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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO................................................................................... 9
CAPITULO 1
VISÃO GERAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO.......................................................................... 9
CAPITULO 2
AGENTES ECONÔMICOS E INSTITUCIONAIS.............................................................................. 14
CAPITULO 3
A ESTRUTURA DO NOVO MODELO PARA O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO................................... 27
UNIDADE II
PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL...................... 43
CAPITULO 1
ENERGIA HIDRELÉTRICA........................................................................................................... 45
CAPITULO 2
A GERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DE BIOMASSA.................................................................... 50
CAPITULO 3
A ENERGIA EÓLICA................................................................................................................. 59
CAPITULO 4
A ENERGIA SOLAR................................................................................................................... 61
CAPITULO 5
A ENERGIA GEOTÉRMICA........................................................................................................ 65
CAPITULO 6
A ENERGIA OCEÂNICA........................................................................................................... 68
CAPITULO 7
INOVAÇÃO E PESQUISA EM ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL ............................................... 73
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 75
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
A evolução em um país depende de vários fatores tais como o econômico, social, politico,
industrial, acadêmico etc. associados entre si para atingir metas projetadas em curto e
longo prazo segundo as estratégias governamentais e as necessidades latentes da sociedade
em geral. Dessa forma quando existem furos em alguns desses fatores de crescimento
da sociedade automaticamente se sente as consequências, o que automaticamente gera
incerteza e desconforto enquanto o curso que esta tendo o país segundo as decisões dos
dirigentes. Furos ou incertezas na estrutura politica federal que depois de identificados
estimularam o desenvolvimento e estruturação de políticas pública que permitiram o
avanço da sociedade brasileira na parte do Sistema Elétrico Nacional.
Segundo os objetivos projetados para a consolidação do Novo Modelo, teve como princípio
quatro pilares fundamentais na reforma institucional: criação de dois ambientes
para a contratação e a modificação de modo de contratação de energia por parte das
distribuidoras, planejamento do setor, criação de programas efetivos de universalização
e uma reorganização institucional (TOLMASQUIM, 2011).
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NOVO MODELO DO
SETOR ELÉTRICO UNIDADE I
BRASILEIRO
A presente unidade tem como objetivo apresentar os aspectos gerais do Novo Modelo
do Setor Elétrico Brasileiro, desde as atividades que foram antecessoras, as causas
para a elaboração e concepção desde o governo, assim como os agentes institucionais
e econômicos envolvidos desse Novo Modelo para o setor. De igual forma são
apresentados os modelos de contratação surgidos desde a nova estrutura do setor
elétrico brasileiro o que facilito a inserção da inversão privada. Finalmente se
apresenta uma comparação de forma generalizada baseada no Novo Modelo para o
setor da gerencia dos recursos energéticos e os esforços que foram o eixo da operação
do Sistema Elétrico Brasileiro.
CAPÍTULO 1
Visão Geral do Setor Elétrico Brasileiro
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
»» 1930 – Essa época foi marcada pelo inicio da era de Getúlio Vargas
(1930 a 1945), quem promoveu a centralização político-administrativa
e o robustecimento do poder da ação do estado no país. Gerando uma
centralização das decisões associadas aos recursos naturais para
exploração industrial (PIÑA; VALDEBENITO, 2006). Nessa época a
capacidade instalada da energia elétrica no Brasil era de 780 MW.
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NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
É possível notar no gráfico anterior que o período compreendido entre 1980 e 2000,
a evolução do gasto de energia no Brasil excedeu consideravelmente a capacidade
instalada no mesmo período (CUBEROS, 2008), gerando assim a concepção da Câmara
de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE), por meio da Medida Provisória nº 2.147,
de 15/5/2001. Em 1 de junho de 2001, o governo foi obrigado a decretar o racionamento
de energia elétrica nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e o Nordeste do Brasil, a
causa de um déficit de oferta de energia (TOLMASQUIM, 2011).
A causa principal para a ocorrência da crise foi o atraso da entrada em operação de obras
de geração e de transmissão e a ausência de novos mecanismos de geração. Desta forma a
demanda de energia elétrica cresceu como estava projetado, mas não houve um aumento
paralelo da oferta. No ano 2001 foi criada a Comissão de Analise do Sistema Hidrotérmico
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NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO │ UNIDADE I
Outro dos fatores que geraram a crise do setor elétrico brasileiro foi a reforma dos anos
1990 em que o Governo Federal achava que o mercado de energia no Brasil poderia
operar de forma semelhante com os mercados da Europa, e segundo esta tentativa
falida as consequências foram a falta de estimulo para o investimento no setor, e
adicionalmente á falta de chuvas levou ao uso sem controle dos reservatórios de água
nas usinas hidrelétricas existentes o que iminentemente originou o racionamento
(CASTRO; BRANDÃO; ROSENTAL; DORADO, 2015).
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CAPITULO 2
Agentes Econômicos e Institucionais
Agentes Institucionais
Na atualidade, sob o esquema do Novo Modelo o setor elétrico brasileiro agrupa um
conjunto de agentes institucionais, com jurisdições e atribuições muito bem definidas,
para dessa forma garantir o funcionamento eficiente a nível setorial e assim alcançar
os objetivos esperados pelo Novo Modelo, competência tarifaria, segurança no
fornecimento e acesso aberto e sem restrições (TOLMASQUIM, 2011).
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NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO │ UNIDADE I
No segundo semestre de 1997 por meio da Lei nº 9.478 foi estabelecido o Conselho
Nacional de Política Energética (CNPE), o qual foi vinculado à Presidência da
República e com regulação estatal do Ministério de Minas e Energia (MME), com o
objetivo principal de gerar propostas ao Presidente da República para o beneficio das
políticas nacionais e o setor. Posteriormente junto com o Decreto nº 6.685/2008, em
relação aos artículos 2º e 4º do Decreto nº 3.520/2000, o qual tem como disposição o
detalhe da estrutura e a operação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)
(BASTOS, 2012).
Foi criado no ano de 1960, por meio da Lei nº 3.782 assinada e emitida o 22 de julho
de 1960. Antes do surgimento de serem identificadas as necessidades para a criação do
Ministério, os temas associados a minas e energia eram unicamente responsabilidade
do Ministério da Agricultura. No ano de 1990, a Lei nº 8.028 suprimiu o MME e
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
A partir do Novo Modelo do Setor Elétrico, no qual se procurou estabelecer com clareza
a distinção entre atividades de governo e atividades regulatórias, o MME foi dotado de
novas competências, próprias do exercício do Poder Concedente e de funções políticas
e de planejamento. O afastamento entre as atividades do governo e regulatórias serve
para dividir duas funções prioritárias no Novo Modelo com uma orientação política e
de atividades que continuam estáveis e autônomas (TOLMASQUIM, 2011).
O MME tem atualmente como empresas associadas a Eletrobras e a Petrobras, essas duas
com uma economia mista. Também tem vinculada a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE). Da mesma forma existem as agências nacionais vinculadas ao Ministério como
a Agência de Energia Elétrica (ANEEL) assim como a Agência Nacional do Petróleo
(ANP), por ultimo também está vinculado o Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM) (BASTOS, 2012).
No ano 2004 foi constituído por meio da Lei nº 10.848 o Comitê de Monitoramento do
Setor Elétrico (CMSE), com o objetivo de seguir e fazer avaliações de forma constante
em beneficio da operação contínua e a garantia do fornecimento eletro-energético ao
longo do território brasileiro (BASTOS, 2012).
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NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO │ UNIDADE I
Uma das decisões com o Novo Modelo para o setor foi descentralizar varias empresas
que operavam em setores vinculados com os bens dos mercados. A descentralização
foi feita na metade da década de 1990 e obrigou em alguns setores com atributos de
monopólio natural, a concepção de atores para a regulação que tiveram autonomia
técnica e política, visando à fiscalização e regulação dos serviços fornecidos. Dessa
forma foi necessário o fortalecimento ou a criação de entidades com a capacidade de
regular o fornecimento de serviços públicos e atividades associadas, tempo depois
da supressão de monopólios vinculados ao setor e da transferência a instituições
privadas para a execução desses serviços por meio de concessões ou autorizações
(TOLMASQUIM, 2011).
Em janeiro de 2003 com a projeção do Novo Modelo foi fortalecido o papel da ANEEL
para que fosse uma agência reguladora e fiscalizadora, o que permitiu a ampliação das
competências tais como (TOLMASQUIM, 2011):
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
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NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO │ UNIDADE I
Entidade de direito privado, sem fins lucrativos, responsável pela coordenação e controlar
a operabilidade das instalações de geração e da transmissão do Sistema Interligado
Nacional (SIN). As principais funções do ONS são as seguintes (TOLMASQUIM, 2011):
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
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NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO │ UNIDADE I
Em 2004 e por meio da Lei nº 10.847, foi aprovada a instituição da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), empresa do Estado diretamente associada ao Ministério de Minas e
Energia (MME) que faz estudos e pesquisas em toda a área energética para o Ministério,
fornecendo informação detalhada e necessária para as atividades de planificação do
setor energético brasileiro. Da mesma forma é responsável da coordenação de esforços
para a obtenção de licencias previas ambiental para a construção das hidrelétricas e
linhas de transmissão.
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
A maior empresa de eletricidade em América Latina está no Brasil, tem operação nos
mercados de energia de forma rentável e sustentável, e tem um foco principal na geração
de eletricidade. Responsável de um 27% da capacidade instalada no Brasil no ano 2009
é uma empresa estatal, de economia mista e capital aberto. A Eletrobras atualmente
tem como subsidiárias a Eletrosul, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf),
a Eletronorte, Furnas assim como a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica
(CGTEE). Essa empresa tem a metade do capital da hidrelétrica de Itaipu Binacional.
Atualmente esta integrada pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) e
executa os programas do Governo Federal no campo de energia tais como o Reluz, o
Procel e o Luz no Campo (ANEEL, 2008).
Agentes Econômicos
Agentes de Geração
Esse tipo de agentes também é conhecido como de produção de energia elétrica sendo
publicamente definido pelo Decreto nº 41.019/1957 como a transformação de qualquer
outra forma de energia em eletricidade, seja qual for a procedência. Em outras palavras,
a geração de energia elétrica é a alteração de uma fonte primaria de energia, sendo
água, gás natural, sol, biomassa, em uma fonte secundaria que é a eletricidade.
Agentes de Transmissão
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
Agentes de Distribuição
Agentes de Comercialização
Esses tipos de agentes comercializadores de energia elétrica são os que têm um título
jurídico de autorização para desempenhar a atividade de compra e venda de energia
elétrica dentro do SIN. A forma do comercializador foi designada pela Lei nº 9.648 de
1998, na reforma da década de 1990, quando foi criada também a figura do consumidor
livre de energia, e dessa forma a comercialização passou a incidir no regime de livre
negociação. Exercem a função de intermediários entre os geradores e consumidores, com
o objetivo principal de reduzir os gastos de transação e assim permitir o atendimento
aos consumidores segundo com suas necessidades na compra de energia elétrica. São
importantes também para gerar estabilidade ao custo da energia elétrica no mercado
(TOLMASQUIM, 2011).
Segmento de Consumo
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
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CAPÍTULO 3
A Estrutura do Novo Modelo para o
Setor Elétrico Brasileiro
Em 2004 foi implantado o Novo Modelo do Setor Elétrico no Brasil, desta forma o
Governo a traves das leis nºs 10.847/2004 e 10.848/2004, conservou a formulação
de políticas publicas para o setor de energia elétrica como uma atribuição do Poder
Executivo, através do Ministério de Minas e Energia (MME) e com a assessoria do
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e do Congresso Nacional. Dessa forma
foram criados novos atores, entre esses é a Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
responsável pela realização dos estudos necessários no planejamento para expandir
o sistema elétrico no Brasil. Outro dos novos atores criados com o Novo Modelo
foi a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável na
negociação da energia no mercado aberto. O Novo Modelo do Setor Elétrico manteve
a agência reguladora ANEEL, assim como o Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS), responsável por coordenar e supervisionar a operação integrada do Sistema
Interligado Brasileiro (SIB). Foi estabelecido o Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico (CMSE) para garantir a continuidade e a segurança do fornecimento elétrico
(ANEEL, 2008).
O modelo em vigor do setor elétrico no Brasil tem três objetivos principais (TOLMASQUIM,
2011):
O modelo antecipa uma série de medidas a ser observada pelos Agentes, como a exigência
para a contratação do total da demanda por parte das distribuidoras e dos consumidores
de condição livre, uma metodologia nova de cálculo do lastro para venda de geração,
contratação das usinas hidrelétricas e as termelétricas em proporções que afiancem
equilíbrio entre garantia e o custo de suprimento. Além da permanente supervisão
da continuidade e da segurança do fornecimento, detectando instabilidade entre oferta e
demanda da energia elétrica (CCEE, 2010).
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
CCEE. Desta forma é possível que as partes “zerem” suas posições por meio de conpra
ou venda de energia elétrica, mensalmente, pelo valor do mercado de curto prazo ou
chamada também de Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) (TOLMASQUIM, 2011).
A opção pela condição de consumidor livre exige o acesso aberto aos sistemas de
transmissão e de distribuição, assegurado por contratos de conexão e de uso (mínimo
de 3 MW) desses sistemas. Essa opção não o desobriga de encargos de caráter sistêmico
(RGR, CDE, taxa de fiscalização da ANEEL, obrigações de energia de reserva etc.),
cobrados por meio das tarifas de fio (TUSD e TUST) (TOLMASQUIM, 2011).
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
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NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO │ UNIDADE I
A Energia de Reserva busca equilibrar a totalidade de energia vendida pelas usinas (garantia
física) e o que foi disponibilizado no SIN, reduzindo assim o risco de desequilíbrio entre
a oferta e a demanda de energia elétrica no território brasileiro devido a atrasos de obras
e situações hidrológicas críticas (BORIN; PASSOS, 2016).
Além dos atores fundamentais para o modelo do sistema elétrico no Brasil existem
atores fundamentais no inicio e o final da cadeia da geração e o consumo da energia
elétrica. Esses atores são os distribuidores e consumidores. Os primeiros tem a função
de elo entre o setor da energia elétrica e a sociedade brasileira. Nas redes de transmissão
a energia elétrica viaja em tensão que muda de 88 kV a 750 kV. Para chegar à unidade
final para os consumidores com uma tensão de 127 e 220 volts é necessário um sistema
composto geralmente por fios, postes e transformadores. Na figura 9 é possível observar
a semelhança entre os agentes de operação e consumo do setor elétrico no Brasil
(TOLMASQUIM, 2011).
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
Até finais dos anos 1990 existia uma tarifa exclusiva de energia elétrica no Brasil, a qual
garantia o pagamento das concessionárias, independentemente do nível de eficiência.
Esse sistema não tinha como prioridade o desempenho por parte da distribuidora
(ANEEL, 2008). No ano 1993, com a edição da Lei no 8.631, as tarifas passaram a ser
implantadas pela empresa, como se observa na figura 10.
Sistemas Isolados
Esses tipos de sistemas são abastecidos especialmente por usinas com tecnologia térmica
acionadas mediante diesel e combustível, embora também são beneficiadas de algumas
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH) assim
como usinas termelétricas acionadas com biomassa.
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NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO │ UNIDADE I
Esses tipos de sistemas estão localizados, sobretudo na região Norte do país: nos Estados
de Roraima, Amazonas, Amapá, Acre e Rondônia. São chamados dessa forma devido a
não estar ligados ao SIN e também por não permitir o intercâmbio de eletricidade com
outras regiões, segundo as características geográficas da região onde estão instalados.
Segundo dados da empresa Eletrobras, atendem uma área de aproximadamente 45%
do Brasil o que é cerca de 3% da população brasileira, aproximadamente 1,3 milhão
de consumidores em 380 localidades. Um dos exemplos de um sistema isolado é dos
Estados do Acre-Rondônia (figura 11), o qual está ligado ao SIN como é a tendência
para esses tipos de sistemas (ANEEL, 2008).
Encargos e tributos
Os diferentes encargos a nível setorial são valores incluídos sobre o valor total da tarifa
de eletricidade, isso é como forma de subsídio, para dessa forma conseguir desenvolver
e bancar financeiramente programas do setor elétrico definidos pelo Governo Federal.
Os valores são formados através de Resoluções ou Despachos associados diretamente
á ANEEL, facilitando o recolhimento por parte das concessionárias dos montantes
cobrados aos consumidores mediante as tarifas de energia elétrica. Finalizando o ano
2007 representou um valor aproximado aos 11 bilhões de reais. No gráfico 2 apresenta
a composição da tarifa mensal da energia elétrica (TOLMASQUIM, 2011).
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
O SIN compreende as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste assim como uma parte
do Norte do Brasil. Em 2008 foi responsável pela concentração de aproximadamente 900
linhas de transmissão que aumentam 89,2 mil quilômetros nas tensões de 230, 345, 440,
500 e 750 kV. Adicionalmente ostenta 96,6% da capacidade total de produção de energia
elétrica do país – procedente de fontes internas ou de importações, principalmente do
Paraguai devido o controle compartilhado da usina hidrelétrica localizada em Itaipu
(ANEEL, 2008).
Outro dos benefícios é conhecer e gerar tarifas adequadas segundo o tipo de fonte
geradora da energia elétrica, assim como garantir que a capacidade de oferta do sistema,
seja igual ou superior à demanda dos consumidores. No gráfico 3 são apresentados os
valores no custo de produção de energia elétrica segundo a tecnologia usada.
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NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO │ UNIDADE I
Finalizando o ano 2009 o sistema para a geração de eletricidade no Brasil tinha uma
capacidade instalada de aproximadamente 116.75 GW de potência elétrica, a qual
estava distribuída em um total de 2.228 usinas ao longo da região. Essa capacidade era
gerada por 674 usinas hidrelétricas o equivalente a 76% do total da potência disponível
para o SIN. Existe uma porcentagem aproximada de 17% da capacidade total instalada
derivada de 719 termelétricas (TOLMASQUIM, 2011).
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
A expansão estimada para a geração propõe a inclusão de usinas contratadas nos leiloes,
as quais tiveram que entrar em operação antes do ano 2013 mediante os leilões para a
compra de energia elétrica celebrados como data limite em dezembro de 2009. Dessa
forma a expansão do Sistema para o período projetado de 2009 até o 2019 que tem um
total de potência aproximada de 63.5 GW, quase um 70% desse valor está contratada
com dados de 2011.
O sistema de transmissão associado ao SIN está integrado pela Rede Básica e as Demais
Instalações de Transmissão (DIT), segundo a Resolução da ANEEL nº 67/2004. Já na
rede básica, deve acatar aos seguintes padrões: primeiro: ter linhas de transmissão,
barramentos, transformadores de potência, assim como equipamentos de subestações
em tensão parecida ou superior a 230 kV; segunda: ter transformadores de potência
com tensão primária igual ou superior a 230 kV, assim como tensões secundárias e
terciárias inferiores a 230 kV, além de ter as correspondentes conexões e outros tipos
de equipamentos ligados ao sistema terciário. O anterior com vigência desde o dia
primeiro de julho de 2004 (BASTOS, 2012).
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
dessa forma alta concorrência para o controle das tarifas, evitando altos valores no
lucro adicional para o monopólio natural. Com a constante e crescente demanda de
energia elétrica no Brasil é necessário uma projeção para a evolução do sistema de
transmissão, o qual está contemplado no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE)
do ano 2019. Existe uma estimação de crescimento aproximado em extensão de 37 mil
km nas linhas de transmissão, equivalente a 38% da cobertura presente no ano 2009
(TOLMASQUIM, 2011). A seguir são apresentadas as estimativas de evolução do SIN.
A crescente investigação por serviços e tecnologias com melhor desempenho a nível geral,
assim como a busca de poucos impactos ambientais, no procedimento para a geração,
transmissão ou a distribuição de eletricidade, os quais são integrados aos investimentos
que permitam a ampliação da capacidade instalada no setor elétrico do território
brasileiro, tem deixado a geração distribuída de eletricidade como uma alternativa as
diferentes dificuldades associadas ao aumento da demanda da energia elétrica. Essa nova
perspectiva para a geração e o consumo de eletricidade, gerou uma serie de novos desafios
para permitir a inclusão de novas fontes geradoras para um sistema tradicionalmente
centralizado. A figura 13 apresenta as relações e diferentes barreias para o setor.
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NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO │ UNIDADE I
A seguir são descritas a barreiras apresentadas na figura anterior o que permite ter um
panorama mais claro do setor e os desafios (SOCCOL; PEREIRA; CELESTE; COURA;
CHAVES, 2016):
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UNIDADE I │ NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
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PRINCIPAIS
TECNOLOGIAS BASEADAS UNIDADE II
EM FONTES DE ENERGIAS
RENOVÁVEIS NO BRASIL
Na presente unidade são apresentadas as tecnologias usadas e informação detalhada
das fontes de geração de energia elétrica baseadas em energias renováveis ou também
chamadas de limpas, assim como o impacto na matriz energética do Brasil.
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UNIDADE II │ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
incluir nessa categoria a energia eólica, biomassa e solar, estas são formas de energia
que se regeneram ciclicamente em uma escala de tempo baixa (PACHECO, 2006).
As fontes de energia renováveis foram usadas devido ao aumento da demanda energética
e levando em conta a disponibilidade limitada dos recursos naturais.
44
CAPÍTULO 1
Energia Hidrelétrica
No Brasil desde finais do século XIX foi implementando em sua matriz energética
tecnologias que permitiram usar fontes renováveis para fornecer a demanda do
consumo da energia elétrica no país, permitindo aproveitar a riqueza hidrográfica para
a produção de energia por meio da tecnologia hidroelétrica. No gráfico 6 é possível
observar a evolução de algumas zonas no território brasileiro desde a década de 1990 por
meio de reformas institucionais diretamente no setor elétrico para promover o capital
privado (TOLMASQUIM, 2016). O Brasil até o ano 2004 só estava em capacidade de
usar o 25% do potencial hidrelétrico presente, o qual é muito baixo em comparação
com países desenvolvidos como os Estados Unidos que utilizam cerca do 80% da
capacidade hídrica disponível (ROSA, 2007), o que devera gerar esforços do Estado e
entidades privadas para estabelecer políticas públicas de investimento para aproveitar
a capacidade possível dos recursos hídricos para gerar energia elétrica, principalmente
nos estados do norte do Brasil.
45
UNIDADE II │ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
desníveis naturais, tais como quedas de água, naturais ou artificiais, produzidos pelo
desvio do curso original da corrente de água. A energia de origem hídrica é atualmente a
segunda maior fonte de energia elétrica no mundo (LIMA, 2011).
A energia hidráulica tem duas partes fundamentais para permitir sua geração, como a
irradiação do sol e da energia potencial da gravidade. O sol e a gravidade são condições
para permitir a evaporação, a condensação e a precipitação da água sobre a Terra.
A diferença de altitude entre grandes volumes de água proporcionados pelas falhas
naturais ou artificiais da superfície terrestre representa um potencial energético que
é aproveitado diretamente pelas usinas hidrelétricas (TOLMASQUIM, 2016). De tal
modo a potência de uma usina hidrelétrica pode ser conseguida com a equação:
P=p∙g∙Q∙H∙η
Onde:
Nos reservatórios de água nas hidrelétricas existem dois tipos: acumulação e o fio de
água. Os do primeiro tipo são usados geralmente na cabeceira dos rios, em locais de
altas quedas de água, dado o grande porte admitem a acumulação de quantidade de
água em grandes proporções e operam como estoques a serem utilizados em períodos
da época da seca. Os reservatórios chamados de fio de água produzem energia com o
fluxo de água do rio, ou melhor, pela vazão com um mínimo ou nenhum tipo de recurso
hídrico (ANEEL, 2008). Um exemplo dos reservatórios chamados de acumulação esta
na hidrelétrica de Marimbondo a qual é possível observar na figura 15.
47
UNIDADE II │ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
Existe outro tipo de usinas hidrelétricas chamadas reversíveis (UHR) as quais permitem
armazenar energia potencial gravitacional na forma de água em um reservatório
elevado, a qual é bombeada de um reservatório em um nível inferior. O ciclo tradicional
de operação compreende a geração de energia elétrica durante períodos de alta
demanda de eletricidade, por meio da liberação da água para ativar as turbinas, mas
nos períodos de baixa demanda a água é bombeada para o reservatório no nível superior
(TOLMASQUIM, 2016). Na figura 16 é possível observar as duas fases de operação da
usina UHR mencionadas anteriormente.
Atualmente pelo menos 140 gigawatts (GW) esta instalada em redes elétricas do mundo.
A maioria dessa capacidade, aproximadamente o 99%, é compreendida por tecnologias de
usina tipo UHR, o outro porcentagem inclui outro tipo de tecnologia de armazenamento
como é apresentado na figura 17 (IEA, 2014).
Um dos benefícios no uso das UHR é que permite tirar um melhor desempenho da energia
elétrica produzida a partir de fontes de energia renováveis, assim como a radiação solar
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PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL │ UNIDADE II
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CAPÍTULO 2
A Geração de Energia através
de Biomassa
Este tipo de geração de energia consiste em aquela que é fornecida por materiais de
origem vegetal renovável ou obtida pela decomposição de dejetos. A totalidade dos
organismos biológicos que podem ser aproveitados como fontes de energia são chamados
de Biomassa, por exemplo: cana-de-açúcar, eucalipto, beterraba, biogás (produzido por
meio da degradação anaeróbica existente nos dejetos orgânicos), lenha e carvão vegetal,
óleos vegetais (amendoim, soja, dendê) etc. (SOARES; CARNEIRO; GONÇALVES;
LELLES, 2006). A biomassa, sendo de origem vegetal ou animal, é o modelo de matéria
prima para o suprimento da demanda energética de uma forma sustentável para a
produção de eletricidade, também como para a produção de combustíveis, precursores,
solventes e alguns tipos de insumos industriais (SME, 2016). Na figura 18 é possível
observar alguns exemplos de materiais orgânicos usados na biomassa.
Várias rotas tecnológicas existem para a aquisição de energia elétrica desde a biomassa.
Todas as rotas antecipam a conversão da matéria prima em um produto intermediário
o qual será empregado em uma máquina motriz. A máquina proverá a energia
mecânica que ativará a geração de energia elétrica. As principais rotas tecnológicas são
consideradas no estudo sobre biomassa como parte do Plano Nacional de Energia 2030
e indicadas a seguir (ANEEL, 2008):
50
PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
O uso da biomassa como uma fonte renovável de energia elétrica tem sido progressivo no
território brasileiro, sobretudo em sistemas de cogeração na qual é possível gerar energia
térmica e elétrica, alusiva aos setores industriais e de serviços associados. No ano 2007
foi responsável pela oferta de aproximadamente 18 TWh (terawatts-hora), conforme
o Balanço Energético Nacional do ano 2008. A quantidade gerada foi 21% superior ao
ano 2006 e, correspondente a 3,7% da oferta nacional de energia elétrica. A relação das
fontes de geração de eletricidade, a biomassa foi superada somente pela hidroeletricidade
(ANEEL, 2008). A analise mencionada anteriormente é apresentado na gráfico 7.
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PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL │ UNIDADE II
Biomassa florestal
O fragmento biodegradável dos produtos com origem na floresta e que são processados
para objetivos energéticos é conhecida como biomassa florestal primária, e a matéria
orgânica residual (costaneiros, licores negros, recortes, aparas etc.) é conhecida como
biomassa florestal secundária e procede dos processos de transformação da madeira nas
diferentes indústrias de serrações, fábricas de celulose e de contraplacados, carpintarias
e indústrias de mobiliário (SME, 2016). Na figura 20 se apresenta a coleta deste tipo
de insumos.
Esse tipo de biomassa é aproveitado para a geração de energia, inclui varias tipos de
espécies assim como de componentes (folhas, galhos, madeira, casca), diferem muito em
relação às suas propriedades físicas e químicas. A função da estocagem e dos processos
de secagem, a partir da colheita até a utilização, é importante, mas as características
diferenciadas da biomassa tornam a escolha de uma única forma de estocagem.
No período do armazenamento, os atributos do material mudam devido a processos
físicos, químicos e microbiológicos (BRAND; BOLZON, 2012).
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Capim-elefante
É uma gramínea perene com altura media entre os três e os cinco metros. Foi trazida
da África para servir de pastagem e é usada especialmente na criação de gado de corte
e leiteiro. Suas principais características são: um crescimento rápido; aguenta solos de
nutrientes baixos e produz uma quantidade maior de biomassa por área (MONTEIRO,
2012). Na figura 21 é apresentado um plantio deste recurso energético.
Fonte: (ME, 2016)Este tipo de insumo para a biomassa pode ser colhido seis meses depois do plantio e permite de dois a
quatro colheitas cada ano, possibilitando o fornecimento de biomassa ao longo do ano. Uma das vantagens do capim-
elefante é ter uma alta eficiência na fixação de CO2 atmosférico durante o processo de fotossíntese para a geração da
biomassa vegetal, contribuindo assim na diminuição do efeito estufa (MONTEIRO, 2012).
Cana-de-açúcar
Uma boa quantidade das usinas de açúcar e álcool instaladas no país é autossuficiente
eletricamente de acordo à utilização do bagaço da cana-de-açúcar como matéria-prima
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PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL │ UNIDADE II
para a produção de eletricidade com pouco impacto no ecossistema. Isso é possível por
meio da cogeração que é a produção simultânea de energia elétrica ou mecânica e energia
térmica útil a partir de uma fonte de energia, tal como a biomassa (LIMA, 2014).
Maravalha de madeira
Lenha
A lenha foi uma das primeiras fontes energéticas usadas pelo homem para a geração
do fogo, que depois passou a ser usada para aquecer e iluminar o ambiente, da mesma
forma como para cozinhar os alimentos e até para se defender dos animais (SME, 2016).
A madeira, na sua forma básica como a lenha ou o derivado, o mesmo carvão vegetal, é
um combustível fundamental para preparar os alimentos de um número considerável de
famílias e comunidades em distintas regiões do mundo. Estima-se que, a cada seis pessoas,
duas usam a madeira como a base principal para a geração de energia, principalmente para
famílias em países em desenvolvimento, apoiando processos de secagens, cozimentos,
fermentações, geração de eletricidade etc. (SILVA; ALBUQUERQUE; SILVA; SANTOS
FILHO; BARBOSA, 2008).
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Resíduos rurais
Os resíduos da criação dos animais podem ser utilizados como uma fonte energética,
conforme demonstram diversos experimentos em curso nos mais variados países do
mundo. Com as mudanças climáticas, estas fontes não convencionais passaram a ter
maior importância, pois além de serem renováveis – derivadas da biomassa cultivada,
uma vez que os animais consomem os alimentos produzidos continuamente e
naturalmente –, seu aproveitamento evita a decomposição dos dejetos, que provocaria
a emissão de metano para a atmosfera assim como o chorume para o solo, assim como
é possível substituir os combustíveis fósseis que seriam utilizados para gerar uma
quantidade de energia semelhante (TOLMASQUIM, 2014).
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PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL │ UNIDADE II
Resíduos urbanos
O termo “resíduo” abarca os vários elementos usados pela humanidade que tenham perdido
a utilidade para cumprir com o fim a que foram designados desde um inicio. Os resíduos
podem ser sólidos e líquidos. São derivados de casas, atividades industriais, varrição de
ruas, podas de árvores e semelhantes (TOLMASQUIM, 2014). O gerenciamento desse
tipo de resíduos sólidos no território brasileiro ainda é um processo em aprimoramento
em todas as diferentes etapas tais como: a coleta, o transporte, o tratamento e o destino
final ambientalmente apropriado. Nas grandes cidades, não é provável uma coleta seletiva
e eficaz que permita uma adequada separação dos resíduos conforme o valor econômico.
De tal modo, a contaminação ambiental dos resíduos ainda é a norma geral no panorama
nacional, o que diminui o potencial de aproveitamento (FERREIRA, 2012).
Figura 26. Resíduos urbanos tratados para gerar eletricidade com Biomassa.
Resíduos industriais
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CAPÍTULO 3
A Energia Eólica
A energia eólica se define como a energia cinética própria das massas de ar (corrente de
vento) geradas pelo aquecimento desigual sobre a Terra. A energia eólica é atualmente
uma das grandes alternativas na constituição da matriz energética de vários países.
Principalmente no Brasil, essa fonte de energia tem se mostrado como uma extraordinária
saída na procura de formas alternativas de geração de energia para a parte do Nordeste
do Brasil. É assim, uma vasta fonte de energia renovável, limpa e disponível em todas as
partes do planeta (PACHECO, 2006).
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UNIDADE II │ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
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Onde:
As regiões com maior influência de potencial medido no Brasil são: a região Nordeste,
especialmente no litoral (75 GW); aregião Sudeste, especialmente no Vale do
Jequitinhonha (29,7 GW); e a região Sul (22,8 GW), onde está instalado o maior parque
eólico do Brasil, o de Osório, localizado no Rio Grande do Sul, com 150 MW de potência.
As correntes do vento são usadas principalmente para gerar energia mecânica utilizada
no bombeamento de água para a irrigação (ANEEL, 2008). Na figura 28 é apresentado
o potencial eólico brasileiro nas diferentes regiões do país.
60
CAPÍTULO 4
A Energia Solar
No segundo sistema a geração de eletricidade por meio do bom emprego da radiação solar é
obtida pelo efeito fotovoltaico. A radiação solar incide sobre materiais semicondutores
e é transformada posteriormente em corrente contínua. Para transformar a corrente
contínua em corrente alternada para uso residencial ou industrial, são utilizados
aparelhos denominados inversores. Os painéis fotovoltaicos estão integrados por um
conjunto de células fotovoltaicas e podem ser interligados para permitir a montagem de
arranjos modulares que podem aumentar a capacidade de geração de eletricidade por
meio da radiação do sol (SILVA, 2015).
seguimento de um ou dois eixos tal como se apresenta na figura 30. Essa é a alternativa
mais implementada em centrais fotovoltaicas, nas quais os diferentes módulos estão
localizados sobre o solo.
Iniciando com um silício puro usado nas células fotovoltaicas, foram colocados átomos
de boro em uma parte e de fósforo na outra parte, dessa forma será formado o que se
distingue como uma junção pn.
O que acontece nesse tipo de junção é que elétrons livres da parte n se transportam ao
lado p onde se localizam os “buracos” que deveram ser ocupados; isto faz que exista um
acúmulo de elétrons perto à interface, na parte p, polarizando essa região com carga
negativa, e uma diminuição de elétrons na parte da interface do lado n, o que converte
essa parte eletricamente positiva. Essas cargas dão procedência a um campo elétrico
estável que atrapalha a transferência de elétrons da parte n para a parte p; esse processo
consegue um equilíbrio quando o campo elétrico faz uma barreira adequada para
impedir a movimentação dos elétrons livres remanentes na parte n (TOLMASQUIM,
2016). Desta forma é possível ter uma diferença de potencias o que gera energia elétrica,
particularmente energia direta. Este processo é apresentado na figura 31.
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PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL │ UNIDADE II
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Onde:
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UNIDADE II │ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
O Brasil tem o privilegio de contar com boa capacidade de radiação solar. O Plano
Nacional de Energia 2030 reporta dados do Atlas Solarimétrico do Brasil e registra que
essa radiação solar esta entre 8 e 22 MJ (megajoules), por metro quadrado (m2) no dia,
levando em conta que as menores variações de radiação acontecem nos meses de maio a
julho, mudando de 8 a 18 MJ/m2. O Nordeste do Brasil tem uma radiação comparável às
melhores regiões do mundo nesse tipo de variável energética, como a cidade de Dongola,
no deserto do Sudão, e a região de Dagget, localizada no Deserto de Mojave, Califórnia.
No entanto, isso não acontece com outras localidades mais afastadas da linha do Equador,
como por exemplo, a região Sul do país, onde se concentra a maior parte da atividade
econômica. A figura 34 apresenta a variação da incidência da radiação no Brasil.
Na parte interna do planeta Terra existe uma temperatura que oscila entre poucos graus
Celsius até uns 5.000°C. Esta integrada de um núcleo interno em forma sólida, também
um núcleo externo líquido assim como um manto líquido de rochas fundidas, como é
apresentado na figura 34. A elevada temperatura presente é associada, sobretudo ao calor
desprendido pelo decaimento radioativo de vários tipos de isótopos tais como o Potássio
(40), Tório (232) e o Urânio (235). A crosta/casca terrestre é integrada por placas,
chamadas de “placas tectônicas”, que descansam sobre esse manto (CEMIG, 2012).
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UNIDADE II │ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
De uma perspectiva diz-se que o território brasileiro é privilegiado por estar localizado
longe das zonas de influência para os terremotos e vulcanismos, estando no meio de
uma placa tectônica, mas de outra parte, isso se torna como uma fraqueza na perspectiva
da utilização da energia geotérmica. Dessa forma existe uma informação importante
como é o indicador do gradiente geotérmico da região do Brasil, o que significa que
é possível conhecer quantos graus aumenta a variável de temperatura do solo a cada
quilometro que é escavado. Já foram detectados alguns pontos do território brasileiro
onde o gradiente geotérmico foi de 70°C/Km. A figura 37 apresenta o mapa geotérmico
do Brasil em função do fluxo geotérmico (CEMIG, 2012).
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PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL │ UNIDADE II
Por exemplo, no Brasil atualmente não tem nenhuma unidade em operação baseada nesse
tipo de tecnologia, nem de forma experimental, sendo que os gradientes de temperatura
existentes são bem superiores à media mundial. Atualmente são feitas pesquisas em
diversas universidades federais com investimento de empresas privadas os quais estão
orientados em avaliar os recursos geotérmicos disponíveis e os custos de geração desse
tipo de energia renovável em algumas regiões do território brasileiro (CAMPOS, 2014).
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CAPÍTULO 6
A Energia Oceânica
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PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL │ UNIDADE II
A energia proveniente do oceano tem diferentes fontes para ser aproveitada. Para o
beneficio do setor elétrico as que têm maior importância são a energia produzida por
ondas, por mares e por correntes, e em uma menor escala a energia que é obtida pelas
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UNIDADE II │ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
»» Energia das ondas: esse tipo de formas de água e energia definida como
ondas são o resultado da transferência da energia do ar através de uma
o varias regiões sobre a superfície dos oceanos. Dessa forma é pertinente
dizer que a energia presente nas ondas é uma representação da energia
solar, mas com maior concentração. A proporção da unificação da energia
solar associada à formação do vento varia entre duas a seis vezes, enquanto
que a proporção de acumulação da energia do tipo eólica nas ondas é cerca
de cinco vezes. Dessa forma, a energia presente nas ondas do ar é de dez
a trinta vezes maior que a energia solar. Portanto, para uma quantidade
de energia igual, é necessária uma área menor à área necessária para
aproveitar a energia solar e eólica para transformar a energia das ondas em
eletricidade. A energia presente nas ondas do mar está dividas em energia
cinética e potencial associada às partículas da água como se observa na
figura 39.
»» Energia das marés: esse tipo de energia está associado aos movimentos
oscilatórios do nível do mar, na linha da costa, como na região do
oceano, como o resultado da interação entre as marés astronômica e a
meteorológica. A maré astronômica é gerada principalmente pelas forças
gravitacionais resultantes do sistema integrado entre o Sol, a Terra e
a Lua, dependendo diretamente das massas dos corpos assim como
das distâncias entre eles. A maré com grande amplitude acontece nos
períodos de lua nova e lua cheia, no momento que existe o alinhamento
entre o Sol, a Terra e a Lua e, e dessa forma as forças gravitacionais que
tem influência nas massas de água da terra são adicionadas.
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PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL │ UNIDADE II
As ondas no oceano brasileiro têm vários sistemas característicos para sua alteração: a
primeira é denominada pelos ventos chamados de alísios e é constante ao longo do ano; o
outro tipo é a ondulação a qual está determinada por entradas de correntes frias. No Brasil
as regiões da parte Sul e o Sudeste são caraterizadas por ondulações com maior nível de
energia, e no litoral do nordeste são características as ondulações com menor potência,
mas são constantes ao longo do ano, as quais são originadas pelos ventos alísios.
Na figura 40 é apresentado o potencial estimado produzido pelas ondas e marés.
Figura 41. Potencial brasileiro para a geração de eletricidade com energia oceânica.
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UNIDADE II │ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
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CAPÍTULO 7
Inovação e Pesquisa em Energias
Renováveis no Brasil
Hoje mundialmente é muito bem sabido o amplo potencial do território brasileiro para
a geração de energia renovável, especialmente com o potencial hídrico, a capacidade de
fabricação de biomassa para os diferentes biocombustíveis e derivados, assim como das
oportunidades para geração de eletricidade no uso das fontes de energia solar e eólica.
A geração de eletricidade, nas duas primeiras fontes, vem desde o início do século
XX, sendo a pesquisa estritamente vinculada às universidades e, assim, a instituições
públicas e privadas do Brasil. A evolução da pesquisa científica na área da geração de
energia elétrica a partir de fontes renováveis, no Brasil como em outros países, sucede
como parte as preocupações ambientais e a segurança energética, desde a década de
1960 (SANTOS, 2014).
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UNIDADE II │ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS BASEADAS EM FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
foi fundado no ano de 2002, e que posteriormente passou a operar no ano 2004 com a
finalidade de melhorar e contribuir com a participação das fontes alternativas de energia
diretamente no Sistema Interligado Nacional (SIN). Em uma primeira fase, o programa
promoveu as fontes renováveis especificamente às tecnologias: biomassa, eólicas, e
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), com o objetivo de produzir melhores indicadores
em nível de escala e aprendizagem técnica e tecnológica, aumentar a concorrência
industrial dentro do setor e, principalmente, consolidar os benefícios ambientais, técnicos
e socioeconômicos de projetos de geração de energia elétrica a partir das fontes renováveis
mencionadas anteriormente (WWF-BRASIL, 2012).
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Referências
CCEE. Visão geral das operações na CCEE. São Paulo: CCEE. 2010.
CEMIG. Alternativas energéticas: uma visão CEMIG. Belo Horizonte: CEMIG. 2012.
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REFERÊNCIAS
PIRES, A.; HOLTZ, A. Sistema elétrico brasileiro . Rio de Janeiro: CBIE. 2012.
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REFERÊNCIAS
SILVA, R. M. Energia solar no Brasil: dos incentivos aos desafios. Brasília: Núcleo
de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado. 2015.
SILVA, A. da; ALBUQUERQUE, J.Lima de; SILVA, E. da; SANTOS FILHO, D. dos;
BARBOSA, W. A biomassa florestal (lenha) como insumo energético para os
artesãos da cidade de Tracunhaém/PE. CEP, pp. 0-30. 2008.
SILVEIRA, A.; CARVALHO, A.; KUNZLER, M.; CAVALCANTE, M.; CUNHA, S. da.
Análise do Sistema Nacional de Inovação no setor de energia na perspectiva das políticas
públicas brasileiras. Rio de Janeiro: EBAPE. 2016.
SME. Plano Energético do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: SME. (2016).
SOARES, T.; CARNEIRO, A.; GONÇALVES, E.; LELLES, J. Uso da biomassa florestal
na geração de energia. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal.
2006.
SOCCOL, F. J.; PEREIRA, A. L.; CELESTE, W. C.; COURA, D. J.; CHAVES, G. Desafios
para implementação da geração distribuída de energia no Brasil: uma revisão integrativa
da literatura. Brazilian Journal of Production Engineering, pp. 31-43. 2016.
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