Vous êtes sur la page 1sur 6

GEERTZ, Clifford.

The interpretation of cultures:


selected essays. New York: Basic Books, 1973. 476 p.
CLAUDIA FONSECA

A interpretação das culturas: festejando liberado da maior parte das obrigações de ensino
os 35 anos e formou poucos doutores2.
Essa falta de experiência didática torna-se re-
Em 2008, por ocasião dos 35 anos do lan- levante quando olhamos para o estilo dos textos
çamento do livro The interpretation of cultures de Geertz, um estilo cheio de insinuações e pis-
(apelidado de TIC em inglês) e trinta anos do cadelas, que, como lembra Peirano (1990), não
lançamento no Brasil da versão em português é para neófitos. Nesse sentido, quem procura no
(com nove dos quinze capítulos originais), fui famoso capítulo metodológico “Uma descrição
convidada pelos editores da Cadernos de Cam- densa: por uma teoria interpretativa da cultura”
po a escrever uma resenha. Entretanto, a morte um substituto para a “Introdução” aos Argonautas
recente do autor havia fatalmente de mudar a do Pacífico Ocidental muito provavelmente terá
postura da resenhista. Entendi então que a re- suas expectativas frustradas. Elizabeth Colson ex-
senha seria também um momento para home- pressa essa idéia de outra forma em uma resenha
nagear Clifford Geertz, aquele grande homem de 1975 sobre A interpretação das culturas:
que tanto marcou a antropologia norte-ameri-
cana (e, provavelmente, a antropologia mun- A antropologia [de Geertz] é uma arte, não uma ci-
dial1) da segunda metade do século XX. ência. Portanto, em geral, seu trabalho não fornece
Ao rever algumas matérias entre o imenso vo- um modelo a ser seguido por outros antropólogos
lume de textos escritos por e sobre esse pensador, ou sociólogos de menor talento, já que ele trabalha
duas coisas chamaram minha atenção. Em pri- a partir de uma apreensão intuitiva daquilo que é
meiro lugar, me dei conta de que Geertz – esse importante e chega à sua conclusão com tamanha
gigante intelectual que se tornaria o pai espiritual fanfarra que esconde o tédio dos procedimentos.
de uma geração de novos antropólogos – não era (Colson apud Swidler, 1996, p. 299)3
professor. Diferentemente dos autores clássicos
que o precederam (Boas e Malinowski se desta- Uma segunda impressão, reforçada por cada
cam entre os grandes mestres que, pessoalmente, nova leitura, é que Geertz não tinha uma identi-
formaram dezenas de discípulos), Geertz passou dade disciplinar rotineira. É notável como ele in-
pouco tempo de sua vida dando aulas ou orien- sistiu na heterogeneidade de conhecimentos de
tando estudantes. Durante seus dez anos na Uni- sua formação. Queria, desde o início, ser escritor
versidade de Chicago, em cuja reformulação do
currículo seu papel foi fundamental, Geertz foi 2. Entre estes, Sherry Ortner confessa ter tido poucos
encontros com seu orientador, pois sempre um deles
1. Conforme o site Hypergeertz (http://hypergeertz.jku. estava realizando pesquisa de campo (Ortner, 1999,
at/), o livro (ou parte dele) foi traduzido para mais de p. 12).
quinze línguas. Entre as principais línguas européias, 3. Quando a obra citada é em inglês, a tradução para o
só faltaria a tradução para o francês. português foi feita por mim.

cadernos de campo, São Paulo, n. 16, p. 1-304, 2007


 | C F

profissional. Depois de estudar letras e filosofia solveu juntar determinados artigos para esclare-
na graduação, ele foi para Harvard onde faz um cer sua orientação intelectual e, com isso, atrair
doutorado em antropologia. Diz ter escolhido uma platéia acadêmica mais ampla (Geertz,
essa disciplina por causa da promessa de liber- 1988). Em 1973, é publicado The interpre-
dade “para fazer qualquer coisa e chamá-la an- tation of cultures, que lhe permitiu consolidar
tropologia” (Handler, 1991, p. 603). O que ele suas conquistas justamente entre historiadores,
mais sublinhou dos seus dias em Cambridge é filósofos e estudantes de crítica literária.
seu envolvimento no Departamento de Relações Os próximos livros, especialmente Local
Sociais com o “Projeto” multidisciplinar (junto knowledge, Works and lives, aproximariam Ge-
com Parsons, Allport, Bruner, Inkeles, Moore e ertz – e a antropologia que ele construía – cada
outros) de construir uma língua comum para vez mais dessa interlocução com as humanida-
as ciências sociais. Saindo de Harvard, passou des. Sua popularidade entre antropólogos nor-
um ano no Center for Advanced Studies in the te-americanos parece ter sido alimentada, entre
Behavior Sciences (Stanford University) e ou- outros fatores, pela enorme admiração de que
tro dando aulas em Berkeley (sede de Kroeber), gozava entre intelectuais de outras áreas. E, para
antes de se mudar para Chicago, onde seu foco estes, Geertz se tornou, apesar de seus constan-
principal, mais uma vez interdisciplinar, seria o tes protestos quanto à falta de ortodoxia de sua
Committee for the Comparative Studies of New formação, o antropólogo paradigmático.
Nations. Geertz, é claro, era antropólogo, em primeiro
É interessante que, em uma das únicas cita- lugar, por causa de sua preocupação, mais clara
ções em que reconhece sua filiação a um mentor no início do que no fim da carreira, com o escla-
antropólogo, Geertz o faz para sublinhar a resis- recimento do conceito de cultura. Essa fatia das
tência de seu professor às limitações disciplinares: ciências sociais tinha sido conferida à antropolo-
gia por Parsons, e durante décadas seria sinônimo
[...] Nunca estive plenamente feliz quando [me do ramo predominante da antropologia norte-
encontrava] totalmente circunscrito à “profis- americana. Tendo trabalhado como assistente
são” de antropologia, que, tal como meu pro- de pesquisa para a confecção do livro Culture
fessor, Clyde Kluckhohn, eu considero, antes de (1952) por Kroeber e Kluckhohn, Geertz não
tudo, como uma licença para invadir terrenos poderia ter deixado de participar, nos seus pró-
alheios. (1988, p. 14) prios termos, desse debate. E, como sabemos, foi
sua versão, essa “redução do conceito de cultura a
De fato, tem-se a impressão de que só nos uma dimensão justa” que acabou vingando.
primeiros anos depois de se doutorar Geertz se Evidentemente, a intenção de Geertz não era
comportou de forma mais ou menos esperada, simplesmente introduzir uma maior precisão,
desenvolvendo monografias sobre os novos Es- mas sim modificar de cabo a rabo o empreen-
tados nacionais, alvo das atenções acadêmicas dimento antropológico. Por um lado, criticava
de então. Depois de sua chegada ao Institute a amplidão dos tradicionais departamentos (“os
for Advanced Study em Princeton (onde, na quatro campos”) da antropologia norte-ameri-
época, não havia nenhum estudante, nem ou- cana; por outro, lamentava a estreiteza de seus
tros antropólogos), ele se mostrou pronto para contemporâneos que só queriam ler antropo-
assumir seu “caso” com as demais humanida- logia (Handler, 1991). Para elaborar os por-
des. Cansado de ser lido só pelos “especialistas” menores da análise cultural, Geertz recorria e
(lê-se antropólogos? cientistas sociais?), ele re- conclamava seus colegas de disciplina a se abrir

cadernos de campo, São Paulo, n. 16, p. 281-286, 2007


T    | 

para influências de pensadores de outras áreas, produtos mais recentes de então6, passariam a ser
em particular, da crítica literária e da filosofia. emblema de uma nova antropologia interpretati-
Geertz era antropólogo, em segundo lugar, va. Mas essa “novidade” não surgiu do nada.
porque seus embates teóricos, particularmente Podemos traçar um elo entre a “revolução”
no TIC, são construídos à base de discussões na desencadeada por “Uma descrição densa” e, do
antropologia, em confronto com os paradigmas outro lado do Atlântico, os últimos artigos de
“um tanto esgotados” daquela época – antropo- Evans-Pritchard, em que o antropólogo britâ-
logia psicocultural, antropologia evolucionista nico anuncia uma virada da antropologia para
e, do lado britânico, o estrutural-funcionalis- as humanidades. Certos trechos de “Social
mo (Ortner, 1995, p. 373) –, e com os menos Anthropology, past and present” (Evans-Pri-
esgotados – o capítulo 13, crítica contundente tchard, 1962 [1950]), não fossem eles escri-
à obra de Lévi-Strauss, é um dos seis capítulos tos vinte anos antes, pareceriam citações ou,
suprimidos da edição em português4. no mínimo, paráfrases de Geertz. À questão
Os artigos do TIC tratam problemas clás- “O que faz o antropólogo?”, prelúdio de uma
sicos da disciplina: o debate entre natureza e discussão metodológica, segue a resposta: “ele
cultura, a noção de pessoa, identidade étni- traduz”, ele torna uma sociedade “cultural-
ca, processo ritual etc. Nos capítulos mais re- mente e sociologicamente inteligível” (Evans-
centes, e, em particular, naqueles que foram Pritchard, 1962, p. 148). O antropólogo vai
reeditados na versão reduzida do livro em para o outro lado do mundo, aprende a lín-
português, Geertz citou os “pais fundadores” gua daquele povo, seus conceitos e valores, e,
mais para criticá-los do que para expressar quando volta para casa, experimenta tudo de
uma filiação. Anunciava assim o estilo ago- novo, crítica e interpretativamente, nas cate-
nístico que marcaria toda a sua obra5. Dessa gorias conceituais e nos valores de sua própria
forma, reforçava a sensação de que era pio- cultura (e disciplina). “Nesse nível a antropo-
neiro no campo, espécie de enfant terrible logia social continua sendo uma arte literária
que tinha conseguido forjar inovação apesar e impressionista” (idem, p. 148). Nesses ter-
de todas as forças antagônicas. Mas outra lei- mos, a teoria funcional de Malinowski, “ape-
tura desse período pode sugerir que o gênio sar das vastas pretensões do autor, era pouco
de Geertz foi captar os novos ventos (inclusi- mais do que uma estratégia literária” (idem,
ve na antropologia) e apresentá-los de forma p.145-6). E quem não veria as sementes de
consolidada. uma antropologia interpretativa no célebre
Observadores como Ann Swidler (1996) co- enunciado de Evans-Pritchard de que a voca-
mentam que o primeiro e o último capítulo do ção da antropologia é centrar-se no estudo de
livro, “Uma descrição densa...” e “Um jogo absor- sociedades em termos de sistemas morais e não
vente: notas sobre a briga de galos balinesa”, seus em sistemas naturais, em padrões e não em leis
científicas, e em interpretações em vez de expli-
cações (idem, p. 152, ênfase minha). Procu-
4. [N.E.] O capítulo “O selvagem cerebral: sobre a obra
ra-se em vão uma referência a esse artigo em
de Claude Lévi-Strauss” foi traduzido e publicado na
edição nº 12 da Cadernos de Campo (2004). “Uma descrição densa...”. Tampouco aparece
5. Esse estilo parece expressar o espírito do estudante e
veterano de guerra que Geertz descreve no seu auto- 6. Apenas quatro dos quinze capítulos foram publicados
retrato: “a nunca mais aceitar que nada lhe[s] fosse depois da chegada de Geertz ao Institute for Advanced
imposto por ninguém, sob nenhum pretexto” (Ge- Study em Princeton, onde não estava mais submetido
ertz, 2001, p. 17). às exigências de um “departamento” disciplinar.

cadernos de campo, São Paulo, n. 16, p. 281-286, 2007


 | C F

explicitado no texto de Geertz qualquer tribu- da circunstancialidade de seus dados – material


to a um elo possível, por exemplo, por meio produzido por
de Kroeber, muito citado por Evans-Pritchard
nessa fase, ou Kluckhohn. Mas, ao construir [...] um trabalho de campo quase obsessivo de
uma leitura, preencher as lacunas desse texto peneiramento, a longo prazo, principalmente
“estranho, desbotado, cheio de elipses, incoe- (embora não exclusivamente) qualitativo, al-
rências, emendas suspeitas e comentários ten- tamente participante e realizado em contextos
denciosos” (Geertz, 1989, p. 20) que é a obra confinados. (Geertz, 1989, p. 33)
de Geertz, não é difícil discernir sua genealo-
gia e herança intelectual antropológica. Por esse viés, o pesquisador traria uma reali-
Geertz era antropólogo, antes de tudo, por- dade concreta aos mega-conceitos, permitindo
que fazia e, mesmo depois de largar “o campo”, seu uso em um sentido caro ao espírito de Ge-
continuava a enfatizar a etnografia. Tendo fica- ertz: criativa e imaginativamente. Notamos que
do mais de dez anos em campo, ele passaria os esse elogio ao particular seria agarrado, além de
trinta anos seguintes “tentando comunicar os antropólogos, por estudantes de outras áreas,
encantos [do campo]” para a linguagem escrita em particular, a história social, para defender
(2001, p. 26). Anos de trabalho em Java, Bali e um novo estilo que aflorava nos anos 1980.
Marrocos – precedidos das devidas aulas em in- Aqui, as generalidades que interessam são as
donésio e árabe – foram traduzidos para textos que surgem da delicadeza das distinções, não
que convenceram jovens da antropologia que da amplidão das abstrações (idem, p.35).
“estar lá” valia largamente a pena. De que outra A proposta para uma “nova” antropologia
forma teríamos acesso à “ação simbólica”, tão esboçada no TIC não era somente interessante,
central à proposta de Geertz? Sua rejeição de era, nos termos daquela época, relevante. Na
perspectivas tanto cognitivistas (privacy7 theories década de 1960, os Estados Unidos estavam
of meaning) quanto estruturalistas (que produ- em plena guerra com o Vietnã. Nesse clima,
ziam “representações impecáveis de ordem for- estudar os nativos do outro lado do mundo
mal em cuja existência verdadeira praticamente para compilar a grande enciclopédia da ciên-
ninguém pode acreditar” (Geertz, 1989, p. 28) cia positivista parecia altamente suspeito. Ao
colocava novamente em relevo o verdadeiro centrar-se na dimensão semiótica da cultura,
objeto da análise cultural: “a lógica informal da Geertz trazia uma nova justificativa ao em-
vida real” (idem, p. 27), the ongoing pattern of preendimento acadêmico: queremos entender
life8. O método etnográfico, com sua ênfase na o ponto de vista do nativo não simplesmente
observação do fluxo de comportamento – “ação para falar “de”, nem sequer “pelo” nativo mas
social”, Geertz nos lembra – era o método por para falar “com” ele. O elemento auto-reflexivo
excelência para acessar essa lógica. que ocuparia tanto espaço nos escritos poste-
Ao abraçar a causa da etnografia, Geertz for- riores de Geertz ainda não se destacava no TIC,
necia uma defesa também do método qualitati- mas sua maneira de descrever o conflito social
vo. A verdadeira contribuição do antropólogo em termos de uma “confusão de línguas” intro-
à teoria social viria da especificidade complexa, duzia o observador ocidental como “um inter-
locutor entre outros” no diálogo. E, em ensaios
7. Geertz, 1973, p. 12. Uso citações da versão do TIC posteriores, como “Anti anti-relativismo” e “Os
em inglês em lugares onde a versão em português me usos da diversidade”, o intuito político dessa
parece inexata. postura tornou-se cada vez mais claro.
8. Geertz, 1973, p.17.

cadernos de campo, São Paulo, n. 16, p. 281-286, 2007


T    | 

Contudo, as críticas ao trabalho de Geertz, seus contemporâneos. Era devido à sua proposta
como dizem vários resenhistas, são muitas. O metodológica hermenêutica-interpretativa que
antropólogo britânico Adam Kuper (1999), mos- Geertz era visto – e se via – como mais original.
trando impaciência com os excessos do viés nor- Chego agora, depois desse esforço de fazer
te-americano, argúi de forma convincente que a uma resenha distanciada de uma obra monu-
análise cultural de Geertz não daria conta da com- mental, à confissão: adoro Geertz. Numa rela-
plexidade de eventos políticos da época. A ênfase ção “Nunca te vi, sempre te amei”, ainda fico
em saberes locais não abriria espaço para a relevân- arrepiada quando leio alguns trechos de seus
cia de fatores nacionais (hiperinflação) e interna- artigos. Quanto mais hermético, mais seu tex-
cionais (tensões militares nas fronteiras, pressões to me atrai. A primeira leitura de “Anti anti-
da CIA contra movimentos “comunistas” etc.). relativismo”, por exemplo, é semelhante ao ato
As críticas tecidas por Ortner (1995, p. 377) de resolver um sudoku: muito trabalho, mas ao
à “escola de Chicago” de antropologia simbóli- chegar ao fim, conseguindo dar algum sentido
ca, apesar de serem “fogo amigo”, não são menos àquilo, sentimos uma satisfação que vicia. Com
provocadoras. Para Ortner, essa antropologia seu estilo sardônico, Geertz cria um persona-
padeceria de uma falta de sociologia sistemática, gem – ele mesmo – que se torna amigo pessoal
de uma noção tênue das dimensões políticas da do leitor (pelo menos, desta leitora). Por outro
cultura, e de uma falta de curiosidade no que diz lado, esse tom de como estivesse fofocando co-
respeito à produção e manutenção de sistemas nosco numa mesa de bar também ajuda na “re-
simbólicos. São falhas que, ironicamente, pare- dução” desse autor “a uma justa dimensão”. Ele
cem se acentuar na obra de Geertz à medida que exagera, joga verde para colher maduro e, antes
ele avançou no seu projeto particular. Se atentar- de tudo, tem prazer em provocar. É uma atitude
mos para os capítulos mais antigos do TIC – dos coerente com seu recado de que o material et-
quais muitos ficaram fora da edição em portu- nográfico é “essencialmente contestável”:
guês – encontraremos análises que insistem na
importância de “tratar processos culturais e so- A antropologia, ou pelo menos a antropologia
ciológicos em pé de igualdade” (Geertz,1973, interpretativa, é uma ciência cujo progresso é
p. 143), na relevância de elementos extra-locais marcado menos por uma perfeição de consenso
na formação dos novos Estados nacionais, numa do que por um refinamento de debate. O que
atenção maior a questões de “mudança social”, [melhora] é a precisão com que nos irritamos
e na contextualização histórica mais sistemá- uns aos outros. (Geertz, 1989, p. 39).
tica dos diversos estudos de caso apresentados
em Java e Bali. Por que foram descartados jus- Tal como em Works and lives, onde apren-
tamente esses capítulos? Por um lado, Geertz demos a ver nossos antepassados como pessoas
sem dúvida estava pronto para virar a página, de carne e osso, sujeitos simpáticos mas falhos,
deixando para trás a fase de sua carreira em que, aprendemos com as descrições e auto-descrições
como membro junior de uma equipe, reprodu- de Geertz a reconhecer o gênio desse antropó-
zia uma linha de análise formulada por outros, logo e de outros, não como última palavra, mas
em particular, Parsons. Por outro, foi sua “virada como uma voz importante num campo rico e
interpretativa” (em “Uma descrição densa” e em heterogêneo de idéias. Dessa forma, avança-
“Um jogo absorvente: notas sobre a briga de ga- mos, tal como ele nos ensinou, menos nos om-
los balinesa”, este publicado e republicado em bros dos grandes pensadores do que correndo
incontáveis coletâneas) que mais parecia excitar lado a lado: desafiados e desafiando.

cadernos de campo, São Paulo, n. 16, p. 281-286, 2007


 | C F

Referências bibliográficas Nota dos editores

EVANSPRITCHARD, E. E. Social Anthropology: past A edição norte-americana do livro The in-


and present. In: Social Anthropology and other essays. terpretation of cultures é composta pelos seguin-
New York: The Free Press, 1962. p. 139 - 154
tes capítulos
GEERTZ, Clifford. The interpretation of cultures: selected
essays New York: Basic Books, 1973. 476 p. Preface, p. VII-IX
______. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, Cap. 01: Thick description: toward an interpre-
1989. 323 p. tive theory of culture, p. 3-30
______. This week’s citation classic: The interpretation of Cap. 02: The impact of the concept of culture on
cultures. Current Contents, n. 33, p. 14, 1988. the concept of man, p. 33-54
______. Nova luz sobre a antropologia. Rio de Janeiro:
Cap. 03: The growth of culture and the evolution
Jorge Zahar, 2001. 247 p.
HANDLER, Richard. An interview with Clifford Geertz. of mind, p. 55-86
Current Anthropology, v. 32, n. 5, p. 603-613, 1991. Cap. 04: Religion as a cultural system, p. 87-125
KROEBER, A. L.; KLUCKHOHN, Clyde. Culture: a Cap. 05: Ethos, world-view and the analysis of
critical review of concepts and definitions. New York: sacred symbols, p. 126-141
Random House, 1952. 435 p. Cap. 06: Ritual and social change: a Javanese
KUPER, Adam. Culture: the anthropologists´ account.
example, p. 142-169
Cambridge: Harvard University Press, 1999. 320 p.
ORTNER, Sherry. Theory in anthropology since the Cap. 07: “Internal conversion” in contemporary
sixties. In: DIRKS, Nicholas B.; ELEY, Geoff; ORT Bali, p. 170-192
NER, Sherry B. (Org.). Culture, power, history. Prince- Cap. 08: Ideology as a cultural system, p. 193-233
ton: Princeton University Press, 1995. p. 372 – 411. Cap. 09: After the revolution: the fate of nationa-
______. Introduction. In: The fate of “culture”: Geertz lism in the new states, p. 234-254
and beyond. Berkeley: University of California Press,
Cap. 10: The integrative revolution: primordial
1999. p. 1 - 13
PEIRANO, Mariza. Só para iniciados. Estudos históricos. sentiments and civil politics in the new states, p.
Rio de Janeiro, v. 3, n. 5, p. 93-102, 1990. 255-310
SIGAUD, Lygia. Doxa e crença entre os antropólogos. Cap. 11: Politics of meaning, p. 311-326
Novos estudos – CEBRAP, São Paulo, n. 77, p. 129- Cap. 12: Politics past, politics present: some notes
152, 2007. on the uses of anthropology in understanding the
SWIDLER, Ann. Geertz’s ambiguous legacy: review
new states, p. 327-341
of The interpretation of cultures by Clifford Geertz.
Contemporary Sociology, v. 25, n. 3, p. 299-302, May Cap. 13: The cerebral savage: on the work of
1996. Claude Levi-Strauss, p. 345-359
Cap. 14: Person, time, and conduct in Bali: an
essay in cultural analysis, p. 360-411
Cap. 15: Deep play: notes on the Balinese cockfi-
ght, p. 412-453

autor Claudia Fonseca


Professora Titular do Departamento de Antropologia/UFRGS
Doutora em Etnologia/Université de Nanterre, Doutora em Sociologia/EHESS
Pós-doutora/EHESS/Université de Montreal

Recebido em 02/11/2007
Aceito para publicação em 07/11/2007

cadernos de campo, São Paulo, n. 16, p. 281-286, 2007

Vous aimerez peut-être aussi