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FACULDADE DE ENSINO E CULTURA DO CEARÁ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

ÂNGELA MARIA PESSOA SILVA

FATORES PREDISPONENTES PARA O ACIDENTE


VASCULAR CEREBRAL DE PACIENTES ATENDIDOS
NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE BATURITÉ/CE

FORTALEZA
2017

0
ÂNGELA MARIA PESSOA SILVA

FATORES PREDISPONENTES PARA O ACIDENTE


VASCULAR CEREBRAL DE PACIENTES ATENDIDOS NA
REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE BATURITÉ

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Bacharelado
em Fisioterapia da Faculdade de
Ensino e Cultura do Ceará em
Cumprimento às exigências para
obtenção do grau de Bacharel em
Fisioterapia.
Orientador: Ma. Erika Augusta Lopes
Batista

FORTALEZA
2017

1
“Dedico este trabalho a minha mãe е a toda
minha família que, com muito carinho е
apoio, não mediram esforços para qυе еυ
chegasse até esta etapa da minha vida.”

2
AGRADECIMENTOS
Concluir este trabalho é uma grande vitória e algo de enorme satisfação para
mim e para todos que me acompanharam até aqui. Muitos foram os que se mostraram
dispostos a me ajudar, seja de forma direta ou indireta, e por isso terei sempre uma dívida
de gratidão enorme com todos eles!
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus e sua fonte infinita de
misericórdia, pois sem Ele nada disso seria possível.
A minha mãe, Maria dos Anjos, pela vida e por todo amor, atenção, carinho,
dedicação, pela minha formação como ser humano. A minha amada irmã Cristiane, a
minha tia, Lenine e meu sobrinho Edson Filho que estiveram presente durante todo esse
processo, a qual sou grata pelo incentivo, ensinamentos, amizade e solidariedade. Sem
dúvidas tudo seria mais difícil sem vocês neste percurso.
A professora Erika Augusta, que durante essa empreitada, sempre teve
palavras de confortos como amiga e eficientes como orientadora. Obrigada pelos
comentários que muito contribuíram neste trabalho, pela disponibilidade em ajudar
sempre e pelas muitas correções.
Agradeço a todos os professores que em muito contribuíram para a minha
formação acadêmica em nome de Jeovane Lopes, Rafaela Borges, Musse Jereissati e
Fabrícia Salvador. Também agradeço aos meus colegas de curso, que compartilharam das
mesmas angústias, preocupações, alegrias e outros sentimentos que surgiram durante essa
caminhada.
Aos colegas de trabalho, Claudia, Elizângela e Robério, que também fizeram
parte desse processo e estavam sempre dispostos a ouvir e aconselhar quando preciso.
Ao prefeito Francisco de Assis Germano Arruda por permitir minha atuação
junto ao corpo de trabalho do NASF e do SAD.
Ao Kayke Victor, este que provou ser meu amigo e principalmente que nestes
últimos meses se fez ainda mais presente na minha vida, me aconselhando, conversando
e ajudando no que estava a seu alcance. Meus sinceros agradecimentos.
Gostaria de agradecer também a Maria Sauer, que mesmos nos momentos
mais difíceis me deu forças e me apoiou.
Tantos foram os amigos que me ajudaram e talvez eu esqueça de alguns, mas
não posso deixar de citar aqui Gildemar Lopes, Roberto Lopes, João Bosco Lopes, Moisés
Lopes, Lidiane Sales, Victor, Vagner Nogueira, Jackeline Pessoa, Edson Freitas.

3
E, por fim, aos demais que contribuíram para a realização deste sonho,
inclusive à Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará (FAECE) por me receber.

4
RESUMO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) está entre as principais causas de incapacitação


física, internações e a segunda maior causa mortis no mundo. No Ceará é um dos estados
Brasileiro com o maior número de incidência de casos, sendo a doença com maior número
de óbitos, superando câncer e doenças cardíacas. Por isso o presente trabalho busca
esclarecer lacunas a respeito dos coeficientes de predisposição para o AVC no município
de Baturité, relacionando os fatores de risco de pacientes com sequelas em atendimento
pela rede pública municipal, assim, estabelecendo parâmetros com o intuito de criar um
perfil de risco do paciente, orientando a população através de políticas públicas ou ações
voluntárias sobre doenças cerebrovasculares. Os pacientes ou familiares foram
entrevistados buscando informar dados sobre a saúde e hábitos antes e depois do
diagnóstico. Após a aplicação do questionário foram definidos valores para cada categoria
fatores predisponentes. Foi possível concluir que as diferenciações entre gênero foram
pouco significativas. A partir dos dados coletados, foi possível observar que os homens
são mais propensos a adquirir AVC ao longo tempo. Os dados mostram um crescimento
linear com o aumento da faixa etária versus a quantidade de pacientes. A pressão arterial,
dentre os demais fatores predisponentes, apresentou maior relevância neste trabalho, já
que 85% dos pacientes eram hipertensos antes do AVC e os demais entrevistados não
sabiam informar. Dentre os fatores não-modificáveis, a hereditariedade ganha foco pelo
grande número de parentes destes pacientes foram acometidos por essa doença.

Palavras-chave: AVC, Fatores de Predisposição, Baturité, Ceará.

5
ABSTRACT

Stroke is among the main causes of physical disability, hospitalizations and the second
largest cause of death in the world. In Ceará, it is one of the Brazilian states with the
highest number of cases, being the disease with the highest number of deaths, overcoming
cancer and heart disease. Therefore, the present study seeks to clarify gaps regarding the
predisposition coefficients for stroke in the municipality of Baturité, linking the risk
factors of patients with sequelae in care by the municipal public network, thus
establishing parameters with the aim of creating a profile of patient orientation, targeting
the population through public policies or voluntary actions on cerebrovascular diseases.
Patients or relatives were interviewed seeking information on health and habits before
and after diagnosis. After the application of the questionnaire, values for each category
were defined predisposing factors. It was possible to conclude that the gender differences
were not very significant. With the data collected, men are more likely to acquire stroke
over time. The data show a linear growth with the increase of the age group versus the
amount of patients. Blood pressure, among the other predisposing factors, was more
relevant in this study, since 85% of the patients were hypertensive before stroke and the
other interviewees did not know how to report. Among the non-modifiable factors,
heredity is focused by the large number of relatives affected by the disease.
Keywords: Stroke, Factors of Predisposition, Baturité, Ceará.

6
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 14

2.1 Características clínicas e epidemiológicas ................................................... 14

2.2 Diagnóstico e Tratamento ............................................................................. 16

2.3 Fatores de risco .............................................................................................. 18

2.4 Políticas Públicas............................................................................................ 20

3 METODOLOGIA ................................................................................................. 22

3.1 Tipo de estudo ................................................................................................ 22

3.2 Local e período ............................................................................................... 22

3.3 População e Amostra ..................................................................................... 23

3.3.1 Critérios de Inclusão .............................................................................. 23

3.3.2 Critérios de Exclusão ............................................................................. 23

3.4 Coleta de dados .............................................................................................. 23

3.5 Análise dos dados ........................................................................................... 25

3.6 Aspectos éticos ................................................................................................ 25

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 26

5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 36

ANEXOS ....................................................................................................................... 39

Anexo A – Termo de Consentimento e questionário aplicado aos participantes 39

Anexo B – Mapa de atendimento diário de fisioterapia do NASF ....................... 41

Anexo C – Ficha de Avaliação do NASF................................................................. 42

Anexo D – Ficha de Acompanhamento de pacientes do NASF ............................ 44

7
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tipos de AVCs ............................................. Erro! Indicador não definido.15

Tabela 2: Sintomas clínicos de lesões vasculares ............................................................17

Tabela 3: Fatores de risco estabelecidos para AVC ........................................................19

Tabela 4: Fatores de Risco Modificáveis e Não-Modificáveis para Acidente Vascular


Cerebral ...........................................................................................................................19

Tabela 5: Distribuição dos pacientes por zonas...............................................................27

Tabela 6: Média de cigarros por dia e o tempo de consumo entre homens e mulheres ..33

Tabela 7: Média de gestações tidas pelas pacientes ........................................................34

8
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Distribuição dos pacientes tratados pelos NASF por AVC. ..........................26

Gráfico 2: Porcentagem dos casos tratados no NASF de Baturité. ........................................27

Gráfico 3: Avaliação da glicose dos casos dos pacientes tratados pelos NASF antes do
AVC. ................................................................................................................................28

Gráfico 4: Avaliação da pressão arterial dos pacientes tratados pelos NASF antes do
AVC.. ...............................................................................................................................29

Gráfico 5: Avaliação Antecedentes familiares a respeito de AVC dos pacientes tratados pelos
NASF. ...............................................................................................................................29

Gráfico 6: Avaliação do Índice de Massa Corpórea (IMC) dos pacientes tratados pelos NASF
antes do AVC. ...................................................................................................................30

Gráfico 7: Avaliação de atividades praticadas por pacientes tratados pelos NASF antes do AVC
........................................................................................ 3Erro! Indicador não definido.

Nenhuma entrada de índice de ilustrações foi encontrada.

LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIT: Ataques Isquêmicos Transitórios

9
AVC: Acidente Vascular Cerebral

AVCi: Acidente Vascular Cerebral Isquêmico

AVCh: Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico

AVE: Acidente Vascular encefálico

DCV: Doenças Cerebrovasculares

DM: Diabetes Mellitus

HTA: Hipertensão Arterial

LCR: Líquido cefalorraquiano

NASF: Núcleo de Apoio de Saúde da Família


NIHSS: National Institute of Health Stroke Scale
OMS: Organização Mundial de Saúde

SAD: Serviço de Atenção a Domicílio


SIM: Sistema de Informação de Mortalidade

SUS: Sistema Único de Saúde

WHO: World Health Organization

10
1 INTRODUÇÃO

As Doenças Cerebrovasculares (DCVs) são a terceira maior causa de morte


em países desenvolvidos e a segunda maior causa mortis no mundo (ALMEIDA, 2012),
sendo responsáveis por 9 - 14,7% de óbitos na população acima de 30 - 40 anos. A
incidência aumenta com o avançar da idade, de 100/100.000 indivíduos com idade entre
45 - 54 anos, para acima de 1800/100.000 naqueles com idade superior a 85 anos (BRITO,
2010). O acidente vascular cerebral (AVC) está entre as principais causas de
incapacitação física, internações. Segundo base de dados do Sistema Único de Saúde
(DATASUS), no Brasil, foram registradas 160.621 internações por doenças
cerebrovasculares no ano de 2009 e 99.174 óbitos (LIMA et al, 2016).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o AVC é definido
como um comprometimento neurológico focal ou global que, subitamente, aparecem os
sintomas que podem durar até 24 horas, podendo levar à morte, com provável origem
vascular (World Health Organization [WHO], 2006). Mesmo aqueles que sobrevivem ao
AVC ficam com sequelas físicas, sensoriais e/ou cognitiva.
O AVC ocorre quando há problemas na irrigação sanguínea
do cérebro, causando a morte das células. O AVC pode ser categorizado em dois grupos:
anóxico-isquêmicos (AVCi) – resultado da falência vascular para suprir adequadamente
o tecido cerebral com oxigênio e substratos – e hemorrágicos (AVCh) – resultado do
extravasamento de sangue para dentro ou para o entorno das estruturas do sistema nervoso
central (CHAVES, 2000).
Os AVCi se devem a uma diminuição ou bloqueio completo do fluxo
sanguíneo cerebral, resultando em dano cerebral. Várias são as causas possíveis de
desenvolvimento de um AVCi, e se costuma classificar isquemia cerebral em três
principais subtipos, cujo tratamento e desfecho são diferentes, a saber: embolia,
hemorragia ou trombose, que de forma geral se refere a uma obstrução arterial local
gerada à distância, como um trombo gerado no coração de um paciente com fibrilação
atrial e hipoperfusão sistêmica sendo a causa mais comum do AVC (LUCKMAN;
SORENSEM, 2004).
De acordo com Bensenor (2015) há poucos dados sobre a prevalência de
AVCs no Brasil e em seu estudo buscou avaliar um número absoluto de casos decorrentes
e de pessoas incapacitadas e suas respectivas prevalências

Estimou-se 2.231.000 pessoas com AVC e 568.000 com incapacidade


grave. A prevalência pontual foi 1,6% em homens e 1,4% em mulheres,
11
e a de incapacidade 29,5% em homens e de 21,5% em mulheres. A
prevalência aumentou com a idade, nos menos escolarizados, residentes
da zona urbana sem diferenças pela cor da pele auto-declarada. O grau
de incapacidade pós-AVC não foi estatisticamente diferente segundo
sexo, raça, nível de educação ou área de moradia. Os dados inéditos da
PNS mostram altas taxas de prevalências de AVC principalmente em
indivíduos mais idosos, sem educação formal, moradores de centros
urbanos porém o grau de incapacidade pelo ACV não foi determinado
pelas características sociodemográficas da população brasileira (p. 746-
747, traduzido pelo autor).

Nas últimas décadas, muitos estudos têm identificado riscos não modificáveis
bem como modificáveis para AVCs isquêmicos e hemorrágicos. A determinação e o
controle dos fatores de risco buscam à prevenção primária de derrames na população
(SACCO, 1998).
O tratamento do AVC é específico para cada tipo (AVCi e AVCh), com
abordagem, controle e desfecho diferenciados entre si. Além do tratamento específico
para o tipo de AVC, devem ser tomadas medidas de manutenção na tentativa de estabilizar
o paciente até que o diagnóstico seja confirmado também no pós-tratamento.
Os fatores de riscos para AVC são inúmeros e estão associados a práticas não-
saudáveis que podem apresentar os primeiros ataques isquêmicos transientes, conhecidos
como mini-AVC que não são percebidos, mas considerados importantes para iniciar um
acompanhamento médico. Os Ataques isquêmicos transitórios (AIT) são definidos como
um breve episódio de perda da função nervosa, devido a isquemia, que pode ser
encontrada em uma porção do cérebro suprida por um determinado sistema vascular.
Esses déficits devem durar poucos minutos caracterizado como um

breve episódio de perda da função cerebral, devido a isquemia, que


pode ser localizada em uma porção do sistema nervoso central suprida
por um determinado sistema vascular (carotídeo direito ou esquerdo, ou
vertebrobasilar), e para o qual não se encontra nenhuma outra causa.
Arbitrariamente, por convenção, os déficits devem durar menos de 24
horas. Os AITs comumente duram poucos minutos (de 2 a 15 minutos).
Episódios abruptos, durando apenas poucos segundos, provavelmente
não são AITs. (...) O diagnóstico dos AITs depende da habilidade na
coleta da história dos episódios e de sua interpretação, exceto nos casos
em que o médico assiste ao episódio. Alguns sintomas, como dormência
ou formigamento, são comuns, mas nem sempre indicativos de AIT. O
padrão dos déficits, a duração e as circunstâncias em que apareceram
são muito importantes no diagnóstico. A correlação dos sintomas e
sinais com um território vascular é fundamental. Os antecedentes
pregressos de déficits semelhantes e os fatores de risco que o paciente
apresente também têm peso no diagnóstico. Por outro lado, a presença
de cefaléia, alteração no nível de consciência ou fenômenos positivos
pesam contra o diagnóstico de AIT (OLIVEIRA, ANDRADE, 2001, p.
280-281).

12
Dyken et al (1977 apud OLIVEIRA; ANDRADE, 2001) estabeleceu uma duração média
de 14 minutos para os AITs de origem carotídea e 8 minutos para os de origem
vertebrobasilar
O Ceará é um dos estados com o maior número de incidência de casos de
AVC do Nordeste Brasileiro. De acordo com Carvalho et al. (2011), no Estado, o AVC é
a doença com maior número de óbitos, superando câncer e doenças cardíacas.
Atualmente, o Estado tem a maior unidade do país com capacidade para atender 150
pacientes por mês com vinte leitos para internação.

São aproximadamente 18 mil casos de AVC por ano. Deste número,


4.500 morreram desde 2006 e 40% tiveram AVC pela segunda vez
mostrando que os fatores de riscos não foram controlados. No Ceará, o
número de óbitos por AVC foi de 4.598 em 2013, de 4.424 em 2014 e
de 4.716 no ano passado (LIMA, 2016, p. 21).
Vários autores realizam estudos no Estado do Ceará, mais especificamente
em Fortaleza e Região Metropolitana, (LIMA, 2016; LIMA et al, 2016; MANIVA, 2016;
PEREIRA, 2009; SANTOS, 2013). Considerando a necessidade de estudos aprofundados
em níveis regionais e locais, este trabalho busca atender as seguintes questões: quais são
os principais fatores de risco que predispõe o AVC nos pacientes que fizeram uso da rede
municipal de saúde de Baturité/Ce? Quais desses riscos são adquiridos? Qual o perfil do
paciente que sofre sequelas de AVCs no município? O tratamento oferecido contempla
as necessidades dos pacientes?
Sabendo-se da gravidade da doença, dos altos índices de incidência e
prevalência deste quadro, torna-se necessário conhecer o perfil funcional dos pacientes
acometidos por AVC na cidade de Baturité, buscou-se responder as seguintes questões
que venham a preencher essas lacunas e tantas outras que a cidade precisa, contribuindo
e auxiliando Sistema Público de Saúde Municipal no conhecimento, na atitude e nas
práticas para com os pacientes, visando a prevenção de novos eventos cerebrovasculares
à população Baturiteense.
A partir disso, o Capítulo 2 abordará as fundamentações teóricas a respeito
do AVC, com informações sobre características clínicas e epidemiológica, diagnósticos
e tratamentos, fatores de risco e suas principais relações com a doença e por final, políticas
públicas.
No Capítulo 3 versa sobre a metodologia do estudo, tendo caracterizado o
desenho da pesquisa, seus instrumentos e os procedimentos utilizados, dando ênfase a
abordagem estatística.

13
Já no capítulo 4, serão explanados os resultados e levantadas as discussões,
com fornecimento de implicações importantes para caracterização de um perfil baseado
nos participantes dessa pesquisa, buscando contribuir tanto no aspecto teórico, para
fundamentar novos ensaios, como no âmbito clínico, a fim de prover evidências a serem
aplicadas no tratamento destes pacientes.
O Capítulo 5 traz as considerações finais sobre o trabalho.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Características clínicas e epidemiológicas


O AVC ocorre quando um coágulo se forma ou é transportado por um vaso
sanguíneo ocasionando uma interrupção súbita do fluxo sanguíneo, seja por bloqueio ou
ruptura de uma artéria que irriga uma parte do cérebro. Este também pode resultar “da
rotura de uma artéria cerebral e, neste caso, o sangue que dela extravasa vai destruir o
tecido cerebral circundante” (HENRIQUES, 2000, p.8).
Sacco (2002) e André (1999) acrescentam que este ocorre por
desenvolvimento rápido de sinais clínicos de distúrbio focal – por vezes globais – da
função cerebral, persistindo por mais que um dia ou levando a óbito o paciente sem
qualquer motivação que possa levar que viria de origem vascular, portanto, será a
evolução temporal quem revelará a natureza transitória ou não do problema. Dessa forma,
Mansur (2011) pondera que:

Pelas definições clínicas convencionais, um indivíduo apresentará o


diagnóstico de AVC se os sintomas persistirem por mais de 24 horas;
caso contrário, um défice neurológico caracterizado por perda aguda de
função cerebral focal ou monocular (amaurose fugaz) com duração
inferior a 24 horas será definido como Acidente Isquémico Transitório
(p.13).
A terminologia médica para ‘acidente’ em AVC, Gagliardi (2010) contesta,
já que o termo “não é o que melhor traduz a doença, uma vez que em grande parte poderia
ser prevenida, não sendo obrigatoriamente acidental” (p. 131). O termo acidente vascular
encefálico – AVE – foi introduzido com a tentativa de ampliar o conceito, já que esta
doença pode prejudicar qualquer região da estrutura encefálica e não apenas o cérebro.
De forma que

Se propõem a uma adequação frente a terminologia anatômica utilizada


em língua portuguesa, porém não acompanha a literatura universal,
onde o cérebro é citado comumente como o conjunto de todas as

14
estruturas internas ao crânio. A sigla AVE é pouco conhecida e dá
margem a confusão com outras doenças (Ibdem, p. 131).
A utilização de inúmeros sinônimos para a compreensão desta patologia gera uma grande
confusão em pacientes e familiares, uma vez que nem sempre o vocábulo corresponde a
projeção da enfermidade correspondente.
Para categorizar o AVC, Flannery e Bulecza (2010), determina que há “dois
tipos principais da doença-isquémico e hemorrágica, podendo qualquer deles provocar
défices, temporários ou permanentes da função neurológica” (p. 1464), mas para a
Organização Mundial da Saúde – OMS – (2005) há três tipos de AVCs: isquémico,
hemorragia intracerebral, hemorragia subaracnóide. Para Monteiro (2005), o AVC é
dividido em tipos e subtipos, de forma a negar o AVE de hemorragia subaracnóide, como
pode ser visto na Tabela 1.

Tabela 1: Tipos de AVCs


Tipos de AVCs Subtipos de AVCs
Isquémico Aterotrombóticos
Hipoperfusão global
Acidente embólicos
Hemorrágico Subaracnóide
Intracerebral
Fonte: Adaptado de Monteiro, 2005.
O AVC isquêmico, é a forma mais comum desta doença e ocorre quando há
obstrução do fluxo sanguíneo à determinada área cerebral. Geralmente, a isquemia, é
originária de uma trombose de origem cardíaca ou arterial, como as carótidas, migram
para as artérias encefálicas (HARZHEIM, 2016).

Várias são as causas possíveis de desenvolvimento de um AVCi, e se


costuma classificar isquemia cerebral em três principais subtipos, cujo
tratamento e desfecho são diferentes, a saber: trombose, que de forma
geral se refere a uma obstrução arterial local gerada in situ, como
aterosclerose; embolismo, refere-se a uma obstrução arterial local
gerada à distância, como um trombo gerado no coração de um paciente
com Fibrilação atrial e hipoperfusão sistêmica (OLIVEIRA, 2013, p.
17).
Os AVCs hemorrágicos, são divididos em duas categorias, estas baseadas em
sua localização: intracerebral – que se refere a um fluxo sanguíneo no parênquima
cerebral – ou subaracnóideo – sangramento para o LCR, dentro do espaço subaracnóideo.
A OMS (2005, p.8) determina como um AVC hemorrágico intracerebral o “sangramento

15
de uma das artérias do cérebro no tecido cerebral”, Lorusso (2012, p.86), completa que
esta geralmente é causada “por hipertensão arterial, rotura de aneurismas, mal formações
arteriovenosas, vasculites, vaculopatias e discrasias sanguíneas [sic]”. Para Flannery e
Bulecza (2010), sesse tipo de AVC podem ser provocados por trombos, classificando-as
em função de quatro processos evolutivos: acidente isquémico transitório, déficit
neurológico isquémico reversível, acidente vascular em evolução e AVC completo.
De acordo com Flannery e Bulecza (2010, p.1467), o AVC pode levar a óbito
causar graves lesões, nos tipos menos graves de AVC “o período agudo, inicial pode ser
complicado por problemas respiratórios relacionados com aspiração e atelectasia”. Para
Tinone (2001, p.224), “a impotência funcional de um paciente portador de AVC não
depende somente do grau de paralisia, mas também de outros fatores, como
incoordenação motora, presença de dor, hipertonia e luxações de articulações, como o
ombro”.
2.2 Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico de AVC depende de uma anamnese – seja do paciente, dos
familiares ou acompanhante –, de exames físicos e complementares, como exames de
imagem, podendo assim, classificar tipos e subtipos do caso.
Muitas características clínicas, são usadas como base a suspeitar de AVC; por
exemplo, paresia focal ou distúrbios na fala são as sequelas mais comuns nos exames
físicos pós-AVC. De acordo com Yamamoto (s. a.) há também manifestações clínicas de
difícil visualização, tais como comprometimento de memória e rebaixamento do nível de
consciência, além de sintomatologia progressiva em várias horas ou mesmo alguns dias.

Tais exceções devem sempre ser acompanhadas de minuciosa


investigação visando excluir diagnósticos alternativos, tais como
hipoglicemia, hiperglicemia, encefalopatia hepática, epilepsia ou
hematoma subdural crônico. Também devem ser consideradas no
diagnóstico diferencial de AVC, por poderem se manifestar através de
déficits neurológicos focais de rápida evolução, as seguintes afecções:
tumores e abscessos cerebrais, encefalite, enxaqueca, doenças
desmielinizantes e paralisias periféricas agudas, tais como a síndrome
de Guillain-Barré e a paralisia de Bell. (Ibdem, p.4)
Dependendo da artéria comprometida, a extensão da lesão e a disponibilidade
de irrigação sanguínea durante o AVC, o quadro clínico poderá apresentar distúrbios
motores, sensitivos, principalmente os que compreendem a linguagem, visão, audição e
a aspectos da cognição (LIMA, 2011).
O comprometimento das artérias pode ser unilateral ou bilateral, resultando
em hemiparesia (diminuição da força) ou hemiplegia, quando afeta um hemicorpo, bem

16
como pode apresentar quadriparetia ou quadriplegia ao afetar os dois membros superiores
e/ou inferiores. Deficiências como heminegligência, hemianopsia, apraxia e ataxia
também podem ser consideradas comuns a partir do local afetado (O'SULLIVAN;
SCHMITZ, 2003).

As sequelas do AVC podem comprometer a capacidade funcional do


sobrevivente, isto é, a capacidade de manter as habilidades físicas e
mentais necessárias para uma vida independente e autônoma. Essa
capacidade é avaliada por meio de instrumentos específicos com
questões relativas à atividades diárias, como autocuidado, alimentar-se,
usar o banheiro, dentre outras necessárias durante o dia-a-dia do
indivíduo. Além dessas tarefas, existem instrumentos que avaliam as
atividades instrumentais da vida diária, como aquelas relacionadas à
organização da rotina, fazer compras, atender telefone e outras
necessárias para uma vida independente em sociedade (ANDRADE,
2014, p. 6).
A Tabela 2 resume os principais sintomas clínicos e as estruturas anatômicas
envolvidas, de acordo com o comprometimento arterial específico

Tabela 2: Sintomas clínicos de lesões vasculares


LOCALIZAÇÃO SINTOMAS ESTRUTURAS ENVOLVIDAS
Paralisia contralateral e déficit
Área motora somática, área de
Artéria Cerebral sensorial, afasia, negligência
Broca, lobo parietal, córtex
Média unilateral, apraxia, hemianopsia
parietooccipital
homônima
Apraxia, paralisia (membro Córtex prémotor ou parietal, área
Artéria Cerebral inferior), paresia no braço oposto, motora, aspecto póstero-medial do
Anterior incontinência urinária, perda giro frontal superior, área
sensorial somestésica
hemianopsia homônima, cegueira Córtex calcarino ou radiação
Artéria Cerebral
cortical e apraxia ocular, defeitos óptica, lobo occipital bilateral,
Posterior
de memória, desorientação porções ínfero-mediais do lobo
(periférico)
topográfica temporal, giros calcarino e lingual
Pedúnculo cerebral, fibras
Hemiplegia contralateral, paresia
Artéria Cerebral supranucleares para o nervo
ocular e resposta pupilar à luz com
Posterior (centro) craniano III, núcleo póstero-ventral
interrupções, síndrome talâmica
oftálmico
Artéria Carótida Sinais variáveis de acordo com o
Incerto
Interna grau e local da oclusão
Artéria Ataxia, tontura, náusea, nistagmo Pedúnculo cerebelar médio e
Cerebelar horizontal, diminuição da dor, tato, superior, núcleo vestibular, trato
Superior vibração e senso de posição espinotalâmico e lemnisco medial
Artéria Nistagmo, vômito, náusea, Nervo vestibular, nervo craniano
Cerebelar paralisia facial homolateral, VII, nervo auditivo e núcleo
Inferior Anterior zumbido coclear inferior
Perda sensorial tátil e Lemnisco medial, trato piramidal,
Artéria Vertebral propriocepção, hemiparesia, trato espinocerebelar, nervo
ataxia, paralisia da língua craniano XII
FONTE: Adaptado de Umphred (2009, apud ANDRADE, 2014)

17
Para auxiliar no diagnóstico, protocolos são criados, visando a padronização
e agilização do atendimento. Dentre os mais utilizados em casos de suspeitas de doenças
cerebrovasculares é o NIHSS. O NIHSS é um procedimento deve durar entre cinco e oito
minutos, e permite avaliar a gravidade, o prognóstico e fazer uma previsão a chance de
recuperação do paciente logo após do acidente, determinando assim, os cuidados e
intervenções necessárias para o bem-estar do paciente. (SILVA, 2010, p.8). Outra dessas
ferramentas de auxilio diagnóstico é o ROSIER (Reconhecimento de AVC na Sala de
Emergência), “uma escala mais recente, validada em 2005, que é mais simples, mas
apresenta alta sensibilidade (93%) e especificidade razoável (83%)” (OLIVEIRA, 2013,
p. 19).
O tratamento do AVC é específico para cada tipo, de forma que a abordagem,
o controle e o desfecho são singulares.

Dentre tais medidas, destacam-se as seguintes: controle da pressão


arterial, principalmente nos AVCh e nos AVCi trombolisados, pelo
maior risco de sangramento (reduzir a pressão inicialmente para no
máximo 30% da inicial); controle de glicemia (manter abaixo de
120mg/dL, pois valores acima destes são deletérios na fase aguda do
AVC); controle de temperatura (a hipertermia deve ser tratada o quanto
antes, e a hipotermia pode ser uma opção para diminuir o edema
cerebral); hiperventilação (indicada quando as condições do paciente
estão se deteriorando secundariamente ao aumento da PIC); e
hemodiluição (medida ainda controversa, pode ser útil em algumas
situações, mas apresenta muitas restrições ao seu uso) (OLIVEIRA,
2013, p.20).
Logo que se estabilize a situação clínica, inicia-se a reabilitação, consistindo
em diversas técnicas que ajudam o paciente readquirir as capacidades físico-motoras
anterior ao problema de saúde, tendo como objetivo superar as incapacidades adquiridas
com as sequelas. Coelho (2011) retrata que para um avanço na melhora do paciente, é
necessário que este esteja acompanhado por uma equipe multidisciplinar, com médicos,
enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas da fala e terapeutas ocupacionais.

2.3 Fatores de risco


Vários estudos indicam que os homens têm uma maior probabilidade de
sofrer uma AVC em comparação a mulheres de mesma idade (ASKIM et al., 2012;
FERRI et al., 2011). Essa prevalência masculina pode ser decorrente do efeito protetor
dos hormônios femininos. Contudo, o risco entre mulheres dobra a cada década após a
menopausa.

18
O aumento da concentração de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e
triglicerídeos, a redução da lipoproteína de alta densidade (HDL), as mudanças na
distribuição de gordura corporal, o aumento da pressão arterial sistêmica e dos
marcadores inflamatórios que ocorrem após a menopausa estão associados como os
principais fatores de risco para a incidência maior nas mulheres relacionada ao avanço da
idade (POLOTSKY; POLOTSKY, 2010).
Na Tabela 3, Chaves (2000) cita diversos tipos de riscos modificáveis e não
modificáveis
Tabela 3: Fatores de risco estabelecidos para AVC
RISCOS MODIFICÁVEIS RISCOS NÃO OUTROS
MODIFICÁVEIS
Hipertensão Idade Anticorpo antifosfolipídeo
Diabetes Sexo Homocisteína elevada
Fumo Raça Processo inflamatório
Fibrilação atrial Etnia Infecção
Doenças cardíacas Hereditariedade Álcool
Hiperlipidemias
Sedentarismo
Ataques isquêmicos transitórios

Fonte: Adaptado de Chaves, 2000.

Na perspectiva de Pasches e Mendes (2013, p.12) os fatores de risco deveriam


ser agrupados em grupo de risco não modificável, risco modificável e risco potencial.
Defendida pela OMS (2005, p.14), classifica os fatores de risco em modificável:
hipertensão arterial, tabagismo, sedentarismo, dieta, consumo excessivo de álcool,
sobrepeso, diabetes; ambiental: tabagismo passivo, acesso a tratamento médico; não
modificável: idade, sexo, história familiar, genética.
Na Tabela a seguir, são apresentados os fatores de risco Modificáveis e Não-
Modificáveis de acordo com Coelho (2011).

Tabela 4: Fatores de Risco Modificáveis e Não-Modificáveis para Acidente Vascular Cerebral


Hipertensão A hipertensão arterial (HTA) aumenta em 3 a 4 vezes o risco de AVC
podendo ser considerada como responsável de metade de todos os casos
Por cada 3 mmHg de descida há uma diminuição de risco de 20%
Fumo Quanto ao tabagismo, este aumenta em cerca de 2 a 4 vezes a probabilidade
de ter um AVC, chegando-se mesmo a esclarecer que 2 ou 3 anos após a
suspensão do consumo de tabaco, as probabilidades são as mesmas às de um
não-fumante.
Diabetes Os doentes diabéticos têm uma maior susceptibilidade à aterosclerose e uma
maior prevalência de fatores de risco aterogéneos como HTA (que ronda os
60%) e dislipidemia.

19
Doenças Ao considerar a fibrilação auricular como sendo um enorme fator de risco
cardíacas de AVC por várias razões: a incidência (responsável por cerca de ¼ dos
AVC´s em doentes com mais 80 anos), a gravidade (enfartes maiores e
incapacitantes), a recidiva e a mortalidade. O risco de ocorrência /
recorrência de AVC encontra-se substancialmente aumentado após um AIT
ou AVC prévio.
Sedentarismo Quanto à falta de exercício físico, várias são as fontes que consideram como
mais um fator de risco para o desenvolvimento de AVC, devendo evitar o
sedentarismo.
Obesidade A obesidade, além de estar associada a um maior risco de AVC, tem
correlação com outros fatores de risco, tal com HTA e Diabetes Mellitus
(DM) potenciando sob a forma de sinergia a probabilidade de AVC. Por
outro lado, a dieta pode influenciar o risco, sobretudo porque pode ser
responsável pelo controle de alguns fatores tais como HTA, DM,
dislipidémia e obesidade.
Álcool O consumo excessivo constitui um fator de risco para todos os tipos de
AVC; ainda assim não há nenhum estudo que comprove o benefício de
recomendar o consumo de álcool aos que o não fazem. Estudos consideram
que, em quantidade tem um efeito protetor devido às propriedades
antioxidantes do resveratrol que pode ser encontrado nas sementes da uva e
nas películas da uva preta, considerando-se o efeito protetor mais para vinho
do que para cerveja.
Estima-se que em cada 10 anos depois dos 55 anos, o risco de AVC
Idade duplique. Prediz-se também que o risco de AVC antes dos 50 anos de idade
é duas vezes superior nas pessoas com peso à nascença inferior a 2,5 kg
Os homens apresentam maior incidência de AVC do que as mulheres, para
a mesma idade. O aumento da taxa de AVC nas mulheres está associado a
Diabetes Mellitus e o uso de contraceptivos orais, que aumentam em 6 vezes
o risco de AVC sobretudo em mulheres com enxaqueca, HTA, DM ou
Sexo
dislipidemia. A gravidez aumenta o risco entre 3 a 13 vezes e estudos estão
a ser levados a cabo de forma a determinar a importância de terapêutica à
base de estrogénio na menopausa que pode reduzir o risco de AVC
recorrente e até mesmo a morte.
A hereditariedade está também associada a um maior risco de AVC,
podendo acontecer pela transmissão mendeliana (único gene) de doenças
Hereditariedade hereditárias raras ou pela transmissão de fatores poligénicos como a
facilidade de desenvolver determinados fatores de risco vascular (…) ou a
susceptibilidade aos seus efeitos
Fonte: Adaptado de Coelho (2011).

Pasche e Mendes (2013, p.12) acrescentam que os pacientes que pertencem


ao grupo de risco não modificável “pode ser beneficiada com maior atenção nos cuidados
básicos de saúde. O grupo pertencente aos grupos modificáveis precisam de incentivo e
apoio para mudança de estilo de vida”.

2.4 Políticas Públicas


O número de vítimas fatais ocasionada por doenças cerebrovasculares vem
aumentando anualmente, ocupando a segunda posição dentre as enfermidades com maior

20
número de óbitos, perdendo somente paras as doenças cardiovasculares (RODRIGUES,
2002), sendo cerca de “88% da totalidade de AVCs ocorrem em pessoas com mais de 65
anos. O AVC é ligeiramente mais frequente no homem que na mulher” (FLANNERY;
BULECZA, 2010, p.1465).

Observada a gravidade do tema, diversos autores conotam a gravidade da


ocorrência, avaliando-a como uma emergência, onde a perda de tempo pode determinar
o processo de agravamento do quadro e impedindo, em alguns casos, a possibilidade de
uma melhor abordagem dos médicos (MATTOS, 2013; LORUSSO, 2012).

Dessa forma, o atendimento de qualidade em serviços de emergência são um


dos fatores a serem considerados quanto a evolução negativa do paciente, podendo
agravar possíveis consequências causados pela doença. De acordo com Oliveira e Noreia
(2010), o sistema de atendimento emergencial de hospitais exige que os seus profissionais
estejam preparados ao conjunto das necessidades envolvidas no cotidiano assistencial,
priorizando o bem-estar de seus pacientes.

Preconizando as atividades de melhoria de vida, um redimensionamento das


políticas públicas é necessário para um melhor atendimento à população, valorizando
ações com atendimento compartilhado, de forma interdisciplinar, principalmente com
estudo e discussão de casos e situações. Sousa et al (2013) defende que

Assim como a Estratégia de Saúde da Família (ESF), a partir da sua


implantação, produziu mudanças importantes na práxis dos
profissionais, levando consequentemente a sua extensão em todo o
sistema de saúde, o Núcleo de Apoio de Saúde da Família (NASF) surge
como uma ferramenta que possibilita ressignificações nas práticas dos
profissionais que participam nessa política, de toda a equipe
trabalhadora da atenção básica, da população assistida e na rede de
atenção. O profissional que atua no NASF tem como princípios básicos
em sua atividade a integralidade, o conhecimento de território, a
humanização, a educação popular e permanente em saúde, a
interdisciplinaridade e a intersetorialidade direcionados para ações de
promoção de saúde que interfiram diretamente na qualidade de vida dos
cidadãos (...) Porém, é importante ressaltar que, o atendimento
individual ocorre em situações de extrema necessidade; e ações comuns
nos territórios articulada com as equipes da ESF (p.177).
As atividades individuais podem ser paliativas ou corretivas, atuando em um ambiente
específico ou no domicílio do paciente. Mesmo com o incentivo público as atividades não
são bem dirigidas. A população desconhece o serviço, de forma que sobrecarregam os
funcionários, não priorizando a qualidade da atividade e consequentemente, não
oferecendo boas condições para os pacientes.

21
3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de estudo

A investigação foi de abordagem quantitativa, ou seja, pretendeu, “explicar,


predizer e controlar os fenómenos, procurando regularidades e leis, através da
objectividade dos procedimentos e da quantificação das medidas” (ALMEIDA, FREIRE
apud SEABRA, 2010, p. 147).
Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de metodologias de cortes transversais,
identificados dentro de uma população os desfechos existentes, podemos determinando
fatores que podem ou não estar associados a esses desfechos em diferentes graus de
associação (ARAGÃO, 2011).

3.2 Local e período

Baturité localiza-se na microrregião de Baturité, no interior do estado do


Ceará. Sua população é estimada em 32.968 habitantes (IBGE, 2008). Segundo o Sistema
de Informação de Mortalidade (SIM) houveram 21 óbitos por AVC dentre o período de
2015 ao primeiro trimestre de 2017.
A pesquisa foi realizada em cooperação a equipe dos Núcleos de Apoio à
Saúde da Família (NASF) do município de Baturité, situado na Rua Padre Antônio Pinto,
Centro, onde são atendidos pacientes pela rede pública, com vários diagnósticos,
incluindo pacientes com sequelas adquiridas de AVCs.
A equipe do NASF realiza assistência fisioterapêutica tanto na sede quanto
em domicílio, para pacientes que estão impossibilitados de se locomoverem até a unidade
de atendimento através do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), contempla uma equipe
com médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos, assistentes sociais dentre outros
profissionais.
Foram realizas entrevistas com 100% dos pacientes atendidos com
diagnósticos de AVC que são beneficiados com serviços de atendimento público
municipal.

22
3.3 População e Amostra

O presente trabalho buscou analisar o perfil dos pacientes com diagnósticos de


AVC, de forma a avaliar todos os casos de pessoas que residiam na cidade. Atualmente
há 20 pacientes com sequelas de AVC recebendo assistência na sede do NASF, além de
outros pacientes nos quais são recebidas visitas domiciliares para o atendimento
especializado.

3.3.1 Critérios de Inclusão


• Foram analisados pacientes com diagnóstico de AVC que usufruem de serviços
do NASF;
• Foram selecionados independente de gênero, idade, cor ou poder aquisitivo.

3.3.2 Critérios de Exclusão


• Foram excluídos pacientes que recebem atendimento do NASF mas que não
residiam no município a pelo menos 5 anos antes do diagnóstico;

3.4 Coleta de dados

Após a aferição dos dados obtidos por meio leitura de material especializado,
o questionário deveria contemplar condições úteis e de fácil entendimento da população,
avaliando questões em que, os participantes deveriam ser capazes de responder. As
perguntas deveriam a relacionar fatores cotidianos como gravidez, etilismo, tabagismo,
sedentarismo, obesidade, métodos contraceptivos e automedicação com dados
relacionados ligados a saúde do paciente, como alterações na pressão arterial e na glicose
e doenças cardíacas a partir de aspectos independente do paciente como idade, sexo e
casos relacionados ao AVC em familiares desses pacientes, como consta no Anexo A do
presente trabalho. Devido à dificuldade de locomoção para alguns pacientes, o SUS
possibilita o deslocamento uma equipe interdisciplinar para atender esses pacientes de
mobilidade reduzida, o SAD.

Os pacientes ou familiares foram orientados a respeito do intuito desta pesquisa e


assinaram um formulário para concessão e utilização dos dados destes pacientes na
presente pesquisa. A seguir, foi realizada uma entrevista onde o paciente deveria
responder todas as questões levantadas a cima.

23
Os pacientes que foram convidados a participar da pesquisa, seja na visita a sede
do NASF (figura 1 e 2) ou durante a visita domiciliar, acompanhando a equipe do SAD
(figura 3 e 4), os pacientes foram questionados sobre a sobre sua disponibilidade em
participar da pesquisa e se haveria problema na divulgação das imagens tiradas durante a
entrevista.

Figura 1 a 4: Aplicação do questionário na sede do NASF e no domicílio do paciente


em acompanhamento a equipe do SAD

24
Fonte: Acervo pessoal
3.5 Análise dos dados

Após a aferição das respostas, foi elaborado um banco de dados a partir dos
resultados obtidos com o questionário. Nesse banco de dados, os pacientes são
relacionados por números para analisar seus dados sem comprometer a avaliação.

3.6 Aspectos éticos

O estudo respeitará as diretrizes e critérios estabelecidos na Resolução 510/16


do Conselho Nacional de Saúde (CNS), ratificando os preceitos éticos estabelecidos no
que se refere à zelar pela legitimidade do conhecimento produzido, privacidade e sigilo
das informações, quando necessárias. Mesmo que o objetivo dessa pesquisa seja tornar
os resultados desta pesquisa públicos, a identidade, dados e demais comentários ligados
a questões relacionadas diretamente ou indiretamente a essa atividade, serão preservadas
em todo o processo de construção do trabalho. Todas as imagens presentes neste trabalho
foram autorizadas pelos pacientes ou seus respectivos cuidadores, zelando por sua
privacidade.

25
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para a população de um modo geral, o AVC não é acontece quando há uma
alteração neurológica que corresponda a dificuldades na fala, paralisia muscular, e que
apareçam de forma súbita; mas inúmeras desordens, neurológicas ou não.
Foram entrevistados os pacientes de AVC, no qual o sistema municipal de
saúde, por meio do NASF, presta serviços de médicos, fisioterápicos e/ou
acompanhamento psicoterápico. As entrevistas foram realizadas junto a equipe do NASF
ou do SAD durante suas atividades de trabalho como é possível aferir no gráfico 1.

Gráfico 1: Distribuição dos pacientes tratados pelos NASF por AVC.

5
N° de pacientes

0
44 ├ 49 49 ├ 54 54 ├ 59 59 ├ 64 64 ├ 69 69 ├ 74 74 ├ 79 79 ├ 84
Homens Mulheres

Fonte: Elaboração própria.


No total foram coletadas informações de 20 pacientes, entre eles, 10 homens
e 10 mulheres que foram divididos em faixas etárias que compreendem a idade que esses
pacientes foram diagnosticados com AVC. As idades analisadas para esses e os demais
gráficos são baseadas na idade que o paciente sofreu com AVC
Com a distribuição é possível notar que, entre as mulheres participantes, a
questão de idade obedeceu a um padrão, já que nestas, a distribuição há decréscimos e
acréscimos não-lineares. No caso dos homens, é possível notar que há um crescimento no
número de casos a medida que estes envelhecem.
Para contabilizar os casos de AVC, foi elaborado o Gráfico 2. Neste, os
valores que foram submetidos independentemente da idade dos pacientes, levando em
conta somente os casos e o sexo desses pacientes.

26
Gráfico 2: Porcentagem dos casos tratados no NASF de Baturité.

Homens
48%
Mulheres
52%

Fonte: Elaboração própria.

O Gráfico 2, é ressaltado o número de casos que são atendidos, já que, uma


paciente teve dois AVCs, o trabalho passa a analisar o número de diagnósticos e não a
quantidade de pacientes.
Na Tabela 5, os pacientes foram divididos em zona urbana e rural.

Tabela 5: Distribuição dos pacientes por zonas


Zona Localidade Nº de Total de Porcentagem
pacientes Habitantes¹ (%)
Boa Vista 1
Centro 7
Coió 2
Conjunto São Francisco 1
URBANA Conselheira Estelita 1 24.446 0,074
Lages 1
Mondego 1
Putiú 1
Vila Nova 2
Oiticica 1
RURAL 8880 0,034
Jordão 2
¹Dados obtidos de IBGE (2010)
Fonte: Elaboração própria
A partir dos resultados da tabela é possível destacar que 85% dos participantes
são moradores de zonas urbanas do município. Este alto número se dá provavelmente por

27
conta das atividades exaustivas as quais são submetidas essas pessoas. A incidência em
zonas urbanas é mais comum se comparado com a zona rural (PEREIRA, et al, 2009).
Os diabéticos têm uma maior susceptibilidade à aterosclerose e uma maior
prevalência de fatores de risco aterogênicos como HTA (que ronda os 60%) e
dislipidemia. Por isso, o Gráfico 3 relaciona os fatores de anormalidade da glicemia
desses pacientes.

Gráfico 3: Avaliação da glicose dos casos dos pacientes tratados pelos NASF antes do AVC.

4
N° de pacientes

0
44 ├ 49 49 ├ 54 54 ├ 59 59 ├ 64 64 ├ 69 69 ├ 74 74 ├ 79 79 ├ 84
Abaixo 0 0 1 0 0 0 0 1
Normal 2 0 1 0 3 1 0 2
Acima 2 2 0 0 2 1 0 0
Não sabia informar 0 1 0 0 0 1 0 1

Fonte: Elaboração própria.


Os valores de pacientes com taxa anormal de glicose no sangue e o os que
possuem valores normais, são aproximadamente 42,8% do total dos casos aferidos, o que
relaciona que um grande número dos casos registrados, são relacionados a pessoas com
dificuldade no controle glicêmico. 14,4% dos pacientes ou dos familiares não sabiam
informar.
De acordo com Gagliard (2010), cerca de 80% dos AVCs estão relacionados
à Hipertensão Arterial (HA), podendo causar todos os diferentes tipos de AVC, como
infarto, hemorragia, grandes AVCs ou lacunares e as demências vasculares. O Gráfico 4
relaciona a HA aos pacientes entrevistados.

28
Gráfico 4: Avaliação da pressão arterial dos pacientes tratados pelos NASF antes do AVC.

5
N° de pacientes 4
3
2
1
0
44 ├ 49 49 ├ 54 54 ├ 59 59 ├ 64 64 ├ 69 69 ├ 74 74 ├ 79 79 ├ 84
Hipertensos 4 2 2 0 3 3 0 3
NI¹ 0 1 0 0 1 0 0 1
¹Não sabe informar

Fonte: Elaboração própria.


O gráfico mostra que todos os pacientes que responderam ao questionamento
a respeito da situação da pressão arterial, como sendo hipertensos, com exceção de 3
pacientes. Nesse caso, a HA é um importante vetor na disseminação de AVC no
município.
A hereditariedade está associada a um risco de AVC, favorecido pela
transmissão mendeliana (único gene) de doenças hereditárias raras ou pela transmissão
de fatores poligênicos, como por exemplo, a facilidade de desenvolver determinados
fatores de risco vascular ou a susceptibilidade aos seus efeitos (COELHO, 2011).
No Gráfico a seguir, foram contabilizados todos os familiares descritos pelos
pacientes que tenha sofrido um derrame.

Gráfico 5: Avaliação Antecedentes familiares a respeito de AVC dos pacientes tratados pelos
NASF.

Não houve Irmãos


casos na 33%
família Com casos na
38% família
53%
Pais 10%

Tios 5%
Primos 5%
Não sabe informar
9%

Fonte: Elaboração própria.

29
Dentre os resultados, 53% dos entrevistados afirmavam conhecer um familiar
que possuía diagnóstico de AVC. Os mais comuns eram os irmãos e pais correspondendo
33% e 10% do total respectivamente. É possível relacionar que, só o número de familiares
de primeiro grau corresponde a um valor superior ao de pessoas que não tiveram casos na
família. É importante ressaltar que, a grande maioria dos participantes dessa pesquisa são
idosos com baixa renda e pouca instrução, favorecendo o desconhecimento dos casos
familiares acometidos por essa doença seja desconhecido.
Partindo para a obesidade, além de estar associada a um maior risco, tem
correlação com outros fatores de risco, tal como HA e Diabetes, potencializado a
probabilidade de AVC. De acordo com Rodríguez e Roquer (2016) a obesidade
abdominal aumenta o risco de sofrer um acidente vascular cerebral isquêmico,
principalmente em mulheres, enquanto um maior índice de massa corporal (IMC) age
como fator de proteção nos homens. No Gráfico 6, é relacionado fatores de IMC dos
pacientes.

Gráfico 6: Avaliação do Índice de Massa Corpórea (IMC) dos pacientes tratados pelos NASF
antes do AVC.

4
N° de pacientes

0
44 ├ 49 49 ├ 54 54 ├ 59 59 ├ 64 64 ├ 69 69 ├ 74 74 ├ 79 79 ├ 84
Abaixo 0 0 0 0 0 0 0 1
Normal 2 2 1 0 3 2 0 2
Sobrepeso 0 1 0 0 0 1 0 0
NI¹ 2 0 0 0 1 0 0 1

Fonte: Elaboração própria.


Os resultados obtidos não demonstram nenhuma avaliação significativa a
respeito dos índices de IMC. Os valores de IMC dentre os pacientes eram sempre
próximos dos valores normais e devido à idade dos entrevistados e sua falta de instrução,
muitos não se preocupavam com questões como peso, altura e/ou algumas medidas
antropométricas.
30
Mesmo os pacientes não tendo uma grande variação de massa corpórea, uma
parcela dessa população pode com um alto nível de gordura no corpo mesmo estando no
peso ideal, sendo necessária a avaliação de bioimpedância para avaliar sua porcentagem
de gordura corporal. Esses fatores podem estar relacionados a falta de atividade física
desses pacientes. O gráfico 7 quantifica o número de pacientes praticavam alguma
atividade física e quais eram suas modalidades.

Gráfico 7: Avaliação de atividades praticadas por pacientes tratados pelos NASF antes do
AVC.

Não Caminhada
praticava Praticava
esportes 25% Futebol
esportes
35% 10%
65%

Fonte: Elaboração própria.


O sedentarismo em si não é um fator de risco, mas leva ao aumento de peso,
predispondo à hipertensão, diabetes, níveis inadequados de colesterol no sangue, todos
estes fatores de risco para AVC já comentados. O grande número de pessoas que não
praticavam qualquer atividade pode ser responsável pelo número elevado de pacientes
com sequelas causadas pelo AVC. Dentre os pacientes, os praticantes de futebol eram
todos homens enquanto as caminhadas, em sua grande maioria, eram práticas comuns
para mulheres.
Considerando doenças cardíacas como sendo um fator de risco de AVC, ela
pode ser justificada por diversas razões: a incidência (responsável por cerca de ¼ dos
AVCs em doentes com mais 80 anos), a gravidade (enfartes maiores e incapacitantes), a
recidiva e a mortalidade. O risco de ocorrência e a recorrência de AVC encontra-se
substancialmente aumentado após um Ataque Isquêmico Transitórios ou AVC prévio. O
Gráfico 8 define valores relacionados doenças cardíacas.

31
Gráfico 8: Avaliação de doenças cardíacas dos pacientes tratados pelos NASF antes do AVC.

15%

20% Sim
65% Não
Não sabe informar

Fonte: Elaboração própria.


Mas por necessitar de um acompanhamento médico especializado, uma
população com menor poder aquisitivo acaba negligenciada pelo poder público na
descoberta de problemas específicos. Os pacientes ao serem questionados sobre qualquer
consulta com um cardiologista ou especialista que pudesse encaminhá-los, respondiam
que nunca tiveram interesse de procurar problemas. É possível compreender o contexto
social dessas pessoas, que viveram em condições de risco, mas por falta de atividades de
conscientização, palestras e acompanhamento médico, tiveram problemas de saúde, que
muitas vezes, poderiam ser evitadas.
Nesse caso, os dados observados são mais relevantes ao cotidiano dos
pacientes do que a análise de fatores predisponentes ao AVC. Um município que investe
menos em medidas de prevenção acaba por ter mais pessoas doentes.
De acordo com a Literatura, o consumo excessivo constitui um fator de risco
para todos os tipos de AVC. Estudos consideram que o vinho, em pequena quantidade,
tem um efeito protetor devido às propriedades antioxidantes do resveratrol que pode ser
encontrado nas sementes da uva e nas películas da uva preta, considerando-se o efeito
protetor mais para vinho do que para cerveja (COELHO, 2011). O Gráfico 9 relaciona a
porcentagem de pessoas que consumiam álcool com uma alta frequência durante o ano.

32
Gráfico 9: Avaliação do consumo frequente de álcool dos pacientes tratados pelos NASF antes
do AVC

0%

45%
Sim
55%
Não
Não sabe informar

Fonte: Elaboração própria.


Dentre os entrevistados, 45% dos pacientes alegavam ter um consumo
abusivo de álcool. Estudos relacionam o etilismo ao AVC hemorrágico, já que este pode
ser responsável por HA e consequentemente, a ruptura de vasos cerebrais. Os valores
obtidos apresentam um alto índice de consumo de bebidas etílicas entre os pacientes, de
forma que este pode ser um fator importante para o AVC.
Assim como os vícios em álcool, o tabagismo este aumenta em cerca de 2 a
4 vezes a probabilidade de ter um AVC, chegando a esclarecer reduzir as probabilidades
após a suspensão do consumo de tabaco por 2 ou 3 anos, as chances são as mesmas às de
um não-fumante. O fumo é responsável pelo endurecimento das paredes das artérias
(arteriosclerose) e faz com que o sangue fique mais propenso a coagular. Dessa forma foi
possível relacionar na Tabela 2 um valor médio do consumo tabaco e por quantos anos
foram consumidos.

Tabela 6: Média de cigarros por dia e o tempo de consumo entre homens e mulheres.
Homens Mulheres
Cigarros por dia 35 17-18
Fumante a quantos anos 45 e 9 meses 28 anos e 9 meses
Fonte: Elaboração própria.
Dentre os entrevistados, 6 homens e 6 mulheres assumiram o vício em tabaco,
totalizando 60% do total dos participantes. Dentre estes, há um caso em que um dos
participantes não possui vício em fumar, mas em mascar o fumo.
De acordo com Coelho (2013), a gravidez aumenta o risco entre 3 a 13 vezes
e cita a importância da manutenção terapêutica à base de estrogénio na menopausa que

33
pode reduzir o risco de AVC recorrente e até mesmo a morte. Estudos comprovam que
os riscos são maiores durante a gestação do que os problemas ocasionados por esta na
terceira idade.

Gráfico 10: Avaliação do número de gestações e abortos pacientes tratados pelos NASF antes
do AVC

Não
engravidou
8%
Caso de
Aborto Sem casos
Engravidou 23% de Aborto
92% 69%

Fonte: Elaboração própria.


Mesmo que o número de gestações não influencie diretamente nos casos de
AVC, algumas entrevistadas comentavam sobre as gestações tardias e uma grande
quantidade de gestações como pode ser analisada na tabela abaixo.
Tabela 7: Média de gestações tidas pelas pacientes.
N° de filhos Quantidade de Pacientes
Menos de 5 filhos 5
Entre 5 e 10 filhos 3
Mais de 10 filhos 1
Fonte: Elaboração própria.
No caso de mulheres que tem gestações tardias, o fator da idade pode trazer
angústias e aumentar as dificuldades, próprias da gestação, uma vez que essas se inserem
em um grupo das gestantes de alto risco, com maior probabilidade de ter evoluções
desfavoráveis, tanto para a mãe, quanto para o bebê, inferindo problemas emocionais e
sociais, uma vez que a gestante tende a sentir-se mais frágil, apreensiva e impotente
(GOMES et al., 2008).

34
5 CONCLUSÕES

Nesta pesquisa, foram abordados diversos riscos para avaliação local. Os


resultados da pesquisa demonstram que os fatores de risco modificáveis – hipertensão
arterial, anormalidade nas taxas de glicose no sangue, doenças cardiovasculares,
tabagismo, obesidade, etilismo, uso de drogas e concepcionais – assim como os riscos
não-modificáveis – idade, sexo e hereditariedade – possuem alta relevância nos métodos
de observação da propagação da doença.
Foi possível concluir que as diferenciações de gênero foram dados pouco
significativos, já que os pacientes tratados pelo NASF e pelo SAD totalizam 20 pessoas,
10 homens e 10 mulheres. Com os dados coletados, os homens são mais propensos a
adquirir AVC ao longo tempo demostrando um crescimento linear com o aumento da
faixa etária versus a quantidade de pacientes.
A pressão arterial, dentre os demais fatores predisponentes, apresentou maior
relevância neste trabalho, já que 85% dos pacientes eram hipertensos antes do AVC e os
demais entrevistados não sabiam informar. Dentre os fatores não modificáveis, a
hereditariedade ganha foco pelo grande número de parentes acometidos pela doença.
Foi possível analisar também que as políticas públicas de prevenção
elaboradas pelo município, apresentam fragilidades em suas estruturas, como pode se
notar na organização do sistema de armazenagem de dados dos pacientes, apresentados
nos anexos B, C e D. O trabalho desenvolvido pelo grupo do NASF e do SAD apresentam
caráter reabilitador, ou seja, só reduzem os danos que já foram causados. O
desconhecimento da população quanto a doenças cardíacas é alarmante e o Poder Público
deve elaborar melhores medidas de acesso a informação, principalmente para idosos,
gestantes e pessoas com predisposição hereditária.

35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Sara Regina M. Análise epidemiológica do Acidente Vascular Cerebral no


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38
ANEXOS
Anexo A – Termo de Consentimento e questionário aplicado aos participantes

FICHA DO PACIENTE

Iniciais do paciente: ______________ Iniciais do Entrevistado: _______________

Parentesco: _____________________ Dia ______/_______/__________

INFORMAÇÕES DO PACIENTE (Informações do dia do AVC)

Nascimento: ___/____/____ Formação acadêmica: ( ) Ensino Infantil

( ) Ensino Fundamental

( ) Ensino Médio

( ) Ensino Superior

Rua: ____________________________________ Bairro_________________________

Cor: _______________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

Casos na família? Quem? __________________________________________________

Ano do AVC: _________

Quanto tempo de atendimento no NASF? ( ) Menos de 1 mês

( ) De 1 a 3 meses

( ) De 4 a 6 meses

( ) De 7 a 12 meses

( ) Mais de 12 meses

Renda familiar: ( ) Até 1 salário


( ) Entre 1 e 2 salários
( ) Entre 2 e 3 Salários
( ) Mais de 3 salários

39
Antes do AVC

Altura: ___________ Peso: _________ Peso Ideal: _______

IMC: ( ) Subnutrido

( ) Normal

( ) Sobrepeso

( ) Obeso

Glicose: ( ) Acima ( ) Abaixo ( ) Normal ( ) Não sabe informar

Pressão Arterial Sistêmica: ( ) Hipertenso ( ) Hipotenso ( ) Normal

( ) ICC ( ) ICO ( ) CMO ( ) DCM ( ) IAM

( ) Outras: ______________________________________________

Trauma ou acidente recente: ( ) Sim ( ) Não Se sim, Quanto tempo? __________

Gravidez: ( ) Sim ( ) Não Quantas? _________ Menopausa: ( ) Sim ( ) Não

Aborto: ( ) Sim ( ) Não Quantos? _______________

Tabagismo: ( ) Sim ( ) Não Quantos cigarros por dia? ____ Por quanto tempo? _____
Etilismo: ( ) Sim ( ) Não

Drogas: ( ) Sim ( ) Não Quais?_________________________________________

Contraceptivos: ( ) Sim ( ) Não Quanto tempo? ____________

______________________________________________________________________

Outros:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Praticava alguma atividade física? ( ) Sim ( ) Não

Qual: ______________________ Frequência semanal:_____________

40
Anexo B – Mapa de atendimento diário de fisioterapia do NASF

41
Anexo C – Ficha de Avaliação do NASF

42
43
Anexo D – Ficha de Acompanhamento de pacientes do NASF

44

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