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TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

ACÓRDÃO
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 36.312
(43788-46.2009.6.00.0000) - CLASSE 32— SANTA QUITÉRIA - CEARÁ.
Relator: Ministro Marcelo Ribeiro.
Agravante: Fabiano Magalhães de Mesquita.
Advogados: Hélio Parente de Vasconcelos Filho e outros.
Agravado: Francisco das Chagas Magalhães Mesquita.
Advogados: Carlos Alberto Castro Monteiro e outros.
Agravado: Eduardo Sobral Monte e Silva.
Advogados: Kamile Moreira Castro e outros.

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. RECURSO


CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. INTEMPESTIVIDADE.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO DEMONSTRAÇÃO.
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. APLICAÇÃO DA
SÚMULA N°21 1/STJ. AGRAVO DESPROVIDO.
- O conhecimento do apelo nobre pela divergência exige a
realização de cotejo analítico, de modo a evidenciar a
semelhança fática e jurídica entre o acórdão hostilizado e os
precedentes invocados.
- A questão relativa à redução da jornada de trabalho dos
cartórios eleitorais no período do recesso não foi debatida pelo
Tribunal a quo.
- A Corte Regional a despeito da oposição de embargos
declaratórios, não se manifestou sobre a questão, o que atrai a
incidência do Enunciado n° 21 1/STJ.
- Diante da ausência do necessário prequestionamento, não
há como demonstrar a similitude fática e jurídica apta a
configurar o dissídio jurisprudencial alegado.
- A Suprema Corte já decidiu que o entendimento
jurisprudencial consolidado na Súmula n° 211 do STJ não
ofende as garantias constitucionais da ampla defesa, do
acesso ao Judiciário e do devido processo legal.
- Agravo regimental desprovido.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral,


AgR-REspe n° 36.312 (43788-46.2009.6.00.0000)ICE. 2

por unanimidade, em desprover o agravo regimental, nos termos das notas


taquigráficas.

Brasília, 18 de março de 2010.

- PRESIDENTE

MARCELO RIBEIRO - RELATOR


AgR-REspe n° 36.312 (43788-46.2009.6.00.0000)ICE. 3

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO MARCELO RIBEIRO: Senhor


Presidente, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE/CE) não conheceu do
recurso contra expedição de diploma (RCED) interposto por Fabiano
Magalhães de Mesquita em desfavor de Francisco das Chagas Magalhães
Mesquita e Eduardo Sobral Monte e Silva, eleitos, respectivamente, aos cargos
de prefeito e vice-prefeito do Município de Santa Quitéria/CE no pleito de 2008.

O acórdão regional foi assim ementado (fI. 357):

RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. INOBSERVÂNCIA


DO TRÍDUO LEGAL. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
UNÂNIME.

Os embargos de declaração opostos. a essa decisão foram


rejeitados (fls. 412-413).

Fabiano Magalhães de Mesquita interpôs, então, recurso


especial, com base no art. 276, b, do Código Eleitoral (fls. 498-533).

Sustentou que (fI. 500),

"[ ... ] na data prevista pelo Ínclito Desembargador para o escoamento


do prazo recursal (22/1212008), as Zonas eleitorais do Interior do
Estado do Ceará se encontravam em expediente reduzido
(diferenciado), conforme a Portaria n° 17/2008, razão pela qual,
consoante jurisprudência do TSE, o termo final se prorrogaria para o
primeiro dia útil após o seu término, qual seja dia 0710612009 (sic),
uma vez que NÃO ESTARIA HAVENDO EXPEDIENTE NORMAL
NO CARTÓRIO".

Afirmou que esta Corte, ao julgar o AgRgRO n° 1.459/PA,


rei. Mm. Felix Fischer, "reconheceu a tempestividade da ação de impugnação
de mandato eletivo quando seu prazo ultima-se durante o recesso, MESMA
HIPÓTESE DOS AUTOS, devendo considerar estendido o prazo até o primeiro
dia útil após o recesso, APLICANDO-SE SUBSIDIARIAMENTE O ART. 184,
§ 10 DO CPC [...]" (fI. 506).

Alegou, assim, que, in casu, a peça recursal interposta no dia


31.12.2008 poderia ser protocolada até o dia 7.1.2009.
AgR-REspe n° 36.312 (43788-46.2009.6.00.0000)ICE. 4

Indicou, ainda, divergência jurisprudencial com julgado do


TRE/SC e do TRE/AL.

Por fim, o recorrente relatou fatos para demonstrar a prática de


captação ilícita de sufrágio e abuso do poder econômico pelos recorridos.

Contrarrazões às fis. 543-55 1 e 552-579.

A Procuradoria-Geral Eleitoral opinou pelo provimento do


recurso (fis. 586589).

Neguei seguimento ao recurso (fis. 591-593).

Daí o presente agravo regimental (fls. 595-608).

O agravante sustenta que "cotejou minuciosamente julgados


díspares em face do Acórdão guerreado, assim como, a teor da Súmula 356
do Su p remo Tribunal Federal, prequestionou-se a matéria mediante a
oposição dos aclaratórios" (fl. 596).

Acrescenta (fi. 603):

Portanto, não obstante amplamente demonstrada a divergência


jurisprudencial, ainda que se admita que o cotejo analítico foi
promovido de forma superficial, há que se considerar os precedentes
desta Colenda Corte mencionados pelo ilustre Presidente do TRE
que abrandam o rigor do cotejo quando se tratar de dissídio patente,
como se denota do caso em tela, não obstando o seguimento do
Recurso Especial Eleitoral.

Insurge-se contra a aplicação do Enunciado n° 211/STJ,


argumentando que, conforme se infere do Enunciado n° 356/STF, basta a
oposição dos embargos de declaração sobre ponto omisso da decisão para
que este possa figurar como objeto do recurso extraordinário.

Aduz que o STF, por ser a instância máxima de apreciação de


conflitos judiciais, detém a última palavra quando se trata de interpretação do
ordenamento jurídico.

Alega, ainda, que, ao se admitir o entendimento do STJ, se


estaria suprimindo o direito constitucional de ampla defesa.

É o relatório.
AgR-REspe n o 36.312 (43788-46.2009.6.00.0000)ICE. 5

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCELO RIBEIRO (relator): Senhor


Presidente, está na decisão agravada (fl. 593):

O presente recurso não merece prosperar.


O recorrente, sob alegação de dissídio jurisprudencial, apenas
transcreveu ementas de julgados, o que não é suficiente para
evidenciar a similitude fática e a divergência de entendimento entre
os paradigmas indicados e o acórdão recorrido.
Ademais, verifico que a questão relativa à existência de Portaria do
TRE/CE, que reduziu a jornada de trabalho dos servidores dos
cartórios eleitorais no interior do Estado, no período de 22.12.2008 a
6.1.2009, nem sequer foi prequestionada. O Tribunal a quo, a
despeito da oposição de embargos declaratórios, não se manifestou
sobre o ponto, o que atrai a incidência do Enunciado n° 21 1/STJ.
Na espécie, o recorrente não aponta omissão do órgão regional e
nem ofensa ao art. 275 do Código Eleitoral.
De igual forma, os argumentos relativos à prática de captação ilícita
de sufrágio e de abuso do poder econômico não foram objeto de
exame pela Corte Regional. Com efeito, o decisum impugnado, sem
analisar o mérito da causa, limitou-se a declarar a intempestividade
do recurso contra expedição de diploma.

Os argumentos trazidos no recurso não são suficientes a


ensejar a modificação da decisão agravada.
Da análise das razões recursais, constato que, efetivamente,
não houve a demonstração da alegada divergência jurisprudencial.
Reitero que a transcrição de ementas não se presta para
configurar o dissenso estabelecido no art. 276, 1, b, do CE, dispositivo no qual
o recurso especial eleitoral foi baseado.
O conhecimento do apelo nobre pela divergência exige a
realização de cotejo analítico, de modo a evidenciar a semelhança fática e
jurídica entre o acórdão hostilizado e os precedentes invocados, cujo inteiro
teor não foi juntado aos autos.
Cabe assinalar que o juízo de prelibação emanado da
Presidência do Tribunal a quo, seja ele positivo ou negativo, não vincula esta
Corte Superior, a quem cabe o juízo definitivo de admissibilidade.
AgR-REspe n° 36.312 (43788-46.2009.6.00.0000)ICE.

Com efeito, não há se falar em dissídio notório, mesmo porque


a tese defendida pelo recorrente sequer foi prequestionada. A questão relativa
à redução da jornada de trabalho dos cartórios eleitorais no período do recesso
não foi debatida pelo Tribunal Regional.

Apesar da oposição de embargos de declaração pelo


recorrente com o propósito de prequestionamento, a Corte de origem não se
manifestou sobre o ponto, o que atrai a incidência do Enunciado n° 211 da
Súmula do STJ. Nesses casos, deve a parte interpor recurso especial eleitoral
pela alínea a, sustentando violação ao art. 275 do CE, providência não
realizada pelo ora agravante.

A propósito, cito o seguinte precedente:

ELEIÇÕES 2008. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL.


PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS 282/STF E
21 1/STJ. DISSÍDIO PRETORIANO. NÃO DEMONSTRAÇÃO.
SÚMULA 284/STF.
1. [...
2. Registre-se que, embora a parte tenha oposto embargos de
declaração com a finalidade de obter aquela conditio, o certo é que
foram eles rejeitados. Assim, mister se fazia aduzir violação ao
art. 275 do Código Eleitoral, no recurso especial a fim de ver a
matéria apreciada pela Corte de origem, caso o Tribunal Superior
Eleitoral conhecesse de tal violação, providência não adotada pela
recorrente. Desta forma, não há como afastar a incidência das
súmulas 282/STF e 21 1/STJ.
3. O dissídio jurisprudencial exige, para a sua correta demonstração,
diante das normas legais regentes da matéria (art. 541, parágrafo
único, do CPC), de confronto, que não se satisfaz com a simples
transcrição de ementas, entre excertos do acórdão recorrido e
trechos dos julgados apontados como dissidentes, mencionando-se
as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
confrontados. Ausente a demonstração analítica do dissenso, há
flagrante deficiência nas razões recursais, com incidência do verbete
sumular n° 284/STF.
4. Agravo regimental desprovido.
(AgR-REspe n° 29.697/MG, rei. Mm. Fernando Gonçalves, PSESS
em 18.11.2008).

Assim, diante da ausência do necessário prequestionamento,


não há como demonstrar a similitude fática e jurídica apta a configurar o
dissídio jurisprudencial alegado. Nesse sentido, cito o seguinte julgado do STJ:
AgR-REspe no 36.312 (43788-46.2009.6.00.0000)ICE. 7

2. A falta de prequestionamento inviabiliza o recurso especial


também pela alínea "c" do permissivo constitucional, diante da
impossibilidade de se configurar o dissídio jurisprudencial, pois não
há como se demonstrar a similitude das circunstâncias fáticas e do
direito aplicado.
3 . Agravo regimental improvido.
(AgRg-REsp 631.588/RS, rei. Min. Eliana Caimon, Segunda Turma,
DJ de 5.6.2006).

Por fim, cumpre ressaltar que a Suprema Corte já decidiu que


o entendimento jurisprudencial consolidado na Súmula n° 211 do STJ "não
ofende as garantias constitucionais da ampla defesa, do acesso ao Judiciário e
do devido processo legal" (AgR-Al n° 198.631/PA, rei. Min. Sepúlveda
Pertence, DJ de 19.12.97).
Mantenho a decisão agravada pelos seus próprios
fundamentos.

Do exposto, nego provimento ao regimental.

Éovoto.
AgR-REspe n° 36.312 (43788-46.2009.6.00.0000)/CE. 8

EXTRATO DA ATA

AgR-REspe n° 36.312 (43788-46.2009.6.00.0000)ICE. Relator:


Ministro Marcelo Ribeiro. Agravante: Fabiano Magalhães de Mesquita
(Advogados: Hélio Parente de Vasconcelos Filho e outros). Agravado:
Francisco das Chagas Magalhães Mesquita (Advogados: Carlos Alberto Castro
Monteiro e outros). Agravado: Eduardo Sobral Monte e Silva (Advogados:
Kamile Moreira Castro e outros).
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo
regimental, nos termos do voto do relator.
Presidência do Sr. Ministro Ayres Britto. Presentes a
Sra. Ministra Cármen Lúcia, os Srs. Ministros Ricardo Lewandowski,
Felix Fischer, Fernando Gonçalves, Marcelo Ribeiro, Arnaldo Versiani e a
Dra. Sandra Verônica Cureau, Vice-Procuradora-Geral Eleitoral.

SESSÃO DE 18.3.2010.

CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO
Certifico a publicação deste acórdão no Diário da Justiça
eletrônico de J2 /5 12' , pág. 9?
Eu lavrei a presente certidão.
Afonso, Prado
Analista Judiciário
/LOLIVE

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