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Ao longo do século XIX o liberalismo espalhou-se pela Europa e pela América.
As monarquias constitucionais consagraram nas Constituições os princípios
básicos do liberalismo:
Respeito pelos direitos naturais (como a liberdade individual)
Separação tripartida do poder político e a igualdade perante a lei
Separação entre a igreja e o estado
As liberdades políticas deviam de proteger o cidadão de qualquer forma
de opressão
Os governos não podem impor as suas vontades nas eleições
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Direito à propriedade
- é um dos pilares ideológicos do liberalismo
- Faz parte do conceito de liberdade individual o direito ao trabalho e à plena
posse de frutos do trabalho
- a propriedade passou a ser considerada como a base de toda a riqueza
- é ela que permite ao cidadão o livre acesso a outros bens, como a instrução e
até a concretização na política
- também é a base da economia. Para o liberalismo cabia aos cidadãos gerir
livremente os seus bens e negócios, seguindo simplesmente as regras naturais
do mercado.
- a não ingerência do Estado na economia significava a abolição das múltiplas
taxas, portagens e outros impostos
- ao estado cabia proteger a propriedade, fazer reinar a segurança e a ordem e
facilitar a produção.
- este liberalismo económico teve as suas raízes no Iluminismo e no
Fisiocratismo
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Os direitos humanos: abolição da escravatura
Coube ao liberalismo, com a sua crença nos direitos naturas do Homem, lançara
questão da ilegitimidade da escravatura a nível internacional.
Os franceses, em 1974, foram os primeiros a abolir a escravatura, mas depois
Napoleão voltou a legalizá-la. Foi na América do Norte que se tomaram as
primeiras medidas legais para a abolição da escravatura.
Na Europa, a Inglaterra foi a primeira nação a acabar, legalmente, com a
escravatura. Em Portugal, a primeira lei contra a escravatura data do Governo
setembrista de Sá da bandeira, em 1836, mas só se completou em 1868.
Em 1815, o Congresso de Viena foi a favor da abolição da escravatura e iniciou
um verdadeiro movimento internacional nesse sentido.
Os interesses económicos aliados ao despertar de consciências inspiradas nos
valores liberais de liberdade e de igualdade levaram à abolição da escravatura
em quase todo o mundo ocidental.
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Novos inventos e novas tecnologias aplicadas à indústria
Com a Revolução industrial o objetivo dos empresários era produzir em maior
quantidade e diversidade, com melhor qualidade e de modo mais rápido. O
alargamento dos mercados, facilitado pela maior facilidade de transporte,
contribuiu para o aumento da produtividade.
A revolução técnica e tecnológica dependeu do desenvolvimento cientifico da
época e do surto de invenções e aperfeiçoamentos técnicos. Para solucionar ou
rentabilizar a produção nas indústrias inventaram utensílios, máquinas e
desenvolveram fontes de energia cada vez mais eficazes, estabelecendo novos
processos produtivos.
O êxito destas inovações e modernizações foram fatores decisivos para a
prosperidade das indústrias. Alguns empresários investiram na investigação
científica, criando laboratórios de pesquisa.
A dinâmica económica existente impôs um contínuo aperfeiçoamento das
técnicas, dando origem a uma série de progressos cumulativos.
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Consequências do desenvolvimento técnico e científico
A industrialização e os progressos que a acompanharam trouxeram
consequências importantes:
Novas fontes de energia indispensáveis à mecanização da produção
Descoberta do petróleo e seus derivados, como o gás, a gasolina e o
gasóleo, os quais permitiram o aparecimento do motor de explosão
No final do sec. XIX difundiu-se o uso da eletricidade, a qual foi a forma
de energia mais revolucionária (podia ser levada a grandes distância, sem
grandes obras e perigos, tinha múltiplas aplicações nos transportes e nas
formas de comunicação, na refrigeração, no aquecimento, na iluminação
publica e no aparecimento de pequenos eletrodomésticos)
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A indústria metalúrgica
A industrialização permitiu o aparecimento de siderurgias que produziam
industrialmente o ferro e o aço. O crescimento destas indústrias não parou
graças às suas múltiplas aplicações quer na produção de maquinarias, utensílios
e equipamentos básicos de uso industrial público e doméstico, quer em novos
materiais de construção na engenharia civil.
Outro setor em crescimento foi o da indústria metalúrgica que produzia metais e
ligas (cobre, zinco, estanho e outros) que funcionavam como matérias-primas
para a produção de muitos objetos de uso do quotidiano.
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Novos transportes e comunicações
O comboio teve um grande impacto nos países em industrialização, pois permitia
vencer as distâncias com maior facilidade, segurança e rapidez, favorecendo a
deslocação de pessoas e mercadorias, interligando mercados abastecedores e
de escoamento, mundializando a economia.
A navegação a vapor também conheceu progressos e surgiram novos
transportes, como o automóvel e o avião. A instalação destes meios de
transporte acarretou grandes obras, como a construção de linhas férreas,
estradas e cais, dragagem de rios, abertura de canais artificiais, construção de
túneis, pontes e gares.
O telégrafo de cabo, a telegrafia sem fio, o telefone e o rádio conheceram rápida
divulgação.
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Os novos métodos de produção e organização do trabalho
As fábricas organizam-se com um propósito bem claro: o lucro. A cadeia de
produção racionaliza-se e sistematiza-se para produzir muito rápido e ao menor
custo. A ânsia pelo lucro levou os industriais a preocuparem-se com a
rentabilização do trabalho. Isto conduziu a uma racionalização cada vez mais
cuidada do processo do trabalho fabril (factory system). Foi assim que, pela
divisão do trabalho e pela especialização de tarefas, se chegou à organização,
nas fábricas, de linhas de montagem. Executando sempre a mesma tarefa, os
operários interiorizavam-na de tal modo que a realizavam mecanicamente. De
facto, fazia-os realizar mais trabalho no mesmo tempo, aumentando o lucro das
empresas, com recurso ao trabalho infantil e feminino.
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Os métodos de Taylor (Taylorismo) foram bem acolhidos pelas empresas. Henry
Ford concebeu uma linha de montagem que revolucionou o mercado de veículos
motorizados. Tratava-se da instalação de um tapete rolante que fazia chegar as
peças aos operários sem que estes tivessem de se deslocar e desperdiçar tempo
a procura-las.
O fordismo levou ao consumo em massa, pois permitia produzir enormes
quantidades e baixar radicalmente os preços, tanto do produto com dos custos
de produção.
O taylorismo ajudou a consolidar a produção em massa. A produção em massa
caminhou no sentido da uniformização e da padronização de certos artigos ou
peças produzidos em série e em grande quantidade, mas apenas determinados
tamanhos, ou calibres, preestabelecidos. Foia este processo que se deu o nome
de estandardização, o qual tornou possível novos processos de comercialização
ligados ao consumo em massas, como a venda por catálogo.
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A produção industrial e o capitalismo
Para sobreviver à concorrência, muitos industriais e empresários foram
obrigados a recorrer aos bancos e outas formas de financiamento. Esta
circunstância implicou separação entre o capital e o trabalho. Assim, o modo de
produção industrial e capitalista define-se pelas seguintes características:
- Concentração dos trabalhadores e dos meios de produção em instalações
próprias denominadas fábricas;
- Mecanização crescente do processo produtivo
- Controlo e disciplina do trabalho operário e racionalização de todo o processo
laboral, com vista à produção e ao consumo de massa e à obtenção crescente
de lucros;
- Separação progressiva entre o patronato e os trabalhadores.
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O Processo de concentração industrial
Concentração vertical: uma indústria em processo de crescimento associava a
si outras indústrias da região, ujas produções distintas concorriam para o mesmo
produto acabado. Este tipo de concentração industrial foi comum nas indústrias
siderúrgicas, nos têxteis, etc. estas associações podiam revestir a forma de
trusts e holdings.
Concentração horizontal: associação de indústrias similares que se
encarregavam da mesma fase de produção de um dado produto acabado. Em
épocas de crise, estas concentrações podiam dar origem à formação de cartéis,
tipo de associação horizontal em que as empresas associadas não perdem a
sua independência, mas possuem uma gerência comum para tomar decisões
conjuntas.
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Revolução agrícola
A industrialização da agricultura europeia só se verificou verdadeiramente no
século XIX, beneficiando de um conjunto de condições propícias:
Os progressos cientifico-técnicos possibilitaram a melhoria da
utensilagem e a crescente mecanização do trabalho agrícola e maiores
conhecimentos sobre o processo de germinação e crescimento das
plantas.
O alargamento dos transportes e a maior rapidez de comunicações foi
essencial na renovação da agricultura e consequentemente o
alargamento do mercados agrícolas.
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O capitalismo rural
O aumento da especialização agrícola exigiu a criação de uma rede de
trocas. Deste modo, o desenvolvimento dos transportes e a
industrialização da agricultura ajudaram a construir os mercados internos
ou nacionais.
Também o capitalismo financeiro foi uma condição que favoreceu o
desenvolvimento do mundo rural, possibilitando a existência de capitais
disponíveis e instrumentos de crédito.
Ao abolir as antigas hierarquias sociais e os impostos feudais, liberalizou
igualmente a mão-de-obra, permitindo a sua crescente mobilidade,
facilitando o seu despedimento ou a sua contratação avulsa.
Foram todas estas condições que levaram ao capitalismo rural.
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A hegemonia económica inglesa
A hegemonia económica de Inglaterra foi possível porque:
- a Inglaterra foi pioneira na promulgação de legislação liberal que permitiu a
instalação de estruturas político-económicas e sociais modernas;
- as industrias inglesas possuíam o mais alto índice de mecanização e eram as
mais avançadas tecnologicamente;
- apostaram em setores industriais como o têxtil, a metalurgia, os caminhos de
ferro e a construção naval e, mais tarde, as indústrias químicas e os artefactos
elétricos;
- aplicou a racionalização e organização do trabalho industrial, conseguindo altos
níveis de produtividade;
- foi pioneira na modernização dos transportes e na revolução agrícola;
- expandiu o seu comércio internacional, com uma boa rede de carreiras
marítimas;
- modernizou o seu aparelho financeiro, fortalecendo a libra que se tornou a
moeda de referencia para as cotações financeiras internacionais