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Miguel Ferreira,
Luís Miguel Ferros, Vítor Fernandes
KEEP SOLUTIONS
Rua Rosalvo de Almeida
4710-429 Braga
Tel: +351 253066735
E-mail: {mferreira, lmferros, vfernandes}@keep.pt
Algumas das suas características mais assinaláveis são: A taxonomia de avaliação é constituída por vários
critérios, cada um destes composto por vários
• Interfaces amigáveis para bibliotecários e subcritérios de avaliação. O primeiro subconjunto de
utilizadores critérios é genérico e comum a todas as famílias de
• Suporte para UNIMARC software open-source. Este designa-se por “Critérios
• Z39.50 gerais” e visa medir aspetos do software que são
• Geração de códigos de barras independentes da sua “família aplicacional”. Este
• Interfaces para a realização de backups da base conjunto de critérios é composto por 4 subcritérios que
de dados procuram medir a qualidade do software no que diz
• Suporte para vários idiomas (francês, inglês, respeito às boas-práticas de desenvolvimento e
espanhol, italiano e português) disseminação de software open-source. Estes
• Importação e exportação de registos subcritérios dividem-se em:
bibliográficos em vários formatos
• Suporte para o protocolo OAI-PMH 1. Sustentabilidade - tem que ver com a
durabilidade do software e baseia-se em
METODOLOGIA DE QUALIFICAÇÃO E SELEÇÃO DE critérios como longevidade, nível de adoção,
SOFTWARE OPEN-SOURCE modelo de desenvolvimento de software
(centralizado vs. descentralizado), nível de
Uma organização, perante a necessidade de selecionar atividade em torno do projeto, etc.
um novo software para integrar o seu conjunto de 2. Industrialização – diz respeito à diligência e
sistemas de informação, necessita de analisar, profissionalismo com que o desenvolvimento
objetivamente, os vários fatores que poderão contribuir do software é coordenado e com as garantias
para a adoção de um dado software em detrimento de que poderão ser dadas aos utilizadores pelo
outro (e.g. requisitos técnico-funcionais, preço, ecossistema de fornecedores de serviços, e.g.
alinhamento com a estratégia da organização, serviços de formação, manutenção e suporte,
alinhamento com a infraestrutura existente, etc.). consultoria, existência de documentação de
qualidade, metodologia de controlo de
O software não-comercial possui características qualidade, forma como é distribuído, etc.
próprias que o distingue dos seus concorrentes 3. Operacionalidade - compreende as diversas
comerciais. Por exemplo, existe sempre uma dimensões que dizem respeito à facilidade de
componente de risco associada à implementação de um uso do software, e.g. facilidade em instalar,
software open-source pelo facto de se tratar de software administrar e utilizar.
sem garantias e sem um “rosto identificável” a quem se 4. Adaptabilidade - facilidade com que o
possa recorrer numa eventual situação de falha. software pode ser estendido ou modificado
para suprir necessidades não oferecidas de
A metodologia QSOS foi concebida para qualificar, base, e.g. modularidade, extensibilidade,
selecionar e comparar software livre ou open-source de capacidade de modificar o código fonte e de
uma forma objetiva, replicável e baseada em factos. integrar com outros sistemas, etc.
Desenvolvida pela empresa Atos Origin, esta
metodologia foi desenhada e publicada com uma Os restantes ramos da taxonomia são tipicamente
licença GNU Free Documentation License, Version 1.2 definidos de acordo com a família de software sob
(Semeteys et al., 2006). A mesma empresa desenvolveu análise. No caso do software de gestão integrada de
e faculta ferramentas de software que auxiliam na bibliotecas optou-se pela inclusão do seguinte conjunto
aplicação da metodologia. de critérios: 1) módulos e funcionalidades; 2)
amenidades (i.e. extras incluídos no software que
A metodologia QSOS é composta por 4 passos: embora não sejam essenciais ao seu funcionamento,
são, contudo, bem-vindos); e 3) aspetos técnicos
1. Definição – constituição de uma taxonomia de específicos (i.e. requisitos técnicos que vão para além
avaliação composta, pelo menos, pelos seguintes das necessidades funcionais do software).
domínios fundamentais: cobertura funcional,
riscos para o utilizador e riscos para o fornecedor
de serviço; Avaliação do software
2. Avaliação – avaliação do software com base nos
critérios definidos na taxonomia anteriormente As 3 soluções em análise, PMB, Evergreen e Koha,
criada; foram avaliadas segundo os seguintes macro critérios de
topo: Com base no vetor PNBN, a metodologia QSOS foi
aplicada aos 3 sistemas, i.e. PMB, Evergreen e Koha, e
1. Critérios gerais foi encontrada a solução open-source mais ajustada às
2. Módulos e funcionalidades necessidades das bibliotecas portuguesas.
3. Amenidades
4. Aspetos técnicos específicos Tabela 1 - Pesos atribuídos aos vários critérios de
avaliação.
Para cada um dos critérios apresentados, foram ainda
identificados subcritérios e indicadores que permitem Critério Peso Peso
Atribuído Normalizado
medir o nível de cumprimento do software face ao
Critérios gerais 5.00 0.25
critério estabelecido.
Sustentabilidade 3.81 0.23
Industrialização 4.07 0.25
A taxonomia completa de avaliação, incluindo os
Operacionalidade 4.07 0.25
valores das avaliações, encontra-se disponível para
consulta em-linha em Adaptabilidade 4.35 0.27
http://www.qsos.org/o3s/set_weighting.php?family=SI Módulos e funcionalidades 5.00 0.25
GB. Aquisições 5.00 0.20
Catalogação 5.00 0.20
Periódicos 5.00 0.20
Qualificação Empréstimos 5.00 0.20
OPAC 5.00 0.20
Para proceder a uma correta avaliação do software, é Amenidades 5.00 0.25
fundamental pesar cada um dos critérios e subcritérios Ergonomia e facilidade de
da taxonomia de avaliação de acordo com a importância 5.00 0.25
utilização
dada pela organização que pretende adotar o software. Acessibilidade 5.00 0.25
Capacidades editoriais 5.00 0.25
Assim, como fatores de ponderação na aplicação da Gestão de permissões 5.00 0.25
metodologia, i.e. o peso/importância atribuída aos Aspetos técnicos específicos 5.00 0.25
diversos critérios de avaliação identificados, utilizamos Funcionalidades de supervisão e
o Perfil Médio das Necessidades do Bibliotecário administração
5.00 0.33
Nacional (PNBN).
Idiomas e internacionalização 5.00 0.33
Normas suportadas (e.g. Z39.50,
Uma amostra de 63 questionários anónimos foi
MARC 21, UNIMARC, OAI- 5.00 0.33
processada e utilizada para definir o vetor PNBN. Este
PMH)
vetor foi utilizado para determinar a importância dada a
cada um dos subcritérios que fazem parte do ramo da
taxonomia de avaliação designado por “Critérios RESULTADOS
gerais”. A utilização deste vetor permitiu-nos obter um
ranking das soluções que melhor satisfazem as Após a aplicação da metodologia QSOS, e
necessidades do bibliotecário médio nacional. considerando a taxonomia de avaliação anteriormente
apresentada, conjuntamente com os pesos atribuídos
O vetor foi obtido através da aplicação de um pelos bibliotecários inquiridos, obtivemos os resultados
questionário aos bibliotecários presentes numa apresentados na Tabela 2.
workshop realizada no ISCTE - Instituto Universitário
de Lisboa no passado dia 20 de Abril de 2012. Nesta Para cada um dos critérios, foi dada uma pontuação
workshop estiveram representados profissionais de inteira entre 0 e 2 de acordo com a seguinte regra geral:
praticamente todas as tipologias de bibliotecas, tais • 0 pontos – o sistema não oferece suporte para o
como universitárias, empresariais, municipais, critério em questão;
departamentais, escolares, pessoais, entre outras. • 1 ponto – o sistema suporta o critério, mas não
totalmente;
As respostas dadas pelos participantes estavam de • 2 pontos – o sistema suporta totalmente o
acordo com uma escala Likert de 5 posições que critério.
variavam entre o “Valorizo pouco” (representado
quantitativamente com o valor 1) e o “Valorizo muito” O valor atribuído a cada um dos critérios é
(representado com o valor 5). Cada subcritério foi posteriormente multiplicado pela importância/peso
apresentado através de uma ou mais situações que dado ao respetivo critério de modo a obter uma
deveriam ser classificadas pelo bibliotecário. As pontuação para cada par software/critério. É importante
questões incluídas no inquérito podem ser consultadas referir que anteriormente à multiplicação, os pesos são
no Apêndice I onde são também apresentados os normalizados dividindo o valor de cada peso pelo
valores médios obtidos para cada questão e o seu desvio somatório dos pesos num determinado nível da
padrão. taxonomia de avaliação. Assim, a título de exemplo, o
peso associado ao critério “sustentabilidade” é
Para os restantes critérios de avaliação, uma vez que normalizado de acordo com a seguinte fórmula:
dependem das necessidades específicas de uma dada PNorm(sustentabilidade) = 3.81 / (3.81 + 4.07 + 4.07 +
organização/implementação foram atribuídos pesos 4.35) = 0.23 (Tabela 1).
iguais, deste modo, potenciando de igual modo a
classificação dos vários sistemas em análise (Tabela 1). A Tabela 2 apresenta as pontuações obtidas por cada
sistema para cada um os critérios e subcritérios de
avaliação. As pontuações vencedoras para cada um dos Aquisições e Catalogação mais aprimorados que os do
critérios encontram-se assinaladas a negrito. Koha - e “Aspetos técnicos específicos” - por possuir
um módulo de estatísticas mais completo e oferecer
As pontuações dos critérios de nível superior são mais facilidades ao nível da tradução do sistema.
obtidas calculando o somatório das pontuações obtidas
pelos seus subcritérios (após multiplicação pelo Tabela 3 – Sumário de resultados da avaliação dos
respetivo peso normalizado). sistemas PMB, Evergreen e Koha.
APÊNDICES
Peso
Desvio
Critério Subcritério Situações expostas do inquérito aplicado médio
padrão
[1-5]
Maturidade O software já existe há vários anos (e.g. mais de 5 anos). 3.60 0.85
O software encontra-se implementado em muitas instituições de
Nível de adoção 4.03 0.76
referência.
Existe uma comunidade ativa de utilizadores (e.g. eventos,
Nível de atividade de utilização 4.03 0.76
fóruns de discussão, chats, sites Web, etc.)
Sustentabilidade Nível de atividade do São lançadas novas funcionalidades do software com elevada
3.78 0.81
(𝑋 = 3.81) desenvolvimento frequência (e.g. mais de duas vezes por ano).
São lançadas novas versões do software com correções de
Nível de atividade do
problemas com elevada frequência (e.g. mais de duas vezes por 3.95 0.92
desenvolvimento
ano).
O software é desenvolvido por várias entidades, i.e. não existe
Modelo de desenvolvimento 3.46 0.89
um único responsável pelo desenvolvimento.
Existe bastante documentação escrita sobre o software (e.g.
Documentação 3.86 1.09
livros, manuais de instalação, utilização, etc.)
Existem entidades perfeitamente identificadas capazes de
Serviços associados 4.16 0.81
Industrialização fornecer formação na utilização do software.
(𝑋 = 4.07) Existem entidades capazes de dar suporte ao software e aos seus
Serviços associados 4.22 0.83
utilizadores.
Existem entidades capazes de desenvolver ou oferecer serviços
Serviços associados 4.05 0.83
de consultoria em torno do software.
Facilidade de utilização O software é fácil de utilizar. 4.40 0.68
Operacionalidade
O software oferece interfaces para administração para todas as
(𝑋 = 4.07) Facilidade de administração 4.38 0.77
suas funções/módulos.
O software é modular (i.e. ao invés de ser composto por apenas
Modularidade 4.24 0.76
Adaptabilidade um módulo).
(𝑋 = 4.35) O software facilita a integração com outros sistemas através do
Extensibilidade 4.46 0.67
desenvolvimento de novas funcionalidades.