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UM OLHAR PARA O FUTURO:

O PARADIGMA DA ÉTICA E OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS

Bartira Magalhães Rodrigues


Caio César Santos de Santana
Hortência Jesus Ferreira de Sousa
Paula Andressa Sousa Tenório
Vanessa Calvão Trindade

RESUMO

O presente trabalho busca fazer uma análise crítica da obra “A sociedade


informática”, considerando os reflexos éticos dos avanços tecnológicos em diversos
campos de análise, tal como realizado por seu autor, Adam Schaff, realizando
paralelos com pensamentos de outros escritores de suma relevância para o tema,
bem como aspectos contemporâneos que se mostram importantes ao debate.
Inicialmente, se realiza um exame das consequências da Segunda Revolução
Industrial, dos seus possíveis desdobramentos e das tendências decorrentes desse
fenômeno no que tange aos aspectos sociais. Depois de delimitado o contexto em que
os indivíduos estão inseridos e no qual devem agir, passa-se a analisar o indivíduo
humano em si e seu possível destino face às transformações em curso, sob a
perspectiva de três distintos aspectos da vida individual: a individualidade, o sentido
da vida e o estilo de vida. Por fim, é descrito o projeto da educação permanente, que
constitui apropriado substituto ao trabalho tradicional e medida a ser implementada
com urgência a fim de se evitar o agravamento do mal-estar social oriundo do
desemprego estrutural causado pela automação da produção e dos serviços.

Palavras-chave: Sociedade informática. Adam Schaff. Segunda revolução industrial.


Desenvolvimento tecnológico. Automação. Indivíduo. Ética.

1 INTRODUÇÃO

A sociedade informática é uma obra onde o autor se permite realizar um


exercício de futurologia acerca do avanço dos meios tecnológicos na sociedade.
Busca Adam Schaff realizar a análise a partir de dois grandes vieses. O primeiro deles,
do ponto de vista macro, imagina o curso das sociedades dos países desenvolvidos e
subdesenvolvidos com o impacto da robotização nos campos econômico, social,
cultural e político.
O segundo grande viés de análise trata da inserção do indivíduo nessa
sociedade transformada. Para isso, sua ênfase é relacionada na busca do indivíduo
por um novo sentido da vida e a no novo estilo de vida que tais transformações o
proporcionaram.
Nesse ensaio, estabelece premissas pelas quais estão norteados seus escritos.
O primeiro deles é sua origem filosófica de cunho Marxista, que, em que pese não
seja uma obra voltada propriamente a fins políticos, cumpre deixar claro sua escola
por acreditar que nenhum discurso é isento de influencias, e de tal modo cumprir um
papel de honestidade acadêmica. E a segunda das premissas fixadas diz respeito ao
intuito de não buscar respostas categóricas, mas sim levantar hipóteses sobre
possibilidades eventuais e futuras.
Por fim, cumpre ainda definir as condições iniciais da chamada revolução
tecno-cientifica, que, segundo Schaff, estaria fundada em três segmentos cruciais:
Revolução Informática; Revolução Microbiológica e Revolução Energética.

2 REFLEXOS ÉTICOS DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS NA ECONOMIA

O grande impacto da inserção dos meios tecnológicos na economia diz respeito


a substituição do trabalho humano pelo trabalho robótico, o que ocasionaria uma
eventual massa de desempregados, tornando-se necessário a criação de novos meios
de subsistência de grande parte da população, bem como de novas ocupações para
fins de sanidade mental.
Destes pontos, surgem duas questões de suma relevância, quais sejam, a
quem caberia o sustento dos indivíduos que não encontram mais postos de trabalho
e, o que fariam esses indivíduos com o tempo livre.
Entende Schaff que caberia tão somente ao empresariado o sustento da
população, já que as vagas foram eliminadas por consequência da sua atuação e por
serem estes os beneficiados do empreendimento dessa política. Tal entendimento,
contudo, em que pese possa a primeira aparentar uma aproximação a um modelo
socialista, difere-se frontalmente pois, o ônus recairia sobre os privados e não sobre
o Estado. Em suma, se a sociedade se enriquece com base no desenvolvimento
técnico-cientifico, ela dever arcar com o consequente desemprego.
Nesse sentido, seria necessário o desenvolvimento de mecanismos de
distribuição de renda, sem que, no entanto, haja qualquer afetação ao direito à
propriedade.

3 REFLEXOS ÉTICOS DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS NO CAMPO SOCIAL E


POLÍTICO

O avanço tecnológico, indubitavelmente, sempre envolveu o enfrentamento de


questões éticas, muito mais que uma mudança na forma de produção, atinente ao
campo econômico, opera-se, em verdade, uma transformação em toda a dinâmica
social, cultural e política.
O ócio provocado pelo desemprego tem potencial de gerar inúmeras
enfermidades psíquicas por estar historicamente ligada as buscas diárias do indivíduo
por melhores condições de vida.
Isto porque, ao longo da história, o homem, a todo o momento, buscou a adoção
de técnicas capazes de maximizar a produção, sobretudo em virtude do suprimento
da necessidade iminente de sobrevivência, e, posteriormente, de acumulação de
riquezas. Assim, a sociedade, que inicialmente era nômade, vai paulatinamente
criando raízes culturais e econômicas em um território, constituindo uma nova
formação social, o que se dá, especialmente, em virtude de avanços na técnica de
produção, reflexos do desenvolvimento científico.
Nesse processo, opera-se o surgimento de novas demandas sociais, de sorte
que o trabalho se especializa, originando profissões até então desconhecidas, ao
passo em que outras são sucumbidas ou coexistem, com inúmeras dificuldades, com
a automação.
Não se pode olvidar que as inovações tecnológicas promovem a modernização
e expansão de conhecimentos, facilitando a capilarização de informações, realizando,
em verdade, uma revolução, na maior parte, senão em todos os campos da vida.
Contudo, surge o conflito ético, será que “[...] as tecno-ciências com seu poder
avassalador deixaram de ser um instrumento e um meio de poder a serviço dos
homens e se converteram em sujeito e potência autônoma, abocanhando o homem e
convertendo-o em objeto e instrumento para seus fins.” (DOMINGUES, 2004).
Em que momento a tecnologia e a ciência, concebidas para servir ao homem,
tornaram-se elementos que o ameaçam? Ou mesmo, quais seriam os limites éticos
que permitam o desenvolvimento e protejam o homem? Dentre as inúmeras
abordagens possíveis de realizar, seja no tocante aos riscos ao meio ambiente ou
mesmo nos reflexos éticos da já idealizada personalidade jurídica de robôs, a
formação de um exército de pessoas estruturalmente desempregadas (SCHAFF,
2007, p. 27) se afigura tema de relevante destaque, mormente na atual conjuntura de
desenvolvimento tecnológico.
Mediante a lógica capitalista, mas sendo mais do que isso, o trabalho se afigura
o meio idôneo a possibilitar a conquista dos subsídios imprescindíveis à sobrevivência
humana e satisfação de suas demais necessidades. Trata-se de moeda de troca, visto
que é sinalagmática a relação estabelecida entre as partes imersas na dinâmica do
referido sistema econômico.
Nesse sentido, a problemática reside quando da substituição do trabalho
humano por tecnologias avançadas, que promovam maior produtividade e aceleração,
e, por consequência, lucratividade em níveis jamais alcançados, malgrado os custos
de implementação e manutenção da tecnologia empreendida. Segundo MATTOSO
(2000) “[...] o desemprego é, contraditoriamente, conseqüência do desenvolvimento
do progresso técnico, nas condições próprias ao funcionamento sem controle do modo
de produção capitalista.”. Assim, o prognóstico se afigura negativo, no tocante ao
desemprego, consoante salientado por SCHAFF (2007, p. 43):

É pois um fato que o trabalho, no sentido tradicional da palavra, desaparecerá


paulatinamente e com ele o homem trabalhador, e portanto também a classe
trabalhadora entendida como a totalidade dos trabalhadores.

Assim, as atividades que invistam em criação de novas tecnologias são


favorecidas, tais como as desenvolvidas pelos cientistas, engenheiros, técnicos e
administradores (SCHAFF, 2007, p. 44), ao passo em que aquelas que realizem, em
sua maioria, funções de execução, operárias, sem a necessidade de maiores
elaborações mentais complexas, se veem ameaçadas de drástica redução ou mesmo
extinção. Trata-se de efeito já observado na atualidade, conforme as anotações de
CARVALHO (2018):

O uso de robôs industriais e da automação integral nas linhas de produção,


que chegam a substituir 20 a 30 operários por apenas um, é realidade em
diversos países, inclusive no Brasil. Em diversas partes do Brasil, há
empresas que adotam parcialmente a automação, inovando o processo de
trabalho, embora haja, ainda, aquelas que adotam o Taylorismo como
inovação.

Com efeito, a sociedade convive com um massivo exército de desempregados,


com previsões de acentuação do número até então contabilizado. No contexto social,
é desde já esboçado preocupações com as implicações decorrentes dos impactos da
tecnologia sobre o trabalho, tanto é assim que, ainda para SCHAFF (2007, p. 38),
referindo-se a um futuro próximo, se faria necessário a utilização de uma economia
coletivista, que operaria relevantes mudanças estruturais, inclusive, sob o risco de
enfrentamento de questões de distribuição de renda e violação do direito de
propriedade, a fim de possibilitar o atendimento a interesses coletivos gerais.
No campo político os impactos tecnológicos também se fazem presente, sendo
previsto o possível enfraquecimento dos Estados em razão do extremo fortalecimento
de potências econômicas, tais como as multinacionais. Ademais, para SCHAFF (2007,
p. 57), afasta-se a ideia de uma democracia mais evoluída, em termos de participação
social, até mesmo demonstrando-se cético quanto ao caráter democrático dos tempos
vindouros em que a influência tecnológica será ainda mais acentuada.
Portanto, o desemprego estrutural é uma realidade que demanda
enfrentamento por parte da coletividade e implementação de medidas capazes de
propiciar o desenvolvimento tecnológico, de sorte a promover alguma forma, ainda
que melhorada e desenvolvida, de desempenho do labor humano.
A sociedade contemporânea é configurada como um reflexo de transformações
que impactam diversos segmentos na sociedade, em diversos contextos, como
culturais, sociais e políticos. Essas mudanças foram impulsionadas pelas diversas
transformações geradas socialmente no último século, como a mudança de teorias
políticas, estruturas de governo, enfrentamento de crises econômicas e novos projetos
de combate à inflação, além de construção de novas concepções sociológicas. O
homem como indivíduo social é atingido diretamente pelas alterações proporcionadas
no ambiente social.
O século XX foi marcado por diversas transmutações em todo o mundo,
principalmente no que diz respeito a economia e política que geraram fortes impactos
na sociedade. A revolução industrial foi um dos grandes impulsionadores dessas
transformações.
O homem sempre esteve influenciado pela produção econômica, em
decorrência da necessidade do indivíduo em sempre está se desenvolvendo e
evoluindo. A estagnação é uma circunstância que gera no homem o impulso de
combate. A revolução industrial foi um marco divisor para as alterações refletidos nos
diversos contextos sociais.
A mudança na forma de produção, transformou inicialmente a mentalidade do
indivíduo diante de uma ascensão econômica gerada por essa revolução, como da
mesma forma, de se padronizar diante da nova realidade que a industrialização
proporcionou. Essas mudanças geraram no indivíduo a necessidade se adaptar aos
novos aspectos de liderança, organização, tanto no que se refere ao controle dessas
atividades, como no que se refere aos elementos de crescimento econômico. As
relações sociais também foram transformadas, tornando-se mais complexas e
necessitando de novas análises. Diante de todas essas mudanças, o estudo sobre os
impactos na atuação do estado.
O estado surge como uma instituição de controle das condutas e
comportamentos do homem. Diante dos conflitos sociais que foram gerados com o
desenvolvimento da sociedade, a necessidade de conviver com as diferenças,
respeitar as particularidades do outro, estabelecendo e instituindo os espaços de
atuação social.
A instituição estatal se conceitua como essa entidade responsável pelo
estabelecimento de normas, coordenação das regras e condutas sociais,
desenvolvimento de padronização de comportamentos. Diante dessa necessidade de
regras, a constituição da ética está intrinsecamente relacionada com esse código de
condutas. A essencialidade da configuração da ética está interligada com o
surgimento de políticas que reflitam as mudanças sociais.
No início do século passado foi caracterizado por mudanças radicais e
extremos em diversos contextos da sociedade. A expansão da industrialização,
mudanças na forma de trabalho e as novas perspectivas geradas com elas,
impulsionaram os indivíduos de acordo com o cenário cultural que ele estava inserindo
a se posicionar diante dessas alterações.
A teoria política marxista, que acirrou o debate acerca das consequências
geradas pelo capitalismo, a produção industrial excessiva, desenfreada e
mecanizada. Karl Marx contribuiu essencialmente para as reflexões no que diz
respeito a sua concepção de Superestrutura que está relacionada com a base jurídica-
política e ideológica da sociedade e para o mesmo, essas transformações estão
diretamente interligadas com as mudanças das relações sociais e de trabalho geradas
pelos efeitos pós revolução industrial. E para o mesmo, esses impactos vão gerar a
necessidade do homem, isto é, o trabalhador que participa desse novo modelo de
produção de refletir acerca do seu novo papel social e projetos, pois todas essas
alterações impactam fortemente nele, como ser social.

quanto mais subimos na esfera da superestrutura da sociedade, maior será


a participação dos homens, que serão conscientes de seus objetivos e
estarão em condições de escolher entre as várias opções aquelas que por
alguma razão consideram idôneas. Deste modo, é o próprio homem que
modela seu futuro. (SCHAFF, 2007, p.70)

4 REFLEXOS ÉTICOS DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS NA CULTURA

A formação do indivíduo como um sujeito cultural também foi um outro


importante elemento a ser analisado como fator de transformação perante as
mudanças ocorridas no último século. O desenvolvimento das tecnologias,
principalmente no que se refere aos meios de comunicação, que são veículos de
comunicação.
A volatilidade e a expansão que os processos de comunicação atingiram são
algumas das principais caraterísticas do novo patamar para de extensão comunicativa
proporcionada pelo crescimento da tecnologia. A capacidade da grande conexão, que
encurtam as distâncias entre os participantes do processo de comunicação. As redes
sociais são um dos grandes reflexos das novidades trazidas por essas alterações que
refletiram os meios de comunicação.
A possibilidade de os integrantes exporem suas opiniões, estarem conectados
as redes de informações de forma rápida, integrada e interativa, caracterizam o novo
contexto comunicativo. Os meios de comunicação perpassaram um longo e intenso
de evolução, nos seu diversos segmento, escrito e oral. O desenvolvimento da rádio
e, posteriormente, da televisão que geraram a oportunidade dos telespectadores de
estarem informados nas notícias e evoluíram com o surgimento das mídias sociais.
A informação digital foi um marco divisório e diferencial no que se refere a
comunicação, pois aumentaram as possibilidades de as pessoas exporem conteúdo,
interagirem de forma mais rápida e ter acesso a um maior número de informações.
Esses veículos então se tornam como grandes produtores de cultura e conhecimento,
pois possibilitam a construção de um ambiente de identificação social e o
desenvolvimento de um arcabouço cultural diferenciado.
No entanto, essas transformações tecnológicas refletidas nas esferas
comunicativas, geram uma maior responsabilidade social e ética daqueles que
participam dessas redes.
A potencialidade que essas mídias extensivas geraram na vida das pessoas, é
um dos elementos que aumentam essas responsabilidades, principalmente no que se
refere as mensagens e informações que se baseiam em notícias falsas, conteúdos
infundados e que se aproveitam do teor persuasivo das mídias na divulgação de
julgamentos que ofendem os direitos dos indivíduos.
Diante, desse contexto a discussão sobre a ética e a necessidade do respeito
de normas que controle as condutas nesses novos ambientes é de fundamental
importância para uma comunicação mais responsável.

5 O INDIVÍDUO HUMANO E A SOCIEDADE INFORMÁTICA

Diante das inúmeras transformações oriundas da segunda revolução industrial,


passa-se a questionar que efeitos tais mudanças acarretarão na vida do indivíduo. A
fim de melhor investigar tal questão, se faz necessário, de antemão, esclarecer alguns
pressupostos.
Em primeiro lugar, a concepção de indivíduo não pode ser entendida como
unívoca. Muito pelo contrário, observa-se uma enorme variedade e até mesmo a
incompatibilidade de posições adotadas pelas diferentes escolas de pensamento.
Em segundo lugar, entende-se que o homem é um indivíduo social. Em outras
palavras, a relação do indivíduo com a sociedade determinaria o seu sistema de
valores, os estereótipos que permeiam seu pensamento etc. O indivíduo seria,
portanto, uma formação histórica, um produto das relações sociais.
A ciência de hoje atribui a origem do aspecto cultural da vida humana ao
processo de mútua influência entre os genes e o meio. O indivíduo humano seria
determinado, portanto, pelo seu genótipo, ou seja, pela constituição de seu organismo
 que por sua vez está subordinada à evolução genética  ao qual se sobrepõe o
aspecto cultural do comportamento humano em um processo de co-evolução.
Esse entendimento leva à compreensão de que, à luz da ciência, não mais seria
possível sustentar a ideia de o homem viria ao mundo como uma tabula rasa, uma
folha em branco, como sustentava Locke (2012). Ao contrário, o homem nasceria
como uma folha sobre a qual já estariam registradas as experiências adquiridas
durante a evolução da espécie, constituindo algumas disposições inatas.
Resta ainda, no entanto, espaço para construção. Lorenz (2009) lança mão das
categorias kantianas a priori e a posteriori para explicar que do ponto de vista do
desenvolvimento do indivíduo, a constituição genética de seu organismo e as
disposições inatas decorrentes dela são elementos apriorísticos, ou seja, que
independem da experiência, mas por outro lado, do ponto de vista da evolução da
espécie, a constituição genética do organismo de um indivíduo e as disposições
decorrentes dela são justamente o resultado da experiência histórica, ou seja, são
elementos a posteriori.
Questiona-se o destino do indivíduo entendido deste modo, condicionado e
vinculado socialmente e igualmente único na sua existência individual, diante das
transformações provocadas pela atual revolução industrial. Busca-se responder a tal
questionamento apresentando as possíveis alternativas e soluções nos três níveis da
vida individual: i) a individualidade; ii) o sentido da vida; e iii) o estilo de vida.

6 INDIVÍDUO E SOCIEDADE

No que tange à individualidade, ou seja, a formação e o desenvolvimento da


personalidade e do caráter do indivíduo, as transformações decorrentes da segunda
revolução industrial podem favorecer duas tendências opostas: o individualismo e o
totalitarismo.
O individualismo representa a existência individual sem restrições e orientada
apenas pelo livre arbítrio pessoal e por considerações voltadas exclusivamente para
o próprio interesse. O homem moderno não pode existir fora da sociedade e deve, por
isso, aceitar determinadas regras. Contudo não se nega a necessidade de um
individualismo moderado. Isto significa tentar reservar para si mesmo uma esfera de
intimidade, não entendida como liberdade absoluta de todos os vínculos sociais  o
que considera impossível  mas reduzindo ao mínimo a ingerência e as restrições
sociais na vida privada. Este mínimo indispensável, portanto, dependerá da forma
histórica de uma sociedade determinada e de suas relações sociais determinadas. Em
outras palavras, depende das necessidades humanas historicamente configuradas. O
totalitarismo, por sua vez, seria a subordinação total do indivíduo à sociedade.
Por um lado, o desenvolvimento tecnológico enriqueceria a sociedade, gerando
um padrão de vida mais alto para seus membros e independência material. Logo, as
pessoas seriam mais livres, estariam em melhores condições para defender sua
liberdade, propiciando o desenvolvimento da democracia. Além disso, a abundância
de informações faria com que os cidadãos fossem mais esclarecidos, mais instruídos.
Assim, haveria uma oposição às tendências totalitárias, à limitação da autonomia e da
criatividade pessoais. Também se romperia com o isolamento dos indivíduos e com a
sua alienação.
Por outro lado, a sociedade informática traz também elementos que propiciam
tendências totalitárias, como o uso de dados e informações pessoais do indivíduo para
sua manipulação. Tal possibilidade foi retratada por diversos autores, tais como Orwell
(2009), que descreve o funcionamento do “Ministério da Verdade”, Huxley (2009), que
aborda o condicionamento dos indivíduos, e Zamiátin (2017), com a substituição do
conceito de Eu individual pelo do Nós coletivo na tentativa de alcançar a uniformização
das mentes humanas.

7 O HOMEM À PROCURA DO SENTIDO DA VIDA

O fenômeno do desemprego estrutural causado pela automação e pela


robotização da produção e dos serviços incide imediata e profundamente sobre o
indivíduo, provocando a perda do sentido da vida, ou seja, da consciência do objetivo
pelo qual se vive. Conforme Frankl (2015), isso levaria à formação de um vazio
existencial de caráter patológico, raiz de diversas enfermidades psíquicas.
Na sociedade atual, o trabalho ocupa a posição de motivação fundamental do
agir humano, uma vez que constitui, a um só tempo, fonte dos meios de manutenção
da vida material, tendo em vista as diversas necessidades dos indivíduos em países
industrializados, bem como meio de alcançar determinado status social.
Não se nega que, no futuro, alguns tipos de trabalho permanecerão, alguns
inclusive se fortalecerão, como os trabalhos relacionados à ciência, à arte, ao lazer e
ao tempo livre (turismo, esporte) e que novos trabalhos surgirão. Contudo, aparenta
ser preponderante a tendência da redução das jornadas de trabalho.
No ritmo de desenvolvimento que observamos, as crianças nascidas nos
próximos anos atingirão a idade adulta, ou seja, a idade produtiva, tendo à sua frente
os caminhos do trabalho tradicional bloqueados. Diante dessa conjuntura, vislumbra-
se a necessidade da adoção imediata e urgente de medidas para evitar o agravamento
do mal-estar social pelo desemprego estrutural.
Alguns defendem que não haveria necessidade de adotar medidas preventivas
para o vazio existencial oriundo da segunda revolução industrial, pois o próprio passar
do tempo se encarregaria espontaneamente de eliminar os distúrbios no
funcionamento do mecanismo social oriundos das mudanças da tecnologia de
produção, tal como ocorrera em outros momentos. Tal atitude de não interferência
consistiria em uma irresponsabilidade social, uma vez que não levaria em conta nem
os custos sociais de um tal desenvolvimento espontâneo nem a possibilidade de tal
operação não se mostrar tão eficaz quando havia sido nas condições totalmente
diversas do passado.
Outros defendem que o homem seria capaz de viver muito bem sem trabalhar,
conforme as experiências dos povos primitivos e dos membros da aristocracia do
passado. Não levam em conta que tanto os povos primitivos quanto a aristocracia do
passado tinham modos de vida distintos do homem da sociedade contemporânea,
com outras ocupações constituindo o sentido de suas vidas. Não se pode esquecer
que o homem é um ser social e suas necessidades são produtos históricos.
Observa-se, portanto, que o sentido da vida humana sempre foi constituído por
alguma de suas atividades, não necessariamente o trabalho, como é atualmente.
Assim, a fim de se evitar o mal-estar decorrente da perda do sentido da vida, o trabalho
tradicional deve ser substituído por outra ocupação distinta, mas que assuma a sua
posição de fonte dos meios de subsistência e de fator determinante do status social.
A educação permanente, ideia que remonta a utopia da república aristocrática
de Platão (2000) e de Aristóteles (2018), serviria nesse contexto ao propósito de
motivar o agir humano. Surgiria não só como uma possibilidade, mas como uma
necessidade a figura do homo studiosus, o mais próximo da realização do homo
universalis, indivíduo dotado do conhecimento das mais diversas áreas do
conhecimento, ideia até então utópica.
8 CONCLUSÃO

O presente trabalho teve por objetivo mostrar como a obra, de maneira geral,
se classifica como futurologia sócio-política e tenta prever o que irá acontecer com a
sociedade quando a robotização atingir seu auge, e as causas positivas e negativas
que isto ira acarretar para nossa sociedade.
O autor sempre se volta ao percurso desenvolvido na sua obra para nos indagar
o que o futuro irá nos reservar, com a intenção de formular, o mais precisamente
possível, todos os problemas ligados a esta questão, com intuito de ressaltar suas
prováveis implicações e, se possível, apontar soluções.
Procuramos mostrar as considerações feitas pelo autor, suas preocupações,
suas abordagens, assim como qual os problemas assumirão um caráter global. Diante
de todos os problemas das consequências sociais da chamada revolução técnico-
científica, e como vamos resolve-los ou qual caminho deve se tomar para chegar a
melhor solução.
Por fim, concluímos que há uma atenção voltada para como os indivíduos vão
conduzir suas vidas nas sociedades futurísticas; o homem vai em busca de um novo
estilo de vida e de novas crenças, pois a mudança trazida pela robotização vai
esvaziar os padrões de vidas e até de crenças já existidos, tendo em vista que nessa
sociedade há um acesso completo as informações e o tempo livre é o principal ponto
que precisará ser preenchido pelo homem.
A LOOK INTO THE FUTURE:

THE PARADIGM OF ETHICS AND TECHNOLOGICAL ADVANCES

Bartira Magalhães Rodrigues

Caio César Santos de Santana

Hortência Jesus Ferreira de Sousa

Paula Andressa Sousa Tenório

Vanessa Calvão Trindade

ABSTRACT

The present article intends to make a critical analysis of the book "Informatic society",
considering the ethical effects of the technological advances in diverse fields of
analysis, as done by its author, Adam Schaff, tracing parallels with thoughts of other
writers of great relevance for the subject, as well as contemporary aspects that are
important to the debate. Initially, an examination is made of the consequences of the
Second Industrial Revolution, its possible unfolding and the trends arising from this
phenomenon in relation to social aspects. After delimiting the context in which
individuals are inserted and in which they must act, we proceed to analyze the human
individual itself and its possible destiny in the face of the ongoing transformations, from
the perspective of three distinct aspects of individual life: individuality, the meaning of
life and the way of life. Finally, the permanent education project is described, consisting
in an appropriate substitute for traditional word and a preventive measure to be
urgently implemented in order to avoid the worsening of social unrest resulting from
structural unemployment caused by the automation of production and services.

Keywords: Informatic society. Adam Schaff. Second industrial revolution.


Technological development. Automation. Individual. Ethics.
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