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RESUMO: Nos últimos dois séculos, o mundo presenciou a aceleração das modificações e da
destruição impostas aos ambientes naturais. O Estado de São Paulo, no seu processo histórico,
vem sendo submetido a uma intensa ocupação do seu território, que teve como resultante uma
substancial redução de suas áreas com vegetação natural. Este trabalho contextualiza a
situação florestal no Estado de São Paulo, de modo a propiciar um levantamento da
disponibilidade de madeira de reflorestamento para edificações. Retrata como foi a evolução
histórica de exploração predatória das florestas nativas, a evolução histórica dos
reflorestamento e a situação florestal atual no Estado de São Paulo. Insere o Instituto
Florestal, órgão da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, neste contexto,
descrevendo a importância das florestas naturais ou nativas (Unidades de Conservação) e das
florestas artificiais (Unidades de Produção), bem como potencial de infra-estrutura para a
produção de casas de madeira. Este panorama é também um importante instrumento, para
entender as questões de pesquisa na área de madeira. Pretende-se através desta abordagem,
contemplar ainda uma exploração das florestas nos moldes de uma política internacional, mais
consciente e compatível com o discurso ambientalista dos países de primeiro mundo.
Oferecendo maiores subsídios, para melhor compreensão da situação florestal no estado e
criando melhores condições para uma aplicação adequada na área de utilização de madeira,
compatibilizando os dois universos, a preservação ambiental e a necessidade de utilização da
madeira.
Palavras-chave: vegetação natural, reflorestamento, casas de madeira
ABSTRACT: Throughout the past two centuries, the world witnessed an acceleration of the
imposed modifications, and destruction of the natural environment. The state of São Paulo
became intensely occupied during this historical process and as a result, experienced a great
reduction in natural vegetation within its area. This work shows the forest situation in the state
of São Paulo, in order to provide a survey of the wooden availability of reforestation to
constructions. It portrays the historical evolution of predatory scanning of the active forests,
the historical evolution of the reforestations and the current situation in the state of São Paulo.
It inserts the Forest Institute, agency of the Secretariat of environment of the state of São
Paulo, in this context, describing the importance of the natural or native forests (Units of
Conservation) and of the artificial forests (Units of Production), as well as infrastructure
potential for the wooden production of houses. This panorama is also an important instrument
in understanding the questions of wooden research. It is intended through this boarding, to
still contemplate a scanning of the forests in the molds of one international, more
conscientious and compatible politics with the environment saving speech of the countries of
first world.
Keywords: natural vegetation, reforestation, wooden houses
Dissertação de Mestrado
1 CONTEXTO HISTÓRICO DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E DA COBERTURA
VEGETAL NATURAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
As relações do homem com a natureza são tão antigas quanto a própria existência da
humanidade. As características dessas relações, entretanto, se alteram significativamente com
o correr do tempo, condicionadas pelo processo de desenvolvimento, a que o homem sempre
esteve sujeito. O homem sempre mexeu com a natureza, desde que soube fazer fogo, desde
que percebeu que podia cortar uma árvore.
Percebe-se claramente que não houve uma preocupação voltada à produção de madeira
maciça para a construção civil. Segundo LIMA (1993), isto ocorre porque a madeira
proveniente de plantações de eucalipto é freqüentemente utilizada a uma idade tenra, em geral
com menos de 10 anos, para fins de produção de celulose, carvão e para lenha. Apenas uma
proporção ínfima das plantações de eucalipto é normalmente manejada para a produção de
madeira para serraria, a qual requer idades dos plantios geralmente ao redor de 25 anos.
KRONKA et al (1993), através do último Inventário Florestal do Estado de São Paulo, nos
fornece a situação do reflorestamento com Eucalyptus, envolvendo as áreas de plantio. O
total da área reflorestada com Eucalyptus no Estado de São Paulo é de 610.544,02 ha . A
análise dos dados apresentados mostra o seguinte:
Foram consideradas como E. spp as áreas em que não houve identificação da espécie e como
outras espécies, aquelas devidamente identificadas, porém não significativas (E. maculata, E.
robusta, E. tereticorns e E. pilularis).
Após a década de 1930, São Paulo atinge um desenvolvimento industrial vertiginoso com
explosivo aumento populacional. Crescem as necessidades de produtos lenhosos para atender
padrões de consumo cada vez mais diversificados. A situação é crítica principalmente com o
esgotamento das reservas de araucárias do sul do país, tradicional abastecedor do mercado
interno e externo. Era vital encontrar uma espécie alternativa para o Pinheiro do Paraná
(araucária), que já demonstrava ser muito exigente, tornando seu reflorestamento
problemático e oneroso. Essa necessidade obriga o Estado a se iniciar na era da pinocultura.
Assim, em 1957 e 1958, o governo paulista lançou gigantesca operação com objetivo de
consolidar definitivamente a pinocultura no Estado. O governo assumiu o papel de um
empresário florestal. Em sua rede de hortos e florestas, o Serviço Florestal (atual Instituto
Florestal - IF) plantou alguns milhões de pés de Pinus, que foram, pouco a pouco,
constituindo as primeiras florestas dessa essência. Data dessa época a introdução do Pinus
elliotti no Estado de São Paulo, mais de 100 milhões de mudas foram plantadas. O plantio
extensivo passou a ser executado pelo Governo. Porém foi através do advento dos incentivos
fiscais para reflorestamento, que a liderança destes plantios foi assumida pela iniciativa
privada, enquanto o Governo, através de seus órgãos especializados, continuou a dar respaldo
e sustentação técnico-científica ao setor. Desta forma o Governo, através do Instituto
Florestal, detém o domínio dos povoamentos mais antigos e expressivos do Estado de São
Paulo.
Segundo dados do Inventário Florestal do Estado de São Paulo, realizado por KRONKA et al.
(1993) o total da área reflorestada com Pinus no Estado de São Paulo é de 194.054,23 ha.
A análise dos dados apresentados mostra o seguinte:
Foram consideradas como P. spp (60.251,69 ha) as áreas em que não houve identificação da
espécie. Como outras espécies (1.612,14 ha) aquelas devidamente identificadas, porém com
área de plantio reduzidas.
Ainda segundo KRONKA et al. (1993), aproximadamente 59,9% da área total plantada com
Pinus apresenta idade superior a 20 anos, sendo pois florestas adultas. Especificamente em
relação ao Pinus elliottii, espécie mais plantada, verifica-se que 19,5% de sua área de plantio
não foi submetida a nenhum desbaste e 40,7% sofreram unicamente o 1º e 2º desbastes.
Disto nos é possível concluir que existe também grande perspectiva para utilização do Pinus,
além do eucalipto, pois há possibilidade de se efetuar desbastes visando a produção de
madeira para serraria, consequentemente para construção de edificações. Porém cabe-se aqui
observar que novos plantios devem ser executados:
5 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
“As Unidades de Conservação são áreas que pertencem ao patrimônio comum, voltadas à
proteção dos espaços naturais representativos de ecossistemas importantes, ou com
características especiais do ponto de vista ambiental" XAVIER et al.(1996).
6 UNIDADES DE PRODUÇÃO
A maioria dos plantios de florestas das Unidades de Produção tem mais de 33 anos e já
sofreram 5 desbastes, apresentando em média uma densidade de 250 árvores/ ha. Em função
disto e da proximidade entre a Floresta e a sede das Unidades de Produção, instalaram-se
Serrarias com equipamentos de corte, carga e transporte, bem como usinas para o tratamento
da madeira. As Unidades mais equipadas são a Estação Experimental de Itapetininga, a
Estação Experimental de Luiz Antônio e a Floresta Estadual de Manduri, onde é realizado o
processamento e tratamento da madeira. São produzidos componentes utilizados na
construção de estruturas de madeira que se destinam às mais diversas finalidades, atendendo
às necessidades de todo o Instituto Florestal, no que se refere à obras de paisagismo (cercas,
bancos, brinquedos de “play-ground” etc.), construção de componentes para edificação
(guaritas de vigilância, escritórios, casas de funcionários, etc.) e móveis.
O atendimento a toda essa diversidade de aplicações é possível pela grande flexibilidade dos
equipamentos e pela alta especialização dos funcionários envolvidos nessa atividade, porém a
produção é feita pelas mesmas pessoas que cortam, repicam, transportam, serram, beneficiam
e executam a confecção dos componentes de madeira.
Atualmente existe, porém, um grave problema: os funcionários estão se aposentando e não
estão repassando a tecnologia no uso da madeira; também acontece a falta de peças de
reposição dos equipamentos. Este fato leva a concluir que as Unidades Produção deveriam ser
implementadas a nível de recursos humanos e materiais.
É natural que a madeira seja considerada, pela maioria dos profissionais mais esclarecidos,
como sendo o material de reserva renovável e sustentável que possui um papel importante
para garantir um futuro mais equilibrado ecologicamente. Para tanto, o desenvolvimento da
tecnologia correta no uso das florestas, acompanhado de projetos mais coerentes de emprego
da madeira, conciliando com a recuperação da cobertura vegetal da terra, deve ser uma das
principais preocupações.
Não se pretende aqui, dizer que se deve abandonar o uso do aço e do concreto mas, utilizá-los
em conjunto com a madeira. Cada material deve ser aplicado onde seu desempenho é maior e
mais aproveitado. Atualmente, pode-se detectar facilmente o número de pessoas que
produzem o metal e o cimento no Brasil, são grandes monopólios e a madeira é excluída deste
sistema.
“No Brasil, precisamos acabar com a idéia que a madeira se pega pronta. Tal qual os
alimentos, ela precisa ser replantada continuamente. A diferença é que os alimentos podem
ser consumidos dentro de alguns meses, a madeira só após dez anos. Mas em um plano
nacional, dez anos é muito pouco” (CARUANA, 1987, p.1).
Apesar de abrigar uma das maiores reservas florestais do mundo e um dos maiores potenciais
de desenvolvimento de florestas plantadas, o Brasil e em especial o Estado de São Paulo ainda
não inclui de maneira efetiva soluções construtivas em madeira no elenco das técnicas
empregadas em edificações.
A utilização reduzida da madeira como elemento de arquitetura pode ser explicada pela
ausência de tradição construtiva. Este fato remonta à própria colonização brasileira, com
predominância de povos mediterrâneos, cuja habilidade se orientava para outros materiais,
como a pedra ou técnicas como o adobe e taipa.
O acesso para inúmeras Unidades se faz com dificuldade por estradas de terra, travessias de
barco em alto mar ou rios (exemplo Parque Estadual da Ilha Anchieta, Ilha do Cardoso,
Estação Ecológica de Juréia Itatins, Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira entre outros) e
muitas destas áreas não possuem energia elétrica, sendo captadas posteriormente através de
geradores ou energia solar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS