Desenvolvimento evolutivo do Sistema Nervoso Central e suas
consequências na evolução da maquinaria corporal e estrutura de
indivíduos na natureza.
Diego Luiz Alves de Oliveira - Matrícula: 201708589
O desenvolvimento deste ensaio busca de forma sucinta expressar a evolução do sistema
nervoso central e suas consequências nas relações, desempenho e estruturação de indivíduos na natureza.
Interpreta – se o sistema nervoso central que é composto pelo encéfalo (cérebro,
cerebelo, ponte e bulbo) e medula espinal como responsável pela magnifica engenharia corporal e todo o sucesso alcançado proporcionado por ela, desde o surgimento de funções do sistema nervoso em organismos mais basais ao complexo sistema em mamíferos e a evolução gradativa do cérebro em tamanho, complexidade e funcionalidade de áreas, que são responsáveis por aquilo que somos, pensamos e realizamos.
O biólogo pioneiro na área de neurociência Claude Bernard afirma que “A
fixidez do meio externo é condição essencial para vida”. A fixidez a qual se refere Bernard trata – se da homeostase corporal. O corpo é composto por sistemas, órgãos, tecidos e células e toda essa complexidade biológica é regida por reações e processos bioquímicos e biológicos. Podemos comparar o funcionamento corporal como a engrenagem de um grande relógio, o Big Ben em Londres, por exemplo. Se uma das engrenagens se soltar ou travar, o relógio para e desta forma também funciona a maquinaria corporal, se alguns dos processos biológicos ou bioquímicos estagnarem ou não funcionarem da melhor maneira, o organismo é levado a uma patologia ou ate mesmo á morte.
Nossos processos precisam de energia e essa energia é obtida através da
alimentação. O sistema nervoso e o endócrino são os responsáveis pelo controle da homeostase, hormônios e sinapses ditam as regras e a velocidade da funcionalidade de nossa maquinaria interna. Eletrólitos, vitaminas, proteínas, lipídios, provindos da alimentação, são alguns exemplos dos combustíveis que devemos fornecer ao corpo para que as regras sejam ditas e a homeostase executada. Por tudo isso que ao discorrer sobre a evolução do sistema nervoso central e o seu expressivo desenvolvimento nos indivíduos é necessário de forma sucinta vincular a interligação desse sistema com a evolução e complexidade dos animais e organismos que o apresentam.
Em bactérias podem ser encontrados alguns dos mecanismos mais básicos e
fundamentais do sistema nervoso; A transmissão – percepção de informações e emissão de uma resposta. Através de receptores as bactérias conseguem armazenar breves traços de memoria e posteriormente emitir como resposta movimentos adaptativos.
Os neurônios são unidades fundamentais do sistema nervoso e não são
encontrados nas bactérias, mas estão presentes em Cnidários que consistem nos organismos mais simples a possuir um Sistema Nervoso, denominado difuso, devido a ausência de um centro nervoso que comande a rede de impulsos nesses animais. Em platelmintos esses neurônios começam a aglomerar – se formando gânglios, na região da cabeça, onde concentra - se devido a este fato um numero maior de neurônios. Em anelídeos esse sistema ganglionar situado na região da cabeça sofre um aperfeiçoamento, passando a comandar os demais gânglios do corpo, podemos deduzir daí a funcionalidade de um cérebro primitivo. Esse sistema nervoso ganglionar marca os invertebrados, e como se pode perceber constitui uma sucinta divisão onde temos uma região central que comando regiões mais periféricas e centralizadas por vezes.
Os neurônios recebem um estimulo e emitem uma resposta, disparando um
potencial de ação que pode gerar uma sinapse química ou elétrica, através de neurotransmissores e voltagem elétrica, respectivamente, que são transmitidas a um neurônio pós-sináptico.
A evolução do axônio e consequentemente do potencial de ação permitiu a evolução de
animas grandes e complexos, devido à comunicação em distancia de vários centímetros entre neurônios, desencadeando sinapses. Na luta por vantagens seletivas o surgimento do encéfalo nesses animais pode ter sido parte de uma corrida armamentista evolucionária.
No fim do Cambriano, com o surgimento dos vertebrados surge uma inovação:
A formação da crista neural que trata - se das paredes do sulco neural, que posteriormente fundem – se originando o tubo neural e seus derivados. Após formar o tubo neural, as células da crista neural são responsáveis, pela origem dos precursores de mandíbula, dentes, parte do crânio e sistema nervoso periférico. Com o curso do tempo os vertebrados se aprimoravam no processo de detecção de presas, pelo desenvolvimento de sistemas olfatórios e visuais ligados a estruturas encefálicas, o telencéfalo e o tecto óptico. O sistema vestibular e cerebelo formaram – se juntamente com o sistema visual, com função básica a permitir a estabilização.
A replicação quadrupla do gene para hemoglobina nos vertebrados contribuiu
cooperativamente para facilitação da entrada e saída de oxigênio, sabendo – se da dependência do encéfalo por oxigênio, pode – se pressupor que esta inovação tenha facilitado à evolução do encéfalo em vertebrados mandibulares.
Um fator importante do sistema nervoso é a característica da superfície cerebral,
nos vertebrados de peixes até aves o cérebro apresenta superfície lisa, já nos mamíferos a superfície cerebral começa a expressar sulcos e circunvoluções (giros e sulcos) o que deixa o cérebro cheio de curvas. Essa característica representa uma vantagem aos mamíferos, pois com mesmo volume, a quantidade de giros e sulcos pode aumentar a superfície do órgão. Isso significa tecnicamente, maior quantidade de corpos de neurônios, o que representam maior atividade cerebral e acarreta mais adaptabilidade e funções motoras a espécie, podendo ocasionar o seu sucesso e domínio nos nichos e comunidades da qual faz parte. Isso justifica o fato pelo qual o tamanho de um cérebro nem sempre significa maior vantagem, por exemplos crocodilos (repteis) apresentam um cérebro significamente maior que os roedores, entretanto os ratos por serem mamíferos possuem sucos e giros na superfície cerebral contra um órgão liso dos répteis, o que aumenta sua extensão do órgão em roedores, fazendo deles animais mais inteligentes que os crocodilos, mas isso não deixa de faze- los presa para esses animais, mas devido sua maior inteligência, podem traçar estratégias de fuga e deslocamento assim como, reações rápidas e coordenadas. Em seres humanos, podemos dizer que desde a formação da primeira célula até a fase adulta do individuo, o cérebro encontra-se em desenvolvimento. O lento processo de maturação é benéfico e caracteriza uma vantagem para a espécie, pois atribui ao individuo uma maior complexidade e funcionalidade do sistema neural, o que acarreta maiores habilidades, domínios e desempenho.
No desenvolvimento embrionário o sistema nervoso assim como a pele se
origina através do folheto denominado ectoderme. Com três semanas de gestação o espessamento deste folheto forma a placa neural, uma semana mais e temos o inicio do processo de neurulação, que de modo sintético ocasiona o surgimento do sulco neural, posteriormente surgem às cristas neurais para que por fim chegue - se ao objetivo do processo que é originar o tubo neural. Do tubo neural origina – se elementos do sistema nervoso central, os elementos do sistema nervoso periférico originam – se através da crista neural.
Na atualidade muitos estudos e analises deixam claro que fatores como
alimentação, hábitos de vida e atividades de estímulos e emoções dados ao cérebro podem acarretar um maior sucesso nas pessoas que pratiquem tais atividades. Até os 21 anos onde forma-se definitivamente o córtex pré-frontal, podemos dizer que o processo de maturação cerebral humana não se concluiu. Estudos indicam que o cérebro humano segue em constante evolução, na era técnica - cientifica na qual estamos, estudos revelam que a evolução cerebral vigente não diz respeito a modificações estruturais do órgão, mas sim a sua capacidade e domínio intelectual. Portanto assim como em 1848 quando surgiu uma revolução nos estudos neurológicos devido ao caso de Phineas Gage (que teve uma barra de ferro penetrada na região frontal da cabeça atravessando a massa cerebral, e seu único dano foi à perda de identidade algum tempo depois) especialistas da área e cientistas devem desenvolver novos estudos e analises para que a evolução implícita atual do sistema nervoso central seja mapeada e novos avanços sejam alcançados, levando –se em conta que o sistema nervoso central é o grande astro indiretamente da evolução e sucesso dos indivíduos de topo na natureza.
Referências
O Erro de Descartes por Antônio Damásio, CIA das Letras.
Blog do Dr. Feres Chaddad Neto, Correio Popular – Campinas SP. ib.usp.br. netnature.wordpress.com. Grays Anatomia Clinica, Elsevier. Tratado de fisiologia médica, Guyton.