Fichamento: SAVIANI, Dermeval. Sistema de educação: subsídios para a Conferência Nacional
de Educação (Conae), 2009. In QUEIROZ, Arlindo Cavalcanti. GOMES, Leda (Org.). Conferência Nacional de Educação (Conae), 2010- Sistema Nacional Articulado de Educação e o Plano Nacional de Educação. INEP, Brasília v.15, n.44, p. 380-412, maio/ago. 2010
O autor inicia situando a respeito do texto encaminhado como subsidio à
preparação da conferência Nacional de Educação (CONAE). Nele, o mesmo procurou a reunião de elementos teóricos e históricos com fim a auxiliar na compreensão da temática referente ao Sistema Nacional de Educação e ao Plano Nacional de Educação (PNE). Bem para no final apresentar indicações sobre o problema prático-politico envolto nos supracitados assuntos. É deixado claro que, para o autor, o sistema educacional é resultado da educação sistematizada. É exposta a visão de que o termo “sistema” não se aplica ao sistema em si, mas as partes que o constitui. Assim, tem-se a impressão de se tratar de coisas diferentes o que na verdade são apenas partes de um sistema educacional. Mais adiante, o autor descreve como o sistema nacional de ensino exerce importante função na erradicação do analfabetismo nos países em que é implantado. Assim, tendo em conta que o Brasil não se encontra nesses países, Saviani considera alguns obstáculos que impediram a eficaz instituição do Sistema Nacional de Educação: I) Obstáculos econômicos tendo em vista uma suposta resistência à educação pública no Brasil; II) Descontinuidade em políticas educativas, o que gera um obstáculo político; III) obstáculos filosófico-ideológico, que seriam a predominância de ideias avessas ao estabelecimento da educação na forma de sistema nacional; IV) por fim, obstáculos legais materializados na resistência a proposta, que advogavam a respeito de uma suposta inconstitucionalidade. Sobre o Sistema Nacional de Educação, o mesmo é definido como “unidade dos vários aspectos ou serviços educacionais (...) intencionalmente reunidos de modo a formar um conjunto coerente e que opera eficazmente no processo de educação da população de determinado país”. destaca-se ainda que sistema diz respeito a unidade na diversidade. Em suma, uma unidade monolítica seria tão contrária à ideal de sistema quanto uma multiplicidade desarticulada. Ainda, além de não existir qualquer empecilho no fato do Brasil ser uma federação para com o Sistema Nacional de Educação, segundo o autor, tal característica ainda é favorável ao estabelecimento deste último, justamente por conta de suas evidentes idiossincrasias. Assim, tendo em vista a federação brasileira, e sua Constituição Federal, o Sistema Nacional de Educação vem como a forma plena de organização do campo educacional. A sua construção fluiria então dos dispositivos constitucionais que são regulamentados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e obrigariam todos os integrantes em território nacional, preservando, entretanto, um grau de autonomia aos estados e aos municípios, não muito grande nos primeiros e muito mais enxuto nos últimos. A posteriori, Saviani faz diversas defesas e esclarecimentos a respeito da nacionalização do ensino. Inicialmente, recorre à história para afirmar que quando o processo de municipalização foi pretendido em meados do século XIX, não resultou em autonomia, mas em copias do padrão da capital. Ainda, o processo pode resultar em desigualdade e retrocesso, haja vista as condições diversas de cada município. Sobre especificamente a consolidação do Sistema Nacional, o autor defende que a adesão dos estados e municípios não deve ocorrer a posteriori, mas propriamente na sua elaboração e construção, ativamente e de forma deliberativa e integral, não parcial. Demostra ainda que um sistema meramente articulador teria grande risco de pouco mudar a situação, dando permanência à conjuntura que sucumbe a educação a interesses locais. Se reforça ainda a questão do caráter público da educação, afirmando ainda que não se deve transigir com as instancias particulares. Por ser ação de Estado, é nesse nível que engloba os particulares, mas sem, entretanto, transferir a ação da educação para outros setores, o que seria na opinião do autor um retrocesso. A instancia normativa e deliberativa, pondera o autor, será exercida pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) que em analogia com o campo político exerceria funções de legislativo e judiciário, bem como seria autônomo do Ministério da Educação (MEC) e composto não por representantes de entidades sociais mas sim por pessoas que atendem qualificações decorrentes da experiencia na educação. Por fim, é salientado que a educação deve estar além do simples formar mecanicista, atendo-se para busca da real compreensão e interpretação dos processos educacionais e cotidianos. Se deixa claro que não se propõe ideia semelhante a um menosprezo das “ciências duras”, mas a procura de se integralizar as diversas esferas do conhecimento “para promover o pleno desenvolvimento da pessoa e o preparo para cidadania.”. Após realizar uma retomada histórico a respeito do Plano Nacional de Educação (PNE) no Brasil. O autor aborda a respeito da atualidade. O Que se encontrava em vigor à época do artigo avia resultado de duas propostas, bem como resultava historicamente de uma serie de evoluções. Haja vista o fato de que a vigência do Plano se esgotava em 2011, o autor tece algumas considerações. A nova formulação deveria repensar a estrutura e se concentrar nos aspectos fundamentais, enxugando assim o texto e reduzindo metas, para viabilizar assim acompanhamento e controle em diversas instâncias.