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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Determinação de pluma(s) de contaminação de um aterro de


resíduos sólidos urbanos utilizando poços de monitoramento e
eletrorresistividade
Giulliana Mondelli
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo, Brasil, giullia@ipt.br

Heraldo Luiz Giacheti


Universidade Estadual Paulista, Bauru, Brasil, giacheti@feb.unesp.br

Jorge Hamada
Universidade Estadual Paulista, Bauru, Brasil, joha@feb.unesp.br

Vagner Roberto Elis


Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, vagnelis@iag.usp.br

RESUMO: A construção de poços de monitoramento para determinação da existência de plumas de


contaminação no aqüífero freático provocada por alguma obra que coloca em risco a qualidade
natural do meio ambiente é um método consagrado perante os órgãos ambientais de controle destas
obras. Estes poços costumam ser construídos de maneira pontual e os pontos de coleta de água
exigidos são mínimos, de modo que na maioria das vezes não é possível confirmar a existência da
pluma de contaminação de maneira precisa. Este problema ainda pode ser ampliado devido aos
diferentes métodos de construção e controle dos poços, havendo muitos problemas de diluição das
amostras e carreamento de partículas através dos filtros dos poços. Métodos geofísicos para
detecção de plumas de contaminação causadas por várias formas de disposição de diferentes tipos de
materiais no solo já são correntes e também utilizados em todo o mundo. A grande vantagem desses
métodos é, ao mesmo tempo, uma desvantagem: as medições de propriedades do solo e
contaminantes são indiretos. A geofísica permite que uma grande área seja investigada rapidamente,
evitando o contato direto com os materiais contaminados. Porém, em algumas áreas específicas, é
difícil detectar as propriedades do subsolo, principalmente em solos não-saturados e tropicais.
Nestas áreas, que incluem tanto solos muito heterogêneos como resíduos sólidos urbanos (RSU),
propõe-se a integração de técnicas diretas e indiretas, como a utilização da amostragem das águas
subterrâneas a partir dos poços de monitoramento, acrescida da prospecção geofísica. Com base em
diversos programas de investigação geoambiental previamente realizados em uma área de disposição
de resíduos sólidos urbanos, localizada em região tropical do interior de São Paulo, este trabalho
apresenta a interpretação de medidas de resistividade elétrica em conjunto com a análise das águas
subterrâneas para detectar as plumas contaminação circundantes e abaixo do referido aterro de RSU.
Os resultados mostram que existe mais de uma pluma de contaminação no aterro, devido às
heterogeneidades do subsolo, assim como do próprio aterro. Além disso, os tempos e formas de
disposição dos resíduos mostraram ter influência direta na análise das águas subterrâneas em função
do tempo. Deste modo, os resultados mostram que o controle de tudo o que acontece em superfície,
assim como da construção dos poços, deve auxiliar na interpretação final dos resultados. A técnica
da eletrorresistividade permitiu que pontos específicos do entorno do aterro fossem identificados
como plumas de contaminação, concluindo-se que esta técnica auxiliou os poços nesta identificação.

PALAVRAS-CHAVE: Aterros Sanitários, Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), Solos Tropicais,


Geofísica, Resistividade Elétrica, Águas Subterrâneas.

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1 INTRODUÇÃO disposição dos resíduos hospitalares, o que


tornou ainda mais complexo o trabalho
A investigação de áreas com disposição realizado.
inadequada de resíduos sólidos urbanos é um Christensen et al. (2001) explicam que a
trabalho complexo e multidisciplinar, que exige migração de chorume deveria ser visualizada em
grande experiência e conhecimento do local termos de uma pluma em três dimensões se
contaminado pelos profissionais que atuam na desenvolvendo em uma estrutura geológica
detecção da pluma de contaminação. Esses também 3-D, onde os gradientes, as
conhecimentos devem envolver desde as permeabilidades e os limites físicos (estrato
características hidrológicas e geológicas naturais geológico, infiltração, rios, poços) determinam a
da área, assim como dos tipos contaminantes posição e a velocidade de migração da pluma.
envolvidos, tempo e local específico de Contudo, o fluxo do chorume pode diferir
disposição dos resíduos e as características de fisicamente do fluxo subterrâneo, devido à
construção, manutenção e operação do aterro maior densidade e viscosidade do mesmo em
ou vala em os resíduos são dispostos (presença relação à água e, principalmente, devido ao
de liners, drenagens sub e superficiais, poços de surgimento de gradientes localizados no fundo e
monitoramento, marcos superficiais etc). nas bordas do aterro. Isso ocorre porque o
Um aterro de resíduos sólidos urbanos aterro possui uma hidrogeologia própria,
localizado no interior do Estado de São Paulo diferindo de seu entorno, caracterizado por
foi estudado durante sete anos para avaliação de materiais de topo e base com diferentes
diferentes técnicas de investigação na detecção permeabilidades e com uma sobrecarga existente
da pluma de contaminação provocada por este devido ao acúmulo de lixo. Essa sobrecarga
aterro. Entre as principais técnicas utilizadas, pode provocar o espalhamento (dispersão)
além do levantamento histórico e físico natural lateral da pluma de contaminação e a ocorrência
da área, citam-se a eletrorresistividade de de maiores gradientes hidráulicos no centro e
superfície (geofísica) e de profundidade abaixo do aterro, fazendo-se com que a pluma
(piezocone de resistividade – RCPTU) e se desloque para baixo e para as laterais.
também a análise das águas dos 14 poços de
monitoramento instalados no entorno do aterro.
As principais atividades existentes no entorno 2 MÉTODOS
do aterro eram: pecuária, plantações de cana-de-
açúcar e a presença de uma penitenciária. 2.1 Eletrorresistividade
Conforme os estudos avançavam, ficava claro
que as atividades pecuárias deviam influenciar a Os ensaios indiretos realizados no aterro de
qualidade das águas dos poços de resíduos sólidos urbanos estudado incluíram
monitoramento, o que justificaria a elevada principalmente a medida da resistividade elétrica
quantidade de coliformes existente nos poços – utilizando diferentes técnicas, entre elas:
maior até mesmo que a quantidade presente no medidas de resistividade de amostras
chorume – e, principalmente, a qualidade das indeformadas em laboratório, piezocone de
águas superficiais, podendo influenciar resistividade (intrusivo) e geofísica de superfície
diretamente a qualidade das águas do córrego a partir da realização de sondagens elétricas
mais próximo da área. verticais (SEVs) e caminhamentos elétricos
Esses dados dificultaram a avaliação da utilizando diferentes espaçamentos entre os
poluição e da contaminação provocadas pelo eletrodos em diferentes épocas (Mondelli,
aterro, mas acredita-se que no que se refere à 2008).
qualidade dos solos e do aqüífero locais, as Para que os resultados de todos esses ensaios
técnicas de investigação utilizadas foram fossem re-interpretados, a busca por valores de
capazes de diagnosticar e se concentrar apenas resistividade de referência na literatura nacional
na influência dos resíduos dispostos na área do e internacional foi importante. Contudo,
aterro. Além disso, lembra-se que existe a observou-se uma larga escala de variação de

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valores, para diferentes locais e situações de Tabela 2. Valores de resistividade típicos para o aterro
contaminação. Elis (2003) procurou relacionar de resíduos sólidos urbanos estudado, com base nos
resultados dos ensaios de campo e laboratório realizados
alguns valores de resistividade típicos para o
por Lago (2004), Ustra (2008) e Mondelli (2008).
entorno do aterro estudado, a partir de Resistividade (ohm.m)
sondagens elétricas verticais realizadas Materiais
min máx
superficialmente, como mostra a Tabela 1. Esses Solos locais + chorume 1 29
resultados incluem solos arenosos encontrados Arenito - Form. Marília 10 24
superficialmente no entorno do aterro, além da Resíduos + chorume 1 18
zona saturada e a possível presença de chorume.
Resíduos 1 20
Os solos residuais assim como o arenito Bauru,
Zona saturada 1 75
existentes em maiores profundidades e em
Pluma de Contaminação 1 55
regiões especificas do aterro, não foram inclusos Solos residuais da Form. 11 50
nessa tabela. Adamantina saturados
Zona de capilaridade 50 82
Após a realização de novos ensaios de campo
Solos Residuais do arenito 25 150
e laboratório com medidas de resistividade, contaminados
Camadas argilosas de 100 150
conforme descrito por Mondelli (2008), a aluvião não-saturadas
Solos residuais do arenito 190 600
Tabela 2 apresenta valores típicos de
Solos superficiais a oeste 300 900
resistividade encontrados no aterro estudado,
Solos residuais 1000 8000
integrando-se os resultados dos ensaios superficiais saturados a
geofísicos, geofísica 3-D, piezocone de
resistividade e resistividade em laboratório. A Figura 2 apresenta a localização dos poços
de monitoramento (PP), assim como das linhas
Tabela 1. Valores de resistividade propostos a partir das de caminhamento elétrico e sondagens elétricas
sondagens elétricas verticais realizadas no entorno do verticais (SEV) executadas no aterro estudado.
aterro de resíduos sólidos urbanos (Elis, 2003).
Camada Espessura Interpretação Resistividade
(m) (ohm.m)
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
1 0,75 - 1,59 Solo 26,4 - 3136
superficial
2 0,78 - 5,93 Solo seco 24,3 - 566 3.1 Eletrorresistividade
3 1,77 - 3,37 Solo seco 82,4 - 670
3,14 - 4,58 Solo + 11,0 - 11,7 As Figuras 3 e 4 apresentam as seções obtidas a
chorume partir dos caminhamentos elétricos (Linhas 1 e
4 2,61 - 6,52 Zona de 17,4 - 81,3
2, respectivamente) realizados no aterro de
capilaridade
5 - Zona 10,4 - 22,3 resíduos sólidos por Elis (2003) e Lago (2004),
saturada re-interpretados utilizando-se o software
RES2DINV (Loke, 1998), com base na
2.2 Poços de Monitoramento topografia levantada em 2002 (Figura 2) e com
base nos valores de resistividade apresentados
A Figura 1 apresenta o perfil típico e as nas Tabelas 1 e 2.
características construtivas dos 16 poços de Observa-se nas Figuras 3 e 4 que foi possível
monitoramento permanentes construídos ao integrar os resultados dos diferentes ensaios
redor do aterro pela empresa responsável pela realizados, de modo que possibilitassem a
operação do mesmo, utilizando-se perfuração à identificação dos diferentes materiais, assim
percussão e coleta de amostras de solos como condições de saturação e contaminação
deformadas saturadas. As amostras de água existentes na área.
foram coletadas com bailer, após o esgotamento Com poucos ensaios intrusivos e diretos que
dos poços, a cada 6 meses, sendo sempre uma atingissem a zona saturada a leste do aterro, a
coleta durante o verão (estação chuvosa) e outra Linha 1 (Figura 3) teve como objetivo
no inverno (estação seca). caracterizar o perfil geológico-geotécnico a
montante do sentindo do fluxo subterrâneo

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natural da área. Os resultados apresentaram com a realização das medidas de resistividade


grande variação de valores de resistividade, os em laboratório com solos residuais e com o
quais só foram possíveis de serem interpretados arenito encontrados nessa região do aterro.

0,80m
Caixa de proteção
de alvenaria

a Poço Cota (m) a (m) b (m) c (m) d (m) e (m)


Cota de superfície
1 525,468 0,36 2,00 10,00 12,00 0,00
2 524,905 0,22 2,00 10,00 12,00 0,00
3A 527,992 0,20 7,80 14,15 23,35 0,20
4 552,581 0,27 28,90 8,00 37,40 0,50
b Solo local
5A 523,904 0,20 6,50 14,50 21,50 0,50
5B 523,443 0,20 6,70 17,80 24,80 0,30
Tubo liso geomecânico 4”
6 544,502 0,21 1,50 4,00 6,00 0,50
7 524,880 0,24 5,50 6,00 12,00 0,50
d Selo de cimento
8 524,590 0,24 24,50 5,00 18,00 0,50
e
9 524,597 0,22 8,50 5,00 14,0 0,50
Pré-filtro (seixos 1 a 2 mm) 10 554,104 0,26 16,50 16,40 42,00 5,50
11 546,139 0,24 7,50 9,70 37,50 15,0
c
12 536,980 0,30 11,50 10,50 26,00 1,00
Tubo filtro geomecânico 4”
(4,00 m) 13 546,154 0,32 20,00 17,90 44,00 4,50

SEM ESCALA
0,178 m

Figura 1. Perfil construtivo típico dos poços de monitoramento permanentes instalados no aterro.

7537800 SPT-5 PP-13 N


4

A 3a

SEV-10
ÍSICA

SPT-15
FÍSIC

SPT-6
LINHA GEOF

7537700
A
GEO
LINH

SEV-2
EROSÃO 2 SPT-4
SPT-13
2

PP-1 SPT-18
A

LIMITE DO ATERRO
SPT-2 SEV-3 RCPTU-15
FÍSIC

7537600 (PROJETO)
A

EROSÃO 1 PP-9
SPT-1 LINHA
LINH
GEO

PP-8 SPT-3 SPT-17


PP-7 SPT-9 GEOFÍSICA 1
RCPTU-10 PP-2 SPT-10
RCPTU-14
PP-5B CPTU-4 e SEV-9 SEV-8 SEV-1
SPT-11
7537500 PP-5 RCPTUs-1,2,3,9 SPT-7 SPT-14
SPT-21 SPT-12
RCPTU-7 PP-5A
RCPTU-8 LINHA
CPTU-3 e CPTU-1 PP-4
GEOFÍSICA 3b
RCPTUs-4,5,6,11
SEV-7 PP-3A SEV-5
SPT-16
7537400 PP-3
SEV-6 SPT-20
SPT-8 SEV-4
CPTU-2 LINHA
PP-11 GEOFÍSICA 20
PP-12
7537300 AÇUDE 2
RCPTU-12

AÇUDE 1
7537200 PP-10

RCPTU-16
RCPTU-13
NASCENTE
7537100
691600 691700 691800PP-6691900 692000 692100 692200 692300

Figura 2. Topografia e localização de todos os ensaios realizados no aterro de resíduos estudado por Mondelli, 2008.

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NE Solos Residuais do Arenito (Ams. 1, 2, 4, 5) S

Arenito a Solo
Solo
Residual
Residual
Contaminado
Contamina Zona Capilar
Zona Saturada Pluma

Figura 3. Seção de resistividade e cargabilidade da Linha 1.

NE S

Resíduos
hospitalares
Solos Resíduos + Chorume +
Residuais Solo de Compactação
Zona Capilar Zona Capilar
Arenito
Zona Saturada
Zona Saturada Pluma Pluma

Figura 4. Seção de resistividade e cargabilidade da Linha 2.

A interpretação da Linha 2 (Figura 4), mais internos à linha de projeção do aterro, com
realizada sobre os resíduos, confirmou o valores de resistividade menores que 50 ohm.m.
comprometimento do aqüífero freático a cerca Os elevados valores de resistividade (>150
de apenas 2 m de profundidade da base do ohm.m) a leste do aterro indicam a condição não
aterro em alguns pontos, assim como uma saturada do solo, não contaminado, a 10 m de
mancha de baixa resistividade à direita da profundidade.
Figuras 4. Essa “mancha” foi interpretada como Considerando que não existem mais resíduos
o arenito que aflora nessa região, ao sul do e praticamente todas as regiões dos mapas da
aterro, conforme comprovado através de Figura 6 encontram-se saturadas a 22 m de
investigação visual in-situ. profundidade, foi possível identificar e avaliar a
A Figura 5 apresenta o mapa de extensão da pluma de contaminação causada
resistitividade interpolado para 10 m de pelos resíduos dispostos entre 0 e 15 m de
profundidade, utilizando o programa Surfer profundidade. Este fato indica a importância do
Version 8.0(Golden Software,2002). Esta figura conhecimento hidrogeológico, topográfico, do
indica que não são todos os solos que estão projeto e do histórico de operação e de
saturados nesta profundidade. Além disso, a disposição dos resíduos na área para
área preenchida com os resíduos é menor que a interpretação desses mapas. Plumas de
área da projeção do aterro, uma vez que a altura contaminação com diferentes concentrações,
do mesmo é maior na região central, quando os variando de 5 ohm.m no centro da área de
resíduos preenchem o vale natural existente no projeção do aterro, até 50 ohm.m, fora e a oeste
centro do aterro e ultrapassam a altura de 10 m do aterro (solos arenosos). Valores de
para cerca de 15 m. Estando o nível d’água mais resistividade menores que 5 ohm.m a leste e
raso a oeste do aterro (menos que 10 m de sobre a Linha 1, próxima ao poço PP-4, que
profundidade), é possível visualizar a formação havia apresentado contaminacao na água,
da pluma de contaminação a partir dos resíduos confirmam a contaminação e a influência das

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lagoas de chorume a montante do sentido do natural e do chorume presente em elevada


fluxo subterrâneo. Isto pode ser explicado por quantidade na região das lagoas (pontos em
uma superposição dos gradientes hidráulicos vermelho) sobre o aterro (Figura 6).

RC: Resíduos + Chorume


R: Resíduos
P: Pluma de contaminação
NS SS: Solos arenosos
RC P saturados
SS P NS: Solos não-saturados
RC
P
NS
R
SS RC RC
RC
P R NS
P P
SS RC RC
R NS
R
SS RC
A A
P A
SS P
P
SS

Figura 5. Mapa de resistividade interpolado para a profundidade 10 m.

P: Pluma de contaminação
SS: Solos arenosos saturados
RS: Solos residuais saturados
A: Arenito
SS
P A
SS

R RS
P P SS
A
P P P P P
P
P P SS
SS P P
RS RS
SS P
P A RS
A
A
RS SS
RS

Figura 6. Mapa de resistividade interpolado para a profundidade 22 m.

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Os resultados dos ensaios geofísicos A Figura 7 apresenta o mapeamento dos


interpretados apresentados nas Figuras 3 a 6 valores resistividade elétrica (inverso da
mostram que sua interpretação depende muito condutividade elétrica) verificados nas águas
da experiência do profissional que os interpreta coletadas dos poços. Os resultados mostram que
e da época em que foram realizados os ensaios. houve uma melhora na qualidade das águas
No presente caso, essa interpretação só foi durante a segunda campanha (Abril de 2008),
possível devido ao auxílio dos ensaios de havendo um certo comprometimento do lençol
piezocone (também locados na Figura 2) e de freático a oeste e ao sul do aterro (valores de
laboratório (Mondelli, 2008), além de resistividade menores). Verifica-se que a
informações físicas e operacionais sobre a área, qualidade das águas subterrâneas ao norte e a
sem contar com o trabalho em equipe leste do aterro melhoraram, com valores
especializada em geofísica. Os valores de elevados de resistividade (baixos de
referência foram de fundamental importância condutividade) na região do poço PP-13.
para essa interpretação, e quando não existirem, A melhora na qualidade das águas após a
devem ser complementados, seja por ensaios de retirada das lagoas de chorume de cima do
campo e/ou de laboratório. aterro provam a susceptibilidade da
contaminação do aqüífero, assim como a
3.2 Poços de Monitoramento capacidade de auto-recuperação do mesmo e a
ineficiência da proteção de base com asfalto
Os ensaios diretos realizados no aterro de diluído construída quando da sua implantação.
resíduos incluíram, além da coleta de amostras
Poços de Monitoramento - Agosto 2007
de solo a partir de sondagens SPT, CPTU e PP-13
RCPTU utilizando-se amostradores Geoprobe,
7537700
principalmente a construção dos poços de EROSÕES

monitoramento. 7537600
PP-1

A Figura 7 apresenta uma tentativa de PP-9


PP-8
N PP-7

delineamento da pluma de contaminação do 7537500 PP-5B


PP-2

PP-5A PP-4
aterro, com base em alguns parâmetros físico- 95
químicos analisados durante as duas últimas PP-3A 90

Resistividade da Água Subterrânea (ohm .m)


7537400

campanhas de coleta de água dos poços de PP-12

PP-11
85
80
monitoramento: Agosto de 2007, quando as 7537300 75
70
maiores concentrações foram verificadas para LAGOS
PP-10 65

vários parâmetros e após período de estiagem, e 7537200 60


55
Abril de 2008, após a retirada das lagoas de 691600 691700 691800 691900 692000 692100 692200 50

chorume de sobre os resíduos e após período de Poços de Monitoramento - Abril 2008


45
40
chuvas. Para tanto, utilizou-se o programa PP-13
35
30
Surfer Version 8.0 (Golden Software,2002) para 7537700 25
extrapolação dos dados no plano XY. Não 20
PP-1 15
optou-se por interpretar os resultados no plano 7537600 10
PP-9
YZ porque a maior parte dos poços estão PP-7
PP-8 5
PP-2
concentrados a oeste do aterro (Figura 2), sendo 7537500 PP-5B
N PP-5A PP-4

necessária a existência de mais poços na direção


leste-oeste para esse tipo de avaliação. 7537400
PP-3A

PP-12
É importante destacar a limitação dessa PP-11

representação, devido ao pequeno número de 7537300

poços de monitoramento e mal distribuídos PP-10

existentes na área, investigados em apenas um


7537200

nível de profundidade, além da diluição dos 691600 691700 691800 691900 692000 692100 692200

parâmetros investigados provocada pela grande


Figura 7. Monitoramento da resistividade elétrica das
espessura do filtro dos poços (4 m) (Figura 1). águas subterrâneas.

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4 CONCLUSÕES contaminação e a dependência que as mesmas


possuem em relação às atividades de operação
Todos os ensaios de campo realizados do aterro. Uma vez diagnosticado esse
mostraram que existe uma pluma de problema, o entendimento exato de como essas
contaminação num sentido principal, a oeste e plumas interagem e se comportam no tempo e
no sentido do fluxo subterrâneo local, que está com o meio necessitam de mais investigações de
sendo identificada desde o início das pesquisas muito detalhe.
na área do aterro. Os resultados indicam que Além da contaminação do subsolo e da
essa não é a única pluma formada através da poluição dos mananciais superficiais, não se
ineficiência da camada de proteção da base do pode esquecer dos trabalhadores e moradores da
aterro, havendo outras que dependem da época, área (rurais, presos e visitantes), que estão
do tipo e da frente de disposição dos resíduos. diretamente susceptíveis à inalação e contato
Além disso, como não estão localizadas no com os resíduos, vetores e gases gerados pelo
ponto hidráulico crítico da área, a evolução aterro.
dessas plumas dependem da presença ou não de
chuvas recentes, de cobrimento do lixo, da
superposição de gradientes (natural e de AGRADECIMENTOS
chorume) e também da capacidade de sorção
dos solos presentes em estado saturado ou não. Os autores agradecem à FAPESP, à CAPES e
Devido a toda essa complexidade, a ao CNPq pelo financiamento de suas pesquisas.
utilização de técnicas modernas, utilizando Agradecem também à EMDURB – Bauru, por
ensaios diretos e indiretos, superficiais e ter autorizado a realização desta pesquisa.
invasivos, não podem ser esquecidas na prática
da investigação geoambiental de áreas
contaminadas. Técnicas como a geofísica REFERÊNCIAS
permitem o monitoramento, assim como uma
Christensen, T.H., Kjeldsen, P., Bjerg, P.L., Jensen,
visualização geral do problema, que
D.L., Christensen, J.B., Baun, A., Albrechtsen, H.J.,
complementadas com sondagens de ótima Heron, G. (2001). Biogeochemistry of Landfill
qualidade e de detalhe, permitem a obtenção de Leachate Plumes. Applied Geochemistry, Vol. 16, p.
diferentes parâmetros, auxiliando na 659-718.
caracterização das diversas variáveis do Elis, V.R. (2003). Aplicação Integrada de Métodos
problema. Os poços de monitoramento também Geofísicos e Magneto Resistividade em Prospecção
de Aqüíferos Fissurais e Caracterização de Aterros
foram muito importantes para avaliação da(s) Sanitários. Projeto FAPESP, Processo 99/12216-9.
pluma(s) de contaminação no tempo para uma Golden Software (2002). Surfer Version 8.0. Surface
adequada caracterização hidrogeológica de Mapping System 1993-2002, Golden-CO, USA.
maneira direta. Contudo, a qualidade na Lago, A.L. (2004). Aplicação Integrada de Métodos
construção e manutenção dos mesmos deve ser Geofísicos em Área de Disposição de Resíduos
Sólidos Urbanos em Bauru – SP. Dissertação de
cuidadosamente observada e revista.
Mestrado. IAG- USP, São Paulo-SP.
A integração dos ensaios indiretos permitiram Loke, M.H. (2002). Tutorial: 2-D and 3-D electrical
a definição dos diferentes materiais, condições imaging surveys. Disponível em:
de saturação e delineamento da pluma de www.geoelectrical.com , em Outubro de 2008.
contaminação existentes na área. Os resultados Mondelli, G. (2008). Integração de diferentes técnicas de
mostram que a geofísica de superfície pode e investigação para avaliação da poluição e
contaminação de uma área de disposição de resíduos
deve ser aplicada em situações similares e sólidos urbanos. Tese de Doutorado. Escola de
complexas como do aterro estudado. Engenharia de São Carlos, USP, São Carlos-SP.
A influência do aterro de resíduos no meio Ustra, A.T. (2008). Utilização dos Métodos
natural, assim como a ineficiência da camada de Eletroresistividade e Polarização Induzida com
proteção de base utilizada (asfalto diluído com Aquisição de Dados 3D para Caracterização
Geoambiental de uma Área à Jusante do Aterro de
solo local compactado) foi confirmada, assim
Resíduos Sólidos Urbanos de Bauru–SP.
como existência de mais de uma pluma de Dissertação de Mestrado. IAG- USP, São Paulo-SP.

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