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RESUMO: Este trabalho por objetivo avaliar os fatores influentes na erodibilidade do solo através
de resultados de ensaios de Compressão Diametral, realizados em amostras de solos compactados
para diferentes valores de sucção matricial. As curvas de retenção de água das amostras foram
obtidas através do método do papel filtro (Marinho,1994). Os ensaios indicam que a resistência à
tração fica praticamente constante na zona de efeito limite até o valor de entrada de ar. Após o valor
de sucção de entrada de ar, a resistência à tração aumenta de forma exponencial até atingir seu valor
máximo, próximo à sucção residual. Um modelo matemático é apresentado para descrever a
variação da tensão de tração em função da sucção matricial, com base no modelo de Fredlund &
Xing (1994).
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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
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Existem hoje diversas técnicas utilizadas para onde, no Brasil, destaca-se o emprego do ensaio
medir a sucção no solo (papel filtro, placa de de compressão diametral ou ensaio brasileiro.
pressão, tensiômetro e psicrômetro). Dentre os
equipamentos disponíveis, é possível classificá-
los em duas categorias: os que fazem medidas 3 MATERIAS E MÉTODOS
indiretas (laboratório) e os de medida direta
(campo) da sucção. 3.1 Solo Estudado
Este trabalho utilizou o método do papel
filtro, baseado na metodologia empregada por Para avaliar a influência da sucção matricial na
Marinho (1994), pela relativa simplicidade e resistência à tração, foi realizada uma
pelo fato de abranger valores de sucção de 0 a campanha de ensaios em amostras de solo
29000 kPa. compactado, proveniente de um perfil de solo
residual maduro de gnaisse, coletadas próxima
2.2 Resistência à tração (σt) ao Departamento de Engenharia Civil, da
UNESP, Campus Guaratinguetá. A Tabela 1
A erosão é um processo formado basicamente apresenta os resultados dos ensaios de
por duas etapas, o destacamento e o transporte caracterização e de compactação realizados
das partículas. Com isso, acredita-se que a nesta amostra.
resistência à tração do solo esteja diretamente
relacionada à primeira etapa do processo, que Tabela 1. Caracterização do solo estudado.
corresponde à facilidade que o solo tem em ter LL LP IP Wóti γdmáx
(%) (%) (%) SUCS Gs (%) (g/cm3)
suas partículas destacadas umas das outras.
Segundo Villar et al. (2007) e Boszczowski 58 45 12 MH 2,74 22 1,58
(2008), geralmente, na prática da engenharia
geotécnica, a resistência à tração dos solos é onde LL é o limite de liquidez, LP, limite de
desconsiderada. plasticidade, IP, índice de plasticidade, MH,
Porém, com o crescimento dos estudos de silte altamente plástico, Gs, densidade dos
solos não saturados, uma maior atenção vem grãos, Wóti, umidade ótima e γdmáx, massa
sendo dada para um melhor entendimento dos específica seca máxima.
processos de secagem e umedecimento.
A resistência à tração de um solo é uma 3.2 Metodologia dos Ensaios
propriedade do material dependente, em geral,
da sucção presente em sua estrutura (Aluko & As curvas características foram determinadas
Koolen, 2000 apud Villar et al., 2007). No a partir da moldagem de 16 corpos de prova,
processo de secagem, a saturação parcial compactados com uma massa específica seca
produz um aumento na sucção e, média de 1,68±4 g/cm3, em anéis de PVC de 50
consequentemente, nas ligações entre os mm de diâmetro e 20 mm de espessura.
agregados e internas a estes. Foram utilizadas oito amostras para a
Esta resistência é influenciada por diversos realização de cada curva obtida (processo de
fatores, a saber: número e tamanho dos poros, umedecimento e de secagem). No primeiro,
tipo e quantidade de argilo mineral presente, partiu-se de uma umidade de compactação de
tamanho da fração de argila e quantidade de 14% e, através da adição de diferentes
argila em estado disperso. quantidades de água, atingiram-se diferentes
Segundo Zeh & Witt (2007) apud umidades, onde o valor máximo ensaiado foi de
Boszczowski (2008), solos finos, com pequenos 21%. No segundo processo, moldaram-se os
poros e alto teor de argila apresentam maior corpos de prova com 26% de umidade e,
resistência à tração. através do processo de secagem ao ar livre,
A fim de quantificar este parâmetro, foram obtidas diferentes umidades, através do
diversos ensaios de laboratório são utilizados, controle de perda de massa com o tempo,
atingindo o valor mínimo de 12%.
Depois de confeccionados, todos os corpos
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amostras. ⎢ ln ⎜⎜ ⎟⎟
⎜ ⎟ ⎟
⎢⎣ ⎝ Ψr ⎠ ⎥⎦ ⎢ ⎜ ⎝ a ⎠ ⎠ ⎥⎦
⎣ ⎝
3.2.1 Ensaio de Sucção: Método do Papel (1)
Filtro
3.2.2 Ensaio de Compressão Diametral
Toda a metodologia empregada neste trabalho
se baseiou nos procedimentos descritos por Para se medir a resistência à tração, foi
Marinho (1994). utilizado o ensaio de compressão diametral
As amostras moldadas foram colocadas em (método brasileiro), conforme a metodologia
contato (topo e base) com o papel filtro do tipo empregada em Santos (2005).
Schleicher & Schuell No 589, sendo estes Este ensaio consiste no carregamento de
novamente envolvidos por camadas de filme amostras cilíndricas (altura h e diâmetro d),
plástico, colocados em sacos plásticos carregado ao longo de duas placas rígidas
individuais e posteriormente colocados em uma paralelas, uma oposta à outra, no sentido do seu
caixa de isopor, visando o máximo isolamento diâmetro (Villar et al., 2007).
térmico. Os corpos de prova foram colocados na
Conforme recomendado, as amostras ficaram prensa de compressão simples conforme
em repouso por 7 dias, a fim de garantir o ilustrado na Figura 2. Foi aplicado um
mecanismo de transferência de umidade solo- deslocamento vertical manualmente e medida a
papel filtro para a equalização da sucção força de reação a partir do anel de carga.
matricial. A resistência à tração foi então calculada
Após esse tempo, o conjunto foi aberto e os pela equação 2 abaixo (Krishhnayya &
papéis filtros foram colocados diretamente na Eisenstein, 1974 – Apud Villar, 2002).
balança com precisão de 0,0001 g. Para cada
valor de tempo pré-determinado (10’, 20’, 30’, σt = 2P/πDH (2)
40’, 50’, 60’, 80’, 100’, 120’, 150’, 180’), a
massa do papel era medida e, a partir da onde P é a força axial calculada, D, o diâmetro
correlação exponencial, obteve-se a massa deste da amostra e H, a espessura da amostra.
no tempo igual a zero. A partir dos resultados obtidos, traçou-se as
Este procedimento foi repetido para a curvas de resistência à tração versus sucção
obtenção da massa do papel filtro seco após um matricial e comparou-as com suas respectivas
período de duas horas, em estufa a 100° C. curvas características.
O valor de sucção foi então determinado, a
partir da umidade do papel filtro, conforme a
calibração existente na literatura (ASTM –
D5298-94).
Assim, a partir da sucção obtida através do
papel filtro e da umidade do solo moldado, foi
possível traçar as curvas características pelos
dois processos (umedecimento e secagem),
sendo estas ajustadas através da modelagem
proposta por Fredlund & Xing (1994), equação
(1).
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5 PREVISÃO DA RESISTÊNCIA À
TRAÇÃO A PARTIR DA CURVA
CARACTERÍSITICA
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(valores menores que 100 kPa) até o valor de Tabela 5. Parâmetros para o solo de Santos (2005).
entrada de ar. Após este valor, a resistência à Solo Amarelo Solo Cinza
tração aumenta de forma exponencial até atingir σtmax 7500 2500
seu valor máximo, valor este próximo ao valor t 270 122
da sucção residual. Após atingido o pico, há
n -4 -1,8
uma nova mudança de comportamento, onde a
m 0,9 0,7
resistência à tração começa a diminuir.
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REFERÊNCIAS