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ESTUDO

HERESIAS CRISTOLÓGICAS NOS PRIMEIROS SÉCULOS

AUTOR
Yuri de Almeida Gonçalves

| Introdução | Desenvolvimento | Conclusão | Referência Bibliográficas |

INTRODUÇÃO

Os cristãos ortodoxos e fundamentalistas afirmam que Jesus é Deus e homem, e "ai" dàquele que falar
diferente, isso é um dogma! Hoje é fácil afirmar tal idéia, pois aprendemos que é assim. Porém, nos primeiros
séculos ninguém tinha essa idéia dogmática de que Jesus é homem Deus, pois não havia ainda formado essa
concepção. Nos primeiros séculos surgiram muitas idéias em torno da pessoa de Cristo, em torno da sua
formação somática e pneumática.

Veremos então nesse trabalho quais foram as opiniões surgidas sobre a pessoa de Cristo e como as
questões foram resolvidas nos concílios e por que algumas idéias foram condenadas heréticas. Veremos
também sobre os credos ecumênicos, que são as sistematizações da fé ortodoxa.

Na conclusão encerro com a minha opinião sobre as questões cristológicas, porém tentarei mostrar as
heresias dos primeiros séculos nas seitas (segmentações religiososas) de hoje, mostrando como a cristologia
ainda continua trazendo dúvida a humanidade e não é uma questão para ser encerrada, como propõe a
ortodoxia.

DESENVOLVIMENTO

O Problema

Jesus Cristo foi o homem que dividiu a história. Provar que Jesus não existiu é tão difícil como provar
que Hittler foi um bom homem, ou seja, fatos e mais fatos históricos comprovam a vinda desse homem
chamado Jesus. São milhões de questões acadêmicas que surgem em torno do nome "Jesus Cristo". Se
pegarmos tudo que já foi escrito até hoje sobre Jesus com certeza daria para abrir uma biblioteca, portanto o
assunto é extenso.

Nos primeiros séculos não se discutia se Jesus existiu ou não, também não se discutia se o santo
sudário é falso ou verdadeiro, muito menos se discutia se Jesus era louro ou moreno, alto ou baixo, cabeludo
ou careca. As discussões, por incrível que pareça, eram mais profunda do que hoje, pois discutiam e pensavam
sobre a essência de Jesus. Hoje estamos condicionados a crer que Jesus é o filho de Deus, sendo Deus
também. Sobre essa questão, os homens daquela época eram os primeiros pensadores, por isso surgiram
tantos pensamentos que para nós hoje são totalmente estranhos, mas foram necessárias as definições do
passado para que hoje entendamos melhor a cristologia.

Vejamos então quais foram os pensamentos cristológicos que abalaram a teologia dos primeiros
séculos:

A) Docetismo.
Esse pensamento é predominante no final do primeiro século. Apareceu no ano 70 da era cristã, e até o
ano 170 ainda tinha proponentes.

Vemos em Basílides o grande defensor do docetismo. Basílides era um gnóstico do segundo século,
que talvez tenha escrito um evangelho e uma exposição sobre esse evangelho de vinte e quatro volumes. Ele
ensinou em Alexandria e era amigo de Valentino, um dos mais famosos gnósticos. Ensinava que o homem
precisa controlar seus desejos, não podendo nem amar, nem odiar.

O docetismo, como podemos ver, têm uma grande ligação com o gnosticismo que já havia aparecido
desde a época apostólica. Docetismo é uma palavra que vem do grego, Docew, que significa "parecer". Essa
referência grega, dizia respeito ao corpo aprisionado pelo aeon (poder angelical), em que esse corpo é um
fantasma ou uma sombra, não um corpo verdadeiro e real como de um ser humano qualquer. Para os
gnósticos, a matéria é ruim, e o logoV, que é o aeon, no gnosticismo, não se envolveria com a matéria que é o
princípio do pecado. Por isso Cristo parecia estar numa matéria carnal, mas na verdade ele era diferente.
Cristo era bom e a matéria é essencialmente má, não havendo possibilidade de união entre o logoV e um
corpo terreno. Os docetas, crendo assim negavam a humanidade de Jesus, dizendo que ele parecia ser
humano, mas era divino. Não houve uma condenação oficial a esse pensamento, mas Irineu e Hipólio foram
os opositores a essa idéia filosófica grega e pagã da época, mas que foi introduzida na igreja daqueles tempos.

B) Ebionismo:

O termo grego "ebionaioi" é a transliteração do vocábulo hebraico "ebionim", que significa "pobres".

Os ebionitas apareceram no ano 107 da era cristã, e eram "vamos assim dizer" judeus-cristãos. Essa
seita tinha um ensino exagerado sobre pobreza. Como judeus, eles tinham dificuldades de aceitar a divindade
de Cristo - devido o monoteísmo judaico. Não gostavam dos escritos de Paulo, pois a teologia paulina prega a
justificação pela fé, e os ebionitas observarvam a lei mosaica, inclusive a circuncisão. Consideravam então,
Paulo um apóstata da lei mosaica. Negavam a divindade de Jesus e o nascimento virginal, pois no velho
testamento ordena que, somente a Deus se deve adorar - monoteísmo. Para eles Jesus foi um homem como
outro qualquer, mas que observou a lei de forma especial sendo assim escolhido por Deus para ser o Messias.
Jesus teria sido capacitado pelo Espírito Santo no batismo, para o cumprimento de uma tarefa divina, assim
logicamente Jesus não tem como ser pré-existente. Nenhum concílio condenou oficialmente o ebionismo, mas
Tertuliano, Irineu, Hipólio, Eusébio e Orígenes foram opositores de grande peso. Interessante é que Justino
Mártir, era um pouco "gentil" com os ebionitas.

C) Os Elquesaítas:

Eram os seguidores de Elquesai, que dizia ter tido uma visão de um anjo que lhe trouxera revelações.
Quem aceitasse os ensinamentos de Elquesai, teria alcance ao perdão dos pecados. Os membros dessa seita
rejeitaram o nascimento virginal de Cristo, nascido este assim como outro qualquer. Mesmo assim Jesus era
considerado um anjo superior, o mais elevado arcanjo. Essa seita era de natureza judaica, porém sincrética,
pois além de observarem a lei praticavam a mágica e a astrologia. Esses e os seus ensinamentos, quase não
são mencionados nos livros de cristologia e história da igreja.

D) Arianismo;

Todo o problema começou na pessoa de Ário (256-336), que era presbítero de Alexandria. Ário talvez
nascera na Líbia. Em 313, quando era diácono, foi excluído pelo patriarca de Alexandria, Pedro, por ter
apoiado alguns pontos de vistas de Melétio de Licópoles, mas no mesmo ano o sucessor de Pedro, Aquiles, o
reintegrou ao ministério. Depois tornou-se presbítero de Baucalis. Foi aí que Ário começou com a idéia de
que o logoV (Cristo) teve uma criação, ou seja, não era pre-existente, não era igual ao Pai em nível de
substância e muito menos era co-eterno com Ele. Em 318 Ário foi censurado, mas persistiu nas idéias, até que
em 321 fora excluído. Mas o problema não era tão fácil, Eusébio de Cesaréia e outros simpatizavam com a
doutrina proposta por Ário, dividindo a igreja oriental. Como o problema era sério, o imperador Constantino,
convocou o Concílio de Nicéia (falarei dele mais à frente) para resolver a situação. Nesse concílio foi feito um
credo , mas Ário ainda assim, criou um outro credo para sua apologia. Constantino então ficou impressionado
com o credo de Ário e o recebeu de novo em 331, e ainda ordenou ao bispo de Constantinopla, que o
recebesse em comunhão novamente, mas no dia da cerimônia Ário faleceu.

Ário tinha a idéia dominante que era o princípio monoteísta, ou seja, há um só Deus eterno que não é
criado, não gerado, não originado. Para Ário, o logoV era uma espécie de energia divina que encarnara no
homem Jesus. Esse logoV teve um princípio, um começo, uma criação. O verbo, numa certa altura da história,
foi criado para um devido propósito, fora uma criação do nada como a criação do mundo (kosmoV). Jesus não
tinha essência divina, pois o logoV que estava encarnado no homem Jesus é uma criatura, a primeira criatura
feita por Deus Pai, e uma criatura não pode ter a mesma essência/substância do Criador. A criação de Jesus foi
importante nessa doutrina, pois o surgimento do logoV ajudou o Pai eterno na criação do mundo. Jesus é um
ser mutável e foi chamado filho de Deus devido sua glória futura, a qual foi escolhido. O Filho não tem como
ser igual ao Pai, mas está acima de outras criaturas, inclusive o homem, por isso não é errado venerar o Filho.
Ário via em Jesus um ser intermediário entre Deus e os homens, porém Deus é somente o Pai que é Uno e
Indivisível. Ário abalou sua época com suas idéias, porém não foi com argumentos vazios, mas usou as
escrituras para apoiar as suas idéias. Vejamos quais são as provas escriturísticas usada por Ário:

Pv 8:22 na septuaginta: "O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos, antes de suas obras mais
antigas".

Mt 28:18: "Jesus falou: É me dado todo poder no céu e na terra".

Mc 13:32: "Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o filho,
senão o Pai" .

Lc 18:19: "Respondeu Jesus : Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus".

João 5:19: "Jesus respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer
coisa alguma; ele só pode fazer o que vê o Pai fazendo, porque tudo o que o Pai faz, o Filho faz igualmente".

Jo 14:28: "... eu vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu".

I Co 15:28: "E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos".

Como vemos, Ário usou versículos que confundiram até mesmo teólogos importantes.

Também fizera menção de outros seres semidivinos e na cristologia ariana a obra de redenção
praticamente é repudiada, pois a divindade de Cristo é negada. O concílio de Nicéia realizado em 325
condenou oficialmente o arianismo. Atanásio opôs a essa doutrina como também Ósio.

E) Apolinarianismo:

Esse nome se deriva de Apolinário, que era bispo de Laodicéia da Síria, nos fins do quarto século. Este
se opôs ao arianismo até por demais.

Nessa doutrina, Apolinário dizia que, o logoV assumiu corpo físico pela encarnação. A questão da
mutabilidade do logoV, pregada pelos arianos era condenada por Apolinário, pois para ele, o divino ao se
encarnar não deixou de ser divino nem compartilhou divindade ou energia com a humanidade de Cristo, mas
continuou com sua característica divina, pois algo espiritual não pode misturar com a carne (SarkoV ), visto
ser o logoV algo perfeito e a carne algo pecaminoso.

Hägglund arrisca dizer que, Apolinário parecia entender que Deus em Cristo foi transmutado em
carne, e essa carne então foi transmutada pela natureza divina.

Para Apolinário a natureza humana de Jesus tinha qualidades divinas, pois o logoV é da mesma
substância do Pai não tendo como haver uma espécie de simbiose entre duas naturezas totalmente opostas.
Cristo Jesus não teria então herança genética de Maria, pois se assim fosse, sua carne (Swma) seria
como a dos homens comuns, todavia ele trouxe do céu uma, "vamos assim dizer", carne celestial; o ventre de
Maria seria apenas um lugar para o desenvolvimento do feto.

Bem resumidamente podemos dizer que, Apolinário negou a humanidade de Jesus Cristo, assim
sendo, o logoV tomou o lugar da mente humana. Jesus não tinha alma humana.

Essa doutrina têm um pouco à ver com o docetismo, pois ambos vêem Cristo como ser "metafísico".
Após vários sínodos locais o terem condenado, em 381 o Concílio de Constantinopla o condenou
oficialmente. Temos em Vitalis, Papa Dâmaso, Basílio, Teodósio, Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa
os principais opositores, ou seja, a oposição a Apolinário partiu particularmente dos capadocianos e da escola
antioquena.

F) Monarquianismo

Essa designação foi dada pela primeira vez por Tertuliano. O que aconteceu foi que, a defesa
doutrinária dos apologetas, dos pais anti-gnósticos e dos pais alexandrinos sobre o logoV, não satisfez as
dúvidas teológicas de todos na época. A teologia cristológica ainda estava sem consistência e nova, surgindo
assim novos pensamentos.

O monarquianismo surgiu no século III e a grande dificuldade era combinar a fé no Deus único
(monoteísta) com a nova fé cristã, no qual Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Contra a idéia do logoV
defendiam a "monarquia" do Pai, do Deus uno e eterno.

Essa dificuldade era complicada de resolver, pois de um lado tinha aqueles que criam que o logoV era
uma pessoa divina, parecendo ferir a idéia monoteísta, de outro lado havia os que defendiam a idéia de que o
logoV era subordinado ao Pai, o que parecia ferir a deidade de Cristo. Nesse conflito teológico originou dois
tipos de pensamentos que são: o monarquianismo dinâmico, conhecido também como adopcionismo e o
segundo monarquianismo modalista.

F. (a) Monarquianismo dinâmico:

Foi uma tentativa de resguardar a unicidade de Deus. Essa idéia tinha traços do ebionismo que,
pregava ser Jesus apenas homem.

Teodoto de Bizâncio foi o primeiro a sugerir a idéia. Ele era contra a cristologia do logoV , negava a
afirmação de que Jesus Cristo é Deus. Achava mais seguro afirmar que Jesus era um mero homem. Não
negava o nascimento virginal, mas esse nascimento não divinizava Jesus, ele continuava sendo um simples
homem, apesar de ser justo.

Teodoto sistematizou a vida de Jesus em tempos, ou seja, Jesus no início viveu como todo homem
vive seu cotidiano, normalmente. Posteriormente, na ocasião de seu batismo Jesus recebeu poder do alto que o
ativou para o seu ministério. Essa idéia recebeu o nome de: dinamismo; Jesus então era um profeta e não
Deus, e um profeta com unção divina (assim como Elias, Eliseu...). Somente após a ressurreição, Jesus Cristo
uniu-se a Deus.

Teodoto para fazer apologia à unicidade do Pai teve que ter um bom argumento, e para isso teve que
pelo menos negar a deidade de Jesus, se igualando aos ebionitas.

O bispo Vítor de Roma excomungou Teodoto, mas a idéia deixada por ele não teve como ser banida,
tanto que Paulo de Samósata que foi bispo de Antioquia por volta de 260, defendeu essa forma dinâmica do
monarquianismo .Paulo de Samósata foi mais longe um pouco que Teodoto e afirmou que, o logoV é
identificado com razão ou sabedoria e que essas igualdades não são peculiares ao Cristo encarnado, mas sim
um adjetivo que qualquer homem pode ter, ou seja, diminuiu mais ainda a deidade de Jesus Cristo. O que
aconteceu então foi que a sabedoria divina habitou no homem Jesus, e isso não significa que ele seja uma
pessoa divina. As doutrinas de Tertuliano sobre o logoV como sendo uma pessoa e a de Orígenes sobre o
logoV como hipóstase independente foram rejeitadas por Paulo de Samósata.

Paulo em 268 foi declarado herege, mas suas idéias apareceram mais tarde de alguma forma no
socinianismo, na neologia e em alguns ramos da teologia liberal.

(F. b) Monarquianismo Modalista:

Essa é a outra forma de monarquianismo, ou seja, é o outro modo de apologizar o unitarismo divino.

O modalismo (como também era conhecido) diferente do adopcionismo que, dizia que Jesus era
adotado por Deus, pregava que Jesus era Deus, mas que se manifestara como criador do mundo (Pai), depois
essa mesma pessoa viera na Terra se encarnando em Jesus para salvar o homem (Filho) e hoje ele se manifesta
como Espírito Santo. Para o modalismo há uma só pessoa, que se manifestou de formas e nomes diferentes. A
idéia do monoteísmo judaico não fora ferida.

No ocidente era chamado de patripassianismo, por ensinar que a pessoa do Pai foi a que se encarnou
em Jesus, sendo a mesma pessoa que criou o mundo e depois foi crucificada. Já no oriente, essa doutrina era
conhecida como sabelianismo, palavra derivada do nome de Sabélio, o grande defensor da idéia, e que esteve
ensinando em Roma por volta de 215.

Sabélio negou a trindade, pois não há três pessoas e sim uma pessoa que se manifesta na história.

Outra pessoa a defender o modalismo foi Noeto. Esse dizia que, o Pai e o Filho além de serem da
mesma essência e substância, eram a mesma pessoa, só mudando o nome e a forma de atuação.

Todos esses na realidade disseram a mesma coisa, e para entendermos melhor a idéia modalista
vejamos essa frase que é atribuída a Sabélio: "Deus, com respeito à hipóstase é um, mas foi personificado na
Escritura de várias maneiras segundo a necessidade do momento". (Basílio, Epístola 214).

Em 261 as doutrinas de Sabélio foram rejeitadas e condenas heréticas pela Igreja por negar a distinção
das pessoas divinas na tentativa de resgatar uma teologia unicista para o cristianismo.

G) Nestorianismo:

Essa teoria surgiu no ano 431. Na realidade essa teoria foi recheada de desejos pelo poder eclesiástico,
ou seja, Nestório era da "escola" de Antioquia e Cirilo era de Alexandria, e ambos lutavam pelo poder de
dominar o oriente eclesiasticamente e nessa briga entrou questões teológicas, o que era normal de acontecer.

Nestório via o divino e o humano como antítese. Ele, na verdade, foi defensor da teologia de
Antioquia, que ensinava que as naturezas divina e humana presentes na pessoa de Cristo não podem ser
confundidas, pois elas não se fundem, acontecendo na realidade ter Cristo duas partes ou divisões, uma
humana e outra divina. Essa teoria explica que quando Cristo tinha fome, era a parte humana que estava em
ação, mas quando Jesus andou por sobre as águas ou fez milagres, o que estava em ação era a parte divina.
Jesus então era uma pessoa dividida em duas partes com operações parceladas. A idéia de que Cristo agia com
toda sua personalidade era inaceitável para Nestório.

Outra questão entre Nestório e seu opositor Cirilo de Alexandria, fora sobre a expressão
THEOTÓKOS, pois para Nestório, Maria deu à luz ao descendente de Davi, no qual o logoV residiu, por isso
seria errado dizer que Maria é mãe de Deus, ou seja, Maria fora mãe da parte humana de Jesus sendo assim
impossível ela ser mãe da parte divina, em que está a divindade de Jesus. Nestório preferia a expressão
XRISTOTOKOS.

O sínodo de Éfeso realizado no ano 431 apoiou a teologia alexandrina, e Nestório foi declarado herege
e ainda foi exilado, mas mesmo assim os nestorianos organizaram uma igreja independente na Pérsia. Apesar
de não terem crescidos tanto, há igrejas nestorianas existentes até hoje como, por exemplo, a Igreja de São
Tomé na índia .

H) Eutiquianismo

Essa expressão é derivada do nome Eutiques, que era um abade ou arquimandrita de um mosteiro fora
de Constantinopla, no quinto século. Eutiques era discípulo de Cirilo de Alexandria, o opositor a Nestório.

Essa teoria ensinava que devido à encarnação do logoV, a natureza humana de Jesus fora absorvida
pela divina, tornando Jesus Cristo um homem especial, ou seja, a humanidade de Cristo era diferente de um
homem comum, isso em nível de essência.

Por ensinar essa teoria, Eutiques fora excomungado de Constantinopla. O Papa Leão I convocou então
um sínodo em Éfeso no ano 449, mas o partido alexandrino defendeu Eutiques (eram amigos) e esse voltou ao
seu ministério. Aliás, esse sínodo foi uma bagunça; para começar o Papa Leão I expôs sua idéia numa carta ao
bispo Flaviano de Constantinopla, mas a idéia não foi discutida. O tumulto desse sínodo lhe deu o nome de
"Sínodo dos ladrões" e não é reconhecido como concílio ecumênico.

Leão I não ficou satisfeito com tais resultados, e em 451 houve outro concílio, agora em Calcedônia.
Nesse último, com mais organização a idéia de Eutiques que, era alexandrina foi rejeitada e a posição do Papa
Leão I foi aceita.

Podemos dizer que o principal opositor foi o Papa Leão I, mas outros como Flaviano de
Constantinopla, Teodoreto e Eusébio de Doriléia tiveram sua importância.

I) Monofisismo

Essa palavra é derivada de outras duas palavras gregas que são: monoV = único e jusiV = natureza. A
morfologia da palavra já explica o que essa teoria ensina, ou seja, Cristo tem uma só natureza, que é
composta.

Uma das formulações dessa idéia diz que, uma energia única uniu as duas naturezas, tão perfeitamente
que não restou distinção entre as duas naturezas. Outra formulação explica que, a humanidade de Cristo foi
transformada pela divina, havendo uma espécie de simbiose, fazendo de Jesus um homem impecável e divino,
ou seja, a parte físico-humana de Jesus foi transformada numa natureza divina. Parece-"me" que essa teoria
tem uma pitada de outras "heresias" passadas (Apolinarianismo, Eutiquianismo).

Na realidade, o que houve foi que, grupos não aceitaram a posição calcedoniana, alegando que tal
concílio negou a unidade de Cristo.

Severo de Antioquia, que era defensor da teoria, dizia que, o logoV só tem uma natureza, a saber, a
que se fez carne. Ele defendia que "uma natureza" é equivalente a "hipóstase ou uma pessoa".

Os monofisistas achavam impossível dizer que Cristo têm duas naturezas e ao mesmo tempo têm um
corpo ou é uma pessoa apenas. "Talvez tentaram fazer teologia usando regras matemáticas e logicamente a
resposta sempre dava errada".

Além de Severo, Julião de Halicarnasso defendeu essa idéia que frequentemente era conhecida como
"docetismo incorruptível". Outros também compraram a briga como, Estífano Niobes.

Em 451 o monofisismo foi condenado, e o concílio de Constantinopla, de 680 também rejeitou o


monofisismo, mas os Jacobitas Sírios, as igrejas cópticas, abissínia e armênia adotaram a idéia monofisista.

J) Monotelismo
Tal palavra também vem do grego, monoV = único e qelhsiV = vontade. Assim sendo, essa idéia que
surgiu dentro dos monofisistas perguntavam o seguinte: a vontade pertence à pessoa ou à natureza? Isso em
Cristo é claro! A resposta dada por eles (os monotelitas) era que, Cristo tinha apenas uma vontade, negando
que tinha vontades humanas. Paradoxalmente aos monotelitas, os duotelitas pregavam ter Cristo duas
vontades como também duas naturezas.

O sexto Concílio ecumênico, de Constantinopla, realizado no ano 680 adotou a doutrina das duas
vontades como doutrina ortodoxa, porém a vontade humana é subordinada à divina, não havendo diminuição
da humana nem absorção de uma natureza na outra, e ainda as duas se unem e agem em perfeita harmonia.

Os Concílios e Credos

Como já vimos, quando surgiram pensamentos em torno da cristologia, a Igreja debateu os assuntos
fechando-se em concílios, e bem resumidamente veremos aqui um pouco sobre cada concílio e as
formulações ortodoxas da fé cristã que são os credos.

A igreja Católica Apostólica Romana já realizou vinte e um concílios, sendo o Vaticano II o último,
realizado de 1962 a 1965, porém os concílios oitavo em diante, ou seja de Constantinopla IV realizado no ano
869 ao Vaticano II, são ecumênicos com base no princípio do "Papa no Concílio", ou seja, do nono concílio
em diante (Primeiro concílio laterano) não houve representação universal do Cristianismo. As questões
debatidas nesses últimos o protestantismo analisa com cuidado. Também o sétimo concílio, Concílio de
Nicéia II realizado no ano 787, não têm o apoio hoje dos protestantes, pois nesse concílio regulamentou-se a
veneração de imagens e também o oitavo concílio que é o Constantinopla IV não é universalmente
reconhecido.

Portanto vamos analisar somente os seis primeiros concílios que, têm haver com o assunto do trabalho.
São eles: a) Nicéia I; b)Constantinopla I; c)Éfeso; d)Calcedônia; e)Constantinopla II; f)Constantinopla III.

a) Concílio de Nicéia I

Esse concílio aconteceu no ano de 325, época do imperador Constantino. Quando o imperador
percebeu que o problema cristológico causado pelas idéias de Ário (já discutidas) punha em risco a unidade
da Igreja e também a harmonia no império romano, mandou o bispo Hósio para Alexandria, afim de resolver a
questão. Mas de nada adiantou. Então o imperador convocou um concílio em Nicéia para resolver o problema
em torno do arianismo.

Havia nesse concílio três grupos diferentes. Um grupo chefiado por Eusébio de Nicomédia, que era o
grupo ariano mais puro. O segundo grupo opunha-se ao arianismo, tinha o bispo Alexandre de Alexandria e
seu fabuloso diácono Atanásio como defensores dessa idéia antiariana. O último grupo era representado por
Eusébio de Cesaréia. Esse último era a maioria e era conhecido como partido origenístico, pois apoiava as
idéias fundamentais de Orígenes.Também não acreditavam que Jesus Cristo era da mesma substância com o
Pai, ou seja, homoousios, mas defendiam que Jesus Cristo era de uma substância similar à do Pai, ou seja,
homoiousios.

O grupo de oposição a Ário, o acusaram de introduzir idéias politeístas e a adoração à criatura, pois se
Jesus Cristo não era Deus e sim uma criatura então ele não podia ser adorado, e também o acusaram de
destruir o plano salvífico de Deus que estava voltado em Cristo, pois negaram a divindade de Cristo,
comprometendo assim a salvação dos homens.

O concílio diante da briga concluiu que o Filho é homoousios, ou seja consubstancial com o Pai,
condenando Ário.

O Credo de Nicéia ou Niceno:


Esse credo não é "igualzinho" à fórmula do concílio de Nicéia, mas esse concílio preparou e deu base
para a formação desse documento que recebeu sua forma final anos mais tarde.

Nesse credo a derrocada do arianismo é visível, pois tudo o que vimos atrás sobre o arianismo é dito
ao contrário nesse credo. A doutrina da eterna geração de Cristo é promovida, e a idéia de adoção de Cristo é
rejeitada. A geração mencionada nesse credo não diz respeito à criação, a início, a princípio, mas sim a
posição de Cristo no seio da trindade.

A formação do Credo Niceno ficou assim:

"Creio em um só Deus, o Pai onipotente, criador dos céus e da terra, de todas as coisas, visíveis e
invisíveis.

E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus e nascido do Pai antes de todos os séculos,
Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai, por
quem foram feitas todas as coisas; o qual, por amor de nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, e
encarnou, pelo Espírito Santo, na Virgem Maria, e se fez homem; foi também crucificado em nosso favor sob
Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado; e ao terceiro dia ressuscitou, segundo as Escrituras; e subiu aos céus,
está sentado à destra do Pai; e virá pela segunda vez, em glória, para julgar os vivos e os mortos e seu reino
não terá fim.

E no Espírito Santo, Senhor e vivificador, o qual procede do Pai e do Filho; que juntamente com o Pai
e o Filho é adorado e glorificado; que falou pelos profetas.

E na igreja, una, santa, católica e apostólica.

Confesso um só batismo para remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do
século vindouro. Amém"

Apesar desse credo declarar a consubstancialidade de Cristo com o Pai, houve ainda muita
controvérsia. O grupo chefiado por Eusébio de Nicomédia cresceu ainda mais e influenciaram o imperador
Constantino que acabou apoiando o ponto de vista ariano; chegou a ponto de Atanásio ter que abandonar sua
sé episcopal. Na parte final do quarto século apareceram teólogos defendendo a formulação conclusiva de
Nicéia, se destacando nessa defesa ortodoxa os capadocianos. No próximo concílio ecumênico realizado em
Constantinopla, a vitória nicena foi confirmada.

b) Concílio de Constantinopla I

Esse concílio foi realizado no ano 381 e foi convocado pelo imperador romano Teodósio. Participaram
desse concílio Melécio, Gregório de Nazianzo, que foi um dos maiores teólogos produzido pela igreja
oriental, sendo bispo e doutor na época, e também Gregório de Nissa. Esses dois últimos, juntamente com
Basílio eram conhecidos como teólogos capadocianos.

Nesse concílio, finalmente a controvérsia ariana é encerrada, ou seja, foi confirmado o resultado do
concílio de Nicéia, endossando assim a fórmula do homoousios (o Filho é da mesma substancia do Pai).

A doutrina do Espírito Santo também teve espaço em Constantinopla I, no qual foi declarado que o
Espírito Santo procede do Pai. Depois foi feita uma adição, "filioque", em que a Igreja Ocidental aceitou a
posição que afirma que o Espírito Santo também procede do Filho, mas a Igreja Oriental não aceitou a
procedência do "filioque".

Nesse concílio, também afirmou ser o bispo de Roma autoridade máxima, depois vindo o bispo de
Constantinopla. Isso tem um grande valor histórico, pois Constantinopla nessa época passa a ter mais
importância que Alexandria.
Agora, o mais importante em nível apologético, é que além de encerrada a discussão em torno do
arianismo, o apolinarianismo foi condenado e encerrou aquela controvérsia trinitária: Obs. Em 378-379 houve
em Antioquia um concílio que condenou o Apolinarianismo.

2. c) Concílio de Éfeso:

Fora realizado de junho a setembro do ano de 431. Esse terceiro concílio ecumênico fora convocado
pelo imperador Teodósio II.

Havia nesse concílio a presença de cerca de duzentos bispos, na maioria orientais. Esse concílio fora
presidido por Cirilo, patriarca de Alexandria.

Havia dois grupos opostos nesse concílio: os alexandrinos e os antioquianos. A briga, ou melhor, a
discussão central e principal era a questão nestoriana (já vimos atrás), que fora condenada como herética,
aceitando assim o concílio a posição cristológica de Alexandria.

Foi aceito também nesse concílio a idéia de Maria ser theotokos, ou seja, a mãe de Deus. Essa posição
aceita pelo concílio dava ênfase à divindade de Jesus e não a "Maria", ou seja, se Jesus é Deus, Maria é mãe
de Deus; essa posição theotokos defendia então a deidade de Cristo e não a de Maria, como os católicos
romanos fazem erroneamente hoje.

Outra coisa importante nesse concílio que ninguém comenta, fora a condenação de Pelágio.

2.d) Concílio de Calcedônia

Esse concílio foi realizado no ano 451, época do Imperador Marciano. Em 449 houve em Éfeso o
chamado concílio do Latrocínio que apoiava o eutiquianismo (já falado atrás). Esse concílio foi convocado
para reverter à situação, que tinha o apoio de Dióscuro de Alexandria (apoiava o eutiquianismo). Estavam
presente cerca de trezentos e cinqüenta bispos orientais, três legados papais, e dois bispos da África.

Leão I estava presente, apesar dele ter exposto o problema sem a solução; este, não gostou muito de
certa decisão conciliar, que concedeu autoridade e honra primeiro a Roma, depois para Constantinopla e
depois a Alexandria.

Foram confirmadas as decisões do Concílio de Éfeso que condenou o nestorianismo, e foi decidido e
afirmado que Cristo é tanto homem quanto Deus, consubstancial com o Pai e da mesma substância do
homem, tendo assim duas naturezas unidas sem alteração ou confusão alguma. Foi então condenado o
eutiquianismo, e a cristologia ortodoxa declarou ter Cristo duas naturezas sem mistura, imutáveis, indivisíveis
e inseparáveis.

Nesse concílio fora publicado uma declaração da doutrina de Cristo, ortodoxa, sendo uma grande
contribuição para a formação e desenvolvimento da teologia cristã. Vejamos o que diz a definição
calcedoniana:

"Portanto, conforme os santos pais, todos nós, de comum acordo, ensinamos os homens a reconhecer
um e o mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, totalmente completo na divindade e completo em
humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, que consiste também de uma alma racional e
um corpo; da mesma substância (homoousios) com o Pai no que concerne à sua divindade e ao mesmo tempo
de uma substância conosco, concernente à sua humanidade; semelhante a nós em todos os aspectos, exceto no
pecado; concernente à sua divindade, gerado do Pai, antes das eras, ainda que também gerado como homem,
por nós e por nossa salvação, da virgem Maria; um e o mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, reconhecido
em DUAS NATUREZAS, SEM CONFUSÃO, SEM MUDANÇA, SEM DIVISÃO, SEM SEPARAÇÃO; a
distinção das naturezas de maneira alguma se anula pela união; mas, pelo contrário, as características de cada
natureza são preservadas e reunidas, para formar uma pessoa e substância (hypostasis), não partidas ou
separadas em duas pessoas , mas um e o mesmo Filho e Deus Unigênito, o Verbo, Senhor Jesus Cristo; assim
como os profetas dos tempos antigos falaram dele e o próprio Senhor Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos
pais foi transmitido para nós."

Tal definição foi extremamente importante não somente para a derrocada das seitas e ensinamentos
"heréticos", mas também para a formação da conhecida teologia ortodoxa.

2.e) Concílio de Constantinopla II

Esse fora o quinto concílio ecumênico, realizado em 553 e foi convocado pelo imperador Justiniano.
Teologicamente esse concílio não teve tanta contribuição como os outros, mas foi confirmada a posição
calcedoniana.

2.f) Concílio de Constantinopla III

Esse concílio fora convocado em 680 pelo imperador Constantino IV, para tratar da doutrina
monotelita (já tratada atrás).

O monotelismo dizia que apesar de Cristo ter duas naturezas, ambas eram dirigidas por uma vontade,
enquanto o monofisismo dizia que Cristo tinha uma única natureza, pois a parte carnal foi "transformada" em
divina. Ambas doutrinas são próximas, e os jacobitas sírios, os coptas, os abissínios e os armênios eram
monofisistas; essas doutrinas eram bem aceitas, por isso, o imperador convocou o concílio, para "cortar o mal
pela raiz".

O Papa Honório de Roma apoiou o monotelismo; resultado desse apoio: ele foi considerado herético,
o monotelismo rejeitado e foi afirmado que em Jesus Cristo havia duas naturezas e logicamente duas vontades
e ainda Cristo era apenas uma pessoa.

2.g) O Credo Atanasiano.

É também denominado de Quicunque Vult e é considerado um credo ecumênico junto com o credo
apostólico e o niceno.

Esse credo fora feito no Ocidente e não se sabe quando foi elaborado. Há os que dizem ser pós-
agostiniano, mas há outros que dizem ser da época de Apolinário, mas o que é certeza é que não foi escrito
por Atanásio. O nome do credo de "credo Atanasiano" é apenas uma homenagem ao grande teólogo Atanásio.

Esse credo foi acrescentado nos Ofícios Horários da Igreja Ortodoxa Oriental. Na época de Carlos
Magno, o credo tomou ainda forma musical e foi colocado no Ofício de Prime. No livro de Oração da Igreja
Anglicana, ficou decidido que esse credo fosse recitado na oração matinal.

Teologicamente, foi uma das maiores contribuições para a formação do pensamento da cristologia.

Vejamos o que diz o Credo Atanasiano:

"Todo aquele que quer ser salvo, antes de tudo deve manter a fé cristã. Quem quer que não a conservar
íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá eternamente.

E a fé cristã consiste em venerar um só Deus na Trindade e Trindade na unidade, sem confundir as


pessoas e sem dividir a substância.

Pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do
Pai e do Filho e do Espírito Santo, igual à glória, coeterna a majestade.

Qual o Pai, tal o Filho, tal também o Espírito Santo.


Incriado é o Pai, incriado o Filho, incriado o Espírito Santo.

Imenso é o Pai, imenso o Filho, imenso o Espírito Santo.

Eterno o Pai, eterno o Filho, eterno o Espírito Santo; contudo, não são três eternos, mas um único
eterno; como não há três incriados, nem três imensos, porém um só incriado e um só imenso.

Da mesma forma, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente; contudo, não
há três onipotentes, mas um só onipotente.

Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; e todavia não há três Deuses, porém um
único Deus.

Como o Pai é Senhor, assim o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor; entretanto, não são três
Senhores, porém um só Senhor.

Porque, assim como pela verdade cristã somos obrigados a confessar que cada pessoa, tomada em
separado, é Deus e Senhor, assim também estamos proibidos pela religião cristã de dizer que são três Deuses
ou três Senhores.

O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem gerado.

O Filho é só do Pai; não feito, nem criado, mas gerado.

O Espírito Santo é do Pai e do Filho; não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.

Há portanto, um único Pai, não três Pais; um único Filho, não três Filhos; um único Espírito Santo,
não três Espíritos Santos.

E nessa trindade nada é anterior ou posterior, nada maior ou menor; porém todas as três pessoas são
coeternas e iguais entre si; de modo que em tudo, conforme já ficou dito acima, deve ser venerada a Trindade
na unidade e a unidade na Trindade.

Portanto, quem quer salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade.

Mas para a salvação eterna também é necessário crer fielmente na encarnação de nosso Senhor Jesus
Cristo.

A fé verdadeira, por conseguinte, é crermos e confessarmos que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de
Deus, é Deus e homem.

É Deus, gerado da substância do Pai antes dos séculos, e é homem, nascido, no mundo, da substância
da mãe.

Deus perfeito, homem perfeito, subsistindo de alma racional e carne humana.

Igual ao Pai segundo a divindade, menor que o Pai segundo a humanidade.

Ainda que é Deus e homem, todavia não há dois, porém um só Cristo.

Um só, entretanto, não por conversão da divindade em carne, mas pela assunção da humanidade em
Deus.

De todo um só, não por confusão de substância, mas por unidade de Pessoa.
Pois, assim como a alma racional e a carne é um só homem, assim Deus e homem é um só Cristo; o
qual padeceu pela nossa salvação, desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos, subiu aos céus, está assentado
à destra do Pai, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.

À sua chegada todos os homens devem ressuscitar com os seus corpos e vão prestar contas de seus
próprios atos; e aqueles que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna; aqueles que tiverem praticado o
mal irão para o fogo eterno.

Esta é a fé cristã. Quem não a crer com fidelidade e firmeza, não poderá salvar-se".

Para quem vai estudar sobre a trindade é impossível não analisar esse credo.

Credo Apostólico:

Esse é o credo ecumênico mais famoso e qualquer católico romano sabe esse credo de cor.

A formulação desse credo foi desenvolvido de forma lenta na história, porém no século XII, sua atual
forma já era usada no Ocidente.

Assim diz esse credo:

"Creio em Deus, o Pai onipotente, criador dos céus e da terra.

E em Jesus Cristo, seu Filho único, nosso Senhor, o qual foi concebido do Espírito Santo, nasceu da
Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu aos infernos, no
terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu aos céus; está sentado à destra de Deus, o Pai onipotente, donde há
de vir para julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo, na santa igreja cristã (católica); na comunhão dos santos, na remissão dos
pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém."

CONCLUSÃO

Muito fácil é, para o estudante de teologia dizer que, Ário, Apolinário, Nestório e outros são hereges,
pois hoje a teologia já está bem desenvolvida, mas na realidade esses homens estavam atrás da verdade,
queriam acertar o alvo e não promover erros e heresias. Foi de tremenda importância para o cristianismo a
opinião desses condenados hereges, pois eles ajudaram na elaboração da doutrina cristã.

George Hegel propôs a teoria da dialética. Dialeticamente falando, as heresias dos primeiros séculos
foram positivas para a Ekklhsia (Igreja). Vejamos como: a dialética hegeliana trabalha com três aspectos de
desenvolvimento que são: a tese, a antítese e a síntese. Para um resultado filosófico ou sociológico ter uma
boa concretização, têm que passar pela análise dessa dialética. Podemos dizer que, as "heresias" ou os
pensamentos desses homens (Ário, Eutiques...) são uma tese, uma opinião, uma proposição apresentada para a
definição da cristologia; o surgimento de pensamentos contrários, os concílios, são a antítese, ou seja a
oposição de idéias que ajudará numa "verdadeira" conclusão; e, a reação da tese com essa antítese resulta na
síntese, que seria o produto, nesse caso as condenações, os credos, ou seja, se não tivesse havido uma tese
nunca chegaríamos à síntese, ou melhor dizendo, se não tivessem havido as opiniões desses chamados
hereges, hoje a cristologia não estaria onde está; a pneumatologia, por exemplo, não é tão desenvolvida como
a cristologia , isso porque os problemas e teses para o seu desenvolvimento teológico são recentes. Por isso
podemos dizer que dialeticamente as heresias são positivas, pois elas ajudaram na definição ortodoxa. É claro
que essa dialética não parou na ortodoxia, ela continuou em processo, porém, a ortodoxia, mesmo que eu não
concorde com suas formulações, ela serviu de grande base para a formação do pensamento cristológico.

Mostrarei agora a minha opinião sobre as heresias e depois farei uma contextualização delas:
A) Docetismo: Pelo visto, quando Basíledes defendia o docetismo, ele partia do gnosticismo, pois se
partisse das escrituras bíblicas não diria tal suposição, a não ser se ele fosse místico, pois há textos que
provam a plena humanidade de Cristo e que ele não era aparente; por exemplo: a bíblia relata que homens
enfiaram uma espada em Jesus, e saiu sangue e água. Também a bíblia nos diz que Jesus comia e bebia. Como
ele faria isso se seu corpo fosse aparente? Uma outra passagem, mesmo que essa pertence à um nível bem
mítico de literatura, Jesus andava por sobre as águas e seus discípulos pensavam ser um fantasma (como os
docéticos), mas o mestre lhes adverte, pois estava em "carne e osso". Os defensores do docetismo eram
gnósticos e viam Jesus como um novo ser, em um estágio um pouco superior, um ser nem carnal, nem
superespiritual, mas um ser intermediário. Pensando assim, negavam a humanidade de Cristo, pois Jesus era
aparente.Quem é místico tem uma certa tendência de crer numa forma ou espécie de docetismo, pois acha que
Jesus foi um ser "fantasmagórico". Daria para escrever uma monografia sobre o docetismo na igreja
evangélica, pois há evangélicos que crêem que Jesus fazia milagres, ressuscitava mortos, curava e etc, porque
ele era Deus na Terra, um fantasma, e na realidade não podemos negar que Jesus tinha uma natureza humana,
sentia fome (como no deserto), dormia (como naquele barco da tempestade), se emocionava (como na morte
de Lázaro), ou seja, Jesus era homem e não um corpo fantasmagórico.

B) Ebionismo: Essa seita judaica trouxe uma enorme contribuição para a cristologia, pois sua
afirmação é mais racional. Seria difícil, encontrarmos uma teologia mais social, ética e existencialista se não
analizássemos Jesus como grande homem histórico. Os ebionitas tinham grandes razões religiosas para
defender somente a humanidade de Cristo, e também a sabedoria desses seguidores judeus, restringia-se ao
judaísmo. Existencialmente falando, havia algo em Jesus que o diferenciava de todos os homens. A sabedoria
que residia em Jesus, que o levava a ter uma prática de vida perfeita, para muitos era preexistente, o que João
chamou de logoV. O nível do código de ética apresentado por Jesus era em muito superior para sua época. Em
Cristo, isso implica seus ensinamentos, todo homem encontra conforto para seus problemas existenciais,
provando que Cristo pode dar vida ao espírito de uma pessoa (refiro-me a espírito, no sentido de ser,
ontologia). Nesse sentido, Jesus mostrou ao mundo sua superioridade espiritual-ontológica. Não sou
ortodoxo, acho que o fundamentalismo é medíocre e minha análise teológica nunca deixa de ter uma óptica
científica. Aos olhos da era científica, as discussões em torno de Cristo que vemos são discussões míticas, de
mentalidade mitológicas. Não há como provarmos e é uma bobagem tentar divinizar Jesus para dar autoridade
a esse, pois qualquer argumento para a deidade de Cristo será no campo da mitologia. Jesus foi O GRANDE
HOMEM que veio ao mundo, que tinha uma práxis de vida incomparável e isso que é importante como
paradigma. Para mim, muitas discussões não levam a nada, pois provar que Jesus é Deus não mudará
ninguém, somente na mística, mas seguir os passos desse grande mestre com certeza mudaria o mundo.

C) Os elquesaítas: A heresia dessa seita era irrelevante, pois para eles Jesus era um homem de
nascimento comum, mas também era o mais elevado dos arcanjos; como pode isso, não é algo paradoxal?
Digo paradoxal porque essas conclusões são embasadas em revelações místicas. O problema dessa seita é o
mesmo problema de muitas igrejas pentecostais de hoje, que é a supervalorização de visões que dizem trazer
revelações. A natureza dessas revelações são totalmente psicológicas, o que mostra o perigo dessas, que são
causadas por êxtases psicológicos. O problema do misticismo bateu na porta da seita de Elquesai e
infelizmente ele abriu, como também muitos líderes cristãos de hoje.

D) Arianismo: Com certeza é uma das heresias de maior dificuldade na análise teológica, porque
parece que Ário teve argumentos sem saída, isso por ele usar as escrituras. Então vamos pegar os argumentos
bíblicos usados por Ário e ver se ele está correto. (Essa análise é incondicionada à ortodoxia).

Provérbios 8:22 " O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas".

É ridículo (desculpe a expressão) usar esse verso para falar de Jesus, pois para apoiar essa possibilidade
devemos ter ingenuidade suficiente para crer num anacronismo gigantesco, ou seja, o escritor de provérbios
não tinha idéia nenhuma de Jesus, por ser anterior ao cristianismo. O texto se refere à sabedoria, daí alguém
pode dizer: "mas sabedoria é a palavra logoV que é Jesus!! E também sabedoria é tratado nesse texto de forma
pessoal!" Devemos entender e o tratamento pessoal à sabedoria é devido à natureza literária, que é uma
poesia. Ário usou a versão septuaginta, porque em vez de "possuiu" está escrito "criou", o mesmo acontece no
targum e nas versões siríacas. Tal acontece, porque no hebraico está a palavra "ganah", que pode ser traduzida
como criou, mas essa palavra também pode ser traduzida por "estabelecer" como em Gn14:19, por "gerar",
por "comprar" ou por "adquirir", mas seja qual for a tradução, essa interpretação de Ário está exegeticamente
errada, visto não estar se referindo ao logoV concreto (Tillich).

Mt 28:18: "Jesus falou: "É me dado todo o poder no céu e na terra". Parece que Ário não analisou bem o texto
morfologicamente no grego e o seu erro foi justamente na palavra que derruba sua idéia, que é "dado", pois
segundo Ário, se lhe foi dado, quer dizer que um dia ele não tinha o poder. Mas essa expressão está no aoristo,
na forma comum o verbo é Didwmi , porém nesse texto está escrito Edoqh , que significa foi dado, é dado, e
sempre será dado, ou melhor, o poder sempre foi entregue a Jesus pelo Pai, miticamente falando. Esse
versículo não prova a criação de Jesus como Ário disse. Obs: O correto seria edoqhn , pois a terminação
aorística nesse caso seria com o "n ", mas isso acontece porque essa forma correta é usada mais no clássico e
não no Koinê, e também porque houve uma omissão da letra, algo comum em toda língua.

Mc 13:32 "Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho,
senão o Pai". Esse versículo é um pouco complicado, devido escatologia, e Ário errou na sua exposição. Anos
depois dos concílios surgiu a teoria acerca da Kenosis, ou seja, Jesus quando homem se esvaziou. Em Fp2:7
diz que, Ele se esvaziou, tomou a forma de servo e se fez semelhante aos homens. Não podemos negar que,
Jesus Cristo não sabia tudo, pois ele apesar de ser o logoV na teoria joanina, estava na forma de homem, e o
homem por natureza é limitado. Agora é bom sabermos e entendermos que Jesus foi um homem, e esse teve
um início que é o nascimento carnal. Ele era limitado, pois apesar de ter uma natureza "divina" segundo a
ortodoxia, também tinha natureza terrena/humana, por isso ele teve que aprender a falar, a andar, etc. Jesus era
homem e não tinha como saber coisas referentes a escatologia, o que os judeus muito preocupavam.

Lc18:19 "Respondeu Jesus : Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus". Temos aqui
uma frase com sentido ambíguo, pois pode ser interpretada como Jesus dizendo : "Não me chames de bom
pois só Deus é bom, eu sou ruim", mostrando assim sua total humanidade e a sua "não divindade", mas o
texto também pode querer dizer o seguinte: "me chamas bom, só Deus é bom, ninguém mais, contanto eu sou
Deus", mostrando a deidade de Cristo. Portanto as duas interpretações se encaixam, mas na realidade, o
ensinamento de Cristo com essa afirmação, não era com respeito a sua pessoa, mas a pessoa do Pai, ou seja,
esse versículo hermeneuticamente não pode ser usado para diminuir o Cristo, só pode ser usado para mostrar
que Deus é bom e Ele possui atributos como pessoa, porém transcendente aos valores humanos. Por isso o
verso diz: "Só Deus é bom". Era muito comum Jesus usar uma afirmação alheia para trazer algum
ensinamento, usando as palavras como pontes para suas doutrinas.

Jo5:19. "Jesus respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa
alguma, ele só pode fazer o que vê o Pai fazendo, porque tudo o que o Pai faz, o Filho faz igualmente".
Analisando esse verso no seu contexto, vemos que, os judeus queriam até matá-lo (Jesus), porque ele
aparentemente quebrava a lei do sábado e dizia que Deus era seu Pai. Para os judeus, a atitude de Jesus era
contrária a sua fala, e também era um absurdo Jesus dizer que Deus era seu Pai, pois os judeus têm uma visão
bem transcendente de Deus. Esse versículo, se analisado junto com o texto inteiro, dá para perceber que, Jesus
mostrava para os judeus a sua unidade com Deus, seu Pai. Mostrava sua intimidade com o Pai, o que na
realidade queria dizer que ele tinha intimidade com a lei mosaica e de maneira nenhuma vejo subjeções
arianas nesse versículo, inclusive no verso 22 Jesus diz que o Pai não julga ninguém, mas deu ao Filho todo
juízo. Se fôssemos pegar versos isolados e sem uma boa hermenêutica poderíamos dizer aqui que Jesus tem
mais poder que o Pai. Mas não é isso que diz o texto. As características mitológicas encontradas na bíblia
dificultam afirmações absolutas de qualquer caráter.
Jo14:28 "... eu vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu". Esse versículo tem aparência de arianismo, mas
não é. Cristo na sua "missão terrena" de reconciliar o homem com Deus (linguagem religioso-mítica que
significa reconciliar o homem com uma ética), subordinou-se ao Pai, assumindo uma posição inferior a Deus,
por isso no credo atanasiano diz que, o "Filho é igual ao Pai segundo a divindade, porém, menor que o Pai
segundo a humanidade", pois Cristo adquiriu um estado de humilhação. Essa subordinação do Filho ao Pai é
quanto à função, não quanto à natureza divina segundo a ortodoxia e o foco do versículo não é a distinção de
natureza ou essência.

I Co15:28 "E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele
que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos". Esse versículo também mostra a
subordinação do Filho ao Pai quanto à função, porém num quadro cronológico eterno segundo a ortodoxia.
Não vemos problemas em torno da substância das pessoas divinas em pauta.

Portanto, podemos dizer que Ário realmente errou por interpretar mal alguns textos que não dizia a respeito
de suas objeções.

E) Apolinarianismo: Eu acho interessante Apolinário, parece que ele quis ser espiritual de mais na sua
definição, mostrar que realmente era crente, a ponto de divinizar de forma exagerada o homem Jesus. Negar a
humanidade de Cristo é como querer procurar chifre na cabeça de sapo, ou seja, é difícil. Em Hb2:14 diz que,
assim como os filhos participam da carne e do sangue, o mesmo aconteceu com Cristo. Em I Jo4:1-3 diz que,
Jesus Cristo veio em carne. Biblicamente o apolinarianismo é sem argumento praticamente, pois são muitas as
passagens que mostram a humanidade de Cristo. Mas vejo que o ebionismo e o apolinarianismo, apesar de
serem de fácil refutação, contribuíram muito, pois são dois extremos distintos em que juntando os dois dá para
tirar algum proveito teológico.

F) Monarquianismo: Acho mais difícil refutar o adopcionismo do que o modalismo. Todos dois são
tentativas de casar a fé em Jesus com o monoteísmo.Numa análise crua, o adopcionismo consegue convencer
aparentemente, pois, é pregado nele que Jesus Cristo foi adotado pelo Pai após sua morte, sendo antes dela
apenas homem, tornando-se Cristo no ato do batismo; isso nos confunde, porque primeiramente, não vemos
falar praticamente nada de Jesus antes do seu ministério, e também , Jesus só começou seu ministério após
seu batismo. Argumentos contra o arianismo e contra o ebionismo podem ser usados aqui para refutar a idéia
de Cristo Jesus ser um mero homem. Há porém uma passagem em Lc2:39-52, em que Jesus tinha apenas doze
anos de idade e estava no templo ouvindo as doutrinas e interrogando-os, quando seus pais lhe viram
chamaram sua atenção, mas Jesus na hora disse ao seus pais que Ele estava tratando dos negócios de seu Pai;
esse versículo mostra que Jesus com apenas doze anos já sabia quem ele era, e já chamava Deus de Pai,
mostrando sua intimidade com a Lei e os ecritos judaicos. Como Jesus fora adotado pelo Pai no batismo, se
com doze anos ele já chamava Deus de Pai? Daria para levantar outras objeções a esta teoria só nesse
versículo. Creio que o adopcionismo também é uma outra idéia baseada em pensamento mitológico, como o
pensamento ortodoxo, ou seja, para a mentalidade científica é sem valor.

O modalismo para ser apoiado, teria que tirar boa parte do novo testamento, caso seja analisado na
mesma mentalidade da ortodoxia. Porém devemos já adiantar que a idéia de trindade não passa de um mito
cristão. O patripassionismo é colocado assim em dúvida como a teoria ortodoxa. A doutrina da trindade fora
elaborada sobre bases mitológicas que são os textos bíblicos principalmente. Qualquer discussão dessa
natureza foge da realidade da mentalidade moderna.

G) Nestorianismo: Nestório disse que Jesus tinha duas naturezas que, não se misturavam, ou seja, ele
negou a união das duas naturezas. Muita gente faz isso hoje, cai no mesmo erro, por olhar e pensar que a parte
humana (carnal) é ruim. Esse pensamento tem influência do gnosticimo (há um trabalho nesse site que, trata
sobre GNOSTICISMO). Apresentar o Swma como matéria ruim, pecaminosa somente é fruto de mentalidade
mística, por isso merece o descrédito de todos quantos pensam numa teologia pós-moderna. Também, a
discussão nestoriana também estava limitada a mitos.
H) Eutiquianismo: Defender que a parte divina absorveu a parte humana de Jesus reduz a cristologia
numa filosofia mitológica barata. O estudo da pessoa de Jesus deve ir além desses detalhes sem fundamento
existencial.

I) Monofisismo: É parecido com o eutiquianismo. Diz que, Jesus Cristo tinha apenas uma natureza.
Também foi uma idéia condicionada ao pensamento mitológico, apesar de ser menos alienante que a idéia
ortodoxa e outras.

J) Monotelismo: Essa idéia dizia que, Jesus Cristo tinha uma só vontade, a divina. Essa idéia além de
mística e mítica é também alienante. Vemos por exemplo a passagem onde Jesus estava no Jardim do
Getsêmani, em que sua vontade era não ser crucificado, tanto que ele pede para o Pai para livrá-lo, porém,
roga ao Pai para que, a vontade prevalecente seja a dele (Pai); essa e inúmeras outras passagem bíblicas
mostra que Jesus tinha vontade humana, em que, o correto de se afirmar sobre a sua vontade é que, ele tinha
vontade humana como todo homem, porém se submetia à vontade do Pai sempre, miticamente falando, ou
seja, Jesus sempre colocava sua vontade submetida a ética.

Heresias dos primeiros séculos hoje.

O livro de Eclesiastes traz a idéia de que não há nada novo na Terra, tudo se repete. Essas "heresias"
(heresia segundo a perspectiva ortodoxa) que nós estudamos não ficaram presas em suas épocas, pelo
contrário até hoje estão influenciando movimentos.

Seria quase inútil estudarmos sobre esse assunto sem tentarmos contextualizar, pois esse é o objetivo
das disciplinas de História nas faculdades teológicas. Por isso tentarei identificar essas heresias cristológicas
nas seitas de hoje e também na Igreja. Não tem como explicar tudo sobre cada seita, mas somente o ponto em
discussão (heresias cristológicas), mesmo assim de forma objetiva e resumida.

Testemunhas de Jeová: Essa seita é muito conhecida no Brasil e até têm alguma expressão. São muitos os
pontos negativos dessa seita, mas na área da cristologia eles crêem que, Jesus foi criado num certo momento,
ou seja, o Filho de Deus teve um início. Possuem traços do arianismo.

Mormonismo: Essa seita também é muito conhecida, fundada por Joseph Smith em 1830. Hoje é conhecida
como Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Essa seita também têm muitos aspectos negativos,
principalmente no decorrer da história; eles possuem um credo, com regras de fé. Apesar da primeira regra de
fé do mormonismo dizer crer em Deus e em seu Filho Jesus Cristo, na realidade há traços de ebionismo,
monarquianismo dinâmico e até arianismo. Em 1844, Smith disse em uma pregação: "Pregarei sobre a
pluralidade dos Deuses.... Eu sempre declarei que Deus é um personagem distinto, que Jesus Cristo é um
personagem separado e distinto de Deus, o Pai, e que o Espírito Santo é outro personagem distinto, e é
Espírito.... Muitos dizem que há um Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo são apenas um. Que Deus estranho
– digo eu – três em um, e um em três! " (Ensinamento do Profeta Joseph Smith , publicado pela IJCSUD, São
Paulo, 1975, págs. 361, 362 e 364). Vemos nessas declarações que, Smith não confessava uma fé ortodoxa.
Ele cria em vários deuses, inclusive nesse sermão ele afirma que, Paulo, o apóstolo, disse existir vários deuses
e senhores. Ele (Smith) não cria na unidade da trindade. O mormonismo prega que, os deuses um dia foram
homens, inclusive nesse sermão Joseph Smith disse assim: "O próprio Deus já foi como somos agora – ele é
um homem exaltado, entronizado em céus distantes!.... ele já foi um homem como nós;.... o próprio Deus, o
Pai de todos nós, habitou sobre uma terra...." Aqui vemos traços de modalismo. Os mórmons crêem que Jesus
foi o primeiro Deus criado pelo Pai e depois outros foram criados e enviados para outros planetas, por isso
dizem que, a bíblia fala que Jesus é o primogênito.

Cristadelfianismo: Essa seita é parecida com as Testemunhas de Jeová, porém crêem que, Deus se revelou
através da pessoa de Jesus Cristo, e que nesse último a humanidade recebe perdão de pecados. Porém essa
seita não reconhece a encarnação do logoV , e também negam que Jesus tenha a mesma natureza do Pai, ou
seja, negam a ortodoxia a respeito da substância. Eles negam qualquer divindade única em Cristo Jesus. Têm
traços de arianismo e de nestorianismo, pois negam que haja uma união entre as duas naturezas em Cristo
Jesus.

Branhamismo: Essa seita surgiu na pessoa de William Branham. Esse, em 1916, teve uma visão (tinha apenas
7 anos). Trinta anos após essa visão um "anjo" lhe apareceu e falou todo o seu passado como também lhe deu
uma visão do futuro, mostrando que ele seria um evangelista com dom de cura. Essa seita então, começou
com base em visões, e o resultado é uma teologia unicista, como nos tempos de Sabélio. Também pregavam
que, Deus é uma essência que se manifestou na história de formas diferentes, ou seja, traços do
monarquianismo modalista.

Igreja Universal e Triunfante: Essa igreja "faz parte" do movimento "Eu Sou", que têm raízes no antigo
gnosticismo, misticismo oriental, teosofia e cristianismo. Para essa seita, Jesus e Cristo são conceitos
diferentes, em que Jesus seria um homem que vivera na Palestina dois mil anos atrás - nessa questão há traços
de ebionismo; para eles Jesus alcançou a condição de ser "Cristo", ou seja, ele incorporou o princípio de
consciência divina, porém esse princípio todo homem possui. Eles não aceitam a união hipostática, no qual
Cristo tem duas naturezas, mas crêem nesse sentido aspecto na teoria nestoriana, ou seja, negam a união das
naturezas.

Meninos de Deus: Essa seita é bem conhecida devido aos escândalos sexuais, principalmente alguns que
envolveram práticas pedófilas. Mas a respeito de cristologia, há em seus escritos, ensinamentos de que Jesus
Cristo um dia fora criado, e essa criação fora no momento do nascimento humano, ou seja, antes Cristo não
existia, como todos os homens; nesse aspecto há traços de arianismo. Os meninos de Deus também
confundem as duas naturezas de Cristo Jesus, como os nestorianos.

Ciência Cristã: Para essa seita, Jesus Cristo é uma figura histórica que vivera no primeiro século. Sua missão
era mostrar a humanidade que as enfermidades eram algo ilusório, mas ele era um homem como outro, assim
como o ebionismo pregava.

Igreja Internacional da Sabedoria Eterna: Para essa igreja, Deus, como poderoso que é, não podia se
manifestar junto aos homens, sendo assim Jesus não têm como ser Deus, mas sim um mero homem, como
ensinava os ebionitas. Não crêem também, automaticamente , que Cristo tinha duas naturezas, como os
nestorianos ensinavam .

Igreja do Entendimento Bíblico: Jesus nessa igreja é visto como o salvador, mas como eles rejeitam a
trindade, rejeitam também a deidade de Cristo, assim sendo, Jesus é Salvador, mas não Deus. Há traços de
ebionismo.

Swedenborguianismo: Essa seita começou no nome de Swedenborg, que era um filósofo e cientista, mas que
afirmou ter tido uma visão de Cristo. Fundou a Igreja da Nova Jerusalém que, pregava que Cristo era
separado de Jesus, no qual esse último era apenas humano. A trindade era negada, pois existe somente um
Deus que se manifestou de formas diferentes na história, ou seja, vemos traços de nestorianismo e do
monarquianismo modalista.

Pentecostalismo Unicista: A teologia dessa seita é rigorosamente fechada em torno do nome de Deus. Não
crêem na trindade, mas num único Deus que se manifesta diferentemente na história. Possuem então uma
teologia modalista,.

Caminho Internacional: Essa seita, na década de 70, arrebanhou milhares de universitários e famílias, através
de um curso chamado "Poder para uma vida abundante", no qual pregavam a auto-ajuda; e são bem
teológicos. Essa seita argumenta que Jesus Cristo é Filho de Deus, mas não Deus Filho, inclusive usam a
bíblia para provar suas teorias. Jesus não tem como ser Deus, pois Deus não pode morrer, ou seja Jesus era
humano apenas. Tem na sua teologia traços de ebionismo, nestorianismo e aparentemente arianismo.

Armstronguianimo: Hoje é conhecida como Igreja Mundial de Deus. Rejeitam a doutrina da trindade como o
monofisismo, e dizem que Cristo Jesus possui apenas uma natureza, a divina. Dizem também que o corpo que
ressuscitou era diferente do corpo pré-ressurreição.
Teosofia: É um movimento que prega idéias da Nova Era. Para essa seita, Jesus é divino como também os
homens são. Se partirmos do ponto em que a teosofia iguala Jesus aos homens, podemos dizer que, existe uma
espécie de ebionismo nessa seita, mas o arianismo se encaixa melhor, pois Jesus foi um homem que em certo
momento descobriu seu ser divino, sendo assim Jesus Cristo teve um início. O misticismo dessa seita chega
ao exagero de divinizar todos os homens.

Escola da Unidade do Cristianismo: Jesus era uma pessoa particular e Cristo era seu aspecto espiritual. Há
nessa afirmação traços do nestorianismo. Jesus era um homem comum, mas que pelo Espírito tornou-se
Cristo, e passou a ser Filho de Deus. Vemos traços do monarquianismo dinâmico e também do ebionismo.

Sociedade Vedanta: O fato de Jesus ter morrido não interessa, o importante é a divindade de Cristo, ou seja
traços de monofisismo.

Se procurarmos e aprofundarmos mais nas seitas, encontraremos mais problemas cristológicos. Creio
que, apesar da profundidade da ortodoxia, ela se faz dogmática, o que a torna medíocre. Como disse Paul
Tillich, não podemos ficar satisfeitos com a ortodoxia, mas devemos ir além de suas formulações. A ortodoxia
cristão é alienante para a mentalidade moderna e científica, pois além de seu misticismo e de seu mitismo, em
muitos aspectos ela se apresenta muito exclusivista, como por exemplo no Credo Atanasiano que, aparenta ter
sido formulado para prender as pessoas na religião cristã. Vejo essas questões da cristologia tratada nesse
trabalho como, mitos cristãos. Não estou assim, negando a deidade nem a humanidade de Cristo, mas creio
que tais formulações não são a realidade, mesmo que apontem para uma realidade bem mais transcendente e
que não podem ser conhecidos por não poderem ser estudadas científico-teologicamente. Há muitos
conhecimentos nesse mundo que fogem de nosso limite racional. Nesse aspecto o ceticismo é uma verdade,
pois temos que ter a humildade de dizer que só podemos afirmar como Verdade aquilo que podemos provar de
alguma forma. Portanto, a verdade sobre Deus está, muito além de nossos dogmas e formulações teóricas, se
encontrando num campo existencial perfeito e completo.

Encerro com uma frase que diz o seguinte:

Omnis Definitio Periculosa est.

Toda definição é perigosa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WALTON, Robert. História da Igreja em Quadros. Tradução Josué Ribeiro. São Paulo: Vida,2000.p.28-29,31.

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