Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
sempre, o primeiro tratado de ervas medicinais que se conhece, o Pen Tsao. Concebido
há 4.700 anos na China já incluía referência destacada à cannabis. E há registros de
usos médicos em praticamente todas as civilizações antigas do Velho Mundo. Estudos
recentes indicam que a cannabis pode estar presente há milhões de anos, tendo sua
possível origem nos planaltos centrais do Tibet. Certo é, que o Extrato da cannabis é
remédio na índia desde a antiguidade, os hindus acreditam que Shiva trazia consigo a
planta no início dos tempos. Também os africanos Sufis, assim denominados por
usarem lã (suf), e que diferiam dos demais muçulmanos por usarem haxixe com fins
enteógenos, possuírem conduta ascética (contemplativa, mística), e serem
provenientes sobretudo de classes inferiores, e por isso, eram repudiados pelos demais
muçulmanos, chegando a serem torturados e assassinados pelo seu próprio governo.
Começando assim a empreitada da falsa propaganda contra a planta, tivemos a lei seca
que proibida o álcool, aumentando o crime organizado. Surgindo a figura de Al Capone.
Para quem viu o filme “os intocáveis” sabe do que estou falando, mortes por
envenenamento da população álcool contaminado, muitas vezes, pelo próprio governo,
era o início da guerra que depois ganhou proporções extremas nos governos de Richard
Nixon e posteriormente, Ronald Reagan.
BRASIL
Uma bravata comum desta época dizia que ‘maconha em pito faz negro sem vergonha’.
Na política internacional, o Brasil tem contribuições importantes no lobby para proibição
da maconha. A apresentação, em 1915, do médico Rodrigues Dória, no Segundo
Congresso Científico Pan-americano, realizado nos Estados Unidos, escancara bem
nossa posição. Na ocasião, o doutor Dória, médico renomado da Universidade Federal
da Bahia, apresentou o estudo intitulado ‘Os fumadores de maconha: efeitos e males do
vício’, indicando que a maconha foi introduzida no Brasil pelos negros escravizados,
como sendo uma vingança da ‘raça subjugada’ pelo roubo da liberdade. (CARTA
CAPITAL, 2018).
Para pioneiros no seu estudo (e combate), como Rodrigues Dória, Botelho, Pernambuco
Filho, Francisco de Assis Iglésias e um punhado de outros, o “diambismo” era uma praga
que se iniciara e crescera nas cidades do litoral norte – regiões importadoras de
escravos –, penetrara o interior, entre índios, negros e caboclos – ‘gentes sempre
prontas a abraçar um vício’, como gostavam de dizer os homens daquela época.
(FRANÇA, 2015, p. 40).
A lei de drogas 11.343 de 2006 veio como um avanço na política de
drogas nacional, pois ela deixa de prever para o usurário de drogas penas
privativas de liberdade, assim, notamos que a intenção do legislador seria de
distinguir o mero usurário do traficante de drogas, imputando àquele que for pego
portando ou consumindo substâncias descritas como droga para consumo
pessoal, prevendo medidas corretivas de penas restritivas de direito e
advertência, vejamos o artigo 28:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às
seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo. (...) (LEI Nº 11.343/06. Art. 28).
As penas para o sujeito que for incurso no artigo 33 da lei de drogas são:
(...) Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de
500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à
venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou
guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou
produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam
em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade,
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem
dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico
ilícito de drogas. (...) (LEI 11.343/06. Art. 33).
Convulsões
Perda do raciocínio
Hipertensão
Taquicardia
Tremores no corpo
Dependência química
Presidida pelo ministro do STJ Ribeiro Dantas, a comissão foi criada justamente para
debater atualizações na atual Lei de Drogas que vigora desde 2006 no Brasil. Ao todo
foram 120 dias de trabalhos, reuniões, e audiências. Agora o relatório final, que é esse
projeto que propõe a descriminalização da maconha vai tramitar pelas demais
comissões permanentes da Câmara dos Deputados até chegar ao plenário onde será
votado.
O PLS 514/2017 propõe a alteração do artigo 28 da Lei de Drogas (Lei nº
11.343/2006), descriminalizando o cultivo de maconha para fins terapêuticos
mediante prescrição médica. O texto determina que o semeio, o cultivo e a
colheita não ultrapassem as quantidades adequadas para o tratamento.
O texto aprovado hoje na CAS surgiu a partir da Sugestão Legislativa nº 25 (SUG 25),
de iniciativa popular. A matéria original propunha a descriminalização do cultivo de
maconha também para uso social e recebeu mais de 20 mil votos favoráveis no portal
E-Cidadania.
RE 635.659
Três gramas
O recurso que está no STF trata de um caso de um detento de São
Paulo que foi flagrado com três gramas de maconha, e tem
repercussão geral, o que significa que o entendimento que for firmado
será aplicado a todos os processos semelhantes que tramitam na
Justiça pelo país.
Além de Gilmar, os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso
também votaram pela descriminalização do porte exclusivamente de
maconha.
“Assim como o ministro Osmar Terra, o CFM e a ABP entendem que medida nesse
sentido é prejudicial ao País. O uso da Cannabis (maconha) ainda não possui
evidências científicas consistentes que demonstrem sua eficácia e segurança aos
pacientes. Desse modo, a regulação do plantio e uso dessa droga coloca em risco
esse grupo, além de causar forte impacto na sociedade em sua luta contra o
narcotráfico e suas consequências.
Diante desses fatos, o CFM e a ABP solicitam à Anvisa que suspenda qualquer
iniciativa visando a regulação para plantio e comercialização da Cannabis com “fins
medicinais”, o que depende de uma análise técnica e clínica com a participação do
Conselho, conforme prevê a Lei do Ato Médico (nº 12.842/2013), e de um amplo
debate com a sociedade.”
Ao se posicionarem dessa forma, ignoram mais 4500 anos de evidências dos benefícios do uso
de derivados de Cannabis, assim como milhares de estudos atuais que comprovam os
benefícios da planta, e falham em comprovar de forma definitiva que seu uso traga efeitos
maléficos preocupantes. Além disso, ignoram que os problemas sociais causados pelo
narcotráfico só tiveram origem após a proibição, e que a manutenção do viés proibicionista
somente retroalimenta o tráfico, aumenta os índices de violência e afasta os usuários do
sistema de saúde!
Esse apoio apenas deixa claro que essas organizações não têm compromisso com a ciência ou
com a saúde, e estão tomando suas decisões com base em posições político-ideológicas. Esse
posicionamento somente prolonga o sofrimento daqueles que precisam da planta para uso
terapêutico e medicinal, além de reforçar o fracasso proibicionista que ceifa milhares de vidas
todos os anos na fracassada guerra às drogas.
2.2. A orientação central da Política Nacional sobre Drogas considera aspectos legais,
culturais e científicos, especialmente, a posição majoritariamente contrária da população
brasileira quanto às iniciativas de legalização de drogas.
3.14. Educar, informar, capacitar e formar pessoas, em todos os segmentos sociais, para a ação
efetiva e eficaz nas reduções de oferta e demanda, com base em conhecimentos científicos
validados e experiências bem-sucedidas, adequadas à realidade nacional, apoiando e
fomentando serviços e instituições, públicas ou privadas atuantes na área da capacitação e
educação continuada relacionadas ao uso, ao uso indevido e à dependência do tabaco e seus
derivados, do álcool e de outras drogas.
3.20. Combater o tráfico de drogas e os crimes conexos, no território nacional, com ênfase às
áreas de fronteiras terrestres, aéreas e marítimas e ao crime organizado vinculado ao
narcotráfico.
Sob o tema "Para o povo vivo e livre - legalize", o ato pede o "fim
da guerra às drogas" antes de o STF julgar a descriminalização
do porte de drogas para consumo pessoal. O ministro Dias
Toffoli adiou o julgamento sem marcar nova data.
Como Portugal
Segundo o decano Celso de Mello, “tudo indica que o Congresso Nacional
caminhe no sentido de simplesmente descriminalizar a conduta do
usuário, à semelhança do que Portugal fez em 2000”. Para Mello, “a
legislação portuguesa está um passo na nossa frente e ela é muito
importante nessa matéria, porque ela não dispensa ao usuário uma
punição penal. Essa é a questão que estamos discutindo. Mas é sempre
importante que o Congresso Nacional tenha primazia”.
Uma discussão que deve ser levantada pela agência é quem poderá plantar a
maconha e como será feito o controle do cultivo por autoridades de segurança.
Há diversas universidades e empresas interessadas em avançar nos estudos.
A ideia da Anvisa será deixar claro que o debate não tratará do uso recreativo
da maconha, mas apenas de registro e cultivo da planta para fins medicinais e
de pesquisa.