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1.1. Indique as causas da divisão do Império Romano como está patente no mapa.
1.2. Explique a razão de o Império estar dividido em dioceses.
1.3. Explicite o caráter inovador da religião cristã.
1.4. Acha plausíveis as razões que, segundo o autor do Doc. 2, levaram à repressão do
Cristianismo?
1.5. Comente a frase: «Foi estabelecido o princípio de que ser-se cristão era um crime contra o
Estado».
Doc. 3
A insensível determinação de Constantino também se revelou na política religiosa dos
seus últimos anos. (...) Aos cristãos vítimas de perseguição deviam ser devolvidos os bens e
atribuídos os mesmos privilégios aos cristãos do Ocidente, além de serem libertados os que se
encontravam presos. Os bispos foram encorajados a reparar as igrejas danificadas e a
construir novas igrejas. Mas o tom moralista destes éditos ia muito mais além do tom do Édito
de Milão. Nas cartas que acompanhavam estes documentos oficiais, Constantino não obrigava
os seus súbditos a abandonarem o paganismo e a adotarem o Cristianismo, mas insistia
apenas para que o fizessem. O deus cristão, escreveu, era moralmente superior.
Simon Baker, Roma, Ascensão e Queda de Um Império, Casa das Letras, 2009, p. 285.
Doc. 1 - A ENCOMENDAÇÃO
Aquele que se recomenda ao poder de um outro.
Ao magnífico senhor X, eu, Y. Dado que é inteiramente conhecido de todos que eu não tenho
com que me sustentar nem como me vestir, solicitei à vossa piedade - e a vossa vontade
concedeu-mo - poder entregar-me ou recomendar-me na vossa maimbour, o que fiz: pelo que,
deste modo, devereis vós ajudar-me e auxiliar-me tanto quanto ao sustento como quanto ao
vestir, na medida em que eu puder servir-vos e merecer-vos. E enquanto eu viver vos deverei
servir e respeitar como o pode fazer um homem livre e em todo o tempo
em que viver não terei poder para me subtrair ao vosso poder ou
maimbour, mas, pelo contrário, deverei ficar todos os dias da minha vida
sob o vosso poder ou proteção. Em consequência destes factos, ficou
convencionado que, se um de nós quisesse subtrair-se a estas
convenções, seria obrigado a pagar ao seu co-contratante a quantia X em
soldos, ficando em vigor a convenção. Pelo que pareceu bom que as
partes fizessem redigir e confirmar dois diplomas do mesmo teor; o que
fizeram.
Formulae Meronvigici et Carolini Aevi, em Historia Francorum, de Gregório de Tours, F. L. Ganshoff, Que é o
Feudalismo, p. 21.
Doc. 2 - 0 SENHORIO
À cabeça dos potentes, os duques, margraves, marqueses, condes, e alguns destes
começavam a criar os seus próprios principados. Outros só tinham adquirido ou conservado
um único condado, como por exemplo na Borgonha, o conde de Chalon ou de Mâcon. Uns e
outros podiam ser - mas só de nome - os vassalos diretos do rei, ou de um príncipe, ou podiam
talvez, por vezes, dizer-se independentes, mesmo no plano jurídico. Mas todos tinham
integrado no seu património o comitatus, ou seja, o conjunto das prerrogativas realengas que
os seus antepassados tinham exercido em nome do rei. Trata-se dum conjunto de poderes e
de rendimentos dos condes:
- de poderes: de ordem judiciária (presidência dos tribunais, cobrança de multas, etc), militar
(proteção de alguns castelos que faziam a cobertura de um condado, termo tomado aqui
enquanto demarcação geográfica; direito de impor o serviço de guarda a homens livres;
comando de contingentes destinados ao exército... do príncipe ou do próprio conde, na falta do
rei), económico (cobrança, em proveito do conde, dos terrádigos, portagens, etc);
- de rendimentos: existiam outros além dos da justiça e dos impostos sobre a circulação e
venda de mercadorias. É o que se chamava sob os Carolíngios as honores, termo cuja
utilização decaiu durante o século X. Nesta altura, as res de comitatu passaram, sem
premissão régia, para o património do conde, que pôde mesmo enfeudar algumas partes a
homens tornados seus próprios vassalos. Nisto consistia o essencial das fortunas dos condes
no século X. E, nos casos mais favoráveis, os condes tinham podido apoderar-se das terras
«desertas» (florestas, matagais, pântanos) (...).
Guy Fourquin, Senhorio e Feudalidade na Idade Média, pp. 47-48.
Nada de mais variável, conforme os lugares, em cada senhorio, nada de mais diverso
do que os encargos do foreiro, na primeira idade feudal. Em dias fixos, vemo-lo levar ao oficial
do senhor algumas moedazitas, ou, na maior parte das vezes, produtos colhidos nos seus
campos, frangos da sua capoeira, favos de cera tirados das suas colmeias ou dos enxames da
floresta mais próxima. Noutros momentos, trabalha nos campos ou nos prados do domínio. Ou
ainda o vemos transportar, por conta do senhor, pipas de vinho ou sacos de trigo, para
residências mais distantes. É à custa do suor dos seus braços que são
reparados os muros ou os fossos do castelo. Se o senhor tem visitas, o
camponês cede a sua própria cama para fornecer os leitos necessários
para os hóspedes. Quando chegam as grandes caçadas, é ele quem
sustenta a matilha de cães. Se finalmente rebenta a guerra, é ele ainda
que, sob o estandarte desfraldado pelo chefe da aldeia, se faz soldado
de infantaria ou criado do exército. O estudo pormenorizado destas
obrigações pertence, acima de tudo, ao estudo do senhorio como 'empreendimento' económico
e fonte de rendimentos.
Marc Bloch, A Sociedade Feudal, Edições 70, p. 263.