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CUIDADO PALIATIVO

Enfermagem
Maria Júlia Paes da Silva, Monica Trovo Araújo e
Flávia Firmino

Cuidar é o verbo presente em todas as teorias de enfermagem. Em Cuidados


Paliativos cuidar significa estar ao lado de pessoas com perda de vitalidade, com dor,
depressão, perda de autonomia, entre outros sintomas e sinais, tentando conhecer e
respeitar seus valores espirituais e culturais, criando oportunidades para que resol-
vam assuntos pendentes – principalmente com a família, e sendo “ponte” na relação
com os médicos, por estar presente mais horas do dia junto ao paciente.
Para a enfermagem, os Cuidados Paliativos são inerentes à sua prática cotidiana.
Aliar ciência e arte para prestar um cuidado que ampare, suporte e conforte é dever
dos profissionais de enfermagem, desde o auxílio no nascimento ao diagnóstico de
uma doença avançada, fortalecendo-se e tornando-se ainda mais presente na
terminalidade e continuando durante o período de luto.
Oferecer Cuidados Paliativos em enfermagem é vivenciar e compartilhar mo-
mentos de amor e compaixão, aprendendo com os pacientes que é possível morrer
com dignidade e graça; é proporcionar a certeza de não estarem sozinhos no mo-
mento da morte; é oferecer cuidado holístico, atenção humanística, associados ao
agressivo controle de dor e de outros sintomas; é ensinar ao doente que uma morte
tranqüila e digna é seu direito; é contribuir para que a sociedade perceba que é
possível desassociar a morte e o morrer do medo e da dor1, 2.
Prestar um cuidado competente, qualificado e diferenciado ao fim da vida é responsa-
bilidade de todos os profissionais de saúde, cada um focando diferente ângulo, de acordo
com sua formação e especialidade. No entanto, a enfermagem e, especialmente, o enfer-
meiro, têm enorme potencial para otimizar esse cuidado. No plano técnico, o enfermeiro é
um excelente avaliador dos sintomas e suas intensidades (não só a dor), está mais atento aos
sintomas de natureza não apenas física, pode ajudar muito a prevenir complicações indese-
jáveis, tem a arte do manejo das feridas e de saber como lidar com as limitações que vão
surgindo a cada dia. Aliás, uma das queixas mais importantes e presentes dos pacientes é o
surgimento das limitações: eu andava, sentava, trabalhava, fazia tudo.... tudo no passado!

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MULTIDISCIPLINARIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE

Por meio da compreensão da natureza humana, sua atenção é direcionada para


as necessidades holísticas do paciente. Cabe ao profissional identificar e compreen-
der as demandas e os desejos individuais de cada ser cuidado, planejando e
implementando ações que permitam ao indivíduo o máximo controle sobre sua pró-
pria vida e doença. Preservar a autonomia do paciente, exercitando sua capacidade
de se autocuidar, reforçando o valor e a importância da participação ativa do doente
e seus familiares nas decisões e cuidados ao fim da vida, permitindo uma melhor
vivência do processo de morrer. Quem faz Cuidados Paliativos tem um desafio a
mais: ser maleável, entender que é desejável atender às necessidades do paciente em
detrimento, às vezes, de algumas normas e protocolos de serviço e até... de algumas
vaidades pessoais.
Pela proximidade de suas ações para e com o paciente (hidratação, nutrição,
cuidado com lesões, controle da náusea, vômitos, movimentação, por exemplo), ob-
serva-se a importância do seu desenvolvimento na habilidade de comunicação ver-
bal e não-verbal: saber falar (fazer perguntas diretivas e não-diretivas, usar paráfrases,
metáforas), saber calar (usar adequadamente o silêncio), saber tocar o paciente (de
forma afetiva, não só instrumentalmente), estar atento às suas expressões faciais e
posturas corporais3.
Essa mesma proximidade exige, além do conhecimento técnico para implementar
essas ações do cuidar de maneira individualizada, o aprendizado do lidar com o
sofrimento psicológico, social, espiritual e físico, entendendo que esse mesmo sofri-
mento leva o paciente e os familiares a apresentarem reações emocionais diferentes,
também em diferentes momentos: chorar, calar, zangar, duvidar, argumentar4.
No Brasil, o termo “enfermagem paliativa” não é reconhecido e parece sofrer os
mesmos questionamentos conceituais que os termos “cuidados paliativos” e “paciente
terminal”. Em contrapartida, nos EUA, a Hospice and Palliative Nurses Association
(HPNA), instituição que tem como missão proporcionar o gerenciamento da dor e ex-
celência nos cuidados de enfermagem perto da extremidade final da vida, decorrente
de uma doença crônica degenerativa, completou 20 anos (1986-2006)5.
O investimento na formação profissional em Cuidados Paliativos pode propor-
cionar menor sofrimento ao paciente e familiar, além de minimizar o custo do cuida-
do ao sistema de saúde, uma vez que evita consultas reincidentes e internações hos-
pitalares desnecessárias para o controle de sintomas6.

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CUIDADO PALIATIVO

Referências Bibliográficas:
1. Matzo ML, Sherman DW. Palliative care nursing: ensuring competence care at the end of
life. Geriatric Nursing 2001; 22 (6):288-93.
2. Skilbeck JK. End of life care: a discursive analysis of specialists palliative care nursing.
Journal of Advanced Nursing 2005; 51 (4):325-34.
3. Silva MJP. Comunicação com o paciente fora de possibilidades terapêuticas. In: Pessini L,
Bertachini L. Humanização e cuidados paliativos. São Paulo: Centro Universitário São
Camilo/Loyola; 2002. p.263-272.
4. Callanan M, Kelley P. Gestos finais: como compreender as mensagens, necessidades e
condições das pessoas que estão morrendo. São Paulo: Nobel; 1994.
5. Hospice And Palliative Nurses Association. Celebrating 20 years promoting excellence in
End-of-Life Nursing 1986-2006 [on-line]. (Acessado em: 20 ago. 2006] Disponível em:
www.hpna.org.
6. Pimenta CAM, Mota DDCF. Educação em cuidados paliativos: componentes essenciais.
In: Pimenta CMA, Mota DDCF, Cruz D A LM. Dor e cuidados paliativos: enfermagem,
medicina e psicologia. São Paulo: Manole; 2006.

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