fazer teatro. Eu sempre fui de procurar tudo
que tinha para fazer de graça. Eu comecei a fazer teatro no Carlos Gomes, por volta de
1987. Apareceu um curso de um grupo inglês e eu fiz o workshop e eles me chamaram
para participar da turnê com eles. Então, nessa época, eu fui para o Rio de Janeiro, para
Gramados, Curitiba, Pelotas. A filha do pianista Arthur Moreira Lima era desse grupo e
eu havia entrado por meio desse workshop, era novinha, tinha por volta de 17 anos. Eles
me disseram que deveria ir para Londres, onde seria montada outra peça. Eu acabei vindo,
junto com um colega, Jovair (?), um colega de Campinas. Eu fiz 18 anos em setembro e
em novembro eu vim para Londres para trabalhar com esse grupo inglês. Eu não sabia
nem falar inglês, foi uma loucura. Se me fosse para fazer de novo, talvez não faria. (risos).
A peça que eu participei trabalhava muito com o físico e eu me sai bem, em função da
minha base do Balé. A improvisação era muito utilizada por eles.

Fabiana: E no começo onde você trabalhou aqui?

Maitê: Bom, era a transição do Governo de Margaret Thatcher e questão a imigração


estava complicada aqui. Então eu fui dançar na rua e passar chapéu. Eu e um vizinho, que
me ajudou muito a procurar trabalho. E ele e um amigo foram tocar na rua e passar chapéu
e ele me levou. Tocaram no metrô, mas não dava muito dinheiro, então mudaram para
uma praça e lá encontramos uma equatoriana e me disse: “Baila?”, e aí a gente começou
a dançar e passar o chapéu para ver pagavam mais. Acabou dando certo e eu fiquei um
ano assim. Então, um menino me viu e ele tinha uma noite no Bye Madrid (?) e ai eu
comecei no Bar Salsa.

Fabiana: O que era o Bar Salsa?

Maitê: Bar Salsa, assim que eles começaram já entraram em contato com uma banda
brasileira e eu tinha conexão com eles e eles me pediram para começar a dar aulas. Eu e
o Xavier (?) que hoje é da London School. A gente dava aulas de “Lambada” e de
“Samba”, toda sexta e sábado. E lotava. Nessa época eu conheci também o Edson Bispo,
um bailarino de Salvador. Ele nos ensinou muito, devo muito a ele. Fazíamos muitos
shows juntos. Ele acabou me levando para a London, por que começou a dar aulas lá. No
fim ele teve alguns problemas com vício e teve que sair da escola, não conseguiu
continuar e voltou para Bahia. Então, eu fiquei no lugar dele. E quando eu assumi o lugar
de dele e comecei de fato a dar aulas não haviam muitos alunos. Juro por Deus que eram
cerce de cinco ou seis. Então o que eu fiz? Comecei a arrastar o pessoal do Bar Salsa para
a London.

Fabiana: Boa sacada!

Maitê: Foi nessas arrastadas que veio nossa porta bandeira, o Henrique também. Eu
conheci o Henrique nessa época. A gente fez um teste para entrar num grupo que se
chamava Cavendish (?), ele montou um espetáculo brasileiro e viajou a Inglaterra toda.
Eu conheci o Henrique no teste de samba, a gente foi sambar junto dai a gente já virou
melhor amigos. (risos). A gente já estava aqui há uns dois anos, então já falávamos um
pouco de Inglês e ele já havia feito vários trabalhos na noite, enfim. Eu já estava muito
envolvida com o samba aqui em Londres e ele ainda não. Ele se envolveu com outras
experiências do carnaval. Eu ainda não estava na London, estava atuando no Acadêmicos
de Madureira, que hoje não existe mais. Foi o Allan Reyme (?). Ele era um dos
fundadores da London, mas saiu e formou a Acadêmicos de Madureira. Foi uma boa
experiência também, na Acadêmicos. Sai de passista, adorei. Eu era uma jovem que
parecia que sabia de tudo, mas na verdade não sabia de nada. No verão aqui, que era muito
quente, eu fiquei descompassada, com aquele calor, o carnaval, por que eu cheguei aqui
no inverno. E desde então, eu nunca mais me separei do carnaval!

Fabiana: E na Acadêmicos, havia mais brasileiros ou ingleses?

Maitê: Tinha os dois. O Allan era inglês e a mulher brasileira. A Acadêmicos durou cerca
de cinco ou seis anos. Depois eu passei pela Quilombo e depois fui para a London. Acho
que o Henrique não passou pela Quilombo.

Fabiana: E na Quilombo você ficou quanto tempo?

Maitê: Fiquei cerca de dois anos. De rainha de bateria.

Fabiana: E na Paraíso, você já foi rainha?


Maitê: Não, nunca fui. Eu só sai um ano de musa, em 2006. Na London e na Quilombo,
eu só sai de rainha. Na Paraíso já fazíamos a competição de rainhas e hoje tem muitas
meninas dedicadas, que dançam muito bem. A dedicação é uma coisa muito importante
e as vezes as pessoas não conseguem perceber.

Fabiana: Eu percebi o a seriedade das aulas. Uma coisa profissional mesmo.

Maitê: Tem meninas que fazem aulas com vários professores. Vão nos pagodes, nos
sambas. Tem gente que respira samba aqui em Londres. A gente já cresceu com o samba,
temos um amor natural. Para uma pessoa que não teve esse contato desde sempre, precisa
mesmo de muita dedicação para alcançar um nível. Tem que tirar o chapéu. E as meninas
amam ser passistas.

Fabiana: A passista aqui tem um cero Glamour diferente do Brasil.

Maitê: Acho que nos últimos anos o samba teve um up grade e dentro dele foi se
lapidando e evoluindo essas questões da dança.

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