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quinta-feira, 8 de novembro de 2018 - 18:39

DIREITO PROCESSUAL PENAL II

Professor: Marco Antonio de Jesus Bacelar


PRISÃO
CONCEITO DE PRISÃO
A prisão consiste na privação da liberdade de
locomoção, mediante recolhimento da pessoa
humana ao cárcere, decretada por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente,
ou decorrente de flagrante delito.

Pode advir de decisão condenatória transitada em


julgado, que é chamada prisão pena ou, ainda,
ocorrer no curso da persecução criminal, dando
ensejo à prisão sem pena, também conhecida por
prisão cautelar, provisória ou processual.
ESPÉCIES DE PRISÃO
1. Prisão extra-penal
a. Prisão civil
b. Prisão administrativa
c. Prisão disciplinar

2. Prisão penal

3. Prisão cautelar
a. Prisão em flagrante
b. Prisão preventiva
c. Prisão temporária
PRISÃO CIVIL
É aquela decretada para fins de compelir alguém ao cumprimento de um
dever civil.
Art. 5º, LXVII da CF: “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel”.
Obs: Tratados Internacionais não admitem a prisão do depositário infiel. E o
STF atualmente passou a não mais admitir.

Súmula Vinculante nº 25 do STF: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel,


qualquer que seja a modalidade do depósito”.

Súmula nº 419 do STJ: “Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel”.


PRISÃO ADMIMINSTRATIVA
É espécie de prisão decretada por autoridade administrativa
com o objetivo de compelir alguém a cumprir um dever de
direito público.

Essa modalidade de prisão não foi recepcionada pela


Constituição de 1988. Era prevista na antiga redação do art.
319 do CPP, que falava sobre a prisão administrativa de
quem não pagasse tributo ou de estrangeiro desertor.
Referida modalidade de prisão foi retirada de nosso
ordenamento jurídico com a edição da Lei nº 12.403/2011.
PRISÃO ADMIMINSTRATIVA

Também havia previsão de prisão administrativa no art. 35


da antiga Lei de Falências, quando o falido não cumpria suas
obrigações, bem como nos arts. 81 e 84,
caput, da Lei nº 6.815/1980, que previa a possibilidade de o
Ministro da Justiça decretar prisão para fins de expulsão ou
extradição de estrangeiro. Referidos artigos não foram
recepcionados pelo art. 5º, LXI e LXVII, da CF/1988, que
exige decisão judicial para a decretação da prisão.
PRISÃO DISCIPLINAR

O art. 5º, LXI, da CF/1988 permite a prisão disciplinar de


militar para o caso de transgressão militar. Aqui se pode,
sim, fazer referência a modalidade de prisão disciplinar, eis
que a prisão pode ser decreta sem que exista flagrante ou
ordem judicial, mas, na hipótese, a restrição da liberdade é
autorizada pela própria Constituição Federal.

E mais, o art. 142, § 2º, da CF/1988 estabelece não caber


habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
PRISÃO DISCIPLINAR

A jurisprudência tem abrandado o rigor de tal proibição permitindo o


questionamento por habeas corpus. Nesse sentido, o STF destaca que “a
legalidade da imposição de punição constritiva da liberdade, em
procedimento administrativo castrense, pode ser discutida por meio de
habeas corpus” .

Se a punição disciplinar militar atender aos pressupostos de legalidade,


quais sejam, a hierarquia, o poder disciplinar, o ato ligado à função e a
pena susceptível de ser aplicada disciplinarmente, é incabível a
impetração de habeas corpus, eis que não se pode questionar, com
base em referida ação autônoma de impugnação, questões referentes
ao mérito da punição disciplinar.
PRISÃO PENAL

Decorrente de sentença condenatória com trânsito em julgado


que impôs o cumprimento de pena privativa de liberdade.

Só pode ser aplicada após o devido processo legal no qual


tenham sido respeitadas todas as garantias e direitos do
cidadão.
PRISÃO CAUTELAR

Imposta antes do trânsito em julgado de


sentença penal condenatória para assegurar a
efetividade das investigações ou do processo
criminal.
ESPÉCIES DE PRISÃO CAUTELAR
 1. Prisão em Flagrante
 2. Prisão Preventiva
 3. Prisão Temporária
 4. Prisão Decorrente de Pronúncia
 5.Prisão Decorrente de Sentença
Condenatória Recorrível
TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA PRISÃO
Art.5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
o devido processo legal;

 LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por


ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
crime propriamente militar, definidos em lei;

 LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre


serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à
família do preso ou à pessoa por ele indicada;
TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA PRISÃO
Art.5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado;
 LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão
ou por seu interrogatório policial;
 LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;
 LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
a liberdade provisória, com ou sem fiança;
 LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel;
MOMENTO DA PRISÃO

O § 2º do art. 283 do CPP determina que “a


prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a
qualquer hora, respeitadas as restrições
relativas à inviolabilidade do domicílio”.
INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
Com base no art. 5º, XI, da CF/1988, “a casa é asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial.”

Sobre o conceito dia, com base no critério cronológico, seria o


período compreendido das 6 às 18 horas. Referido critério é
comumente utilizado pelas autoridades policiais e públicas, eis que se
tem dado objetivo da materialização dos procedimentos de entrada
em domicílios.

Outro critério seria o astronômico, que considera o período em que há


luz solar, definindo dia como o período entre a aurora e o crepúsculo.
PRISÃO E EMPREGO DE FORÇA

Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à


prisão em flagrante ou à ordenada por autoridade
competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão
usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a
resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por
duas testemunhas (art. 292 do CPP).
Emprego de força e uso de instrumentos
não letais (Lei nº 13.060/2014)

Está sob o rótulo “instrumentos de menor potencial ofensivo”, o conjunto


de munições, armas e equipamentos desenvolvidos como objetivo de
preservar vidas e reduzir, tanto quanto possível, os danos causados à
integridade das pessoas. O legislador, no artigo 4º, da Lei aludida, declara
considerar como tais, para os seus efeitos, aqueles projetados
especificamente para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões
permanentes, conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas.
São instrumentos diversos da arma de fogo, como as algemas, o gás
lacrimogêneo, as bombas de efeito moral, os disparos com paint ball ou
com festim, escudos, cassetetes, dentre outros equipamentos e armas que
representem menor potencial de lesividade à integridade do agente de
delito.
USO DE ALGEMAS
A autoridade policial deve garantir o cumprimento do mandado de prisão,
ou a efetivação da prisão em flagrante. O uso da força, bem como de
algemas, deve ser evitado, salvo quando indispensável no caso de
resistência ou tentativa de fuga do preso.

O STF, em face da ausência de legislação sobre o tema, editou a Súmula nº


11, que estabelece:

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de


fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere,
sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
PRISÃO POR MANDADO JUDICIAL
O Art. 285 do CPP determina que a autoridade que ordenar a prisão fará
expedir o respectivo mandado de prisão, que:

a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade;


b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome,
alcunha ou sinais característicos;
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração;
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução.

O mandado de captura poderá ser cumprido por oficial de justiça ou por


autoridade policial.
PRISÃO POR MANDADO JUDICIAL
O art. 299 do CPP com a redação da Lei nº 12.403/2011
impõe que a captura poderá ser requisitada, à vista de
mandado judicial, por qualquer meio de comunicação,
tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as
precauções necessárias para averiguar a autenticidade desta.

O art. 297 do CPP determina que, “para o cumprimento de


mandado expedido pela autoridade judiciária, a autoridade
policial poderá expedir tantos outros quantos necessários
às diligências, devendo neles ser fielmente reproduzido o teor
do mandado original.”
REGISTRO DO MANDADO DE PRISÃO EM
BANCO DE DADOS MANTIDO PELO CNJ

O juiz competente providenciará o imediato registro do


mandado de prisão em banco de dados mantido pelo
Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade (art. 289-A
com a redação da Lei nº 12.403/2011), com o objetivo de
permitir que qualquer agente policial possa efetuar a prisão
determinada no mandado de prisão registrado no Conselho
Nacional de Justiça, ainda que fora da competência
territorial do juiz que o expediu (art. 289-A, § 1o, com a
redação da Lei nº 12.403/2011).
PRISÃO POR MANDADO JUDICIAL(casa)

Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o


réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será
intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão.
Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará
duas testemunhas e, em sendo dia, entrará à força na casa,
arrombando as portas se preciso; sendo noite, o executor,
depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará
guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável,
e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a
prisão (art. 293 do CPP).
A recaptura do réu evadido não depende de prévia ordem
judicial e poderá ser efetuada por qualquer pessoa (Art. 684
do CPP).
PRISÃO FORA DA JURISDIÇÃO DO JUIZ

Quando o acusado estiver no território nacional, fora da


jurisdição do juiz processante, a sua prisão será deprecada,
devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. Em
havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por
qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o
motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada.

A autoridade deprecada a quem se fizer a requisição


tomará as precauções necessárias para averiguar a
autenticidade da comunicação. Por sua vez, o juiz
processante deverá providenciar a remoção do preso no
prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da efetivação
da medida (art. 289 do CPP da Lei nº 12.403/2011).
PRISÃO EM PERSEGUIÇÃO

Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro


município ou Estado, o executor poderá efetuar-lhe a
prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o
imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado,
se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a
remoção do preso (art. 290 do CPP).

Segundo o STF, não havendo autoridade no local em que se


tiver efetuado a prisão, deverá o preso ser, para a lavratura do
auto de flagrante, apresentado à mais próxima”, sendo que
equivale a não haver a autoridade, recusar-se a autoridade
local a tomar qualquer providência.
PRISÃO ESPECIAL

Algumas pessoas, em razão da função desempenhada, terão direito a


recolhimento em quartéis ou a prisão especial, enquanto estiverem na
condição de presos provisórios, leia-se, antes do trânsito em julgado da
sentença condenatória.

O CPP nos artigos 295 e 296 traz um extenso rol de pessoas que gozam da
prisão especial, sem prejuízo da vasta legislação extravagante a respeito, a
exemplo da Lei 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do MP), prevendo no art.
40, inciso V, a prisão especial para os membros do Ministério Público.

Não havendo estabelecimento adequado para a efetivação da prisão


especial, o preso poderá ser colocado em prisão provisória domiciliar, por
deliberação do magistrado, ouvindo-se o Ministério Público (Lei 5.256/1967)
PRISÃO ESPECIAL

 Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição


da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de
condenação definitiva:
 I - os ministros de Estado;
 II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o
prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos
municipais, os vereadores e os chefes de Polícia;
 III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia
Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados;
 IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
PRISÃO ESPECIAL

 V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do


Distrito Federal e dos Territórios
 VI - os magistrados;
 VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da
República;
 VIII - os ministros de confissão religiosa;
 IX - os ministros do Tribunal de Contas;
 X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de
jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para
o exercício daquela função;
 XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios,
ativos e inativos.
PRISÃO ESPECIAL
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste
exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum.

§ 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será


recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento.

§ 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os


requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração,
insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana.
§ 4o O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum.

§ 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso


comum.

Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à prisão,
em estabelecimentos militares, de acordo com os respectivos regulamentos.

SEPARAÇÃO DE PRESOS

Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas


das que já estiverem definitivamente condenadas, nos termos
da lei de execução penal.

Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a


lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da
instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das
autoridades competentes.
PRISÃO EM FLAGRANTE
PRISÃO EM FLAGRANTE - CONCEITO
É a que resulta no momento e no local do crime. É uma medida
cautelar, restritiva de liberdade, de natureza pessoal, de caráter
eminentemente administrativo, que não exige ordem escrita do
juiz.

Sua precariedade vem marcada pela possibilidade de ser adotada


por particulares ou autoridade policial, e que somente está
justificada pela brevidade de sua duração e o imperioso dever de
análise judicial em até 24h, onde cumprirá ao juiz analisar sua
legalidade e decidir sobre a manutenção da prisão (agora como
preventiva) ou não.

Trata-se de modalidade de prisão que dispensa ordem judicial,


sendo prevista na própria Constituição Federal.
PRISÃO EM FLAGRANTE

É cabível a prisão em flagrante em crime de ação penal privada.


Entretanto, nos crimes de ação penal privada a lavratura do auto de
prisão em flagrante depende de requerimento do ofendido. Deve-se,
portanto, diferenciar a prisão em flagrante da lavratura do auto de
prisão em flagrante.

Em crime de ação penal pública condicionada à representação, o


delegado de polícia também não poderá prender o autor do crime
em flagrante sem a referida representação.

O estado de flagrante delito é uma das exceções constitucionais à


inviolabilidade do domicílio, nos termos da Constituição Federal.
MOMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

A prisão pode ser efetuada em qualquer dia e a


qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à
inviolabilidade do domicílio.

Já a prisão em flagrante delito pode ser realizada em


qualquer dia, em qualquer lugar e a qualquer hora, não
se configurando atentado contra a inviolabilidade do
domicílio, ainda que efetivada no período noturno.
SUJEITO ATIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

É aquele que efetua a prisão; pode ser qualquer pessoa, integrante ou


não da força policial. Já o condutor é a pessoa que apresenta o preso à
autoridade que presidirá a lavratura do auto, nem sempre
correspondendo àquele que efetuou a prisão.

A prisão em flagrante delito não é ato privativo das forças policiais.


Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes
deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito
(art. 301 do CPP).
SUJEITO ATIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Com relação à possibilidade de qualquer do povo efetuar prisão em


flagrante, tem-se hipótese de flagrante facultativo, sendo que até
mesmo a vítima do crime pode prender aquele que for encontrado em
flagrante delito, não havendo, entretanto, qualquer obrigatoriedade,
mas, sim, possibilidade de que se efetue a prisão.

Já as autoridades policiais e seus agentes têm o dever legal de


efetivar a prisão, sendo hipótese de flagrante obrigatório ou
compulsório.
SUJEITO PASSIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

É o indivíduo que se encontra em situação flagrancial, sendo


que qualquer pessoa pode ser sujeito passivo de prisão em
flagrante.
Entretanto, não são sujeitos passivos de flagrante:
1) Menores de 18 anos, nos termos do art. 228 da CF/1988 e
do art. 27 do Código Penal, que consideram o menor
inimputável.
2) A pessoa do agente diplomático não poderá ser
objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão
(Decreto nº 56.435/1965, que promulgou a Convenção de
Viena sobre Relações Diplomáticas).
SUJEITO PASSIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

3) O presidente da República, nos termos do art. 86, § 3º, da


CF/1988, que estabelece que, enquanto não sobrevier sentença
condenatória transitada em julgado, nas infrações comuns, o
Presidente da República não estará sujeito a prisão.

4) Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional


não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável.
Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro
horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º, da CF/1988).

Nos termos do art. 27, § 1º, da CF/1988, os deputados estaduais


também possuem imunidade relativa. Já os vereadores não têm
imunidade processual.
SUJEITO PASSIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

5) São prerrogativas do magistrado não ser preso senão por ordem


escrita do Tribunal ou do órgão especial competente para o
julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável – neste caso, a
autoridade fará imediata comunicação e apresentação do magistrado
ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado (art. 33, II, da Lei
Complementar nº 35/1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional).

6) Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público ser


preso somente por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de
crime inafiançável (neste caso, a autoridade fará, no prazo máximo
de vinte e quatro horas, a comunicação) e a apresentação do
membro do Ministério Público ao Procurador Geral de Justiça (art. 40,
III, da Lei nº 8.625/1993 – Lei Orgânica Nacional do Ministério Público).
SUJEITO PASSIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

7) O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por


motivo de exercício da profissão, em caso de crime
inafiançável (art. 7º, § 3º, da Lei nº 8.906/1994).

O art. 7º, IV, da Lei nº 8.906/1994 estabelece, ainda, que o


advogado tem direito à presença de representante da
OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao
exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo,
sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação
expressa à seccional da OAB.
PRISÃO DE DIPLOMATA ESTRANGEIRO
8) O diplomata estrangeiro, em território nacional, não pode ser
sujeito passivo da prisão em flagrante. A imunidade dos
diplomatas obsta a aplicação da lei brasileira, em homenagem à
soberania do seu país de origem (Estado acreditante).

A imunidade diplomática se estende aos familiares do diplomata


que com ele convivam e desde que não sejam nacionais do
estado acreditado. No que concerne aos seus funcionários, que
tenham nacionalidade do país de origem (empregados natos),
haverá limitação da jurisdição brasileira toda vez que tal implicar
interferência demasiada no “desempenho das funções da
Missão”.

O cônsul, por sua vez, tem imunidade restrita aos crimes


funcionais no exercício de suas atribuições consulares.
SUJEITO PASSIVO

9) “Nenhum adolescente será privado de sua liberdade


senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente” (art.
106, Lei nº 8.069/1990);

10) O motorista que presta pronto e integral socorro à


vítima de acidente de trânsito não será preso em flagrante,
nem lhe será exigida fiança (art. 301, CTB).
ESPÉCIES DE FLAGRANTE NO CPP

 Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


I - está cometendo a infração penal; (FLAGRANTE PRÓPRIO)

II - acaba de cometê-la; (FLAGRANTE PRÓPRIO)

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por


qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
infração; (FLAGRANTE IMPRÓPRIO)

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou


papéis que façam presumir ser ele autor da infração. (FLAGRANTE
PRESUMIDO)
FLAGRANTE PRÓPRIO
Flagrante próprio (real, propriamente dito ou verdadeiro).
São duas as possibilidades, nos termos do art. 302, I e II,
do CPP. O flagrante próprio ocorre quando o agente
está cometendo a infração penal ou acaba de
cometê-la.

Na primeira hipótese, o agente é encontrado praticando


os atos executórios do delito.

Já na segunda hipótese, os atos executórios já foram


realizados, sendo o agente preso imediatamente após o
cometimento da infração no local dos fatos.
FLAGRANTE IMPRÓPRIO
Flagrante impróprio (irreal, ou quase flagrante).
Denomina-se flagrante impróprio a prisão daquele que é perseguido,
logo após cometer o delito, em situação que faça presumir ser o mesmo
o autor da infração, nos termos do art. 302, III, do CPP.
No flagrante irreal, o agente é perseguido logo após cometer o ilícito,
em situação que faça presumir ser ele o autor da infração.
A perseguição deve ser iniciada “logo após”, ou seja, deve haver
um pequeno intervalo de tempo entre o fato e o início da perseguição,
como, por exemplo, o prazo para a polícia chegar ao local, levantar
as primeiras evidências e sair no encalço do suspeito, dando início à
perseguição.
Considera-se em flagrante delito a pessoa que, logo após cometer
uma infração penal, é perseguida ininterruptamente pela autoridade,
ainda que esta permaneça no encalço do perseguido por indícios e
informações fidedignas de populares acerca de sua direção.
FLAGRANTE PRESUMIDO
Flagrante presumido, ficto ou assinalado.
Nos termos do art. 302, IV, do CPP, considera-se flagrante
presumido quando o agente é encontrado, logo depois do crime, com
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir que seja ele
o autor da infração.

O que caracteriza a referida modalidade de flagrante é o


agente ter sido “encontrado”, seja por uma viatura policial em ronda
de rotina ou mesmo por uma blitz montada aleatoriamente sem visar
prender o agente.

A expressão “logo depois” permite a prisão após lapso temporal maior


do que o necessário no flagrante impróprio. Entretanto, não se pode ter
um lapso temporal muito dilatado, sob pena de se descaracterizar o
flagrante.
OUTRAS ESPÉCIES DE FLAGRANTE

 Flagrante Preparado ou Provocado: é aquele em que o


agente é induzido à prática de um crime pela “vítima”,
pelo policial ou por terceiro (agente provocador) sendo
impossível a consumação. Trata-se de crime impossível,
não podendo ser autuado em flagrante seu agente.

 Súmula 145, STF: “Não há flagrante delito quando a


preparação do flagrante pela polícia torna impossível a
sua consumação”.
OUTRAS ESPÉCIES DE FLAGRANTE

 Flagrante Esperado: Não há provocação para o crime. O


agente é capturado, pela força policial, ao executar a
infração. A polícia recebeu informações sobre a prática
do crime ou porque exercia vigilância sobre o agente.
Nestes casos, a prisão em flagrante é admitida. Nada
impede que o flagrante esperado seja realizado por
particular
OUTRAS ESPÉCIES DE FLAGRANTE

 Flagrante Forjado: A polícia ou particular inserem provas


falsas de crimes inexistentes: Ex: introdução de
substâncias proibidas na casa de quem sofre uma busca e
apreensão. É aquele armado, fabricado, realizado para
incriminar pessoa inocente. É uma modalidade ilícita de
flagrante, onde o único infrator é o agente forjador, que
pratica o crime de denunciação caluniosa, e sendo
agente público, também abuso de autoridade.
OUTRAS ESPÉCIES DE FLAGRANTE

 Flagrante Protraído, Diferido ou Retardado: É pertinente


aqueles casos em que é necessário aguardar o momento
oportuno para realizar a prisão em flagrante, durante o
acompanhamento das atividades da organização
criminosa.
 Encontra-se previsão na legislação extravagante: Lei nº
12.850/2013; Lei 11.343/2006; Lei 9.613/1998.
FLAGRANTE POR APRESENTAÇÃO

 Quem se entrega à polícia não se enquadra em nenhuma


das hipóteses legais autorizadoras do flagrante. Assim,
não será autuado.
Flagrante Delito nos Crimes Permanentes

 Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o


agente em flagrante delito enquanto não cessar a
permanência. CPP
 Crime Permanente: São aqueles que a ação se protrai no
tempo, e, assim, o estado de consumação. (ex: seqüestro
ou cárcere privado, extorsão mediante seqüestro, bando
ou quadrilha).
 Para o crime permanente não há dúvida quanto à prisão
em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
Flagrante Delito nos Crimes Habituais

Crimes Habituais: São aqueles que se configuram com a


prática reiterada de atos, de forma a constituir um estilo ou
hábito de vida. ex: curandeirismo, casa de prostituição.

O crime habitual configura-se quando há reiteração de


práticas que, por si só, não configuram modalidade delitiva.

Apenas quando as práticas forem configuradas como um


todo, como estilo ou modalidade de vida, o delito será
materializado.
Flagrante Delito nos Crimes Habituais

1) Casa de prostituição (art. 229 do CP). Manter, por conta


própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar
destinado a encontros para fim libidinoso, haja ou não
intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente.

2) Rufianismo (art. 230 do CP). Tirar proveito da prostituição


alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se
sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça.

3) Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou


farmacêutica (art. 282 do CP). Exercer, ainda que a título
gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem
autorização legal ou excedendo-lhe os limites.
Flagrante Delito nos Crimes Habituais

4) Charlatanismo (art. 283 do CP). Inculcar ou anunciar


cura por meio secreto ou infalível.
5) Curandeirismo (art. 284 do CP). Exercer o
curandeirismo: I – prescrevendo, ministrando ou
aplicando, habitualmente, qualquer substância; II –
usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III –
fazendo diagnósticos.
Há controvérsia na doutrina sobre o cabimento da prisão em
flagrante nos crimes habituais, que são aqueles em que o
crime se aperfeiçoa com a reiteração de condutas
O crime habitual, cuja consumação se dá por meio da prática
de várias condutas, como o delito de casa de prostituição, de
acordo com o STF124 e o STJ, admite prisão em flagrante.
Infração de menor potencial ofensivo

Nas infrações de menor potencial ofensivo, ao invés da


lavratura do auto de flagrante, teremos a realização do
termo circunstanciado, desde que o infrator seja
imediatamente encaminhado aos juizados especiais
criminais ou assuma o compromisso de comparecer, quando
devidamente notificado. 4.5 compromisso de comparecer,
quando devidamente notificado. Caso contrário, o auto será
lavrado, recolhendo-se o mesmo ao cárcere, salvo se for
admitido a prestar fiança, nas infrações que a comportem,
ou se for adequada aplicação de medida cautelar diversa da
prisão, nos termos dos artigos 282 e 319, do CPP, com
redação dada pela Lei nº 12.403/2011.
Procedimentos e Formalidades
a) A autoridade, antes de lavrar o auto, deve comunicar à família
do preso ou pessoa por ele indicada a ocorrência da prisão.
Também devem ser comunicados imediatamente o juiz
competente e o Ministério Público (art. 306, caput, CPP, com
redação dada pela Lei nº 12.403/2011).
b) Aquele que levou o preso até a presença da autoridade será
ouvido, sendo suas declarações reduzidas a termo, colhida a sua
assinatura, e sendo-lhe entregue cópia do termo e recibo de
entrega do preso.
c) Na sequência, serão ouvidas as testemunhas que tenham
algum conhecimento do ocorrido, e que acompanham o
condutor.
d) Em que pese a lei ser omissa quanto a oitiva da vítima nesta
fase, é de bom tom que a mesma seja ouvida, prestando sua
contribuição para o esclarecimento do fato e para a
caracterização do flagrante.
Procedimentos e Formalidades

e) A lei fala em interrogatório do acusado (quando deveria falar


conduzido), o que é uma evidente impropriedade, afinal ainda não
existe imputação nem processo. O preso será ouvido, assegurando-se o
direito ao silêncio. Admite-se a presença do advogado, embora não seja
imprescindível à lavratura do auto.
f) Ao final, convencida a autoridade que a infração ocorreu, que o
conduzido concorreu para a mesma e que se trata de hipótese legal de
flagrante delito, determinará ao escrivão que lavre e encerre o auto de
flagrante. Não estando convencida a autoridade de que o fato
apresentado autorizaria o flagrante, deixará de autuar o mesmo,
relaxando a prisão que já existe desde a captura.
Também não permanecerá preso o conduzido se for admitido a prestar
fiança, a ser concedida pela autoridade policial. Os termos de
declaração do condutor e das testemunhas serão anexados ao auto, e
este último será assinado pela autoridade e pelo preso.
PRISÃO EM FLAGRANTE

A prisão em flagrante é um conjunto de atos que se reflete


em três momentos:

1) A pessoa é surpreendida e presa em flagrante;

2)Elaboração de um auto de prisão em flagrante e


determinação de recolhimento ao cárcere;

3) Verificação de validade da prisão efetuada pelo Juiz.


Do Procedimento do Auto de
Prisão em Flagrante
Conteúdo e ordem das oitivas na lavratura do auto

Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente,


ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua
assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de
entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das
testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório
do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo,
após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a
autoridade, afinal, o auto.
Do Procedimento do Auto de
Prisão em Flagrante

Sustentação da Prisão em Flagrante

Art. 304, § 1o Resultando das respostas fundada a suspeita


contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à
prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar
fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo,
se para isso for competente; se não o for, enviará os
autos à autoridade que o seja.
Do Procedimento do Auto de
Prisão em Flagrante

Falta de Testemunhas

Art. 304, § 2o A falta de testemunhas da infração não


impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso,
com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas
pessoas que hajam testemunhado a apresentação do
preso à autoridade.
Do Procedimento do Auto de
Prisão em Flagrante
Recusa ou impedimento de assinar o auto

Art. 304, § 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não


souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
flagrante será assinado por duas testemunhas, que
tenham ouvido sua leitura na presença deste.
Nomeação de escrivão ad hoc
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer
pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois
de prestado o compromisso legal.
Comunicação da Prisão em Flagrante

 “Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde


se encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente, ao Ministério Público e à família do
preso ou à pessoa por ele indicada.

 § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização


da prisão, será encaminhado ao juiz competente o
auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não
informe o nome de seu advogado, cópia integral para
a Defensoria Pública.
NOTA DE CULPA
 Art. 306, § 2o No mesmo prazo, será entregue ao
preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada
pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do
condutor e o das testemunhas.

 A nota de culpa se presta a informar ao preso os responsáveis


por sua prisão, além dos motivos da mesma, contendo o
nome do condutor e das testemunhas, sendo assinada pela
autoridade. Será entregue em 24 horas da realização da
prisão, mediante recibo. A, entrega da nota de culpa é de vital
importância para a validade da prisão. A nulidade que daí
decorre, contudo é relativa, dependendo de demonstração de
prejuízo (ineficácia do direito à ampla defesa e ao
contraditório, em face de não estar ciente o conduzido dos
motivos e das demais formalidades para a validade da prisão).
FLAGRANTE: REMESSA À AUTORIDADE

O auto de prisão em flagrante, acompanhado de todas


as oitivas colhidas, será encaminhado à autoridade
judicial competente em 24 horas da realização da prisão
e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado,
cópia integral à Defensoria Pública, no mesmo prazo.
Do Procedimento do Auto de
Prisão em Flagrante
 Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou
contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a
narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso
e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela
autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido
imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato
delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o auto.

 Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado


a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.

 Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade,


depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
Do Procedimento do Auto de
Prisão em Flagrante
“Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz
deverá fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando
presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

Audiência de custódia é a providência que decorre da imediata


apresentação do preso ao juiz. Deve-se seguir imediatamente após à
efetivação da providência cerceadora de liberdade. É
“interrogatório de garantia” que torna possível ao autuado informar
ao juiz suas razões sobre o fato a ele atribuído. Ao cabo, é meio de
controle judicial acerca da licitude das prisões.

Sem previsão no CPP, a audiência de custódia encontra amparo em


diplomas internacionais ratificados no Brasil (Pacto de São José da
Costa Rica). Destina-se especialmente ao preso em flagrante, para
que seja apresentado ao juiz competente, dentro do prazo de 24
horas. Cabível também para os casos de prisão temporária e
preventiva.
Do Procedimento do Auto de
Prisão em Flagrante
Atenção
1. No Juizado Especial Criminal, não subsistirá a prisão em
flagrante delito nem será exigida fiança ao réu que
dirigir-se imediatamente ao juizado ou assumir o
compromisso de fazê-lo.
2. Não se deve confundir: Relaxamento da Prisão em
Flagrante (quando há um vício ou quando o flagrante
não ocorre) com Liberdade Provisória (quando há o
flagrante e este é válido, mas há o direito do preso em
ficar solto, segundo o que determina a lei).
PRISÃO TEMPORÁRIA
PRISÃO TEMPORÁRIA

 Estabelecida pela Lei 7.960/89


 Art. 1° Caberá prisão temporária:
 I - quando imprescindível para as investigações do
inquérito policial;
 (Crítica da doutrina à imprecisão e generalidade da
expressão)
 II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não
fornecer elementos necessários ao esclarecimento de
sua identidade;
 (O inciso II é redundante caberia na primeira hipótese)
 Os dois incisos seriam periculum libertatis.
PRISÃO TEMPORÁRIA
 III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado
nos seguintes crimes:

 a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);


 b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);
 c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
 d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
 e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
 f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e
parágrafo único);
 g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação
com o art. 223, caput, e parágrafo único);
PRISÃO TEMPORÁRIA
 III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado
nos seguintes crimes:

 h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e
parágrafo único);
 i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
 j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou
medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com
art. 285);
 l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
 m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de
1956), em qualquer de sua formas típicas;
 n) tráfico de drogas;
 o) crimes contra o sistema financeiro.
PRISÃO TEMPORÁRIA

CONCEITO:

A temporária é a prisão de natureza cautelar, com prazo


preestabelecido de duração, cabível exclusivamente na fase
do inquérito policial ou procedimento investigativo
equivalente, objetivando o encarceramento em razão das
infrações seletamente indicadas na legislação.
PRISÃO TEMPORÁRIA
 Estabelecida pela Lei 7.960/89

 Contesta parte da doutrina: Inconstitucionalidade formal


pois ofende o princípio da presunção de inocência.

 Hipótese de cabimento: (aplicação exclusiva em face da


investigação criminal)

 É essencial a presença do fumus commissi delicti e do


periculum libertatis para que a medida seja decretada,
aplicando-se o critério de proporcionalidade estampado
nos incisos I e II, do art. 282, do CPP (redação da Lei nº
12.403/2011).
PRISÃO TEMPORÁRIA
 Decretação: A prisão temporária está adstrita à cláusula
de reserva jurisdicional somente pode ser decretada pelo
Juiz, com despacho fundamentado, prolatado em 24
horas, em face do requerimento do MP ou da
representação da Autoridade Policial, neste caso será
ouvido o MP. (Art. 2º, caput, § 1º e §2º).
 A prisão temporária não pode ser decretada de ofício
pelo juiz, pressupondo provocação.
 Apresentação do Preso: O Juiz, poderá, mediante
requerimento do MP e do Advogado, determinar a
apresentação do preso para informações, esclarecimento
e exame de corpo de delito (Art. 2º, § 3º)
PRISÃO TEMPORÁRIA
 Procedimento: Decretada a prisão, será expedido
Mandado em duas vias, devendo uma ser entregue ao
preso, aplicando-se na entrega as regras da “Nota de
Culpa”, devendo no momento que a prisão for efetuada a
informação, ao preso, dos direitos do Art. 5º da CF. (Art.
2º, caput, § 4º e §5º. Da Lei 7.960/89)
 Prazo: 05 dias prorrogáveis por igual período (Art. 2º, §
3º). Nos crimes hediondos Lei 8.072/90, o prazo é de 30
dias prorrogáveis por mais 30 dias, se houver
necessidade.
 Decorrido o prazo legal o preso deve ser posto
imediatamente em liberdade, salvo se for decretada a
preventiva.
PRISÃO TEMPORÁRIA
 a) O juiz é provocado pela autoridade policial, mediante
representação, ou por requerimento do Ministério
Público;

 b) O juiz, apreciando o pleito, tem24 horas para, em


despacho fundamentado, decidir sobre a prisão, ouvindo
para tanto o MP, nos pedidos originários da polícia;

 c) Decretada a prisão, o mandado será expedido em duas


vias, sendo que uma delas, que será entregue ao preso,
serve como nota de culpa
PRISÃO TEMPORÁRIA
 d) Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o
preso dos direitos assegurados na CF;

 e) Durante o prazo da temporária, pode o juiz, de ofício, a


requerimento do MP ou defensor, “determinar que o
preso lhe seja apresentado, solicitar informações e
esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a
exame de corpo de delito” (§ 3º, art. 2º).

 f) Decorrido o prazo legal o preso deve ser posto


imediatamente em liberdade, salvo se for decretada a
preventiva.
PRISÃO PREVENTIVA
PRISÃO PREVENTIVA
É a prisão de natureza cautelar mais ampla, sendo uma
eficiente ferramenta de encarceramento durante o inquérito
policial e na fase processual.

A preventiva só se sustenta se presentes o lastro probatório


mínimo a indicar a ocorrência da infração, os eventuais
envolvidos, além de algum motivo legal que fundamente a
necessidade do encarceramento.
PRISÃO PREVENTIVA
A decretação da preventiva deve ser fundamentada na ideia
de medida extrema, subsidiária, residual, que só terá lugar
quando não suficiente e adequada outra medida cautelar
diversa da prisão (art. 319, CPP, com redação dada pela Lei
nº 12.403/2011), e presentes os pressupostos gerais de
decretação de medida cautelar dispostos no art. 282, do CPP
(com redação dada pela Lei nº 12.403/2011).
PRISÃO PREVENTIVA
 A mais tradicional prisão cautelar do processo brasileiro,
regulada nos artigos 311 a 316 do CPP.

 Decretação: Pelo Juiz de ofício (se no curso da ação


penal), a requerimento do MP, do assistente ou do
querelante, ou mediante representação da Autoridade
Policial, com despacho fundamentado. (Art. 311 c/c Art.
315 do CPP)

 Momento da Decretação: Caberá durante o Inquérito


Policial ou no curso da instrução criminal. (Art. 311 do
CPP.
Fundamentos da Prisão Cautelar
Doutrina Tradicional Doutrina Moderna
• Periculum in mora: o perigo • Periculum libertatis:Existência
ou risco de que a demora no de um risco para o
julgamento possa impedir desenvolvimento regular do
correta solução da causa ou processo e para a execução
aplicação da sanção punitiva. criado a partir da liberdade do
réu.
• Fumus boni juris: É a fumaça
do bom direito. A presença da • Fumus commissi delicti: A
prova da existência do crime e probabilidade da existência
de indícios suficientes de de um crime, havendo dados
autoria. fáticos, juízo provável de
autoria, demonstrada a
tipicidade e demais
elementos do conceito
analítico do crime.
PRESSUPOSTOS

 A: Fumus Comissi Delicti: quando houver prova da


existência do crime e indício suficiente de autoria. (parte
final do Art. 312 do CPP)

 A existência do crime deve ser provada;

 Convicção razoável, probabilidade, de que o acusado


tenha sido o autor da infração ou que tenha
participado.
REQUISITOS/HIPÓTESES DE CABIMENTO

 B: Periculum Libertatis: garantia da ordem pública, garantia da


ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal (art. 312 do CPP, parte final)

1. 1. Garantia da Ordem Pública: deve-se entender a necessidade de


preservação da boa convivência social, ou no interesse de
segurança de bens juridicamente protegidos.

Crítica da doutrina quanto à dificuldade de definir a definição e a


consagração da antecipação da culpabilidade.
A jurisprudência aos poucos consagra o entendimento da noção de
ordem pública como risco ponderável da repetição da ação
delituosa objeto do processo.
REQUISITOS/HIPÓTESES DE CABIMENTO

2.Garantia da Ordem Econômica: busca permitir a prisão


do autor do fato crime que perturbasse o livre exercício
de qualquer atividade econômica, com o abuso do
poder econômico, eliminação de concorrência,
dominação do mercado, aumento excessivo e arbítrio
de lucros.

Crítica da doutrina quanto à dificuldade de e a redundância


da expressão que estaria inserida na anterior.
REQUISITOS/HIPÓTESES DE CABIMENTO

3.Conveniência da Instrução Criminal: A medida é necessária e


indispensável para o regular andamento do processo, evitando que
o acusado ameace testemunhas, influencie a coleta de provas,
tente subornar peritos, ameaçar Juiz ou Promotor, busque subtrair
documentos.

4. Assegurar a aplicação da lei penal: Evidente o periculum libertatis,


naqueles casos que o acusado, em liberdade, pode gerar risco ou
perigo para a aplicação da lei penal ao fim do processo, pois suas
atitudes visa furtar o cumprimento de uma futura sanção penal. Por
exemplo: demonstra ou elabora fuga, esconde-se em lugar incerto
e não sabido, vende bens de raiz para não ressarcir.
As 3 e 4 são absolutamente instrumentais estão ligadas ao Processo.
REQUISITOS/HIPÓTESES DE CABIMENTO

5) Descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de


outras medidas cautelares (art. 282, § 4º, CPP, com redação dada pela
Lei nº 12.403/2011): trata-se de caso acrescentado ao CPP, em face do
caráter subsidiário da prisão preventiva (medida cautelar extrema).

O legislador reformador previu várias medidas cautelares, menos


gravosas ao direito de liberdade do acusado (art. 319, CPP), que devem
preferir à prisão preventiva (medida residual, subsidiária) e que são
impostas se atendidos os pressupostos gerais do art. 282 do Código.
REQUISITOS/HIPÓTESES DE CABIMENTO

Uma vez descumprida, percebe-se que a medida cautelar em tela pode


não se revelar adequada ou suficiente ao caso, admitindo-se a sua
substituição ou cumulação com outra, ou em último caso, a decretação
da preventiva, desde que o delito praticado comporte a medida, já que,
de regra, a preventiva só é admitida para os crimes dolosos com pena
superior a quatro anos (art. 313, I, CPP).
Hipótese Legais de Admissibilidade

 “Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do


processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz,
de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por
representação da autoridade policial.”
 “Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação
da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria”.
 “Art. 312. Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá
ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das
obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art.
282, § 4o).”
Hipótese Legais de Admissibilidade
“Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima
superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art.
64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se
outra hipótese recomendar a manutenção da medida.”
Hipótese de Não Cabimento

Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será


decretada se o juiz verificar pelas provas constantes
dos autos ter o agente praticado o fato nas condições
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal.”

“Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou


denegar a prisão preventiva será sempre motivada.”
Não caberá a decretação da preventiva:

Nos crimes punidos com pena inferior a quatro anos;


Nos crimes culposos – art. 313 – só em crimes dolosos;
Nos casos em que o réu se livra solto independente de
fiança;
Nos casos em que o réu se encontrar acobertado por uma
das excludentes de criminalidade (Art. 314);
Após ter sanado a dúvida quanto a identidade do acusado
ou não for reincidente em crime doloso com sentença
anterior transitada em julgado há menos de 5 anos (Art. 313,
II).
Revogação da Prisão

 Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no


correr do processo, verificar a falta de motivo para que
subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem
razões que a justifiquem.

 No caso de Preventiva decretada ilegalmente, dar-se-á a


cassação pelo Tribunal ad quem;

 Anulado o flagrante, por vício de forma, nada impede a


decretação da prisão preventiva ou outra medida cautelar.
Revogação da Prisão

prisão preventiva é movida pela cláusula rebus sic stantibus,


assim, se a situação das coisas se alterar, revelando que a medida
não é mais necessária, a revogação é obrigatória, podendo, se
adequado e necessário, aplicar medida cautelar em substituição,
de acordo com o autorizativo do § 5º, do art. 282, CPP (redação
da Lei nº 12.403/2011).
Revogação da Prisão

Deve o magistrado revogar a medida, de ofício, ou por


provocação, sem a necessidade de oitiva prévia do Ministério
Público.

O promotor será apenas intimado da decisão judicial, para se


desejar, apresentar o recurso cabível à espécie. Todavia, uma vez
presentes novamente os permissivos legais, nada obsta a que o
juiz a decrete novamente, quantas vezes se fizerem necessárias.
APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA

A apresentação espontânea do agente à autoridade ilide a


prisão em flagrante, por ausência de previsão legal
autorizando o flagrante nestas situações. Nada impede, uma
vez presentes os requisitos legais, que se represente pela
decretação da prisão preventiva, ou até mesmo pela
temporária.
PREVENTIVA X EXCLUDENTES DE ILICITUDE

 Se pela análise dos autos percebe-se que o agente atuou


sob o manto de uma excludente de ilicitude, a preventiva
não será decretada, podendo ser concedida pelo juiz
liberdade provisória, sem fiança, mediante termo de
comparecimento a todos os atos do processo sob pena de
revogação (parágrafo único, do art. 310, CPP, com redação
dada pela Lei nº 12.403/2011).
PRISÃO DOMICILIAR

A prisão domiciliar é decretada em substituição da


preventiva, sempre por ordem judicial.

Consiste no recolhimento do indiciado ou do acusado em


sua residência, só podendo dela se ausentar por ordem do
juiz. Para seu deferimento se exige prova idônea
evidenciando a situação específica que a autorize.
PRISÃO DOMICILIAR
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou
acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com
autorização judicial.
“Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar
quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis)
anos de idade ou com deficiência;
IV - gestante
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12
(doze) anos de idade incompletos.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos
estabelecidos neste artigo.”

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