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ISSN 1982-3541

Belo Horizonte-MG
2007, Vol. IX, nº 2, 241-259

Comportamento verbal no contexto clínico:


contribuições metodológicas a partir
da análise do comportamento

Verbal behavior in clinical context: behavior


analysis methodological contributions
Denis Roberto Zamignani
Universidade de São Paulo
Núcleo Paradigma
Universidade São Judas Tadeu
Sonia Beatriz Meyer
Universidade de São Paulo

Resumo

O presente artigo tem como objetivo a discussão sobre aspectos metodológicos envolvidos na pesquisa em
psicoterapia, especialmente aquela denominada pesquisa de processo, que tem como meta identificar os
processos de mudança que ocorrem ao longo da interação entre cliente e terapeuta. O referencial usado é o da
análise do comportamento, e estudos brasileiros analítico-comportamentais envolvendo análise de sessões
são usados para ilustrar os pontos discutidos. Questões relativas à categorização de comportamentos na
interação clínica, tais como a natureza dos eventos que devem compor um conjunto de categorias, critérios
para fidedignidade e validade, delimitação da unidade de ocorrência e de registro em interações sociais
e o tipo de medida apropriado são discutidos. Por último, são apresentadas diferentes estratégias para a
sistematização dos dados categorizados, bem como algumas das limitações e vantagens que cada uma
delas proporciona.

Palavras-Chave: Pesquisa clínica, Metodologia de pesquisa, Categorização de comportamentos, Clínica


analítico-comportamental.

Abstract

This article discusses methodological aspects involved in psychotherapy research, especially the so called
process research, that identifies the change processes occurring in the client-therapist’s interaction from
a behavior analytic point of view. Brazilian behavior-analytic studies of session analysis illustrate the
discussed matters. Issues concerning the categorization of behaviors in clinical interaction, such as the
nature of events that compose a group of categories, criteria for reliability and validity of a categorization
system, delimitation of the occurrence and registration unit in social interactions and the appropriated
measures are discussed. Lastly, different strategies are presented for categorized data systematization, as
well as some of the limitations and advantages of each.

Key-words: Clinical research, Research methodology, Categorization of behaviors, Clinical behavior


analysis.

 O presente trabalho é parte da tese de doutorado do primeiro autor, sob orientação da segunda autora, no programa de Pós-Gra-
duação em Psicologia Clínica da Universidade de São Paulo. Trabalho parcialmente financiado pela FAPESP (processo 04/05840-8).
 Bolsista CAPES doutorado no período de março de 2004 a fevereiro de 2005. E-mail: denis@nucleoparadigma.com.br..
 Professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. E-mail: sbmeyer@usp.br.

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Denis Roberto Zamignani - Sonia Beatriz Meyer

O estudo da interação terapêutica portamentos sociais (Skinner, 1953/1993).


busca investigar as variáveis interpessoais Para tanto, deve-se levar em conta as
responsáveis pela mudança em terapia. Pes- variáveis (estímulos sociais - no caso, ações
quisadores de diferentes abordagens teóricas do outro indivíduo) que controlam o com-
e de diferentes áreas do conhecimento têm portamento de cada um dos membros da in-
desenvolvido estratégias metodológicas para teração (Skinner, 1953/1993). A identificação
a caracterização desta interação, por meio da de regularidades nestas interações constitui o
observação direta de sessões gravadas em áu- alvo da sistematização dos dados.
dio e/ou vídeo e categorização de comporta- No estudo da interação terapeuta-
mentos observados. Tais pesquisas, cujo dado cliente, uma das possibilidades de identifica-
principal é a interação (verbal e não-verbal) ção de regularidades é a sistematização dos
entre terapeuta e cliente, são denominadas dados de observação em torno de classes de
pesquisas de processo (Russel & Trull, 1986; comportamento do terapeuta e do cliente,
Greenberg & Pinsof, 1986) e têm como obje- cujos critérios de sistematização seriam des-
tivo identificar os processos de mudança que critos em termos de categorias de comporta-
ocorrem ao longo da interação entre cliente e mento. A partir de então, seriam conduzidas
terapeuta. análises das relações entre essas categorias,
O estudo desses processos de mudan- de forma a identificar possíveis efeitos de
ça, de acordo com Kazdin e Nock (2003), cons- diferentes classes de comportamento de um
titui um importante investimento para me- membro da díade sobre o comportamento do
lhorar a prática clínica e o cuidado ao cliente, outro (Russel & Trull, 1986; Wampold, 1986).
visando maximizar os efeitos do tratamento Muitos sistemas de categorização de-
e assegurar que aspectos críticos deste sejam senvolvidos especificamente para a análise
generalizados para a prática clínica (p. 1117). da interação terapeuta-cliente podem ser en-
O objetivo do presente artigo é discu- contrados na literatura nacional (e.g.: Baptis-
tir, sob o ponto de vista da análise do compor- tussi, 2001; Brandão, 2003; Britto, Oliveira &
tamento, algumas das peculiaridades envol- Sousa, 2003; Donadone, 2004; Garcia, 2001;
vidas na construção de conhecimento no con- Margotto, 1998; Martins, 1999; Moreira, 2001;
texto da interação terapeuta-cliente dentro da Novaki, 2003; Oliveira, 2002; Tourinho, Gar-
sessão terapêutica. Defende-se a proposta de cia, & Souza, 2003; Vermes, 2000; Yano, 2003;
que estudar o processo de mudança, e não só Zamignani & Andery, 2005) e internacional
os resultados, seja bastante consistente com o (e.g.: Bischoff & Tracey, 1995; Chamberlaim
modelo de construção de conhecimento des- et al., n.d.; Chamberlain, Patterson, Reid,
sa abordagem, uma vez que a interação entre Kanavagh & Forgatch, 1984; Hill, 1978; Hill,
o indivíduo e o ambiente e os processos de Corbett, Kanitz, Rios, Lightsey & Gomez,
aprendizagem são seu objeto de estudo. 1992). As diferenças encontradas entre eles
devem-se principalmente à natureza da ques-
O estudo do comportamento no contexto tão investigada e aos diferentes pressupostos
clínico teóricos que norteiam cada um dos estudos.
Nos trabalhos existentes sobre o tema,
Uma particularidade com a qual lida- problemas envolvidos na elaboração, defini-
mos ao estudar o que ocorre dentro da psi- ção e aplicação de categorias para a classifi-
coterapia é que estamos analisando o com- cação do comportamento merecem ser consi-
portamento de, no mínimo, dois indivíduos derados. A seguir, alguns desses problemas
– terapeuta e cliente – interagindo. Trata-se,  A obra de Skinner Comportamento Verbal (1957) é um exem-
portanto, de um processo de influência mútua plo de sistematização de regularidades encontradas em um
tipo específico de comportamento social - o comportamento
(Meyer & Vermes, 2001), no qual os compor- verbal. Vale lembrar que a obra de Skinner (1957) é descrita
tamentos de ambos são analisados como com- pelo próprio autor como um exercício de interpretação, não
tendo sido constituída a partir de um estudo sistemático.

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metodológicas a partir da análise do comportamento

serão discutidos: Grande parte dos estudos clínicos até


então desenvolvidos sobre a interação tera-
Critérios para a sistematização de pêutica têm categorizado o comportamen-
eventos em torno de categorias to verbal vocal dos participantes a partir da
comportamentais análise dos textos das transcrições de sessões
gravadas em áudio ou vídeo. Levam em con-
A categorização de eventos parte de sideração para essa categorização as ações
algum tipo de organização do universo estu- apontadas pela literatura clínica como típicas
dado e esta organização depende da função de uma interação verbal terapêutica (cha-
a ser exercida pelo sistema de categorias. Al- madas, em alguns dos estudos, de variáveis
guns sistemas de categorização são propostos interpessoais), tais como “descrição de even-
para o treinamento ou julgamento do desem- tos”, “orientação”, “inferência”, “aprovação”,
penho de terapeutas em uma determinada etc. (e.g. Almásy, 2004; Barbosa, 2001; Cham-
abordagem de terapia (exemplos de sistemas berlaim et al., n.d.; Chamberlain et al., 1984;
utilizados para esse fim são apresentados por Donadone, 2004; Garcia, 2001; Hill, 1978; Hill
Callaghan, 2006; Hill & O’Brien, 1999; Ireno, et al., 1992; Kovac, 2001; Maciel, 2004; Mar-
2007; Sturmey, 1996). Nesse caso, a sua função gotto, 1998; Martins, 1999; Meyer & Donado-
é prescritiva, ou seja, a apresentação das cate- ne, 2002; Moreira, 2001; Oliveira, 2002; Silva,
gorias visa sugerir um conjunto de padrões 2001; Vermes, 2000; Yano, 2003; Zamignani &
que deveriam ser seguidos pelo terapeuta Andery, 2005).
para o desenvolvimento de seu trabalho clí- A partir da categorização em tor-
nico. Tal proposta de categorização é orienta- no desses eventos, os autores têm analisado
da principalmente pelo modelo teórico-meto- processos importantes da interação clínica,
dológico de intervenção adotado pelo autor, tais como a tomada de decisão do terapeuta
mais que por um determinado conjunto de (Margotto, 1998), as conseqüências providas
dados observados. pelo terapeuta às ações do cliente (Almásy,
Sistemas que têm como objetivo a 2004; Silva, 2001), orientação e aconselha-
caracterização da interação terapêutica para mento fornecidas pelo terapeuta (Donadone,
a pesquisa, por outro lado, apresentam um 2004; Meyer & Donadone, 2002; Zamignani
caráter essencialmente descritivo. Em função & Andery, 2005), o manejo de sentimentos e
disso, os critérios para essa categorização, di- emoções (Almásy, 2004; Brandão, 2003; Ver-
ferentemente do que ocorre em um sistema mes, 2000) e de diferentes queixas clínicas na
prescritivo, são guiados mais pelos dados ob- sessão (Barbosa, 2001; Yano, 2003; Zamignani
servados. Tal caráter descritivo, entretanto, & Andery, 2005), entre muitos outros.
deve ser considerado com algumas ressalvas; Em alguns dos trabalhos, a análise
por mais que o pesquisador esteja isento do desses eventos exigiu também a classificação
propósito de orientar ou prescrever um de- dos episódios estudados a partir de critérios
terminado conjunto de práticas, sua organi- de conteúdo, ou tema. É o caso das pesquisas
zação do fenômeno observado não se furta de desenvolvidas por Baptistussi (2001) e Garcia
revelar algum tipo de interpretação a priori, (2001), que visavam ao estudo de comporta-
ao selecionar eventos relevantes para a com- mentos do terapeuta relacionados à audiên-
preensão dos fenômenos que compõem esse cia não punitiva e ao bloqueio de esquiva,
universo. A seleção de algumas, em detri- respectivamente, e seus possíveis efeitos so-
mento de outras classes de comportamento a bre o responder do cliente. Estes pesquisado-
serem destacadas, revela uma forma de com- res utilizaram o aumento ou diminuição na
preender o processo que, necessariamente, é variedade de temas trazidos pelo cliente para
perpassada pela postura teórico-metodológi- a conversação como indicador de possíveis
ca adotada pelo pesquisador. respostas de adesão ou esquiva. No trabalho

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de Zamignani e Andery (2005), por sua vez, que, na maioria dos trabalhos, foram desen-
pretendia-se caracterizar o processo terapêu- volvidas análises de comportamento verbal
tico analítico-comportamental no atendimen- vocal. Embora, em diversas pesquisas, essa
to a clientes com o diagnóstico de Transtorno estratégia tenha oferecido importantes in-
Obsessivo-Compulsivo. Neste estudo, a sub- formações, por vezes, questões de natureza
divisão das categorias interpessoais do tera- teórica ou prática que conduzem o trabalho
peuta e do cliente com relação a seu tema ser dos pesquisadores podem exigir outros tipos
relacionado ou não à queixa do cliente per- de informação. Alguns pesquisadores apon-
mitiu a visualização de processos tais como o taram limitações com relação a esse tipo de
reforçamento diferencial de verbalizações ou dado. Baptistussi (2001), Garcia (2001), Ver-
a intervenção por meio de análise de contin- mes (2000) e Zamignani (2001) relataram difi-
gências e aconselhamento, conduzidos pelos culdades para a caracterização e identificação
terapeutas participantes. dos fenômenos estudados, quando o dado
No estudo de Yano (2003), por sua vez, obtido era exclusivamente verbal-vocal, o
a categorização em torno de eventos conside- que teria limitado o alcance de seus estudos.
rados relevantes pelo terapeuta-pesquisador Em especial para o estudo de episódios emo-
(alguns destes eventos referentes a temas), cionais, a inclusão de outras dimensões do
em casos de transtorno de pânico, permitiu a comportamento dos participantes, além da
avaliação de resultados do processo terapêu- verbal-vocal (respostas verbais não-vocais e
tico por parte da pesquisadora. Vale ressaltar respostas motoras correlatas a respostas emo-
que, nos trabalhos citados anteriormente, as cionais) poderia favorecer a análise e inter-
categorias temáticas foram definidas a poste- pretação, uma vez que tais eventos têm sido
riori, a partir dos dados previamente obser- apresentados pela literatura da área como re-
vados. Essa escolha, provavelmente, advém presentantes mensuráveis de aspectos emo-
da grande variedade de temas possíveis que cionais (Beier & Young, 1998; Fiorini, 1995).
podem ser tratados em uma terapia. Embo- A consideração de comportamentos não-vo-
ra seja possível uma categorização a priori cais da interação tem contribuído ainda para
dos temas da sessão, ela deveria contemplar o estudo da manifestação durante a sessão de
uma ampla gama de possibilidades de inte- sintomas de quadros psiquiátricos, tais como
ração do cliente, com critérios de inclusão e ansiedade e depressão (Geerts, 1997; Waxer,
exclusão bastante específicos para evitar so- 1978), ou para o estudo de indicadores rela-
breposições indesejáveis, o que dificultaria cionados à constituição da aliança terapêuti-
bastante sua execução. Além disso, é possível ca (Tickle-Degnen & Rosenthal, 1990). Para
que, para um determinado cliente, um único abarcar aspectos não-vocais, de acordo com
tema possa ser explorado com profundidade Fiorini (1995), um sistema de categorização
e relacionado a outros assuntos e aspectos deveria apresentar um caráter multidimen-
de sua vida, o que exigiria do pesquisador, sional.
provavelmente, uma subdivisão em aspectos
relacionados a esse tema. Um sistema de cate- Fidedignidade e validade de um sistema
gorias temáticas a priori, que pudesse abarcar de categorização
a diversidade de temas possíveis, poderia ser
muito amplo, produzindo dispersão excessi- Um sistema de categorias desenvol-
va dos dados. Parece importante, então, con- vido para fins de pesquisa deve garantir a
siderar a flexibilidade no uso de um instru- constância na medida dos fenômenos e pro-
mento desse tipo, adequando categorias pré- cessos que ele se propõe a medir, além de
definidas aos temas relevantes das amostras proporcionar medidas adequadas e precisas
de sessões estudadas. que auxiliem na produção de conclusões re-
Outra questão que merece discussão é levantes sobre o fenômeno estudado (Ary &

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metodológicas a partir da análise do comportamento

Suen, 1989; Richardson, 1999). Tais exigências Apesar da importância da fidedigni-


impõem ao pesquisador a atenção a questões dade para garantir a consistência das medi-
de confiabilidade e validade dos dados pro- das, ela é apenas uma precondição para a boa
duzidos pelo(s) instrumento(s) de observação qualidade do dado; por si só, ela não mos-
por ele desenvolvido(s) ou adotado(s). tra que o dado é uma boa representação de
A questão da fidedignidade refere-se um comportamento em particular. Para esse
à consistência ou estabilidade dos dados de fim, é necessário verificar a validade do dado
observação obtidos por meio de um instru- (Ary & Suen, 1989). Entende-se por validade
mento. Para isto, o instrumento deve pro- a acumulação de evidências de que o instru-
porcionar medidas semelhantes quando o mento mede aquilo que ele se propõe repre-
mesmo fenômeno é estudado por diferentes sentar, de forma precisa e apropriada (Ary &
pesquisadores ou pelo mesmo pesquisador Suen, 1989; Kazdin, 2002; Richardson, 1999).
em diferentes momentos (Ary & Suen, 1989; Há diferentes critérios - validade de conteú-
Richardson, 1999). Pode-se calcular a fide- do, validade convergente, validade preditiva
dignidade dentro de uma sessão particular -, não mutuamente exclusivos, que levam em
de observação (fidedignidade intra-sessão), conta diferentes ângulos do fenômeno e po-
ao longo de um conjunto de sessões (fide- dem se somar na obtenção de evidências de
dignidade inter-sessão) ou ainda para cada validade (Ary & Suen, 1989). O importante a
comportamento que compõe o escore total do considerar é que, quanto maior o número de
instrumento (Ary & Suen, 1989). Tal decisão evidências de validade e do instrumento de
dependerá do propósito do estudo. Em casos observação, maior a probabilidade de que ele
de estudos de fidedignidade de sistemas de seja aceito como uma medida representativa
categorização, quando o objetivo é identificar do fenômeno em estudo.
possíveis necessidades de treinos adicionais
de observadores ou aprimoramento de pro- Precisão na definição das categorias
cedimentos de registro, cada comportamen-
to componente é de interesse do estudo e, Em um sistema de categorização de
portanto, a fidedignidade deve ser analisada eventos comportamentais, um pré-requisito
para cada um deles. para a obtenção, tanto de medidas de fidedig-
Um dos principais métodos para a ob- nidade, quanto de validade, é a descrição pre-
tenção de fidedignidade é o estudo de con- cisa das variáveis que controlariam o pesqui-
cordância entre observadores, que avalia a sador para a operacionalização dos eventos
extensão a qual dois ou mais observadores de acordo uma dada categoria comportamen-
concordam a respeito da ocorrência e da não- tal. De acordo com Danna e Matos (1999), a
ocorrência de um comportamento (Ary & definição de um evento em uma dada catego-
Suen, 1989). Entre os diversos índices de con- ria deve: “(1) ser objetiva, clara e precisa; (2)
cordância existentes, a maioria dos estudos ser expressa na forma direta e afirmativa; (3)
brasileiros de interação terapêutica tem uti- incluir somente elementos que lhe sejam per-
lizado o percentual de concordância (divisão tinentes; (4) ser explícita e completa” (p. 134).
entre o número de concordâncias e a soma do Além disso, sua definição não pode ser ‘cir-
total de concordâncias + discordâncias x 100). cular’, ou seja, o termo definido não pode ser
Este índice, entretanto, pode inflar os dados utilizado na sua definição (Marinotti, 2000) e
de concordância por meio de ocorrências ao devem ser evitados termos subjetivos ou fa-
acaso. Ary e Suen (1989) recomendam o coefi- tos interpretados ou inferidos (Cunha, 1975;
ciente Kappa como um índice mais confiável, Fagundes, 1992).
uma vez que ele desconta as esperadas con- As recomendações metodológicas es-
cordâncias ao acaso e pode acomodar eventos barram com algumas questões práticas quan-
envolvendo dois ou mais observadores. do da análise de interações sociais: é comum

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que, nesses casos, o conteúdo da interação te do pesquisador do sistema de categorias


seja ambíguo ou plural, o que implicaria na como um todo e das possíveis sobreposições,
sobreposição de categorias, na imprecisão na similaridades e diferenças entre os eventos
sua descrição (Baptistussi, 2001; Zamignani, categorizados.
2001) ou mesmo na baixa concordância entre É necessário considerar também al-
juízes (Chequer, 2002). Em um estudo sobre guns critérios para que o conjunto de cate-
a concordância entre observadores na apli- gorias desenvolvido represente, de fato, os
cação de um sistema de categorias utilizado eventos que se supõe ocorrer na interação te-
em alguns trabalhos desenvolvidos no Brasil rapêutica. A primeira questão que se coloca
(Souza Filho, 2001), Chequer (2002) constatou diz respeito ao número de categorias que um
que as categorias utilizadas naqueles traba- sistema deveria conter, o que remete ao grau
lhos apresentavam um caráter generalista, o de especificidade ou sensibilidade a eventos
que poderia produzir mais de uma interpre- sutis que deve alcançar. Wampold (1986) e
tação para uma mesma categoria entre dife- Zamignani (2001), a esse respeito, ressaltaram
rentes observadores, e levava a uma baixa que uma das preocupações no desenvolvi-
concordância entre observadores. Constata- mento dos sistemas de categorização por eles
ção semelhante foi relatada por Kovac (2001), utilizados era que este fosse suficientemente
que afirmou que as categorias propostas eram sensível para responder às questões coloca-
confusas entre si e apresentavam similarida- das em seus respectivos trabalhos, sem que,
des funcionais, o que exigiria um refinamento no entanto, fosse excessivamente detalhado.
dos critérios para a definição desse sistema de Um excesso de especificação dificultaria a
classificação. identificação de padrões de interação, pela
Chequer (2002) apontou também que excessiva dispersão dos resultados. O desa-
parte das categorias desenvolvidas “não se fio, nesse caso, passa necessariamente pela
referia a comportamento, mas a produtos do consideração de outros critérios, tais como
comportamento. Por exemplo, as categorias a questão de pesquisa, a natureza dos dados
Informação e Feedback não nomeiam compor- coletados e a postura teórico-metodológica
tamento ou uma relação entre ouvinte e fa- assumida pelo pesquisador.
lante, mas, na sua forma substantiva, forne- Além da questão relativa à especifi-
cem uma denominação ampla de um produto cidade do conjunto de categorias, alguns cri-
puramente lingüístico, sem contexto” (p. 76). térios têm sido sugeridos pela literatura da
Essa característica, segundo esse autor, impe- área (e.g.: Danna & Matos, 1999) de modo a
diria o estabelecimento de limites para a ope- manter a coerência e a validade interna do
racionalização da categoria. sistema de categorias: (1) as categorias cons-
Tais constatações apontam para a ne- truídas devem ser exaustivas e mutuamente
cessidade de uma maior especificação dos exclusivas; (2) devem ser classificados todos
critérios para a definição das categorias de os comportamentos que foram observados e
um sistema. Marinotti (2000) recomenda que, registrados, independentemente do número
quando as classes a serem categorizadas são de eventos que sejam categorizados em cada
muito semelhantes, ambíguas ou estritamente classe; (3) deve haver coerência entre as cate-
relacionadas, sejam estabelecidos critérios de gorias nos critérios escolhidos para a classi-
exclusão entre categorias quando isso se fizer ficação e no grau de especificidade adotado
necessário, além de se explicitar qual catego- para as classes de eventos.
ria teria prioridade na categorização, quando
houver dúvidas que não sejam dirimidas pe- Critérios formais e funcionais para a
los critérios de exclusão. Tais recomendações definição da unidade de ocorrência de
destacam a necessidade de definições minu- uma interação social
ciosas e de uma análise cuidadosa por par-

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metodológicas a partir da análise do comportamento

Ao discorrer sobre a elaboração de ca- dados de interações sociais poderiam ser ca-
tegorias comportamentais, Marinotti (2000) tegorizados.
destaca a necessidade de que, na definição de A estratégia denominada pragmática
uma categoria, seja estabelecida a sua unida- consistiria na inferência direta do observador
de de ocorrência, ou seja, quando ela começa sobre estados ou características do falante (ou
e quando termina, de forma que seja permi- no caso da análise do comportamento, infe-
tida a quantificação da categoria em questão. rência direta de relações funcionais). Essa es-
Essa unidade é denominada unidade de regis- tratégia, segundo os autores, poderia permi-
tro, e deve relacionar-se às características do tir o estudo de eventos bastante sutis da inte-
objeto de estudo e aos objetivos da análise de ração, entretanto, implicaria em grande grau
maneira pertinente (Bardin, 1977). de inferência. A falta de uma definição ope-
A unidade de registro em uma pes- racional do processo de tomada de decisão
quisa pode ser de natureza e dimensões mui- ao categorizar cada evento poderia limitar a
to variáveis, podendo partir de critérios topo- possibilidade de replicação da pesquisa reali-
gráficos, funcionais, semânticos, entre outros, zada, bem como impedir a revisão dos dados
a depender dos objetivos do pesquisador analisados, perdendo em generalidade. Esse
(Bardin, 1977; Danna & Matos, 1976/1999; parece ser o principal problema envolvido
Fagundes, 1976/1992; Hutt & Hutt, 1974; Jo- na categorização de eventos em torno de uni-
hnston & Pennypacker, 1993). Para o estudo dades funcionais de registro (Danna & Matos,
de sessões de psicoterapia, cada um desses 1976/1999; Fagundes, 1976/1992; Johnston
critérios pode implicar em limitações e van- & Pennypacker, 1993). Em uma interação
tagens. social, as variáveis relevantes para a identifi-
Um dos objetivos importantes de es- cação de classes funcionais de resposta não são
tudos cujo referencial é a análise do compor- necessariamente contíguas à resposta estuda-
tamento é a identificação de variáveis de con- da e, portanto, mesmo que se considerassem
trole relacionadas ao comportamento de in- os eventos imediatamente precedentes e/ou
teresse, o que, na maioria das vezes, remete a subseqüentes à resposta para a categorização,
relações funcionais entre respostas em estudo tal informação seria insuficiente. Esse é o caso
e outros eventos ambientais. Visa-se, portan- do resultado de qualquer procedimento apli-
to, à identificação de classes funcionais de cado pelo terapeuta, cujos efeitos, geralmente,
resposta. Segundo Johnston e Pennypacker não podem ser observados imediatamente e
(1993), uma classe de respostas é chamada nem mesmo no interior de uma única sessão.
funcional quando ela é definida de forma a A outra estratégia referida por Russel
incluir apenas aquelas respostas cuja ocorrên- e Stiles (1979) é denominada clássica e requer
cia depende de (é função de) uma particular dois passos operacionais para a categoriza-
classe de estímulos, ou seja, respostas que es- ção do comportamento. Primeiramente, o
tabelecem uma relação de contingência com pesquisador identificaria instâncias de cate-
determinada classe de eventos ambientais. A gorias, a partir de aspectos formais do evento
questão que se coloca é: em que momento do estudado e, mais tarde, faria inferências base-
processo de pesquisa – no momento de cate- adas na freqüência (ou outro tipo de medida)
gorização ou em uma etapa posterior - essas das categorias identificadas. Tal estratégia
relações funcionais devem ser identificadas tornaria mais explícito o processo envolvido
(ou inferidas)? na inferência realizada pelo pesquisador para
Questão semelhante a esta foi discu- a categorização, favorecendo a replicação e
tida por Russel e Stiles (1979), com relação à a generalidade dos resultados obtidos. A in-
pesquisa de processo em psicoterapia. Esses terpretação sobre relações funcionais, nesse
autores referiram-se a dois tipos de estratégia caso, não seria feita no momento do registro,
– a pragmática e a clássica - por meio das quais mas sim posteriormente, a partir da sistemati-

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zação dos dados categorizados, o que permi- Abaixo do nível da palavra jazem raízes ou,
tiria a identificação de padrões na interação mais rigorosamente, as pequenas unidades
‘significativas’ chamadas morfemas. Acima
estudada. Tal estratégia parece seguir uma da palavra estão as frases, idiomas, senten-
seqüência de passos necessária para a identi- ças, cláusulas, etc. Cada uma delas pode
ficação de relações funcionais. De acordo com ter unidade funcional como operante ver-
as palavras de Staddon (1967): bal. Uma partícula de comportamento tão
pequena quanto um único som pode estar
Operantes (...) não são definidos, mas inferi- sob controle independente de uma variável
dos. As regularidades são observadas entre manipulável. (...) Por outro lado, um amplo
eventos-estímulo e eventos-resposta; após segmento do comportamento (...) pode va-
a observação cuidadosa, o experimentador riar sob controle unitário funcional seme-
decide que essas regularidades relacionam lhante. (p. 21)
uma classe de eventos a uma outra e identi-
fica essas classes por suas propriedades. (p. Dessa forma, verbalizações ou respos-
382) tas motoras de topografias muito semelhantes
poderiam ser evocadas por eventos bastante
Considerando as estratégias propostas diversos ou afetar o comportamento do in-
por Russel e Stiles (1979), caso se tenha como terlocutor de forma também diversa, depen-
objetivo a construção de um sistema de cate- dendo do contexto no qual a resposta ocorre.
gorias que possa ser utilizado em diferentes Parece importante que a topografia da res-
pesquisas, com maior probabilidade de pro- posta seja, sim, levada em conta, mas inserida
duzir dados comparáveis, parece razoável a em um contexto que lhe dê sentido. Eventos
adoção de estratégias de categorização mais contíguos ao responder – eventos imediata-
próximas à denominada clássica. Para tanto, mente precedentes e subseqüentes - não são
uma das possibilidades para a elaboração de suficientes para a identificação de uma clas-
categorias de registro de comportamento se- se funcional de respostas, mas constituem ele-
ria a categorização de eventos em torno de mentos que contextualizam a verbalização
critérios formais (ou topográficos). A catego- ou ação do indivíduo. Neste caso, estaríamos
rização a partir de critérios topográficos tem abdicando de uma categorização topográfica
como foco semelhanças no movimento e/ou em direção a uma estratégia que envolve um
postura e/ou aparência do comportamento certo grau de inferência sobre a função da res-
(dimensões espaciais do comportamento). posta no contexto imediato da interação. Tal
Em outras palavras, implica na decisão sobre estratégia de categorização, considerando-se
os “limites de forma com relação às três dimensões a classificação de Russel e Stiles (1979), situa-
espaciais ao qual cada resposta deve corresponder se entre a clássica e a pragmática (conforme
para ser incluída em uma classe” (Johnston & apontado por Hill, 1986) e envolve a estimati-
Pennypacker, 1993, p. 71). Este tipo de crité- va da função imediata da verbalização a par-
rio favorece que sejam claramente especifica- tir da observação da topografia e do contexto
dos e identificados os elementos relevantes imediato no qual a verbalização se insere. A
para a categorização. Quando nos referimos identificação de relações funcionais relativas
a comportamento social, entretanto, há certa ao contexto mais amplo da sessão ou da rela-
dificuldade para a delimitação de dimensões ção terapeuta-cliente é feita em um momento
topográficas. Mesmo que se considerem pa- posterior da análise.
lavras, frases ou sentenças como dimensões Este método de categorização pode
relevantes, tratar-se-ia de unidades que, iso- ser relacionado ao que Bardin (1977) deno-
ladamente, proporcionam informação restri- mina categorização semântica. Esse tipo de
ta sobre a interação em curso (Bischoff & Tra- categorização, segundo esta autora, refere-se
cey, 1995). Tal limitação pode ser discutida a a recortes em nível semântico de unidades de
partir das considerações de Skinner (1957): significação, segundo certos critérios relati-
vos á teoria que serve de guia à análise que,

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Comportamento verbal no contexto clínico: contribuições
metodológicas a partir da análise do comportamento

em algumas vezes, coincidem com unidades seriam necessárias para considerá-lo como um
formais do texto (palavras, frases etc.). Seu relato de melhora – o contexto no qual o rela-
comprimento é variável e a sua validade não to ocorreu, o tema, eventos contíguos. Ainda
é de ordem estritamente lingüística: assim, não seria possível identificar imedia-
tamente relações funcionais envolvidas: en-
...consiste em descobrir os ”núcleos de sen-
quanto uma classe funcional de respostas, tal
tido” que compõem a comunicação e cuja
presença ou freqüência de aparição podem verbalização poderia ser uma descrição (um
significar alguma coisa para o objetivo ana- tato) indicativa do sucesso do procedimento
lítico escolhido. (...) [a] unidade de registro adotado pelo terapeuta, mas poderia também
corresponde a uma regra de recorte (do sen- ter como função a esquiva de outros temas
tido e não da forma) (...) o recorte depende
do nível de análise e não de manifestações
que, naquele momento, seriam difíceis para o
formais reguladas. (...) a unidade de registro cliente ou ainda a manipulação da disposição
existe no ponto de intersecção de unidades emocional do terapeuta, em busca de evocar
perceptíveis (palavras, frase, documento, neste alguma ação favorável.
material, personagem físico) e de unidades
Por outro lado, outro relato ou com-
semânticas (temas, acontecimentos, indiví-
duos), embora pareça difícil (...) fazer-se um portamento não-verbal que, de acordo com
recorte de natureza puramente formal... (pp. seu contexto imediato, não contenha explici-
105-107) tamente uma descrição de melhora, pode ser
um comportamento clinicamente relevante
O sentido de uma unidade semântica, que indique um avanço do cliente (uma des-
segundo Bardin (1977), seria dado por ele- crição de sentimento por parte do cliente, por
mentos de contexto - segmentos da interação exemplo, quando sua queixa envolve a difi-
que dão significado à unidade de registro. culdade de expressão emocional, pode ser
Vale lembrar que o termo significado, para a indicativo de melhora). No andamento da
análise do comportamento, remete necessa- sessão terapêutica, o terapeuta atento supõe
riamente a relações do evento em estudo com as possíveis funções de tais verbalizações e,
outros eventos que alterariam a sua probabi- ao observar outras ocorrências da mesma
lidade de ocorrência (Tunes, 1984). Nas pala- classe de relato, e seu contexto de ocorrência,
vras de Skinner: levanta dados para a identificação da função.
O mesmo deveria ocorrer com o pesquisador.
Uma resposta, por exemplo, pode ser descri-
ta como uma forma de comportamento. Um
A ação do pesquisador, se restrita ao passo
operante especifica pelo menos uma relação da categorização do evento como “relato de
com uma variável – o efeito que o comporta- melhora”, não seria suficiente para a identifi-
mento, caracteristicamente, se bem que não cação de relações funcionais, embora tal pas-
inevitavelmente, tem sobre o meio – e que
so seja essencial para a busca dessa relação.
não é, por isso, uma unidade formal. Uma
especificação formal não pode ser evitada, A inferência a priori da função do comporta-
desde que uma resposta só pode ser consi- mento, por sua vez, também seria insuficien-
derada um exemplo de operante por meio te, pois é necessária a observação de outras
de uma identificação objetiva. Mas não bas- ocorrências para que se possa inferir a fun-
ta a identificação objetiva. (Skinner, 1974, p.
115)
ção do comportamento com mais proprieda-
de. O pesquisador teria mais sucesso em sua
Um exemplo de classe de verbalização investigação se, tal qual seria esperado do
que ilustra essa discussão é o relato de melho- terapeuta, considerasse aquele episódio do
ra por parte do cliente. Tal relato, visto pura- comportamento (portanto, um primeiro ní-
mente em seu aspecto topográfico, no máxi- vel de categorização) e, em outro momento,
mo poderia ser categorizado como descrição verificasse as suas ocorrências ao longo das
de eventos ou, dependendo do critério, como sessões observadas, e identificasse que tipo
afirmação. Algumas informações contextuais de padrão de interação tipicamente está ocor-

Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., Belo Horizonte-MG, 2007, Vol. IX, nº 2, 241-259 249
Denis Roberto Zamignani - Sonia Beatriz Meyer

rendo quando se observa aquela categoria de previamente os segmentos a serem categori-


resposta verbal. zados antes de encaminhar os dados para a
avaliação dos juízes para o teste de concor-
A delimitação da unidade de registro no dância. Com isso, o único critério a ser ava-
estudo de interações sociais liado com relação à concordância seria o ró-
tulo ou categoria atribuído ao segmento em
A questão da delimitação da unidade questão. Tal sugestão, entretanto, implicaria
de registro na interação social que ocorre na em um problema para a replicação do tra-
psicoterapia foi conduzida de maneiras di- balho por pesquisadores não envolvidos no
versas por diferentes pesquisadores. Alguns mesmo grupo de pesquisa, uma vez que não
estudos tiveram como unidade de ocorrên- teria sido avaliada a concordância entre ob-
cia a verbalização de um participante - toda servadores com relação à própria seleção dos
a fala do participante compreendida entre a segmentos.
verbalização anterior e a posterior do outro Outra possibilidade seria avaliar se-
(e.g., Baptistussi, 2001; Kovac, 2001; Margot- paradamente a concordância entre observa-
to, 1998). O problema com esse tipo de uni- dores com relação à seleção dos segmentos e
dade é que, com muita freqüência, encontra- com relação à categorização, cada uma des-
mos nos dados de interação terapêutica lon- tas medidas fornecendo informações sobre
gas falas de um ou outro membro da díade, processos distintos. A primeira verificaria a
que contém em seu interior diferentes classes precisão na definição da unidade de registro,
de verbalizações, as quais não poderiam ser enquanto a outra verificaria a precisão e a cla-
identificadas por meio de uma única catego- reza na definição das categorias.
ria de comportamento. Vale lembrar ainda que alguns sof-
Outros trabalhos assumiram como twares proporcionam a obtenção de medidas
unidade de ocorrência segmentos de verbali- que, pelo menos parcialmente, solucionam
zações - trechos da verbalização de um parti- o problema da seleção de segmentos da in-
cipante identificados em uma classe específi- teração. Por exemplo, o software “The Ob-
ca (e.g., Donadone, 2004; Garcia, 2001; Maciel, server”, da Noldus Technology, e o Software
2004; Martins, 1999; Moreira, 2001; Oliveira, “Etnograph”, da Qualis Research Associates,
2002; Zamignani & Andery, 2005). A partir permitem uma medida do percentual de con-
desse tipo de critério, a fala não seria delimi- cordância, por meio do cálculo do período da
tada exclusivamente pela resposta do outro interação (respectivamente o tempo ou o nú-
participante, mas sim por qualquer mudança mero de linhas) no qual houve concordância
na natureza (classe, pausa, tema, etc.) da fala, entre observadores, independentemente do
ainda que dentro da mesma verbalização des- momento exato do início do evento categori-
te participante. Esta solução favorece a cate- zado. Com isso, mesmo que haja divergências
gorização das diferentes classes de fala de um com relação ao início do episódio categoriza-
mesmo participante em uma verbalização, do, é possível detectar o período da interação
mas acarreta uma dificuldade metodológica: no qual houve concordância.
para a obtenção de concordância entre obser- Vale ainda destacar outro tipo de uni-
vadores, ambos os juízes devem concordar, dade de registro que tem sido utilizada em es-
não apenas com relação à categoria escolhida, tudos sobre eventos emocionais ocorridos na
mas também com relação à delimitação dos sessão terapêutica (e.g. Barbosa, 2006; Bran-
trechos para categorização. dão, 2003; Greenberg & Korman, 1993; Tacco-
Uma solução para este problema foi la, 2007). Nesses estudos, a unidade estudada
apresentada por Chequer (2002), que sugere é o episodio emocional: segmento da interação
que, ao se realizar o teste de concordância que compreende todo um trecho da sessão no
entre observadores, o pesquisador selecione qual o cliente fala sobre experienciar ou ter

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Comportamento verbal no contexto clínico: contribuições
metodológicas a partir da análise do comportamento

experienciado uma resposta emocional (ou categorias de comportamento colocaria num


tendência à ação, ou ambos) em um contex- mesmo nível de análise (e, portanto, conside-
to especifico no qual ela ocorreu, que é de- raria comparáveis) desde verbalizações míni-
limitado por uma fala do terapeuta anterior mas tais como o “hum hum” até longos seg-
ao inicio do assunto em questão e uma fala mentos de verbalização nos quais um evento
do terapeuta posterior ao seu final. Este tipo é relatado ou analisado. Dessa forma, a ado-
de unidade apresenta a vantagem de situar ção exclusiva dessa medida poderia superdi-
mais amplamente o contexto de ocorrência da mensionar categorias tais como as primeiras,
resposta emocional de interesse, mas implica que ocorrem em alta freqüência, mas que re-
nas mesmas questões encontradas quando a presentam um período mínimo da interação
unidade de registro é o segmento de verba- terapêutica.
lização. A medida de duração, por sua vez, em-
bora proporcione informações sobre o tempo
A questão da medida e suas implicações ocupado por cada classe de comportamento
e a distribuição dos comportamentos ao lon-
Falar em medida implica em consi- go da interação, poderia subdimensionar este
derar, entre as propriedades constitutivas mesmo tipo de evento que, na medida de fre-
do fenômeno, aquelas que melhor a repre- qüência, seria superdimensionado.
sentariam nas diferentes condições em que A alternativa que parece mais viável
ele ocorre e então definir uma dimensão seria considerar ambas as medidas, cada uma
quantificável desta propriedade (Johnston & delas analisada em diferentes momentos do
Pennypacker, 1993). Neste tópico, portanto, processo de sistematização dos dados, tal
a fim de melhor situar a discussão a respeito como sugerido por Sturmey (1996) e conduzi-
de medida, consideraremos como unidade de do por Zamignani e Andery (2005) e Taccola
ocorrência o segmento de verbalização, unida- (2007). Sturmey (1996) sugere uma distinção
de que tem sido utilizada em boa parte das entre comportamentos de freqüência e de du-
pesquisas da área. ração significativas, sendo que os primeiros
Na análise do comportamento, a fre- têm curta duração e ocorrem com relativa fre-
qüência de respostas tem sido a medida por qüência e os segundos tipicamente ocupam
excelência para a grande maioria dos estudos períodos mais extensos de tempo.
em qualquer área de conhecimento (Johnston A obtenção da medida de duração
& Pennypacker, 1993). Tal predileção tem sua exige do pesquisador a observação da sessão
origem nos estudos experimentais, nos quais registrada em áudio ou vídeo e o registro da
a freqüência mostrou-se uma medida bas- ocorrência e duração, uma a uma, de cada
tante apropriada para representar o processo episódio categorizado, o que torna o traba-
de aquisição de comportamentos (Sturmey, lho de pesquisa bastante árduo. Atualmente,
1996). Nestes estudos, tem-se na freqüência existem aparatos tecnológicos mais sofistica-
um indicador a partir do qual é inferida a dos que permitem o registro das categorias a
probabilidade de ocorrência de determina- partir da observação direta da interação, in-
da classe de respostas e, conseqüentemente, dexando-o ao tempo decorrido da sessão re-
o processo de fortalecimento ou enfraqueci- gistrada. Tais equipamentos, entretanto, têm
mento dessa classe (Sidman, 1976; Skinner, um custo bastante elevado, o que pode invia-
1953/1993). bilizar o desenvolvimento da pesquisa.
Com relação ao estudo de categorias Alguns autores, levando em conside-
comportamentais, entretanto, há um certo ração estas limitações, recorreram a medidas
debate sobre a relevância desta medida. A indiretas do tempo da interação. Zamigna-
utilização da freqüência como dimensão re- Nos trabalhos desenvolvidos por este grupo de pesquisa, o
presentativa da ocorrência de determinadas software “The Observer”, desenvolvido pela empresa Noldus
Technology, tem sido utilizado para este fim.

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Denis Roberto Zamignani - Sonia Beatriz Meyer

ni (2001) utilizou como medida análoga ao e categorização de interações verbais (ou


tempo o número de linhas da transcrição da “não-verbais”) na clínica (e.g.. Greenberg &
sessão ocupadas por uma determinada cate- Pinsof, 1986; Hill, 2001; Russel & Trull, 1986;
goria. Donadone (2004), em busca de estudar Stiles, 1999). Parte das pesquisas nessa área
a ocorrência de orientações na sessão, utili- tem como estratégia a medida da freqüên-
zou o número de palavras contidas em cada cia de diferentes classes de comportamentos
verbalização do terapeuta categorizada como observados, correlacionando essa freqüência
orientação e do cliente categorizada como com outros elementos, tais como a aborda-
auto-orientação, comparando-as com o nú- gem adotada pelo terapeuta (e.g. Brunnik &
mero total de palavras proferidas por cada Schroeder, 1979; Hill & O’Grady, 1985; Rodri-
participante na sessão. Baptistussi (2001), por gues, 1997), o tempo de experiência do tera-
sua vez, utilizou a freqüência de palavras peuta (e.g. Donadone, 2004; Novaki, 2003), ou
num determinado intervalo de tempo como os resultados do tratamento (e.g. Bänninger-
indicador do nível de participação do cliente Huber & Widmer, 1997).
na interação terapêutica. As soluções ofere- O apelo unicamente a esse tipo de
cidas pelos pesquisadores proporcionaram medida tem sido criticado por alguns auto-
informações relevantes sobre as interações res (e.g. Donadone, 2004; Hill, 2001; Russel
estudadas, e o uso destas estratégias pode ser & Trull, 1986; Stiles, 1999) pela informação
boa alternativa quando não há recursos para pouco específica que ele oferece sobre aquilo
outro tipo de registro ou quando não há a ne- que determina a ocorrência da resposta. Para
cessidade de acesso a variáveis não-vocais da esses autores, a medida apropriada para o
interação. estudo de processo deveria registrar não só
Outras possíveis medidas levariam a ocorrência da resposta, mas informações
em consideração propriedades diversas do das micro-situações nas quais ocorrem pro-
fenômeno de interesse, tais como intensida- cessos interpessoais relevantes. A simples
de, eventos seqüenciais, taxa, etc. dependen- medida de freqüência de uma determinada
do do problema de pesquisa e da proprieda- habilidade do terapeuta não permite avaliar
de do fenômeno a ele relacionada. a sua qualidade ou efetividade, bem como o
momento ou o contexto no qual ela seria mais
A sistematização dos dados apropriada (Hill, 2001; Stiles, 1999). De acor-
do com Donadone (2004), para entender os
Uma vez realizada a etapa de catego- determinantes da interação terapeuta-cliente
rização dos eventos observados, parte-se para essa deveria ser analisada a cada momento da
uma etapa não menos importante: a sistema- ocorrência de um evento sob análise (em seu
tização dos dados categorizados. Sob a pers- caso orientações do terapeuta e auto-orien-
pectiva analítico-comportamental, a intera- tações do cliente), por meio da análise das
ção terapêutica é um processo de modelagem contingências envolvidas em cada unidade
mútua, em um fluxo contínuo de interações. de interação. Stiles (1999) acrescenta que esta
O pesquisador necessita de estratégias meto- análise deveria considerar a relação de sinto-
dológicas que proporcionem a identificação nia entre respostas do cliente e ações especí-
de padrões comportamentais que se mantêm ficas do terapeuta – denominada por ele de
estáveis ao longo do tempo, e de mudanças responsividade.
no fenômeno estudado no decorrer do pro- Alguns dos trabalhos que estudaram a
cesso. interação terapêutica avançaram sua investi-
Vários autores envolvidos na pesqui- gação além da análise de freqüências de cate-
sa clínica têm discutido sobre o alcance das gorias e identificaram aspectos mais comple-
diferentes possibilidades de sistematização xos da interação terapeuta-cliente. Uma das
dos dados obtidos por meio de observação formas pelas quais os eventos categorizados

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Comportamento verbal no contexto clínico: contribuições
metodológicas a partir da análise do comportamento

podem ser sistematizados é por meio da análi- cionaram trechos mais amplos da sessão den-
se de seqüências específicas de interações, nas tro dos quais ocorreram os temas que foram
quais cada resposta é examinada com relação foco das verbalizações do tipo “explicação” e
a ações contíguas do interlocutor - estímulos “aconselhamento” e categorizaram esses tre-
a ela precedentes ou subseqüentes (como re- chos em categorias de análise. Algumas das
alizado por Zamignani & Andery, 2005). À categorias de análise propostas pelos autores
medida que se observam padrões recorrentes foram “Explicações com ênfase em relações
de interações entre categorias, possíveis fun- resposta-conseqüência”, “Explicações base-
ções de determinadas classes de comporta- adas em dados demográficos ou probabilís-
mento podem ser inferidas. Esse tipo de aná- ticos” (referentes à categoria Explicação) ou
lise não permite, entretanto, a identificação “Terapeuta propõe atividade incompatível
de padrões mais complexos de interação que com a resposta-queixa”, “Solução de Proble-
não podem ser identificados ou investigados mas” (referentes à categoria “Aconselhamen-
a partir da contagem de seqüências particu- to”).
lares de ação. Especialmente quando se trata Possivelmente todas as pesquisas de
de comportamento verbal, estamos lidando processo, especialmente as descritivas, re-
com um fenômeno que ocorre sob controle querem vários momentos de análise. Após a
de variáveis múltiplas, e que podem estar em organização dos dados coletados na primeira
eventos distantes no tempo ou em variáveis etapa, o pesquisador deve realizar algum tipo
extra-sessão e que, portanto, não podem ser de análise qualitativa procurando identificar
acessadas apenas pela observação da intera- as regularidades que emergem. Mais de um
ção entre eventos imediatamente contíguos. momento de análise foram necessários em es-
A análise de padrões mais complexos pode tudos como os de Barbosa (2001), Ireno (2007),
envolver a identificação de relações entre Novaki (2003), Taccola (2007) e Yano (2003).
eventos distantes temporalmente ou de clas- Outro tipo de solução que pode pro-
ses de resposta de ordem superior (Catania, porcionar análises de interações mais com-
1999). plexas é o método de dependência seqüencial
Uma das estratégias de sistematização (e.g. Wiseman & Rice, 1989; Bischoff & Tracey,
dos dados que permitiu a identificação de al- 1995). De acordo com esse método, seqüên-
gumas relações mais complexas (e.g., Maciel, cias de eventos são tomadas como unidades
2004; Martins, 1999; Zamignani & Andery, de análise e são analisadas estatisticamente.
2005) foi a divisão do processo de sistemati- O método de dependência seqüencial permite
zação dos dados em dois momentos distintos. diferentes modalidades de análises estatísti-
Num primeiro momento, cada interação ob- cas dos dados da sessão terapêutica, podendo
servada foi classificada de acordo com cate- incluir testes unidirecionais, testes bidirecio-
goria de registro. E, em um segundo momen- nais, testes de comparação entre grupos e de
to, aspectos mais complexos da interação - se- comparação de mudanças ao longo do tempo,
qüências de verbalizações ou interações mais além de permitir a análise de interações com
complexas - eram categorizados tendo como mais de dois participantes. A dependência
base as categorias de análise. Um exemplo seqüencial não precisa estar necessariamente
desse tipo de estratégia foi desenvolvido por limitada ao efeito do evento imediatamente
Zamignani e Andery (2005). Nesse trabalho, precedente e os métodos de análise estatísti-
os autores primeiramente categorizaram as ca propostos poderiam detectar padrões mais
verbalizações de terapeuta e cliente por meio complexos de dependência interativa entre
de categorias de registro, do tipo “pergunta”, eventos dentro de uma mesma sessão e ao
“explicação”, “aconselhamento”, etc. Após a longo de diferentes sessões (Lichtenberg &
análise da freqüência de categorias e análise Heck, 1986; Wampold, 1986).
de seqüências de categorias, os autores sele- A principal crítica a esse tipo de estra-

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Denis Roberto Zamignani - Sonia Beatriz Meyer

tégia é que, embora ela seja sensível a eventos decorrentes.


que apresentem padrões repetitivos, eventos
importantes que acontecem com menor re- Conclusão
gularidade podem ser “mascarados” pelos
dados estatísticos (Wampold, 1986). Outra Luna (1997) observa que a clínica é um
crítica a este método é que ele não permite ambiente privilegiado para o desenvolvimen-
detectar diferenças qualitativas nos dados, to da pesquisa. Nesta situação, temos acesso
tais como o impacto de determinados even- a dados de relato verbal que, de outra forma,
tos comportamentais na interação terapeuta- dificilmente poderiam ser acessados. O pes-
cliente (Highlen, 1986). Apesar desta limita- quisador, neste ambiente de pesquisa, pode
ção, as propostas de análise apresentadas por ter grande controle sobre o contexto no qual
esses autores merecem ser estudadas mais esse tipo de comportamento ocorre, além de
detalhadamente, de forma a investigar a via- contar com sujeitos de pesquisa “cativos”,
bilidade de sua utilização no estudo de inte- que se apresentam com regularidade por lon-
rações mais complexas. gos períodos de tempo, permitindo repetidas
Para identificar as relações funcionais observações do fenômeno de interesse.
envolvidas, poder-se-ia também lançar mão Essas características do ambiente com
de entrevistas, que complementariam os da- o qual nos deparamos na pesquisa clínica,
dos que não puderam ser obtidos por meio da aliadas a estratégias criativas de sistematiza-
observação. Um dos maiores obstáculos gera- ção e análise de dados, podem proporcionar
dos por esse tipo de estratégia é a fonte de da- estudos esclarecedores sobre os fenômenos
dos à qual o pesquisador tem acesso – o relato de interesse na atividade clínica. O sucesso
verbal. O participante é o observador que re- do empreendimento da pesquisa clínica ana-
lata para o pesquisador aqueles aspectos que, lítico-comportamental vai depender da for-
de acordo com sua observação são relevantes ma com que os desafios metodológicos são
– e que não coincidem necessariamente com encaminhados. A natureza do fenômeno com
as variáveis (ou propriedades das variáveis) o qual se está lidando na clínica, bem como
das quais o pesquisador necessitaria para a especificidades da teoria analítico-compor-
compreensão do fenômeno. O pesquisador, tamental na interpretação destes fenômenos,
por sua vez, dirige a entrevista de forma a impõem a busca por novas metodologias e
obter informações que não estão contidas no o reconhecimento do alcance e limitações
discurso do participante, e assim construir um de cada método utilizado. As perguntas de
retrato mais detalhado dos eventos descritos. pesquisa que temos condições de responder
O problema é que a investigação do pesqui- devem ser cuidadosamente selecionadas de
sador pode também estar sob controle de ou- forma a garantir a obtenção de respostas úteis
tras variáveis que não apenas as informações tanto para a teoria quanto para a prática da
necessárias para a pesquisa. Sabemos que o terapia analítico-comportamental. Entretan-
relato verbal está sujeito a diversas condições to, muitos passos já foram dados na direção
que podem levar à sua distorção (Rose, 1997) da compreensão da interação clínica e os ca-
e, no caso da inevitabilidade desse tipo de minhos já abertos sugerem direções promis-
estratégia, a análise e a discussão dos dados soras de investigação a serem exploradas.
obtidos deve considerar as limitações delas

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Comportamento verbal no contexto clínico: contribuições
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Recebido em: 24/10/2007


Primeira decisão editorial em: 24/11/2007
Versão final em: 07/05/2008
Aceito para publicação em: 26/03/2008

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