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Redes de ensino; Articulação; Trio gestor

Como atua o trio gestor


Saiba como três redes de ensino se estruturaram para
garantir o perfeito encaixe do trabalho de supervisores,
diretores escolares e coordenadores pedagógicos
GESTÃO ESCOLAR
Amanda Polato
Paula Nadal

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reportagens!

Fazer uma escola


atingir bons
resultados na
aprendizagem
dos estudantes e
oferecer uma
Educação de
qualidade é uma
Ilustrações: Cássio Bitencourt. Clique para ampliar responsabilidade
complexa demais
para ficar na mão de apenas uma pessoa. Por muito tempo, somente o
professor foi responsabilizado por isso. Porém a sociedade foi percebendo
que o profissional da sala de aula, sem a formação adequada e o apoio
institucional, não é capaz de atingir sozinho os objetivos educacionais
almejados. Dos anos 1970 para cá, uma série de pesquisas, realizadas
principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra, apontou que a atuação de
outros atores também influencia no desempenho dos alunos. Entre eles, está
a dos profissionais que compõem a equipe gestora da escola. São eles:

- o diretor, responsável legal, judicial e pedagógico pela instituição e o líder


que garante o funcionamento da escola;

- o coordenador pedagógico, profissional que responde pela formação dos


professores; e

- o supervisor de ensino, representante da secretaria de Educação que dá


apoio técnico, administrativo e pedagógico às escolas, garante a formação de
gestores e coordenadores e dinamiza a implantação de políticas públicas.

Como as diversas partes de um jogo de encaixe, essas funções se articulam


formando um bloco coeso para garantir o sucesso da aprendizagem. A
denominação dos cargos varia de acordo com a rede e eles podem ser
exercidos por uma ou mais pessoas. "A gestão da Educação exige
planejamento, estabelecimento de metas, manutenção de recursos e
avaliação. Se essas bases não são estruturadas em comum, em especial por
esse trio gestor, nunca existirá de fato uma rede de ensino", afirma Cybele
Amado, diretora do Instituto Chapada, que dá consultoria educacional a 26
municípios da chapada Diamantina, no interior da Bahia.

Rede com foco e formação permanente

Um trabalho em conjunto bem realizado leva a escola a bons resultados. A


pesquisa Práticas Comuns à Gestão Escolar Eficaz, realizada pela Fundação
Victor Civita no ano passado, comparou as iniciativas de gestão de escolas
com desempenhos similares na Prova Brasil e concluiu: as que têm mais
proximidade com a Secretaria de Educação se saem melhor na avaliação. O
relacionamento é tão mais estreito quanto melhor e mais efetiva for a
atuação do supervisor nas diversas unidades de ensino. Entre os diversos
papéis que ele desempenha, os mais estratégicos são monitorar a
implantação e a continuidade de políticas públicas, evitando que a rede perca
o foco, acompanhar e apoiar o desenvolvimento do projeto político
pedagógico das escolas e fazer a formação de diretores e coordenadores
pedagógicos.

É preciso ressaltar que muitas redes ainda não têm uma estrutura que
permita a integração do trio gestor. Noutras, mesmo com a existência das
funções, não há uma cultura de colaboração. "Muitas vezes, existe um
embate entre os profissionais e o trabalho simplesmente não sai: o diretor
acha que o supervisor não sabe o que ocorre dentro da escola e rejeita
orientação, mas, ao mesmo tempo, demanda providências da Secretaria para
fazer uma boa gestão", conta Helenice Maria Sbrogio Muramoto, professora
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e doutora pela Universidade de
São Paulo com a tese Ressignificando a Supervisão Escolar.

É quando o jogo de encaixe fica com as peças embaralhadas e


desconectadas. De fato, é muito comum ouvir gestores se queixando de que
os supervisores vão às escolas somente para fiscalizar e dar ordens. Estes,
por sua vez, reclamam que aqueles não sabem administrar e os
coordenadores pedagógicos não formam os professores - e por isso alguns
assumem essa função diretamente, deixando os coordenadores à margem
do processo. Sentindo-se excluídos, esses últimos alegam que os
supervisores não têm os conhecimentos didáticos necessários para orientar a
equipe docente. Enfim, "picuinhas" que não levam a lugar nenhum e podem
ser superadas quando a Secretaria oferece condições para o trabalho em
conjunto e cria uma rotina de cooperação e responsabilização pelos
resultados do ensino.

Nesta reportagem, vamos mostrar o papel de cada um dos elementos do trio


gestor e como três redes de ensino de dimensões e problemas distintos
montaram seus organogramas para garantir um trabalho conjunto eficiente.

A função de cada um e o trabalho em conjunto

O diretor é o gestor escolar por excelência, aquele que lidera, gerencia e


articula o trabalho de professores e funcionários em função de uma meta: a
aprendizagem de todos os alunos. É ele quem responde legal e judicialmente
pela escola e pedagogicamente por seus resultados - essa última atribuição, a
mais importante, é às vezes esquecida.

Já o coordenador pedagógico deve ser o especialista nas diversas didáticas e


o parceiro mais experiente do professor. É ele quem responde por esse
trabalho junto ao diretor, formando assim uma relação de parceria - e
cumplicidade - para transformar a escola num espaço de aprendizagem. O
que ocorre em muitos casos é que, sem formação adequada, ele acaba
assumindo funções administrativas - e a formação permanente fica em
segundo plano ou desaparece.

O supervisor, terceira peça do trio gestor, é o funcionário destacado pela


Secretaria de Educação, geralmente um educador, para dar apoio às escolas e
fazer a interface do Executivo com elas. As redes mais bem estruturadas
dispõem de uma equipe de supervisores que divide responsabilidades e se
articula para fazer a orientação dos diretores e apoiá-los nas questões do dia
a dia, formar os coordenadores pedagógicos e os professores e garantir a
implementação das políticas públicas, que são as orientações oficiais que dão
unidade à rede. Beatriz Gouveia, coordenadora do Programa Além das Letras,
do Instituto Avisa Lá, em São Paulo, que também faz formação de
educadores, afirma que esses técnicos da Secretaria devem ser os grandes
parceiros da equipe escolar: "Com a experiência que têm, eles podem
garantir as condições para que todas as escolas tenham um bom
desempenho".

Redes rurais precisam vencer distâncias

Até 2000, os professores de classes multisseriadas do município de Ibitiara, a


420 quilômetros de Salvador, trabalhavam isoladamente e não tinham
contato com os colegas. "Não havia planejamento pedagógico nem
acompanhamento do trabalho docente", conta Gislayni Araújo, a atual
secretária de Educação. "Foi preciso criar um plano de cargos e salários e
capacitar uma equipe técnica para formar gestores", diz Cybele Amado,
coordenadora do Instituto Chapada.

A rede, que tem 46 escolas - apenas três urbanas - e cerca de 3,6 mil alunos,
criou o setor pedagógico - subdividido em diretoria pedagógica (formação dos
diretores) e supervisão técnica (acompanhamento do trabalho de oito
coordenadores pedagógicos). Cada coordenador, por sua vez, cuida da
capacitação dos professores de um núcleo, que reúne sempre de cinco a oito
escolas ou, na maioria das vezes, classes multisseriadas (veja quadro abaixo).

Aproximação pedagógica
Ibitiara, no interior da Bahia, optou por fazer formações em grupo e individuais e, pelo
menos uma vez por mês, todos os supervisores, diretores e coordenadores
pedagógicos se reúnem para discutir questões institucionais, como projetos e a
participação dos pais nas escolas. Anualmente, esse mesmo grupo define as políticas
públicas a serem implementadas.

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infográfico em tamanho legível

No início do ano letivo, a diretora pedagógica, Valéria Bagues, agenda todas


as reuniões do ano com os diretores. O mesmo fazem os supervisores
técnicos, Reinaldo Vieira e Celma Alves, com os coordenadores pedagógicos.
Eles marcam também os encontros em que os dois grupos terão formação
em conjunto. "Todos analisam os dados da escola, vão em busca de soluções
e se responsabilizam pelos resultados", diz Gislayni. O Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de Ibitiara mostra como essa
estrutura melhorou o desempenho da cidade: nas séries finais, a nota passou
de 3,6, em 2005, para 4,4, em 2007, ficando acima da meta, que era de 3,7.
Solange Alves de Souza Araújo é a coordenadora pedagógica do núcleo Lagoa
do Dionísio e tem oito escolas sob sua responsabilidade: "Antes, ninguém
fazia plano de aula e avaliação diagnóstica. Hoje, compartilho esse trabalho
com a diretora". Maria Hélia Oliveira Araújo é diretora da EM José Pereira de
Araújo e está no núcleo de Solange: "Eu, a Solange e a Valéria estudamos
juntas as questões importantes, como merenda escolar, legislação e como
implementar as demandas do Ministério da Educação".

O desafio de criar e manter políticas públicas

Numa cidade de porte médio como Joinville, a 180 quilômetros de


Florianópolis, o dilema da Educação até o ano passado dizia respeito à falta
de comunicação entre a Secretaria e os educadores. "Cada escola era
gerenciada de uma maneira e os professores seguiam as mais variadas
metodologias", afirma Rosânia Campos, gerente da Unidade de Gestão de
Ensino da Secretaria Municipal de Educação. No início de 2009, foi iniciada
uma reestruturação, que ainda está em curso e deve ser finalizada este ano.

A rede é composta por 641 escolas, divididas em 14 diretorias. O primeiro


passo foi criar uma coordenadoria para cada segmento de ensino e um
núcleo para cada área disciplinar (veja o infográfico abaixo) para cuidar da
formação continuada e em serviço dos gestores. Os núcleos de Arte,
Educação Física, Educação Especial e Educação Ambiental dão suporte aos
gestores e professores da Educação Básica nessas questões específicas. Já as
coordenadorias têm em seus quadros supervisores de área, que visitam
periodicamente as escolas para saber das demandas e orientar os
supervisores escolares (nome dado aos profissionais que fazem a formação
dos professores na escola). Este ano, esse grupo deve começar a receber o
acompanhamento específico de outro supervisor.

Comunicação ágil
Uma cidade de porte médio como Joinville preocupou-se em fazer com que a formação
continuada e em serviço fosse uniforme para toda a rede para que as políticas públicas
se viabilizem. Para isso, criou núcleos para atender toda a Educação Básica
(Educação Especial, Ambiental etc.) e a supervisão por área (Língua Portuguesa,
Geografia etc.) para cada segmento de ensino.

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O trabalho dos trios gestores, no ano passado, se concentrou em vencer os


desafios da implantação do Ensino Fundamental de nove anos e em tornar as
escolas municipais inclusivas. "Estamos tendo sucesso na formação dos
docentes, que começam a entender e aplicar os princípios da inclusão e a
saber que todas as crianças, com a atenção adequada, são capazes de
avançar no aprendizado", afirma Valdirene Stiegler, supervisora do Núcleo de
Educação Especial.
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Redes grandes? Formação com multiplicadores

O gigantismo de redes de ensino como a estadual paulista é um problema:


como diminuir a distância entre o centro das decisões e as escolas situadas
em localidades distantes - e atender todas da mesma maneira? De que forma
fazer com que as políticas públicas cheguem a todas as 5.463 unidades? Há
três anos, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo se reestruturou
para fortalecer o papel dos supervisores de ensino (hoje são 1.546
supervisores, distribuídos em 91 diretorias). "Um supervisor deve cuidar de
no máximo cinco escolas para que todos tenham uma agenda de visitas
regulares", afirma Valéria Souza, coordenadora de projetos da Secretaria. Ela
conta que a rede sempre contou com supervisores, porém até recentemente
o papel deles era fiscalizador. "Queremos um profissional propositivo e
facilitador do trabalho do coordenador e do diretor."

O foco do trio gestor tem sido a formação: o supervisor cuida dos


coordenadores e diretores, que, por sua vez, formam os professores (veja
infográfico abaixo). O diretor pode - e deve -- participar dos horários de
trabalho pedagógico coletivo (HTPC), mas seu principal papel é garantir que a
formação ocorra, reservando espaços e horários e providenciando materiais.
O coordenador é o responsável pelas ações pedagógicas e tem a função de
relatá-las ao diretor, explicando as que deram bons resultados e indicando o
que precisa ser melhorado. Os resultados são discutidos e levados ao
supervisor, que ajuda a pensar estratégias para superar os problemas.

Formação multiplicadora
Para dar conta do gigantismo da rede, o estado de São Paulo optou por vários tipos de
formação: ela pode ser presencial ou a distância, feita diretamente pela Secretaria ou
pelas diretorias de ensino. Coordenadores, diretores e supervisores de uma região
também se reúnem para a troca de experiências.

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infográfico em tamanho legível

Elianeth Dias Kanthack Hernandez, supervisora da diretoria de ensino de


Assis, a 440 quilômetros de São Paulo, monta um plano de ação de acordo
com as necessidades das quatro escolas que estão sob sua responsabilidade:
"Priorizo as que têm mais dificuldades". Sirley Tronco, diretora da EE
Professora Noemia Garcia Ciciliato, em Florínea, a 40 quilômetros de Assis, é
uma das diretoras que conta com o apoio de Elianeth. "Agora fazemos
diagnósticos mensais para ver como os alunos têm avançado", destaca. Flávia
Viana de Lima Pignataro, coordenadora da escola, diz que segue o trabalho
dos professores e registra tudo para compartilhar com os outros profissionais
do trio gestor. Todas as semanas, ela se reúne com a supervisora para falar
sobre a formação dos professores e receber orientações.

Quer saber mais?

CONTATOS
Instituto Avisa Lá
Instituto Chapada
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
Secretaria Municipal de Educação de Ibitiara, R. Bela Vista, s/n, 46700-000, Ibitiara, BA, tel. (77) 3647-2406
Secretaria Municipal de Educação de Joinville, R. Itajaí, 390, 89201-090, Joinville, SC, tel. (47) 3431-3000

Endereço da página:

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http://www.avisala.org.br
http://www.institutochapada.org.br
http://www.educacao.sp.gov.br

Publicado em NOVA ESCOLA Edição 6, 01 de Fevereiro de 2010

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